Você está na página 1de 13

POLÍTICAS E GESTÃO

DA EDUCAÇÃO
AULA 02
EDUCAÇÃO
BRASILEIRA

Olá!

Olhando para o sistema educacional brasileiro, e com o intuito de propor


uma reflexão acerca desse assunto, devemos lembrar que foi por volta do século
XX que se iniciou o processo de expansão da escolarização básica no país, e o
seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, ocorreu no início dos
anos 80.
Sendo assim, nesta aula, você estudará sobre alguns momentos
históricos da educação brasileira, para que compreenda os caminhos que
acarretaram no atual sistema de ensino. É importante ressaltar que na atualidade
o papel da educação tem sido possibilitar o crescimento pessoal por meio da
educação e do aprendizado, visando melhorar as habilidades intelectuais.

Bons estudos!
Entre os objetivos da aula estão:

 Compreender os aspectos históricos da educação brasileira;


 Identificar elementos que interferem no sistema educacional atual;
 Compreender a estrutura do atual sistema de ensino.
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá
como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade
de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e
Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.

 Compreender o conceito de psicologia


 Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
 Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA

A educação brasileira para Souza (2018) não pode ser classificada como um
sistema único de ensino, mas sim como um sistema dual, considerando que na
prática, existem escolas particulares e públicas, onde a primeira é quase sempre
sinônimo de qualidade, enquanto a segunda é claramente conhecida por sua
ineficácia e também pela inferioridade qualitativa quando comparada às escolas
particulares.
Essa dicotomia existente entre a educação pública e a privada tem raízes
históricas, já que a educação no Brasil é fortemente marcada pelo elitismo e exclusão,
como bem menciona Ferreira Jr (2010). Corroborando com essa ideia Saviani (2011),
ao sistematizar o pensamento educacional brasileiro, deixou bem claro que a
educação oferecida à elite e aos mais populares são totalmente diferentes. As ideias
de Duarte e Saviani (2012) seguem a mesma linha de pensamento já que para eles o
sistema escolar é fragmentado e replica a lógica de mercado, bem como as divisões
sociais. Sendo assim, cabe aos estudiosos dos sistemas educacionais reconhecer os
mecanismos excludentes e trabalhar para ao menos minimizá-los, construindo então,
uma sociedade mais igualitária.
Dessa forma, para compreender tais aspectos elitistas e excludentes que
envolvem o processo educacional na atualidade é fundamental visitar questões
históricas, pois para que o presente seja totalmente compreendido, ele deve ser
entendido como um todo. Embora existam várias maneiras de periodizar a história da
educação no Brasil vamos nos ater ao fio condutor utilizado por Ferreira Jr. (2010),
organizado da seguinte forma:

Fonte: Adaptado de Souza, 2018.


No período colonial, em um primeiro momento, a educação voltava-se para a
prática catequética dos jesuítas, que chegaram ao Brasil com o propósito de educar
os indígenas, ou seja, de sobrepor a língua e a cultura portuguesa, gerando um
aportuguesamento dos índios, o que tornaria mais fácil a dominação desse povo
(SOUZA, 2018).
Os cuidados referentes à reprodução interna do contingente dos sacerdotes,
era de responsabilidade dos jesuítas, que garantia a continuidade das obras. Para
reforçar isso, a educação teve como principal função a conversão da cultura dos
nativos, o que criou um ambiente religioso e civilizado, e que também exigia muita
criatividade em suas operações (SANTOS, 2003).

Fonte: Adaptado de Santos, 2003.

Para eles, tudo mudou radicalmente em relação à compreensão de si mesmos,


isso após o renascimento. Descobriram o 'mal' em que haviam caído antes da
salvação providencial, por aqueles que ocupavam todo o seu espaço material e
espiritual em troca dessa salvação.
Com a redução quantitativa da população indígena, devido às doenças trazidas
pelos portugueses ou mesmo por conflitos com os portugueses, os jesuítas passaram
a dedicar o tempo à educação dos filhos dos colonos, o que conforme Ferreira Jr
(2010) marca o início de uma educação elitista e excludente.
Anos depois, por volta de 1759, o Marquês de Pombal instaura as aulas régias
e expulsa os jesuítas do domínio português, já que para ele, os jesuítas
apresentavam-se como um problema para a monarquia portuguesa. Na prática, não
houveram muitas mudanças, sendo a educação destinada às pequenas elites,
tornando-se elemento de distinção e dominação de uma pequena classe sobre a
grande massa de ignorantes (SOUZA, 2018).
No Império, a educação ganhou destaque político, uma vez que na Constituição
de 1824, em seu artigo 179, inciso XXXII, ficou garantida instrução primária e gratuita
a todos os cidadãos (BRASIL, 1824). De acordo com Souza (2018), foi no período
imperial também, que foram criadas as primeiras Escolas de Primeiras Letras
adotando-se o método mútuo como metodologia de ensino, o qual tinha como objetivo
alfabetizar de forma rápida a população, contudo, a educação seguia sendo privilégio
de poucos. Nesse período, a religião estava fortemente presente nas instituições,
assim como, a indisciplina era frequentemente punida.
Com a Proclamação da República, os laços entre Estado e Igreja Católica
foram rompidos, marcando um período de mudanças no país. Se no Império a
educação básica ficava a cargo das províncias, no período da República Velha, a
lógica se manteve, ficando a educação sob responsabilidade dos agora então
chamados Estados. Além disso, houve a ampliação do modelo educacional
perpetuado pelo Estado de São Paulo, considerando que tal modelo, havia obtido
resultados positivos (FERREIRA JÚNIOR, 2010).
Na Era Vargas, a educação era percebida como uma ferramenta fundamental
para tornar o Estado forte e poderoso. Em novembro de 1930, Getúlio Vargas cria o
Ministério da Educação e Saúde, e assim, o Estado, com base no referido ministério,
passava a regular a política nacional de educação (SOUZA, 2018).
Ao longo do período denominado de curta República, a educação passou por
algumas mudanças, principalmente quanto a organização do ensino primário e
secundário, sendo ainda, implementado além do colegial, o ensino secundário
técnico/profissional. Nesse período também, foi publicada a primeira Lei de Diretrizes
e Bases da Educação – LDB, em 1961, a qual pouco contribuiu para romper com o
elitismo e a exclusão.
No período da Ditadura Militar, houveram novas reformas, as quais segundo
Souza (2018) foram entendidas como desastrosas. Com tais mudanças, o ensino
primário que era de quatro anos passou a ser ensino de 1º grau com oito anos
obrigatórios, a educação de 2º grau ficou com três séries (não obrigatórias), e no
campo universitário, seguiu-se a orientação da LBD de 1961, que rompia a antiga
elitização de ingresso à universidade, destinada somente aos que cursavam o ensino
médio clássico e científico (SAVIANI, 2011). Houve, dessa forma, uma massificação
do ensino, já que se aumentou o número de matriculas, porém a qualidade
educacional, nem sempre acompanhou esse crescimento.
Por fim, de 1985 até os dias atuais, pode-se dizer que em relação ao acesso à
educação, houveram melhoras significativas (SOUZA, 2018), uma vez que se
observou queda na taxa de analfabetismo, bem como aumento no percentual de
jovens frequentando a escola. Entretanto, outras carências emergem e são levadas
ao debate, como a valorização profissional da docência, bem como a formação dos
mesmos e a estrutura das escolas e do ensino.

2.1 Sistema Educacional de Ensino

Agora que você já conhece um pouco da história da educação brasileira e


alguns de seus momentos importantes, voltaremos nossos esforços em compreender
melhor a organização do sistema de ensino e como os fatores históricos impactam na
organização do mesmo.
O sistema nacional de ensino brasileiro, de acordo com Santos (2003)
conforme sua estrutura e funcionamento, caracteriza-se como uma empresa que
presta serviços educacionais, enquadrada na área econômica terciária e como uma
empresa, tem todos os elementos e características de um sistema, com seus edifícios,
máquinas, equipamentos, móveis, utensílios, regulamentos, códigos disciplinares,
currículos e programas, professores, especialistas em educação, alunos, entre outros
elementos, funcionando dinamicamente relacionado entre si e com o todo de que
sejam partes.
O autor menciona ainda, que o sistema de ensino brasileiro, da forma como
conhecemos hoje, basicamente teve seu início com a criação do Ministério da
Educação, em 1930, lembrando que anteriormente a esse período, não havia tanta
preocupação com a educação popular. Ademais, as constituições brasileiras
anteriores à de 1934 não se dedicavam a falar muito sobre a educação, diferente da
constituição de 1988 que trata de questões educacionais em 10 artigos específicos
(SANTOS, 2003).
Na Constituição Federal são citados 4 (quatro) tipos de sistemas de ensino: da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios que os organizarão em
regime de colaboração da seguinte forma (BRASIL, 1988):
Os tipos de sistemas de ensino no Brasil são:

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),


diferentes sistemas de ensino têm liberdade de adesão, mas sempre de acordo com
as condições estipuladas em lei. Quanto às qualificações, a LDB as define da seguinte
forma (BRASIL, 1996):
Nota importante: os municípios podem, se assim entenderem, integrarem-se
no sistema nacional de ensino ou constituírem um dos sistemas de ensino básico.
Trata-se de uma precaução legal, pois sabe-se que, no Brasil, dos mais de 5 mil
municípios, cerca de 30% não conseguem organizar seu sistema educacional em
termos humanos, materiais e, principalmente, financeiros (SANTOS, 2003).

Uma recomendação importante, porém, muito vaga, é a determinação de que


os sistemas definirão normas da gestão democrática do ensino público na educação
básica conforme suas peculiaridades. A questão é saber do que exatamente se trata
“gestão democrática”, já que os conceitos podem ser diversos e o assunto certamente
gera controvérsia.
Fonte: Adaptado de Santos, 2003.

Quanto à organização e composição dos sistemas de ensino, a lei assim


determina:

Fonte: Adaptado de Santos, 2003.

Também vale ressaltar que todo sistema educacional possui órgãos


administrativos, pedagógicos, deliberativos e consultivos. De tal modo, o Governo
Federal conta com o Conselho Nacional de Educação (CNE) e o Ministério da
Educação e do Desporto (MEC). Que se dividem em duas câmaras:

Os municípios possuem secretaria de educação própria ou, dependendo do


porte e das condições financeiras, uma instituição menor para cuidar da educação.
Alguns municípios no Brasil já criaram seus próprios conselhos municipais de
educação e os dividiram em câmaras, como os Conselhos de Educação Nacional e
Estaduais (SANTOS, 2003).
Vale ressaltar que, embora haja uma preocupação com a institucionalização da
educação há séculos, ela não ocorre apenas em espaços institucionalizados, pois é
um fenômeno fragmentado na sociedade e se encontra na rua, em casa, na igreja,
locais de trabalho, espaços públicos e privados.
A educação formal ou informal, segundo Brandão (2003) é um fenômeno que
depende do meio em que se desenvolve, não havendo, portanto, uma forma ou
modelo uniforme de educação, não sendo a escola o único local onde ela ocorre. A
educação é uma criação cultural, como muitas invenções de um grupo social. Tem um
significado fundamental no processo de divisão social do trabalho, pois determina
quais informações são transmitidas e quem é o objeto desse ensino. É uma poderosa
ferramenta que pode formar indivíduos na sociedade, não só por meio das escolas,
mas principalmente por ser uma prática social comum no cotidiano que promove a
disseminação dos valores de um determinado grupo. Tura disserta que:

Os fins da educação variam com os estados sociais, com as diversas


espécies de sociedade, com os diferentes tempos e situações históricas. Eles
estão diretamente relacionados com as necessidades sociais de um tempo e
lugar. (...) Os fins da educação, então, estão fortemente relacionados com a
manutenção do que é comum à coletividade e com a constituição de
mecanismos que possibilitem garantir a continuidade societária e a
manutenção de estruturas sociais que representem as formas de assegurar
as condições sociais de existência da própria sociedade (TURA, 2002).

Em resumo, a história da educação no Brasil é caracterizada pelo monopólio


da educação por uma elite com controle ganancioso do capital. Seguiram-se os
regimes políticos, as ideologias varreram o globo e o nosso sistema de ensino esteve
sempre limitado às minorias. As escolas públicas, se de boa qualidade, não davam
acesso aos mais pobres. A educação foi democratizada ao longo do tempo, mas
devido à alta qualidade do ensino, as escolas públicas tornaram-se dependentes do
sistema privado de ensino. Desta forma, os pobres receberam escolas para aprender,
mas ao mesmo tempo foram privados de uma educação sofisticada e isso está
mudando.
Para melhor entendimento, no próximo capítulo serão abordados os principais
pontos da Políticas Educacional e quais são elas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1824). Lex: Constituição Política do Império do Brazil, de 25


de março de 1824.

FERREIRA Jr., Amarilio. História da Educação Brasileira: da Colônia ao século XX.


São Carlos, SP: EdUFSCar, 2010.

SANTOS, Clóvis Roberto. Educação escolar brasileira: estrutura, administração,


legislação. 2ª Edição atualizada e ampliada. São Paulo: Cengage Learning Brasil,
2003.

SAVIANI, Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 3. ed. Campinas,


SP: Autores Associados, 2011.

SAVIANI, Demerval; DUARTE, Newton. Pedagogia histórico crítica e luta de


classes na educação escolar. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

SOUZA, Everton Aparecido Moreira de. História da educação no brasil: o elitismo e


a exclusão no ensino. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 12 v. 12 n. 23
jul/dez 2018.

TURA, Maria de Lourdes Rangel. Sociologia para educadores. 2º ed. Rio de Janeiro:
Quartet, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

Você também pode gostar