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INTRODUÇÃO À
HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Professora Me. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa
:

Objetivos de aprendizagem
Contextualizar a evolução histórica da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil.
Identificar que a lenta valorização da EJA foi provocada pelo aumento da procura pela escolarização e pelo crescimento das
indústrias.
Apresentar Legislação e Diretrizes que apontam a EJA como modalidade de ensino no Brasil.
Abordar as interfaces entre MOBRAL, Supletivo e EJA no papel da educação brasileira.
Compreender aspectos da EJA que diferem da escolarização no ensino regular.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Contextualizando a Educação de Jovens e Adultos no Brasil
O desenvolvimento da escolarização em Educação de Jovens e Adultos para o trabalho
A consolidação da Legislação e Diretrizes da Educação de Jovens e Adultos
As interfaces entre MOBRAL, Supletivo e EJA
Os aspectos que envolvem a escolarização andragógica

Introdução
Neste encontro faremos uma caminhada para compreender os Tópicos Especiais em Educação de Jovens de Adultos (EJA). Além
de prazerosos, os conteúdos permitirão discussões e reflexões acerca do ensino e da aprendizagem de adolescentes, Jovens e
Adultos que estudam em uma modalidade de ensino com características que a diferem do ensino regular.

Quer dizer que a Educação de Jovens e Adultos não é uma escolarização regular? E como ela surgiu? Qual sua importância na
educação brasileira? Não se preocupe, pois questões como estas serão abordadas em nossos estudos.

Será apresentada a evolução histórica da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, desde a prática pedagógica dos jesuítas até as
contribuições do pensamento freiriano ao processo de ensino-aprendizagem.

Estudaremos que o desenvolvimento das indústrias influenciou na crescente busca pela alfabetização dos trabalhadores; esta
incessante busca contribuiu para uma lenta valorização da Educação de Jovens e Adultos efetivada em escolas noturnas.

Mas não há como discutir sobre a evolução da Educação de Jovens e Adultos sem mencionar as principais políticas públicas
brasileiras que abriram caminho para que a EJA se estruturasse como uma modalidade de ensino. Portanto, será importante
discorrer sobre as constituições de 1934, 1937, 1988 e sobre as Diretrizes que ajudaram a protagonizar a escolarização de jovens
e adultos no Brasil.

Além das abordagens sobre políticas públicas, apresentaremos as interfaces entre MOBRAL, Supletivo e EJA, com destaque às
suas importâncias no panorama da educação brasileira.

Para finalizar, discutiremos a Educação de Jovens e Adultos pelo foco da pedagogia e da andragogia. E o que seria andragogia?
Neste estudo você saberá que Andragogia é a práxis utilizada no processo de ensino-aprendizagem da EJA. Ainda vamos poder
analisar os múltiplos olhares da pedagogia e da andragogia no ensino.

Espera-se que, com este material, você adquira bases sólidas para sua carreira. Bons estudos!
Avançar

UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
O ser humano participa de diferentes atividades e compartilhamentos em uma comunidade. Participar e compartilhar exige o
desenvolvimento de competências e habilidades inerentes ao sujeito socialmente constituído. Uma das diversas habilidades
humanas é a linguagem; a outra é a aprendizagem. A articulação da linguagem permite ao indivíduo participar do processo de
comunicação e assumir uma posição de transformação social. A aprendizagem, por sua vez, é a primeira das habilidades
executadas pela pessoa. Logo, linguagem e aprendizagem são elementos sine qua non para que a educação seja efetivada.

Heller (1985) menciona que a aprendizagem aliada à educação faz parte da vida cotidiana do homem desde os tempos remotos.
Conforme o autor, os contextos sociais podem ser construídos e reconstruídos pela prática pedagógica que define ou redesenha o
percurso da comunidade. Nesta perspectiva, vamos contextualizar a evolução histórica da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Mas antes disso, vamos compreender algo importante: o que é a Educação de Jovens e Adultos?

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis da
Educação Básica do país. Essa modalidade é destinada a jovens e adultos que não deram continuidade em
seus estudos e para aqueles que não tiveram o acesso ao Ensino Fundamental e/ou Médio na idade
apropriada.

Fonte: Pronatec (2017, on-line)¹.

Agora que sabemos o que é a Educação de Jovens e Adultos podemos iniciar nossa jornada para descobrir sua história. Vamos
começar apresentando, de modo geral, as práticas pedagógicas no Brasil colônia que influenciaram a constituição da EJA como
processo de ensino-aprendizagem.

A Pedagogia dos Jesuítas

Estudaremos agora sobre a pedagogia dos jesuítas e sua contribuição à educação brasileira. Na fase da colonização do Brasil as
missões jesuítas efetivaram um trabalho importante que influenciou na forma pela qual o sistema educacional se estruturou. De
modo geral, podemos começar com a informação de que a organização do sistema educacional foi instituída pela Companhia de
Jesus no período de 1549 até 1759.

Para Ghiraldelli (2009), no começo do período colonial, em 1534, a escolarização era privilégio das classes alta e média, sendo que
as crianças tinham acesso ao acompanhamento escolar e os adultos ficavam em segundo plano. As classe menos abastada, então,
tinha pouco acesso à educação escolar, recebia pouca instrução e geralmente de forma indireta. Em suma, nesse período, a
alfabetização de jovens e adultos não era prioridade para o desenvolvimento da colonização.

Em 1549 os jesuítas chegaram ao Brasil e direcionaram suas ações à promulgação das ideias da igreja católica pela fé e
religiosidade, ao ensinamento dos costumes europeus e à prática pedagógica para alfabetizar indígenas, negros e colonizadores do
novo mundo. Nesse período, não houve participação significativa de políticas do governo (GHIRALDELLI, 2006).

As Ações do Marquês de Pombal e a Educação na Colônia

Vamos retomar o que fora dito: a ação dos jesuítas conseguiu implantar a educação como uma estrutura nacional e organização.
Mas este panorama mudou quando houve o rompimento da parceria entre Portugal e a igreja católica.

Em 1759, a partir das reformas do Marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos do Brasil. Alguns autores, tais como Ghiraldelli
(2006), Oliveira e Paiva (2004) destacam que a retirada das missões jesuítas acabou com o único ensino escolar que existia no
Brasil. Naquela época, Pombal direcionava a atuação das escolas de acordo com os interesses do Estado, fragmentando a estrutura
herdada pela educação praticada pelos jesuítas - fechou os colégios e confiscou os bens deixados pelas missões jesuítas.

Na Figura 1 você pode visualizar uma das heranças deixadas pelos jesuítas em São Paulo.

Figura 1 - Pátio de colégio - igreja jesuíta em São Paulo

Viu como os jesuítas deixaram uma forte contribuição à nossa educação?


Então, não demorou muito para Portugal receber reclamações dos usuários dos colégios jesuítas. Logo, ficou claro que a educação
no Brasil estava em declínio. Era preciso garantir que o ensino fosse expandido na colônia. As reformas pombalinas tiveram efeito
desastroso, principalmente no âmbito da educação (OLIVEIRA; PAIVA, 2004).

O Reinado de D. João VI e as Mudanças na Educação

Agora analisaremos um fato que mudou os efeitos das reformas pombalinas sobre a educação. Com a chegada da família real
(1808), o Brasil, antes colônia de Portugal, tornou-se um Império. A educação, que estava enfraquecida, tomou outros rumos. A
transferência da biblioteca real para o Brasil propiciou a inauguração da primeira biblioteca no Brasil - a Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro - concedida como um espaço de acervo público. Antes disso, o acesso a acervos de livros era restrito ao clero, aos
nobres e aristocratas.

Outro acontecimento foi a abertura dos portos aos navios de outras nacionalidades. Com isso, D. João VI abriu espaço para que
outras culturas entrassem no Brasil.

Nesse cenário, intelectuais e artistas estrangeiros exerceram forte influência na educação do Rio de Janeiro. Outros importantes
fatos foram as fundações de instituições de ensino superior, de instituições para as ciências e pesquisas (o Jardim Botânico, o
observatório astronômico, um museu de mineração e um laboratório químico).

De fato, o reinado de D. João VI conseguiu proporcionar grandes mudanças. Contudo, os ensinos elementar e médio continuaram
esquecidos; tudo ficou como estava. Embora a carência de professores tenha sido superada, isso ocorreu apenas em relação à
formação de novos docentes que eram, quase sempre, nobres e/ou intelectuais. Enquanto isso, as oportunidades de escolarização
e profissionalização mantinham-se distantes do povo. Neste panorama não havia como se falar em educação popular, mas
podemos perceber que houve educação elitizada (GHIRALDELLI, 1987).

O Brasil Pós-Independência e as Constituições

Estudaremos agora que mesmo com grandes mudanças que influenciaram na educação do Rio de Janeiro o discurso da educação
popular estava longe da realidade dos brasileiros. Depois da proclamação da Independência do Brasil (1822), surgiu a primeira
constituição brasileira, outorgada em 1824, seguida das demais constituições; todas ressaltaram a educação.

Com base nos postulados de Oliveira e Paiva (2004), Ghiraldelli (2009) e Heller (1985), mostraremos o panorama das
Constituições e suas respectivas ações educacionais:

• A Primeira Constituição Brasileira (1824) - estabeleceu a gratuidade da instrução primária àqueles considerados cidadãos -

negros e escravos alforriados não eram considerados cidadãos. Previu instituições de colégios e universidades.

• Primeira Constituição Republicana (1891) - não garantiu o livre e gratuito acesso ao ensino. Soldados, padres, mendigos,
menores de 21 anos, analfabetos e mulheres não tinham direito ao voto.

• Segunda Constituição Republicana (1934) - abriu rumos para traçar diretrizes da educação brasileira. Previu um plano nacional
de educação para organizar o sistema educacional no Brasil. Criou sistemas educativos nos Estados e recursos à manutenção e
desenvolvimento do ensino. Previu concurso para lotação de cargos no magistério. Criou auxílio aos alunos necessitados.

• A Constituição de 1937 - demonstrou despreocupação com o ensino público, já que estabeleceu a livre iniciativa. Em relação às
diretrizes e bases da educação nacional, indicou que a competência material e legislativa seria da União.

• A Constituição Federal de 1946 - houve o retorno da educação como direito de todos, obrigatoriedade e gratuidade para o
ensino primário, criação de institutos de pesquisa.

• A Constituição de 1967 - houve retrocessos, tais como: limitação orçamentária para a manutenção e o desenvolvimento do
ensino, substituição da gratuidade do ensino por bolsas de estudos e apresentação de bom desempenho pelos que precisam da
gratuidade do ensino médio e superior.
• A Constituição Federal de 1988 - discorre sobre a educação como um direito a todos no território brasileiro, sem qualquer
discriminação. Preconiza que o Estado deve garantir educação aos brasileiros.

A partir das informações citadas podemos observar que após a proclamação da Independência do Brasil, a primeira Constituição
Brasileira (1824) trouxe o discurso de uma instrução primária gratuita a todos os cidadãos. Em contrapartida, percebe-se que a
escola não era acessível a todos, visto que não beneficiava as classes pobres, tampouco ditava uma educação popular. Na
realidade, norteava um ensino às classes privilegiadas.

Até agora, percebemos que discorrer sobre as Constituições é compreender que a educação no Brasil passou por vários e
diferentes processos durante seu percurso histórico, não é?

Perceba que pelo panorama descrito das Constituições o ensino brasileiro é marcado por avanços e retrocessos, conquistas e
perdas. Contudo, o ano de 1988 foi marcado por uma Constituição que permitiu a consolidação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) -

aprovada em 1996. Tal fato teve forte influencia na maneira de organizar e estruturar o sistema de ensino no Brasil, o que será
abordado de forma mais ampla em outro momento. Aguarde!

A Contribuição de Paulo Freire à EJA

Quando falamos em contribuições à educação no Brasil, logo se lembra de Paulo Freire. Nas vezes que o papel da educação fora
questionado à Freire, obteve-se como resposta que o processo de alfabetizar vai além da função de escolarizar. Alfabetizar não
significa ensinar, mas sim dar significado ao saber e protagonizar uma educação popular que possa conduzir o aprendiz para sua a
cidadania e ao processo democrático (FREIRE, 1979).

A educação, para Freire (1997) é um ato de troca de conhecimentos onde todos aprendem e todos ensinam. No caso de um adulto
que já passou por muitas experiências na vida, será preciso reconstruir e agregar significado à dimensão política e democrática
para legitimar e dar sentido a sua aprendizagem. O processo deve focar na aprendizagem e não no ensino. A forma de aprender
norteia a forma de ensinar. E não o contrário.

Hoje, um dos principais desafios da EJA repousa na questão: “Como podemos conduzir o processo de alfabetização?”.

Em relação às circunstâncias de alfabetizar, Freire (1991) engloba vários aspectos, no sentido de uma educação mais ampla e
ressalta que a escola não é o único lugar para se processar o conhecimento. Deste modo, o processo educativo envolve outros
fatores, tais como afeto e sociabilidade.

O que podemos compreender neste sentido?

De maneira abrangente, infere-se que para Freire é preciso valorizar as experiências que o aluno trás consigo para se evidenciar
uma práxis pedagógica comprometida com a formação cidadã do sujeito que legitima sua palavra e transforma a comunidade. Esta
é uma das contribuições do pensamento freiriano à EJA.
O DESENVOLVIMENTO DA
ESCOLARIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS PARA O
TRABALHO
Neste momento, vamos considerar abordagens que mencionam a evolução da Educação de Jovens e adultos em um panorama de
intensa procura pela escolarização de adultos, ou melhor, pela escolarização em prol da profissionalização. Afinal de contas, com o
desenvolvimento das indústrias houve uma forte influência na busca pela capacitação dos operários, o que provocou um inchaço
nas escolas - principalmente noturnas - nas quais as pessoas, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, viam a
alfabetização e/ou a formação escolar como uma oportunidade de emprego nas indústrias e fábricas em ascensão.

Entretanto, como se deu tal processo?


Na realidade, a procura desenfreada pela escolarização com o propósito de se conseguir emprego contribuiu para que as escolas
do período noturno ficassem lotadas, com aulas em ritmo acelerado e sem que houvesse a preocupação imediata com a qualidade
do ensino. Nesse sentido, entende-se que o objetivo não era a formação competente, mas sim imediata. Vejamos de que forma isso
ocorreu.

O Crescimento das Indústrias e a procura pela Escola Noturna

O homem transforma a sociedade ao fazer adaptações, romper paradigmas, construir ou reconstruir contextos socioculturais. Por
esse viés, compreende-se que a educação é um fator primordial para que o sujeito possa assumir seu papel na sociedade, sendo
que assumir papel é responder aos anseios da comunidade. Pode-se dizer que as relações sociais fazem parte dos anseios que
citaremos aqui.

O reconhecimento na comunidade e a obtenção de um emprego são exemplos de anseios da sociedade. Para Arroyo (1997), o
cidadão precisa compreender a realidade humana; realidade que também refere-se às relações sociais de trabalho. Nesta
perspectiva, a escola como agente de ensino-aprendizagem se ocupa de transmitir conhecimento aos alunos. Quando as pessoas
se apropriam dos conhecimentos adquiridos pela educação compreendem melhor a realidade, transformando-a com o trabalho.

Ghiraldelli (1987) discorre que com o crescimento do processo de industrialização no Brasil (década de 30) veio à tona a
necessidade de os trabalhadores oferecerem mão de obra qualificada e especializada. Então, o Brasil resolveu instituir escolas
para capacitar jovens e adultos que precisavam de escolarização para obter emprego e também para formar operários mais
qualificados.

Contudo, estes alunos não tinham tempo disponível para estudar durante o dia, por conta da jornada de trabalho (diurna). Então, a
situação foi resolvida com a criação do ensino para Jovens e Adultos em escolas noturnas.

Será que isso resolveu mesmo a situação da época?

Antes de discutir este questionamento faço um convite a você para observar a imagem a seguir. Imagine como era o cotidiano de
um aluno em plena atividade laboral em uma indústria e que, após um dia de trabalho árduo (jornada em tempo integral) precisava
ir à escola para se qualificar:

Figura 2
É difícil trabalhar e estudar, não é? Ainda mais quando o trabalhador aluno está em uma sala lotada e preocupado somente em
terminar os estudos no prazo mais curto possível.

Portanto, afirmar que naquela época o ensino para Jovens e Adultos em escolas noturnas conseguiu resolver esta situação seria
fazer vista grossa à lenta valorização do ensino de adultos. Se por um lado foi resolvido o problema de capacitação dos alunos, por
outro, a grande demanda por alfabetização ocasionou lotação nas salas de aulas e focou os propósitos dessa educação na
formação da maior quantidade possível de alunos. Ou seja, com isso, alertamos para o fato de que o ensino para adultos não
perpetuou uma formação de qualidade, mas sim de quantidade, a fim de suprir a demanda das indústrias.

Outra questão que podemos discutir é a migração para os centros urbanos. Quando as indústrias sinalizaram que tinham vagas
mas empregariam trabalhadores capacitados, a população rural migrou para as cidades em busca de oportunidade e procurou
pelas escolas noturnas. A Educação de Jovens e Adultos costumava ser informal, ou seja, o foco era oferecer condições para que o
aluno conseguisse simplesmente ler e escrever.

De acordo com Arroyo (1997), a história da EJA como modalidade de ensino é muito recente no Brasil (começo do século XX).
Entretanto, é importante que não se confunda o ato de alfabetizar adultos com o fato de o ensino de adultos assumir o papel da
pedagogia formal. Nada disso. Lembramos que desde a pedagogia dos missionários jesuítas os colonos, índios e negros eram
alfabetizados, mas a EJA ainda não existia estruturada formalmente como modalidade de ensino. Neste sentido, estamos falando
em uma pedagogia dos jesuítas como ensino não formal. Certo?

Conhecendo mais sobre a Industrialização no Brasil

Já que estamos discutindo sobre o processo de industrialização e a Educação de Jovens e Adultos, que tal discorrer mais um pouco
sobre o panorama da evolução das indústrias? Então vamos lá!

O processo de industrialização no Brasil começou no final do século XIX e consolidou-se no início do século XX. Arroyo (1997)
comenta que falar em industrialização no Brasil significa não esquecer o período de produção do café, que era considerado, até
então, o único produto nacional enviado para exportação.

Com a crise cafeeira, os transportes que eram utilizados para a produção do café foram destinados à produção industrial. Nesse
cenário, certos fatores contribuíram para o crescimento das indústrias, tais como:
Crescimento acelerado dos grandes centros das cidades;
Uso das ferrovias e dos portos brasileiros;
Grande oferta de mão de obra dos estrangeiros (italianos, alemães, espanhóis). Conforme Heller (1985) pode-se inferir que o
capital destinado ao cultivo do café voltou-se à industrialização para impulsionar a economia brasileira, gerar renda, emprego e
garantir o abastecimento de produtos antes importados do exterior. Assim, o governo viu na industrialização de base e
infraestrutura uma oportunidade para grandes investimentos. No período pós-Guerra Mundial (após 1945), o Brasil supriu com
produtos industrializados os países europeus devastados pelas perdas nos combates.

Ghiraldelli (1987) pontua que após a II Guerra Mundial o Brasil se aliou às empresas estrangeiras para efetivar, em solo nacional, o
trabalho nas áreas de automóveis, produtos químicos, farmacêuticos e eletrônicos. Mas era preciso resolver alguns problemas,
sendo que dois deles referiam-se à falta de mão de obra qualificada para o trabalho e de capital para construir indústrias em solo
brasileiro.

Impulsionado pelo desejo de crescer no cenário mundial e ser destaque no comércio, o Brasil estruturou a Educação de Jovens e
Adultos em escolas noturnas para formar novos operários e capacitar os que já atuavam nas fábricas. Em relação ao capital
necessário ao desenvolvimento do mercado industrial, o Brasil criou políticas de incentivo às multinacionais para investir e
construir fábricas no país (HELLER, 1985).

E no que isso resultou?

Perceba que quando o Brasil efetivou tais ações abriu mão de ser um país com base de produção primária para se tornar uma
nação com papel de Estado industrial e urbano.
Então, o que você achou de conhecer um pouco mais sobre o processo de industrialização no Brasil? Temos certeza que saber
sobre a evolução da educação brasileira contribuirá significativamente para seu conhecimento.

Você concorda que uma das características da Educação de Jovens e Adultos é que os alunos são sempre
pessoas de baixa renda, indivíduos da zona rural, negros, idosos ou desempregados?

É importante ressaltar que antes de respondermos algum questionamento é preciso analisar todo o contexto sobre o fato e nos
atermos às informações que possam legitimar nossa resposta, não é?

Pois bem, neste estudo conseguimos discutir que o processo de industrialização brasileiro motivou a procura pela escolarização de
Jovens e Adultos para que trabalhadores ou pessoas em busca de emprego conseguissem exercer uma profissão e garantir o
sustento da família. Além disso, também vimos que o desenvolvimento industrial influenciou a lotação em escolas noturnas e a
lenta valorização da escolarização no Brasil.
A CONSOLIDAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E
DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Até aqui pudemos ter a noção de que diversos acontecimentos históricos contribuíram e influenciaram na evolução da Educação
de Jovens e Adultos, por meio da qual as pessoas buscavam formação ou capacitação como maneiras de conquistar um
reconhecimento na comunidade e uma renda familiar. Nessa perspectiva, entende-se que os espaços nos quais a educação é
protagonista firmam-se como ambientes que relacionam o ensino com diversas organizações sociais.

De acordo com Ghiraldelli (2006), quando refletimos sobre a história do Brasil conseguimos notar diversas noções sobre a
educação, sendo que cada fase histórica apresenta diferentes formas de ensino com objetivos específicos a serem alcançados. O
autor comenta que tais objetivos podem se transformar ou se manter conforme a demanda da sociedade. Ou seja, uma nação
poderá modificar sua forma de educação de acordo com o contexto histórico da época.

Discorreremos sobre legislação e diretrizes pelo prisma da composição do sistema educacional e da sociedade em relação à
formação dos níveis e modalidade de ensino do Brasil.

Vamos lá!

Os Níveis de Ensino

O nível de ensino no Brasil tem a ver com a forma de organização vertical que passa a integrar um sistema de instituições de
ensino. Cada um dos níveis de ensino compreende etapas da educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96)
menciona dois níveis para o ensino no Brasil: o da educação básica e o do ensino superior.

Quando pesquisamos o art.32 da referida Lei notamos que a estrutura da educação básica segue uma linha vertical, ou seja, cada
etapa pressupõe a outra. Por isso, no sistema de ensino regular o aprendiz não pode pular etapas, pois precisa seguir
sistematicamente de uma fase escolar para outra. Vejamos quais são essas etapas:
A educação infantil é a primeira fase da educação brasileira. Engloba crianças de 0 até 5 anos de idade em fases de
:

desenvolvimento e que são atendidas desde a creche até a pré-escola.


O ensino fundamental atualmente tem duração de 9 anos
: e está dividido em duas etapas.
Anos iniciais - compreende o 1º ao 5º ano. Refere-se à escolarização dos alunos de 6 a 10 anos de idade.
Anos finais - compreende o 6º ano até o 9º ano. Refere-se à escolarização dos alunos de 11 a 14 anos de idade.
O ensino médio corresponde
: à etapa final da educação básica e tem duração de 3 anos. Refere-se à escolarização de alunos de
15 a 17 anos de idade.

Após a educação básica, o aluno ingressa no ensino superior que, conforme o Ministério da Educação (MEC) engloba Cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Nos cursos de Graduação temos:
Bacharelados o grau de bacharel
: é concedido a quem conclui um curso universitário.
Licenciaturas formam pessoas para serem docentes. Ou melhor, formam professores para que assumam classes escolares.
:

Tecnológicos o MEC confere aos cursos tecnológicos certificado de graduação superior assim como aos cursos de graduação
:

plena (bacharelado ou licenciaturas). Geralmente os cursos tecnológicos são realizados num período menor que os outros dois,
mas seus diplomas têm validade em todo o território nacional.

Nos cursos de pós-graduação temos:


Especialização faz parte da pós-graduação lato sensu.
:
Mestrado e Doutorado : fazem parte da pós-graduação stricto sensu. Agora que já conhecemos os níveis de ensino da educação
no Brasil, pensamos em contribuir com novas informações sobre isso. Por isso:

Você sabia que os cursos de bacharelados graduam profissionais liberais, os cursos tecnológicos graduam
profissionais para absorção imediata no mercado de trabalho e os cursos de pós-graduação stricto sensu
formam pesquisadores?

Fonte: a autora.

Sempre é bom ter acesso a novas informações, pois assim podemos ampliar nosso leque de conhecimento sobre o assunto
abordado. Mas agora entenderemos de que forma as modalidades de ensino são estruturadas no sistema da atual educação
brasileira.

As Modalidades de Ensino

Neste estudo, lembraremos que todos os anos escolares (séries escolares) precisam ser cumpridos conforme a organização dos
níveis de ensino. Assim, cada série escolar deverá seguir a ordem dentro de cada nível, como por exemplo:

Figura 3 - Organização das séries escolares de acordo com os níveis de ensino

Fonte: a autora.

Para o aluno, o ideal é poder seguir as etapas indicadas acima, não é? Entretanto, caso ele não possa terminar sua formação no
prazo regular das escolas ou esteja em idade defasada em relação à sua série escolar, de que forma proceder?

Nestes casos, o aluno pode contar com a oferta do nível de ensino, mas em outra modalidade. Segundo o MEC, cada modalidade de
ensino corresponde ao formato da educação referente aos níveis de ensino; elas são estruturadas para favorecer alunos com
interesses, disponibilidades e/ou necessidades específicas.

Com base na LDB nº 9.394/96 conheceremos cada uma das modalidades de ensino:
Educação Especial: no Capítulo V, nos artigos 58-60 é regulamentado um melhor atendimento educacional aos alunos com
necessidades educativas específicas. Nesta modalidade de ensino as ações são direcionadas à educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio. Recomenda-se que a educação especial esteja integrada ao ensino regular sempre que possível.
Educação de Jovens e Adultos (EJA): no Artigo 37 do Capítulo II é regulamentado o oferecimento de oportunidade aos sujeitos
que não conseguiram ingressar ou concluir os estudos. Também são englobadas pessoas que estão com a idade incompatível
com a idade escolar - a partir de 15 anos de idade para concluir o ensino fundamental maior e a partir dos 18 para finalizar o
ensino médio. A EJA oferece cursos nos níveis do ensino fundamental e médio.
Ensino Profissionalizante: no Capítulo III, artigos 39-42, é regulamentado o ensino técnico para o mercado de trabalho. No
caso, o curso técnico poderá ser cursado concomitantemente ao Ensino Médio ou após a conclusão deste.
Educação a Distância no Capítulo V, artigo 80, é regulamentada esta modalidade de ensino que se define pela relação entre
:

ensinante e aprendente que rompem as fronteiras espaço/tempo.

Teremos oportunidade de estudar melhor o ensino a distância em outros momentos. Por hora, podemos continuar discorrendo
sobre a consolidação da EJA como ensino no Brasil.

A Legislação e Diretrizes que influenciaram a EJA

Até o momento, compreendemos que a constituição do sistema educacional no Brasil ocorre na relação entre os níveis de
educação e as modalidades de ensino. Assim, percebemos que mais pessoas conseguem ter oportunidade para ingressar no ensino
regular, fazendo jus ao que determina a atual Constituição Federal (1988), que refere-se à Educação como um Direito Social. Pelo
que vimos, tudo o que significa direito social diz respeito a uma responsabilidade do Estado em relação aos brasileiros. Certo?

Na realidade é isso mesmo. Creio que isso poderá ficar mais claro com a leitura do seguinte trecho da Constituição Federal de
1988:

Artigo 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
[...]

com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Nesse momento, cabe retomar Freire (1991), que cita que se a escola pública é uma instituição que está socialmente condicionada
a um Estado que deve oportunizar educação a todos os brasileiros, então precisa acompanhar as transformações do mundo a fim
de que seu trabalho pedagógico fique adequado às demandas da sociedade. Entretanto, para o estudioso isso ainda está longe de
acontecer.

Comentamos que a educação no Brasil apresentou lento progresso para garantir ensino com qualidade a todos. Note que somente
com a Proclamação da República, em 1889, a educação brasileira teve atenção para se tornar, de fato, uma estrutura nacional e
organizada como sistema de ensino.

Mas de que forma isso se sucedeu? Para Heller (1985), foi por conta do grande número de analfabetos brasileiros que não podia
votar; fato que foi de encontro aos anseios do governo, que precisava da população brasileira para o processo eletivo, tendo em
vista que as eleições eram uma das características da República.

Então veio à tona a necessidade de o ensino ser institucionalizado em estabelecimentos públicos e disso surgiu um novo sistema
educacional, norteado por uma legislação e diretrizes.

Observe na imagem um cidadão exercendo seu direito ao voto.

Figura 4 - Exercício de voto


Já estudamos sobre os diferentes textos contidos nas Constituições brasileiras. Assim, você teve oportunidade de ver que houve
contribuições e/ou entraves para o progresso da educação, não foi?

De modo geral, Oliveira e Paiva (2004) comentam que já foram aprovadas três legislações educacionais no Brasil. Observe:

Quadro 1 - Legislações educacionais no Brasil

Fonte: adaptado de Oliveira e Paiva (2004).


No quadro pode-se observar que foi percorrido um longo percurso até a consolidação da LDB nº 9.394/96, certo? Depois de tudo o
que discorremos neste estudo, podemos apontar que um fato relevante ocorreu no ano de 1980, quando caminhos foram abertos
à nova Constituição Federal (1988), cuja implantação oportunizou a criação da referida Lei.

Tais acontecimentos abriram espaço para que a educação fosse concebida e organizada como um sistema de ensino voltado à
qualidade, oportunidade a todos os brasileiros e o pleno desenvolvimento da práxis pedagógica. Tudo isso também influenciou
fortemente para a Educação de Jovens e Adultos atual.

Por hora ficamos por aqui. Em seguida falaremos sobre MOBRAL, EJA e Supletivo.

Até mais!

AS INTERFACES ENTRE MOBRAL,


SUPLETIVO E EJA
Conforme vimos, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) passou por um longo percurso de mudanças e inovações até se consolidar
no sistema de ensino. Tivemos como exemplo o crescimento das indústrias no Brasil. Lembram?

Apesar de a EJA ter sido desenvolvida por meio de um trabalho pedagógico não formal ou até mesmo informal, é no âmbito da
pedagogia escolar que as habilidades e competências dos alunos são desenvolvidas, por meio da atuação intencional do professor,
que estrutura o trabalho profissional e legitima o papel da escola.

Por esse viés, podemos pensar que a educação deve formar sujeitos para o exercício da cidadania. Entretanto, educar vai além, pois
significa formar o cidadão para que possa continuar seus estudos e se inserir no mercado de trabalho. Não é? Isso ocorre quando a
escola se compromete com a formação plena do aluno.

Já que falamos em cidadania, pedagogia não formal e pedagogia informal, que tal entender melhor este contexto?

Cidadania: exercer direitos e deveres. Reconhecer seu papel social e garantir uso de seus direitos para
participar da vida política da nação. Pedagogia formal: ações educativas intencionais e estruturadas que
ocorrem na escola. Pedagogia não formal: ações educativas intencionais e estruturadas que ocorrem em
vários ambientes (igrejas, sindicatos, empresas e fábricas, entre outros).

Pedagogia informal: ações educativas não intencionais que podem ocorrer na família, na escola e nos meios
sociais, entre outros. A educação se dá na forma de conselho, atenção, orientação e indicação durante a vida
cotidiana.

Fonte: Oliveira e Paiva (2004).

Para Freire (1979) entender o papel da escola é reconhecê-la enquanto instituição de ensino-aprendizagem com função social:
formar um aluno capaz de compreender a realidade humana. Tal realidade, por sua vez, é resultado das interações sociais
protagonizadas pelo indivíduo para sua própria existência. Logo, por meio da escola é realizado um processo de ensino-
aprendizagem voltado ao desenvolvimento do conhecimento sistematizado, de modo que os alunos possam compreender a
realidade e transformá-la.

Por falar em interações, podemos retomar o termo interface, no sentido de áreas ou âmbitos que denotam aspectos que
interagem; por isso a menção ao termo neste estudo.

Mobral

Talvez não seja da sua época, aluno(a). Contudo, será que já ouviu falar em MOBRAL?

Para quem não sabe, o termo significa Movimento Brasileiro de Alfabetização. Podemos dizer que o MOBRAL tinha parâmetros
semelhantes aos do Supletivo e aos da EJA, quando reconhecemos que a modalidade era voltada ao ensino de adultos e idosos não
alfabetizados. O MOBRAL foi regulamentado pelo Decreto nº 62.455 de 22 de março de 1968 (Estatuto do Mobral), autorizado
pela Lei nº 5.379 de 15/12/1967. Conforme podemos conferir abaixo:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 83, item II, da Constituição,
e de acôrdo com o artigo 4º da Lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967,

DECRETA:
Art. 1º. É instituída a fundação sob a denominação de Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL),
vinculada ao Ministério da Educação e Cultura [...] (BRASIL, 1968).

Vamos conhecer o MOBRAL designado como ensino no Estatuto da Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização:

CAPÍTULO I

Das Finalidades

Art. 1º O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) fundação instituída pelo Poder Executivo, nos
.

têrmos do art. 4º da Lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e vinculada ao Ministério da Educação e
Cultura, terá por finalidade a execução do Plano de Alfabetização Funcional e Educação Continuada de
Adolescente e Adultos, aprovado pelo art. 3º da mesma Lei e sujeito a reformulações anuais, de acôrdo com
os meios disponíveis e os resultados obtidos [...] (BRASIL, 1968).

Em 1964, o MOBRAL foi criado para substituir o Método de Alfabetização de Paulo Freire, conhecido como Método Paulo Freire.
De acordo com Oliveira e Paiva (2004), vale ressaltar que apesar de o MOBRAL ter sido criado em 1964 e regulamentado em
1968, foi implantado nas escolas somente em 1971. Para Freire (1991), o MOBRAL era basicamente um ensino para alfabetização
e letramento de adultos e idosos que estavam fora da idade escolar convencional. Neste sistema, os alunos trabalhavam com
conteúdos elaborados por técnicos do governo (embasados nas necessidades humanas), enquanto que no Método Paulo Freire
eram utilizados conteúdos pautados na realidade social dos alunos, na vida cotidiana. Contudo, essa diferença não impediu que a
pedagogia freiriana influenciasse no ensino do MOBRAL.

Assim como no Supletivo e na EJA, o curso do Mobral era realizado em um período de tempo inferior - aproximadamente nove
meses, com o objetivo de alfabetizar alunos com 16 anos fora da idade escolar regular. Em 1985, a Fundação Movimento Brasileiro
de Alfabetização foi substituída pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (EDUCAR) que durou até 1990,
quando o governo resolveu investir na ampliação da Educação de Jovens e Adultos.

Além do MOBRAL, vamos saber mais sobre o Supletivo! Acompanhe!

Supletivo

Com base no que estudamos sobre o MOBRAL (1964-1985) conseguimos perceber a forte influência que este sistema exerceu na
EJA. Além disso, devemos reconhecer que a Constituição de 1988 fez com que as lentes do Estado se voltassem à educação de
adultos. Outro fato comum entre o MOBRAL, o Supletivo e a EJA são as piadas pejorativas feitas em relação aos alunos, do tipo
“não consegue ler, então é do MOBRAL”, ou “todo MOBRAL é analfabeto”. Lamentável, não é? Infelizmente, fatos assim ocorrem.

Veja a seguir uma ilustração que representa isto:


Autores como Heller (1985) e Arroyo (1997) discorrem que atualmente tanto o Supletivo quanto a EJA ainda são alvo de
preconceito social, sendo que há muitos casos em que estudantes destas modalidades de ensino são equivocadamente
comparados e inferiorizados em relação aos alunos dos cursos regulares.

Nesse sentido, Freire (1997) cita que as pessoas costumam repudiar aquilo que parece diferente dos padrões sociais ditos
normais. Segundo o autor, esse é um comportamento humano que demonstra medo, raiva ou indiferença diante do diferente, ou
melhor, o autor discute que a sociedade padroniza as coisas e tudo que quebra paradigmas carrega o peso do preconceito.

O termo Supletivo denota uma modalidade de ensino não regular que efetiva a conclusão do ensino fundamental e médio aos
alunos que não conseguiram concluir as etapas na idade indicada, ou seja, a partir dos 15 anos de idade para conclusão do ensino
fundamental e até os 18 anos de idade para conclusão do ensino médio.

Na realidade, os cursos supletivos têm os mesmos parâmetros da EJA, tanto em relação à idade do aluno quanto à duração do
curso. Portanto, trata-se de uma questão de nomenclatura, sendo que basta escolher chamar de Supletivo ou de EJA. O Supletivo
sempre é realizado em um prazo inferior ao do ensino regular; pode-se dizer que este curso é efetivado na metade do tempo
destinado aos cursos regulares.

Autores como Arroyo (1997) e Ghiraldelli (2006) comentam que a EJA geralmente é oferecida nas escolas públicas e no período
noturno, enquanto o Supletivo costuma ser encontrado nas escolas particulares. Contudo, vale pontuar que a EJA também é
encontrada nas instituições particulares de ensino, sendo que para a realização de muitos dos cursos há convênio com a educação
pública. Além disso, conforme apontam os autores, as escolas preferem a nomenclatura Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O Supletivo e a EJA são reconhecidos como cursos pois são regulamentados e o certificado é validado por órgãos competentes, no
caso, as secretarias de educação. Portanto, o aluno que concluir curso na EJA ou no Supletivo poderá ingressar no ensino superior
da mesma maneira daquele que concluiu o Ensino Médio em uma escola regular. É importante pontuar que a EJA tem relação com
outros programas e cursos, dentre eles o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), Programa Nacional de Integração
da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) (BRASIL, 2005) e
Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Foi legal conhecer as interfaces entre MOBRAL, Supletivo e EJA, não foi?

Conhecer a história que envolve a EJA é prazeroso. Afinal, isso pode mostrar que esta modalidade de ensino tem um papel
importante na educação.

Agora vamos viajar para os aspectos andragógicos da Educação de Jovens e Adultos. Bons estudos!
OS ASPECTOS QUE ENVOLVEM A
ESCOLARIZAÇÃO ANDRAGÓGICA
Estudamos que a educação no Brasil passou por um longo percurso desde o período da colonização. Com a evolução das indústrias
os movimentos de jovens e adultos se intensificaram por conta da busca por um lugar no mercado de trabalho; contudo, para isso,
os trabalhadores precisavam se qualificar ou se alfabetizar.

O crescimento das indústrias desencadeou muita procura pelas escolas noturnas para que os operários pudessem garantir
melhorias no emprego ou para que os desempregados tivessem oportunidade de conseguir uma vaga nas fábricas.

Frente a isso, podemos ressaltar uma questão: tanta procura lotou as salas de aula, logo, será que os alunos, em vez de terem
acesso à educação de qualidade frequentavam um curso de formação mais rápida para que entrassem logo no mercado de
trabalho? Foi isso mesmo que ocorreu. Conforme Ghiraldelli (1987), na escola noturna da década de 1930 geralmente se ensinava
a ler e a escrever, deixando-se de lado a preocupação com o ensino de qualidade. Fatores como lotação nas salas de aula, cansaço
dos alunos operários e conteúdos didáticos organizados sem foco nas necessidades dos alunos tornaram a educação um sistema
feito para suprir, de imediato, um mercado emergente e não voltado à formação cidadã.
Quando falamos em Educação de Jovens e Adultos imaginamos que esta inclui pessoas que por algum motivo não conseguiram
estudar ou não concluíram seus estudos na idade adequada; essa pode ser apontada como umas das características dos alunos da
EJA. Então, qual é a forma adequada para ensinar aos alunos da EJA? Que tipo de pedagogia podemos desenvolver nas turmas?

De fato, o professor desenvolverá uma pedagogia; entretanto, será um tipo específico, voltado para adultos e idosos. Para que isso
fique claro, vamos tratar sobre a pedagogia e depois sobre a andragogia.

A Pedagogia no Processo de Ensino-Aprendizagem

Geralmente o termo pedagogia remete à ideia de educação de crianças, não é? Todas as vezes que vejo um pedagogo percebo que
as pessoas o associam com sala de aula infantil. Na verdade, a pedagogia vai além. Durante nossas pesquisas para identificar a
pedagogia percebemos que a ação pedagógica está relacionada ao ensino e a temas ligados à educação, tanto nos aspectos
teóricos quanto nos práticos.

Entretanto, a pedagogia não está somente ligada ao ensino, pois de acordo com Sousa (2015), ela também contribui
significativamente com a aprendizagem do aluno. Para que isso ocorra, a autora comenta que é preciso que o professor leve em
conta não somente a aprendizagem do aluno, pois ele também aprende. O método do professor deve ser direcionado ao processo
de transformação e troca de experiências entre aluno e professor ou vice-versa. Não basta somente ensinar. Não basta somente
aprender. Deve haver significado para todos os envolvidos.

A pedagogia em sala de aula é desenvolvida por todos os professores da escola, independentemente da área de atuação ou
formação. Já o curso de pedagogia forma professores habilitados para a educação infantil, ensino fundamental (séries iniciais) e
para ministrar disciplinas em cursos de formação pedagógica ou projeto de ensino.

Agora vamos pensar em uma classe de crianças entre 5-6 anos de idade e em uma de adultos e idosos. A ação pedagógica
empregada seria a mesma? Veja a imagem abaixo:
Perceba que, provavelmente, o professor quando ministra aula na educação infantil utiliza métodos focados na necessidade da
criança, que é diferente da necessidade do adulto e do idoso. Estamos falando de alunos totalmente diferentes, tanto em relação
ao desenvolvimento cognitivo quanto em relação às experiências e à forma de ser e agir.

A Andragogia no Processo de Ensino-Aprendizagem

Agora vamos entender a pedagogia em relação à andragogia. Já discutimos que a graduação em pedagogia habilita para o ensino
de crianças e/ou adolescentes e outras atividades. No caso da EJA, o curso habilita o professor para que atue nas etapas 1, 2 e 3, ou
seja, na equivalência com o curso em escola regular que seriam as séries iniciais do ensino fundamental - isso porque as demais
etapas são assumidas pelos professores com formação específica (matemática, português, biologia e outras).

Com isso, entendemos que o pedagogo atua na EJA somente nas etapas equivalentes com a sua habilitação. Entretanto,
independentemente de ser pedagogo ou professor de matemática, biologia ou geografia, quando o educador assume turmas de
adultos e idosos ele precisa desenvolver uma pedagogia específica denominada andragogia, que nada mais é que a pedagogia
voltada para o ensino-aprendizagem de adultos.

Vou repetir a mesma pergunta feita anteriormente: em uma classe de crianças entre 5-6 anos de idade e em uma de adultos e
idosos, você acredita que a práxis pedagógica empregada deve ser a mesma? Provavelmente não. Um ponto importante a se
pensar sobre esta questão é que os métodos utilizados na pedagogia para crianças devem ser diferentes dos utilizados na
pedagogia para adultos, ou seja, na andragogia. Para que fique claro, observe o quadro com alguns aspectos de cada tipo de
pedagogia:

Quadro 2 - Pedagogia x Andragogia

Fonte: adaptado de Sousa (2015), Oliveira e Paiva (2004).

Viu como pedagogia e a andragogia exigem métodos que devem ser aplicados partindo do perfil do aluno? Muitas vezes, quando o
professor ou o pedagogo conclui seu curso superior e sabe que vai atuar na EJA, busca participar de um curso específico que
aborde a pedagogia para adultos. Isso não significa que o profissional não tenha competência para atuar na EJA, mas sim que o
perfil dos alunos adultos ou idosos requer certa habilidade e formação para o desenvolvimento de ações andragógicas
transformadoras, significativas e plenas.
Autores como Freire (1991) e Arroyo (1997) destacam que os cursos que formam professores não estão preparados para
capacitar educadores para o trabalho com o público adulto e principalmente idoso.

Vale ressaltar que não existe no Brasil um curso superior de andragogia, o que significa uma defasagem, pois a EJA tem uma
expressiva quantidade de alunos e que precisa de um ensino de qualidade.

Finalizamos nossos estudos por aqui e aguardamos você nos próximos encontros. Até breve!

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ATIVIDADES
1.Em nossos estudos discorremos sobre legislação e diretrizes do sistema educacional e sobre a organização dos níveis e
modalidades de ensino do Brasil. No que tange às informações estudadas assinale a alternativa correta:

a) As modalidades de ensino são organizadas verticalmente quando respeitadas as limitações dos alunos.

b) A Educação de Jovens e Adultos faz parte das modalidades de ensino e pode ser aplicada nos ensinos fundamental e médio.

c) O ensino fundamental corresponde à primeira fase dos níveis de ensino e está dividido em etapas: séries iniciais e séries finais.

d)Podemos afirmar que os níveis de ensino seguem uma ordem vertical e as modalidades de ensino podem seguir esta mesma
ordem.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Na evolução histórica da educação no Brasil tivemos várias Constituições. Algumas promoveram avanços na educação; outras
entraves. O ano de 1988 foi marcado por uma Constituição com significativa contribuição ao sistema educacional do país. Sobre
isso, assinale a alternativa correta:

a)A Constituição de 1988 finalmente conseguiu consolidar no sistema educacional brasileiro a LDB nº5692/71 (Lei 5692 de
11/08/1971).

b) A Constituição Federal de 1988 fincou o retorno da educação como direito do cidadão e a obrigatoriedade para o ensino
primário.

c)Foi a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 que os negros e quilombolas tiveram direito à gratuidade no ensino
superior.

d) A Constituição de 1988 abriu espaço para a Lei de Diretrizes e Bases – LBD 9394/96, o que contribuiu com a organização e
estrutura do sistema de ensino.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Já discutimos que entre o MOBRAL, o Supletivo e EJA existem aspectos comuns, por isso falamos em interfaces. A partir dos
seus estudos e destas relações, assinale verdadeiro (V) ou falso (F).
Podemos afirmar que o MOBRAL era uma modalidade de ensino semelhante ao Supletivo
I) ( ) e a EJA o ensino destinado aos
adultos e idosos não alfabetizados.

II) ( ) O MOBRAL foi regulamentado pelo Decreto nº 62.455 de 22 de março de 1968, autorizado pela Lei nº 5.379 de 15/12/1967.

III) O supletivo têm os mesmos parâmetros da EJA. Trata-se apenas de uma questão de nomenclatura: chamamos de Supletivo
( )

ou de EJA.

IV) ( ) No ano de 1970, o MOBRAL foi criado para substituir um Método escolar de Alfabetização e letramento conhecido como
cartilha e tabuada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da questão:

a) V, F, V, V.

b) F, V, V, F.

c) V, V, V, F.

d) F, F, V, V.

e) F, V, F, V.

4.Discutimos que o crescimento das indústrias gerou uma crescente procura pela escolarização na década de 1930. Por que os
operários buscavam por escolas? Assinale a alternativa correta:

a) Os operários desejavam estudar para ingressar no curso superior.

b) Naquele período, a escola seria a base de formação do sujeito para uma educação ampla e cidadã.

c) Os operários começaram a ver na educação uma oportunidade de emprego e deixaram de trabalhar para estudar.

d)Naquele tempo, o crescimento das indústrias acelerou a procura pela escola, tendo em vista que o operário precisava oferecer
mão de obra qualificada e especializada.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5.Quando assume turmas na EJA o professor deve se atentar a questões específicas da área. Uma delas refere-se à pedagogia e
andragogia. Frente a isso, assinale a alternativa que apresenta corretamente os métodos de ensino para a pedagogia e a
andragogia, respectivamente:

a) Métodos voltados para crianças; métodos voltados para adultos e idosos.

b) Métodos voltados para adultos e idosos; métodos voltados para crianças.

c) Mais experiência de mundo; menos experiência de mundo.

d) Menos experiência de mundo; aluno mais passivo nas decisões.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
A EJA é uma escolarização destinada a jovens, adultos e idosos que não conseguiram completar seus estudos na idade apropriada
ou que estão fora da escola.

Percebemos que os jesuítas deixaram um legado que norteou uma educação organizada e estruturada que declinou devido ao
rompimento de Portugal com a igreja católica, à expulsão dos jesuítas e às reformas do Marquês de Pombal.

Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, D. João VI implantou a primeira biblioteca pública no Brasil e decretou a
abertura dos portos aos estrangeiros, provendo uma troca cultural.

Após a proclamação da Independência, em 1824, a primeira Constituição Brasileira voltou-se para a educação gratuita aos
brasileiros. No percurso histórico notamos que muitas Constituições geraram entraves mas também contribuições a nossa
educação. Um exemplo foi a Constituição de 1988, que abriu espaço para a consolidação da LDB. Outra contribuição importante
foi dada por Paulo Freire, que protagonizou a luta por uma educação popular voltada à formação cidadã e democrática do aluno.

Na década de 1930 o crescimento industrial no país provocou a busca pela escolarização e aperfeiçoamento dos operários, o que
lotou as escolas noturnas e levou à lenta valorização do ensino, já que muitas escolas de adultos tinham o objetivo de alfabetizar
para que o aluno tivesse condições de simplesmente ler e escrever.

Em relação ao Mobral, o Supletivo e a EJA, discutimos que ambos eram e/ou são efetivados em um curto período de tempo em
comparação com o ensino regular. As três modalidades de ensino apresentam interfaces e têm o objetivo de alfabetizar alunos
com 15 anos que estão fora da escola ou que não estão na idade escolar regular. Por fim, discorremos que pedagogia e andragogia
são métodos de ensino-aprendizagem que levam em conta o perfil do aluno.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Leitura
EDUCAÇÃO DE ADULTOS: Paulo Freire e a Educação de Adultos -

Teorias e Práticas

Autores: José Eustáquio Romão e Verone Lane Rodrigues

Editora: Autores Associados

Sinopse o livro faz parte série “Educação de adultos” e apresenta


:

informações para educadores que atuam com a educação de jovens e


adultos. Os textos expõem o legado de Paulo Freire e as transformações
que a educação provoca na sociedade através da aprendizagem ao longo
da vida. Paulo Freire rompeu paradigmas e reinventou a forma de educar
quando projetou o círculo de cultura em lugar da aula, a mediação
pedagógica em lugar da didática, o animador cultural em lugar do
professor e as palavras, os textos e os contextos geradores, emergidos do
diálogo entre as culturas de todos os participantes do processo
educacional, em lugar dos currículos engessados.

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REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel G. Da Escola Coerente a Escola Possível São Paulo: Loyola, 1997.
.

BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 24 de fevereiro de 1891 Disponível em: .

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm >. Acesso em: 21 maio 2017.

_____. Constituição da República Federativa do Brasil de 1934 Disponível em: .

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm >. Acesso em: 16 maio 2017.

_____. Constituição da República Federativa do Brasil de 1937 Disponível em: .

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm > Acesso em: 16 maio. 2017. .

______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Disponível em: .

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em: 16 maio 2017.

_______. Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:
.

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm >. Acesso em: 16 maio 2017.

______. Decreto nº 62.455, de 22 de Março de 1968 Institui a fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).
.

Disponível em: < https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-62455-22-marco-1968-403852-


publicacaooriginal-1-pe.html > Acesso em: 25 jun. 2017.
.

______. Lei 5.379, de 15 de dezembro de 1967 Prevê sobre a alfabetização funcional e a educação continuada a adolescentes
. e
adultos. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l5379.htm >. Acesso em: 25 jun. 2017.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança São Paulo: Paz . e Terra, 1979.

______. A educação na cidade São Paulo: Cortez, 1991.


.

______. Pedagogia da autonomia saberes necessários : à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

GHIRALDELLI, Paulo Jr. Educação e movimento operário São Paulo, Cortez, 1987. .

_____. História da Educação São Paulo: Cortez, 2006.


.

_____. Filosofia e história da educação brasileira . 2. ed. São Paulo: Manole, 2009.

HELLER, A. O cotidiano e a história São Paulo: Editora Paz


. e Terra, 1985.

OLIVEIRA, Inês Barbosa de; PAIVA, Jane (orgs.). Educação de Jovens e adultos Rio de Janeiro: SEPE-RJ, 2004.
.

SOUSA, J. A. F. O Planejamento de estudos na educação a distância como prática discente no combate ao insucesso das
avaliações acadêmicas um estudo de caso. São Paulo: Editora Blucher, 2015.
:

REFERÊNCIAS ON-LINE

¹Em: < https://pronatec.blog.br/eja/ >. Acesso em: 21 maio. 2017.

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APROFUNDANDO
Neste momento, conheceremos mais sobre os programas e cursos com os quais a EJA tem relação, dentre eles o Programa
Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) e Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos
(Encceja).

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), temos:


PROJOVEM: Trata-se de um programa voltado para jovens de 18 até 29 anos que ainda não concluíram o ensino fundamental.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) envia recursos financeiros aos programas de desenvolvimento do
Projovem - para os cursos de qualificação profissional e cidadã. Os alunos recebem bolsas mensais para que possam concluir os
estudos e serem estimulados a obter qualificação profissional inicial.
PROJOVEM URBANO: é um programa que objetiva elevar a escolaridade de jovens entre 18 e 29 anos de idade que mesmo
sabendo ler e escrever não conseguiram terminaram o ensino fundamental. O programa está voltado à conclusão deste nível de
ensino por meio da Educação de Jovens e Adultos integrada à qualificação profissional e ao desenvolvimento do exercício da
cidadania, na forma de curso (art. 81 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996).
PROJOVEM CAMPO: é um programa desenvolvido pelo MEC com a parceria de instituições públicas de ensino superior e
secretarias estaduais de educação. Objetiva formar agricultores com idade entre 18 e 29 anos que mesmo alfabetizados não
concluíram o ensino fundamental. O curso tem duração de dois anos.
PROJOVEM TRABALHADOR: é um programa que visa preparar jovens desempregados com idade entre 18 e 29 anos para o
mercado de trabalho e para ocupações alternativas geradoras de renda. Os alunos devem ser membros de famílias com renda
per capta de até um salário mínimo.

O MEC discorre que além dos programas do PROJOVEM, a EJA está relacionada a mais programas e cursos, tais quais:
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Jovens e Adultos
(PROEJA) - são cursos da EJA efetivados junto com um curso técnico ou um curso técnico efetivado com a EJA. É uma proposta
de ensino que integra educação profissional com a educação básica em perspectiva transformadora entre o trabalho manual e o
intelectual.

Vejamos de que forma os cursos podem ser ofertados:


Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) – é um exame gratuito oferecido aos jovens e
adultos que moram no exterior e que ainda não concluíram o ensino fundamental na idade indicada. Tratase de um exame para
avaliar competências, habilidades e saberes adquiridos na escola e na convivência social. Em 2009, com a implantação do novo
EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM), o Encceja passou a certificar, somente, o ensino fundamental, deixando a
certificação do ensino médio a cargo dos resultados do ENEM.

1. Educação profissional técnica integrada ao ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos.
2. Educação profissional técnica concomitante ao ensino médio na modalidade de educação de jovens e adultos.

3. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional integrada ao ensino fundamental na modalidade de educação de
jovens e adultos.

4. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional concomitante ao ensino fundamental na modalidade de educação de
jovens e adultos.

5. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional integrada ao ensino médio na modalidade de educação de jovens e
adultos.

6. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional concomitante ao ensino médio na modalidade de educação de jovens
e adultos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Encceja Disponível em: < http://enccejanacional.inep.gov.br/encceja/#!/inicial


. >. Acesso em: Acesso em: 4 jun. 2017.

______. Ministério da Educação. PROJOVEM Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-


.

continuadaalfabetizacao-diversidade-e-inclusao/programas > Acesso em: 4 jun. 2017.


.

______. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Jovens e Adultos
(PROEJA) Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/proeja >. Acesso em: 4 jun. 2017.
.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; SOUSA Jacqueline Andréa Furtado de.


,

Tópicos Especiais em Educação de Jovens e Adultos. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

42 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Educação. 2. Tópicos Especiais.. 3. EaD. I. Título.

ISBN: 978-85-459-1550-8

CDD - 22 ed. 374

CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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ESTUDO E AVALIAÇÃO
DA DIDÁTICA E
FORMAÇÃO DE
PROFESSORES PARA A
EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Professora Me. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa
:

Objetivos de aprendizagem
Apresentar a organização do trabalho pedagógico na educação de Jovens e Adultos.
Discutir sobre a gestão da sala de aula relacionando-a com o currículo escolar adotado para turmas da EJA.
Abordar a composição do espaço educacional e os elementos metodológicos utilizados nas atividades em classe.
Identificar o processo de avaliação como forma de oportunizar ao aluno da EJA momentos significativos para expressar valores
quantitativos e qualitativos.
Identificar a importância da formação de professores para que possam contribuir com a formação plena do aluno da EJA.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
A organização do trabalho pedagógico na Educação de Jovens e Adultos
A atuação pedagógica e o currículo no contexto da Educação de Jovens e Adultos
Procedimentos didáticos na Educação de Jovens e Adultos
Processos de avaliação em Educação de Jovens e Adultos
A formação do professor para atuar na EJA

Introdução
Neste estudo, serão apresentadas discussões sobre a didática e a avaliação nesta modalidade de ensino, além de analisada a
formação de professores para atuar em classes da EJA.

Estudaremos de que forma se organiza o espaço pedagógico na escolarização de adultos e trataremos sobre a gestão escolar como
fator importante para concretizar o papel da escola na formação cidadã do aluno e na efetivação das relações sociais.

Quando falamos em formação cidadã estamos nos referindo à escola democrática e participativa que contribui com a constituição
do sujeito sócio histórico.

Vamos discutir sobre a práxis pedagógica e o currículo da escola como fatores relevantes na Educação de Jovens e Adultos. Na
realidade, analisaremos a composição da cultura organizacional da escola e o professor como um profissional capaz de formar
outros sujeitos. Nessa perspectiva, apresentaremos uma visão clara e objetiva em relação ao currículo aberto e ao currículo
fechado e abordaremos o planejamento educacional como estratégia no processo de ensino-aprendizagem.

Falaremos ainda de ação didática em sala de aula. Nesse sentido, a ação do professor deve ser embasada em conteúdo em práticas
metodológicas pertinentes ao contexto da Educação de Jovens e Adultos. Os elementos metodológicos utilizados nas atividades
precisam garantir uma relação dialógica e significativa entre professor e alunos e entre os próprios alunos, a fim de que os passos
sejam definidos e os objetivos alcançados. Outro fator de grande relevância na educação é a avaliação.

Por fim, podemos dizer que a formação do professor é de suma importância para que se torne um agente que forma outros sujeitos
reflexivos e críticos.

Avançar
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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Muito se tem discutido sobre o significado da escola como um espaço que promove o conhecimento. De fato, ouvimos bastante
que a escola deve ser um ambiente organizado para promover o desenvolvimento do aluno de forma plena.

Mas qual tipo de escola é trabalhado na EJA? Será que a escola está devidamente organizada para receber alunos da EJA?

Tais questionamentos pedem reflexão e leitura, sendo que não podemos responder sem pesquisar ou legitimar algum
conhecimento. Afinal de contas, o ambiente de sala de aula e a práxis pedagógica da escolarização de adultos difere, por exemplo,
dos métodos utilizados em turmas do ensino fundamental ou da Educação infantil.

A escola deve representar um espaço agradável e prazeroso, no qual o aluno possa se sentir seguro para potencializar seus
saberes. Nesse sentido, Freire (1996), quando fala da escola, quase sempre comenta que os muros escolares devem ser rompidos
para que o processo de educação possa assumir um caráter mais amplo e dimensionado para um contexto sociocultural. Freire diz
que o aluno não pode ser separado de sua realidade social e, por isso, o educador precisa (re) conhecê-lo para poder agir melhor
(FREIRE, 1996).

A Gestão Escolar e o papel da Escola na Educação de Jovens e


Adultos

Quando citamos a gestão escolar e o papel da escola direcionamos nosso olhar para o sistema educacional brasileiro, os níveis e as
modalidades de ensino. Então, repensar sobre a gestão escolar seria tentar compreender que o papel que a escola exerce diante da
sociedade não é fácil. Por isso, precisaremos entender a concepção que norteia a gestão e que o papel da escola está embasado em
relações humanas, ou seja, a gestão escolar requer reflexão sobre as relações humanas da escola, dos alunos e da comunidade.
Observe a seguir:

Figura 1 - Aprendizes durante realização de atividade

Perceberam como todos estão empenhados na atividade?

A imagem representa uma gestão escolar que se preocupa não somente com quem aprende na escola, mas também com toda a
equipe: professores, diretor, coordenadores e demais funcionários.

Com isso, podemos inferir que a gestão escolar deve integrar as diferentes áreas e os diversos setores da escola para efetivar uma
atuação plena e competente. Nessa perspectiva, autores como Sousa (2015) e Candau (2002) reconhecem a escola como um
sistema de gestão integrado, não somente de forma interna (dentro da escola), mas também externa (com a comunidade).

Assim, falar em gestão escolar significa dizer que a gestão não está limitada aos espaços da educação formal. Não mesmo.
Podemos dizer que a gestão escolar na EJA ocorre de várias formas, em diversos contextos e engloba um público diferente do da
escola regular, já que estamos nos referindo ao ensino para adultos.

De acordo com Sousa (2015) a gestão escolar tem sua base no projeto pedagógico (proposta pedagógica ou projeto político-
pedagógico), tido como um documento norteador das ações do gestor e da composição da instituição de modo geral.

O Projeto Político Pedagógico aponta o tipo de currículo, os métodos empregados e os sujeitos envolvidos
dentro e fora da escola.

Fonte: a autora.
Em suma, no projeto pedagógico deve ser contextualizado o papel social da escola além de apresentar uma reflexão sobre as
práticas pedagógicas desenvolvidas na instituição escolar. Assim como todo projeto, o pedagógico também precisa ser claro e
objetivo. Para a escolarização de adultos, Sousa (2015) sugere que o projeto pedagógico aborde:
Os conhecimentos que serão trabalhados com os alunos;
Conteúdos adequados à realidade dos alunos;
Regimento escolar e Currículo da escola;
Organização do espaço escolar e do espaço de sala de aula;
Descrição da escola e das relações humanas nela;
Papel da escola junto à comunidade escolar (todos que fazem parte da escola).

No que tange ao papel da escola, partiremos da realidade dos alunos da EJA. Veja bem que não há como falar em papel da escola
abrindo mão de sua função social. Entretanto, qual seria essa função?

Conforme Freire (1996), o papel da escola repousa na condição de o aluno poder reconhecer e participar da realidade humana por
meio das suas relações estabelecidas socialmente. Nas circunstâncias atuais, em que o mundo permite constantes transformações,
nada mais adequado do que (re)construir o trabalho da escola, respeitando as transformações que influenciam na vivência dos
aprendentes, tanto nos aspectos socioculturais quanto nos aspectos de desenvolvimento cognitivo e socioafetivo.

Nesse sentido, Freire (1996) também pontua que a escola, enquanto uma instituição que forma cidadãos, precisa direcionar seu
trabalho para o desenvolvimento pleno do aprendiz, ou melhor, para seus aspectos específicos e individuais. Para o autor, a escola
deve funcionar como um espaço de oportunidades para a efetiva participação do aluno adulto e o exercício da democracia.

A Organização do Espaço Escolar: uma Escola Democrática e


Participativa

Vimos que redimensionar as ações da escola levando em conta as relações sociais protagonizadas pelos seus integrantes mostra
respeito ao aluno e à comunidade, pois ambos vivem em constante mudança. Portanto, essa reconfiguração quebra paradigmas e
(re)constrói aspectos socioculturais. Com essa visão, podemos dizer que a gestão escolar é efetiva e consegue ser realizada de
maneira participativa e democrática, com o sujeito compreendido e visto como um cidadão em constante adaptação com o meio.

É importante lembrar que toda instituição educacional precisa de documentos para orientar as suas ações, para que o processo
não fique desorganizado, não é?

Você sabia que além do Projeto Pedagógico existe o Regimento Escolar? Nele, há normas de
funcionamento, direitos e deveres de cada participante da escola (aluno, professor, coordenadores,
auxiliares, pais e demais membros). Para saber mais, acesse o site, disponível em:
< https://respeitarepreciso.org.br/apresentacao-democracia-na-escola/3-regras-de-convivio-o-regimento-
escolar > .

Fonte: a autora.

Portanto, democracia também tem a ver com o respeito e as limitações do sujeito na sociedade.

De forma geral, Gadotti (2006) discute que muitas pessoas confundem democracia quando a associam com partidos políticos. A
democracia não é partidária, mas sim o modo político de se realizar em uma sociedade. Democracia não é doutrina ou regime de
caráter político; é escolha e tem a ver com participação e coletividade. Para o autor, então, democracia é um conceito que não deve
ser imposto, porém deve ser reconhecido e legitimado, porque repousa nos princípios norteadores da soberania popular, da
equidade, da distribuição igualitária do poder e da renda. Assim, democracia é a efetiva participação da população na construção
da nação.

Mas de que forma a escola pode se efetivar como um espaço democrático e participativo na EJA?

Em relação ao trabalho com adultos e idosos, Sousa (2015) comenta que eles precisam de espaços educacionais que promovam o
sentimento de “querer fazer”, de “querer experimentar” e de “querer fazer parte”. Nesse caso, a autora enfoca o sentimento de
pertencimento que os alunos demonstram. Além disso, também discorre sobre solidariedade, respeito e reconhecimento de
valores que devem ser trabalhados nestes espaços. De acordo com a autora:

tratamos com alunos que são comprometidos com sua formação, com objetivos plausíveis à sua atuação
[...]

acadêmica e ao desempenho competente no campo profissional. Percebemos neles, interesse em querer


fazer, querer entender e compreender o que se faz e como se faz (SOUSA, 2015, p. 45).

A partir da citação podemos inferir que a escola democrática e participativa é um espaço de novas realizações e possibilidades com
a participação de todos os envolvidos no processo de educação. Nesse sentido, percebemos que o espaço escolar é construído e
(re)construído por todos os envolvidos: colaboradores, alunos e comunidade. Isso é o que chamamos de comunidade escolar.

Quando falamos em construção de espaço democrático e participativo não podemos abrir mão de analisar a questão do diálogo, já
que as interações dependem das relações estabelecidas por meio da conversação, não é? O diálogo exterioriza o pensamento e as
ações das pessoas. Gadotti (2006) menciona que o entendimento do papel de cada sujeito na escola é importante para que todos
possam contribuir. É conversando que as pessoas se entendem e conseguem legitimar sua palavra na sociedade, legitimar seu
papel social. Assim, entendemos que o exercício da democracia requer diálogo, a fim de que as pessoas tenham consciência do
papel que cada um precisa assumir na comunidade.

Pelo que estudamos, podemos entender que a EJA deve estar inserida em um espaço educacional no qual haja um processo
contínuo de construção e (re)construção social; um processo contínuo de construção de relações humanas democráticas e
participativas. Sendo assim, estamos falamos em uma escola que se transforma em todos os âmbitos: relações burocráticas
internas, gestão escolar, processo de ensino-aprendizagem e interação com a comunidade.
A ATUAÇÃO PEDAGÓGICA E O
CURRÍCULO NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A tarefa de estruturar e organizar uma instituição de ensino pede esforços e dedicação, pois esse trabalho deve ser definido a
partir do perfil de uma comunidade que já está em pleno processo de desenvolvimento.

O que pretendemos dizer com isso é que a escola precisa ser estruturada para receber um determinado perfil de alunos e
corresponder às demandas da sociedade.

No sistema educacional as pessoas representam as prioridades da escola, não é? Se for assim, o público da escola precisa do efetivo
processo democrático e participativo de ensino-aprendizagem. Nós já analisamos e discutimos sobre o caráter democrático e
participativo das escolas. Então, agora, podemos iniciar nossos estudos sobre cultura organizacional.

A Cultura Organizacional da Escola e o Papel do Professor

O termo Cultura Organizacional tem a ver com o currículo adotado pela escola e com o tipo de gestão escolar. Para Linhares
(2001), isso quer dizer que currículo e gestão formam a instituição e são componentes que não devem ser trabalhados
isoladamente. Contudo, há de se considerar que currículo e gestão assumem diferentes papéis na escola, de acordo com os
objetivos educacionais voltados à comunidade e aos alunos.

Candau (2002) pontua que a Cultura Organizacional refere-se às relações humanas nas organizações. No caso, podemos dizer que
a cultura organizacional da escola reflete a formação dos colaboradores, bem como a forma pela qual estes desenvolvem suas
atividades laborais.

Em suma, a Cultura Organizacional expressa aspectos sociais, culturais e psicológicos que afetam, de maneira geral, o modo da
organização agir e as atitudes e particularidades dos seus colaboradores.

Com isso, posso mencionar que esta cultura está associada às práxis pedagógicas? De certo. Por isso, analisaremos o papel do
professor da EJA levando em conta a questão da Cultura Organizacional. Começaremos com a questão: qual o papel do professor
da EJA?

Conforme Freire (1996), o educador que volta suas ações à educação de adultos deve buscar mais do que uma mediação na escola,
mas sim objetivar a construção da cidadania. Então, devemos pensar em uma educação plena e cidadã.
Agora, chamo a atenção para o fato de que o gestor escolar deve ativar competências e habilidades no sentido de compreender
todos os elementos constituintes da escola e do papel específico de cada um.

Em relação ao papel do professor na instituição, devemos começar com a consideração de que ele é um mediador no processo de
ensino-aprendizagem, concordam? Nesse sentido, o profissional deve corresponder às demandas da comunidade e dos alunos.
Além disso, não somente o professor, mas todos os colaboradores da escola precisam adequar seus comportamentos às
transformações e inovações da organização.

Frente a isso, observe o quadro abaixo:

Quadro 1 - características importantes para o bom desempenho do professor da EJA

Fonte: adaptado de Sousa (2015).

Com base nas informações apresentadas no quadro podemos levar em conta que para responder às demandas o professor
necessita ter uma visão holística para rever e inovar suas práticas no dia a dia.

O Currículo da Escola

O Projeto Pedagógico é um documento que permite identificar, planejar e implementar as ações da escola no que tange aos
objetivos que devem ser alcançados. A partir dele, torna-se possível efetivar transformações inovadoras para a cultura
organizacional.

Entretanto, será que esta é uma tarefa fácil? Cunha (2005) informa que transformações não são fáceis nem rápidas, sendo que
toda mudança requer que as ações sejam adequadas aos poucos. Nesse processo, reflexões e críticas ajudam bastante.

Na maioria das vezes, quando se fala em Currículo Escolar, de forma teórica entende-se que o Currículo integra o Projeto
Pedagógico e que nele são apresentados elementos como o calendário escolar, os princípios das ações pedagógicas e os objetivos
de ensino com seus conteúdos e métodos, conforme o ano letivo. De fato, o Currículo Escolar é isso mesmo; um documento
orientado pelas propostas pedagógicas e que corresponde aos objetivos pedagógicos e conteúdos didáticos. Contudo, não é
somente isso. Na visão de Gadotti (2006), o Currículo Escolar deve se voltar à formação plena do aluno, que deve ser reconhecido
pela sua cultura real, pois isso representa uma maneira específica de sua preparação para conviver em sociedade. Conforme
Candau (2002, p. 67):
A ampliação do conceito de currículo deve ir para além dos muros da escola, assim como é uma articulação
teoria-prática, também constitui objeto de cultura. Portanto, deve-se vincular currículo com
desenvolvimento cultural mais amplo e mais pleno.

Autores como Gadotti (2006), Candau (2002) e Linhares (2001) discutem sobre concepções de currículo que devem ser
conhecidas pela escola, a fim de que protagonizem uma gestão plena e efetiva. De modo geral temos:
Currículo Tradicional (Acadêmico);
Currículo Racional-tecnológico (Tecnicista);
Currículo Escolanovista (Progressista);
Currículo Construtivista;
Currículo Integrado (Globalizado);
Currículo Histórico Social (Sociocrítico);
Currículo como Produção Social (Reconstrucionista Social).

Ou seja, há vários tipos de currículo que a escola pode construir, não é?

Se você pesquisar melhor perceberá que as características são diferentes, principalmente em relação à construção do currículo e
aos objetivos propostos. Agora, observe as informações a seguir:

Quadro 2 - Propostas curriculares - EJA

Fonte: adaptado de MEC ([2017], on-line)¹.


Perceba que o MEC não impõe um tipo de currículo às escolas que atuam com a EJA, mas apresenta Diretrizes Curriculares para
nortear a construção do currículo escolar. Por outro lado, quando analisamos as informações do quadro anterior percebemos que
o Currículo da Educação de Jovens e Adultos precisa ser aberto e flexível, de modo que promova adequações com respeito à
realidade dos alunos e da comunidade.

O Planejamento Educacional na EJA

Quando discutimos sobre planejamento educacional já temos em mente que o planejamento é primordial na organização da ação
pedagógica, certo?

Planejar tem a ver com prever e organizar ações. Segundo Sousa (2015):

O planejamento tem o compromisso maior de orientar no sentido de direcionar [...]. O planejamento


organiza, sistematiza e disciplina para a prática do se quer fazer ou do que se faz. O planejamento organiza
as etapas das ações e escolhe os procedimentos mais adequados (SOUSA, 2015, p. 39).

De fato, é isso mesmo. No planejamento educacional a instituição apresenta recursos pedagógicos, metas e objetivos a serem
alcançados, levando em conta a comunidade escolar - a realidade e as necessidades. Autores como Sousa (2015), Candau (2002) e
Linhares (2001) concordam que o planejamento educacional não pode ser reconhecido apenas como uma tarefa laboral da escola.
Na realidade, o planejamento escolar engloba informações da proposta pedagógica, a fim de que o professor possa elaborar bem
seu plano de ensino e organizar seu diário de turma. O planejamento escolar é a bússola que orienta a práxis do professor, já que a
partir dele poderá propor conteúdos, recursos, procedimentos, objetivos e prever os resultados.

Candau (2002) discorre sobre o planejamento educacional como um instrumento para que se planejem ações de ensino e
aprendizagem lançando mão da proposta pedagógica da escola, de reflexões, decisões e, além disso, dos objetivos, valores,
conteúdos e procedimentos.

No que concerne ao planejamento educacional na escolarização de adultos, Sousa (2015) comenta que se deve considerar que o
tempo necessário à aprendizagem de alunos adultos e idosos é diferente daqueles de escolares regulares. Por isso, é preciso rever
o planejamento para assegurar que alunos tenham seus limites e potencialidades respeitados e trabalhados. Portanto, a autora
enfatiza que é necessário considerar as singularidades destes alunos.

Assim, o planejamento educacional para a EJA deve ressignificar conceitos, visão de mundo e de si próprio como sujeito
transformador da sociedade. Em tese, pensa-se em um planejamento pelo qual se possa atuar em prol da formação, que alie
ciência, história e demais disciplinas à cultura dos alunos e da comunidade.

Com base em Sousa (2015), elenco características de planejamento que poderão contribuir significativamente no ensino da EJA:
Visão diagnóstica e analítica sobre a comunidade escolar;
Objetivos e propósitos bem delimitados e claros;
Recursos disponíveis e/ou acessíveis;
Ações pertinentes aos propósitos;
Avaliação de competências e habilidades para acompanhar o desenvolvimento do aluno durante todo o processo, sem
desmerecer o caráter qualitativo.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Quando discutimos sobre o planejamento educacional conseguimos perceber que as ações explicitadas se voltam à construção do
conhecimento e norteiam as práticas pedagógicas do professor, certo?

Na realidade, a concepção que temos sobre a construção do conhecimento na escola está apoiada na forma pela qual o professor
desenvolve as atividades em classe. Nesse sentido, o docente assume o papel de mediador e/ou de facilitador entre o que se ensina
e o que se aprende. Em nossos estudos, antes de falar sobre ações pedagógico-didáticas na EJA será preciso compreender o que
significa a didática no contexto educacional.

Vamos lá!
Compreendendo a Didática no Processo de Ensino-Aprendizagem

Podemos dizer que a didática se define pelo ramo da pedagogia que utiliza métodos e técnicas para desenvolver o processo de
ensino junto ao aluno. Sousa (2015) complementa que didática tem a ver com o fato de que as teorias pedagógicas estudam e
aplicam métodos de ensino adequados a determinado público. A autora expõe um exemplo de didática do professor no ensino de
adultos da seguinte maneira:

vimos comprometimento com a função de acompanhar os seminários e mediar oficinas de aprendizagem


[...]

junto aos momentos de avaliação dos alunos. Tal atitude remete ao ato de aprender e ao ato de ensinar
concomitantemente (SOUSA, 2015, p. 53).

A citação nos leva a pensar que didática remete ao ato de ensinar por meio de metodologia ou técnica instrutiva para ajudar na
construção do conhecimento do aluno. De certo modo, didática é isso mesmo. Contudo, a definição vai além do simples ato de
ensinar. Perceba que na citação há menção ao ato de aprender concomitante ao ato de ensinar. Neste prisma, a autora pontua que
o professor deve desenvolver uma didática que objetive a troca de experiências e conhecimentos entre ele e seu aprendiz.

Temos em mente que a didática perpetua a forma pela qual o professor ensina sua turma. Para Freire (1996), na educação popular
o currículo deve se aliar à didática para dar significado ao processo de apropriação do conhecimento pelos alunos. Não estamos
falando do currículo tradicional, fechado e de difícil compreensão, mas do currículo aberto e flexível que pode ser adaptado à
realidade do aprendente e não o contrário.

Cunha (2005) ressalta que as práticas pedagógico-didáticas são embasadas em ações que levam em conta componentes da práxis
docente. De modo geral, temos:
Professor responsável pelo desenvolvimento das atividades junto ao aluno;
:

Aluno considerado o centro das atenções do professor;


:

Conteúdo conhecimentos, habilidades


: e assuntos que devem ser trabalhados com o aluno;
Contexto enquadramento do assunto em determinada situação;
:

Propósitos de ensino trata-se do que se deseja que o aluno aprenda em uma determinada situação. Orienta
: a escolha dos
conteúdos que serão trabalhados.
Estratégias metodológicas e/ou de ensino são escolhidas a partir do conteúdo, contexto
: e propósitos de ensino. Tem a ver com
ações que estruturam e orientam o desenvolvimento das atividades escolares;
Recursos didáticos metodológicos são ferramentas utilizadas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem, bem como
:

para potencializar a aula. Exemplos: tv multimídia, áudios, infográficos, livros em quadrinhos, músicas, filmes, cadernos
temáticos, jornal, revistas, fotografias etc.

Quadro 3 - Exemplos de orientações para apoio didático ao professor


Fonte: adaptado de MEC ([2017], on-line)2 e ([2017], on-line)³.

Ações Pedagógico-Didáticas na EJA

Em matéria publicada na revista Nova Escola sobre alfabetização voltada aos adultos discute-se que muitos professores optam por
trabalhar com livros recomendados para crianças do ensino fundamental. Conforme o material, um fator que influencia neste
contexto é a falta de formação específica do professor voltada para o ensino de adultos (VICHESSI; DINIZ, 2017, on-line) ⁴ .

Com informações baseadas em pesquisas da Fundação Carlos Chagas, na matéria pontua-se que nos cursos de pedagogia há
somente 1,5% das disciplinas que enfocam ensino-aprendizagem em EJA. É importante ressaltar que quando os professores vão
atuar na EJA buscam formação em nível de pós-graduação ou cursos de extensão para se qualificarem no ensino de adultos.

Ainda recorrendo à matéria da Nova Escola é possível mencionar que a alfabetização de jovens, adultos e idosos repousa em
práticas didáticas nos eixos da leitura e da escrita, que também são recorrentes no ensino fundamental - séries iniciais. Entretanto,
deve-se frisar que as práticas pedagógicas direcionadas às crianças não devem ser exatamente as mesmas da pedagogia para
adultos (andragogia), pois o professor precisa entender que as necessidades das crianças diferem das necessidades dos adultos,
que, em sua maioria, são indivíduos com mais experiência de vida e independência.

Agora, que tal verificarmos propostas de atividades para a EJA? Assim, poderemos aplicar melhor as ações pedagógico-didáticas
na EJA.

Quadro 4 - sugestões para atividades didáticas no ensino de adultos

Fonte: adaptado de Hoffmann (2003), Sousa (2015), Vichessi e Diniz (2017), Freire (1996) e Luckesi (1996).
PROCESSOS DE AVALIAÇÃO EM
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A partir do que estudamos, é possível perceber que, de modo geral, a emancipação das ações pedagógicas na escola ocorre de
forma paralela ao trabalho educativo dos professores, certo?

De certa maneira é isso mesmo. A equipe docente é que possibilita que a autonomia pedagógica se evidencie nos resultados
obtidos a partir das avaliações dos alunos. Segundo Sousa (2015), a avaliação aplicada ao ensino de adultos deve ocorrer em todos
os momentos de forma processual e contínua. Neste sentido a autora manifesta que:

Avaliação é sinônimo de evolução. Avaliação é, basicamente, acompanhamento da evolução do aluno no


processo de construção do conhecimento [...] é preciso acompanhá-lo durante todo o caminho (SOUSA,
2015, p. 48).

Assim, podemos inferir que a avaliação diz respeito aos aspectos qualitativos e quantitativos da escola. Portanto, para a autora, o
momento de avaliar deixa de ser exclusividade do “dia de prova” e passa a integrar o curso de modo mais abrangente. Vejamos
outras avaliações.

A Questão da Avaliação Educacional no Brasil

No caso das avaliações das escolas regulares, ou nas que oferecem a EJA há uma gama de avaliações que podem ser realizadas,
tanto na escola quanto fora dela. Podemos pensar na questão da avaliação educacional a partir de alguns enfoques, tais como a
avaliação da aprendizagem e a avaliação institucional. À priori, com base nos postulados de Luckesi (1996), Sousa (2015) e
Hoffmann (2003) podemos analisar a avaliação de duas maneiras:
Avaliação de aprendizagem ou avaliação escolar (avaliação interna) ocorre na escola para registrar e avaliar o processo de
:

ensino-aprendizagem. Teoricamente, essa avaliação é realizada para atribuir notas às ações dos alunos, ou é voltada a objetivos
específicos como o aproveitamento do aluno ou o plano de ação dos educadores. O processo avaliativo do aluno é desenvolvido
pelo professor de maneira intencional e sistemática.
Avaliação Institucional externa visa obter informações sobre a qualidade de cursos em escolas e universidades que atuam no
:

território brasileiro. Para que você possa entender melhor essa questão da avaliação externa observe o quadro a seguir:

Quadro 5 - Avaliação externa da educação brasileira


Fonte: adaptado de Mec (2016), Inep (2017) e Inep (2015).

Avaliação de Aprendizagem ou Avaliação Escolar (Avaliação


Interna)

A avaliação educacional no Brasil é uma temática bastante debatida em prol da qualidade dos serviços prestados por escolas e
universidades brasileiras. Trata-se de um assunto complexo e polêmico. A partir de agora, nosso estudo será direcionado à
avaliação interna, sendo que autores como Luckesi (1996), Sousa (2015) e Hoffmann (2003) concordam quando a denominam
também de Avaliação Escolar.

Vale ressaltar que as avaliações internas abordam os níveis educacionais (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e
Ensino Superior) e as modalidades de ensino (Educação de Jovens e Adultos, Educação a Distância, Ensino Profissionalizante e
Educação Especial).
Nestes contextos educacionais, principalmente no ensino de adultos, Sousa (2015) discorre que no processo de avaliação, antes de
dar uma nota ao aluno, deve informar à escola sobre o andamento do trabalho docente na turma e a realidade dos alunos. Logo,
avaliação não quer dizer somente aquilatar a aprendizagem do aluno e dar uma nota ou conceito como resultado da prova. A
mesma autora manifesta que avaliar é mais que isto. Para ela, avaliar requer uma ação abrangente, processual e mediadora, ou
seja, a avaliação deveria ser um processo mediador de múltiplas ações que se adequem às necessidades do aluno em vários
momentos e de diversas formas (provas, atividades, seminários, autoavaliação, observação e registro, entre outras).

Luckesi (1996) discute que muitas escolas aplicam uma pedagogia de exame quando as avaliações têm cunho classificatório e
seletivo. Para o autor, avaliar deveria ter objetivo diagnóstico e inclusivo. Portanto, quando a nota determina se o aluno será
aprovado ou reprovado a avaliação assume caráter de inclusão ou de exclusão em relação ao resultado obtido nas provas. A nota
imposta como fator de inclusão ou de exclusão provoca tensão, preocupação e ansiedade nos alunos. Nada mais desgastante ao
aluno do que saber que uma nota poderá definir os rumos de seu futuro na escola, não é verdade?

Do ponto de vista político-pedagógico, Luckesi (1996) menciona que quando assume a forma de exame a prática de avaliação
denota uma tradição antidemocrática e autoritária que valoriza o professor e o sistema. Com isso, abre mão de centrar o processo
de ensino e aprendizagem no aluno.

A Avaliação Escolar na EJA

No início deste estudo levantamos um questionamento sobre a autonomia pedagógica, lembram? Agora retomaremos esta
questão para deixar claro que a emancipação da ação pedagógica na escola depende da forma pela qual o trabalho educativo se
concretiza.

E quem faz o trabalho educativo na escola? Se falamos sobre formação de alunos a resposta é óbvia: o professor. Contudo, vale
lembrar que o trabalho educativo pode ser mais abrangente quando inclui a comunidade escolar (colaboradores, alunos e famílias).
No processo de ensino-aprendizagem uma das maneiras pela qual a autonomia pedagógica pode se manifestar pelo trabalho
educativo do professor é por meio da realização de avaliação com aspectos integrantes e integradores da ação educacional
(HOFFMANN, 2003). Nessa perspectiva, a escola estabelece momentos de avaliações, ou seja, com o objetivo de que o processo
contemple conhecimentos constituídos durante determinado período. Vale pontuar que nas avaliações os assuntos abordados
devem ser coerentes com as temáticas tratadas.

Luckesi (1996) e Hoffmann (2003) compartilham da mesma opinião ao afirmar que a avaliação escolar é um entrave da atual
educação, em função da forma equivocada pela qual as escolas avaliam os alunos. Por tal prisma devemos refletir sobre os
instrumentos e os usos que fazemos destes na avaliação. Afinal, os instrumentos de avaliação precisam contemplar posturas
contextualizadas, significativas e condizentes com a realidade dos nossos alunos. Avaliar não é medir valor. Para Hoffmann (2003),
avaliar significa respeitar o aluno como sujeito pensante. Assim. professor deve se perguntar como e quando utilizar este ou
aquele instrumento para avaliar o aluno.

Em relação aos alunos da EJA, Sousa (2015) diz que antes de avaliar devemos ter certeza da escolha dos instrumentos. Portanto,
será preciso compreender e identificar o instrumento mais propício para cada turma, o tipo de avaliação e objetivos a serem
alcançados. Veja o quadro a seguir:

Quadro 6 - sugestões para o ensino de adultos

Fonte: adaptado Freire (1996), Luckesi (1996), Hoffmann (2003) e Sousa (2015).
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA
ATUAR NA EJA
Tendo em vista que os cursos habilitam pedagogos e professores nas respectivas licenciaturas mas não promovem uma formação
preparada para enfrentar possíveis problemas da sala de aula e que o curso de pedagogia prepara professores para a educação
infantil e o ensino fundamental (séries iniciais), então, que curso prepara o professor para a pedagogia dos adultos (andragogia)?
Na realidade, no Brasil não há curso de andragogia. Quando o professor vai atuar na EJA recorre aos cursos de pós-graduação ou
aos cursos de formação específica na área. Então, como fica a formação do professor para atuar na EJA? Muitas discussões são
levantadas sobre isso. Aliás, é o que estudaremos a partir de agora. Vamos lá!
A Relação Teoria-Prática na Formação de Professores

Podemos levar em conta que a questão sobre a teoria e a prática nos cursos de formação de professores pressupõe diferentes
situações. No entanto, autores como Cunha (2005) e Santos (2004) enfatizam que apesar de serem momentos distintos, são
inseparáveis na construção do conhecimento, tanto na formação universitária do professor quanto na práxis pedagógica da escola.
Tratam-se de aspectos que devem ser trabalhados durante o curso universitário e na vida docente. Toda teoria precisa de uma
prática que a legitime e toda prática precisa ser embasada em conhecimentos científicos.

Nesta perspectiva, Cunha (2005, p. 82) afirma que:

[...]observação do cotidiano de nossas instituições de ensino mostra que práticas inovadoras, que buscam
a
constantemente avançar na relação da teoria com a prática, convivem com formas pedagógicas tradicionais
[...].

Para a autora, as ações pedagógicas intencionais buscam romper com paradigmas de modelos tradicionais de ensino-
aprendizagem e disso surgem sentimentos de insatisfação com a própria formação. Há satisfação com a formação acadêmica
quando o professor reflete e percebe que o curso universitário negligenciou disciplinas de práticas científicas e trabalhos em
campo em favor de maior carga horária para disciplinas teóricas.

Cunha (2005) pontua que experiências de professores que lidam com adultos precisam ser compreendidas a partir de contextos
que refletem a real situação da práxis pedagógica, ou seja, a própria sala de aula. Portanto, não adianta estudar muito quando não
se consegue aplicar em sala de aula o que se aprendeu, nem assumir a regência de uma turma de EJA sem a devida formação.

Provavelmente, se não houver bases teóricas suficientes ou práticas pedagógicas adequadas nos cursos de formação de
professores, principalmente na EJA, o professor ficaria como a imagem abaixo sugere:

Figura 2 - Insegurança dos professores por falta de bases teóricas ou práticas pedagógicas adequadas
Perceba que a imagem sugere incertezas e dúvidas. Neste contexto de insegurança em sala de aula o professor demonstra que
recebeu uma formação insuficiente. Assim, o resultado desta insegurança e dúvidas seria a utilização de técnicas que mascaram
atividades dinamizadoras, sem que se consiga propiciar a construção do conhecimento junto ao aluno.

De acordo com Cunha (2005), a maioria dos professores reclama que a universidade não os prepara para a realidade depois de
formados. Neste viés, a autora menciona que os conhecimentos trabalhados na formação nem sempre são adequados à sala de
aula. Não há uma contextualização, mas sim distanciamento entre o conhecimento acadêmico produzido na universidade e a
realidade em que ele será aplicado.

Aspectos Importantes da Formação do Professor em EJA

A Educação de Jovens e Adultos tem muitos alunos que retornam aos estudos após muito tempo ou simplesmente que iniciam o
processo de escolarização na idade adulta ou na terceira idade. Sousa (2015) comenta que esses aprendentes já carregam vasta
experiência de mundo que os diferem dos alunos de escolares regulares.

Nesta mesma perspectiva, Cunha (2005) pontua que na formação do professor deveriam ser discutidas práticas pedagógicas
importantes para o ensino de adultos, nais quais deveriam ser destacados os objetivos de trabalho na reconstrução e na produção
do seu próprio conhecimento. Dentre as práticas, a autora caracteriza:
Relação professor-aluno no eixo das relações interpessoais - respeito, aceitação
: e valorização dos aspectos socioculturais do
aluno;
Relação teoria-prática a aplicação do conhecimento científico é feito por meio de reflexões
: e discussões que envolvem
situações de problemas reais;
Relação ensino-pesquisa ver : a pesquisa como algo que ajuda na construção do conhecimento do professor e como recurso de
aprendizagem do aluno;
Organização do trabalho em sala de aula ênfase no trabalho coletivo
: e na valorização da história de vida cada aluno;
Concepção do conhecimento conceber o conhecimento como construção, incentivo aos questionamentos
: e fator de
valorização das práticas escolares a partir do erro;
Formas de avaliação inovar
: a forma de avaliar sem desmerecer o seu planejamento e a participação significativa dos alunos;
Inserção no plano político-social mais amplo vincular os conteúdos das disciplinas com o contexto histórico-político-social,
:

em que serão analisados fatos da atualidade, ligando-os ao seu campo científico e aos compromissos com a cidadania.
Interdisciplinaridade toma a realidade como ponto de partida para
: a prática pedagógica, sem abrir mão da visão
epistemológica (relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento) e do reconhecimento da ciência dividida em ramos ou
disciplinas que possam auxiliar na construção do conhecimento.

Vale ressaltar que Sousa (2015) descreve que adultos e idosos têm crenças, visões e concepções constituídas ao longo do tempo.
Nesta mesma perspectiva Cunha (2005) considera que as especificidades dos alunos da EJA também deveriam ser levadas em
conta durante todo o processo de formação do professor. A autora discorre que os cursos de formação de professores geralmente
dão mais valor às práticas voltadas para alunos de escolas regulares. Neste tipo de construção do conhecimento, as universidades
deixam pouco espaço para discussões e práticas pedagógicas que deveriam ser mais amplas e significativas no que tange aos
aspectos socioculturais da comunidade escolar da EJA.

Os saberes e as vivências dos alunos da EJA denotam um quadro social configurado em uma realidade de crenças, valores éticos e
morais baseados na experiência de mundo e na realidade cultural em que estão inseridos. Por isso, Freire (1996) enfatiza que o
educador desta modalidade de ensino precisa se preparar bem para lidar com seu público, de modo que as experiências dos
aprendizes possam ser transformadas em conhecimento significativo.

No sentido de um melhor preparo para ensinar na EJA, Cunha (2005) e Sousa (2015) ressaltam que a formação continuada do
professor é de suma importância. Segundo as autoras, educadores comprometidos com o processo de ensino-aprendizagem
reconhecem que necessitam continuar sua formação para garantir um ensino de qualidade.
Para finalizar nossos estudos frisamos que no eixo de formação o MEC contempla incentivos à educação continuada dos
professores da rede pública de ensino, com programas, bolsas e cursos. Para sua melhor compreensão apresentaremos uma das
formações continuadas do professor da EJA:

Educar na Diversidade – curso de formação continuada oferecido em 2009, pela Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
Com duração de 240 horas, destinava-se à formação de quadros nas cinco temáticas da Secad, entre as
quais se destaca a EJA, com 200 vagas abertas para professores, gestores, educadores populares.

Fonte: adaptado de Lorenzoni (2009, on-line) ⁵.

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ATIVIDADES
1.Ao longo de nossos estudos discutimos sobre o projeto pedagógico da escola ou projeto político-pedagógico, como também
podemos chamar. Neste enfoque, falamos sobre Currículo Escolar como componente do Projeto Pedagógico. Em relação ao
Currículo Escolar assinale V para as opções verdadeiras e F para as falsas.

( )O Currículo Escolar engloba elementos como o calendário escolar, os princípios das ações pedagógicas e os objetivos de ensino
com seus conteúdos e métodos, de acordo com o ano letivo.

( ) Gadotti (2006) resume que o Currículo Escolar representa os objetivos pedagógicos e os conteúdos didáticos.

( )Para o MEC e Gadotti (2006), o Currículo Escolar denota que o foco da educação repousa nos conteúdos programáticos e na
práxis do professor.

( )Não podemos dizer que o Currículo Escolar é um documento apresentado nas propostas pedagógicas e que denota nada mais
que os objetivos pedagógicos e conteúdos didáticos.

( )Gadotti (2006), descreve que o Currículo Escolar deve nortear a formação mais ampla do aluno, com respeito à realidade
cultural que aponta a forma pela qual ele convive em sociedade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da questão:

a. V, F, F, F, V

b. F, V, F, V, F

c. V, F, F, V, V

d. F, V, V, V, F

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Vimos que a organização do espaço escolar é fundamental nas escolas regulares e na EJA. Quando a escola se constitui
enquanto um espaço de novas realizações e oportunidades a todos os envolvidos no processo de educação falamos de uma escola
de que tipo? Assinale a alternativa correta:

a. Participativa e democrática.

b. Emergente e partidária.
c. Efetiva e socialista.

d. Democrática e laica.

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Em relação à questão da avaliação educacional no Brasil analisamos algumas avaliações que podem ser planejadas e realizadas
pelo professor; outras que são realizadas fora da escola. Quais são as formas de avaliações discorridas por Luckesi (1996), Sousa
(2015) e Hoffmann (2003)? Assinale a alternativa correta:

a. Avaliação compartilhada e avaliação da aprendizagem.

b. Avaliação do exame e avaliação mediadora.

c. Avaliação classificatória e avaliação compartilhada.

d. Avaliação da aprendizagem e avaliação institucional externa.

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4. Discutimos nesta Unidade que as práticas pedagógicas estão fundamentadas em certos elementos que são orientadores delas
nas aulas. Assinale a alternativa que apresenta todos os elementos apresentados por Cunha (2005):

a. Aluno, professor, disciplinas, currículo, projetos, regimento.

b. Professor, aluno, conteúdo, contexto, propósito de ensino, estratégias de ensino, recursos didáticos.

c. Professor, recursos didáticos, currículo, projeto pedagógico, finalidade de ensino, recursos financeiros, metodologia.

d. Professor, aluno, conteúdo, contexto, ambiente, finalidade de ensino, recursos didáticos.

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Em relação aos aspectos da formação do professor em EJA discutimos práticas pedagógicas relevantes que destacam os
objetivos de trabalho na construção do conhecimento do educador. Sobre os aspectos da “relação teoria-prática” assinale a
alternativa correta:

a. É preciso conceber a realidade como ponto de partida para a prática pedagógica sem abrir mão da visão epistemológica.

b. É preciso associar os conteúdos das disciplinas com o contexto histórico-político-social.

c. A aplicação do conhecimento científico é feita por meio de reflexões e discussões que envolvem situações de problemas reais.

d. A relação deve contemplar a valorização dos aspectos socioculturais do aluno.

e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Vimos que o espaço escolar deve ser organizado de forma que promova o desenvolvimento pleno e a formação cidadã. Falamos em
gestão escolar e o papel da escola, bem como questionamos sobre como a gestão escolar trabalha em prol da sua relação com a
comunidade, apontando isso como um fator estabelecido pelas relações humanas e pelos aspectos socioculturais.

A organização do trabalho pedagógico está norteada pelo Projeto Político-Pedagógico da escola. Tal projeto também baseia as
ações das escolas que oferecem a EJA.

A atuação na escola é influenciada pela Cultura Organizacional, que refere-se ao fato de que o currículo escolar e a gestão
constroem a instituição e são elementos que não devem ser trabalhados isoladamente. No Brasil há vários tipos de currículos,
sendo que o MEC, por meio das Diretrizes Curriculares sugere um currículo escolar em EJA mais aberto e flexível, a fim de
promover adequações que respeitem aspectos da realidade dos alunos e da comunidade escolar.

No que tange ao planejamento escolar, podemos vislumbrar os recursos pedagógicos, as metas e os objetivos a serem alcançados
partindo das necessidades dos alunos; no caso da EJA o planejamento educacional deve levar em conta o tempo necessário à
aprendizagem e a forma de aprender dos alunos.

Sobre a avaliação educacional, temos dois tipos: a avaliação de aprendizagem que ocorre na escola - efetivada pelo professor em
classe (provas, trabalhos e atividades avaliativas); e a avaliação institucional externa - efetivada por meio de órgãos externos
(Prova Brasil, Provinha Brasil, Enem, Enade). Na EJA, citamos a avaliação compartilhada, avaliação mediadora e autoavaliação.

Por fim, vimos que a formação de professores da EJA deve ser continuada e permanente, devendo-se levar em conta a relação
teoria-prática, ou seja, os conhecimentos científicos e os aspectos socioculturais dos alunos.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Leitura
Alfabetização e Arte – atividades para jovens e adultos

Autoras: Aurora Ferreira e Nadja Saldanha

Editora: Wak

Sinopse esta obra tem como finalidade favorecer oportunidades de


:

estudo para jovens e adultos que não tiveram acesso à escolaridade na


idade própria ou foram excluídos da escola por motivos diversos. No livro,
a arte foi incluída como meio de sensibilizar o aluno para a aprendizagem,
uma vez que a arte trabalha com a reflexão, com a sensibilização e com a
autonomia.

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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. IDEB - Apresentação Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-
.

basica/programas-e-acoes?id=180 >. Acesso em: 17 maio. 2017.

_____. Prova Brasil - Apresentação Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/prova-brasil > Acesso em: 17 maio. 2017.
. .

_____. INEP. Exame Nacional do Ensino Médio Disponível em: < https://enem.inep.gov.br/#/antes?_k=etlxtq
. >. Acesso em: 17 maio.
2017.

_____. Provinha Brasil. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/provinha-brasil >. Acesso em: 17 maio. 2017.

_____. Saeb Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb > Acesso em 17 maio. 2017.
. .

CANDAU, V. M. (org.). Didática, currículo e saberes escolares . 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

CUNHA, M. I. O professor universitário na transição de paradigmas . 2. ed. Araraquara: Junqueira e Martin editores, 2005.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido saberes necessários


: à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, M. Um legado de esperança. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

HOFFMANN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 20. ed. Porto Alegre: Mediação,
2003.

LINHARES, C. (org.). Os professores e a reinvenção da escola: Brasil e Espanha. São Paulo: Cortez, 2001.

LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar estudos : e proposições. São Paulo: Cortez, 1996.

SANTOS, B. S. A universidade do século XXI para uma reforma democrática


: e emancipadora da universidade. São Paulo: Cortez,
2004.

SOUSA, J A F. O Planejamento de estudos na educação a distância como prática discente no combate ao insucesso das
avaliações acadêmicas um estudo de caso. São Paulo: Editora Blucher, 2015.
:

REFERÊNCIAS ON-LINE

¹Em: < http://portal.mec.gov.br/institucional/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13533-


proposta-curricular >. Acesso em: 17 maio. 2017.

²Em: < http://portal.mec.gov.br/formacao/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13536-


materiais-didaticos >. Acesso em: 17 maio. 2017.

³Em: < http://pacto.mec.gov.br/index.php >. Acesso em: 17 maio. 2017.

⁴ Em: < https://novaescola.org.br/conteudo/59/pratica-adequada-aos-adultos >. Acesso em: 10 jun. 2017.

⁵Em: < http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/209-564834057/6007-mec-investe-na-formacao-de-professores-em-educacao-


de-jovens-e-adultos >. Acesso em: 16 maio. 2017.

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APROFUNDANDO
Neste estudo, vamos aproveitar para conhecer os tipos de currículos da escola. Vamos lá!

A escola deve ser organizada e estruturada para responder às demandas da sociedade. A Cultura organizacional da escola está
ligada ao currículo adotado e à forma de gestão que é viabilizada. Logo, podemos admitir que currículo e a gestão forma a escola.

O Projeto Político-Pedagógico da escola expressa o currículo que está integrado nele, sendo que tal currículo não expressa
somente o calendário escolar, as ações pedagógicas, os objetivos de ensino e os métodos. Gadotti (2006) afirma que o Currículo
Escolar deve ser entendido enquanto um conceito mais amplo com foco na plena formação do aluno, reconhecendo e valorizando
a sua realidade social. Assim, é possível direcionar as ações pedagógicas com base em fatores socioculturais dos alunos e da
comunidade.

Podemos analisar melhor a concepção de Currículo Escolar a partir de Gadotti (2006), Candau (2002) e Linhares (2001) que
abordam alguns tipos. Dentre eles:
Currículo Tradicional (acadêmico) os autores discutem que apesar das escolas não revelarem, esta forma de currículo ainda
: é
bastante utilizada. Apresenta disciplinas compartimentalizadas (divididas por compartimentos). O professor é o centro do
processo de educação, pois há transmissão do conhecimento centrado nele. Não há trabalho dos saberes críticos e das
problemáticas.
Currículo Racional-tecnológico (tecnicista) focado no sistema de produção. Educação baseada no modelo de instrução com
:

racionalidade técnica e instrumental. Formam-se profissionais técnicos com destreza e habilidades para trabalhos técnicos e
instrumentais.
Currículo Escolanovista (progressista ): focado no aluno. O professor exerce papel de facilitador do conhecimento e os
conteúdos são lançados pelos alunos, que os relacionam com seu cotidiano e procuram acompanhar as mudanças sociais do
meio. A pesquisa é valorizada como prática entre os envolvidos.
Currículo Construtivista baseado nas fases de desenvolvimento do ser humano. Deve objetivar o desenvolvimento intelectual
:

do aluno e sua interação com os objetos do conhecimento. O aluno desempenha papel ativo no processo de construção do seu
próprio conhecimento. O professor desempenha papel de organizador e facilitador da aprendizagem.
Currículo Integrado (globalizado) focado na inter-relação dos conteúdos. Valoriza práticas educativas articuladas ou
:

relacionadas. Trabalha na escola a construção dos saberes, dos conhecimentos e das experiências. Valoriza o aluno que constrói
conhecimentos pela ativação de suas estruturas cognitivas e afetivas.
Currículo Histórico Social (sociocrítico) é constituído por várias correntes de pensamentos: correntes com questões políticas
:

no processo de formação, correntes que envolvem a relação pedagógica como mediação de formação política. A aprendizagem
é a possibilidade de construção do aluno. O conhecimento está associado à prática e à resolução de problemas. Valoriza o
currículo oculto, ou seja, “conteúdos” ensinados e aprendidos de modo não explícito nas relações interpessoais construídas no
ambiente escolar.
Currículo como Produção Cultural (reconstrucionista Social) retoma fundamentos culturais e sociais. O espaço educacional
: é
questionador, de luta e contestação, criando e produzindo a cultura que é externalizada pelos alunos e pela comunidade.
Valoriza a diversidade e as diferenças. Levanta questões de reconstruções e mudanças sociais, em que propõe a transição do
social para o cultural.

A partir de agora podemos entender com mais clareza a proposta de cada currículo escolar. As propostas curriculares diferem nas
abordagens, nos objetivos e na visão sobre a educação e a construção do conhecimento, correto? Seria importante que você
retomasse este estudo e fizesse a relação dos tipos de currículos expostos para compreender qual deles estaria mais adequado à
EJA. É importante lembrar que o Ministério da Educação (MEC) não impõe nenhum tipo de currículo, apenas apresenta Diretrizes
que norteiam a sua construção.

REFERÊNCIAS

CANDAU, V. M. (org.). Didática, currículo e saberes escolares. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

GADOTTI, M. Um legado de esperança . 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

LINHARES, C. (org.). Os professores e a reinvenção da escola Brasil : e Espanha. São Paulo: Cortez, 2001.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; SOUSA Jacqueline Andréa Furtado de.


,

Tópicos Especiais em Educação de Jovens e Adultos. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

43 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Educação. 2. Tópicos Especiais.. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 374

CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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COMPREENSÃO DAS
DIFICULDADES QUE O
EDUCANDO DA
TERCEIRA IDADE
APRESENTA PARA
INICIAR/RETOMAR OS
ESTUDOS E
CONHECIMENTO DO
CONTEXTO SOCIAL
DO MESMO PARA A
CRIAÇÃO DE UM
AMBIENTE DE ENSINO
ADEQUADO
Professora Me. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa
:
Objetivos de aprendizagem
Contextualizar o processo da globalização e seus impactos no ensino do educando da terceira idade.
Discutir aspectos da sociedade, da escola, do professor e do pleno exercício da cidadania relacionando-os às pessoas da terceira
idade.
Abordar a importância do planejamento de estudos frente às dificuldades e necessidades do aluno da terceira idade para obter
sucesso na atividades escolares.
Discorrer sobre doenças e dificuldades que o sujeito da terceira idade enfrenta no desenvolvimento de aprendizagem.
Analisar que a pessoa da terceira idade percorre o caminho mais difícil para ingressar no ensino superior, pois é um educando
com realidade específica.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Os desafios do mundo globalizado para o aprendente da terceira idade
A sociedade e as perspectivas de vida na terceira idade
O planejamento de estudo: dificuldades e necessidades do aluno da terceira idade
Dificuldades de aprendizagem do aluno da EJA: uma abordagem sobre a terceira idade
Desafios do aluno da EJA para o ingresso no ensino superior
Introdução

Neste estudo, discutiremos as dificuldades que a terceira idade apresenta para realizar seus estudos e de que forma a sociedade
brasileira promove ações em prol de um ambiente de aprendizagem adequado para proporcionar a aprendizagem ao idoso.

Abordaremos o processo de globalização e sua influência na sociedade brasileira; os impactos que causa na vida da pessoa idosa.
Serão discutidos assuntos que envolvem a Política Nacional do Idoso, as limitações e as dificuldades presentes na terceira idade.
Assim, analisaremos fatos relativos à exclusão e de que forma o idoso enfrenta essa situação para se tornar aluno da EJA.

Também estudaremos sobre a sociedade e as perspectivas de vida no envelhecimento. Veremos o Estatuto do Idoso e a exclusão
social em relação ao envelhecimento no Brasil. Falaremos da participação do idoso como aluno e como sujeito social.

Entenderemos a importância do planejamento de estudo para o idoso, que se configura como uma ação de combate às dificuldades
de aprendizagem e auxilia no atendimento das necessidades deste aluno.

Neste contexto, perceberemos que o idoso busca vencer certos desafios que, quando superados, agregam significado para que ele
obtenha sucesso nas avaliações e supere suas dificuldades, principalmente as cognitivas.

Daremos ênfase nas doenças e nas especificidades do processo de envelhecimento e na forma pela qual isso prejudica o ensino-
aprendizagem e as relações pessoais que envolvem a terceira idade.

Por fim, compreenderemos de que maneira a escola preparou o idoso para ingressar na universidade e como a universidade o está
incluindo no meio acadêmico

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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Já ouvimos falar que a educação nos dá chances de conseguir novas e melhores oportunidades no mercado de trabalho. Além de
nos ajudar nisso, a educação também é nossa melhor estratégia para enfrentar o mundo globalizado. Assim como houve a
transição da sociedade de produção primária para a sociedade industrial, também tivemos a transição da sociedade industrial para
a sociedade de informação. A partir deste contexto veremos o atual panorama do Brasil inserido no mundo globalizado.

Contextualizando a Globalização no Brasil

Nos anos 80, o país contou com mudanças econômicas, sociais, culturais e políticas que avançaram com mais velocidade. Tais
transformações constituem uma sociedade que alguns autores chamam de “sociedade do conhecimento”; outros chamam de
“sociedade da informação”. Há ainda aqueles que denominam “sociedade da comunicação”. Nós podemos atribuir a tudo isso o
nome de “globalização”.

Santos (2004) e Sousa (2015) estão de acordo quando referem-se à globalização como um processo global e transfronteiriço que
se propaga rapidamente e alcança grande parte da população do planeta. São transformações pelas quais o mundo passa e que são
compartilhadas por meio mais rápido e econômico. Podemos observar o que foi dito, sugerido na imagem abaixo:
Atualmente, é comum escutar que o processo de globalização integra os países e consegue reduzir tempo e custo dos transportes
e comunicação. Também escutamos que o Brasil, como nação capitalista, integra a economia mundial e realiza intercâmbio cultural
com outros países.

Então podemos dizer que o Brasil é um país globalizado? Claro que sim. A globalização ocorre entre países que se integram em
âmbitos econômicos, sociais, culturais e políticos. Por exemplo, com a globalização, o brasileiro consegue acessar conhecimentos
diversos (pesquisas científicas, fatos jornalísticos, educação, saúde, cultura e lazer). As informações são obtidas por meio do acesso
ao cinema, rádio, televisão, internet e do intercâmbio com outros países.

De acordo com Sousa (2015), o processo de globalização está relacionado ao fato de que os países estão conectados entre si e
tornam suas trocas mais rápidas e dinâmicas. Então pergunto: nesta troca há o risco de um país influenciar o outro? Sim, sempre
existe o risco da influência, que pode ser positiva ou negativa, o que depende das relações estabelecidas.

Linhares (2001) postula que nas relações estabelecidas quase sempre há influência de alguém ou alguma coisa, sendo que tais
influências podem mudar conceitos e visões. Com isso, não queremos dizer que as mudanças são ruins. Muito pelo contrário; toda
mudança é boa, desde que seja para melhor e para agregar significado.

Conforme Gadotti (2006), a globalização fez do Brasil uma nação com nova roupagem: surgiu uma nova forma de pensar, refletir e
agir. Para o autor, a nova forma de pensar interfere nas atitudes das pessoas e das instituições que compõem a comunidade. A
mudança da sociedade industrial para uma sociedade mais dinâmica no modo de pensar, agir e construir conhecimento demonstra
outro modelo de relações sociais.

Neste panorama, questionamos se essa nova forma de construir conhecimento e divulgar as informações respeita os aspectos de
desenvolvimento e de relações estabelecidas no meio social por uma comunidade.

Para Gadotti (2006) a globalização exerce forte influência cultural por meio da divulgação de informações. Assim, pensamos que
comunicar é informar. Mas nem sempre podemos afirmar que quando informamos estamos educando, pois muitas vezes
informamos e desfazemos a educação ou simplesmente deixamos de educar. Um bom exemplo disso é a enorme quantidade de
informações veiculada na internet.

Sob essa perspectiva, é salutar verificar se a informação lida na internet é verídica, o que faz toda a diferença na nossa educação,
pois precisamos nos apropriar do conhecimento efetivo e não de inverdades. Com a globalização, a sociedade recebe muitas
informações que às vezes geram desinformações.

Quando observamos bem, percebemos que a internet viabiliza uma gama de informações que se não forem bem interpretadas e
verificadas, principalmente sobre a veracidade dos fatos, poderá induzir os usuários ao entendimento inadequado dos impactos
destas informações na própria vida.
Nesta perspectiva, Sousa (2015) comenta que independentemente de classe social, raça ou etnia, a dificuldade do sujeito em
interpretar corretamente as informações para se apropriar do conhecimento influência para que não assuma seu papel como
cidadão transformador em sua comunidade.

Para a autora, há pessoas que se envolvem tanto com as informações veiculadas em rede que acabam reproduzindo ideias, valores
e comportamentos apresentados em textos da internet.

Com isso, não estamos querendo dizer que a globalização só causa impactos negativos, mas destacando que há situações nas quais
a globalização torna possível a exclusão social. Também podemos citar aspectos positivos, tais como: a globalização liga nações,
permite troca de informações de forma eficaz e efetiva, distribui e inova a comunicação, torna possível uma comunicação mais
rápida, barata e simples.

Que tal entender mais sobre os impactos da globalização levando em conta o aluno da terceira idade?

Vamos em frente!

Os Impactos da Globalização para o Educando da Terceira Idade

Vamos iniciar nossa discussão retomando alguns autores como Aguiar (2013) e Santos (1997), que postulam que a globalização no
Brasil surge com um novo modelo de sociedade, que busca promover a integração social dos idosos para que se desenvolvam, se
relacionem, trabalhem, estudem, ensinem enquanto aprendem e aprendam enquanto ensinam.

O novo papel da sociedade influenciou fortemente a constituição do ensino no Brasil. Veja bem: se a sociedade assume um papel
importante na integração social do idoso, então a escola não pode ficar sem se manifestar sobre isso, concordam?

Conforme Silveira (2001), quando a gestão escolar leva em conta esta integração social ela se manifesta para conscientizar o
professor em relação aos trabalhos escolares em turmas de idosos. Por outro lado, sabemos que esse tipo trabalho não pode ser
feito à toa, pois a escola precisa compreender as políticas públicas, dentre as quais podemos destacar a Política Nacional do Idoso:
CAPÍTULO I

Da Finalidade

Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando
condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e das Diretrizes

SEÇÃO I

Dos Princípios

Art. 3°

A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:

I família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
- a
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

o processo de envelhecimento diz respeito


II - à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e
informação para todos;

III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através
desta política;

V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o


urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação
desta lei [...] (BRASIL, 1994).

A escola também precisa dar atenção à formação adequada do seu professor envolvido com a terceira idade. Sousa (2015) ressalta
que o olhar e a escuta em relação ao perfil do idoso é fundamental. Assumir uma turma de idosos é bem diferente do que lidar com
alunos de outras faixas etárias. Precisamos ter consciência que incluir o idoso no processo de educação é uma tarefa que exige
planejamento, pesquisa, dedicação, cuidado e adequação dos conteúdos e recursos à realidade da turma. No contexto escolar, é
importante ressaltar que o idoso tem limitações e potencialidades que devem ser trabalhadas. Por isso, a escola deve realizar
trabalhos focados.
A SOCIEDADE E AS PERSPECTIVAS DE
VIDA NA TERCEIRA IDADE
Vimos que as ferramentas tecnológicas podem ser aplicadas no dia a dia, em trabalhos escolares e nas atividades laborais.
Entretanto, utilizar tais ferramentas pode implicar na inclusão social do idoso (quando ele sabe utilizar a tecnologia) ou na exclusão
(quando não sabe utilizar a tecnologia) - isso dependerá do grau de familiaridade que o idoso tem com a tecnologia.

De acordo com Sousa (2015), a exclusão social ocorre quando uma pessoa ou grupo não dispõe de igual oportunidade na
comunidade. Geralmente, são sujeitos vistos como os que não correspondem aos padrões impostos pela sociedade (idosos, negros,
pobres, analfabetos, pessoas com deficiências, pessoas do sertão nordestino, ribeirinhos, etc.).
Neste trabalho, pretende-se chamar atenção para o fato de que não basta que o idoso utilize a tecnologia, pois é preciso que eles a
usem de forma adequada, sendo que, para isso, as suas necessidades e realidade sociocultural devem ser reconhecidas. É preciso,
assim, identificar se o idoso consegue utilizar um recurso ou uma ferramenta, para garantir o sucesso de sua inclusão social e
educacional. Agora abordaremos a vida do idoso na atual sociedade brasileira.

As Perspectivas do Brasileiro na Terceira Idade

A Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) tem discutido bastante sobre a atual situação do idoso
na sociedade brasileira e os avanços verificados nos últimos anos. Neste sentido, cabe perguntar: como o Brasil está lidando com a
situação do idoso na sociedade?

Britto (2012, on-line)1 representante da Cobap no Conselho Nacional da Previdência, discorre que o aumento da longevidade
, e a
considerável baixa da taxa de mortalidade fez o Brasil se preocupar e efetivar políticas públicas focadas no envelhecimento do
cidadão. A autora enfatiza que o Brasil deixou de ser uma nação jovem e está rumando para compor uma nação mais velha, ao
apontar que pesquisas do censo demográfico alertam que há mais de 30 milhões de brasileiros acima dos 60 anos.

Diante desse cenário, Britto (2012, on-line)1 destaca a importância do idoso na economia brasileira, ao lembrar que o IBGE, desde
2012, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) tem informado que muitas pessoas com mais de 60
anos mantêm, pelo menos, metade da renda familiar. Nesta perspectiva, o idoso consegue firmar seu papel como pessoa
economicamente ativa e participativa na vida cidadã.

Contudo, a mesma autora afirma que nem todos os idosos se enquadram nesse cenário, pois a questão do desamparo financeiro
(baixa aposentadoria) destes sujeitos está presente de forma bastante significativa, comprometendo a qualidade de vida dele.

De acordo com Britto (2012, on-line)1 a sociedade necessita encarar a realidade do envelhecimento
, e partir para melhores
comportamentos, principalmente no que tange às relações entre as gerações.

Devido a situações de abuso financeiro, psicológico, moral e até físico, o Governo Federal elaborou o
Estatuto do Idoso (Lei 10.701/03), visando sacramentar o que pondera o artigo 230 da Constituição: “a
família, a sociedade e o Estado devem amparar as pessoas idosas, oferecendo-lhes bem-estar e dignidade,
além de garantia do direito à vida” (BRITTO, 2012, on-line)¹.

Por fim, a autora informa que muitos Conselhos voltados ao idoso, a exemplo da Confederação Brasileira de Aposentados,
Pensionistas e Idosos (Cobap), além de sindicatos, centros comunitários e eventos (convenções, congressos e seminários) estão
tentando e/ou promovendo ações de conscientização em prol da defesa dos direitos das pessoas da terceira idade.

O Idoso no Exercício da sua Cidadania

O idoso já passou por tantas experiências que merecidamente deve ser valorizado e respeitado por todos. Mas será que isso
acontece?

Conforme Britto (2012, on-line)1 vagarosamente no Brasil os idosos estão assumindo o exercício de sua cidadania. Amparados no
,

seu próprio Estatuto, eles se organizam e participam de sindicatos, grupos e ONGs para lutar contra a violência e práticas
discriminatórias. A partir das menções da autora é importante ressaltar que menosprezar, discriminar, segregar, humilhar e
explorar pessoas idosas é considerado ato criminoso.

Já dissemos que a exclusão social faz o idoso perder oportunidades de participar da vida cidadã, como por exemplo exercer direito
ao voto, ter acesso a transporte gratuito, dignidade, tratamento respeitoso, etc.
Vale lembrar que a inclusão educacional do idoso também é uma forma de exercício da sua cidadania. Para se valer de seus direitos
como cidadão o idoso pode cobrar ou denunciar fatores que impedem ou dificultam o acesso ao que foi citado anteriormente.
Neste caso, ele deverá buscar ajuda de terceiros, policiais e do Ministério Público.

Para o idoso, voltar ou continuar no mercado de trabalho significa vida, resgate de valores e empoderamento de seu papel como
sujeito transformador. Sendo assim, ele se reconhece como sujeito útil, produtivo e que também deve ser valorizado como cidadão
que faz parte do grupo de pessoas economicamente ativa.

A participação efetiva na vida social torna o idoso mais feliz e otimista em seus projetos pessoais. Todavia, Britto (2012, on-line)1
comenta que desde a criação do Estatuto do Idoso, em 2003, a maior parte dos princípios e direitos do Estatuto não foi efetivada.
Portanto, a exclusão do idoso (isolamento, preconceito, exploração financeira pela família) persiste e a sua inclusão marcha a
passos lentos.

Autores como Silveira (2001) e Teixeira (2008) postulam que a sociedade deve rever a situação do idoso no Brasil para garantir e
assegurar seus direitos e sua plena participação na vida social e educacional. Para os autores, participar não quer dizer apenas ver,
mas sim vivenciar, experimentar, construir, transformar e dar sentido aos próprios atos.

A Participação do Idoso na Educação

Quando testemunhamos um idoso em uma turma de EJA ou em outros cursos notamos que seu comportamento difere bastante
do comportamento do aluno jovem e adulto, o que não quer dizer que a capacidade de aprendizagem é inferior, mas sim que o
idoso tem seu próprio tempo de fazer, aprender, reconhecer e responder. Tanto é que o respeito que devemos ter em relação às
suas singularidades está claro no Estatuto do Idoso.

No documento, consta que o Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados; que os cursos especiais para idosos incluirão
conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos para sua integração à vida moderna; e
que aos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de
envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a
matéria (BRASIL, Estatuto do Idoso, 2003).

A inclusão do idoso no processo de educação não é uma tarefa simples, pois sua inclusão educacional requer planejamento,
pesquisa, dedicação, cuidado e adequação dos conteúdos e recursos às necessidades deste aluno.

Sousa (2015) chama atenção para os aspectos escolares, pois o idoso apresenta especificidades que precisam ser identificadas e
respeitadas, tais como limitações de locomoção, visão e respostas às atividades e avaliações. Sobre o processo de ensino-
aprendizagem a autora aponta a importância da formação de professores que atuam junto aos idosos. Ela comenta sua experiência
com estes alunos:

buscamos apreciar nesses aprendentes, singularidades de pessoas que passaram anos sem estudar e
[...]

mantiveram-se durante muito tempo longe da escola e afastados da educação em ambientes formais. E que
após certo tempo, resolveram retornar aos estudos [...] (SOUSA, 2015, p. 18).

Em relação à participação do aluno idoso na EJA é importante ressaltar que ele apresenta limitações que o professor deve
identificar. Para a autora, a ideia é que primeiro o professor identifique as necessidades do aprendente para depois planejar seu
trabalho docente e finalmente propor atividades para que as potencialidades do idoso superem suas limitações.

Galvão e Di Pierro (2007) pontuam que alunos com domínio de leitura e escrita conseguem se apropriar destas habilidades como
instrumento de cidadania. Portanto, ler e escrever significa expandir a comunicação no contexto social, ou seja, dominar a sua
própria comunicação indica que o idoso poderá interpretar e produzir mensagem de forma emancipada, sem que seja preciso que
outra pessoa seja intermediária, lendo e escrevendo para ele.
Muitas vezes o processo de alfabetização do aluno idoso é iniciado na EJA. Mas não vamos tomar isso como verdade universal, pois
sempre há exceções. Em relação à alfabetização, Sousa (2015) elenca algumas características verificadas na participação do aluno
da terceira idade:
Cansaço, sono e indisposição frequentes;
Geralmente apresenta algum problema de saúde;
Certa indisposição para aprender, pouca paciência para assistir aulas;
Mais experiência de mundo e de saberes - leque de conhecimentos.

Quando o professor leva tais características em consideração começa a repensar sua própria forma de atuar na sala de aula. Assim,
identificar a forma de participação do idoso nas atividades escolares permite que as aulas, as atividades e as avaliações sejam
focadas no aluno e não no professor.

A escola é um espaço de aprendizagem no qual devem ser envolvidos todos os participantes. Note que quando citamos
participantes estamos nos referindo ao quadro de colaboradores, incluindo os professores, já que o trabalho da escola é construir
conhecimento com o aluno.

Gadotti (2006) destaca que a educação é um direito social apontado na Constituição Federal. A educação deve ser trabalhada no
sentido amplo, ou seja, formar pessoas para plena participação na vida social. Portanto, o direito à educação envolve os vários
aspectos da dimensão humana: cultural, sócio-histórico, afetivo e cognitivo.

O PLANEJAMENTO DE ESTUDO:
DIFICULDADES E NECESSIDADES DO
ALUNO DA TERCEIRA IDADE
O professor é o colaborador da escola que está diretamente ligado ao aluno, portanto, no desempenho de seu papel como
educador ele deve planejar as aulas e criar condições para que o idoso desenvolva habilidades cognoscitivas. Contudo, para isso o
professor precisa estar atento às singularidades do aluno idoso para que a prática escolar se torne prazerosa e significativa. Dar
sentido ao que se ensina torna a educação de qualidade. Observe uma interação significativa entre professor e alunos:

Os desafios do Idoso na Escolarização

O aluno da EJA sabe que deve cumprir um programa de disciplinas em um prazo menor que o aluno da escola regular. Para os
alunos jovens e adultos da EJA isso já é um desafio. Agora imagine como um idoso desta modalidade de ensino se sente. Mas qual
seria o maior desafio do aluno idoso? É o de aprender. Saber como aprender e de forma competente.

Para Sousa (2015), um dos maiores desafios do idoso na escolarização é cumprir práticas e se apropriar do conhecimento
sistematizado. Neste sentido, Hoffmann (2003) pontua que as disciplinas, as atividades, as avaliações, os trabalhos de pesquisa e a
escrita dos textos acadêmicos desafiam o aluno a estruturar seu conhecimento, a fim de corresponder às demandas do curso e das
avaliações acadêmicas.

Muitos idosos que fazem parte da EJA têm uma dura realidade, com problemas que englobam situações de saúde, baixa condição
financeira, dificuldades de relacionamento com a família, exclusão social, dificuldade de aprendizagem, cansaço, falta de estímulo,
alguma deficiência, entre outros. Tudo isso influencia no baixo rendimento escolar.
Você sabia que o conhecimento sistematizado está embasado em práticas e/ou métodos de reflexão crítica
e interpretação sobre o que se aprende?

Fonte: adaptado de Sousa (2015).

Outro desafio do aluno idoso é saber de que forma estudar. Segundo Ribeiro, conforme citado por Sousa (2015) estudar bem não
quer dizer estudar por muito tempo seguido. É fundamental que o idoso não abuse de seu esgotamento mental, pois ele deve saber
estudar considerando seus limites e esforços. Isso significa que estudar de forma adequada tem relação com a prática de reflexão
crítica e interpretação sobre seu próprio aprendizado.

De acordo com Sousa (2015), um grande desafio do aluno da terceira idade é resolver a dificuldade de identificar bibliografias que
serão utilizadas em trabalhos de pesquisa ou para complementação de estudos. Para o idoso não é fácil associar temáticas que
remetem ao mesmo tema estudado.

O desafio da pesquisa pode ser superado pelo conhecimento sistematizado, pois a partir dele ocorrem estímulos para a superação
da dificuldade. A autora cita entre tais estímulos:
Assumir postura reflexiva e sistemática nos estudos;
Aprender a analisar os conteúdos ministrados em sala;
Ter visão crítica e analítica;
Achar o caminho da indagação e da instigação sobre o mundo do conhecimento;
Olhar com curiosidade criatividade para a pesquisa.

A autora observou em uma turma que os idosos sentem grande dificuldade com as atividades de apresentação, principalmente
com seminários, os quais deveriam ser acompanhados da entrega de trabalhos escritos. Para este tipo de trabalho escolar é exigido
pesquisa e uma prática linear de escrita do trabalho.

De acordo com Sousa (2015), quando os alunos tentavam planejar ou realizar uma técnica de pesquisa ficavam dispersos e
perdidos. Para ela, o professor deveria mediar esse tipo de trabalho, ajudar e orientar a partir das dificuldades do aluno. Nesta
perspectiva, a autora descreve o caso de uma aluna idosa que esteve 25 anos afastada dos estudos:

Ela não conseguia constituir ideias mais críticas e reflexivas em relação ao texto e nem preencher lacunas
de questionamentos durante a leitura. Sempre concordava com tudo que lia e nunca buscava outras
opiniões para confrontar a própria leitura. Também sentia dificuldade para identificar outros textos que
pudessem contribuir e contextualizar o assunto pesquisado e não entendia que a pesquisa bibliográfica leva
ao conhecimento científico (SOUSA, 2015, p. 83).

Levando em conta o caso descrito, Sousa (2015) recomenda que professor oriente e acompanhe a aluna no trabalho para que ela
consiga desenvolver o conhecimento sistematizado. A partir disso, a aluna passa a planejar e aplicar práticas de pesquisa com
padrões objetivos e com isso consegue exercitar o raciocínio lógico da pesquisa bibliográfica.

A Importância do Planejamento de estudo realizado pelo Idoso

Já comentamos que a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino realizada em menor prazo do que a educação
ofertada nas escolas regulares. Sabendo disso, o aluno da EJA procura otimizar tempo para estudar e produzir atividades
escolares. Assim, fatores como tempo para estudar e propósitos de estudo devem ser trabalhados sistematicamente para atender
à demanda das atividades e avaliações escolares.

Sousa (2015) discorre que o planejamento de estudo é um método que ativa o conhecimento sistematizado. Neste tipo de
planejamento o aluno organiza, direciona e sistematiza sua forma de estudar a partir dos seguintes questionamentos:
O que devo fazer?
Como devo fazer?
Para quê devo fazer?

Considerando sua própria realidade (limitações e potencialidades):


O que tenho dificuldade para fazer?
O que posso fazer?

Tratam-se de ações desenvolvidas em etapas, a partir de procedimentos adequados aos propósitos do estudo. Em relação ao aluno
adulto, principalmente o da terceira idade, Sousa (2015) pontua que o planejamento deve nortear o hábito de estudo, mas isso
requer organização, determinação, disposição e disciplina do aluno na execução das ações.

Assim, estudar de modo organizado, com determinação e disciplina é fundamental para o sucesso da aprendizagem e das
avaliações acadêmicas do idoso? Sim. Se o idoso que estuda na EJA consegue realizar o planejamento de estudos e seguir as ações
contidas nele provavelmente não terá grandes dificuldades para concluir seus estudos de modo competente.

Keller, conforme citado por Sousa (2015) aponta importantes aspectos que devem ser levados em conta na prática do
planejamento de estudos. Dentre os quais:
Tempo determinado para os estudos;
Conteúdos que serão estudados;
Local ou ambiente de estudo;
Revisão dos próprios textos;
Pesquisa focada;
Estudos em equipe para troca de conhecimentos.
Portanto, organizar o tempo para estudar significa saber distribuir esse tempo e a forma de estudo em relação aos conteúdos. É
saber respeitar o corpo e a mente para que não haja longo tempo de estudo, o que gera cansaço. A escolha do local tem a ver com
concentração e iluminação, que influenciam de forma significativa na aprendizagem (local sem barulho e bem iluminado).

Além disso, a revisão do próprio texto permite ao idoso (re)conhecer e legitimar sua produção com autonomia para corrigir e/ou
adequar sua escrita aos propósitos da atividade.

Finalmente, quando o idoso estuda com outra pessoa ou com um grupo de colegas, há interação e compartilhamento de ideias.
Assim, a troca de informações dá sentido à construção do próprio conhecimento e às relações interpessoais.

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
DO ALUNO DA EJA: UMA ABORDAGEM
SOBRE A TERCEIRA IDADE

No mundo globalizado a sociedade e a escola se deparam com pessoas inteligentes mas que podem apresentar comportamentos
desajustados ou dificuldade de aprendizagem escolar.

Conforme Aguiar (2013), tanto a sociedade quanto a escola devem se atentar para cumprir um papel muito importante: incluir
pessoas com alguma deficiência ou com dificuldade de aprendizagem. Sobre isso, Teixeira (2008) comenta que a sociedade tem
várias oportunidades para acolher melhor o cidadão idoso. Entretanto, muitas vezes não o faz ou até mesmo finge que faz. Então, o
autor chama atenção para nosso futuro, pois somos os idosos de amanhã.

Contextualizando as dificuldades de aprendizagem no Processo de


Envelhecimento

Antes de discutir sobre as dificuldades de aprendizagem dos idosos vale dizer que segundo a Associação Brasileira de
Psicopedagogia (2016), as áreas do conhecimento estão se aliando para trabalhar as dificuldades do desenvolvimento humano,
tanto no processo de ensino-aprendizagem quanto no contexto clínico, a fim de promover ações significativas ao trabalho de
psicólogos, pedagogos e psicopedagogos. Neste tipo de trabalho existem as contribuições:
Da linguística - busca compreender o processo de desenvolvimento da linguagem humana;
Da neurologia - busca compreender o processo de desenvolvimento neurológico e as disfunções que comprometem a
aprendizagem;
Da fonoaudiologia - busca compreender aspectos da função auditiva periférica e central, da linguagem escrita e oral, da
articulação da fala e dos sistemas funcionais ligados a ela.
Da filosofia e da sociologia - buscam compreender as interações humanas e a visão do homem em momento sócio-histórico,
dando significado à aprendizagem.

Assim, ao tentar compreender as causas do insucesso escolar relacionando-o apenas ao aluno, abre-se mão de considerar que o
sujeito, principalmente o idoso, pode apresentar patologias que interferem na aprendizagem e nas relações sociais.

Por isso, conforme a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp, 2016) é importante que a escola, a família e a sociedade
mirem outras ciências do conhecimento humano para facilitar a compreensão a respeito dos processos de aprendizagem do
sujeito. Entre tais ciências é possível citar: psicologia, pedagogia, psicopedagogia, psicanálise, neurologia, psiquiatria e filosofia,
entre outras.

Para a psicopedagogia (ABPp, 2016) a aprendizagem é um processo inerente ao ser humano, que se manifesta desde os primeiros
anos de vida e se constrói com o tempo, até a morte. Todo ser humano é capaz de se desenvolver e aprender.

Figura 1 - Processo de envelhecimento humano


Pela imagem podemos observar que o processo de desenvolvimento humano possui etapas. Assim, em cada fase a aprendizagem
também vai se construindo. O homem aprende enquanto se desenvolve. Segundo Fechine e Trompieri (2012, p. 3) citando Brito e
Litvoc (2004):

O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres humanos, independentemente. Sendo


caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados intimamente a fatores
biológicos, psíquicos e sociais.

Portanto, podemos inferir que o envelhecimento é o processo de mudança que toda pessoa sofre ao longo da vida, ou melhor,
quando a pessoa se torna idosa apresenta uma redução progressiva de resistência física e mental.

Para Fechine e Trompieri (2012), o envelhecimento é caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligado
intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais.

Você sabia que sujeito cognoscente é o sujeito pensante que constrói e reconstrói conhecimento? Ele tem
capacidade cognitiva para aprender, saber e conhecer algo ou alguma coisa. Saiba mais sobre este assunto
pesquisando na revista Psicopedagogia: Revista da Associação de Brasileira de Psicopedagogia. v. 33, n.
100, jan./abr. 2016. Acesse o link, disponível em: < http://revistapsicopedagogia.com.br/sumario/10 >.

Fonte: a autora.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia ([ 2017], on-line)2 no processo de envelhecimento é comum a
,

ocorrência de doenças agudas ou crônicas, dificuldades cognoscentes e motoras, entre outras. Nessa faixa etária são corriqueiros
os sintomas de cansaço, ansiedade e depressão, dificuldade de memorização, perda de memória, lentidão na locomoção e na
formulação de respostas, dificuldades visuais e auditivas, irritabilidade e necessidade de práticas desportivas e sociais.

Os Entraves e avanços em Relação ao Idoso


Vimos anteriormente que comportamentos, saúde e o modo de viver em sociedade mudam à medida que a pessoa vai
envelhecendo. Sendo assim, são muitas as mudanças que ocorrem no processo de envelhecimento.

Nesse sentido, Galvão e Di Pierro (2007) ressaltam que o idoso é uma pessoa que precisa de amparo, tanto da família quanto da
escola e da sociedade em que vive. Os autores apontam ainda que a fragilidade, a falta de oportunidade, o emocional abalado e a
tendência a contrair doenças são aspectos que influenciam no isolamento e na desmotivação à vida, levando o idoso à própria
exclusão.

Em relação à Política Nacional do Idoso (Lei Nº 8.842) e ao Estatuto do Idoso (Lei 10.741), Teixeira (2008) pontua que são políticas
públicas consideravelmente recentes, surgidas respectivamente em 1994 e 2003. A autora menciona que tais políticas já deveriam
ter proporcionado formas de inclusão do idoso na sociedade, no trabalho e na escola. Entretanto, o conhecimento insuficiente e a
falta de preparo dos envolvidos para lidar com a situação perdura até hoje.

Segundo Santos (1997), o espaço de convivência da pessoa precisa ser reconhecido como uma instância social, econômica,
cultural-ideológica e histórica. O autor quer dizer que o espaço social não pode ser reconhecido apenas pelo meio ambiente, pois
em uma sociedade o espaço é formado pelo meio, pelos sujeitos, pelos fatos e pelos objetos. Tudo isso forma o contexto. Podemos
pensar que as coisas, os locais, e os fatos constituem aspectos relacionados que formam o espaço social.

Mas de que forma o idoso legitima sua presença neste espaço social?

Se você analisar a imagem anterior poderá inferir que o idoso tem muitas maneiras de legitimar sua presença na sociedade. Uma
delas é pelo trabalho, não é?

Além do mercado de trabalho, o idoso também deve ser inserido na educação escolar e digital, no esporte, no lazer e em todas as
instâncias que constituem a sociedade. Nossa sociedade ainda é composta, em sua maioria, por adolescentes e jovens e, assim, o
país ainda prioriza este público.
Segundo o Censo de 2000, do IBGE, menos da metade da população brasileira está abaixo dos 24 anos de
idade (49,7%). Em comparação ao ano de 1991, havia 54,2% que estavam nesta mesma faixa de idade e
4,3% que estavam acima de 60 anos e eram chefes de família. Hoje, 5,3% dos idosos são responsáveis pela
sobrevivência familiar.

Fonte: IBGE (2013).

Apesar de o Brasil ter uma população relativamente jovem, é um país que está envelhecendo, sendo que a cada ano aumenta a
quantidade de idosos. Nesta perspectiva, o MEC, por meio de suas políticas públicas está ampliando ações na Educação de Jovens
e Adultos. Um exemplo é a ampliação do Programa Brasil Alfabetizado. Outras ações estão voltadas à formação continuada de
professores da EJA, a exemplo do Programa Agenda Territorial.

Infelizmente o Brasil ainda avança a passos lentos no reconhecimento e ações em prol da valorização do idoso como sujeito
participativo na educação e sociedade. Não podemos dizer que não houve avanços. Entretanto, este avanço, muitas vezes é
limitado devido à falta de conscientização dos que lidam diretamente com o idoso. Um entrave é a falta formação adequada do
professor e a falta de recursos das escolas para promover ações de inclusão do idoso.
DESAFIOS DO ALUNO DA EJA PARA O
INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR
Mesmo que o Brasil esteja rumando para um contexto no qual a população envelhece cada vez mais, ainda emperra na questão da
qualidade de ensino nas escolas, principalmente nas que oferecem a EJA, e na questão de saber preparar o aluno idoso para
ingressar no curso superior. Assim, provavelmente, durante as tentativas de chegar à universidade ou na luta para concluir o
ensino superior o idoso percorre um caminho mais difícil, por ter que lidar com suas dificuldades de aprendizagem e doenças
comuns ao processo de envelhecimento.

O difícil caminho do Idoso para ingressar no curso superior

Hoffmann (2003) discute que as escolas brasileiras não preparam o aluno adulto e idoso para realizar avaliações de aprendizagem.
Além disso, a falta de formação adequada de professores e de recursos didáticos dificultam para que se consiga ofertar ensino de
qualidade e escolas para receber e incluir os alunos.

Quando observamos a imagem acima podemos inferir que a conclusão do ensino superior deve ser um sonho para alguns idosos.
Ou seria para muitos idosos?

Ao falar sobre a universidade do século XXI, Santos (2004) menciona que a sociedade e escola estão em dívida com seus alunos,
pois não conseguem formar adequadamente o cidadão para se tornar um universitário capaz de assumir os papéis que o ensino
superior requer para que se consiga lidar com os conteúdos e a pesquisa. Frente a isso, o autor considera que não houve avanço na
educação, mas sim na oferta de cursos superiores. As universidades continuam aumentando a oferta de seus cursos, porém, a
escola não se preocupa em ofertar ensino de qualidade que antecede a universidade. Portanto, há um desequilíbrio e o resultado é
o alto índice de evasão na universidade e a formação de profissionais sem o devido preparo para o mercado de trabalho.

Em relação ao sonho do idoso de se tornar aluno universitário, Silveira (2001) comenta que antes ele raramente buscava pelos
cursos superiores. Contudo, com a globalização surgiram novas perspectivas de trabalho, de inserção no mundo digital e nas
atividades que tem a ver com educação, o que despertou na população da terceira idade o desejo de continuar estudando ou de se
formar em um curso superior.

Assim como no século XXI aumentou a expectativa do idoso para ingressar na universidade, em contrapartida a escola ainda
mantém sua dívida com o idoso aluno da EJA. Aguiar (2013) explicita que não somente a pessoa com deficiência, mas também o
idoso é prejudicado por uma dívida que a sociedade tem até hoje. Assim, muitas vezes é feita vista grossa à falta de atendimento
adequado às pessoas com deficiência e ao idoso. Para o autor, tal situação contribui bastante com a defasagem escolar.

Quando decide ingressar na universidade o idoso enfrenta uma sociedade preconceituosa, que toma atitudes depreciativas e
excludentes quando deveria acolhê-lo bem. Galvão e Di Pierro (2007) explicam que as funções orgânicas do idoso são alteradas, o
que dificulta o processo de aprendizagem (cansaço constante para realizar atividades escolares, lentidão nos atos de locomoção,
dificuldade para ler e escrever, dificuldade psicomotoras, saúde debilitada, surdez, entre outras).

De acordo com Aguiar (2013) a falta de reconhecimento das das especificidades do idoso faz com que estes sujeitos sejam tidos
como “diferentes” ou “incapazes”. O autor discorre que quando os idosos deixam de receber o devido tratamento na escola ou na
sociedade passam a ser marginalizados por conta da exclusão e do preconceito. Sendo assim, quando têm seus direitos e
capacidades ignorados o sonho da universidade fica cada vez mais distante.
As perspectivas da Universidade para a Terceira Idade

Com o surgimento da Política Nacional do Idoso (Lei Nº 8.842) e do Estatuto do Idoso (Lei 10.741), mesmo que lentamente, a
sociedade e a escola têm tentado assumir um compromisso no sentido de incluir socialmente o idoso.

Mas qual seria o papel da escola e da universidade como espaços de inclusão?

Notamos que a escola e a universidade devem efetivar um trabalho consistente para receber e amparar o idoso como aluno. Para
Aguiar (2013), o cuidado deve ser considerado desde o material didático oferecido (letras, cores, linguagem utilizada) até as
estruturas físicas do espaço educacional. A acessibilidade e a adaptação de salas e banheiros são importantes e não podemos nos
esquecer de comentar sobre as cadeiras em sala de aula. Neste sentido, levar em conta a ergonomia é fundamental para o bem-
estar do idoso na classe.

Na inclusão educacional a escola deve constituir espaço de expressão da cultura e das especificidades do
aluno, ou seja, cabe à ela saber lidar com as diversidades do público que atende. Neste contexto, as
singularidades devem ser respeitadas, acolhidas e atendidas, sendo que o exercício da educação inclusiva
deverá agregar significado na construção de conhecimento e formar uma sociedade mais justa.

Fonte: adaptado de Brasil (2005).

Sousa (2015) ressalta que atualmente encontramos mais alunos idosos do que há alguns anos. Por isso, as políticas públicas
tiveram que responder à demanda com programas de educação inclusiva para a participação destes sujeitos no meio universitário.

De acordo com a mesma autora, além da oferta de educação inclusiva e de programas de acesso aos cursos superiores, as
universidades começaram a introduzir programas sociais à comunidade e aos alunos idosos, tais como trabalhos de inclusão digital,
com a oferta de tecnologias adaptadas à terceira idade.

Outra forma da universidade incluir o aluno idoso foi viabilizando trabalho caráter multidisciplinar, o qual engaja ações educativas
com atividades para o bem-estar social e psicológico voltado à terceira idade.

Conforme Teixeira (2008) as universidades precisam promover ações de cidadania das pessoas idosas como parte do processo de
ensino-aprendizagem, sendo que tais ações devem ser inseridas como proposta de disciplinas e de práticas acadêmicas ou
estágios. A autora ainda comenta que a universidade deve valorizar idosos e pessoas com deficiência, de modo que possam se
integrar à comunidade universitária. A integração dos alunos com idosos e pessoas com deficiência efetiva um trabalho de
fortalecimento e valorização à vida.

Aguiar (2013) aponta que os programas educacionais que envolvem pessoas idosas já têm uma dimensão importante no Brasil,
mas ainda configuram-se como propostas educacionais que estão sendo experimentadas. Segundo o autor, as propostas que
deram certo permitiram a inclusão adequada do idoso nos diversos âmbitos da vida social. Assim, o idoso agrega significado à vida
e se apropria de seu papel social. Daí surge uma nova concepção de homem - o homem que constrói, reconstrói e transforma a
sociedade.

Conforme Silveira (2001), com a inclusão educacional do idoso busca-se melhorias nos aspectos cognitivo, motor e socioafetivo.
Na universidade as atividades devem incentivar o autoconhecimento, autoestima, autorrealização e o autoconhecimento do idoso.
Portanto, o professor deve propor atividades que promovam a relação entre os idosos e os colegas de classe, o que gera integração
e compartilhamento de conhecimento. Conforme podemos observar a seguir:
O autor recomenda que sejam tratados temas da terceira idade, como longevidade, saúde e bem-estar, a partir de disciplinas como
psicologia, filosofia, pedagogia, artes, sociologia, biologia, história e outras. Assim, serão disseminados conceitos e ideias sobre os
direitos e valores do idoso na sociedade.

Encerraremos nossos estudos ressaltando que para o MEC, a escola, a universidade ou qualquer instituição de ensino que receba a
pessoa idosa deve assumir o papel de oferecer a formação plena deste aluno e da pessoa com deficiência. Vale lembrar que para o
desenvolvimento pleno deve-se levar em conta a formação do idoso como cidadão capaz de trilhar o próprio caminho, fazendo de
suas potencialidades instrumentos para agregar significado à própria educação.

Avançar

UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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ATIVIDADES
1. O idoso enfrenta vários desafios enquanto aluno da EJA, sendo que um tem a ver com a pesquisa bibliográfica. Segundo Sousa
(2015), identificar bibliografias não é uma tarefa fácil para o aluno idoso. Por quê? Assinale a alternativa correta:

a) O idoso tem dificuldade para ler e escrever.

b) O desafio começa quando o idoso precisa ficar sentado por muito tempo, sentindo fadiga e desgaste mental.

c) O idoso sente dificuldade para relacionar novas temáticas com o conteúdo estudado.

d) A pesquisa é uma dificuldade para o idoso por conta da falta de vontade dele em ler e registrar informações.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. O processo de globalização proporcionou muitas mudanças econômicas, culturais, educacionais e sociais. Em relação às
transformações ocorridas, Santos (2004) e Sousa (2015) consideram alguns aspectos que definem o processo de globalização. A
partir disso, marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.

( ) Globalização é um processo transfronteiriço.

( ) Globalização é um processo que se propagada rapidamente pelo globo terrestre.

( ) Neste processo podemos identificar ações provenientes da sociedade e da cultura do próprio país que vivencia a globalização.

( ) Na globalização os países são oprimidos pelos países que impõem o imperialismo.

( ) Com a globalização o mundo se transforma com informações e compartilhamentos culturais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da questão:

a) V, V, F, F, V.

b) V, F, F, V, F.

c) F, V, F, F, V.

d) F, F, V, V, V.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.


3. Conforme estudamos, mesmo contando com políticas públicas o Brasil ainda se depara com uma triste realidade, na qual nosso
idoso não é acolhido, reconhecido, respeitado e valorizado. Frente a isso, assinale a alternativa correta :

a) A triste realidade tem relação com o Brasil avançar rapidamente no sentido de não saber acolher o idoso na sociedade.

b) Nosso Brasil ainda é triste para efetivar ações de acolhimento, mas sabe como incluir o idoso na educação.

c)Apesar de o Brasil ainda ser omisso em relação à inclusão, nossos profissionais estão devidamente preparados para receber
nosso idoso na sociedade.

d) Apesar de o Brasil já contar com a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, a maior parte dos princípios e direitos do
Estatuto não foi efetivada para a terceira idade.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

4. No Brasil, o idoso percorre um caminho longo até conseguir ingressar na universidade. Frente a isso, o que Santos (2004) quer
dizer quando pontua que a sociedade e a escola estão em dívida com seus alunos? Assinale a alternativa correta:

a) Santos enfatiza que apesar de aluno ser capaz e competente ele não consegue associar os conteúdos com a pesquisa.

b) O autor afirma que a sociedade e a escola não conseguem formar adequadamente o cidadão para que se torne um aluno
universitário.

c) Isso tem a ver com o fato de o aluno ter tido muitos problemas nos ensinos fundamental e médio, o que gerou evasão escolar.

d) Santos declara que nenhuma escola brasileira consegue ensinar direito e a sociedade é conivente quando participa desta triste
realidade.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Quando abordamos a situação do idoso vimos que diversas áreas do conhecimento estão se aliando para atuar com questões de
dificuldades do desenvolvimento. Em relação à filosofia e à sociologia está correto afirmar que contribuem de que forma? Assinale
a alternativa correta:

a)Buscam compreender as interações humanas e a visão do homem em momento sócio-histórico, dando significado à
aprendizagem.

b) Buscam compreender o processo de desenvolvimento da comunicação e da linguagem humana.

c) Analisam as disfunções que comprometem a aprendizagem do idoso.

d) Buscam compreender o processo de desenvolvimento da linguagem humana para dar significado às interlocuções do sujeito.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Vimos que a globalização proporcionou mudanças nos aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos que viabilizaram um novo
modelo de sociedade, na qual deve-se promover a integração dos idosos, ou seja, incluí-los como sujeitos participantes e
formadores de uma sociedade.

Falamos em inclusão social e educacional descritas em políticas públicas, dentre as quais podemos destacar a Política Nacional do
Idoso e o Estatuto do Idoso, que merecem ser valorizadas e respeitadas. Entretanto, infelizmente os idosos estão assumindo o
exercício de sua cidadania a passos lentos.

Na escola há desafios que o idoso precisa superar, tais como: saber como aprender, cumprir práticas, saber se apropriar do
conhecimento sistematizado, saber como estudar e saber identificar bibliografias que serão utilizadas em trabalhos de pesquisa.

O processo de envelhecimento gera uma dura realidade, como problemas de saúde, financeiros, dificuldades de relacionamento
com a família, exclusão social, dificuldade de aprendizagem, cansaço e falta de estímulo, o que influencia no baixo rendimento
escolar. Portanto, trabalhar com idoso requer contribuições da linguística, da neurologia, da fonoaudiologia, da filosofia e da
sociologia; ciências que ajudam a entender este sujeito de modo global, ou seja, suas patologias e especificidades.

Para conseguir chegar até a universidade o idoso tem um percurso difícil, visto que como aluno dificilmente é preparado
adequadamente. Assim, a escola e a universidade devem efetivar um trabalho consistente com o idoso, que deve contemplar desde
um material didático adequado (levando em conta as letras, cores, linguagem) até o cuidado com o espaço educacional
(acessibilidade e adaptação de salas e banheiros).

Atualmente os alunos idosos procuram mais pela educação básica e superior, sendo que o governa busca implantar políticas para
incluí-los ao sistema educacional.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Filme
Uma lição de vida

Ano: 2010

Sinopse o filme “Uma Lição de Vida”, também chamado de “O Aluno” (The


:

First Grader, com direção de Justin Chadwick, Reino Unido, BBC Films,
2010) traz a emocionante história de Kimani N’gan’ga Maruge, um
queniano de 84 anos que lutou para aprender a ler e escrever. Baseado
em fatos reais, o filme trata de um homem idoso com um passado de lutas
e resistência. Como ex-combatente, Kimani já fez parte do grupo dos
Mau-Mau no Quênia.

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REFERÊNCIAS
AGUIAR, J. S. Educação Inclusiva jogos para o ensino de conceitos. Campinas: Papirus, 2013.
:

BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Disponível em:
.

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm >. Acesso em: 6 nov. 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. SEESP. Documento subsidiário à política de inclusão Brasília: .

MEC/SEESP, 2005. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf > Acesso .

em: 6 nov. 2017.

_____. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994 Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso
. e dá outras
providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm >. Acesso em: 6 nov. 2017.

FECHINE, B. R.; TROMPIERI, N. O Processo de Envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar
dos anos. InterSiencePlace: Revista Científica v. 1, n. 20, jan./mar. 2012. Disponível em:
,

< http://www.fonovim.com.br/arquivos/534ca4b0b3855f1a4003d09b77ee4138-Modifica----es-fisiol--gicas-normais-no-sistema-
nervoso-do-idoso.pdf >. Acesso em: 17 set. 2017.

GADOTTI, M. Um legado de esperança . 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

GALVÃO, A. M.; DI PIERRO, M. C. Preconceito contra o analfabeto São Paulo: Cortez, 2007. .

HOFFMANN, J. Avaliação mediadora uma prática em construção da pré-escola


: à universidade. 20. ed. Porto Alegre: Mediação,
2003.

IBGE. PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2013. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/ > Acesso em: 20 .

maio 2017.

LINHARES, C. (org.). Os professores e a reinvenção da escola Brasil : e Espanha. São Paulo: Cortez, 2001.

SOUSA, J. A. F. O Planejamento de estudos na educação a distância como prática discente no combate ao insucesso das
avaliações acadêmicas um estudo de caso. São Paulo: Editora Blucher, 2015.
:

SANTOS, B. S. A universidade do século XXI: para uma reforma democrática e emancipadora da universidade. São Paulo: Cortez,
2004.

SANTOS, M. A Natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1997.

SILVEIRA, S. A. Inclusão digital: a miséria na era da informação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.

TEIXEIRA, S. M. Envelhecimento e trabalho no tempo do capital implicações para : a proteção social no Brasil. São Paulo: Cortez,
2008.

REFERÊNCIAS ON-LINE

¹Em: < http://www.cobap.org.br/noticia/56413/os-idosos-na-sociedade-brasileira > Acesso em: 07 nov. 2017. .

²Em: < http://sbgg.org.br/ >. Acesso em: 07 nov. 2017.

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APROFUNDANDO
Apesar de nossos estudos terem abordado muitos temas interessantes sobre o idoso no Brasil, resolvemos compartilhar
informações baseadas em um artigo de notícias da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), chamado “Para estes idosos, a
universidade é a fonte da juventude”.

Como podemos perceber, o próprio título sugere que o idoso manifesta vida e alegrias enquanto aluno universitário. Trata-se de
um grupo de jovens com mais de 60 anos de idade. É interessante que a denominação de “grupo de jovem” já nos antecipa a
presença de vivacidade e prazer de estudar em uma universidade.

Visando que este artigo agregue informações significativas ao nosso estudo, decidimos expor o texto na íntegra. Perceba como é
importante desenvolver uma boa metodologia por meio de um programa de inclusão educacional e como as palavras destes alunos
idosos demonstram prazer em vivenciar o espaço universitário.

O texto, de forma descontraída, descreve que são jovens com mais de 60 anos, pessoas com um sonho na cabeça: manter o prazer
de viver durante a velhice. Na UFSM, a realização deste sonho já é realidade, já que em 2012, por volta de 150 idosos estavam
matriculados na categoria Aluno Especial II. No dia 28 de julho de 2012 este projeto completou 20 anos e contava com a
participação de mais de 500 idosos.

Para ingressar como aluno Especial II da UFSM é necessário ter no mínimo 55 anos de idade. Os alunos idosos podem cursar até
três disciplinas por semestre, a serem escolhidas em uma lista divulgada pelo Departamento de Registro e Controle Acadêmico
(Derca). Consta que as disciplinas ofertadas a eles são aquelas em que há vagas não preenchidas por alunos regulares da
graduação. Em média 15 dias após o período de rematrícula, as vagas que sobram podem ser ocupadas por idosos da lista de
espera.

De acordo com o coordenador do projeto, o professor José Francisco Silva Dias (mais conhecido como “Juca”): “O projeto procura
convidar as pessoas da universidade da vida para que elas tragam a sua experiência para dentro da universidade convencional,
fazendo uma mescla deste conhecimento, o que resulta nessa mistura maravilhosa que deu aqui”.

“Juca” discorre que entre as disciplinas mais procuradas pelos idosos estão as relacionadas ao direito e à medicina. Para este
coordenador do projeto, o interesse resulta respectivamente da vontade do idoso em fazer valer os seus direitos e do zelo pela sua
saúde e pela de seus companheiros de geração.

Por outro lado, “Juca” enfatiza que o interesse em relação às disciplinas não é ditado apenas pela necessidade, mas também pelo
prazer e pela curiosidade, como indica a grande procura também pelas disciplinas das artes e da educação física. Hoje, o programa
conta com alunos na faixa etária dos 63 aos 92 anos. É interessante comentar também que entre os interesses diversos dos alunos,
a disciplina preferida da maioria deles é Atividade Física na Terceira Idade. Parece que o motivo da predileção não está somente no
conteúdo da disciplina, mas tem a ver com o seu ministrante, o professor Juca, e ao prazer de rever os amigos semanalmente nos
encontros realizados nas tardes de sexta-feira, no prédio da antiga reitoria.
A aluna Ruti Willaker, de 71 anos, afirma: “Para mim, isso foi muito bom. Eu tinha ficado viúva e o professor Juca era meu freguês
no mercadinho que eu tinha. Ele disse ‘guria, eu vou te levar para lá, porque senão tu vai morrer’. Ele me levou e eu estou até hoje e
agradeço muito ao professor Juca o convívio que a gente tem, a amizade que eu fiz. A minha vida deu uma volta de 180 graus”.

Pelo contexto das atividades acadêmicas, a atividade física e a terceira idade estão longe de ser os únicos temas discutidos nos
encontros. O coordenador do projeto afirma que os encontros tornaram-se um fórum permanente de discussão sobre a situação
dos idosos em Santa Maria. Ressalta: “Isso aqui não é uma aula. É uma troca”, afirma Juca.

Em 2009, para comemorar o aniversário de 150 anos de Santa Maria, o grupo de idosos encaminhou à Câmara de Vereadores uma
lista de propostas visando à qualidade de vida da terceira idade e, por conseguinte, da população do município como um todo. O
propósito é que as propostas sejam postas em prática pelos próprios integrantes do projeto, em conjunto com os seus netos e com
o apoio do poder público.

Uma destas propostas atualmente em discussão no grupo, chamase “A Praça é Nossa”, que tem como objetivo a melhoria das
praças da cidade. Neste sentido, os idosos sugerem como soluções a plantação de árvores frutíferas, plantas medicinais e flores,
além da instalação de mais torneiras.

Durante o curso, os idosos que integram o grupo envolvem-se em várias outras atividades. Exercitam seus dotes artísticos em um
grupo de teatro e no Coral Cantando a Vida, ambos formados por integrantes do projeto. Também exercitam o corpo no campus da
UFSM, em atividades proporcionadas pelo Centro de Educação Física e Desportos (CEFD). Vários dos participantes do projeto
criaram grupos de idosos nas comunidades em que vivem. O coordenador Juca comenta que todas as pessoas que integram o
projeto já se acostumaram a ouvir que ninguém sente a idade cronológica. Eles sentem muito mais uma idade espiritualizada, de
solidariedade. Juca diz que a turma toda ajuda um monte de gente.

O Aluno Especial II é uma modalidade de projeto inserido dentro do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio à Terceira Idade (Nieati).
Em 2012, com 28 anos de existência, o núcleo proporcionava aos idosos diversas atividades no CEFD. Hoje, destacam-se o
encontro anual “Acampavida e ciclos de cinema”.

Atualmente, os integrantes do grupo também estão organizando um livro sobre os 20 anos da categoria Aluno Especial II. A
programação de aniversário inclui ainda outras atividades. Uma delas foi uma participação ao vivo, de duas horas de duração, na
Rádio Universidade 800 AM, durante um encontro do grupo no dia 1° de junho. Nesse dia, os radialistas Cleber Costa e Roberto
Montagner abordaram a história do projeto e entrevistaram vários de seus integrantes.

Maria Souto, uma das alunas mais assíduas do grupo, ressalta emocionada os benefícios que o projeto lhe proporcionou: “a minha
idade de agora, de 81 anos, é a mais feliz da minha vida. Porque eu tenho paz, eu tenho amizade e todo mundo me quer bem”.

É certo que compartilhar com você informações sobre as experiências dos alunos idosos do dito projeto ressalta a reflexão sobre a
forma como a educação dá um novo sentido à vida do idoso, concorda?

Vejo você no próximo encontro.

Até mais!

REFERÊNCIAS

UFSM. Para estes idosos, a universidade é a fonte da juventude Disponível em: < https://www.ufsm.br/noticias/exibir/3800
. >.
Acesso em: 7 nov. 2017.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; SOUSA Jacqueline Andréa Furtado de.


,

Tópicos Especiais em Educação de Jovens e Adultos. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

42 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Educação. 2. Tópicos Especiais.. 3. EaD. I. Título

CDD - 22 ed. 374

CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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DESAFIOS E
POSSIBILIDADES DA
INCLUSÃO DIGITAL
PARA A EDUCAÇÃO
DE JOVENS E
ADULTOS
Professora Me. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa
:

Objetivos de aprendizagem
Contextualizar situações nas quais o aluno idoso encontra dificuldades para se realizar como usuário das tecnologias digitais.
Abordar o panorama de desafios e possibilidades na EJA perante a exclusão digital.
Discutir políticas de educação digital em EJA e os seus impactos na formação dos alunos e dos professores.
Apresentar o ensino a distância como proposta à EJA, abordando conceitos, modelos e tipos da educação a distância.
Discorrer sobre os benefícios da tecnologia e sua contribuição no combate à exclusão social.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
O estudante da terceira idade na era digital
A inclusão digital no atual paradigma
Tecnologias da informação e da comunicação e novas tecnologias da informação e da comunicação aplicadas na Educação de
Jovens e Adultos
A Educação de Jovens e Adultos na modalidade de Educação a Distância
Os benefícios do uso da tecnologia pelos estudantes idosos

Introdução
Neste estudo abordaremos a inclusão e a exclusão digital. Veremos que há um leque de possibilidades para que alunos jovens,
adultos e idosos sejam contemplados pela era digital, mas que a pessoa em fase de envelhecimento pode demonstrar medo de não
aprender ou de utilizar a tecnologia.

Abordaremos possibilidades e desafios que o aluno da EJA encontra no caminho de sua inclusão digital. Também veremos que
quando este aluno é inserido adequadamente no processo comunicação informacional são grandes as possibilidades de realização
acadêmica, profissional e pessoal.

Com a globalização, as tecnologias de informação e comunicação estão ocupando cada vez mais espaço em nossas vidas, na esfera
social, educacional e familiar. Nesse sentido, serão discutidas políticas de incorporação das tecnologias em EJA e os impactos deste
cenário na formação dos professores e dos alunos. Então, aproveitaremos para falar em aprendizagem significativa de educadores,
aprendizes e comunidade escolar.

Será importante compreender que a educação a distância pode ser ofertada para turmas de EJA e de que forma isso ocorre para
que os alunos possam se apropriar do conhecimento e construir outros saberes. Ainda em relação ao ensino a distância,
abordaremos sobre como o governo está reconhecendo esta modalidade para expandi-la a cursos da EJA por meio de parcerias
com instituições privadas.

Por fim, faremos algumas discussões sobre o uso da tecnologia, a educação a distância e os benefícios da tecnologia digital como
ferramenta para estudos e promoção da socialização dos idosos. Vale ressaltar que neste cenário o idoso adquire condição de
legitimar seus atos e sua comunicação. Ele se renova pela sensação prazerosa de pertencer ao mundo globalizado e não de ser
excluído deste.
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O ESTUDANTE DA TERCEIRA IDADE


NA ERA DIGITAL
Com o mundo interligado pelo envio e busca de informações, a sociedade passa a dividir quase todos os espaços com a tecnologia.
Temos computadores em nossas casas, escolas, empresas, fábricas e indústrias. Tecnologia? O que seria isso?

Você sabia que quando falamos em tecnologia estamos nos referindo às técnicas e processos, meios,
métodos, instrumentos e informações que influenciam no modo de vida do homem, alavancando-o com
ações inovadoras que tornam o trabalho e as interações mais rápidas e eficazes?

Fonte: adaptado de Sousa (2015).

Agora que sabemos um pouco mais sobre tecnologia refletiremos que há diferentes formas de denominá-la: Tecnologia da
Comunicação e da Informação (TIC), Tecnologia da Informação (TI), Tecnologia de ponta, Tecnologia assistiva, Inovação
Tecnológica e outras como ciberespaço e realidade virtual. Mas, afinal, o que vem a ser a tecnologia digital? Fique tranquilo(a), pois
essa questão será respondida neste estudo.

A Tecnologia na Sociedade, Família e Escola


Santos (1997) destaca que a sociedade vive em constante mudança, já que quando se mudam os valores e as crenças muda-se o
sistema educacional e as formas de se conceber o mundo. O mundo se desenvolve de forma dinâmica. Neste panorama, uma das
maiores mudanças que o processo de globalização nos trouxe foi o desejo de mudarmos nossos conceitos em prol da melhoria de
nossas ações. A tecnologia propagou a globalização e, consequentemente, a globalização utilizou a tecnologia para se expandir
mais ainda. Receber informações e compartilhar conhecimentos é um dos fatores principais para que a sociedade e a família
possam acompanhar a evolução.

Partindo dessa ideia, imagine uma família urbana sem acesso à internet e sem poder assistir televisão com imagens bem definidas?
Atualmente quase não encontramos mais essa situação, pois toda família tem o desejo de usar tecnologias em sua casa. Ainda
podemos encontrar famílias que não têm acesso às tecnologias, porém o motivo esbarra na questão socioeconômica ou em outra
que impeça este acesso.

Nesse sentido, Silveira (2001) postula que a capacidade da sociedade em projetar seu próprio futuro paira nas habilidades que o
sujeito, a família e a escola possuem para construir, reconstruir, adaptar-se e adequar-se às transformações do meio.

Analise a imagem a seguir e perceba como a família se adapta ao uso da tecnologia.

Em nossa sociedade percebemos que viver sem tecnologia significa não acompanhar o processo de globalização. Se assim ocorrer,
a família abre mão do uso de instrumentos que podem facilitar o seu dia a dia. Castells (1999) comenta que quando olhamos ao
nosso redor notamos que vivenciamos avanços contínuos, em que obstáculos de cunho econômico, cultural, comercial e ideológico
são rompidos a cada dia, pois não há como evitar a globalização.

O autor destaca que há um um desenvolvimento imenso nas telecomunicações: o desenvolvimento da informática com seus
computadores, notebooks, tablets e celulares que conectados à internet disponibilizam espaços virtuais que atraem grande
número de internautas todos os dias.

Autores como Alava (2002) e Sousa (2015) comentam que o avanço da informática colocou o computador como participante
assíduo no meio social. Para eles, hoje em dia, a presença do computador em empresas, órgãos, entidades, instituições de ensino e
na família já é algo comum. Trata-se da tecnologia digital marcante em nosso meio, no qual a linguagem se transforma em dados ou
números evidenciados pelo computador.
Castells (1999) e Martins (2009) chamam atenção ao fato de que a globalização e suas tecnologias influenciam consideravelmente
no modo de ser e agir de nossa sociedade. Os autores enfatizam que esta nova concepção de vida gera sérias redefinições nas
formas de se conceber o acesso ao conhecimento e isso altera bastante o papel da escola e da família.

Nas escolas, Lévy (1999) comenta que a tecnologia digital tem conquistado espaço, sendo que atividades escolares são feitas com
auxílio do computador e da internet. Com isso, a leitura e a escrita ganham um novo instrumento. O autor explica que neste
contexto de informatização as letras são substituídas pelos bites; o monitor substitui o caderno; o teclado efetiva a função da
caneta ou do lápis; o mouse é a borracha e direciona as correções textuais. Portanto, os instrumentos escolares foram substituídos
por acessórios de computador. As transformações surgidas com o uso do computador e de seus suportes o mesmo autor denomina
de cibercultura.

Frente a isso, o processo de ensino-aprendizagem assume outras maneiras de se concretizar. O conceito de ciberespaço definido
por Lévy (1999) refere-se basicamente ao espaço das comunicações por redes de computadores. Tanto na escola quanto na família
as técnicas materiais e intelectuais, as práticas, atitudes, pensamentos e valores se desenvolvem junto com o ciberespaço.

Antes, quando a sociedade não tinha computador ou celular, as famílias conversavam mais entre si, pois se reuniam mais com seus
parentes e interagiam durante as refeições. Atualmente, há outros comportamentos e padrões familiares, nos quais os membros
da família conversam menos e passam grande parte do tempo navegando na internet, ou seja, o ciberespaço ocupa espaços do lar.
A família está conversando menos com seus integrantes e digitando mais com seus parceiros internautas.

É inegável que a informática gerou benefícios. Nossos filhos e alunos conseguem acompanhar bem este avanço? Para a maioria das
crianças e jovens lidar com a tecnologia digital é fácil e prazeroso. Mas e nosso avô ou avó perante tal avanço? Quem é o aluno
idoso da EJA neste processo?

Analisaremos isso a seguir.

Quem é o aluno Idoso da EJA na Era Digital?

Segundo Castells (1999) a educação deveria ter como um dos seus focos principais o compromisso social de formar o cidadão para
que seja comprometido com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, solidária e participativa, com respeito às
limitações, opiniões e escolhas das pessoas.

Por isso, inferimos que a sociedade evolui a todo instante e não podemos fazer vista grossa às limitações e/ou escolhas do outro.
No meio familiar e nas escolas não podemos abrir mão do respeito ao próximo. Portanto, negar o direito de o idoso de se integrar
dignamente à sociedade seria faltar com o devido respeito.

Sousa (2015) aponta duas instâncias de ações educacionais:


A primeira instância - tem a ver com situações escolares nos aspectos de programas curriculares, atividades e avaliações e
carga horária, entre outros;
A segunda instância - tem a ver com situações da vida cotidiana, no que tange aos valores, tradições, princípios, atitudes,
reflexões e tomadas de decisões.

Quando a autora considera estas duas instâncias educacionais enfatiza que a escola tem obrigação de respeitar, analisar e
promover condições e formação para que o aluno participe plenamente dos processos de construção do conhecimento
desenvolvidos nos espaços escolares. Assim, podemos compreender que para construir conhecimentos deve-se trabalhar tanto o
desenvolvimento cognitivo quanto o sociocultural e o afetivo.

Em relação ao aluno idoso na EJA, Duran (2008) diz que não há como a escola promover o uso da informática sem verificar a
melhor forma deste indivíduo aprender a utilizar as ferramentas tecnológicas. Não basta simplesmente planejar, elaborar e colocar
o projeto em prática. A integração da terceira idade no mundo digital requer orientações focadas nas tecnologias da informação e
da comunicação.

O ideal seria que estes alunos participassem de aulas de informática para poderem se apropriar devidamente das ferramentas
tecnológicas disponíveis na escola, em casa, ambientes sociais, bibliotecas ou outros espaços de aprendizagem.

Sousa (2015) discorre que, ao observar os alunos idosos notou que eles sentem prazer quando sabem utilizar o computador e
navegar na internet. Por outro lado, a mesma autora também observou que quando o idoso não sabe lidar com o computador nem
acessar internet, ele demonstra-se impotente e com medo de não poder se comunicar ou de não conseguir utilizar as tecnologias
como os demais, o que limita sua participação nas atividades escolares e na vida familiar.

Frente a isso, Sousa (2015) diz que o idoso com conhecimentos de informática e com acesso ao computador consegue se engajar
melhor na própria aprendizagem, construindo e reconstruindo seu conhecimento a cada momento. Sendo assim, ele se torna
protagonista dos processos de socialização e comunicação nos quais está inserido.

Um fato importante em relação à EJA é que a maioria dos seus alunos idosos é limitada aos conhecimentos de informática, sendo
que alguns sequer têm noção desta área. Outro fato é que muitos destes alunos retornam aos estudos após muito tempo sem
estudar. Por último e não menos importante há o fato de que muitos alunos idosos estão em fase de alfabetização. Está é a
realidade da EJA no Brasil.

Mesmo com as especificidades citadas anteriormente sabemos que os alunos da EJA, se tiverem oportunidade, são capazes de
aprender de modo significativo e de se transformarem em usuários da informática. Para isso, contam com uma modalidade de
ensino com várias conquistas, tais como gratuidade e amparo da LDB 9394/96 - Lei que regula a educação brasileira e estabelece:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
[...]

de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames [...] (BRASIL, 1996)
A INCLUSÃO DIGITAL NO ATUAL
PARADIGMA
Quando falamos em era digital logo a associamos ao computador, não é? De fato, é isso mesmo. Entretanto, no momento que
ligamos um interruptor elétrico ou acionamos uma máquina de cortar grama também utilizamos ferramentas digitais.

De modo mais abrangente, digital quer dizer utilizar os dedos para ligar algum instrumento. Portanto, o uso deste comando digital
já era um meio tecnológico que começou há algum tempo, porém somente no século XX é que foi transportado para os
computadores. Agora que tal conhecer mais sobre inclusão digital?

A Inclusão Digital no Século XXI: possibilidades em EJA

Para muitos autores, como Duran (2008) e Silveira (2001), o processo de inclusão digital é bem mais complexo do que pensamos.
No Brasil, não é uma tarefa simples fazer com que um grupo de pessoas ou um indivíduo faça parte de atividades que envolvam o
uso do computador e da internet. Os autores ressaltam que o acesso a tecnologias de informação e comunicação deveria estar
disponível para todos os membros da sociedade como ferramenta de exercício da cidadania.

A inclusão digital ocorre quando alguém ou um grupo tem acesso às tecnologias da informação e todos são
inseridos para aprender a utilizar as tecnologias digitais.

Fonte: adaptado de Duran (2008) e Silveira (2001).

Viu como o processo de inclusão digital não é tão simples assim?

No caso da inclusão digital na escola, Sousa (2015) menciona que é preciso, antes de tudo, fazer observações e registrar as
características dos alunos e, em seguida, fazer um planejamento que relacione as limitações e potenciais (observados) com a
efetiva inclusão dos jovens, adultos e idosos. A autora define três pontos básicos para se trabalhar com os alunos:

Quadro 1 - Requisitos propostos para a inclusão digital em escolas


Fonte: adaptado de Sousa (2015).

Pelas informações contidas no quadro pode-se pensar em estratégias inclusivas, não é?

Veja bem que os três quesitos são importantes para viabilizar a educação inclusiva em EJA. Analisando melhor, perceba que tais
quesitos também podem ser direcionados para trabalhos com projetos de inclusão social de alunos idosos ou com deficiência. Por
este viés falamos em inclusão social do alunado.

Sobre o assunto, Fernandes (2005) cita que as tecnologias devem ser adaptadas para promover acessibilidade. Glat e Pletsch
(2013) concordam com a autora quando apontam que a escola tem um papel social. Sendo assim, compreende-se que a inclusão
social é um papel da instituição escolar.

Em termos de inclusão digital, o Brasil tem ofertado programas que estão contribuindo significativamente com alunos e
professores da EJA, sendo que temos boa quantidade de alunos com acesso a computadores e internet. Em contrapartida, quando
olhamos para o imenso território brasileiro temos a sensação de que falta muita coisa a ser feita. Afinal, os programas que foram
efetivados e os que estão vigorando ainda não são suficientes para suprir a necessidade da inclusão nos diversos espaços
geográficos do Brasil.

Entretanto, conforme citado, o governo procura oferecer programas de educação inclusiva aos alunos e professores da EJA. Vale
ressaltar que não adianta disponibilizar recursos tecnológicos na escola quando o professor não sabe como utilizá-los. Conheça a
seguir um destes programas:

Quadro 2 - Educação continuada - PROEJA - Inclusão digital

Fonte: adaptado de MEC ([2017], on-line)1.

Veja bem que é preciso ter em mente que formar o professor é fundamental para o uso adequado das tecnologias digitais na
escola. No programa citado anteriormente o professor será capacitado para que possa oportunizar aos alunos o uso e orientações
cabíveis ao manuseio dos equipamentos digitais.
Exclusão Digital: uma realidade no Brasil

Retomo o alerta de Levy (1999) de que a informática representa uma nova forma de tecnologia: a intelectual, que tem capacidade
de produzir novas visões de mundo. Na realidade, quem está inserido no mundo digital muda suas concepções quando entra em
contato com outras culturas e informações. Conforme citado anteriormente, as informações que surgem com o uso do
computador e seus suportes são chamadas pelo autor de cibercultura.

Segundo Martins (2009), no mundo globalizado há mudanças de percepções, conceitos, interesses e atitudes. Mas isso não pode
ser considerado como fator negativo. As culturas que surgiram com a inovação tecnológica precisam ser mediadas, levando em
conta que o homem acumula e articula aquilo que aprende. Frente a isso o autor menciona o cuidado que a escola deve ter em
relação à inclusão digital do aluno. Por exemplo, se na escola ou em projetos sociais alguém do grupo que está tendo aulas de
informática não consegue aprender quer dizer que o projeto de ensino não foi feito a partir da realidade dos alunos. Neste caso
houve inclusão somente daqueles que aprenderam e exclusão de quem não aprendeu, concordam?

Na EJA não é diferente. Segundo Alava (2002), um aluno somente está incluído digitalmente quando consegue manipular o
computador e seus acessórios, de modo que possa colocar em prática este aprendizado nas atividades escolares e na vida diária.
Neste sentido, ele é capaz de ativar suas potencialidades e utilizá-las no uso das ferramentas de informação e comunicação; são as
potencialidades superando as limitações do sujeito.

Alava (2002) traça um panorama interessante sobre o papel das tecnologias digitais no contexto escolar, no qual, para ele, a
introdução de tecnologias como ferramentas ou recursos de ensino na escola deve ocorrer sempre de forma mediada. Cabe ao
professor ter o discernimento de escolher os recursos tecnológicos adequados ao público sem desmerecer suas necessidades. Por
isso, faz-se necessário um olhar cuidadoso para a realidade social dos alunos.

Um ponto abordado por Duran (2008) é a inclusão digital no Brasil. Para ela, enquanto algumas regiões do país têm a oportunidade
de receber computadores e internet em suas escolas há outras que continuam sem. Neste processo de inclusão digital fica claro
que há desigualdades regionais em relação ao acesso às tecnologias de informação e comunicação. Infelizmente está é a realidade
do Brasil. A autora não quis dizer que isso é regra. Não mesmo. O que ela menciona é que algumas regiões recebem mais
programas de inclusão digital do que outras e isso fica evidente quando pesquisamos sobre inclusão digital e comparamos este
processo entre as regiões brasileiras.

Martins (2009) expõe que isso também é uma forma de exclusão social. O autor explica que excluir significa deixar de fora alguém
ou grupo que precisa daquela ação. Portanto a questão da inclusão digital está diretamente ligada a fatores sociais. Vamos refletir
sobre isso!

As comunidades mais carentes, ou melhor, as famílias com renda desprivilegiada em relação às demais, não
têm acesso ao computador nem à internet. Você acha que isso é uma forma de exclusão digital?
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO E NOVAS
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO APLICADAS NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Conforme o pensamento de Martins (2009) não há como pensar em um programa de tecnologia de informação e comunicação sem
entender o contexto social do público que será beneficiado. Os aspectos sociais serão norteadores das ações do programa, pois é
na realidade social da comunidade que repousam as principais causas de exclusão (condições de renda, vulnerabilidade, fatores
socioculturais e nível de educação).

Na transição dos anos 80 para os anos 90 o Brasil apresentou um rápido e constante avanço no uso das tecnologias. De acordo
com Belloni (2008), no patamar da educação isso foi evidenciado pela expansão da oferta de cursos na tentativa de universalização
dos ensinos fundamental e médio. As escolas, principalmente as particulares, utilizaram em crescimento acelerado as tecnologias
de informação e comunicação (TIC’s) e as novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’S).
As instituições de ensino recorreram a tais tecnologias como estratégias nos serviços administrativos e educacionais das escolas.
Afinal, a educação é dinâmica, pois se transforma com as mudanças da sociedade e se a sociedade brasileira procura se encaixar no
mundo globalizado nada mais justo que as escolas possam acompanhar isso.

Neste processo de uso das tecnologias a rede pública avançou lentamente em comparação com o ensino privado. Se olharmos para
trás poderemos perceber que somente agora, em pleno século XXI, este avanço está mais evidente.

Políticas Públicas das Tecnologias em EJA no Brasil

Dissemos que a sociedade não faz vista grossa ao avanço das tecnologias e que tampouco a escola pode agir assim. Desse modo,
Silveira (2001) informa que o uso das TICs e NTICs passa a fazer parte das atividades administrativas e educacionais de escolas e
demais instituições. A este cenário o autor dá o nome de “mundo da educação tecnológica”.

Antes de continuar nossa abordagem, vale compreender mais sobre TIC e NTIC, certo?

TIC - As Tecnologias de Informação e Comunicação referem-se a todos os recursos tecnológicos utilizados


para transmitir informação e concretizar o processo de comunicação. Trata-se da integração das funções
hardware, software e das telecomunicações.

NTIC - Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, surgidas nos anos 70 (contexto mundial) com
amplo desenvolvimento a partir dos anos 90. Fonte: adaptado de Belloni (2008) e Sousa (2015).

Agora que já apresentamos as TIC e NTIC, vamos em frente!

Martins (2009) e Silveira (2001) lembram que por volta dos anos 70 e 80 poucas escolas públicas brasileiras contavam com
telefones. Não havia máquina de xerox para a impressão das avaliações e o trabalho era efetivado por mimeógrafo à tinta ou álcool.
Os textos e documentos eram datilografados e o envio de algum documento era feito via malote. Era assim mesmo que acontecia.
Talvez você não tenha vivenciado esta época, mas se sim deve lembrar, não é?

Ainda atualmente algumas escolas da rede pública utilizam o mimeógrafo. Vale lembrar que o Brasil é um país de grande diferença
socioeconômica entre as regiões. Talvez o mimeógrafo não seja mais utilizado em escolas do Sudeste ou Sul. Entretanto, quando
viajamos e encontramos escolas no norte do país, principalmente aquelas que ficam em ilhas ou interiores mais afastados das
cidades, certamente encontraremos algum mimeógrafo ainda em uso.

Com o tempo, o avanço tecnológico assume a função destes equipamentos e gera melhorias nos serviços e no ensino. Na
contramão, por volta do final dos anos 1990 até a primeira década do século XXI, somente algumas escolas públicas tinham acesso
às TIC e NTIC, tanto por falta de recursos quanto por falta de infraestrutura ou formação de professores capacitados para utilizar
tais recursos. Duran (2008) e Fernandes (2005) citam esta realidade e acrescentam que neste contexto as regiões sudeste e sul
estavam à frente, principalmente das regiões norte e nordeste.

Para mudar essa realidade, o Ministério da Educação (MEC) adotou o princípio de que as tecnologias deveriam ser expandidas para
outras escolas públicas, pois o aluno tem necessidade de compreender o mundo e suas transformações.

Nesse sentido, Silveira (2001) discorre que até o início do século XXI a maioria dos alunos da rede pública de ensino ainda não
tinha acesso aos recursos tecnológicos, o que deveria ser concretizado para que levassem esse aprendizado para sua vida social e
tivessem mais oportunidades de emprego e socialização.

O mesmo autor cita que situações como a carência de professores capacitados e as dificuldades da comunidade escolar para lidar
com ferramentas tecnológicas ocasionaram entraves no processo de inclusão digital das escolas públicas.
No final dos anos 2000 o MEC criou a Plataforma Paulo Freire para a viabilização do Plano Nacional de Formação de Professores
(PARFOR). Neste programa, os professores de escolas públicas realizam inscrições e outras ações em ambiente virtual. Observe as
informações abaixo:

Quadro 3 - Plataforma Paulo Freire - Programa Parfor

Fonte: adaptado de MEC (2009).

Ao comentar sua experiência como professora de adultos e idosos Sousa (2015) menciona que a Plataforma Paulo representa um
ganho importante na educação. Na visão da autora, muitos professores da EJA, quando ingressaram no PARFOR ficaram perdidos
por conta da falta de conhecimento em informática, mas depois conseguiram se inserir no mundo virtual. Deste modo, muitos
procuram fazer curso de formação em informática e difundir essa ideia entre os alunos, ao utilizarem computador e/ou recursos
multimídias nas aulas, o que desperta nos aprendizes o desejo de conhecer mais a tecnologia.

O uso das Tecnologias na Perspectiva da Aprendizagem e da


Formação de Professores

A EJA tem alunos que não tiveram acesso ou que não conseguiram concluir os estudos na idade certa, sendo que a maioria precisa
conciliar estudo e trabalho sem abrir mão de nenhum deles. Outra realidade no ensino de jovens e adultos é que o professor
precisa ensiná-los em um prazo menor que o nas escolas regulares. De fato, a realidade da EJA é bem diferente da realidade do
aluno de ensino regular. Neste cenário, de que forma as tecnologias podem contribuir com a aprendizagem?
Este questionamento pode ser bem respondido por Silveira (2001), que afirma que as TICs podem promover benefícios no
processo de ensino-aprendizagem. Um dos motivos é que as aulas se tornam mais atrativas e prazerosas, afinal, utilizar
computador, tablet ou data show na aula de adultos e idosos é uma ótima escolha, concorda?

Os recursos tecnológicos auxiliam e facilitam o processo de comunicação entre as pessoas. Por outro lado, algumas questões vêm
à tona:

De que forma o professor vai utilizar os recursos multimídias nas aulas?


Os alunos sabem utilizar recursos tecnológicos?

Corrêa (2007) cita que os recursos tecnológicos assumem uma função didática na classe. Quando bem utilizados, essas
ferramentas facilitam a aprendizagem e aumentam a eficácia nas aulas. É evidente que para isso o professor deve planejar suas
aulas e adequar os recursos às atividades, às necessidades da turma e ao conteúdo trabalhado.

Quando a turma não sabe utilizar algum dos recursos digitais escolhidos pelo professor faz-se necessário promover momentos de
orientações, nos quais o docente ensinará e mediará o uso, fazendo deste ensino parte da aula. Neste processo há um aspecto
importante para o sucesso das aulas: a formação do professor.

Castells (1999) enfatiza que o professor não deve ver a tecnologia como um oponente que ocupará seu lugar. Isso parece meio
estranho, mas temos relatos de muitos professores que pensam assim. Se o professor perder lugar para um desses recursos, então,
quem vai manusear e mediar os conteúdos na aula?

Se a modalidade de ensino for presencial, então o professor é figura importante na mediação do conhecimento. Se o ensino é na
modalidade a distância, aí é outra história que trataremos logo mais. Por enquanto falamos em ensino presencial.

Em relação às TICs, Sousa (2015) chama a atenção para o fato de que estes meios de informação e comunicação devem ser
utilizados de forma adequada nas aulas. A autora discute que estas formas de tecnologias, como recursos didáticos, influenciam
nas atividades. Assim, caso não sejam utilizadas adequadamente pelo professor o rumo das aulas poderá ser diferente do que fora
planejado.

A mesma autora pontua que os recursos digitais ajudam o professor a obter sucesso na aprendizagem do aluno, pois favorecem a
interatividade entre todos os participantes. Sendo assim, devem ser recomendado como ferramentas de uso constante nas aulas.
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA
A inovação tecnológica tem sido tema de nossos estudos, não é? Isso não poderia deixar de ocorrer, tendo em vista que se trata de
um assunto de grande importância para a EJA e que uma das modalidades de ensino que mais avança no Brasil é a Educação a
Distância. Mas como surgiu o ensino a distância no Brasil?

É o que veremos a partir de agora!


A Evolução da Educação a Distância no Brasil

Conforme Sousa (2015), no Brasil, a educação a distância era vista como categoria secundária no sistema educacional, ou seja, sem
o merecido reconhecimento para se legitimar como modalidade de ensino. A autora comenta que até hoje este tipo de ensino não
é tão bem visto quanto o ensino presencial. Com base na teórica veremos que a educação a distância teve cinco momentos,
utilizando formas diferentes de promover educação

Quadro 4 - Contexto histórico da Educação a Distância no Brasil


Fonte: adaptado de Sousa (2015).

Para nós que estamos estudando sobre a EJA, conhecer a história da educação a distância em nosso país significa compreender
que esta modalidade de ensino percorreu um longo caminho até se consolidar como ensino para jovens, adultos e idosos. Agora
veremos o que significa educação a distância e como poderá ser efetivada na EJA.

Entendendo o Ensino a Distância e a oferta em EJA

De acordo com Gonzalez (2005) e Sousa (2015), a modalidade de ensino a distância começou a ser oficializada no Brasil pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Assim, as instituições de ensino podem atuar com os níveis de ensinos
fundamental, médio e superior, mas precisam fazer as adequações de ensino-aprendizagem de acordo com a legislação em vigor.
Observe que o Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei nº 9.394/96):

Parágrafo Único – Os cursos ministrados sob a forma de educação a distância serão organizados em
[...]

regime especial, com flexibilidade de requisitos para admissão, horários e duração, sem prejuízo, quando for
o caso, dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas nacionalmente. Art. 2º Os cursos a distância que
conferem certificado ou diploma de conclusão do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino
médio, da educação profissional, e de graduação serão oferecidos por instituições públicas ou privadas
especificamente credenciadas para esse fim, nos termos deste Decreto e conforme exigências pelo Ministro
de Estado da Educação e do Desporto (BRASIL, 1998).

Note que o ensino a distância segue padrões de funcionamento tanto quanto o ensino presencial. E para ser efetivado em EJA não
é diferente. Quando falamos em educação a distância, de modo geral temos ideia do ensino viabilizado sem a presença do
professor, em qualquer hora, em qualquer lugar. Basicamente pode ser assim, mas não é simplesmente dessa forma que tal
modalidade se efetiva. Há algo mais importante na conceituação de ensino a distância.

[Educação a Distância] é baseada em procedimentos que permitem o estabelecimento de processos de


ensino e aprendizagem mesmo onde não existe contato face a face entre professores e aprendentes – ela
permite um alto grau de aprendizagem individualizada (BELLONI, 2008, p. 20).

Viu como o sentido de educação a distância vai além da ideia do senso comum? Pois é, perceba como a professora Maria Luiza
Belloni agrega significado ao termo.

O Governo Federal também reconhece a importância do ensino a distância e, com o objetivo de ampliar a Educação e alcançar
objetivos e metas tratadas no Plano Nacional de Educação (PNE), abre espaço para que instituições particulares possam ofertar
EJA na modalidade a distância, em colaboração com órgãos municipais, estaduais e federais.

As instituições interessadas na parceria estarão sujeitas à avaliação de programas de educação a distância (conforme citado no
Parecer CNE/CEB 41/ 2002). Assim, as instituições de ensino devem apresentar modelos e tipos de ensino a distância que possam
corresponder às seguintes metas:
ampliar a oferta de programas de formação a distância para a educação de jovens e adultos, especialmente no que diz respeito à
oferta de ensino fundamental, com especial consideração para o potencial dos canais radiofônicos e para o atendimento da
população rural;
promover, em parceria com o Ministério do Trabalho, as empresas, os serviços nacionais de aprendizagem e as escolas técnicas
federais, a produção e difusão de programas de formação profissional a distância;
promover, com a colaboração da União e dos Estados e em parceria com instituições de ensino superior, a produção de
programas de educação a distância de nível médio.
Observar, no que diz respeito à educação a distância e às novas tecnologias educacionais, as metas pertinentes incluídas nos
capítulos referentes à educação infantil, à formação de professores, à educação de jovens e adultos, à educação indígena e à
educação especial.

De acordo com o MEC (2010), os cursos ofertados por instituições particulares devem obedecer aos mesmos critérios
estabelecidos para a EJA presencial: 1.600 horas para ensino fundamental e 1.200 horas para ensino médio, conforme devem ser
adaptados os programas destes níveis de ensino. A idade mínima também acompanha os mesmos padrões da EJA presencial: a
partir de 15 anos para ensino fundamental e 18 anos para ensino médio

OS BENEFÍCIOS DO USO DA
TECNOLOGIA PELOS ESTUDANTES
IDOSOS
A partir do Plano Nacional de Educação 2001-2010, Lei nº 10172/01 (PNE), com base na Lei 9394/96 Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) é possível compreender que a Educação a Distância é concebida como uma modalidade de um ensino
com características de tecnologias educacionais.

Segundo Corrêa (2007) o ensino a distância requer que o aluno integre as tecnologias de comunicação em seu processo de
aprendizagem. Então, há a função didático-pedagógica dos recursos tecnológicos em sala de aula. A dita autora infere, de modo
abrangente, que a função didático-pedagógica dos recursos tecnológicos tem ocorrido por meio de transmissões radiofônicas,
televisivas, programas de computador e internet. Outro aspecto comentado pela autora tem a ver com o ensino viabilizado pela
utilização conjugada de informação e comunicação, tais como a telemática (informação computadorizada) e a multimídia
(múltiplos meios integrados na comunicação: som, imagem, cores, etc.).

Na visão de Sousa (2015), o uso adequado da tecnologia como ferramenta de aprendizagem torna possível agregar significado aos
espaços escolares. Entretanto, a autora comenta que isso não ocorre somente em espaços educacionais. Para ela, os espaços
sociais e familiares também apresentam oportunidades de as pessoas fazerem uso das tecnologias e promoverem sua formação
cidadã.

A Tecnologia na Formação Escolar do Idoso

A presença da tecnologia na educação tem sido tema de muitos debates, concordâncias e discordâncias. Frente a isso, autores
como Corrêa (2007) e Gonzalez (2005), quando comentam sobre as orientações metodológicas em educação a distância que
envolvem tecnologia da educação apontam que utilizar recursos tecnológicos para ensinar ou aprender requer um trabalho do
professor para associar o uso da tecnologia aos métodos educacionais. Contudo, esse esforço não é só do professor, mas do aluno,
que também deve se esforçar para que o uso da tecnologia seja proveitoso e revertido em aprendizagem, já que, neste processo,
todos aprendem e ensinam.

Pela concepção de Sousa (2015), quando o aluno utiliza um computador ou acessa a internet, ele se apropria da aprendizagem e
vai construindo conhecimento à medida que experimenta e toca nos equipamentos. A cada passo que o aluno dá ele conquista
novos saberes sobre como utilizar o computador e assim novas capacidades de aprendizagem são acionadas.

Com o aluno idoso isso é possível?


Note que a imagem anterior já responde ao questionamento. É claro que sim. O idoso tem capacidade de ensinar a aprender, de
realizar muitas coisas. Entretanto, devemos ter cautela com uso da tecnologia na educação, pois ela não pode ser mediada se os
envolvidos não tiverem conhecimento da linguagem de informática. Assim, se o usuário não tem conhecimento, o processo
educacional se torna difícil e gera exclusão e não inclusão. Lembra que já discutimos isso? Mas o assunto deve ser discutido
sempre. Sendo assim, vale frisar que tanto o professor quanto o aluno precisam ter algum conhecimento de informática para que a
relação do homem com a máquina possa proporcionar satisfação e construção de novos conhecimentos.

Ao comentar sua experiência com idosos na educação a distância, Sousa (2015) defende que estes alunos são tão capazes de
aprender quanto os demais. Para ela, na análise da apropriação das TICs por alunos idosos no processo de aprendizagem deve-se
levar em conta as especificidades e o significado real da educação a distância. Para reafirmar seu pensamento, a autora cita o
Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998:

Art. 1º Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de
recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998
apud SOUSA, 2015, p. 31).

A mesma autora discorre que na educação a distância as ferramentas tecnológicas contribuem para que o idoso desenvolva uma
aprendizagem significativa e autônoma. Nesta perspectiva, fala-se em autoaprendizagem, aprendizagem colaborativa, estudos
independentes, estudos interativos, planejamento de estudo e superação de limitações do processo de envelhecimento.

Sousa (2015) cita ainda o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que contribuiu significativamente com a expansão do
ensino a distância no sistema educacional brasileiro:

na educação a distância a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem


[...]

ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, apud SOUSA, 2015, p.
33).

A partir desta citação, a autora reforça a importância da aprendizagem colaborativa para a inserção de metodologias interativas
durante as aulas. Neste contexto, diz que as ferramentas tecnológicas poderão assumir uma função colaborativa e integradora,
estimulando relações pertinentes entre os pares aprendentes e entre o aprendente com seu par ensinante, ou seja, enquanto
utilizam as tecnologias os alunos trocam experiências e cooperam entre si e com o professor.

As Tecnologias contribuindo com a socialização do Idoso

A atual sociedade, segundo Santos (1997), é um espaço que foi modificado pela globalização com suas tecnologias e avanços
inovadores. Assim, a sociedade, que era mais humanizada, atualmente é mais dinâmica e as pessoas perdem espaço para o mundo
virtual. Portanto, a sociedade se transformou em uma sociedade da informação, mediada pela informática e seus componentes. O
uso das tecnologias permite comunicações síncronas que ocorrem exatamente ao mesmo tempo, com mensagens recebidas e
respondidas imediatamente (vídeo e áudio conferência,, conversa por celular ou telefone, chat etc.), e também permite
comunicações assíncronas, que são mensagens geradas em tempos diferentes e as pessoas não utilizam o canal ao mesmo tempo
(e-mail, fórum, material impresso, correio eletrônico).

Independentemente de se realizar uma comunicação síncrona ou assíncrona, quando o idoso está inserido no mundo digital ele se
apropria de várias formas de comunicação; sente-se parte do meio, da sociedade e do mundo. O idoso poderá se comunicar com
parentes e amigos distantes. Discutir. Conversar. Trocar ideias com eles. Sendo assim, protagoniza sua socialização familiar e social
e legitima sua palavra no processo comunicacional. Note:

Figura 1 - Integração dos idosos por meio da tecnologia

Perceba que a imagem dá ideia do que foi dito anteriormente, pois mostra o idoso participando efetivamente das relações sociais,
integrando-se com seus familiares, protagonizando sua história, construindo e reconstruindo relações.

Em contrapartida, neste processo de informatização da sociedade, se alguém não tem acesso aos meios tecnológicos ou não sabe
como utilizá-los, poderá ficar para trás. Silveira (2001) comenta que no ambiente mediado pela informática muitas vezes o uso da
comunicação informacional pode ampliar o distanciamento ou promover o isolamento entre as pessoas. O autor cita situações
entre ricos e pobres, entre membros da própria família, entre grupos sociais distintos e entre o meio rural e o meio urbano, nas
quais um teve acesso aos meios digitais e o outro não ou que apenas um sabia usar o computador e a internet.
Silveira (2001) e Castells (1999) falam de uma sociedade em rede na qual todos estão conectados, trocam informações e cultura.
Martins (2009) menciona que quando o idoso não conhece a informática ou não tem acesso a ela, pode ficar isolado pelo mundo
digital e se sentir só em sua própria casa e com sua própria família.

Para finalizar nossos estudos recorremos a Alava (2002), que pelo prisma da sociologia fala da importância das diversas formas de
tecnologias, quando estas assumem um papel social que potencializam as relações entre pessoas de diferentes espaços
geográficos e contribuem significativamente com a socialização das pessoas de diversas raças e classes sociais, em especial com o
idoso, que para o autor é um sujeito esquecido pela sociedade.

Espero que você tenha apreciado nosso encontro e possa colocar em prática tudo o que aprendeu, tanto em espaços da educação
formal quanto em espaços não escolares. E lembre-se que ensinamos aprendendo e aprendemos ensinando.

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ATIVIDADES
1.Em nossos estudos discutimos que a tecnologia tem muitas maneiras de influenciar a vida do idoso. Vimos aspectos positivos e
negativos desta influência. Na perspectiva da sociologia há um aspecto positivo citado por Alava (2002). Qual é? Assinale a
alternativa correta:

a) Quando o idoso utiliza a informática ele consegue escrever um texto e imprimi-lo, o que permite sua comunicação com parentes.

b) O autor cita que as tecnologias assumem um papel social quando promovem relações interacionais entre pessoas que estão
distantes geograficamente e isso contribui com a socialização do idoso.

c)Alava cita que as tecnologias permitem que as pessoas concretizem a ampliação do leque de conhecimento quando utilizam o
computador.

d) O autor discorre que as tecnologias fazem com que o idoso se realize socialmente quando consegue acessar a internet para
fazer suas pesquisas acadêmicas.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Discutimos que o processo de inclusão digital não é fácil de ser colocado em prática. Entre as recomendações, Sousa (2015)
menciona três quesitos básicos para se trabalhar a inclusão digital com o aluno. Assinale a alternativa que apresenta
corretamente tais quesitos:

a) Possuir televisor, possuir notebook, possuir TV a cabo.

b) Possuir TV a cabo, ter celular com acesso à internet, possuir computador.

c) Ter conhecimento de informática, ter computador, ter data show.

d) Possuir computador, ter acesso à internet, possuir conhecimento de informática

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. Com a expectativa de ampliar turmas em Educação de Jovens e Adultos o governo abre espaço para parcerias com instituições
privadas. Sobre isso, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) O Governo reconhece a educação a distância como oportunidade para ampliar turmas de EJA.
( ) As instituições privadas interessadas nesta parceria não se submetem à avaliação de programas de educação a distância.

Com a ampliação da EJA pela modalidade de ensino


( ) a distância o governo busca alcançar objetivos e metas tratadas no Plano
Nacional de Educação (PNE).

( ) Com as parcerias de instituições privadas o governo espera arrecadar fundos para adquirir recursos e assim investir na EJA.

( ) As instituições de ensino podem realizar o programa da EJA no ensino a distância conforme suas próprias expectativas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da questão:

a) V, F, V, F, F.

b) V, F, F, V, V.

c) F, F, V, F, V.

d) V, V, V, F, V.

e) F, V, V, F, F.

4. A tecnologia faz com que a sociedade, a família e a escola passem por mudanças, pois elas também evoluem junto. Neste
panorama de transformações, qual foi uma das maiores mudanças que o processo de globalização gerou? Assinale a alternativa
correta :

a) Foi a oportunidade de vivenciar o advento da globalização.

b) Receber informações e compartilhar conhecimentos.

c) Mudar junto com a tecnologia que propagou a globalização.

d) Foi o desejo de mudar nossos conceitos em prol de nossas ações.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5.Assinale a alternativa que descreve corretamente a situação das escolas públicas durante o período que vai desde o final dos
anos 1990 até a primeira década do século XXI:

a) A falta de recursos e de infraestrutura estavam sendo trabalhadas pelo governo federal, mas a situação ainda era insatisfatória.

b) A formação de professores em EJA estava sendo considerada como prioridade para a utilização dos recursos disponíveis.

c) Neste período poucas escolas públicas tinham acesso às TIC’s e NTIC’s.

d) As escolas públicas estavam sendo mais contempladas com as TIC’s e NTIC’s.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
A globalização influencia mudanças nas pessoas. Mudam-se conceitos, ações, decisões, atitudes e formas de viver em sociedade.
Neste contexto, o idoso precisa ter conhecimentos de informática e acesso ao computador para conseguir legitimar suas ações.
Assim, ele protagoniza a própria socialização e seu processo de comunicação.

A questão da inclusão digital no Brasil, nas escolas ou na sociedade ainda é um assunto que gera longas discussões. Em âmbito
escolar, a inclusão digital e os programas desta natureza em EJA caminham lentamente. Percebemos isso quando olhamos a
grande extensão territorial brasileira e notamos que há regiões mais beneficiadas que outras.

Vimos que o idoso se depara com situações que o incluem socialmente. Por outro lado, há situações que o excluem, ou seja,
discutimos que as pessoas responsáveis pela inclusão digital do idoso precisam estar preparadas para acolher, acompanhar e
mediar o manuseio dessas tecnologias, tanto no ensino à pessoa da terceira idade quanto aos demais alunos da EJA.

As tecnologias podem agregar significado à formação cidadã do idoso e contribuir com o processo de ensino-aprendizagem do
aluno e do professor da EJA. Assim, as aulas se tornam mais prazerosas e dinâmicas. Entretanto, será preciso que o professor
conheça e planeje bem a utilização dos recursos digitais para que se tornem ferramentas de caráter didático-pedagógica nas aulas.

A modalidade de ensino a distância pode ser desenvolvida em turmas de EJA, sendo que em muitos casos o Governo Federal
também investe em parcerias com instituições privadas. De modo geral, Sousa (2015) cita que houve cinco momentos na evolução
desta modalidade de ensino: ensino por correspondência; utilização das transmissões radiofônicas para divulgação da educação;
ensino por programas televisivos (tele-educação); integração entre as tecnologias de transmissão e da informação. Tecnologias da
informação e da comunicação (TIC); escolas e universidades com aprendizagem mediada pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA).

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Leitura
Inclusão Digital de Idosos - a descoberta de um novo mundo.

Autores: Anderson Jackle Ferreira; Rodolfo H. Schneider (Orgs.)

Editora: ediPURS, 2008

Sinopse este livro aborda o universo da informática e do envelhecimento


:

como instrumento de inclusão digital. Em um mundo globalizado e


repleto de novas tecnologias faz-se necessário o acesso dos indivíduos
idosos (que muitas vezes não tiveram nem a oportunidade de frequentar
a escola) à informática.

Na Web
O vídeo “Inclusão Digital para Idosos” fala sobre Pesquisas da FGV que
apontam parte dos idosos como usuários de internet. No vídeo, no estado
do Rio Grande do Sul, a equipe da UPF TV conversa com uma turma de
idosos que está inserida na educação digital.

Acesse

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REFERÊNCIAS
ALAVA, S. Ciberespaço e formações abertas rumo : a novas práticas educacionais? Porto Alegre: Artmede, 2002.

BELLONI, M. L. Educação a Distância . 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2008.

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:
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< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm > Acesso em: 7 nov. 2017. .

MEC. Veja passo a passo como usar a Plataforma Freire Disponível em < http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211- . :

218175739/13829-veja-passo-a-passo-como-usar-a-plataforma-freire >. Acesso em: 24 jun. 2017.

_____. Parecer CNE/CEB 41/ 2002 Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0041_2002.pdf > Acesso em: 7
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nov. 2017.

_____. Decreto n° 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 Regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei n.º 9.394/96). Disponível em:
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< http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/D2494.pdf > Acesso em: 7 nov. 2017. .

_____. Resolução no 3, de 15 de junho de 2010 Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos
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relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA. Brasília: Conselho Nacional de Educação - Câmara
de Educação Básica. Disponível em: < http://mobile.cnte.org.br:8080/legislacao-externo/rest/lei/70/pdf >. Acesso em: 24 jun. 2017.

CASTELLS, M. A sociedade em rede São Paulo: Paz . e Terra, 1999.

CORRÊA, J. (org.). Educação a distância Orientações metodológicas. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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DURAN, D. Alfabetismo digital e desenvolvimento: das afirmações às interrogações. 2008 223 . p. Tese (Doutorado em Educação)
- Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

FERNANDES, J. R. O computador na Educação de Jovens e Adultos: sentidos e caminhos 2005. 247 . p. Dissertação (Mestrado em
Educação: Currículo) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

GLAT. R.; PLETSCH, M. D.. Estratégias Educacionais Diferenciadas para alunos com necessidade especiais. Rio de Janeiro:
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EdUERJ, 2013.

GONZALEZ, M. Fundamentos da tutoria em educação a distância São Paulo: Avercamp, 2005.


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LÉVY, P. Cibercultura São Paulo: Editora 34, 1999.


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MARTINS, J. S. Exclusão social e nova desigualdade São Paulo: Paulus, 2009. .

SANTOS, M. A Natureza do espaço técnica : e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1997.

SILVEIRA, S. A. Inclusão digital: a miséria na era da informação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.

SOUSA, J. A. F. O Planejamento de estudos na educação a distância como prática discente no combate ao insucesso das
avaliações acadêmicas um estudo de caso. São Paulo: Editora Blucher, 2015.
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REFERÊNCIAS ON-LINE

¹Em: < http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-


223369541/18730-inclusao-digital >. Acesso em: 7 nov. 2017.

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APROFUNDANDO
A educação a distância avança em ritmo acelerado como forma de ensino no Brasil, inclusive na EJA. Vamos iniciar com o
esclarecimento de alguns termos.

Quadro 1 - Educação aberta e a distância x Educação a distância.

Fonte: adaptado de Belloni (2008).

Agora você poderá se questionar: será que EAD e EaD podem ser viabilizadas na Educação de Jovens e Adultos? Isso depende do
tipo de curso e dos objetivos de cada programa e da parceria entre o Governo e as instituições de ensino (privadas). Geralmente,
quando o curso está no patamar de pedagogia escolar é efetivado em EaD. Contudo, se falamos de um curso no patamar de
pedagogia não escolar, então poderá ser viabilizado tanto em EAD quanto em EaD.

Lembrando que não há uma regra fechada, pois a decisão será tomada conforme a legislação educacional, os objetivos e metas
propostas, o público, o espaço e os recursos disponíveis para o projeto do curso. Agora, observe os modelos de ensino a distância e
suas características.
Quadro 2 - Modelos de ensino a distância.

Fonte: adaptado de Gonzalez (2005) citado por Sousa (2015).

Para finalizar nossa abordagem, destacam-se os tipos de cursos a distância, com base em Côrrea (2007), Gonzalez (2005) e Sousa
(2015):
Curso Aberto dirigido à comunidade em geral. Os pré-requisitos para o ingresso são mínimos. Ex: curso de inglês, espanhol,
:

culinária, corte e costura, etc.


Curso de Atualização atende ao desenvolvimento profissional
: e treinamento corporativo. Ex: liderança sindical, investimento
no terceiro setor, etc.
Curso de Aperfeiçoamento permite habilitação profissional em área específica como complementação ou atualização de um
:

curso. É regido por legislação educacional (a partir de 180h). Ex: Aperfeiçoamento em Segurança Pública, em Licitações, em
Logística etc.
Curso de Graduação o requisito é a conclusão do ensino médio. É a formação universitária ou superior. Ex: Enfermagem,
:

Letras, Psicologia, Administração, etc.


Curso de Especialização o requisito é a conclusão do ensino superior. Concretiza uma formação superior com habilitação de
:

pós-graduação na área escolhida. Ex: Psicopedagogia, Neurociências, Psicomotricidade, Pedagogia Lúdica etc.

REFERÊNCIAS

BELLONI, M. L. Educação a Distância . 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2008.

CORRÊA, J. (org.). Educação a distância Orientações metodológicas. Porto Alegre: Artmed, 2007.
:

GONZALEZ, M. Fundamentos da tutoria em educação a distância São Paulo: Avercamp, 2005.


.

SOUSA, J. A. F. O Planejamento de estudos na educação a distância como prática discente no combate ao insucesso das
avaliações acadêmicas um estudo de caso. São Paulo: Editora Blucher, 2015.
:

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Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

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C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; SOUSA Jacqueline Andréa Furtado de.


,

Tópicos Especiais em Educação de Jovens e Adultos. Jacqueline Andréa Furtado de Sousa.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

41 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Educação. 2. Tópicos Especiais.. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 374

CIP - NBR 12899 - AACR/2

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