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Tiremos o chapéu para minha equipe de rua, Donna Dolls. As palavras não
podem dizer o quanto eu adoro vocês.
UM DESEJO PODEROSO
Em sua busca para destruir os Fae Escuros, seus inimigos, o Rei Dragão
conhecido como Kiril vai para a Irlanda como um espião. Quando uma
linda, mulher misteriosa tenta seduzi-lo, Kiril vê instantaneamente
através de seu glamour a Fae Escura. Shara não é qualquer Escura; ela
é de uma das mais poderosas da sua linhagem e apesar dos perigos,
Kiril não pode ficar longe dela. Ele está encantado com seu sorriso,
escravizado pela paixão inegável...
Shara tem uma chance de fazer as coisas direito com a sua família e
provar seu valor. Parecia uma missão tão fácil... Até que ela realmente
conhece Kiril. Seu charme, seu magnetismo sexual é demais para ela
ignorar. Shara sabe que cair nos braços de Kiril pode trazer para ela
nada além de problemas. No entanto, ela descobre uma força interior
que não sabia ter... E uma atração que não conhece limites. Mas o seu
desejo por Kiril vale o risco de uma condenação eterna para os dois?
Maio
Kiril e o resto de seus irmãos aperfeiçoaram esses atos, desde que enviaram
seus dragões para longe e começaram a misturar-se com os humanos. Eles
aperfeiçoaram suas habilidades a um grau que apenas um punhado de pessoas em
todo o mundo sabia quem eles realmente eram: Reis Dragões.
Foi difícil nos primeiros milênios fingir que eles não foram governantes uma
vez do reino. Depois disso, tornou-se um hábito, um modo de vida. O que mais
poderia um Rei Dragão fazer quando os dragões se foram?
Kiril cerrou os dentes enquanto ele dirigia pela estrada sinuosa e estreita em
direção a Cork. Ele não tinha certeza se algum dia ele se livraria de sua repugnância
por eles. Ele não culpava todos os seres humanos. Afinal, cinco de seus
companheiros Reis recentemente se vincularam a fêmeas humanas.
No entanto, há milhares de anos, foi uma fêmea humana que era prometida
a um deles, só para traí-lo e pôr em marcha uma guerra que poderia tê-los destruído
a todos. Foram somente os reis se unindo e Constantine, o Rei dos Reis, que veio
com uma solução – enviar os dragões para outro reino.
Kiril acelerou sua elegante Sepang marrom Mercedes SLS AMG Roadster ao
longo das estradas sinuosas com a capota para baixo e o vento chicoteando em
torno dele. Foi a coisa mais próxima de voar que podia se permitir mantendo-se
na Irlanda em meio aos mais vis inimigos dos Reis Dragões que eram os Fae
Escuros.
Cada vez escaparam por pouco. Os Reis Dragões e os seus amigos não
escaparam ilesos. Havia lesões, mas o pior foi que Rhi foi tomada pelos Escuros.
Rhi. Kiril não poderia deixar de sorrir quando pensava na Fae da Luz.
Embora os reis tivessem travando uma guerra em ambos os lados dos Fae, Rhi era
diferente. Por um tempo, ela foi amante de um Rei Dragão.
Nenhum deles realmente entendia o que separou Rhi e seu amante, e eles
provavelmente nunca o entenderiam. Ele nunca falou sobre ela, nunca mencionou
o nome dela. E Rhi... Retornou à Luz para assumir suas funções. Curiosamente,
foi sua interferência em contar a um guerreiro que ele era meio-Fae e seu príncipe
que a trouxe de volta para o rebanho dos Reis.
Ela não ficou emocionada sobre isso, e na verdade, dissera a todos para onde
ir. Sim, no entanto, quando o problema veio, foi Rhi que correu para salvar Kellan
e sua companheira, Denae. Então ela fez isso de novo com Tristan e Sammi,
colocando-se em risco.
Tudo valeria a pena se ele pudesse resgatar Rhi e descobrir quem estava lá
fora querendo revelá-los ao mundo. O fato de seu inimigo sem rosto alinhar-se
com os Fae Escuros, bem como MI5 significava que eles estavam dispostos a fazer
qualquer coisa.
E assim era Kiril. Ele iria entregar-se aos Escuros antes de permitir que algo
acontecesse com seus irmãos. Ele só poderia vir a isso também.
Os Escuros sabiam quem ele era, sabiam há dias. Foi um jogo que jogaram
entre si. Ele fingiu não saber que observavam a casa que comprou, e eles nunca
foram muito longe de onde quer que estivesse, enquanto fingiam que não tinham
ideia de que ele era um Rei Dragão.
Ele tinha que vigiar cada palavra sua, vigiar todos os seus movimentos. Era
cansativo. E emocionante. Foi há eras desde que ele teve tal adversário. No final,
porém, ele tinha que se lembrar de que não era um jogo. A competição iria decidir
quem permaneceria no reino –Escuros ou Reis.
Nem uma única vez desde que ele veio para a Irlanda, Kiril se atreveu a se
elevar para o céu, mesmo em uma tempestade. O desejo de mudar para um Dragão
e ter a pressão do ar sobre suas escamas e ao longo de suas asas eram irresistível,
esmagador.
A cidade era bonita, mas ele não estava em casa. Kiril ansiava pela Escócia e
Dreagan. Ele parou em um cruzamento e esperou que a luz ficasse verde. O som
dos sinos da Igreja de St. Anne do século XVIII, de repente encheu o ar. O estilo
do velho mundo de Cork só o fez lembrar-se da Escócia ainda mais, mas mais
especificamente Dreagan e as montanhas que rodeavam sua casa.
Toda vez que ele veio para Cork era um show. Ele come em restaurante caro,
às vezes sozinho, às vezes com diferentes mulheres. Ele visitou diferentes pubs,
mas sempre voltou ao an Doras antes de ir para casa.
Kiril tinha uma mão no bolso de sua calça quando seu olhar ficou preso a
um par de pernas que pareciam se estender por milhas. Sua saia preta deslizou para
cima, no alto de suas coxas, e seus saltos plataforma só fizeram esses membros
bem torneados parecerem mais longos.
Ele parou e deixou o olhar vagar por suas pernas para a curva de seus quadris.
Uma blusa prateada brilhava com lantejoulas na bainha unida em torno dela,
acentuando seus enfeites na cintura. A camisa estava solta, fluindo enquanto na
parte traseira formava um grande X que mostrava uma riqueza de pele cremosa.
Seu cabelo negro estava puxado para o lado em uma trança bagunçada que caia
sobre o ombro esquerdo. Ela se manteve de costas para ele enquanto olhava na
janela de uma loja.
Em transe.
Sua beleza o deixou sem fala, sem palavras. Seu olhar estava voltado para ela.
Kiril deu um passo em direção a ela quando ela se virou para ele.
Ela era Fae, mas nem mesmo isso o fez mudar. Kiril encontrou muitas belas
Faes, mas havia algo totalmente diferente sobre esta. Ele piscou, e foi quando viu
seu glamour.1 Se ele não tivesse estado tão deslumbrado, teria visto isso antes.
Não demorou muito para ele deduzir que os Escuros queriam usá-la contra
ele. Foi uma coisa boa que podia ver através do glamour, ou ele poderia realmente
ter se encontrado em apuros.
Ele devia ir embora, mas não podia. Nem ele queria. Ele queria conhecer a
Escura do sexo feminino, e aproximando-se ela poderia deixar escapar algo que
poderia ajudá-lo em sua busca.
Seu jogo só se tornou infinitamente mais perigoso, e ainda assim, houve uma
pequena emoção que fez seu estômago apertar com a ideia de aprender mais sobre
Determinado, Kiril foi até ela usando seu sorriso mais encantador. —
Encontrou algo que você gosta? — Ele perguntou enquanto acenou com a cabeça
para o mostruário de joias brilhantes.
Ela riu, o som fazendo o seu sangue esquentar. — Eu amo o brilho das
pedras preciosas. É uma fraqueza. — Sua cabeça ligeiramente inclinada enquanto
seus olhos vermelhos o observavam. — Não é todo dia que um escocês visita a
Irlanda. O que traz você para a nossa ilha verde?
— Os negócios. E prazer.
Ela deixou seu olhar lentamente vaguear sobre ele. Kiril desejava saber o que
ela estava pensando, e se gostou do que viu. Quando seu olhar voltou para ele, seu
sorriso de aprovação dizia tudo.
Era tudo o que podia fazer para não pressioná-la contra a janela e devorar
seus lábios em um beijo que iria deixá-los sem fôlego.
Ela trocou sua pequena bolsa prateada de uma mão para outra. — Eu vivi
em Cork toda a minha vida. É uma cidade bonita, não é?
A oferta estava sobre a mesa. Tudo o que Kiril tinha que fazer era pegá-la.
Era tentador, ou melhor, ela era. Seria um obstáculo traiçoeiro de areia movediça,
se ele aceitasse.
Seu olhar baixou para o chão enquanto ela sorria timidamente e tomou seu
braço. — Eu gostaria muito disso.
Kiril orientou a mulher à frente dele com a mão em sua parte inferior das
costas. Ele a sentiu estremecer quando seus dedos roçaram sua pele nua. Ele não
conseguiu conter o sorriso satisfeito. Ela foi enviada para seduzi-lo, mas ela não
era imune ao seu toque. Isso pode funcionar a seu favor. Deu-lhe a ideia para tentar
trazê-la para seu lado. Seria quase impossível uma vez que os Fae Escuros eram
notoriamente dedicados às suas famílias.
As famílias dos Escuros eram tudo, desde sua posição na sua sociedade à sua
autoridade. Quanto mais poderosa fosse a família, tinha mais influência e controle
sobre tudo. Era quase arcaico o jeito que trocavam suas filhas e irmãs para
ganharem posição dentro de seu sistema social antiquado e repugnante.
Era um desafio porém, e Kiril amava desafios. Além disso, tão bonita como
a Escura era, ele não achava que ia se importar com o esforço. Para conhecer a
sensação de sua pele, para provar a essência de seu sexo.
Desejo, escuro e profundo, ardiam através dele. Não era a paixão que o
assustava, mas a crua e intensa necessidade de conhecê-la, o anseio de prová-la.
Ele abriu o menu e decidiu empurrá-la. Era isso ou beijá-la, e ele estava com
medo, se começasse a beijá-la, não seria capaz de parar. Kiril não achava que
ninguém no restaurante gostaria de vê-los fazendo sexo. — Por que você aceitou
o meu convite?
Ela riu, o som indo direto para seu pau. — Você é o primeiro. Sou Shara, a
propósito.
— Kiril.
Ele deixou o menu de lado e olhou para ela. Era estranho. Ele normalmente
odiava olhar para os olhos de um Fae Escuro. Algo sobre olhos vermelhos parecia
errado, mas ele não parecia se importar com Shara.
Shara. Que nome bonito para combinar com uma mulher intrigante e
cativante.
Kiril pensou sobre inventar outra mentira, e então percebeu que não havia
necessidade. Ela sabia que ele era um Rei Dragão, sabia que era de Dreagan. Uma
mentira a menos só poderia ajudá-lo.
Seus olhos vermelhos se levantaram quanto ela levou a taça de vinho aos
lábios e provou o cabernet sauvignon. — Não seria mais fácil de provar estes
uísques em sua destilaria?
Kiril rodou o vinho tinto em sua taça, pensando no quanto ele queria beijá-
la, segurar seu longo cabelo em torno de sua mão e mantê-la refém enquanto
devastava seus lábios. — O que você faz?
Então, ela não mentiu também. Interessante. — E o que a sua família faz?
— Importação / Exportação.
Outra verdade. Fae Escuros eram notórios por atrair os seres humanos para
seu mundo, mas não era o prazer que os seres humanos recebiam. As mulheres
eram levadas pelos machos, e embora eles pudessem experimentar um breve
prazer, sem o conhecimento delas, suas almas estavam sendo drenadas.
Quanto aos machos humanos, à fêmea Escura usava-os para o sexo. Sexo
com um Escuro era como uma droga, e os humanos poderiam tornar-se
rapidamente viciados. As fêmeas humanas raramente viviam o suficiente para
saber o que estava acontecendo, mas as fêmeas Escuras fazem questão de manter
os machos humanos vivos durante décadas para ter a sua diversão.
Kiril deixou as perguntas de lado quando sua comida foi entregue. O resto
da refeição foi gasto falando de qualquer coisa que nenhum deles tivesse que
mentir. Foi... refrescante. Pela primeira vez em dias, Kiril quase se sentiu como ele
mesmo. Ele ainda estava em guarda, mas estava mais relaxado. Talvez fosse porque
ele sabia o que estava fazendo.
Ou talvez fosse porque ele queria empurrar de lado a comida, puxá-la de pé,
e atirá-la em cima da mesa e agarrá-la.
Foi uma sorte que Shara conseguiu dar uma olhada em Kiril um dia depois
de ter sido informada da sua missão. Ela achou Kiril atraente de uma distância,
mas de perto ele roubou o fôlego e pensamento.
Seus dedos coçaram para afundar-se em seu cabelo cor de trigo que era
grosso e mantido em ondas alongadas. Seus olhos eram da cor dos trevos – de um
verde vívido brilhante – e a tudo via.
Ele usava o terno preto com facilidade. O corte dele mostrando seus ombros
largos e quadris estreitos. A camisa branca simples por baixo foi deixada
desabotoada no topo sem gravata à vista.
O flash de ônix e pérolas em seus pulsos atraiu seu olhar para as abotoaduras.
Essa era a única joia que usava, exceto o relógio.
Seu rosto parecia ter sido cortado a partir do granito. A linha dura de sua
mandíbula só reforçava o queixo quadrado e o pequeno travessão no meio.
Embora ele parecesse relaxado e à vontade, ela sabia que não estava nada disso.
Seu olhar varreu o restaurante, observando tudo de uma vez. E quando os seus
olhos verdes voltaram para ela, seu coração derrapou e seu estômago vibrou.
Houve um tempo que ela podia ter encontrado alguma emoção com o
pensamento de ir para a cama com um ser humano, nenhum macho – Fae ou
humano – a agitou como Kiril fazia. Ele enfrentava o mundo como se estivesse
audaciosamente a desafiá-lo.
Farrell avisou a ela que Kiril era um namorador experiente, que não tinha
problema com qualquer mulher que ele quisesse. Com um charme que poderia
seduzir um anjo para o próprio inferno, ela entendeu o porquê. Não era apenas o
seu charme. Era a maneira como ele olhava para ela quando falava, como se ela
fosse a única pessoa em todo o mundo com quem ele quisesse estar, ouvir.
Notável.
Como seria surpreendente seu tempo com ele, mas um vislumbre de um dos
lacaios de seu irmão recordou-lhe que ela estava provando a si mesma e sua
lealdade a sua família. Ela não estava com Kiril para se divertir. Ela tinha um
trabalho a fazer. Sua própria vida dependia disso. Sua família era uma das mais
poderosas do mundo dos Faes Escuros.
Ela já tinha envergonhado eles. Esta era sua última chance em todos os
sentidos.
Seu irmão, Farrell, esperava nos bastidores para ela estragar tudo até que ele
pudesse matá-la. Ele estava observando cada movimento seu, garantindo se ela
faria as coisas exatamente como instruídas e entregaria um Rei Dragão a seu pai.
Seiscentos anos com o anseio de tomar suas próprias decisões e ir e vir como
ela desejava. Seiscentos anos sem ninguém, só a si mesma por companhia. Ela foi
evitada por sua família durante toda a prisão.
Shara piscou e focou em seu prato de macarrão. Ela não podia deixar nada
estragar a sua missão, independentemente de quão bonito Kiril fosse ou quão
interessado, ele fingia estar.
— Família, Shara. É tudo que você tem. Esta é a sua última chance de provar a si
mesma. Não estrague isso. Você não vai gostar das consequências.
O aviso do Farrell soou em sua mente outra vez. Ela não podia estragar tudo
novamente. Farrell estava esperando que ela falhasse. Ele queria que fracassasse
para que pudesse acabar com ela como um embaraço para a família.
Não importa o quão atraente e tentador achava Kiril, ele era um Rei Dragão,
e os Escuros precisavam dele. E ela seria a única a entregá-lo.
— Obrigada pelo jantar, — disse ela. Ela viu sua garganta movimentando
quando ele engoliu o último gole de seu vinho.
Sua pele estava muito bronzeada e parecia ter um tom dourado nas luzes
fracas do restaurante. Farrell contou em detalhes sobre o tipo de mulheres com
quem Kiril foi visto. Nenhuma delas era Fae. Esse foi um dos motivos de uma
longa lista de razões do porquê Shara utilizou glamour. Kiril não iria rebaixar-se
para se associar com os Escuros. Nenhum Rei Dragão iria se associar com qualquer
Fae, para esse assunto.
Oh, ele podia falar com seu irmão no pub, mas nunca o levaria para um
jantar. Ou para sua cama. Ela gostaria que ele pudesse vê-la realmente, porque ele
foi o primeiro em seis séculos. Mas no final não importa o que ele viu. O fim
justifica os meios.
Sua voz, profunda e sedutora, fez arrepios subirem por sua pele. Seu sotaque,
espesso e provocador, deixou suas pernas fracas. Maldito seja ele por afetá-la desse
jeito, mas então o que ela esperava depois de finalmente estar livre de sua prisão?
Qualquer pessoa provavelmente iria fazê-la se sentir assim. Kiril não era ninguém
especial.
O plano era ela provocá-lo e ir embora, mas quando ele a convidou para
jantar, ela não foi capaz de recusar compartilhar um agradável jantar com um
homem como Kiril. Além disso, era um tempo sozinha com ele. Agora era hora
de ela ir embora.
Ele jogou um maço de dinheiro sobre a mesa e se levantou. Shara olhou para
a mão que ele estendeu para ela. Ela lembrou o seu toque em sua pele muito
claramente. Segurando seu braço enquanto a levava para o restaurante era uma
coisa, mas ela ousaria pegar a mão dele? O calor, a força. Isso a fez sentir como se
suas entranhas se transformassem em geleia.
Se ele podia fazer isso com um simples toque de sua mão, como seria em
seus braços, seus lábios nos dela? Sua pele deslizando contra a dela? Seu pênis
enchendo-a?
Suas pernas tremeram um pouco quando ela se levantava. Ela ia ter que fazer
algo sobre suas necessidades antes de vê-lo novamente. Estando tão perto de seu
magnetismo, a confiança masculina pura que ele exalava era inebriante. No
entanto, foi o seu sex appeal, a sedução viril que lhe roubou o fôlego e fez uma
piscina de desejo abaixo em sua barriga.
Seus dedos longos envolvidos em torno de sua mão. Ele puxou-a para si até
que seus corpos ficaram a um milímetro de se tocarem. Seu olhar deslizou para
ela, sugando até que ela estava se afogando em seus olhos verdes como trevos. O
mundo gradualmente desapareceu.
Então ela piscou e a realidade caiu ao seu redor. Se ela não colocasse algum
espaço entre ela e o Sr. Sexy ela estaria indo fazer algo realmente estúpido. Mais
uma vez. Tudo porque seu corpo estava fora de controle.
Felizmente, ele caminhou até a porta do restaurante. Quando saiu, ela estava
grata pela brisa e a água que refrescaram sua pele quente e limpou a cabeça confusa.
Ele não largou a sua mão como ela esperava. Em vez disso, ele apertou sua
mão uma fração a mais. — Então você vai embora? Bem desse jeito?
Ele não tinha ideia de como queria derreter-se contra ele e pedir-lhe para
fazer o que quisesse com ela. Por seis séculos ninguém a tocou. Ele não tinha ideia
de quão desesperadamente queria sentir mais dele. Ir embora? Ela não podia fazê-
lo.
Mas ela tinha que fazer. Shara agarrou o último resquício de seu controle e
segurou firme. — Foi uma noite incrível.
— Realmente foi. — Ele parecia tão surpreso quanto ela com suas palavras.
— E não seria muito galante de minha parte não levá-la para onde você quer ir.
Isso a fez sorrir. Deixe o Rei Dragão pensar que ela precisava de sua ajuda.
— Eu conheço bem estas ruas, mas agradeço a oferta.
— Parece que eu não tenho nenhuma outra desculpa, — ele disse e levou a
mão à boca. — Boa noite, Shara.
Shara teve que engolir antes que ela pudesse encontrar sua voz. — Boa noite,
Kiril.
Shara levantou uma de suas mãos diante dela para vê-la tremer. Ela pensou
que ele poderia exigir que revelasse quem ela realmente era depois do jantar,
quando ele parecia olhar tão fixamente para ela. Sua artimanha funcionou, e por
causa disso, Farrell esperaria que ela a jogasse novamente.
Não havia nada que ela não faria por sua família. Família era a vida no mundo
Fae. Eles lhe pediram para desempenhar um papel para derrubar um Rei Dragão,
e ela não iria falhar com eles.
Shara caminhou para o final do beco e virou à direita só para ficar cara-a-
cara com o rosto lívido de Farrell. Ela conhecia seu ódio, sabia como ele procurava
fazer com que toda a glória ficasse com ele para que o seu pai o favorecesse. Há
muito tempo ela procurou por ele, mas isso foi há muito tempo atrás. Agora, ela
mal conseguia ficar perto dele.
Ele empurrou seu antebraço sob o queixo e bateu-a contra a parede de tijolos
violentamente. — Nós tínhamos um plano. Tudo o que tinha a fazer era cumpri-
lo.
— Ele era o plano, — disse ela enquanto empurrava contra seu braço.
Farrell sempre gostou de tentar machucá-la. Era o jeito dele, um jeito que ninguém
na sua família questionava. Mas ela nunca foi a fêmea mansa esperada de uma
Escura. — Eu mudei as coisas ao longo do encontro mais cedo. A ideia é capturar
um Rei Dragão. Eu não acho que o Pai se importa como nós vamos fazer isso.
Ele grunhiu e girou longe dela. — Você parecia muito faladora com ele
durante a refeição. Casual mesmo. O que ele disse para você?
Farrell se sacudiu ao redor. — Você está tentando ser engraçada? Você não
vai estragar isso para mim, Shara. Eu não vou deixar.
— Eu posso ter sido trancada por seiscentos anos, mas por mais mil antes
disto eu estava por conta própria, Farrell. Eu conheço os homens. Lembro-me de
como flertar, como usar o meu corpo. Eu fiz tudo certo.
Farrell apontou o dedo na cara dela. — É melhor você ter feito um trabalho
tão bom que ele esteja procurando por você amanhã à noite.
— Eu sabia que você era a mulher errada para isso, mas o pai foi inflexível,
— Farrell disse com desprezo e deixou cair a mão.
— Quando Kiril não me encontrar amanhã à noite, ele vai voltar na próxima
noite à procura. Quanto mais tempo eu deixá-lo esperando, mais ansioso ele vai
ficar para me encontrar.
Shara ainda estava no beco muito tempo depois que Farrell se afastou. Mas
não era nas suas palavras ela estava pensando. Era em Kiril e seus olhos de trevo-
verde.
Kiril estava irritado e no limite quando entrou no an Doras. Ele deveria ter
ido para casa depois de sua refeição com Shara, mas se os Escuros queriam jogar,
ele estava mais do que disposto. Disse a si mesmo que era porque enviaram uma
mulher para seduzi-lo, mas a verdadeira razão foi a reação inevitável a Shara.
Ele não queria que ela se afastasse. Na verdade, ele tinha quase a seguido.
Kiril não tinha certeza do que ele procurava nela, apenas que queria passar
mais tempo com ela. E não apenas porque ele estava espionando os Escuros, mas
porque gostava de sua companhia.
Talvez fosse às últimas semanas por conta própria, incapaz de mudar estava
fazendo-o perder a sua vantagem. Razão pela qual ele estava ampliando o porão
debaixo de sua casa. Se ele não podia voar, a adega iria, pelo menos, permitir que
ele mudasse para a forma de Dragão e aliviar um pouco sua frustração.
Kiril apertou os dentes para evitar atacar Farrell. O Escuro tinha um talento
especial para se aproximar quando Kiril menos queria sua companhia. Que passou
a ser o tempo todo.
— Não esta noite. — Kiril caminhou para o bar e tomou uma cadeira vaga,
enquanto chamava o barman.
Ele era conhecido no pub, então não teria que dizer ao barman o que queria.
Em questão de momentos um copo de uísque, infelizmente Irlandês, estava
situado em frente a ele. Kiril bebeu em um gole e levantou o copo vazio para outro.
— Um pouco mais de uísque deve cuidar disso. Diga-me, meu amigo, quanto
tempo você vai ficar na Irlanda? — Perguntou Farrell.
Kiril acenou para o barman para mais uma dose antes dele virar a cabeça
para Farrell. — Eu não sei. Eu não costumo colocar um calendário nas coisas.
Kiril fez tudo o que podia para não rolar os olhos e rir sem rodeios. Ele sabia
exatamente o que era, uma armadilha para capturá-lo. Ele não tinha a informação
que precisava, bem como descobrir onde Rhi estava, ele poderia ter que ir a essa
festa.
Foi quando o conhecimento bateu em Kiril. Foi Farrell, que enviou Shara.
Ele não viu aquilo como uma grande surpresa. Ele especulou que Farrell iria
utilizar todos os recursos para capturá-lo.
Com tantos Escuros como tinham no pub, eles poderiam tentar levá-lo.
Toda a cidade de Cork fervilhava de Escuros. Eles poderiam tentar prendê-lo sem
ir a tais extremos.
Kiril quase sorriu quando entendeu. Eles procuravam por algo escondido
pelo Rei dos Reis. Se nem Kellan nem Tristan deram aos Escuros a resposta
quando eles usaram a força, os Escuros estavam tentando outra tática.
Que pena seria quando percebessem que ele não iria dizer-lhes nada, porque
ele não sabia a resposta. Apenas dois Reis Dragões sabiam o que quer que fosse
que os Escuros procuravam: Kellan e Constantine.
Kellan, porque ele manteve a sua história, mas ele não revelou nada, e Con
nunca o diria a qualquer um.
Ia ser alguns dias infernais.
Kiril rolou de costas e abriu os olhos para olhar para o teto de seu quarto
com um gemido. Ele jogou o braço sobre os olhos para bloquear a luz do sol que
entrava através das muitas janelas do quarto. Para sua decepção, Farrell deixou o
pub mais cedo.
Teria sido fácil de encontrar outro Fae Escuro para interagir, mas Kiril
descobriu que sua mente estava em outras coisas, mais corretamente, em outra
Escura.
Nem mesmo no sono ele poderia ficar longe dela. Shara apareceu em seus
sonhos. Ela ficou fora do caminho, longe de tudo. Não importa quantas vezes ele
tentou chegar perto dela, ele não conseguia fechar a distância.
Kiril sentou-se e passou a mão pelo cabelo. À luz da aurora, Shara ainda
estava em sua mente. Ela era uma Escura, uma espiã enviada para monitorar um
espião. A ironia não passou despercebida. Ainda assim, ele queria mais tempo com
ela. Para ouvi-la rir, para ver seu sorriso... Para sentir sua pele sedosa sob a palma
da mão novamente. Era uma loucura, mas não havia como negar a verdade.
Seu olhar foi imediatamente para a grande janela com vista para a extensão
do gramado que se estendia além da casa. Ele brevemente colocou de lado a toalha
e saiu do banheiro para as portas duplas em seu quarto que levaram para uma
varanda.
Kiril brevemente pensou em deixar de fora Shara, mas se ele fosse tomado
pelos Escuros, os Reis precisavam saber quem procurar. — Os Escuros tentaram uma
nova tática na noite passada.
Houve uma longa pausa antes de Con dizer, — Você os fez saber que gosta de
uma mulher em seus braços, portanto isto não me surpreende.
— Ela usou glamour para tentar esconder os olhos vermelhos e a prata em seu cabelo.
Con suspirou alto. — Nós deveríamos ser gratos que seja fácil de detectar um Fae
Escuro. Se o uso de magia negra não pudesse alterá-los, estaríamos fodidos. Conte-me sobre a
mulher.
— Shara. O nome dela é Shara. — Kiril vestiu uma calça jeans desbotada e
uma camisa verde escuro. Ele saiu do quarto e desceu a escadaria curva para a
cozinha, onde o cozinheiro deixou à sua espera o café da manhã.
— Isso é tudo o que você vai dizer? — Perguntou Con, sua voz profunda irritada.
— Eu a levei para jantar. Principalmente porque queria ver o que ela podia revelar.
— Kiril, você não é conhecido por ser imprudente, mas está profundamente em território
Fae Escuro. Estamos muito longe de você. Certifique-se sobre isso antes de tentar qualquer coisa.
— Aviso registrado, Con. Shara é o nosso bilhete da sorte. A propósito, alguma notícia
sobre Rhi? Eu não tenho nenhuma, não ouvi nada desde a noite em que ela foi feita prisioneira.
— O que é? Você encontrou mais pistas que apontam para Ulrik como aquele tentando
nos revelar ao mundo?
Ulrik. Ele era um Rei Dragão que foi traído por um ser humano e retaliou
com a guerra. Ulrik não cedeu, e Kiril e os outros Reis não tiveram escolha, senão
tirar a sua magia. Apesar de parte da fúria de Ulrik ser devido ao fato de que
mataram sua mulher por sua traição. Eles fizeram por amor e amizade, mas Ulrik
não viu isso dessa maneira.
Kiril fez uma pausa enquanto ele pegava sua caneca de chá. Mais uma vez.
Os Silvers mudaram novamente. A implicação era difícil. Os Silvers foram
Dragões de Ulrik. Os quatro dos maiores Silvers foi capturado e enjaulado após a
mágica Dragão de Ulrik ter sido neutralizada.
Em seguida, o resto dos Reis Dragões usaram sua magia para colocar o
Silvers para dormir profundamente nas montanhas sobre Dreagan. Enquanto os
Reis Dragões permanecessem em Dreagan, a magia em torno do Silvers iria
perdurar.
Poucos meses depois, Guy se apaixonou por Elena, em seguida, Banan para
Jane. Um ano depois Kellan caiu perdidamente apaixonado por Denae, em
seguida, Tristan seguiu o exemplo com Sammi, a irmã de Jane.
— Você é o único dos Reis Dragões em Dreagon— Con apontou. — Eu sei por que
você está se colocando no meio dos Escuros, mas não acredito que vale a pena. Venha para casa,
Kiril.
— Valer a pena? — Ele repetiu incrédulo. — Kellan foi sequestrado pelos Escuros.
Tristan foi enganado e veio para eles, porque eles tinham Sammi. E agora eles têm Rhi. Você
não acha que vale a pena? Eles vão tomar outro de nós, Con. Quantas vezes mais podemos vir
para a Irlanda e resgatar nossos irmãos antes de sermos vistos? Quantas mais vezes podemos
fugir antes dos Escuros ficarem mais espertos e capturarem mais de nós?
— Eles levaram dois de nós durante as guerras Fae, Kiril. Eu sei que você se lembra
disso. Você quer que isso aconteça de novo? Podemos ser imortais, mas eles quebraram as mentes
daqueles dois Reis e eles vieram nos atacar. Eu não gostei de matar nossa própria raça, mesmo
que seja uma morte por misericórdia.
— Eu não vou sair da Irlanda. Shara é meu caminho mais fundo no mundo dos Escuros.
— Deixe-me enviar Ryder ou Darius. Eles podem cuidar de suas costas.
Ele olhou para sua caneca de chá e o vapor saindo do líquido. Os Silvers se
movendo o fez pensar em seus próprios Dragões. Kiril muitas vezes entrou na
caverna que guardava os Silvers para vê-los. Havia uma chance de que eles nunca
mais poderiam ver seus próprios Dragões, nunca mais ver o laranja queimado de
suas escamas brilhando ao luar.
Kiril sacudiu a cabeça e fechou essas memórias. Ele tinha que se concentrar
nos Faes Escuros e sua obsessão com a captura de um Rei Dragão. Seria bom se
ele soubesse o que era que procuravam, o que eles acreditavam que os Reis
escondiam. Não havia dúvida de que Con poderia ter escondido algo se ele sentisse
que faria com que outros seres ganhassem a vantagem em outra luta.
Kiril muitas vezes se perguntou se não poderia ter sido útil deixar os seres
humanos destruírem-se, assim os Dragões poderiam voltar e a Terra seria mais
uma vez o farol de luz no universo.
Apesar de seu apetite ter ido embora, ele comeu o prato de comida e bebeu
duas xícaras de chá, antes que fosse para o escritório. Ia ser um longo dia de espera
até a noite chegar para que pudesse ver Shara novamente.
No entanto, este era um tempo em que Shara desejou que ela não residisse
na mesma casa que seu irmão, pais, tias, tios e primos. Não estava apenas lotado,
mas todos os olhos estavam sobre ela, vendo o que fazia, ou deixava de fazer.
Shara olhou para as paredes do seu quarto espaçoso. Elas foram pintadas de
um vermelho escuro, como o resto da casa. Os Fae Escuros preferiam cores mais
escuras, se afastando de cores pastel porque eles associavam a fraqueza com essas
cores.
Ela caminhou até o espelho pendurado em sua parede e olhou para si mesma.
Os olhos vermelhos olhando para ela não possuía a crueldade ou a malícia que seu
irmão tinha. Pelo menos ainda não. Eles teriam, eventualmente, se ela continuasse
no caminho que sua família colocou diante dela.
Era um caminho que ela não pensou duas vezes a respeito enquanto foi
essencialmente esquecida, enquanto seus pais e irmãos mais velhos jogavam o jogo
da política e juntou-se nas guerras intermináveis. Shara nasceu quase um século
depois de Farrell, e seus pais rapidamente empurraram-na aos cuidados de uma
babá.
Shara lembrou aqueles dias de liberdade. Nenhum cuidado no mundo a
tocou. Ela era boa em seus estudos, o que lhe dava tempo suficiente sempre que
quisesse. Ela passou a maior parte de seus anos mais jovem ali mesmo na Terra
absorvendo as culturas diferentes que todos eles tinham para oferecer.
Ela aperfeiçoou sua magia, fazendo seus tutores orgulhosos, mesmo que ela
nunca recebeu mais que uma mensagem de seus pais. Eles raramente voltavam
para sua casa na Terra, enquanto eles conspiravam para a família estar cada vez
mais alta na hierarquia social do mundo dos Faes Escuros.
Ela tinha amigos humanos, e à medida que crescia, amantes humanos. Seus
tutores lhe ensinaram o código de um Fae Escuro, e os poucos amigos Fae que
tinha, nunca entendiam por que ela fez amizade com os seres humanos. Shara não
pensou nada sobre isso. Até que seus pais voltaram.
Por mais de mil anos, ela foi ignorada, esquecida pelas realizações de seus
irmãos mais velhos. Shara acordou a cada dia esperando que fosse o dia em que
sua família voltasse para ela e a levasse com eles. Ela não percebeu o quanto tinha
independência até que seu desejo se realizou.
Cinco de seus irmãos mais velhos foram mortos em uma guerra, e sua família
retornou para a Terra para se lamentar e reagrupar. Shara sentou animadamente
na sala de estar de sua mãe esperando por ela para finalmente trazê-la para o
rebanho.
Ela esteve fora de si de alegria ao receber sua primeira tarefa. Ela não piscou
um olho quando foi condenada a sequestrar cinco machos humanos. Naquela
noite, ela completou sua tarefa e viu seus olhos mudarem de prata ao vermelho.
A atribuição foi fácil o suficiente para que ela estivesse ansiosa por mais.
Shara até provou de um homem quando estimulada por seu primo. O sexo foi
bom, mas ela não entendeu por que seus amigos queriam os seres humanos tão
desesperadamente.
Sua segunda tarefa foi trazer cinco fêmeas humanas para a sua casa no
mundo Fae. Assim que ela trouxe-as através de uma porta Fae, uma grossa mecha
de prata apareceu em seu cabelo.
Ela sabia o que seria feito com as fêmeas a partir de seus estudos, mas ela
nunca viu antes. Depois que entregou os seres humanos, ela tentou sair, de repente
doente com o que fez. Farrell parou a, fazendo-a assistir. Sentiu nojo ao ver as
almas sendo drenadas das mulheres tão rapidamente.
Shara tentou dizer a si mesma que não era diferente do que a fêmea Escura
fez para os machos, mas não foi. Ela ficou tão enojada com o que seus membros
masculinos da família fizeram, que quando eles finalmente saíram da sala, Shara
esgueirou para dentro para liberar as mulheres. Mas já era tarde demais para elas.
Suas almas se foram e suas mentes estavam destruídas.
Sua única opção era dar-lhes a morte. Ela não hesitou em matá-las para
acabar com seu sofrimento. Houve uma medida de alívio no que ela fez. Mas sua
família não pensou o mesmo.
Farrell exigiu sua morte, como tinha muitos outros de sua família. Seu pai
discordou, e transmitida a punição de solidão para pensar sobre seus crimes. Por
seiscentos anos, ela foi mantida acorrentada em seu quarto. Foi apenas duas
semanas atrás, que ela foi liberada. Com uma nova atribuição ‘Kiril’.
Esta era sua chance de provar que ela era parte de sua família, um membro
válido que iria exercer as suas funções. A Escura leal que abraçaria seus caminhos,
tomando os seres humanos porque era seu direito.
Era também a única maneira que eles iriam abrandar a seu controle sobre
ela.
Não importa o quão atraente Sr. Sexy era, ela não ia atrapalhar novamente.
Ela valorizava sua liberdade demais. Ela queria ir e vir como quisesse, e isso não
aconteceria até Kiril ser entregue nas mãos de seu pai.
Ela sacudiu os longos fios de seu cabelo sobre os ombros. Foi o uso da magia
negra cheia de maldade que fez os olhos vermelhos e os cabelos prata nos Escuros.
Quanto mais prata, mais maldade fez um Escuro. O cabelo da mãe e do pai era
completamente prata, e Farrell estava ganhando a cada dia mais.
Shara não combinava com apenas uma única mecha grossa de prata que
corria ao longo do lado esquerdo do seu rosto. Ela era uma fraqueza para sua
família que precisava ser sufocada.
Se Farrell tivesse uma chance, ela teria morrido na noite em que matou as
fêmeas humanas. Ele a odiava, e disse-lhe muitas vezes que ela enfraqueceu o
nome de família. Um movimento errado, e ela sabia que Farrell não iria esperar
por uma decisão da família sobre seu destino.
Ela não podia permanecer em seu quarto mais e deixar tais pensamentos
enchê-la. Quando ela abriu a porta, um primo distante montava guarda. Mesmo
agora, ela não tinha tanta autonomia.
— Eu quero dar uma olhada na casa de Kiril enquanto ele está fora a noite,
para que eu conheça o layout.
Seu primo pensou sobre suas palavras antes que concordasse. — Eu te levo
lá.
Foi quando Shara percebeu a única maneira de ficar longe dos Faes Escuros
por alguns minutos era estar com Kiril. Sozinha.
Em sua casa.
Ela mordeu o lábio para não sorrir quando um plano começou a se enraizar.
As sandálias pretas de Shara não faziam um som enquanto caminhava no
bosque atrás da casa que Kiril comprou. Toda a propriedade abrangia cinquenta e
três acres2. Era uma mistura magnífica de jardins, gramados e canteiros de flores.
Ela caminhou ao longo de um caminho pitoresco ao lado de um riacho com uma
abundância de arbustos silvestres e árvores. Mesmo na calada da noite, o lugar era
encantador.
Shara enfrentou a casa e viu a piscina através das árvores. Ela tinha o desejo
insano de despir as suas roupas e mergulhar. O que Kiril faria se ele chegasse em
casa e a encontrasse na piscina? Será que ele iria expulsá-la? Juntar-se a ela?
A beijaria?
Ela empurrou de lado tais pensamentos e olhou para o céu. A lasca de lua
lhe proporcionou a cobertura da escuridão, enquanto seguia o caminho para a casa.
2 21,44 hectares
Nenhum dos outros Escuros iria incomodá-la. Eles conheciam a sua missão,
e sua família manteve suas indiscrições de fugir para os outros. Somente aqueles
que a guardavam sabiam quão apertada a rédea era.
Pelo menos Farrell não estava lá para segui-la como um cão a cada passo e
questionar cada movimento dela. É assim como ela sabia que Kiril não estava em
casa. Farrell estava sempre perto dele, sempre dentro do alcance fácil de tomar o
Rei Dragão.
Shara saiu da savana arborizada para o gramado bem cuidado. Ela caminhou
ao redor da piscina. Pequenas luzes foram colocadas em vasos ao redor da água e
escondidas pelas flores e folhagens.
Ela foi para as portas duplas que levavam à piscina e colocou a mão sobre a
madeira para sentir as fechaduras ou sensores de segurança. Um sorriso puxou
seus lábios quando não sentiu nenhum dos dois. Kiril era ou tolo ou sabia que
venceria um ser sobrenatural que se atrevesse a entrar no seu domínio.
Isso lhe deu uma pausa, por causa do que ela sabia do Rei Dragão, ele não
era nada tolo. E se ele soubesse que os Escuros estavam observando? Para vir para
a Irlanda, onde os Faes, especialmente os Escuros afirmavam ela como sua própria
terra era pura insanidade.
O fato de que ele deixou sua casa desbloqueada revelou que não se importava
que entrassem. E sabia que alguém o faria.
Shara se perguntou se quaisquer um dos outros Escuros ousaram, ou se ela
foi a primeira. Esperava que ela fosse a primeira, porque era uma invasão de
privacidade. Os outros provavelmente destruiriam coisas ou iriam usá-las contra
Kiril.
Shara desejava muito não usar nada contra Kiril quanto ela queria saber mais
sobre ele para que pudesse cumprir a sua missão.
Mesma porcaria. Mentir para si mesma não vai tornar as coisas melhores.
Ela realmente odiava quando estava certa. Depois de respirar fundo, Shara
abriu a porta e entrou na casa de dois andares. Dentro era tão impecável como ela
esperava. A mobília era simples, nada chamativa ou muito moderna. As cores
escuras, linhas limpas. As imagens eram de paisagens ou edifícios. Era o mesmo
de sala em sala, apenas as cores mudaram.
Ela parou quando chegou ao hall de entrada. O piso era de mármore cinza e
um enorme lustre pendurado acima dela. A escadaria curva elegantemente levando
para o segundo andar.
Seu quarto.
Ambos ansiosa e nervosa, Shara correu para as portas e as abriu. Ela ficou
ali olhando para o enorme quarto. Era quase espartano na aparência. A cama king-
size estava a direita com uma vista perfeita através da grande janela para os jardins
em volta. Shara se moveu para a cama e passou a mão sobre o edredom preto,
imaginando como seria Kiril em sua cama.
Shara empurrou seu olhar para longe da cama e engoliu quando ela tentou
fazer com que seu corpo ficasse sob controle. Kiril era perigoso para seu corpo e
sua mente. Era algo que sua família nunca poderia saber.
A lâmina era limpa e nítida como se nada estragaria o aço até que ela alcançou
o topo, onde viu nós celtas e alguma linguagem que não reconheceu.
Ela nunca ouviu falar dos Dragões colocando sua língua em uma forma
escrita, mas ela não se surpreendeu. As palavras fluíram elegantemente, com um
floreio que revelava uma raça antiga e uma infinidade de sabedoria.
Shara queria saber o que a escrita dizia e o significado dela para Kiril. Não
havia nada na casa que remotamente parecia um Dragão, exceto a espada. A espada
foi deixada à vista. Assim era óbvio a maioria das pessoas teriam passado o olhar
direto sobre ela e não pensariam duas vezes sobre isso. Mas ela estava procurando
por algo que era dele.
Kiril desejou uma chance para que pudesse encontrar a Fae Escura de novo,
mas não importa onde ele olhou, ela estava longe de ser encontrada. Era quase
como se ela estivesse se escondendo dele.
Ele estava irritado e indignado. Era hora de voltar para a fazenda longe das
pessoas, mas mais especialmente dos Escuros antes que ele fizesse algo estúpido
como gritar o nome dela subindo e descendo as ruas.
Kiril parou, seus músculos apertando por um segundo. Por que será que
Farrell estava sempre próximo? Não importa onde Kiril fosse ou o que ele
estivesse fazendo.
Ele se virou para o lado e olhou para Farrell. O Fae Escuro puxou para trás
seu cabelo manchado de prata. Seu olhar vermelho olhou para Kiril com uma
mistura de confiança fria e segurança, como se o bastardo pensasse que já o
apanhou.
— Não há nenhuma mulher no seu braço hoje à noite. Não me diga que
você já foi amarrado?
Kiril parou novamente. Sua mente imediatamente pensou em Shara. Ela era
uma armadilha, e ele tinha certeza de que sua ausência naquela noite foi de
propósito. Ele iria jogar junto por enquanto, mas ele precisava mantê-los em suas
mãos.
A viagem para casa foi sem intercorrências e em bom tempo. Ainda assim,
Kiril não baixou o teto do carro. Era uma grande tentação ver o céu e não ser
capaz de voar. No momento em que virou na estrada que o levaria para sua
propriedade, ele estava de mau humor. Pelo menos ninguém iria vê-lo em tal
estado. A equipe dos Escuros não chegaria até antes do amanhecer como fizeram
seis dias por semana.
Normalmente ele amava conduzir ao longo das estradas em seu carro, mas
havia uma inquietação sobre ele naquela noite que não podia nomear ou apagar.
Ele saiu do carro e correu até os degraus de frente para a porta.
Kiril subiu as escadas para o quarto e estourou através das portas. Seu olhar
foi para a sua espada para encontrá-la exatamente onde ele deixou. Um longo
suspiro de alívio fluiu através de suas veias. Ele caminhou em direção à espada,
mas quando chegou à cama, ele parou.
O cheiro era forte aqui. Quem quer que tenha entrado em sua casa passou a
maior parte do tempo em seu quarto. Kiril inspirou profundamente e aspirou o
perfume de prímulas e do mar ....
Shara.
Ela estivera em sua casa, em seu quarto. Seu olhar voltou para a cama. Na
noite anterior, ele sonhou em levá-la em sua cama, acariciar sua pele cremosa,
deslizar as mãos em seu cabelo preto longo e beijá-la até que ela se agarrasse a ele,
pedindo-lhe para enchê-la.
Sabendo que ela esteve de pé em seu quarto, perto de sua cama fez seu pau
imediatamente duro e dolorido. Kiril fechou suas mãos com força e raiva o encheu.
Shara não teve tempo de responder enquanto Farrell a empurrava por trás
antes de agarrá-la pelos ombros e girá-la antes de bater com as costas contra a
parede do corredor de sua casa.
— Eu sabia que você estava vigiando Kiril, então queria dar uma olhada
onde ele vive para conhecer melhor a minha presa, — ela respondeu com raiva.
A veia em sua têmpora pulsava, uma indicação de que ele estava além de furioso.
Bom, desde que ela agora também estava.
— Ele não é um homem que gritaria quem ele deseja ou não, especialmente
para o inimigo.
Foi a coisa errada a dizer. O soco veio para o lado dela antes que ela pudesse
se preparar para isso. Shara dobrou com a dor que tornou difícil para respirar.
Ele não ia deixar Cork sem vê-la novamente. Ele não se importava se tivesse
que vasculhar cada negócio, cada pub, e até cada casa. Não importava quantas Faes
Escuras ficassem em seu caminho.
Ele. A. Encontraria.
Se ele não tivesse tão cansado, se ela não tivesse estado em seu quarto, ele
podia ter percebido o quão perto do limite estava. O fato de que sabia que estava
à beira de perder o controle não passou despercebido por ele.
Shara queria alguma coisa dele, e ele queria algo dela. Se ele permitisse, eles
poderiam dançar em torno disso por dias ou semanas. Kiril não tinha certeza
quanto tempo ele poderia permanecer na Irlanda.
Ele pode ter dito a Con mais cedo durante o bate-papo da manhã que ele
estava bem. Ele não estava. Estava ficando cada vez mais difícil manter-se em
forma humana, e seu trabalho na adega não estava se movendo tão rapidamente
quanto queria.
Claro que, com a observação dos Escuros, ele teve que tomar o seu tempo e
não deixá-los perceber o que estava fazendo. O tempo estava se esgotando. Se ele
não soubesse onde Rhi estava antes que fosse tarde demais, tudo o que fez seria
em vão.
Ele dirigiu seu Roadster SLS pelo mesmo trajeto, como fazia todas as noites,
atravessando a ponte para o centro da cidade de Cork e estacionou. A diferença
foi que ele não estacionou no mesmo local que esteve nos últimos dias. Ele
escolheu o outro lado da cidade.
Quantos estariam assistindo Shara? Porque ele sabia que ela estaria lá. A raiva
de Farrell foi palpável na noite anterior. Eles pensaram que ele caiu viciado na
primeira noite com Shara, e ele os fez pensar de forma diferente. Eles iriam colocá-
la de volta para fora, naquela noite, assim como ele queria que eles fizessem.
Sua ira cresceu quanto mais tempo ele andou sem encontrar Shara. Até que
virou uma esquina e viu-a. Era como levar um soco no estômago, assim como a
primeira vez que a viu.
Ela usava um vestido sem mangas escuro ouro que deslizou sobre suas
curvas com um V profundo na frente mostrando um amplo decote. Kiril reprimiu
um gemido de aprovação. Seu cabelo estava solto sobre os ombros e desenhando
grossas ondas. Brincos de ouro moldados em uma linha fina pendiam de suas
orelhas, e a única outra peça de joia era um bracelete de ouro no pulso direito.
Ela parou quando o viu, um sorriso lento em seus lábios. Como esperado,
ela teve seu glamour de volta, escondendo os olhos vermelhos e a faixa prata em
seu cabelo. Devia preocupá-lo que os olhos vermelhos não o incomodassem. Isso
significava que ela era do mal, fez mal, e mesmo assim ele não se importava.
Era assim que ele reembolsaria seus irmãos? Ele iria traí-los tão facilmente?
Se Rhys, Laith, Con, ou um dos outros estivessem com ele, eles iriam dizer-lhe em
termos inequívocos, para voltar a razão e parar de pensar com seu pau.
Con estava certo. Ele não podia fazer isso, e muito menos sozinho. Mas
trazer outro Rei Dragão para a Irlanda era pedir para ter problemas. Tinha que
haver outra maneira de encontrar Rhi e espionar os Escuros.
Ele começou a voltar para o seu carro com passos decididos. Nem uma vez
ele parou, nem mesmo quando ela chamou seu nome. Quando chegou à Mercedes,
descansou os braços no alto e baixou a cabeça em seu peito.
Pela primeira vez ele não se importava que vissem suas emoções conflitantes
ou o que pensavam dele. Eles poderiam todos se foderem.
— Kiril.
Ele apertou os olhos fechados. Não. Ela não poderia tê-lo seguido até o seu
carro.
— Por quê? — Ele perguntou e levantou a cabeça para olhar para ela. —
Porque nós nos conhecemos tão bem? Porque você é minha amiga?
Ela deu um meio passo para trás, mas ela nunca desviou o olhar. — Porque
eu pedi.
Ele se inclinou até que sua boca estava ao seu ouvido e sussurrou, — Me
seduzir foi ideia sua? Ou Farrell a enviou?
Ela tentou se afastar, mas ele a segurou rápido. Raiva brilhava em seus olhos.
— Por que você me levou para jantar, então?
Ele ouviu um tremor em sua voz? Ele espalmou a outra mão nas costas dela
e segurou-a mais apertado. — Aye, moça. Você pode dizer a Farrell isso, mas os
Escuros não vão me capturar.
— Você nunca deveria ter vindo aqui, — ela disse e se inclinou para trás
para olhar para ele.
— Você sabe mesmo o que está acontecendo? Você sabe que os Escuros se
alinharam com o MI5 e outra pessoa? Os Escuros não estão no controle. Eles
respondem a outros.
Ele trocou a mão de suas costas e a voltou ao redor para seu lado. Ela
estremeceu um pouco, e ele odiava a preocupação que o queimava. Sua mão parou
por uma fração quando veio para descansar em seu abdômen. Então, lentamente,
sem pressa, ele moveu a mão para cima, sobre os seios, sentindo o mamilo
endurecer quando o fez, contra o peito até que seus dedos estavam ao redor de
seu pescoço.
— Faça.
— Não.
Ele não tinha certeza se corria para longe dela ou para ela. Era estranho
encontrar uma Fae Escura que não implorava para viver ou trocar informações
para prolongar a sua vida.
— Porque eu pedi.
— Eu não posso.
— Você já disse. Não podemos continuar aqui como estamos. Você vai me
levar para um passeio ou me beijar?
Ele estava fazendo as duas coisas, mas o passeio não ia ser em seu carro.
Kiril a soltou. — Entre.
Shara tremia enquanto caminhava ao redor do carro. Ela estava tão abalada
que nem sequer percebeu que Kiril estava atrás dela até que ele abriu a porta do
carro para ela. Ela encontrou seu olhar verde, mas a raiva que viu anteriormente
desapareceu escondida mais uma vez. Ele esperou até que ela estivesse sentada no
assento de couro antes de fechar a porta e deu a volta para o lado do motorista.
Movia-se de forma fluida como um leão, tão furtivamente como um tigre, e
quem não viu a besta primitiva mantida firmemente dentro dele, era um tolo.
Ela não conseguia tirar os olhos de cima dele quando ele deslizou atrás do
volante e ligou o carro com um toque de um botão. Era a chance que ela estava
tomando para sair com ele. Ele reconheceu que ela era uma Fae Escura, e pior, ele
discerniu que foi enviada para seduzi-lo.
Por tudo o que sabia, ele poderia levá-la em algum lugar que ele planejava
mudar para um Dragão e levá-la para a Escócia. Era estranho como isso não a
incomodava como deveria. Família significava tudo. Certo?
Ela pensou que ser liberada e autorizada a participar de sua família iria
resolver os pensamentos conflitantes que a atormentaram todos aqueles séculos
de seu confinamento. Infelizmente, isso só estava piorando agora que ela conheceu
Kiril.
Ele dirigiu facilmente pelas ruas da cidade até chegar a uma estrada principal
para levá-los para fora da cidade sobre uma das muitas pontes.
— Cinco dos meus irmãos foram mortos nas guerras Fae. Meus pais se
juntaram na luta também, e eu fui deixada para trás novamente. Corri selvagem
esses anos, fazendo o que queria, sempre que queria.
Kiril usava uma carranca quando ele brevemente olhou para ela. — As
Guerras Fae duraram centenas de anos.
— Eu sei. Quando minha família voltou, pensei que as coisas mudariam, mas
não foi assim. Mais uma vez os meus pais focaram em ter os melhores filhos Fae
Escuros e tê-los perto de Taraeth. Mais dois de meus irmãos morreram na batalha
com outros Escuros por se colocarem ao lado do nosso líder. Para cada criança
que meus pais perderam, mais eles concentraram sua atenção sobre o próximo.
— Sim. Eu estava esperando por uma chance de ser uma parte da família
quando minha mãe finalmente me dedicou um tempo.
Shara sorriu tristemente para as mãos no colo. — Minha chance foi atrair
homens para o nosso mundo. Quando isso se mostrou bastante fácil, foi-me dito
para trazer as mulheres. Então eu fiz. Então meu irmão me fez ver o que eles
faziam para os seres humanos.
— Meus pais pensaram que era porque eu não fui disciplinada cedo o
suficiente.
— O que aconteceu?
Ela levantou os olhos para ver Kiril com uma mão no volante e com a cabeça
voltada ligeiramente para ela. — Eu terminei com o sofrimento dos seres
humanos. Desde que foi tudo feito dentro da nossa casa, nenhum dos outros
Escuros souberam. Meu irmão queria me matar, minha mãe queria me afastar, mas
foi o meu pai, que proferiu a punição.
— E essa foi?
— Eu estive trancada no meu quarto por seiscentos anos.
Shara riu quando olhou pela janela do passageiro. — Claro que não. Você
perguntou por que eu tinha tão pouca prata. Eu expliquei.
— E eu acho que sou a tarefa que vai colocá-la bem com a sua família?
— Sim.
Ela virou a cabeça para ele. — Então por que me trouxe com você esta noite?
Shara demorou a seguir o exemplo. Kiril esperou por ela no topo da escada
observando cada movimento seu. Ela engoliu em seco e olhou em volta antes que
caminhasse até ao lado dele. — Eu achei que você ia me levar para outro lugar.
Ele queria odiar o som de sua voz, mas encontrou-se ansioso para ouvir o
seu sotaque irlandês. Kiril virou a maçaneta e abriu a porta. — Nós temos mais
privacidade aqui.
Seus lábios se separaram em surpresa. — Então por que você ficou? Você
quer ser pego?
Kiril passou por ela para a casa. Ele sabia que ela viria a seguir. Foi a
curiosidade que levou-a para dentro. Quando ouviu a porta se fechar suavemente,
ele sorriu para si. Mas era porque ele sabia quais seriam suas ações? Ou foi porque
ele agora a tinha só para si mesmo?
Raiva. Sim, isso é exatamente o que fluiu através dele. Raiva e... Desejo. Ele
brevemente apertou os olhos fechados e tentou empurrar para trás a necessidade
arranhando através dele. Tentou e falhou. — Dois dos meus colegas Reis foram
levados recentemente.
— Ela?
Era uma pitada de ciúme que ele ouviu em sua voz? Kiril endireitou-se e
entrou na sala da frente, sem olhar para Shara. Ele parou no aparador com várias
garrafas de cristal cheios de licor. Serviu dois copos de uísque e virou-se.
Shara estava na porta, sua expressão fechada e seu corpo rígido. Bom. Ele a
queria fora de ordem. Ele queria que a Escura perguntasse o que ele estava
fazendo. Ele estendeu o uísque.
Ela não se moveu de seu lugar. — Você não vai acender as luzes?
Seus olhos queimaram. — Como você sabia? Não há câmeras. Eu usei minha
magia para procurar.
— Seu cheiro estava em todo lugar. — Kiril inalou, puxando o cheiro dentro
dele. Seu pênis inchou, aquecendo seu sangue.
Shara deu um passo apressado para trás. — Fae? Você está procurando um
Fae? Mas Reis Dragões odeiam todos os Faes.
— Quem te contou isso? Sua família? Nós desprezamos os Escuros. Os de
Luz... temos vindo a trabalhar com eles em algumas ocasiões. — Ela não precisava
saber que foi numa ocasião muito rara e apenas com Rhi.
Kiril olhou ao redor da sala escura. Ele caminhou até uma cadeira de couro
e se sentou, esticando as pernas na frente dele e cruzando os tornozelos. — Você
sabia que durante as guerras Fae os Escuros levaram dois Reis Dragões? Em
momentos diferentes, é claro.
— Eu suponho que eles escaparam? Você está me dizendo que não sabemos
como segurar um Rei Dragão?
Shara tomou um gole de uísque antes que dissesse: — Você perdeu dois Reis
e eu perdi sete irmãos.
Ele deu uma sacudida mental e voltou para a conversa. — Qual é o plano,
então? Será que os Escuros virão aqui como uma tempestade e tentarão me
capturar?
Shara andava pela sala, a mão deslizando ao longo das costas das cadeiras.
— Não.
Kiril girou em torno dela com tanta força que o copo voou de sua mão e
caiu em cima do tapete, derramando o uísque, mas não quebrou o cristal. — Diga-
me, — ele exigiu em uma voz suave e mortal.
Ele não podia mais negar o que queria. Talvez fosse a sua confissão. Talvez
fosse porque ele não voou para o céu em semanas. Fosse o que fosse, tudo o que
sabia era que ele tinha que tê-la ou ficar em chamas.
— Então me seduza.
Ela se deteve. Ela se manteve firme enquanto ele se aproximava. Ele reprimiu
um sorriso quando viu o pulso em sua garganta bater de forma irregular. Ela não
era imune a ele. Foi uma vitória, apesar de uma pequena. Ela era tão perigosa
quanto a sua missão, talvez até mais. E, no entanto isso não importava. Não havia
mais volta para ele. Ele sabia com uma calma que só sentiu uma vez antes, quando
ele tomou posse como Rei aos seus Dragões.
Ele olhou nos olhos dela, odiando que seu glamour impediu de vê-la como
queria por causa da cintilação fraca, mas inconfundível de sua magia. — Primeiro,
deixe cair o glamour.
Seus lábios ergueram-se ligeiramente nos cantos. O brilho que viu ao redor
dela, indicando que o glamour desapareceu.
— Melhor, — afirmou.
Seu pênis inchou. Sua beleza era tão surpreendente que ele ficou mudo,
imóvel sem fazer nada, só bebendo em seu esplendor.
Ela puxou a prata entremeada de seu cabelo. — Isto? E isto? — Ela
perguntou enquanto apontou para os olhos vermelhos. — Isto é melhor?
— Sim, moça. — Pela primeira vez, ele não ia mentir para si mesmo ou para
ela.
Kiril teve que se impedir de agarrá-la. Sua respiração tornou-se mais rápida,
o sangue pulsando em seus ouvidos. Dizer que ele a queria não estava nem perto
de descrever o desejo absoluto, a necessidade absoluta que o perseguiu, o levou a
reclamá-la. Não haveria fuga ou negação. Ela entrou em seu sangue, e ele teria um
sabor dela nem que fosse a última coisa que fizesse.
Shara sabia que estava caminhando em terreno perigoso. Não era Kiril que
ela temia, mas a sua própria reação a ele. Ele a enviou em direção ao desejo e a
paixão em uma velocidade que estava destinada a destruir um deles.
Nem mesmo esse conhecimento pôde fazê-la partir. Ela não permaneceu
porque era seu dever para com a sua família ou a sua missão. Ela permaneceu por
causa dele, o Rei Dragão que viu através de seu glamour e ainda a queria.
Shara já não podia esperar para ver o seu corpo. Ela puxou a camisa para
fora da calça e puxou-a aberta, os dois últimos botões voaram para saltar ao longo
do piso de madeira. Seus lábios se separaram quando ela pegou a espetacular
exibição dos músculos duros e a tatuagem de Dragão. Incapaz de ajudar a si
mesma, ela traçou a tatuagem, assustada com a tinta preta e vermelha misturadas.
Mas foi o próprio desenho do Dragão que fez arrepiar sua pele com
sensibilidade, apreciação.
Primitivo desejo.
Ela levantou os olhos para Kiril e respirou fundo quando o calor, a fome de
seu olhar se chocou contra ela. Era ardente, abrasador. Escaldante.
Não era como se ela não tivesse experimentado desejo antes, mas o que
estava acontecendo entre eles era em outro nível completamente. A intensidade a
assustava. No entanto, ela não podia sair, não importa o que sua mente advertiu
que ela fizesse. Porque ela o queria com um desespero que beirava a insanidade.
Ela ansiava.
Seu calor só alimentou sua paixão crescente a novas alturas. Tão perigoso
como era, ela agarrou-se a isso com ambas as mãos e segurou.
Shara gradualmente acariciou a mão para cima seu abdômen bem definido,
ao longo do seu peito duro até os ombros largos tal como fez para tirar o paletó.
Só que desta vez não havia nada entre ela e sua pele. Ela queria ver mais da pele
bronzeada pelo sol e deleitar os olhos na sua forma viril.
Ela empurrou sua camisa sobre os ombros e para baixo dos braços para se
juntar ao paletó no chão. Ele usava o terno como um homem nascido para isso.
Havia a sugestão do corpo por baixo, mas nada poderia retratar sua forma incrível
como o próprio homem nu.
Que loucura era ela pensar que poderia seduzir um homem como Kiril. Ele
exalava sexo e sensualidade como se criasse seu arsenal sozinho. Ele era o único
que seduziu, com um único olhar.
Por que ela levou até aquele momento para perceber, não tinha certeza. Nos
confins da sua casa, no calor da sua proximidade, seus problemas e preocupações
sobre sua família e futuro desmoronaram. Ela olhou em seus olhos e tornou-se
impotente, impotente para pensar em outra coisa senão nele.
Finalmente ele a tocou. Shara não podia parar o tremor de antecipação que
corria através dela, nem o suspiro que escapou de seus lábios. Seu sorriso de
satisfação só fez o desejo queimar mais brilhante.
Sua mão deslizou ao redor de seu pescoço até a parte de trás de sua cabeça,
onde seus dedos se fecharam em seu cabelo. Ele puxou a cabeça para trás, ao
mesmo tempo que puxou-a para frente para que seus seios raspassem contra seu
peito.
Shara estava sem fôlego, ofegante, enquanto aguardava ansiosa para o que
ele faria em seguida. Enquanto isso ela baixou as mãos até a cintura de suas calças.
A sensação de sua grossa excitação contra seu estômago a fez alcançar seu
membro. Ela colocou os dedos em torno de seu pênis através de suas calças e
apertou.
Ele puxou a cabeça dela para trás, fazendo com que ela arqueasse seu corpo
e seus seios empurrassem contra seu peito. Shara observava o desejo escurecer
suas feições, assistiu a paixão levá-lo em suas garras.
Ela passou a mão para cima e para baixo de seu comprimento duas vezes
antes de desabotoar as calças. Suas calças estavam penduradas precariamente na
cintura e quadris quando ela enfiou a mão na frente para envolver mais uma vez
os dedos em torno dele.
Com uma das mãos em seu pênis, ela levantou a outra mão e descansou no
meio das costas dele. Ela manteve ali por um momento antes de lentamente
acariciar para baixo até que chegou a bunda dura.
Ele abaixou a cabeça, seu olhar travado com o dela. Suas respirações se
misturavam, seus corpos se tocando da coxa ao peito. Shara tentou levantar a
cabeça para os lábios dele, mas ele não a liberou.
Seus pulmões sufocaram, seu corpo formigava enquanto ele pairava seus
lábios sobre os dela, apenas raspando levemente em sua boca.
Kiril foi chamuscado por dentro e por fora, e ele ainda tinha que reclamar
Shara como desejava fazer. Ela o tocou, tocou sua tatuagem, e o colocou em
sobrecarga. Sua respiração era irregular, a pele corada, e ainda assim ela não estava
nem perto de tão excitada quanto ele a queria, ou melhor, precisava dela.
Ele olhou para ela com a cabeça inclinada para trás e os seios pressionando
contra ele, e ele soube que não haveria maneira de se afastar dela agora, mesmo se
isso tivesse sido uma opção. Ele não aceitou a verdade até esse minuto.
Seu domínio sobre ela a mantinha imóvel, e até certo ponto exposta. Ela não
lutou contra isso. Não, ela aceitou como se ansiasse por ele, tanto quanto ele fazia.
Kiril sentiu como se um tapete tivesse sido puxado debaixo dele. Ele saiu à
procura de algo para aguentar na escuridão. E encontrou-o no mais improvável
dos povos, uma Fae Escura enviada para seduzi-lo.
Ele colocou seus lábios nos dela, um gemido enchendo o peito com a maciez
deles. Ele inclinou a cabeça e deslizou sua língua por seus lábios.
Foi muito, muito rápido. Kiril tinha que manter a cabeça, ou pelo menos
tentar. Ele terminou o beijo e soltou os cabelos, mas a manteve apertada contra
ele.
Seus escuros olhos vermelhos brilhavam com paixão, e seus lábios inchados
imploraram por mais beijos. Ele tocou seu pescoço. Seus olhos prenderam os dela,
desafiando-a a olhar para longe, enquanto acariciava com um dedo seu peito entre
os seus seios para parar no V do vestido.
A elevação de seus seios acenou. Ele deixou que o mesmo dedo deslizasse
sobre a parte de seu seio que saía do vestido. Suas bolas apertaram quando viu
endurecer o mamilo.
Kiril alcançou sua perna e começou a puxar sua saia entre os dedos até que
ele alcançou a bainha. Em seguida, deslizou a mão sob o vestido para cobrir sua
bunda. Sentiu só a pele, e sua excitação se contraiu enquanto pensava sobre ela
usando um fio dental.
Ele moveu a mão até o quadril à espera de sentir a beirada de sua calcinha,
mas mais uma vez encontrou apenas sua pele. Para saber que ela estava nua sob o
vestido.
Kiril terminou o beijo o tempo suficiente para arrancar o vestido por cima
da cabeça e atirá-lo de lado. Ela envolveu os braços em volta de seu pescoço e
beijou-o apaixonadamente, com fervor.
Não haveria mais espera, sem mais provocações. Kiril tinha que estar dentro
dela, tinha que senti-la ao seu redor. Ele tirou os sapatos, ao mesmo tempo em que
Shara fez o mesmo. Antes que ele pudesse baixar as calças, ela usou os dedos dos
pés para agarrar o material de suas calças em seus joelhos e puxar. Suas calças
caíram em torno de seus tornozelos.
Seus olhos, porém, estavam em seu corpo. Seus seios eram cheios sem serem
excessivamente grande. Seus mamilos, um rosa escuro, enrugado sob seu olhar.
Ele arrastou a mão pelo seu lado ao entalhe de sua cintura e sobre os quadris
alargando para suas pernas longas e magras. Com um toque na coxa dela, ela abriu
as pernas. Os cachos negros entre elas foram aparados ordenadamente e deu-lhe
uma boa visão do seu sexo, que brilhavam de excitação.
Kiril se moveu de modo que estava entre suas pernas e olhou para ela. Suas
mãos percorreram seu rosto, suas unhas raspando sua barba. Ela respirou fundo
quando ele se inclinou para frente e passou os lábios em torno de um mamilo.
Ele sugou forte antes de passar para o outro pico. Seus quadris se esfregaram
contra ele, lembrando-lhe que havia outra parte dela que ele queria provar.
Com seus lábios arrastando beijos por seu estômago, Kiril moveu suas coxas
sobre seus ombros. Sua cabeça levantou quando ela olhou para ele. O primeiro
toque de sua língua em seu sexo e sua cabeça caiu para trás, um gemido suave
saindo de seus lábios.
Kiril gostou da sua reação, mas ele queria que ela gritasse. Ele brincou e
chupou e lambeu até que ela estava se contorcendo. As costas arqueadas,
levantando seu torso fora do chão enquanto suas mãos mergulharam em seu
cabelo e segurou sua cabeça.
Seus gemidos rapidamente se transformaram em gritos suaves que encheram
a casa. Ele levantou os quadris com as mãos e a manteve imóvel enquanto lambia
seu clitóris. Ela colocou os pés em cima de suas costas enquanto seus gritos ficaram
mais altos.
E então ela estava gritando seu nome, seu corpo sacudindo com a força de
seu clímax. Kiril manteve a lambendo, prolongando seu orgasmo até que ela ficou
mole.
Ele levantou-se sobre ela, com a intenção de entrar nela quando de repente
ela se sentou e empurrou os ombros. Ele caiu de costas com um grunhido. Shara
estava de quatro, com os cabelos despenteados, quando se arrastou na direção dele.
Em todos os seus milênios de vida, nunca viu nada tão sexy. Seu pênis se
contorceu, e seu olhar baixou a sua inchada excitação.
Ela parou ao lado dele e passou seu olhar sobre ele. Kiril fechou suas mãos
nos seus lados, de modo a não tocá-la. Ela era uma criatura sexual, e a mulher
assertiva confiante ao lado dele estava o deixando louco de desejo.
Suas mãos vagavam livremente sobre o peito e abdômen. Ela passou muito
tempo olhando para a sua tatuagem de Dragão. Seu toque suave e gentil foi
arremessando-o para o seu próprio orgasmo, e ela ainda tinha que tocar seu pênis
novamente.
Mal o pensamento passou por sua mente quando ela o levou na mão. Ele
respirou fundo, preparando-se para as mãos. Sua respiração assobiou através de
seus lábios quando a sua boca deslizou sobre ele.
Kiril estava duro, seus músculos bloqueados enquanto ela balançava a cabeça
para cima e para baixo no seu pau, as mãos massageando seus testículos. Ele
pretendia permitir a ela todo o tempo que quisesse, mas ficou claro que ele não
poderia aguentar mais a doce boca.
Ele agarrou-a pelos ombros e levantou-a. Havia um sorriso nos lábios dela
quando ele a colocou no chão para que montasse sobre seus quadris, de costas
para ele.
Ela levantou-se de joelhos até que pairava sobre sua excitação e abaixou-se
nela. Kiril agarrou seus quadris e apertou. Ela era apertada e molhada. A sensação
dela deslizando para baixo dele era requintada.
Ele fechou os olhos e simplesmente apreciou a sensação dela. Uma vez que
ele estava completamente acomodado, ela girou seus quadris. Kiril gemeu e moveu
suas mãos para cima em seus seios. Ele revirou os mamilos entre os dedos e puxou-
a de volta contra ele.
Usando seus pés como uma alavanca no chão, ele bombeou seus quadris
com longas e lentas estocadas. Ela gemeu e arqueou as costas. Kiril alcançando
entre as pernas até que encontrou seu sexo e circulou seu polegar em torno de seu
clitóris inchado.
Ela atingiu o auge instantaneamente, seu corpo convulsionando em torno de
seu pênis, pelo que ele teve que apertar os dentes ou gozaria. Com as paredes de
seu sexo ainda apertando, ele os rolou e ficou de joelhos.
Ele levantou seus quadris e segurou os braços dela para mantê-los atrás das
costas. Kiril saiu dela até que só a ponta dele permaneceu, e então deslizou
profundamente.
Ela gemeu seu nome e empurrou de volta contra ele. Ele repetiu o
movimento e, em seguida, ficou imóvel. Ela gemeu e girou seus quadris para
seduzi-lo a se mover.
Kiril deixou a mão livre vaguear sobre seu traseiro. Ela era a perfeição
absoluta. Nenhuma outra mulher jamais o acompanhou durante o sexo como ela.
Ele estava relutante para que isso acabasse, porque temia uma vez que isto
terminasse – acabaria para sempre.
Mas seu corpo exigiu liberação. Ele não podia mais segurar. Ele começou a
se mover, construindo o seu ritmo a cada mergulho. Ele foi com mais força, mais
profundo e ainda assim ela se inclinou contra ele.
Kiril soltou os braços dela e segurou seus quadris com ambas as mãos
enquanto ele impiedosamente se movia dentro dela. Ele tentou segurar, mas era
como se ela soubesse e balançou os quadris.
Quando abriu os olhos, eles estavam de lados, seus corpos ainda unidos. Kiril
abraçou-a e fingiu que ela não era sua inimiga e que ele não teria que deixá-la.
Sua mão repousava na dela e ela de braços cruzados enlaçou seus dedos com
os dela. Minutos se passaram enquanto eles permaneciam como estavam sem dizer
uma palavra.
Foi o som de passos leves na parte de trás da casa que fez ambos separarem.
Kiril não se preocupou com roupas enquanto se manteve nas sombras e correu
para olhar para fora da parte traseira.
Havia dois Escuros que espiavam através das janelas para tentar dar uma
olhada neles.
— Que tal outra bebida? — Shara disse em voz alta a partir da sala de estar.
Os dois Escuros recuaram imediatamente. Kiril esperou até que eles estavam
mais uma vez na cobertura das árvores antes que ele se virasse e caminhasse de
volta para a porta de entrada. Vestiu-se rapidamente, grosseiramente enfiando sua
camisa que ficou aberta porque os botões desapareceram. Ele entrou na sala da
frente para encontrar Shara sentada em uma das cadeiras, vestida, com as pernas
cruzadas e uma bebida na mão.
— Porque você fez isso? Essa poderia ter sido a sua chance de me capturar.
— Minha chance foi quando você estava tendo um orgasmo, — disse ela e
olhou para longe.
Ele caminhou ao redor dela, sem tirar os olhos de cima dela. Ela era um
mistério para ele. Suas ações o fizeram querer confiar nela, mas este seria o
primeiro e último erro que cometeria.
— Rhi. Ela é uma das guardas da rainha. Houve um tempo em que ela e um
Rei Dragão foram amantes.
— Foi você? Você era seu amante? — Shara perguntou e levantou o olhar
para ele.
Kiril balançou a cabeça lentamente. — Não, não foi eu, mas ela é uma amiga.
Ela foi levada pelo Balladyn.
Ela encolheu-se quando ele disse o nome. — Balladyn tem uma reputação
viciosa mesmo entre os Escuros. Ela está perdida para você.
Kiril foi até ela e passou o dedo ao longo de sua mandíbula. — Nós podemos
protegê-la.
— Então por que não vai embora agora e os deixa vir para mim?
— Eu vou responder, se você puder responder por que me trouxe aqui esta
noite.
Kiril recuou. Ele teve a melhor noite de sua vida extremamente longa, e ele
estava indo terminar com uma nota azeda. — Nós estamos em um impasse.
Kiril reprimiu uma maldição e pegou as chaves seguindo para fora. Ele ia
precisar de muito mais do que sexo bom para virar Shara para o seu lado, mas ele
não ia desistir.
Rhi se perguntou há quanto tempo ela era prisioneira de Balladyn. O Fae que
ela considerou como amigo, mentor e irmão.
Será que ela esqueceria a sua família? Amigos? O Rei Dragão que roubou seu
coração, só para quebrá-lo?
Ela tentou segurar as lágrimas que encheram seus olhos enquanto pensava
em seu amante, mas ainda escapou e caiu sobre sua bochecha.
Por causa de sua preocupação, ela não percebeu onde estava até o Escuro
atacar. Ela conseguiu fugir, mas não antes de ser ferida. Ela vagou sem parar,
morrendo lentamente enquanto procurava uma saída.
E, em seguida, seu corpo entrou em colapso.
A próxima coisa que ela soube, era que estava de volta com a Luz, suas
feridas quase curadas com Balladyn ao lado dela. Não importava a quem ela
perguntou como chegou em casa, ninguém disse a ela. Então já não importava.
Ou assim pensava. Como em dezenas de séculos mais tarde ela ainda podia
chorar por um Rei que virou as costas para ela?
Ela tentou mover sua mão para afastar uma mecha de cabelo preso ao
queixo, mas não conseguia nem levantar um dedo. Rhi virou a cabeça e usou seu
ombro para parar o cabelo de fazer cócegas nela.
Tudo porque ele a culpava por Taraeth pegá-lo e transformá-lo num Escuro.
O Balladyn que ela conhecia antes não iria culpá-la.
Quanto a seu amante... Foi apenas uma ilusão. Qualquer que seja o paraíso
que encontraram só foi em seu fim. Ele não a amava como ela pensava, não abriu
seu coração para ela como ela fez.
Seria nos Reis Dragões que ela concentraria seu ódio agora? Será que ela iria
atrás deles quando virasse Escura? Será que ela ainda se lembraria da Fae que ela
foi quando o mal a levasse?
— Eu não acho que você poderia ficar pior, — Balladyn disse quando se
agachou ao lado dela. Seu sotaque irlandês era espesso, a lembrando que há muito
tempo não ouvia o sotaque de um escocês.
— Beije meu traseiro, — disse ela com o sorriso mais brilhante que pode
desenterrar.
Ela forçou uma risada que soava quebrada aos seus ouvidos. — Eu? Vai se
foder, bastardo.
Shara entrou na casa de sua família, seu coração ainda batendo com emoção
sobre seu tempo com Kiril. Depois que Kiril a deixou em Cork, ela estava cercada
por Escuros que a levou para casa.
Ela caminhou até a cozinha e olhou em volta. Eles, assim como tantos outros
Escuros, fixaram residência em uma casa humana. Shara nem sequer queria saber
o que sua família fez para os ocupantes originais.
Os Fae de Luz e Escuros, uma vez lutaram para reivindicar a Terra como
deles, mas os Reis Dragões não se afastaram. Os Fae cederam a uma trégua quando
os Reis começaram a ganhar vantagens. A trégua afirmou que nenhum Fae poderia
se aventurar na Escócia ou permanecer no reino por longos períodos de tempo,
mas havia algo sobre os seres humanos que os atraia. Ninguém poderia ficar de
fora por muito tempo. E de alguma forma, de alguma maneira os Faes começaram
a integrar-se com os seres humanos na Irlanda. Eles mantiveram-se separados, mas
sempre perto dos seres humanos.
Como foi que ela não se sentiu mal depois de passar um tempo com Kiril?
Ela nasceu em uma família Escura, fez o mal, como foi evidenciado pelos seus
olhos e a prata em seu cabelo. Quando ela olhou em volta, sentiu-se como uma
estrangeira em sua própria casa.
— Você está de volta mais cedo, — Farrell disse quando ele passeou na
cozinha, seus olhos varrendo sobre ela. — Seu cabelo esta bagunçado. Você o
levou para a cama?
Ela não tinha certeza por que tomou a decisão de mentir, apenas que ela fez
no instante em que as palavras saíram de sua boca. — Kiril tem um conversível,
se você se lembra. É claro que o meu cabelo vai estar bagunçado.
— Você estava na casa dele. Não usou suas artimanhas? — Ele perguntou
em tom zombeteiro.
Ficou na ponta da língua para dizer-lhe para ir se ferrar. Em vez disso, ela
sorriu docemente. — Eu suponho que você está acostumado a sedução de puta,
querido irmão. Você sabe mesmo o que fazer se uma dama seduzir você?
Seu sorriso cresceu. — Oh espere. Você não sabe porque não sabe como
obter uma mulher sem o uso de seu nome ou o dinheiro da família.
Ele envolveu sua mão ao redor de seu pescoço, tanto quanto Kiril fez no
início da noite. A diferença foi, Kiril segurou firmemente sem machucá-la, mas
Farrell estava apertando dolorosamente. Shara olhou fixamente em seus olhos,
desafiando-o a fazer o que ele queria há décadas.
Shara não esfregou seu pescoço como desejava fazer quando a mão de
Farrell, finalmente, caiu à distância. Ela manteve os braços ao lado do corpo e viu
sua mãe praticamente deslizar para dentro da cozinha. Seu cabelo completamente
prata foi cortado do comprimento de seu queixo, nem um fio fora do lugar.
Seus olhos brilhavam com fúria vermelha enquanto olhava de Farrell para
ela. — Shara, você sabe que esta é sua última chance de provar que você é uma de
nós, que tem o nosso sangue.
— Eu estou fazendo progressos, mãe. Kiril sabe que não sou uma prostituta,
então não posso simplesmente ir me atirando em cima dele.
Sua mãe concordou com a cabeça regiamente. — Muito bem. Você está
sendo esperta sobre isso. Pela primeira vez. Fico feliz em ver isso. Eu vou estar
ainda mais feliz quando ver mais prata em seu cabelo. Se esta atribuição não fosse
tão importante eu a teria trabalhando para mim e ganhando a prata em seu cabelo
a cada dia.
Shara olhou para a mãe com calma. Ela foi trocada ao nascer? Por que a ideia
de ferir alguém a fazia desconfortável? Ela era uma Blackwood. O mal devia ser
uma segunda natureza para ela. Se alguém tinha uma dica do que ela estava
pensando iriam bater nela até ela desmaiar.
Todos na casa a faziam se sentir inferior, como se ela não tivesse nascido em
uma das mais poderosas famílias dos Faes Escuros. Não era culpa dela que ela foi
esquecida por eles, e agora era tudo sobre ela provar a si mesma. Houve
momentos, como agora, que queria desaparecer.
Foi uma escolha fácil ontem, mas agora as coisas estavam mais...
complicadas.
Shara começou a caminhar por trás de sua mãe quando ela estendeu a mão
e os dedos compridos agarrou o braço de Shara dolorosamente. — Você está
testando minha paciência com essa cor que você se atreve a usar.
Shara olhou para o vestido dourado escuro. — Eu precisava dele para ele me
ver mesmo nas sombras. É ainda um tom escuro.
— Preto, Shara. Não me faça lembrá-la novamente, ou não será Farrell que
tem uma mão em torno de seu pescoço.
Shara curvou rigidamente, sua raiva mal contida, antes que ela puxasse o
braço livre e rigidamente caminhou até seu quarto. Vestir cores escuras sempre foi
fácil, porque ela gostava delas. Não tinha nada a ver com a visualização pastéis
como cores fracas, que passaram a ser apenas cores que ela não podia usar. Mas
houve momentos que Shara viu um vestido vermelho, uma camisa branca, ou
mesmo uma saia rosa brilhante que ela gostava. Parecia blasfêmia sequer pensar
nessas cores.
Ela manteve seu ritmo controlado quando entrou em seu quarto. Shara
virou-se para fechar a porta e olhou para o corredor para encontrar a guarda
tomando o seu lugar.
Assim que a porta foi fechada, apoiou a testa sobre ela. Mesmo agora,
quando estava fazendo o que eles queriam, eles mantiveram seu primo
protegendo-a. Ela não estava provando-se, fazendo o que foi planejado?
Por quanto tempo mais ela iria ser seguida? Iria até mesmo fazer a diferença
se Kiril fosse capturado com a ajuda dela? Ela tinha uma sensação de que não iria,
não até que seu cabelo estivesse mais prata do que o preto.
Shara voltou a pensar, quando ela matou as fêmeas humanas depois que seus
irmãos e primos sugaram suas almas a seco. Não havia nenhuma maneira que ela
pudesse testemunhar isso de novo, ou mesmo ser parte disto. Sua família devia
saber muito bem. Senão porque teriam que mantê-la sob vigilância?
Ela permaneceu sob o seu polegar por séculos, trancada em seu quarto,
isolada de tudo e de todos. Ela se recusava a permitir que isso aconteça novamente.
Havia força e confiança dentro dela que não esteve lá antes daquela noite.
Ela pensou sobre Kiril, sobre como seus beijos enfraqueceram seus joelhos
enquanto seu toque lhe roubou o fôlego.
— Qual o problema?
— Ele vai voltar em breve. Por mais que eu não goste, sei que ele também
está sendo vigiado.
Laith sorriu. — Talvez, mas eles não esperam que ele saiba ou possa
responder a eles como imagino que ele vai.
Isto fez Laith fazer uma pausa. — Eu conheço Kiril. Ele não cairá em algo
tão óbvio.
— Eu não acho que ele irá, mas não significa que os Escuros não tenham
outros truques.
Con sacudiu a cabeça. — Eu não posso enviar outro Rei para aquele ninho
do mal.
— Então quem? Você certamente não pode enviar um ser humano. —
Quando Con apenas devolveu o olhar, Laith afastou-se da parede. — Você não
está realmente pensando em pedir aos guerreiros?
— Quem mais poderia ir? Rhi? Ela já foi levada por Balladyn.
— Phelan chama para atualizações sobre Rhi. Ele pede todos os dias se pode
participar no resgate quando encontrá-la.
— Phelan tem Aisley, Con. Os guerreiros podem ser imortais, com poderes,
graças aos deuses primordiais dentro deles, mas eles podem ser mortos.
Con ficou de pé, com as mãos sobre a mesa quando ele se inclinou para
frente. — Kellan e Tristan já foram levados pelos escuros. Eu não posso ter outro
Rei no porão daqueles seres maliciosos.
Laith inclinou a cabeça para encarar Con. — Tristan disse que os Escuros
estavam pedindo alguma coisa. Eles acreditam que cada Rei Dragão saiba onde
está escondido, mas nós não sabemos. Só você sabe.
Claro. Kellan saberia tudo, desde que ele escreveu a história dos Reis
Dragões. — O que é que os Escuros estão atrás?
— Sim. O primeiro Rei dos Reis escondeu, e cada um de nós que têm
tomado a posição manteve-o escondido.
— Extremamente. Confie em mim. Nós não podemos deixar que isso caia
nas mãos dos Escuros.
— Isso não poderá ser um problema se somente você e Kellan sabem o local.
Con olhou para ele por cima do ombro. — Não subestime os Escuros.
Nunca. Eles vão descobrir uma maneira, e eu preciso estar preparado para isso.
Kiril estava sentado no sofá em seu quarto olhando pela janela para o
amanhecer de um novo dia. É onde ele esteve depois de levar Shara.
Levou tudo o que podia fazer para afastar-se dela. Cada instinto nele lhe disse
para trazê-la de volta com ele, e ele não quis dizer para a propriedade. Ele quis
dizer Dreagan.
Seu olhar foi para a almofada ao lado dele quando seu telefone celular vibrou.
Ele sempre manteve o telefone com ele, mas nenhum dos Reis contatava dessa
maneira quando eles poderiam conversar através do seu link, sem medo dos
Escuros interceptarem a chamada.
— Não.
Kiril sorriu apesar de si mesmo. — Não, seria até engraçado, seu bastardo
imprudente.
Kiril suspirou. O que ele faria? Se ele mentisse, Rhys saberia e viria para a
Irlanda. Se ele dissesse a verdade, ainda havia uma boa chance de que Rhys viria
de qualquer maneira.
Rhys grunhiu em voz alta através do telefone. — Ele se manteve breve, como
sempre faz. Ele mencionou uma fêmea Escura. Eu disse a ele que não tem uma
chance no inferno que ela poderia seduzi-lo.
— Ela não tentou me seduzir. Fui direto para ela sabendo exatamente quem
e o que ela era.
— Tudo bem. — Kiril podia praticamente ver Rhys balançando a cabeça
enquanto falava. — Você acha que pode trazê-la para o nosso lado, como Con
mencionou?
Kiril pensou sobre suas conversas com Shara. — Sem chance. Percebi que
sou um teste. Se ela preparar as coisas para que eu possa ser capturado, ela está de
volta com sua família. Se ela não conseguir...
— Sim.
— Use isso contra ela. Convença-a, Kiril. Precisamos saber o que os Escuros
desejam, ou mais importante o que eles estão procurando.
— Você vai ficar bem se ainda não foi para a cama com ela.
— Ah, porra.
Ele estava colocando as coisas levemente. Kiril baixou a cabeça para trás no
sofá. — Sim, meu amigo.
— Não admira que você não tenha dormido. O que eu posso fazer?
Kiril se inclinou para frente e baixou a cabeça em sua mão livre. — Eu não
posso me afastar dela.
Kiril balançou a cabeça, em seguida, lembrou-se que Rhys não podia vê-lo.
— Não. Isto está acontecendo exatamente como deveria ser.
Isso fez com que Kiril sorrisse. — Aposto meu novo Mercedes que você vai
se apaixonar por alguém em breve.
— Foda-se, Idiota.
— Não há ninguém.
— Sempre, imbecil.
No entanto, ele não poderia ajudar, mas se perguntava quem foi que Rhys
encontrou. Será que os outros sequer sabem? O fato de Rhys nem sequer falar
sobre isso falava muito. Ninguém mais sabia, e se não estivesse brincando sobre
isso, Kiril tinha certeza que ele não teria sequer colocado as peças juntas.
Não era apenas a sua necessidade. Ele estava preocupado com ela. Havia
uma chance de que tudo o que ela disse fosse uma mentira, mas sabia quando ela
estava agindo e quando estava sozinha.
— Merda.
Shara saiu de seu quarto à espera de ver sua guarda zelosa. Exceto que o
corredor estava vazio. Ela olhou para um lado e depois o outro antes que desse de
ombros e desceu as escadas para a cozinha.
Ela estava virando para dentro da cozinha quando seu nome foi chamado.
Ela girou surpreendida ao ouvir a voz de seu pai. Ele era um homem muito
ocupado mantendo sua família num ranking 3 elevado entre os Escuros, o que
significava que ele raramente estava em casa. Se ele estava, ela normalmente não o
via.
Não era sempre uma coisa boa, quando ele queria vê-la, e depois do segredo
que ela manteve de sua família sobre seu tempo com Kiril, ela não conseguia parar
o fio de medo que deu um nó no estômago. Se tivessem de alguma forma
descoberto? Será que este seria o dia em que ela morreria?
Ela caminhou pelo corredor até que chegou ao escritório de seu pai, então,
parou na soleira da porta. — Sim, Pai?
Um passeio. Isto poderia ser realmente bom, ou muito, muito ruim. Ela se
recusou a mostrar medo, no entanto. Shara caminhou ao redor da mesa para o seu
lado. Ele estendeu o braço e ela enrolou o dela através do dele. Um sorriso ainda
no lugar, ele a levou através das portas de vidro abertas para os jardins bem
cuidados.
Não havia uma flor à vista. Tudo era verde. Flores significavam cor, e cor,
especialmente brilhantes ou pastel, a fraqueza. Um Fae Escuro não seria pego
morto com flores em qualquer lugar perto de suas casas.
— Eu sempre tive tanta esperança para você, Shara. Eu sabia que, apesar de
ser a mais nova de meus filhos, que tinha o potencial para exceder todos eles, —
disse ele.
Ela olhou nos olhos vermelhos de seu pai e sorriu. Esta foi a primeira vez
que ela já ouviu algo parecido com isso dele, e sua ansiedade foi lançada a um novo
nível. — Estou feliz que você pense assim.
— É por causa de sua determinação e persistência com o Rei Dragão que
tomei a decisão de remover os que seguem todos os seus passos.
— Farrell e sua mãe não concordam com minha decisão, mas eles vão
cumpri-la, — disse ele em sua voz calma, profunda, que ordenava total obediência.
Ele levava a família com mão de ferro, e todo mundo sabia que não devia ir contra
ele porque eles perderiam e perderiam feio.
Ela olhou para a sua visão da água. Tudo o que podia pensar era em sua
liberdade para fazer o que queria, quando queria. Ela podia ver Kiril tão
frequentemente quanto desejava.
Ela assentiu com a cabeça quando ele parou e se virou para ela. — Claro, —
ela acrescentou quando ele olhou para ela com expectativa.
Seu olhar estava cheio de orgulho. A primeira vez que ela conseguia se
lembrar. — Assim como eu supus. É uma façanha o que você está pretendendo
fazer. Os Reis Dragões são perigosos, minha filha, mas eles podem ser derrubados.
O seu nome será lembrado por toda a eternidade pelo o que você está fazendo
para os Escuros e esta família.
Seu olhar se voltou astuto enquanto ele a estudou. Depois de uma longa
pausa, ele pareceu chegar a uma decisão, porque disse: — Eles têm escondido algo
que queremos.
— Uma arma?
Agora Shara estava confusa. — Nossa magia pode ser usada para fazer um
Rei Dragão reverter para sua forma humana, mas isso é tudo o que pode ser feito
para eles. Nada pode matá-los, só outro Rei Dragão.
— Ou então eles querem que nós acreditemos nisso. — Seu pai abriu os
braços para abranger a cena do oceano, seu jardim, e a terra rochosa em torno
deles. — Conquistamos a Irlanda, mas sempre foi nossa intenção conquistar este
reino, não uma mísera ilha. Teremos êxito, mas primeiro precisamos do que eles
tem escondido.
Shara voltou a pensar na história que Kiril lhe disse dos dois Reis levados
durante as guerras Fae. — Como vamos quebrá-lo?
— A mente dele. Vai levar um longo tempo, mas de qualquer forma nós
temos você.
— Eu?
Ela pode ser considerada jovem por alguns Escuros, mas ela não era ingênua
ou estúpida. — Quer dizer que você vai realmente me torturar.
Seu pai deu de ombros. — Nós vamos ter que provar a ele que estamos
dispostos a fazer qualquer coisa para você. Os Reis são destinados a proteger os
seres humanos. É de sua natureza proteger a própria mulher que ele acredita ser
humana.
— E então? — Ela não estava prestes a dizer-lhe que Kiril sabia que ela era
Escura.
— Nós vamos quebrá-lo. Nós vamos ter que fingir sua morte, é claro, mas
ele vai se sentir como se tivesse falhado. Isso vai acelerar a sua descida. Depois que
ele estiver quebrado, vai nos dizer tudo o que pedirmos.
Shara ansiava por seu pai para levá-la para o rebanho da família. Ele estava
lhe dando essa chance. — Eu quero estar lá quando encontramos o que seja o que
os Reis Dragões têm escondido.
Sua mente voltou aos beijos de tirar o fôlego e sexo de enrolar os dedos dos
pés que teve com Kiril. — Como você sabia que a mãe era a mulher certa para
você?
— Ela tinha uma mente rápida, desviante que excedeu em muito qualquer
outra, e seu desejo de avançar para o topo era tão grande quanto o meu. Tínhamos
as mesmas ambições.
Era tão simples como isso? É assim que ela deveria procurar um marido?
Não. Ela não era de esperar humildemente, mas com confiança, pelo homem que
a escolhesse.
— Não se preocupe, Shara. Farrell já listou os homens que eu estou
considerando para você. Muitos a queriam antes, mas agora que eles sabem o que
está fazendo, mais estão clamando por sua mão. Eu vou escolher com sabedoria.
Era como sempre foi feito com o seu povo. Por que então ela pensou que
teria uma escolha na hora de escolher o macho que compartilharia sua cama?
Silêncio na sequência de tal declaração era rude. Shara deu um sorriso tenso.
— Eu confio em seu julgamento, Pai.
— Farrell disse-me que bateu-lhe com força suficiente para machucar. Será
que o Rei Dragão percebeu a contusão?
Shara focou sua mente sobre a conversa. A última coisa que ela queria era
ser pega em uma mentira, e é isso que seu pai estava tentando fazer. — Ele colocou
seu braço em volta de mim, e eu me afastei. Quando ele perguntou se eu estava
ferida, pensei que seria prudente deixá-lo saber que estava machucada.
— Ele perguntou. Eu disse a ele que bati em um balcão, mas tenho a certeza
que a mentira foi contada mal o suficiente para que ele visse através dela.
Seu pai deu uma tapinha no braço. — Muito bom. Sim, realmente muito
bom.
Ela assentiu com expectativa quando ele olhou para ela. — Eu quero ser
totalmente uma parte desta família. Eu estou provando-me, Pai. Por favor, diga-
me tudo.
— Pensei que você disse que eu estava provando a mim mesma? Eu cometi
um erro e cumpri a minha punição. Eu estou trazendo um Rei Dragão para você.
— Você cumpriu a sua punição com dignidade. No entanto, já lhe disse tudo
o que há por agora.
Shara deu sua bochecha para seu pai beijar quando chegaram as portas para
seu escritório. — Obrigada por sua aprovação, Pai.
Seus olhos vermelhos estavam duros quando ele olhou. — Agora que você
tem isso, se estragar qualquer coisa, Shara, apenas a sua morte vai compensar isso.
Com um aceno de cabeça, ele soltou o braço dela e voltou para seu escritório.
Shara virou-se para olhar para o mar mais uma vez. Ele se estendia
interminavelmente à sua frente, e, no entanto, a Escócia não estava tão longe.
Por que ela estava até pensando na Escócia? Só porque ela se sentia bem nos
braços de Kiril? Ele era um Rei Dragão, inimigo para os Escuros. Sua família era
tudo o que tinha, e ela tinha que se lembrar disso. No final do dia, se Kiril tinha a
escolha, ele não escolheria ela. Era uma dose de realidade de que precisava. Ela
faria o que sua família pediu.
Mas ela também sabia que seu irmão era um idiota de primeira classe. Ele a
odiava, tinha sempre a odiado. Não importa o que ele dissesse, iria fazer o seu
melhor para garantir que ela falhasse de alguma forma, enquanto ainda conseguia
capturar Kiril.
Isso significava que ela tinha de pensar por si mesma. Farrell provavelmente
atacaria antes que ela pudesse ser ouvida por seu pai, o que significava que
precisava de alguém com mais poder do que a sua família.
Sua mente imediatamente parou em um candidato que tinha o poder que até
mesmo seu pai temia – Balladyn.
Foi um grande risco que ela estava assumindo e ele pode nem sequer notá-
la. No entanto, ela não saberia a menos que tentasse. Em primeiro lugar, ela
precisaria dar uma olhada nele e sua fortaleza infame.
Uma parte do seu pensamento pairou sobre pedir ajuda a Kiril, mas sabia
que não havia nada que ele pudesse fazer por ela. Se ela fosse sair dessa, tinha que
ter a ajuda de um Fae Escuro.
Shara girou nos calcanhares e caminhou até os fundos da casa, onde uma
porta Fae solitária estava localizada. Ela foi mantida em separado porque iria levá-
la direto para dentro do complexo de Balladyn. Ela hesitou por um momento antes
de entrar.
Foi-se o brilho do sol. Não havia nada além de escuridão e sombras e trevas.
O mundo perfeito de um Fae Escuro. Ela ignorou os olhares dos soldados Escuros
que guardam a porta. Eles sabiam exatamente qual a família que levava à porta na
Terra, e por causa disso, eles não a impediram.
Ela manteve os ombros para trás e cabeça erguida, embora não tivesse a
menor ideia de onde estava no interior da fortaleza. Era hora de ela aprender o
que estava acontecendo. Sendo mantida trancada por séculos a fez mal preparada,
e isso era a pior coisa para um Fae em sua posição.
No meio da sala havia um Escuro que ela não reconheceu. Seu cabelo preto-
e prata era cortado curto enquanto ele gritou para os ocupantes. E, em seguida, a
licitação para as fêmeas humanas recém-sequestradas começou.
Poderia ser ela lá em cima, exceto para o fato de que ela nasceu um Fae. Os
Escuros não escolhiam os seres humanos que arrebatavam. Bonito, feio, gordo,
magro, velho, jovem. Não importava. Porque um macho Escuro mataria apenas
para o gosto de uma alma humana.
Elas eram lentas na sua tomada da alma, apenas sorvendo-as. Elas ajudavam
os machos humanos a durarem muito mais do que as fêmeas.
— Eu estive... longe.
— Certo, sua família disse. Estou feliz que você esteja de volta.
O uísque Dreagan era o mais procurado escocês do mundo, mas ele queria
que fosse o uísque número um na Irlanda, Escócia ou Estados Unidos. Foi
Dreagan que começou a fazer uísque bem antes que qualquer ser humano jamais
pensou em fazer. Porque os Reis Dragões não gostariam de deixar Dreagan, e
porque os seus métodos de uísque foram aprovados, não tomaram qualquer outra
empresa a sério.
No entanto, Kiril precisava de sua mente ocupada com outra coisa que não
o cabelo de meia-noite e olhos vermelhos. Se ele tivesse que visitar cada destilaria
na Irlanda, ele o faria. Era imperativo para obter controle sobre si mesmo.
Kiril dirigia para baixo nas estradas sinuosas com o teto do carro abaixado.
Sua mente derivou para Shara enquanto se perguntava o que estaria fazendo.
— Não diz ‘Olá’ ou alguma coisa assim? — Perguntou Phelan com mágoa
fingida. — Eu deveria ter esperado isto vindo de um Rei Dragão.
— Phelan, — Kiril disse em voz baixa, sua raiva subindo a cada segundo.
Phelan assinalou dramaticamente. — Tristan chamou, mas nunca disse o
porquê. Um dia depois, o mesmo aconteceu com Con, me dando a mesma
resposta. Foi Rhys chegando na minha casa que me deixou preocupado.
— O que Rhys lhe disse? — Ele rezou para que não fosse nada sobre Shara,
embora se alguém conseguisse entender seria Phelan. Ele tomou uma Drough, ou
Druida do mal, como sua companheira.
Aisley salvou sua própria alma de Satanás e reverteu para ser um mie, uma
druida pura, mas antes que isso acontecesse Phelan suportou todos os tipos de
inferno de seus companheiros guerreiros e suas esposas Druidas.
Phelan cruzou os braços sobre o peito e olhou para ele. — Não é tanto o
que Rhys disse, é mais como o que ele não disse.
— Então você veio, porque acha que estou com problemas? Por favor,
lembre-se que estive vivo desde o início dos tempos.
— Eu posso me importar com Rhi como se ela fosse minha irmã, mas isso
não é toda a razão por que vim.
Kiril assistiu as ondas contínuas do mar esperando que ajudasse a acalmá-lo.
Elas não o fizeram. Foi Rhi que encontrou Phelan e disse que ele era parte Fae.
Eles desenvolveram um vínculo forte, inquebrável, um vínculo que Kiril
compreendia totalmente.
Kiril estreitou seus olhos quando girou o olhar para Phelan. Suas palavras
revelavam um significado mais profundo. — Rhys disse a você sobre ela.
Kiril deu de ombros. — Dreagan deve ser protegida, como todos os Reis
Dragões devem. Nossos inimigos estão aumentando, e nós já não podemos cruzar
os braços e esperar que os poucos aliados que temos descubram algo para nós.
— Seus companheiros Reis querem estar aqui com você, mas não é seguro.
Não é a mesma coisa para um guerreiro. Eu não estou dizendo que o que você
está fazendo é errado. Eu estaria fazendo o mesmo. — Um lado da boca de Phelan
se curvou em um sorriso. — Além disso, eu gostaria de irritar Charon o mais
rápido que pudesse.
Kiril riu. Ele não poderia ajudá-lo. Phelan passou a maior parte de sua vida
imortal longe do Castelo MacLeod, onde os guerreiros residiam. Ele tinha uma
visão diferente sobre a vida da que eles fizeram, mas ele também entendia o que
significava ser parte de uma família.
— O nome dela é Shara, e ela é uma Fae Escura. — Kiril encontrou seu
olhar para ver uma forma de carranca na testa de Phelan. — Ela tentou usar
glamour para esconder esse fato, mas vi através disso.
— Sim.
O fato de Kiril saber que precisava de ajuda disse-lhe o quão longe ele pisou
em terreno arriscado com Shara. Ele queria acreditar em tudo o que ela disse, mas
tudo poderia ser uma mentira para atraí-lo para uma armadilha, a armadilha que
seria inútil já que ele não sabia a localização de nada, pois era Con quem mantinha
escondido.
Kiril olhou em volta para ver os muitos turistas que paravam para ver os
rochedos. — Onde está o seu carro?
— Eu vou descobrir isso. Isso significa que você vai aceitar a minha ajuda?
Kiril não detectou qualquer Escuro a observá-los, mas isso não significa que
eles não estivessem lá. — Eles me vigiam sempre. Não podemos ser vistos juntos
novamente.
Não havia nenhuma maneira dos Escuros poderem saber sobre Phelan. Kiril
girou e se dirigiu para o ônibus. Se os Escuros soubessem o que ele planejava, eles
se teletransportariam antes que ele pudesse alcançá-los. Os turistas ao redor não
ajudaram, mas a sua atenção estava no cenário majestoso, não nele.
Kiril pegou o Escuro ao redor da parte de trás do pescoço. Antes que ele
pudesse quebrar o pescoço do Escuro, o brilho da luz do sol na lâmina de um
punhal chamou sua atenção. Kiril se inclinou para o lado para evitar a pequena,
mas letal lâmina e agarrou a mão do Escuro que empunhava a arma enquanto
continua a aplicar pressão ao redor de seu pescoço.
Kiril chutou seus pés para debaixo dele, soltando-o no chão em sua bunda.
Ele tinha mais força de alavanca desde que estava ajoelhado e usou isso a seu favor
quando usou a sua força para virar a mão do Escuro em direção ao seu próprio
peito. Kiril rangeu os dentes e deu um empurrão, enviando o punhal num impulso
direto no peito do Escuro. O Escuro empurrou, arregalando os olhos com a vida
drenando dele.
Kiril tirou num impulso o punhal e olhou para a lâmina para perceber que
não era apenas qualquer arma. Era uma arma de um Fae de Luz, forjada nos fogos
de Erwar. Era uma arma que mataria um Fae, qualquer Fae.
Depois de passar tanto tempo sozinha enquanto sua família estava lidando
com a política Fae, guerras, e quem sabe o que mais e, em seguida, ser trancada
por causa de seu erro, por isso estava tão fora do circuito do que os Escuros
estavam fazendo. Porque sabia que era muito mais do que apenas tomar as almas
dos seres humanos. Os Escuros estavam sempre planejando algo, sempre tentando
assumir um reino ou outro.
O ser humano era mais magro, não tendo quase a maior parte ou a definição
de Kiril. O cabelo do homem era curto em vez de ter as ondas longas de Kiril. Os
olhos do humano eram de um castanho claro e não o verde trevo de Kiril.
Ela queria ser uma parte de sua família. Era tudo o que pensava nesses seis
séculos de sua prisão. Ela estava disposta a fazer qualquer coisa para mais uma vez
pertencer ao invés de ser trancada. Ela já se colocou numa posição insustentável,
dizendo a Kiril as coisas que ela sabia e mantendo outras coisas de sua família.
Se sua família descobrisse onde ela estava e o que planejou, tudo poderia
acontecer. Eles poderiam elogiá-la por agir, mas muito provavelmente ela iria ser
punida por pensar que poderia tomar suas próprias decisões.
4 Cantor Rapper.
Como ela iria seguir os desejos de sua família tão cegamente depois de viver
mais de mil anos por sua própria conta? Ela ansiava por sua liberdade, desejava
fazer suas próprias escolhas sobre o que ela usava e com quem passaria um tempo.
Acima de tudo, ela queria poder decidir quem seria seu marido. Isso não devia ser
a escolha de seu pai. Ela deveria ter a palavra final, independentemente se era
tradição Escura ou não.
Seu pai pensou que a confinando por seiscentos anos iria refreá-la, e na
maioria das vezes fez. Até que estava de volta no mundo. Até que encontrou Kiril.
Kiril acendeu sua fome de coisas que esqueceu, desejar a única coisa que
deveria trair, ele. Como ela entrou em uma posição tão horrível?
Escolhas. Suas escolhas. Foi assim que terminou ali. Isso e o fato de quem
sua família era. Ir contra a eles seria como declarar guerra contra eles, e para que
vivesse, não poderia fazer isso sozinha. Ela tinha que ter aliados, aliados fortes.
— Então por que está com medo de meu irmão? Se você servir Balladyn,
então ele irá protegê-lo.
— Eu vou proteger X de quê? — Veio uma voz profunda e grave atrás dela.
— Vou perguntar de novo, fêmea, por que você está declarando que eu,
Balladyn, irei proteger X? — Ele perguntou, seus braços caindo para os lados
enquanto dava um passo ameaçador em direção a ela.
Shara não pode falar por um minuto inteiro. Ela nunca esperou ficar cara-a-
cara com Balladyn durante a sua primeira visita. Ela não estava preparada para falar
com ele, mas não tinha escolha. Muitos Escuros em sua posição não se misturavam
com os hanger-on5 que cobriam sua fortaleza; o fato de que ele o fazia foi outra
revelação.
Ela queria correr de volta para a porta que a levaria para casa. Essa era a
menina que costumava ser. Sua família forçou a mulher a crescer. Se ela estivesse
indo tomar sua vida em suas próprias mãos, então precisava começar a agir como
uma Blackwood.
Balladyn riu, seu corpo relaxado. — Uma mulher que sabe o que quer. Isso
não é como uma Escura. Eu gosto disso.
5 Pessoas que paira em torno de uma pessoa, lugar ou instituição especialmente para ganho pessoal. No popular
puxa-sacos.
— Isso não deve vir como uma surpresa se você conhece a minha família.
Seu olhar queimou com desejo. — Fala-se de que você vai se casar em breve.
O sorriso de Shara foi ligeiro, quase virando seus lábios para cima nos cantos.
— Há muitos poucos digno de minha família. Ou de mim.
Ela não tinha certeza do que estava fazendo. Flertando com um homem
como Balladyn que servia como braço direito do Taraeth era tão louco como estar
atraída por um Rei Dragão. Talvez esse fosse o problema dela. Ela era louca. Era
a única explicação para suas ações recentes.
Ele se aproximou, ocupando o espaço dela para que ela tivesse que escolher
entre afastar-se e parecer fraca ou ficar firme. Por mais difícil que fosse Shara
decidiu ficar firme. Balladyn estava tão perto que seu peito roçou seus seios. Ele
olhou para ela, e depois tocou a tira de prata de seu cabelo.
— Por que você está no meu complexo? — Sua demanda, foi com uma voz
suave, mas não escondeu a sua dúvida quanto ao seu raciocínio.
Ela virou a cabeça longe de seu olhar intenso e fez um gesto para a sala em
geral. — Eu já ouvi muito sobre o que acontece aqui.
Shara mudou seu olhar de volta para ele e levantou uma sobrancelha. Ela
não sabia como ele sabia que mentiu, ou se ele estava a testando. De qualquer
maneira, ela estava lhe permitindo ganhar. Ela seguiu sua intuição em vez de ter
certeza sobre a situação. — Não é totalmente verdade.
Ele apoiou-a contra a parede e colocou um braço de cada lado dela. — Mas
é a verdade que quero.
— Farrell me disse que eu não poderia vir sem ele. Estou cansada de me
dizerem o que fazer.
O olhar de Balladyn a segurou por vários momentos tensos. — Uma vez que
você se casar, vai ser seu marido que lhe dirá o que fazer.
— Tem que haver um Escuro lá fora que aprecie uma mulher forte e suas
opiniões.
Assim como ela esperava, os olhos dele baixaram para seus lábios. — Sim,
— ele murmurou.
Shara ficou nervosa com Kiril, mas ela nunca ficara aterrorizada. Ela estava
assim e muito mais com Balladyn. E ainda assim ela encontrou-se o considerando
porque não tinha outra escolha, independentemente de que ela desejasse que Kiril
fosse uma escolha. O fato era que ele não era. Qualquer mulher que conseguisse
se unir a Balladyn em casamento iria encontrar-se elevada acima de quase todos.
Ela não estaria mais sob o polegar de sua família. Como Balladyn mencionou,
ela estaria sob o seu. Só que ele não parecia ser do tipo que queria controlá-la. Ele
parecia apreciar a sua forte vontade. Isso poderia ser para o benefício dela.
Uma fêmea Escura sem família, era afastada de tudo e todos. Então, se
afastar de sua família não era uma opção. Ela não iria viver uma semana. Farrell
iria se certificar disso.
Desde que ela não podia deixar tudo para trás ou ir para a Escócia com Kiril,
isso era tudo o que podia fazer. Shara não queria se casar com Balladyn mais do
que queria atrair Kiril para uma armadilha, mas não importava onde olhasse, não
podia ver outra saída para ela.
Por outro lado, ela realmente seria capaz de ser ela mesma com Kiril. Sem
mentiras, sem enganos... Apenas ela mesma.
Casar-se com Balladyn faria minha família me aceitar, bem como livrar-me de seu
comando, enquanto ficaria no alto escalão na sociedade Escura. Também iria parar minha missão
com Kiril.
Balladyn inclinou-se ligeiramente para trás e pegou seu olhar. — Sua família
virá à minha procura, uma vez que descobrir onde você está.
Ela sorriu e respirou fundo, fazendo com que seu peito se expandisse e seus
seios fizessem contato com ele. — Eu não acho que você tem muito medo.
Sua advertência fez seu coração perder uma batida de medo, porque ela não
tinha ideia de onde estava se metendo. No entanto ela não iria deixá-lo saber. —
Eu acho que é hora de voltar para casa, então.
Ela começou a se virar apenas para que ele agarrasse o seu braço e
empurrasse com força suas costas contra a parede. Suas narinas alargando quando
ele inclinou o rosto perto do dela. — Eu não gosto de ser provocado, — disse
ele, irritado.
— Eu não estou provocando. — Ela engoliu em seco e sabia que tinha uma
chance com Balladyn ou tudo estaria perdido. Não haveria uma segunda chance
com ele. — Você é como um Escuro deve ser. Não o que os outros fingem ser.
Você lidera e governa com o poder diferente de tudo que já ouvi falar. Eu tinha
que vê-lo. Eu nunca esperei falar com você, muito menos que você me notaria.
Ela não sorriu. Balladyn podia não a ter mandado embora, mas ela tinha um
longo caminho a percorrer antes que fosse dele.
Porra, mas por que o Rei Dragão não podia ficar fora de sua cabeça? Ele ia
estragar tudo, e se ela não fosse cuidadosa, ele ia matá-la.
— Estou contente, — Shara disse a Balladyn. — Mostre-me mais desta
fortaleza que você governa. Eu quero ver o que você faz aqui. Eu quero ver o
poder que você comanda com um único olhar.
Shara deveria saber que ela não iria chegar perto de Balladyn. Não importa o
seu poder, seu pai diria que ele não era Escuro o suficiente para oferecer-se para
ela. Tudo porque ele foi transformado de Luz para Escuro em vez de ter nascido
em uma família Escura como ela.
Ela não sabia por que isso importava desde que o Escuro começou como
um Fae da Luz antes de mudar completamente.
Ele afastou-se dela e estendeu o braço para o lado, oferecendo para ela andar
ao lado dele através da fortaleza. Shara tremia de emoção. Pelo menos ela preferiu
chamá-lo de emoção e não pavor.
Ela estava ciente de quão perto ele estava e quantas vezes roçou o braço
contra ela. Ele a queria. Ele não tentou escondê-lo ou fazer-se de tímido. Ele estava
lá para ela, para qualquer um ver enquanto andou com ela através do grande salão.
Os olhares de fúria e ciúmes das fêmeas Escuras a fez sorrir. Nenhuma foi
ousada o suficiente para Balladyn. Elas pensavam ganhar sua atenção relaxando ao
redor. Ele era uma raça completamente diferente, assim como Kiril.
Droga!
Ela realmente ia ter que parar com isso. Não importa o que acontecesse, ela
iria se certificar de que acabasse com Balladyn. Pelo menos, então não teria que
entregar Kiril. Talvez ela pudesse ter certeza que ele foi embora da Irlanda, para
que ela nunca tivesse de se preocupar com ele sendo capturado.
Ela esperou até que eles estavam descendo as escadas sinuosas de mais uma
torre com Balladyn na liderança antes dela fingir um tropeço. Seu esforço foi feito
para que pudesse cair contra ele, mas não estava preparada para o quão rápido ele
se movia.
Num momento ela estava sendo lançada para frente, e no próximo ele se
virou e tinha os braços em torno dela. Shara levou seu rosto até o dele. Ela não
deu-se tempo para pensar nisso, apenas se inclinou e beijou-o.
Houve uma fração de segundo quando ele não respondeu, e então seus
braços a apertaram enquanto a abraçava e aprofundou o beijo. Ele era um beijador
hábil, mas seu corpo não queimou, como aconteceu quando Kiril a beijou.
Verdade seja dita, só bastou os olhos verdes de Kiril sobre ela para fazer seu
sangue correr mais rápido e a necessidade apertar-se abaixo de seu estômago.
Balladyn, com toda sua beleza e poder, acabou com... Nada. Ela continuou
a beijá-lo, como se estivesse desfrutando. Era algo que ela teria que se acostumar
e não importa com quem se casasse. Esse pensamento a fez deslizar os dedos entre
os fios grossos de seu cabelo preto e prata. Um gemido retumbou no peito em
resposta.
Foram longos minutos antes que ele terminasse o beijo e olhasse para ela. —
Você é muito corajosa, Shara.
Ele tocou em sua mecha prateada novamente. Shara saiu de seus braços e
lhe deu um olhar de pedra. — A minha falta de prata é um problema?
Como ela odiava quando as pessoas respondiam uma pergunta com outra
pergunta. — É um problema para minha família. Eu deveria saber que com você
seria o mesmo.
Shara tentou andar em torno dele, mas mais uma vez Balladyn a deteve com
o braço sobre sua cintura. Ela virou a cabeça para encontrar seus olhos ardendo
de raiva. — Não cometa o erro de pensar que você sabe minhas respostas. Eu não
sou como os outros.
— Eu sou Escura. Eu nasci em uma família Escura onde todos têm mais
prata do que o preto.
— Isso não a diminui. — Disse ele e puxou a mecha. — Isso faz você se
destacar.
— Nosso mundo é o que fazemos dele. Vivemos entre dois reinos, o Fae e
a Terra. Olhe para os Escuros ao seu redor. Mais e mais pessoas estão escolhendo
viver no mundo humano, vestindo suas roupas, ouvindo a sua música, e em alguns
casos fingindo ser humano.
— Tudo é um ardil para sequestrar seres humanos para seu prazer, — disse
ela, sem saber para onde ia com o seu discurso.
Ele pegou sua mão e levou-a descer as escadas. — É isso que você acha?
Olhe mais perto da próxima vez. Sim, alguns usam como um ardil, mas outros
não.
— Minha família vive em uma casa humana. Foi dada a minha família por
Taraeth porque meu pai controla os Escuros na metade inferior da Irlanda para
Taraeth.
Balladyn deu de ombros quando eles chegaram ao final da escada. — Olhe
ao seu redor, Shara. Dê uma olhada em todos os Escuros, mesmo a sua família.
Shara deu um passo para trás, puxando a mão da dele. Como ele poderia
saber? Isto foi mantido dentro da família, uma ordem dada por seu pai que
ninguém na família ousaria desobedecer.
— Assim que você estava brincando comigo todo esse tempo? — Ela
deveria ter sabido. Foi muito fácil de chegar perto de Balladyn.
Rhys entrou na loja de presentes e deu uma parada abrupta quando seu olhar
caiu sobre Lily. Lilliana Ross. Seu cabelo preto de carvão caia sobre um ombro em
uma longa trança que veio descansar na parte superior do seu peito.
Ela estava inclinada olhando dentro de uma caixa. Apesar de estar vestindo
roupas vários tamanhos maiores que os dela, não havia dúvida no esboço de suas
curvas. Rhys engoliu.
Seu olhar disparou para Lily para ver que ela se endireitou e virou-se ao ouvir
a voz de Elena. Os olhos negros de Lily mostravam um sorriso. Quando ela chegou
em Dreagan parecia frágil e... Assustada.
Elena guardou a prancheta, um sorriso nos lábios. — Ele está com Tristan e
Sammy no pub do Laith. Sammy vai começar a trabalhar para Laith. Isto deve ser
bom para todos os envolvidos. A propósito, quando você vir o meu marido, diga-
lhe que é melhor ele tomar banho antes que venha para o almoço.
Ele conseguiu sair sem dar outro olhar para Lily. Ela não era o tipo dele. Ele
gostava de suas mulheres altas e bem dotadas. Ele preferia mulheres que
compreenderiam que seu namorico duraria uma noite somente e às vezes nem
tanto.
Lily era do tipo que tinha “para sempre” estampado nela. Ela era o tipo de
mulher que um homem nunca mais a deixaria.
Quatro palavras, mas foi o suficiente para Rhys saber que Phelan falou com
Kiril, e Kiril aceitou sua ajuda. Rhys ficou aliviado.
Rhys olhou para cima para encontrar Con sentado sobre o muro de sessenta
centimetros de altura feito de pedras que englobava a fonte que estava no meio do
jardim de Inverno. Ele guardou o celular e caminhou para Con. Rhys descansou
um pé sobre a barreira próxima a Con. — Sim é.
Con apenas levantou uma sobrancelha loira. — Kiril queria ter certeza de
que você não iria para a Irlanda. O que significava que vocês dois se falaram. Não
é um grande salto imaginar que você iria para Phelan.
— Eu também. Ele não quer voltar para casa. Pelo menos não agora.
— Você sabe que é apenas uma questão de tempo antes que encontrem uma
maneira de capturá-lo. — Rhys inclinou a cabeça para encontrar o olhar negro de
Con.
Con balançou a cabeça, seu rosto sombrio. — Sim, eu sei. Não ajuda que ele
não está apenas espionando, mas tentando encontrar pistas sobre Rhi.
Rhys se inclinou com um braço em seu joelho. — Então você sabia que eu
ia fazer algo sobre Kiril. O que você tem feito? Porque eu sei que você não tem
ficado sentado em suas mãos.
Rhys não estava comprando por um momento. Claro, Con faz essas coisas,
mas havia mais. Sempre. E Rhys sabia que de alguma forma envolvia Ulrik. Con
disse que ele estava indo falar com Ulrik, mas até agora não aconteceu. Talvez
porque Con sabia que se ele fizesse, a batalha entre os dois que estava sendo
esperada por eras finalmente chegaria à um ponto crítico.
Ulrik. Uma vez foi o melhor amigo de Con, Ulrik foi o único outro Rei
Dragão que tinha a magia poderosa o suficiente para lutar com Con para comandar
todos os Reis Dragões. Ulrik não queria liderar, então ele se afastou e o papel foi
para Con.
Após Con enviar Ulrik para alguns negócios Dragan, Con e os outros Reis
Dragões encontraram a mulher de Ulrik e a mataram pelo que ela fez. Quando
Ulrik voltou e descobriu o que aconteceu, sua fúria foi imensa, tanto contra os
humanos quanto com sua própria espécie. Não foi muito tempo depois que os
Reis Dragões não tiveram escolha senão tirar a magia de Ulrik enquanto ele não
iria parar de matar seres humanos.
Por centenas de milhares de anos Ulrik andou na Terra, imortal, mas sem a
sua magia e incapaz de se deslocar em forma de Dragão. Con acredita que Ulrik é
a força motriz por trás do MI5 e outros seres humanos que querem revelá-los ao
mundo. A evidência apontava diretamente para Ulrik.
— Estou surpreso que você já não tenha apenas ido para Perth e acabado
com ele.
— Eu devo ter uma prova para não perder a confiança de todos vocês.
Rhys observou Con de pé. Cada Rei Dragão era de temperamento forte,
feroz, e poderoso em seu próprio direito, e necessitava um homem forte como
Con para mantê-los todos juntos. Ele fez isso em várias ocasiões. Con tinha uma
língua de prata quando era necessário, mas ele não hesitou em pôr fim a qualquer
coisa que via como um conflito entre eles.
Até então, Ulrik era um deles, não importa se ele poderia mudar em um
Dragão ou não.
Além disso, se ele estivesse no lugar de Ulrik, ele também iria ansiar por
vingança.
O fato de que tudo apontava para Ulrik era condenável. Inimigos dos Reis
sabiam coisas sobre eles que apenas um Rei Dragão saberia, e conheciam a
localização da terra Dreagan que ninguém exceto um Rei Dragão deveria saber.
Ele subiu as escadas de três em três degraus até chegar ao terceiro nível. Rhys
virou à esquerda e foi para o fundo do corredor para o quarto grande onde se
encontravam vários computadores.
Uma cabeça loira olhou por cima de um monitor quando ele entrou na sala.
Rhys assentiu para Ryder quando andou ao redor da mesa em forma de meia lua e
viu uma caixa de donuts6 que se encontrava nela.
6 Rosquinhas.
Ryder colocou o último pedaço de um donuts polvilhado de chocolate em
sua boca e apontou para quatro dos dez computadores. Rhys ficou atrás da cadeira
de Ryder e cruzou os braços sobre o peito quando viu os ângulos das câmeras
apontadas sobre o lugar de negócios de Ulrik na frente, laterais e traseira.
— Ele não será capaz de fazer um movimento sem que seja visto, — disse
Ryder, uma nota de exasperação em sua voz.
Ryder virou a cadeira para olhar para Rhys com os olhos cor de avelã. —
Ulrik é um Rei Dragão. Eu não concordo, não importa qual de nós Con queira
espionar.
— E se Ulrik está se aliando com os Fae Escuros, MI5, e sabe quem mais?
Rhys mudou o seu olhar de volta para os monitores com foco nos negócios
de Ulrik. Ele olhou para as outras telas de computador para ver edifícios e casas
de pessoas consideradas em aliança com Ulrik.
— Ele não deixa esse edifício por muito tempo, — Ryder disse, falando de
Ulrik. — Embora ele saia.
— Isso é estranho. Se ele estivesse aliado com os outros, eles viriam a ele ou
ele iria para eles.
— Sim. Con quer que um de nós entre e coloque um chip em seus telefones.
Rhys franziu a testa enquanto estudava os monitores. — Ulrik não seria tão
estúpido a ponto de permitir que isso aconteça.
— Eu tenho certeza que é, mas Con pode esquecê-lo. Não vai acontecer,
não com Ulrik.
Ryder se sentou em sua cadeira novamente e se inclinou para trás. — Ulrik
sempre foi astuto. Se ele está fazendo isso, vai ser difícil de ser detectado.
O Rei Dragão olhou para ele com olhos azuis luar antes de abaixar seu olhar
para Ryder. — Qualquer movimento de Ulrik? — Perguntou Hal.
Hal ficou ao lado de Rhys e cruzou os braços sobre o peito. — Eu acho que
vou fazer uma visita a Ulrik.
— Ele disse a Tristan para todos nós nos mantermos afastados, — Rhys
lembrou.
Ele tinha um ponto. Rhys riu e olhou para Hal. — Eu acho que vou com
você.
— Vocês querem tentar iniciar uma tempestade de merda com Con? —
Perguntou Ryder.
— Isso é geralmente o trabalho de Rhys, mas pensei que poderia dar uma
mão, — disse Hal com um largo sorriso.
Rhys ergueu as sobrancelhas. — Bem, isso certamente vai irritar e deixar Con
fora de si. Pena que não estarei aqui para vê-lo.
Kiril se reclinou em uma cadeira fora da piscina e olhou para o jardim. Parte
dele esperava que Shara aparecesse de repente.
Se ela fosse realmente seduzi-lo, a fim de prendê-lo, então, quando ele não
aparecesse em Cork, ela viria procurá-lo. A última vez que Kiril quis algo tão
terrivelmente foi após o último dos Dragões ter sido mandado embora e rezou
para que ele e os outros Reis fossem capazes de trazê-los de volta.
Isto foi a milhares de milênios atrás. Os Dragões nunca mais voltaram a este
reino. Ele nunca iria ver seus amados Burnt Oranges7 novamente. Ele nunca mais
iria voar alto com eles ao redor dele, ouvindo seus rugidos.
Mesmo depois de todo esse tempo, ainda era difícil de aceitar. Houve
momentos em que não podia. Será que o mesmo acontece com Shara? Será que
ele continuará a tentar ganhar sua afeição, mesmo que ela acabasse por ser do mal
como seus amigos acreditavam?
Kiril rodou o uísque no copo. Dreagan. Isso chegou a apenas duas horas
atrás pelo correio. Ele foi enviado por um de seus distribuidores. Era um pequeno
gosto de casa, mas não fez nada para aliviar o nó em sua barriga.
— Eu disse a ela que estaria aqui como você faz todas as noites.
Ele pousou o copo de uísque a seus pés. — Como você conseguiu meu
número?
— Não.
— Eu vou passar.
Ele terminou a chamada, e embora devesse ter lidado melhor com as coisas,
Kiril descobriu que ele realmente não se importava. Estar em torno de tantos
Escuros era como esfregar uma ferida aberta.
Estar perto de tanta maldade deteriorava, roía. Estando tão perto de tanta
maldade corrompia e infectava tudo ao seu redor. Isso é o que estava acontecendo
com ele. Podia sentir isso o comendo de dentro para fora.
Onde estava Shara? Ele não ligava para quais eram seus motivos, desde que
ela viesse até ele.
Kiril olhou para o nada, até que tomou o último gole do uísque no copo. Ele
se levantou e caminhou para dentro da casa e bateu as portas atrás de si. Ele então
ligou o som estéreo e acionou o CD da banda Thousand Foot Crutch8 com a
música — Fly on the Wall— soando estridente através dos alto-falantes.
Ele manteve as luzes apagadas quando correu para a porta da adega. Era para
ser nada mais do que uma adega, mas Kiril a expandiu desde que adquiriu a
propriedade.
Desde que ele chegou à Irlanda reprimiu a sua vontade de mudar. Desta vez,
a necessidade o atingiu, avidamente batendo nele.
Num momento ele era humano, e no próximo mudou. A adega era apertada,
mal deixando espaço para o seu corpo se ajustar longitudinalmente. Com o rabo
contra ele e suas asas muito perto de seu corpo ele conseguiu, estava debruçado
sobre si. Ele não conseguia ficar de pé, mas não se importou. Ele estava em sua
forma verdadeira, o que só ajudou a aliviar a maioria do que o incomodava.
Kiril deitou-se, descansando a cabeça sobre suas patas. E pensar que ele
esteve cansado de se esconder em Dreagan, cansado de nunca ser capaz de ficar
longe dela por muito tempo.
O que ele não daria para voltar. Só que ele tinha que pensar em seus irmãos
e em Rhi. Ele tinha que permanecer na Irlanda por tanto tempo quanto pudesse.
Embora ele temesse que não fosse capaz de suportá-lo muito mais tempo.
Shara não estava preocupada com o passar do tempo. Embora seus
pensamentos muitas vezes se voltassem para Kiril, ela rapidamente pensou em
outra coisa. Enquanto estava com Balladyn, nenhum outro homem se atreveria a
fazer uma oferta por ela, nem teria sua família para incomodá-la.
Ela assistiu a uma fêmea Escura ir até uma gaiola que continha um macho
humano e agarrar seu pênis inchado. Seu rosto era uma máscara de euforia com
aquele simples toque. Isso era algo que ela entendia muito bem. É o que ela
experimentou nos braços de Kiril.
Droga, ela estava fazendo isso novamente. Ela tinha que parar de pensar
nele. Se tudo corresse como planejou, ela nunca teria que enfrentar Kiril de novo,
nunca mais teria de ignorar o desejo ardente ou fingir que não estava dolorida por
seu toque.
— Shara, — Balladyn disse quando ele passou um braço ao redor dela, seus
dedos cavando a contusão do seu lado.
— Não se preocupe.
Ele sorriu, embora fosse duro e frio. Balladyn virou para encará-la. — Farrell
tem o hábito de usar os punhos contra as mulheres quando as palavras iriam
funcionar melhor. Foi assim que você ganhou a sua lesão?
Se ela admitisse, então Balladyn ia querer saber por que Farrell bateu nela. E
Shara não ia dizer-lhe nada sobre Kiril.
Shara tinha de pensar rapidamente e dizer algo antes que Balladyn pudesse
pedir mais. — Você me surpreende mais uma vez. Eu nunca achei que você se
importaria de uma fêmea ser agredida.
— Se uma mulher me bate, então vou bater de volta. Mais um irmão bater
numa irmã? Não, eu não concordo. — Seu rosto se suavizou. — Se não for
sofisticado ou ter uma aparência sombria é qualquer indicação, eu realmente devo
tê-la surpreendido.
Ou Kiril.
Ela mais uma vez tomou o braço de Balladyn. Eles já estiveram em torno de
sua fortaleza, mas ela sabia que ele não estava levando-a para outro passeio. Ele
tinha outra coisa em mente.
Seus pés pararam por vontade própria. Ela manteve o olhar no chão, porque
não podia formar um motivo para a parada.
— Não se preocupe. Tanto quanto quero levá-la para a minha cama, eu não
vou. Não essa noite.
Outra surpresa. Shara olhou para ele, perguntando se ele estava dizendo a
verdade ou era tão adepto a mentira como seu irmão.
Ela estremeceu, mas não tinha certeza se era porque suas palavras
assustavam. Ou a emocionavam.
Ele deu um puxão no seu braço o que conseguiu seu movimento novamente.
— Você está satisfeita com o que viu aqui?
— Eu estou. Diga-me mais sobre o que Taraeth está fazendo. Os dois Reis
Dragões que foram capturados é tudo o que qualquer um pode falar.
— Eu imagino que é mais como que eles não podem parar de falar sobre
como os Reis escaparam.
Shara entrou na sala para encontrar mais das almofadas atiradas em pilhas
no chão. Uma enorme cama de dossel no meio do quarto com cortinas vermelhas
penduradas em todos os quatro cantos.
— Falando de planos, — Balladyn disse enquanto fechava a porta. — Eu
ouvi um rumor que Farrell tem alguns dos seus próprios.
— Farrell sempre tem algum tipo de plano, — disse ela de forma ofensiva.
Shara virou-se para Balladyn. Ele estava encostado na porta, bloqueando seu
caminho para fora. Foi Balladyn quem jogou o tempo todo? Será que ele só deseja
informações sobre sua família? Ansiedade afetou seu estômago. — Se você tem
uma pergunta para mim, pergunte. Eu vou responder.
— Eu vou cuidar disso. Os rumores são verdadeiros que Farrell vai capturar
um Rei Dragão?
Shara orou para ela evitar que a surpresa aparecesse em seu rosto. — Como
eu disse, Farrell sempre tem algum plano que ele está discutindo. Ele é ambicioso.
Ele quer estar em uma posição de autoridade, como o meu pai.
Balladyn coçou o queixo. — Eu não estou indo para Cork apenas pelo seu
irmão.
Droga. Como ela iria explicar para Kiril? Será que ela ainda tem alguma
chance? — É claro, — disse ela quando viu seu olhar de expectativa.
— Minha principal razão para ir é por causa do Rei Dragão que se atreveu a
vir para a nossa terra.
Balladyn deu um passo na direção dela, mas parou quando ouviu uma batida
na porta. Ele abriu-a com raiva. — Isto vai ter que esperar.
— Perdoe-me, — um de seus homens disse enquanto seu olhar passou de
Balladyn para ela. — Você disse para lembrá-lo da hora, não importa o que você
estivesse fazendo. É hora para outra interação com o seu prisioneiro.
Balladyn suspirou e olhou por cima do ombro para ela. — Eu não vou
demorar. Há um velho... amigo.... com quem eu devo bater um papo.
Perth, Escócia
Silver Dragon
Rhys olhou para o sinal acima da loja com um desenho exato dos Silvers
mantidos em Dreagan.
— Mesmo no exílio, ele ostenta quem é, — disse Hal com um toque irônico
de seus lábios.
Hal deu um passo adiante e inspecionou uma pintura que estava assentada
sobre um cavalete perto da porta. — Eu queria ver você.
Rhys observou como o rosto de Ulrik perdeu toda a emoção, como se tivesse
acabado de erguer alguma parede ao redor dele.
— Eu não queria esfregar na sua cara o que você perdeu. — Hal continuou.
— Agora sei que estava errado. Eu sinto muito.
— Você deu a sua opinião. Agora, saia. — Ulrik mais uma vez voltou para
seus papéis.
Rhys respirou fundo e soltou. — Você está conspirando com os Fae Escuros
contra nós?
— Ah, — Ulrik disse com uma risada. — Então, a verdadeira razão aparece.
Ryder caminhou até o balcão e bateu a mão sobre os papéis que Ulrik estava
olhando. — Olhe para nós!
Isso chamou a atenção de Ulrik. Seu olhar dourado foi fixado em Ryder. —
Ou o que? Você vai me matar? É o que você veio fazer?
Rhys permaneceu junto à porta. Ulrik pode não ter sua magia, mas ele não ia
subestimá-lo. Se ele era o mentor da trama para derrubá-los ou não, Ulrik nunca
foi de ser mal interpretado. — Se Con quer você morto, ele vai ter que fazer isso
sozinho. Eu não estou aqui para isso. Nenhum de nós está.
Hal mudou-se para a próxima pintura e olhou para Ulrik. — Nós não
estamos dizendo que é você, mas estamos pedindo que se for, desista. Nada de
bom pode vir do que está acontecendo.
— Nós sabemos que você quer sua vingança, — disse Rhys. — Você tem
direito a ela depois do que fizemos.
— Uma batalha, Ryder. É tudo o que durou antes de Con o ter convencido
a voltar-se contra mim.
— Não foi contra você. Nós juramos proteger os seres humanos, — Ryder
argumentou.
— Chega, — disse Rhys. — Você fez o seu ponto, Ulrik. Temos todos
cometido erros. Segure-se em seu ódio, deixe-o corroê-lo. Você quer sua vingança
sobre nós, então venha para nós.
— Sim, e é por isso que sua traição cortou tão profundo. — Os olhos de
ouro de Ulrik brilharam com raiva.
— Ele está à procura de uma razão para vir aqui, — disse Ryder.
Ulrik apenas sorriu. — Que ele venha. Ele sabe onde estou com todas as
câmeras me olhando e me seguindo.
Rhys passou a mão pelo rosto. — Sei que não é você que está tentando nos
revelar ao mundo, você consideraria nos ajudar?
Ryder não disse mais uma palavra quando saiu da loja. Hal seguiu um
momento depois, deixando Rhys. Ele e Ulrik trocaram olhares, cada um
recusando-se a desviar o olhar.
Rhys sabia que era inútil continuar a conversa. Ele virou-se e saiu, mas ele
não podia esquecer as palavras de Ulrik.
Era hora dele sacudi-los um pouco, assim como ele perturbou Farrell na
noite anterior. Kiril estava sorrindo quando entrou na água e começou a se lavar.
Até o momento que ele saiu do chuveiro, estava colocando um plano em
andamento. A primeira parte iria levá-lo a Cork por todo o dia e noite.
Ele estava abotoando a camisa quando sentiu o impulso de Con contra a sua
mente. Era hora de sua conversa diária. Kiril sabia que ignorá-lo iria enviar Con e
outros Reis Dragões direto para a Irlanda, mas ele também não podia deixar Con
saber seus planos.
— Con, — disse ele depois de abrir sua mente para o Rei dos Reis.
— Sim.
Kiril olhou para seu reflexo no espelho. — Por quê? Ele não me escutaria de
qualquer maneira.
— Você já esteve aí tempo suficiente para se colocar em perigo. É hora de você voltar para
Dreagan.
— Eu não descobri nada sobre Rhi ainda, desde a noite em que ela foi raptada.
— Um Fae de Luz não vai voltar depois disto. Se ela não estiver morta, eles vão
transformá-la em uma Escura.
— Isto não está certo, Con.
— O que é mais importante? Um Fae, ou acabarmos com os nossos inimigos que estão
tentando nos expor para o mundo?
Kiril afastou-se do espelho. Maldito fosse por querer torná-los tão simples
como isso. — Você é um filho da puta frio, Constantine.
— Phelan não vai parar de procurar Rhi. Eu não estou pronto para dizer a ele que já
desistimos.
Houve um momento de silêncio antes de Con dizer, — Phelan não pode ser
apanhado pelos Escuros. Se eles descobrem que ele é metade Fae e um príncipe da Luz, eles vão
levá-lo em um instante.
Kiril esteve tão preso em seus próprios problemas com Shara que ele não
pensou muito sobre o que poderia significar se Phelan fosse capturado. — Dê-nos
dois dias. Não importa como, vou tê-lo de volta até lá.
— Dois dias.
— Droga, Rhi. Por que você teve que ser levada? E de quem foi a bunda que
você chutou?
Com um puxão firme, a porta se fechou atrás dele. Ele ficou atrás do volante
do Mercedes e colocou a capota para baixo. Um momento depois e o carro rugiu
para a vida enquanto ele dirigia pela propriedade e através do portão de ferro que
fechava automaticamente atrás dele.
Uma calma tomou conta dele naquela manhã, uma vez que ele decidiu sobre
o seu curso de ação. Primeiro o principal. Ele precisava ter uma conversa com
Phelan para estar pronto para sair a qualquer momento. Desde que ele não tinha
ideia de onde Phelan estava, não ia ser fácil. Então, novamente, quando alguma
coisa foi?
Ele chegou a Cork e escolheu estacionar ao longo de uma rua distante do an
Doras. Eventualmente naquela noite ele iria acabar no pub. Até então, ele iria ficar
longe. Kiril saiu do carro e ficou na calçada olhando para as empresas ao redor
dele. Os seres humanos não tinham ideia de que caminhavam, viviam e
trabalhavam ao lado do mal puro dos Faes Escuros. Havia partes de Cork que os
Escuros tendiam a preferir, mas eles infestavam cada polegada da cidade de alguma
forma.
Isso ia tomar a maior parte do dia para conseguir o endereço que ele queria,
mas Kiril não se importava. Ele gostava de mexer a panela, especialmente quando
envolvia Farrell.
Ele foi para o primeiro negócio que viu e o deixou quase imediatamente
quando não viu qualquer Escuro trabalhando. Negócio após negócio, prédio após
prédio, Kiril andava pelas ruas fazendo uma nota mental de onde os Escuros se
congregavam e onde não havia nenhum.
Kiril não viu um único Escuro no pub, mas isso não significava que não
havia seres humanos dispostos a espionar para eles. Ele não tinha certeza do que
o fez pensar que era uma possibilidade. Talvez fosse a maneira como um homem
na casa dos vinte anos furtivamente olhou para Kiril.
— Isso é sobre o que falamos hoje. Eles não vão demorar muito antes de
perceberem o que você é.
Kiril sorriu para a garçonete quando trouxe o seu sanduíche. Ele esperou até
que ela se afastou antes que ele dissesse: — Eu me recuso a enfrentar Aisley porque
você é um idiota.
— Você acha que quero ser o único a dizer a Con que você foi capturado?
— Esse não é meu plano. — Mas pode muito bem chegar a esse ponto.
Como mais Kiril iria informar-se do que precisava? — Se eu for, entre em contato
com Rhys em primeiro lugar.
Supondo que ela não estava mentindo para ele e ela não queria tê-lo
capturado pelos Escuros.
Ele marcou com um X os lugares onde ele encontrou mais do que dois
Escuros. O que lhe mostrou mais claramente do que qualquer coisa como os
Escuros não estavam apenas vivendo em Cork, eles estavam tomando a cidade.
Quatro Escuros olharam para cima quando ele entrou em uma loja de
souvenires. Kiril deu-lhes um sorriso distante. — Quem pode me apontar para a
casa dos Blackwoods?
— Ninguém? — Perguntou.
Quando eles só olharam para ele fixamente com seus olhos vermelhos, Kiril
saiu e entrou no prédio ao lado. Havia apenas uma Escura dentro, e ela estava
fazendo compras. Com um aceno de cabeça para o dono humano, Kiril foi para a
loja ao lado.
Toda vez que ele encontrou um Escuro que estava trabalhando nas
empresas, ele perguntou sobre os Blackwood, e cada vez ele teve a mesma resposta
de medo. Alguns Escuros se atreveram a olhá-lo como se estivesse cavando um
buraco para si mesmo. Eles não tinham ideia de quem ele era. Kiril estava bem
com isso. Quanto menos Escuros percebessem que ele era um Rei Dragão, melhor.
Seria mais fácil para os Escuros capturá-lo se todos eles soubessem quem ele
era, mas reafirmou suas suspeitas sobre Farrell. O idiota estava tentando capturá-
lo por conta própria. Kiril iria fazê-lo pagar por pensar que era assim tão fácil de
tomar um Rei Dragão.
O sol estava mergulhando baixo no céu quando Kiril entrou em uma loja
com vários Faes Escuros. Ele caminhou para o caixa e perguntou: — Você sabe o
endereço da residência Blackwood?
Seus cabelos negros e prateados eram cortados rentes a sua cabeça, e ela
usava um piercing no nariz. Maquiagem pesada cobria o rosto, especialmente os
olhos. Ela batia a biqueira de suas botas de combate no chão no ritmo que
mastigava seu chiclete. — Por que você quer os Blackwood?
Ah. Finalmente alguém disposto a falar. Kiril sabia que isso iria acontecer
eventualmente. — São negócios.
— Você sabe que eles são uma família que não deve mexer, certo? — Ela
perguntou em seu sotaque irlandês pesado.
Ela mastigou seu chiclete por alguns segundos antes que também sorrisse.
— Se você é insensato o suficiente para ir lá sabendo o que te espera, quem sou
eu para impedi-lo?
Kiril saiu da loja com um destino e um propósito.
Shara acordou de sua posição na cadeira de espaldar alto e virou a cabeça.
Para prender o olhar com Balladyn.
Seus olhos vermelhos brilhavam com um desejo que até uma mulher cega
podia ver. Ela engoliu em seco, sem saber o que dizer. Tinha sido horas desde que
ele a deixou para cuidar do seu negócio. Quando ele estendeu a mão nunca lhe
ocorreu recusar. No tempo que ela esteve com Balladyn, aprendeu que ninguém
lhe recusava qualquer coisa.
— Você ficou.
Ela olhou para suas mãos unidas. — Você me pediu. — O que mais ia fazer?
Sair depois que ele disse a ela para ficar? Voltar para sua família? Como se ela
pudesse.
Ele não era melhor que sua família vigiando cada movimento que ela fez. A
fúria que ardeu dentro dela era feroz e avassaladora.
Balladyn simplesmente levantou uma sobrancelha negra. — O guarda estava
lá para garantir que ninguém incomodasse você, bem como para providenciar
qualquer coisa que fosse necessário.
Shara desviou o olhar. Seu peito arfava do turbilhão de raiva dentro dela. Ela
queria acreditar nele, mas não tinha certeza se podia. Ela estaria trocando uma
prisão por outra com Balladyn?
Ela sorriu com força, ainda se recusando a olhar para ele. O fato de que ele
não iria liberar sua mão era tudo o que a mantinha ao lado dele. — Certo. Assim
como a minha família mantendo-me presa embora para o meu próprio bem.
Balladyn apertou seus dedos em sua mão e a puxou para mais perto até que
seus corpos se tocaram. Então ele colocou a outra mão contra o queixo e virou o
rosto para trás na direção dele. Ele olhou fixamente em seus olhos. — Você saberia
se eu fosse prender você, Shara.
Ela não podia acreditar que estava mesmo considerando perguntar a ele
sobre Rhi, mas ela não foi capaz de esquecer as palavras de Kiril. Ele chamou a
Fae da Luz de amiga. Ela não achou que qualquer Fae da Luz ou da Escuridão
fossem amigos dos Reis Dragões. Pelo menos é o que ela aprendeu.
Ele sorriu e soltou seu aperto em sua mão. — Um inimigo meu. Um Fae da
Luz.
O choque não foi falsificado. Ela pensou que Kiril podia estar errado em
quem ele pensou que prendeu Rhi. Mas ele não esteve. Ela agarrou seu braço com
a mão livre, arregalando os olhos. — Você está falando sério? Você realmente tem
uma Luz aqui?
— Eu nunca vi um Fae da Luz. — Não era uma mentira. — Eles são tão
bobos como nós somos ensinados?
— Eu sei.
— Eu não vim para este lado. Fui levado ferido do campo de batalha, — ele
disse suavemente, severamente.
Não admira que ele considerasse Rhi um inimigo. Se ela tivesse estado com
ele quando foi ferido e deixou-o para ser levado pelos Escuros? Shara não queria
sentir simpatia por Balladyn, mas ela fez. Ela segurou seu rosto antes que pudesse
pensar duas vezes sobre isso. — Sinto muito que você foi levado de sua casa.
Ele cobriu a mão dela, de modo que segurasse cada uma de suas mãos. —
Uma Escura que sente compaixão?
Shara desviou o olhar, de repente, com medo da empatia que ela lhe mostrou.
Não era o que um Escuro faria, deveria fazer. Ela afastou-se dele e deu vários
passos para trás. O fato de que ele a liberou não podia ser um bom sinal. Ela
apertou as mãos para impedi-las de tremer. Associar-se com alguém como
Balladyn poderia significar coisas boas ou coisas muito, muito ruins.
— Você, a filha de uma família de alta patente, matou fêmeas humanas que
estavam em serviço para sua família. Por quê?
Nem uma vez ela pensou que teria de defender suas ações fora de sua família.
No entanto, aqui estava ela. Era uma pergunta simples, ou ela estava em
julgamento? — Isso importa?
Shara uma vez tentou explicar-se à sua família, mas eles não queriam ouvir.
Balladyn também seria o mesmo, ela tinha certeza disso. Não importa o que, mas
ela tinha que lhe dar uma resposta.
— Eu estava com elas nas ruas de Cork. Eu comi com elas, bebia com elas,
e sequestrei-as para a minha família. Eu conheci as mulheres vivazes que eram
antes que fossem reduzidas a massas choronas me implorando para ajudar.
Shara riu quando recordou como duas de suas primas do sexo feminino
agarraram cada um de seus braços para mantê-la imóvel. — Farrell não
compartilhou essa parte? Fizeram-me assistir. Farrell pensou que deveria
confirmar o que a nossa família faz.
— E você nunca viu um macho Escuro submeter uma fêmea humana antes?
— Não. Eu sabia que isto ocorria. Eu só não sabia o que ele iria fazer para
as mulheres.
— Sim. Farrell queria me matar ali mesmo, mas meu tio me trouxe até meu
pai.
Shara afrouxou os dedos. Se ela ia morrer, então faria isso com coragem. —
É por isso que me manteve com você? Você queria saber tudo? Para ver se eu iria
estragar tudo e provar que não sou uma verdadeira Escura?
Suas pernas tremiam e seus pés pesavam, mas ela caiu no passo atrás de
Balladyn. Seus passos eram longos, fazendo-a acelerar o passo para ficar com ele.
Ele levou-a para baixo, abaixo do grande salão para o calabouço. Balladyn não
parou até que ficou na frente de uma porta de metal sólida. Shara olhou da porta
para ele.
Então, isso é o que viria a ser dela. Ele disse que ela saberia quando a
aprisionasse. Era sair de uma prisão para outra. Ela apertou os dentes quando ele
a fez abrir a porta. Apenas um idiota certificado faria um prisioneiro abrir a sua
própria porta da cela.
Shara ficou horrorizada com a visão da Fae da Luz. Ela empurrou o olhar
para Balladyn. — Por que você me trouxe aqui?
— Para mostrar o que vou fazer para quem se atrever a dizer que você é
inferior.
Por que, então ela queria correr de volta para Cork para que pudesse dizer a
Kiril que ela sabia onde Rhi estava sendo mantida? Que não tinha nada a ver com
o bem dos Escuros, e tudo a ver com... Kiril.
— Como você transforma uma Luz para Escuro? — Ela realmente não
queria saber, mas tinha que ter a informação. Para si e para Kiril.
Shara fechou os olhos. Balladyn disse com tal naturalidade que ela não
duvidava dele. — E nenhum da Luz pode suportar esta tortura?
Os olhos de Shara se abriram. Então era verdade. Ela olhou para Balladyn.
— Por que você é o único com Rhi? Por que Taraeth não a tem?
— Porque quero minha vingança, — disse Balladyn com os dentes cerrados.
Ela deu um passo para trás e correu para a porta. Ela sabia que deveria deixar
as coisas como estavam, e ainda assim ela perguntou: — Por quê?
— Ela era minha amiga, a única família que eu tinha. Ela me deixou no
campo de batalha para ser encontrado por Taraeth.
Shara olhou para Rhi novamente. Se apenas Balladyn soubesse a verdade, ele
não seria tão descuidado. Shara viu o olhar nos olhos verdes de Kiril. Ele iria
encontrar Rhi. O que ela não faria para ter alguém se sentindo assim sobre ela.
Balladyn de repente tomou sua mão, voltando sua atenção para ele. — Eu
quero você como minha, Shara. Quero que governe esta fortaleza ao meu lado.
Ele estava oferecendo exatamente o que ela esperava, e ainda assim ela estava
achando difícil de dizer sim. Felizmente, ele não deu a ela uma chance de
responder.
— Começa esta noite, — disse ele e puxou-a para fora da cela para fechar a
porta. Ele tinha a mão em suas costas enquanto a guiou para fora das masmorras.
Juntos? Não tinham já sido visto por todos no seu complexo? E então ela
entendeu. — Vistos onde?
— Farrell vai estar lá, — disse ela quando chegou ao degrau mais alto e
caminhou pelo corredor para entrar no grande salão.
Balladyn riu e colocou seu braço ao redor dela. — Exatamente. Eu acho que
está na hora dele e eu trocarmos umas palavras. Ele precisa saber que não será
aquele que capturará o Rei Dragão em Cork. Vai ser eu.
Kiril não teve dificuldades em encontrar a comunidade residencial exclusiva,
nos arredores do centro da cidade de Cork. Ele dirigia pelo bairro até encontrar o
endereço.
Ele estacionou o carro e olhou para a casa por um momento. Kiril meio que
esperava que Farrell viesse correndo para fora exigindo que ele saísse. O silêncio
desmentiu o mal que residia dentro da casa.
Kiril foi até a porta da frente quando a última luz do dia desapareceu. Ele
não teve que esperar muito tempo depois de sua batida. Uma fêmea Escura em
um vestido preto e avental branco abriu a porta. A imagem que ela apresentou foi
tão estereotipada que Kiril teve que lutar para não rir.
Ela olhou para ele com os olhos vermelhos antes que olhasse para seu pé.
— Eu não vou deixar você entrar. Mova seu pé para que eu possa fechar a porta
enquanto o encontro.
Tirou o pé. Um segundo depois a porta se fechou. Kiril olhou para a porta
preta. Se tivesse de fazê-lo, ele iria quebrá-la para chamar a sua atenção.
Pela ausência de preto em seu cabelo, Kiril adivinhou que o escuro teria
vários milhares de anos de idade. Apenas uma gota no balde dos anos que Kiril
andou na Terra.
— Você quer fazer isso aqui? — Kiril perguntou e apontou com seu braço
para indicar o bairro tranquilo. — Em meio a todos os seres humanos de forma
apropriada? Eu vou estar feliz com isso.
— Shara.
— Eu quero vê-la.
Kiril se irritou com o tom gelado. Por mais que ele queria ver Shara, não foi
por isso que ele realmente veio. Nem acreditava que Blackwood iria enviar Shara
se ela estivesse em casa.
— Os jogos que Farrell está jogando estão ficando velhos. Se ele quer tentar
me capturar, diga-lhe para ir em frente.
Blackwood deixou cair os braços e saiu da casa. — Você tem muita ousadia
vindo para minha casa e me ameaçando.
Ele virou-se e caminhou até seu carro. Kiril desejou que o idiota tentasse
levá-lo em seguida, mas nada aconteceu. Ele entrou no carro e foi embora com
Blackwood ainda de pé na soleira da porta.
Kiril esperava que Phelan lembrasse suas palavras de cautela de mais cedo.
Não havia tempo suficiente para avisá-lo agora. Suas ações não eram a coisa mais
inteligente, mas ele estava cansado de esperar. Ele precisava de ação e uma
resposta.
E ele se recusava a deixar a Irlanda sem alguma ideia de onde Rhi estava.
Não importa o que disse Con.
Kiril não seria capturado. Ele não tinha nenhuma mulher que poderia usar
contra ele, porque embora ele ansiasse por Shara, ela era um deles. Eles não iriam
machucá-la.
Ele não tinha nada a perder e tudo a ganhar. Foi por isso que seu plano iria
funcionar tão perfeitamente. As palavras trocadas com Blackwood iriam colocar
as coisas em movimento. Farrell era ganancioso e queria o reconhecimento por ser
o único a pegar um Rei Dragão.
Quanto a Shara... Suas ações provariam sua inocência ou culpa com sua
família.
Kiril dirigiu em Cork e estacionou. Ele fechou a capota antes que entrasse
na churrascaria. Ele sentou-se no bar e pediu um pinot noir, enquanto esperava
por sua mesa. O copo estava apenas meio vazio quando ele estava sentado em uma
cabine isolada em um canto.
Ele levantou o cardápio para olhar quando alguém deslizou para o banco à
sua frente. Kiril baixou o cardápio para ver ninguém menos que Farrell.
— Você quer uma guerra, Rei Dragão? — Farrell se inclinou sobre a mesa
e falou com os lábios apertados. — Eu vou dar-lhe uma.
— Mentiroso.
Kiril se perguntou se ele já foi tão jovem e estúpido. — Você quer dizer
Shara? Eu vi através de seu glamour imediatamente.
Kiril revirou os olhos. — Será que você não conhece outra palavra.
— Você trouxe-a para a sua casa. Você procurou por ela hoje.
— Tudo para fazer você pensar que ela chegou a mim. Shara é linda. Para
uma Escura. Mas ela não conseguiu me seduzir.
Kiril esperava que Farrell comprasse a mentira, porque ele as sentiu como o
ácido em sua língua. Se eles soubessem o quão profundamente Shara penetrou em
sua psique, eles estariam mais do que dispostos a usá-la contra ele.
Kiril foi finalmente deixado sozinho para comer a sua refeição. Ou então ele
pensou. Ele estava quase comendo seu bife quando avistou um Escuro do lado de
fora do restaurante esperando por ele. Kiril se levantou e foi até a cozinha, onde
ele entregou ao garçom um maço de dinheiro.
Kiril assentiu para o dinheiro. — Isso é pela refeição, com uma grande
gorjeta. Eu preciso que me mostre uma saída nos fundos.
Ele olhou em volta, à espera de mais Escuros para atacar. Kiril se levantou e
pegou o punhal, esquivando-se nas sombras, quando os seres humanos vieram
correndo para fora da churrascaria com a visão dos Escuros mortos.
Shara alisou as mãos para baixo no vestido preto que moldava ao corpo
como uma segunda pele. A frente ficava bem assentado em seus seios, mostrando
apenas uma sugestão do decote. Seu cabelo estava preso na parte de trás de sua
cabeça e caiu em longos cachos soltos em torno dela.
Ela olhou no espelho mais uma vez para verificar a maquiagem quando viu
Balladyn olhando para ela no espelho. Shara virou surpresa ao vê-lo uma vez que
ela não o ouviu entrar.
Era Kiril. E se ele estivesse no pub como sempre estava? Ela seria capaz de
ignorá-lo, fingir que não sabia qual o sabor dos seus beijos, que ela não sabia como
era bom tê-lo dentro dela?
Ele também trocou para uma camisa de botão de seda preta e calças pretas.
Seu cabelo, mais uma vez foi deixado para baixo com apenas tranças nas têmporas
puxando para trás para mantê-lo fora de seus olhos.
— Pronta?
Ele queria uma mulher forte, então ela não podia vacilar agora, não importa
a quão assustada estava com o resultado. — Sim.
Ela aceitou o braço e caminhou de sua câmara ao seu lado. Logo que
desceram para o grande salão, Shara notou que as gaiolas cheias com os humanos
foram embora como foram todos os Escuros descansando sobre almofadas. Agora
só tinha soldados, tanto Escuros masculinos e femininos, enchiam o salão.
— Eles são para quando o Rei Dragão for trazido aqui. Não estou dando
nenhuma chance, — disse Balladyn.
— E Taraeth não pode se dar ao luxo de ter outro Rei escapando de suas
garras.
— Eu não aconselho a levar seus homens para o pub, — ela disse, e olhou
para eles por cima do ombro. — Farrell vai atacá-lo imediatamente.
— É sobre ser meu, — Balladyn indicou quando chegaram à porta Fae que
iria levá-los para o meio de Cork.
Enquanto ela andava com Balladyn para o an Doras, seu olhar se lançou sobre
o ombro, esperando que ela não visse Kiril e desejando para caramba que o fizesse.
Seu coração batia forte em seu peito, quanto mais perto que eles chegavam ao pub.
Tudo o que ela queria era se encaixar em sua família, mas percebeu tarde demais
que queriam que ela fosse algo que não era, algo que não podia ser.
Eles nunca iriam aceitá-la por quem ela era, e nada que fizesse para provar
seu merecimento seria suficiente para eles. Isto deixou um gosto amargo na boca.
Foi seu amor por sua família que a cegou para a verdade?
Mais importante ainda, por que não podia ter percebido isso quando estava
com Kiril?
Balladyn não diminuiu seus passos quando chegou à porta do pub. O guarda
Escuro de pé tropeçou em seus pés para abrir a porta para eles. Todos conheciam
Balladyn e sua reputação. Ninguém se atrevia a ir contra ele em nada.
Shara não podia esperar para ver o resultado. Ela ergueu o queixo quando
eles andaram no interior do pub. O lugar ficou mortalmente tranquilo, exceto pela
a música tocando enquanto as conversas cessaram e todas as cabeças viraram para
eles.
Balladyn apenas sorriu e guiou-a para o bar. Ele puxou uma cadeira para ela
e pediu-lhes bebidas. Shara não queria o vinho que ele pediu para ela, mas ele não
pediu sua opinião.
Ele escolheu o vestido, disse a ela como usaria seu cabelo, e pediu sua bebida.
Era esta uma pista de como sua vida seria de agora em diante? Ele queria uma
mulher que sabia o que queria, e ela ia dar-lhe isto.
Seu copo de uísque foi posto em frente a ela por um barman com medo, que
continuou olhando para Balladyn. Todos que trabalhavam no pub eram Escuros.
Os únicos seres humanos foram os que se atreveram a entrar para uma bebida.
Balladyn olhou para ela quando inclinou um braço no bar e manteve o outro
na parte de trás da cadeira dela, prendendo-a. Ele piscou para ela, ignorando o
barman. A conversa em todo o pub gradualmente começou novamente.
Não demorou muito para a notícia chegar a Farrell em seu escritório na parte
de trás. Ele abriu a porta e encontrou o olhar dela. Houve uma mudança sutil em
Balladyn quando ele tomou conhecimento de Farrell.
Seu irmão caminhou com raiva para ela. Farrell acenou para Balladyn antes
que voltasse o olhar vermelho para ela. — Onde você esteve?
Nunca ocorreu aos idiotas que ele poderia aparecer no pub. Alguns segundos
depois, e os três se separaram novamente. Nenhum queria dizer a Farrell que o
perderam.
Era em momentos como estes que faziam Kiril achar que Ulrik estava certo
em querer acabar com a raça humana. Eles não queriam a proteção dos Reis
Dragões, tinham em vez disso tentado matar os Dragões.
Isto fez Kiril doente. Para conhecimento os Reis Dragões foram tão longe,
incluindo o envio de seus próprios à distância, pelos seres humanos e isto o fez
querer bater em alguma coisa. Nenhum ser humano jamais iria entender o que
fizeram a cada Rei Dragão ter que assistir os Dragões voando através da Ponte do
Dragão para outro reino.
Havia um pedaço faltando em cada Rei, e foi levado uma vez que os Dragões
partiram. Era uma peça que permaneceria perdida até que os Reis se reunissem
com os Dragões. E isso nunca iria acontecer na Terra, enquanto os seres humanos
a habitassem.
Kiril não odiava os seres humanos. Ele não sentia nada por eles. Os únicos
que ele poderia tolerar eram as fêmeas que acasalaram com outros Reis Dragões.
Cassie, Elena, Jane, Denae e Sammy eram diferentes dos outros seres
humanos. Sua compaixão era imensa, suas mentes abertas às possibilidades, e mais
do que qualquer coisa, cada uma arriscou sua vida por um Rei Dragão.
Não haveria uma fêmea humana como essas para ele. Kiril sabia disso nas
profundezas de sua alma. Outros Reis Dragões como Rhys procuravam as fêmeas
para nada mais do que aliviar seus corpos, mas Kiril estava perfeitamente contente
de nunca ter uma em sua cama.
Seu olhar aguçou sobre o pub quando um casal Escuro correu para fora do
prédio, olhando por cima de seus ombros. O que estaria acontecendo lá dentro?
Kiril desejava fazer a sua entrada, eventualmente, e ele estava pensando se era a
hora certa.
Kiril manteve os braços ao seu lado e virou a cabeça. Ela iria embora assim
que percebesse que ele não queria nada com ela. — Eu acho que você pegou o
homem errado.
Ele olhou para ela ao descobrir que embora sua voz e as ações fossem
sedutoras, seu olhar estava sóbrio e direto. — Você me encontrou. O que você
quer?
— Dar-lhe uma mensagem. — Ela puxou sua cabeça para baixo e beijou-o.
O beijo foi bom, mas nada que o agitasse como Shara fazia. Kiril não se
afastou enquanto ele deixou-a levar o beijo. Tudo até agora foi um show para os
humanos. Ele suspeitava que o beijo fosse também. De qualquer forma, sua
concentração sobre o que estava acontecendo em torno dele não diminuiu.
— Isso não é tudo. Balladyn não está sozinho. Shara está com ele.
O olhar de Kiril voltou-se para a porta do an Doras. Balladyn e Shara? Era
onde ela estava? Com esse bastardo?
— Eu não sei o que está acontecendo, mas vejo você olhando para o an
Doras. Eu diria para você não entrar. Esse lugar é... errado. Dois dos meus amigos
entram. Um que nunca mais vimos, e isso foi há seis meses. O outro não é a mesma
pessoa que era antes.
— Eu sei.
A mulher inclinou a cabeça para o lado, seus cachos mudando com ela. —
Por quê?
Como ela estava errada. A culpa estava com cada Rei Dragão. As Guerras
Faes foram há milhares de anos, e quando os Faes Escuros e da Luz finalmente
admitiram a derrota e assinaram o tratado, os reis só quiseram voltar para dias em
que não se envolviam em combates constantes.
Kiril agarrou o braço da mulher quando ela foi se virar. — Vá para casa esta
noite. Confie em mim. Você não vai querer estar aqui.
Kiril tremia de raiva. Ele disse a Shara sobre Balladyn, disse a ela que era o
Escuro que levou Rhi. Ela não disse que o conhecia. Na verdade, ela admitiu não
saber quem era Balladyn. Ele começou a suspeitar que Shara tivesse jogado mais
do que ele percebeu. E dane-se tudo, ele ainda ansiava por seu toque.
— Eu ouvi que Balladyn está lá, — um macho Escuro disse quando passou
correndo pelo beco, onde Kiril se escondeu.
— E um monte de inimigos.
Eles dois continuaram a conversa, mas estavam muito longe para Kiril poder
ouvir o resto. Parecia que o aparecimento de Balladyn estava causando bastante
agitação. Os Fae Escuros de toda Cork estavam chegando ao an Doras.
— Oh, por favor, que seja ele, — disse uma voz feminina queixosa chegando
mais perto com cada palavra.
Kiril permaneceu imóvel enquanto se concentrava na conversa.
— É, — disse outra mulher, com uma voz rouca. — Eu sei disso. Ele vai
ser meu.
Kiril parou de ouvir. Ele queria rasgar algo em pedaços, mudar em forma de
Dragão e soltar uma bola de fogo direto no pub. E se Shara estivesse com
Balladyn? Ele teve uma noite com ela. Não significava nada.
Mentiroso.
— Meu pai não deu permissão, — disse Farrell a Balladyn. — Ele é o chefe
da família e decide quem vai se casar com Shara. Não vai ser você.
Shara tomou um gole de uísque. Pela primeira vez, ela sabia que Farrell não
ia ganhar. E nem o seu pai. Era difícil não conter sua alegria ou o sorriso eminente.
Será que eles se sentiriam tão impotentes quanto ela se sentiu? Será que eles sabem
a fúria fútil que se aninhava como uma massa fria em seu estômago? Ela esperava
que sim, especialmente quando se tratava de Farrell. Ele era uma doninha, um
bastardo de primeira linha.
Farrell regozijou-se, seu sorriso cruel. — Sei quem eu sou. Ninguém vai
contra os Blackwood.
Balladyn sorriu, mas não alcançou seus olhos. No curto espaço de tempo
que Shara esteve com ele, ela sabia que era um sinal de que ele quase chegou ao
seu limite. Seu irmão, o idiota, não sabia disso.
Farrell manuseou o nariz para ela. — Além disso, pensei que depois do que
eu lhe falei sobre ela, você soubesse o suficiente para ficar longe. É uma questão
de tempo antes que eu possa matá-la.
Farrell deu de ombros, sem se importar que ele estivesse pisando em gelo
fino.
Balladyn fechou a pequena distância entre eles até que estava olhando para
Farrell. — Quantos. Muitos?
— Você deu sua palavra ao Pai, — disse a Farrell. — Você traiu, a mim e
toda a família.
O que quer que ele fosse dizer foi cortado quando Balladyn bateu o punho
em sua mandíbula. Farrell caiu no chão, puxando-a com ele desde que ainda estava
segurando seu braço.
Com isso, Farrell ficou em pé. — Eu vou ter sucesso. Eu estava ganhando
terreno.
Ela queria chutar Farrell nas bolas. Não que ele soubesse como manter sua
boca fechada?
Ela se recusou a se encolher para Balladyn. Ele poderia matá-la com uma
explosão de magia. Como ela poderia mesmo ter considerado a ele como sua
salvação?
Balladyn a enfrentou, sua dor promissora no olhar vermelho para ela por sua
omissão. Ele baixou o queixo, os lábios puxados para trás em um sorriso cruel. —
Quem é ele?
Shara abriu os lábios, sua mente correndo com opções quando Farrell riu
alto. O olhar de Balladyn deslizou para ele, um brilho perigoso em seus olhos.
Ela chegou ao final do bar sem que Balladyn notasse. Mais dois passos e ela
virou a esquina fora de sua vista. Ela não esperou mais um segundo para se tele
transportar para fora do pub.
Onde quer que fosse, Balladyn ou alguém de sua família iria encontrá-la. Ela
só queria alguns minutos para pensar, sem se preocupar com quem ia fazer-lhe
mal.
E então se lembrou que havia um lugar que ela poderia ir, um lugar onde se
sentia segura.
Kiril estava irritado que seu plano para enfrentar Farrell no pub chegou a um
ponto insuportável. Ele não se importaria de enfrentar Balladyn também, mas ele
não era o tipo imprudente para ir arrebentar dentro do prédio e enfrentar todos
aqueles Escuros sozinho.
Era hora de reavaliar o seu plano. Enfrentar Farrell ou Balladyn era uma
coisa, mas se ele entrasse no pub com os dois juntos, então eles iriam unir forças
contra ele. Kiril se recusava a ser preso em qualquer tipo de prisão Escura. Ele não
deixaria isso acontecer, o que significava que tinha de fazer as coisas de forma
diferente.
— Então ela está com Balladyn. — A ideia ainda o irritava, como esfregar
sal em uma ferida.
— Esqueça-se dela. Se você tentar chegar até ela, só vai acabar em uma de
suas masmorras.
— Bom. Agora sai daqui. Estou encharcado e preciso de algo além do uísque
irlandês desagradável.
Ele levou todo o seu dia para encontrar o endereço da casa de Shara, mas o
resultado foi exatamente o que ele queria. No entanto, o pedaço final de seus
planos se dissolveu como açúcar na chuva. Ele estava pronto para um copo de
uísque Dreagan e outra noite em forma de Dragão na adega, quando atravessou os
portões de sua propriedade.
Mais Escuros estavam vigiando a casa, o que significava que ele teria que ter
tempo amanhã para perdê-los nas ruas de Cork, mais uma vez, mas ele gostou do
desafio. Bem como de deixá-los com um olhar estúpido.
— Achei que você encontrou um novo homem. Balladyn não foi bom o
suficiente na cama de alguma forma?
Ela abriu a boca, mas ele apertou-lhe a garganta para impedi-la de falar. Seu
cabelo meia-noite pendurado em mechas úmidas ao seu redor com alguns fios
presos ao lado de seu rosto. O vestido preto agarrou-se a seu corpo como frisado
de água ao longo de sua pele.
— Eu não estou querendo ouvir qualquer coisa que você tenha a dizer, —
ele moeu fora. — Eu tinha esperança de que você fosse algo diferente do que é,
mas você me deu todas as respostas que eu precisava hoje à noite.
Seus olhos silenciosamente imploravam para que ele ouvisse, mas Kiril
estava além disso. Ele estava bravo consigo mesmo e com ela por ter se
apaixonado. Ele se preparou para levá-la para Dreagan com ele, e caramba, seja
qual fosse às consequências em seguida.
O fato de que ele se atreveu a ajudar um Escuro era algo que iria permanecer
com ele por toda a eternidade. Shara o lembrara de que ninguém poderia ser
confiável, que os Escuros eram do mal à sua própria essência.
Ele apertou mais, mas maldição, ele descobriu que não poderia prejudicá-la
mais do que isso. Não importa o quanto ele queria bater em alguma coisa, não
seria em Shara.
Por que não conseguia esquecê-la como fez com todas as outras mulheres
que ele fez sexo? A verdade simples é que Shara era diferente de qualquer outra
mulher em todos os tempos. Sua inocência falsa e paixão o pegaram com mais
segurança do que qualquer tipo de armadilha.
Kiril deveria ter sabido que ela iria tentar algum tipo de truque. Ele riu com
a voz rouca. — Claro que não.
Como ele sentiu falta do som de seu sotaque irlandês doce. Kiril deu um
passo para longe dela, mas virou-se para encará-la. — Explique.
Ele levantou uma sobrancelha. — Se você acha que vou deixar um Escuro
qualquer me levar como prisioneiro, então você não me conhece.
Kiril avançou para ela, fazendo-a recuar rapidamente. — Você esquece com
quem está falando, Escura? Sou um Rei Dragão. Eu estive vivo desde o início dos
tempos. Nós fomos os que ganharam as guerras Fae. Temos sido os que protegem
este reino. Nós somos os maiores fodões ao redor. Talvez haja a necessidade de
lembrar aos Escuros desse fato.
— Eu sei.
— Não. Você não sabe. Diga-me, quando foi a última vez que você viu um
Rei na forma de Dragão?
— Devo mostrar-lhe?
Suas palavras ajudaram a arrefecer sua ira crescente. Havia algo sobre Shara
que o fazia protetor, obsessivo mesmo. No entanto, com um toque ou uma palavra
ela podia acalmá-lo, ou enviar seus desejos nas alturas.
Ela deixou cair os braços para os lados. — Balladyn tem um exército inteiro
à sua disposição. Eles estão esperando na sua fortaleza para quando ele levar você.
Ele não me contou detalhes, mas... ele colocou as coisas no lugar para assegurar
que o próximo Rei Dragão que ele capturar não possa escapar.
— O que Balladyn está fazendo para Rhi... isso não é certo. Ninguém deveria
ter que sofrer dessa maneira.
— Ela é uma amiga. Nós não deixamos os amigos para trás, não importa o
quê.
Kiril se virou para Shara. — Então, que tipo de armadilha você tem
preparada para mim?
Shara não podia acreditar na diferença de Kiril. Ele não era o mesmo homem
encantador como antes. A corrente de perigo ainda estava lá, mas um fio mortal
foi adicionado a ele. Isso a entristeceu, mas ao mesmo tempo ela não podia culpá-
lo. Ela era o inimigo. Ele pensou que ela o enganou, e em alguns aspectos ela tinha.
Seu sorriso não alcançou seus olhos. — Eu tenho que acreditar em você?
— Acredite no que quiser. Vim para dizer-lhe sobre Rhi por que... bem, eu
realmente não sei por quê. Se acontecer de você encontrar o caminho para o
complexo de Balladyn, ele vai capturá-lo.
Suas palavras feriram tão profundamente que ela queria o atacar verbalmente
e fisicamente. Foi a falta de seu sorriso e sedução suave que a congelou, mantendo-
a imóvel enquanto seu coração batia contra as costelas.
Shara deveria saber que vir para ele ia ser um erro. Ela não conseguia pensar
direito em torno dele. Ele era puramente masculino, totalmente sexual. E por um
breve momento no tempo, ele foi dela.
Tudo o que ela fez depois o afastou. Medo de ficar sem a sua família, e
preocupação de tentar encaixar com os Reis Dragões parou todos os pensamentos
de um futuro com Kiril.
Sabendo o que ela sabe agora, iria mudar todas as decisões que fez. Contudo,
não havia como voltar atrás. Ela se colocou nesta situação, e iria se livrar dela. De
alguma forma.
Kiril deu um encolher de ombros. — Eu posso ver isso. Balladyn não quer
sua posição ameaçada por ninguém, muito menos por uma das famílias mais
poderosas do mundo Escuro. Ainda não explica por que você está aqui. Você
poderia me deixar uma mensagem sobre Rhi. Pelo fato de suas roupas não estarem
mais encharcadas, você tem que ter esperado aqui bastante tempo.
— Eu o fiz, — ela admitiu. — Deixei o pub logo após Farrell dizer a
Balladyn que o conheci.
Kiril ergueu a taça. — Ah. Então você enganou o grande Balladyn também.
Você está ficando sem homens, Shara.
— Eu não contei a ele sobre você, porque sabia que ele iria forçar-me a
ajudá-lo a chegar até você.
— Finalmente, a verdade.
Ela engasgou quando ele estava de repente diante dela, batendo-a contra a
parede com as mãos mantidas sobre sua cabeça e seu corpo duro cobrindo o dela.
Suas faces próximas com suas respirações misturadas, a raiva fora de seu olhar,
substituída com o desejo.
Sua respiração estava vindo mais rápida, seu peito subindo de forma
irregular. Mas ela nunca sentiu tanta paixão queimando em suas veias. — Eu queria
ver você.
Ele procurou seu olhar, e como sempre com Kiril, ela se encontrou abrindo-
se para ele. Não havia nada que ela pudesse esconder dele, nada que queria
esconder dele.
Sua cabeça baixou, e quando ele parou ela levantou o rosto tentando alcançá-
lo para obter outro de seus beijos ardentes. No entanto, ele puxou sua cabeça para
trás. Ela olhou para ele, tentando decifrar o que queria dela.
Ele não estava tentando esconder o desejo que acendeu seus olhos verdes.
Água pingando nas extremidades de seus longos cabelos antes de cair sobre seus
ombros, molhando o material de sua jaqueta.
Shara tentou apoiar-se nele, precisando sentir mais de seu corpo uma vez
mais, mas ele não permitiu isso. Ela nunca quis tanto alguém só para tê-lo a
afastando. O que ela não entendia era o motivo? Ele a desejava.
De repente, ele soltou os braços e deu um passo para trás. Ela lentamente
baixou os braços para os lados frustrada, porque ele não fez outro movimento para
beijar ou tocá-la.
Shara estava rapidamente perdendo a confiança. Suas emoções estiveram em
uma montanha russa, depois que fizeram amor. Chegando à noite, ela esteve em
dúvida, mas com a certeza de que ela tinha de dizer-lhe o que sabia.
Em seguida, ele a empurrou contra a parede com paixão ardente tão brilhante
que ela estava em chamas com ele. Exceto... Ele então a soltou. Ela estava errada
sobre a atração entre eles? Talvez não fosse ela seduzindo. Ela poderia ter sido a
única seduzida e enganada.
Não. Ela se recusou a acreditar nisso. Kiril era diferente de um Fae Escuro.
Ele não iria rebaixar-se com tais táticas quando tinha outras maneiras de conseguir
o que queria.
Sair? Ele estava louco? Para onde iria? Ela não podia ir para casa e não
poderia retornar a Balladyn. Ah, mas ele sabia disso.
E não se importava.
Como podia ter estado tão errada sobre Kiril? Ela correu ao longo da parede
para longe dele até que foi em direção da porta de entrada. Não foi até que ela deu
mais um passo para trás que viu em seu rosto a mesma expressão novamente.
Seus olhos verdes acenderam mais uma vez, seu olhar... Voraz.
— Não faça isso, Shara. Não corra, — ele sussurrou.
Ela olhou para suas mãos para vê-las em punhos ao lado do corpo, com o
corpo praticamente vibrando enquanto ele lutava para permanecer no local.
Desejo enrolou deliciosamente através dela.
Ela virou-se e correu pela casa, em torno de móveis e através de portas, até
que ela teve um vislumbre da piscina através das janelas.
Shara irrompeu pela porta, a umidade da noite sugando o pouco ar que tinha
seus pulmões. Ela começou a ir ao redor da piscina quando braços fortes se
envolveram em torno de sua cintura e puxou-a do chão.
Ela teve uma fração de segundo para prender a respiração antes dela ir para
a água. Sob a água, Kiril sem cerimônia virou-a e puxou-a contra si.
Seu coração perdeu uma batida quando sentiu sua excitação contra seu
estômago antes que seus lábios reivindicassem os dela. Shara colocou os braços
em volta do seu pescoço e flutuou sob a água fria enquanto ela foi beijada sem
sentido pelo único homem que poderia transformar o seu corpo em lava derretida
com apenas um olhar.
Um Rei Dragão.
Tão impossível como parecia, ela era de Kiril. Ele podia tocar seu corpo com
as mãos magistrais, palavras doces e lábios hábeis. Ninguém mais poderia trazê-la
para a beira de um orgasmo com apenas um olhar.
Nenhum movimento. Ele olhou para ela, prazer e êxtase lá para ela ver. Eram
as mesmas emoções que a enchiam.
Não havia palavras, porque nenhuma foi necessária. O desejo, a fome para
reivindicar um ao outro perdurava pesado entre eles. Isso falou mais claramente
do que qualquer palavra jamais poderia.
Água espirrou em torno dela. Suas respirações eram duras e irregulares, seus
corpos deslizando facilmente contra o outro. Shara queria parar o tempo e viver
neste momento para a eternidade.
Ela estava tão concentrada em lembrar cada segundo com Kiril e como ela
o sentia em seu interior, que o orgasmo a pegou de surpresa. Ela se sacudiu, o grito
preso em sua garganta foi tão feroz.
Um sorriso se formou quando percebeu que Kiril gozou com ela, cada um
alimentando-se do outro, arrastando o prazer até que ambos estavam desossados
e agarrando-se um no outro.
Perth, Escócia
Ulrik riu. — Um Rei Dragão sucumbindo a uma Fae Escura? Será que ele
sabe o que ela é?
— Sim.
O grande macho balançou a cabeça, fazendo com que seu cabelo longo preto
e prata se movesse com ele. — Eu segui a fêmea ontem quando ela visitou
Balladyn.
Isso fez Ulrik levantar uma sobrancelha. O famoso guerreiro da Luz que
virou Escuro. — E?
O Fae Escuro hesitou. — É tarde demais. Uma vez que um Fae da Luz é
levado pelos Escuros nunca mais será o mesmo.
Ele olhou para a cama, ainda amarrotada das horas passadas nela com Shara.
Foram apenas alguns minutos desde que ela o deixou, mas ele sentiu a sua ausência
profundamente.
Não que ele duvidasse dela. Pelo menos seu coração não duvidava dela. Sua
mente era inteiramente outra questão.
Kiril enviou um texto rápido para Phelan dizendo que estava voltando para
Dreagan e que ele também deveria voltar para casa. Esperava que Phelan
comprasse a mentira, porque Kiril não queria ter a captura de Phelan pelos Escuros
em sua consciência.
— Alguma novidade?
— Eu temia isso, — Con disse cansado. — Era demais esperar que a tivesse na
Irlanda.
Kiril passou a mão sobre sua mandíbula. — Tudo vai para o inferno em questão
de horas. Balladyn descobriu o que Farrell planejou para mim e entrou em cena.
Kiril detestava mentir para qualquer um de seus irmãos, mas o que ele ia
fazer era melhor fazer sozinho. — Eu estarei aí em breve.
— Se você não estiver aqui ao meio-dia estou indo atrás de você, — Con ameaçou.
— A fêmea Escura que foi enviada para me seduzir. O nome dela é Shara. Ela é a única
que encontrou Rhi e me disse onde está sendo mantida. Se Shara for para Dreagan, quero sua
palavra de que vai protegê-la.
— Uma escura? Você quer que eu proteja uma Fae Escura? — Ele perguntou,
incrédulo.
— Você a ama?
Con soltou uma respiração áspera. — Kiril, um Escuro não pode ser confiável.
— Você disse o mesmo sobre a Luz uma vez também. E, contudo, sempre confiei em Rhi.
— Rhi é diferente.
— Obrigado.
Kiril manteve-se em sua janela por muito tempo após a ligação entre ele e
Con ser cortada. Ele olhou para a piscina lembrando a noite. Nunca teve uma
mulher que pareceu tão bem na água.
Não era da natureza de Kiril ou de qualquer Rei Dragão sair correndo, mas
ele teve que considerar as opções, porque tinha mais em jogo do que o seu orgulho.
Kiril olhou ao redor da casa observando todos os lugares que os Escuros iriam
entrar e cercá-lo. Não havia nenhum lugar para ele ir que não iriam encontrá-lo,
exceto para um lugar— a adega.
Sua mágica de Dragão manteria a porta escondida de todos que não fossem
um Rei Dragão. Os Escuros poderiam procurar na casa inteira e nunca encontrá-
lo. Não importa o quanto ele queria lutar contra os Escuros, ele ia ter que esperar
pelo momento certo e esperar até que ele tivesse Rhi.
Por que, então, ele tinha uma sensação de mal estar na boca do estômago
que algo ia dar errado?
Shara ficou velada para todos por dois segundos, ela apareceu em seu quarto.
Foi o mais longo que ela poderia permanecer invisível, embora soubesse que havia
alguns Faes especiais que podiam ficar por longos períodos de tempo.
Felizmente para ela, aqueles dois segundos eram tudo o que ela precisava
para saber que ninguém estava em seu quarto. Ela arrancou o vestido preto, e ainda
úmido, da noite anterior e jogou-o no canto.
Ela se apressou vestindo uma calça jeans preta e uma enorme camisa preta
esvoaçante antes dela escovar os nós em seu cabelo. Não houve tempo para
colocar maquiagem e tentar estar em sua melhor aparência, mas se ela estava indo
enganar Balladyn, teria de fazer uma tentativa de parecer decente.
Não foi até que ela verificou-se uma última vez no espelho de corpo inteiro
que ouviu os gritos distantes. Ela se acalmou, percebendo que eles estavam vindos
de dentro da casa.
Shara lentamente abriu a porta e saiu para o corredor. Os gritos ficaram mais
altos então. Ela seguiu o som enquanto caminhava pelo corredor até as escadas
que levavam ao primeiro nível. Havia palavras faladas pelos gritos, mas não podia
entendê-las.
Sua cabeça virou-se naquela direção para ouvir mais uma rodada de gritos
cheios de agonia que vieram de seu escritório. Ela encaminhou para as portas
duplas, incapaz de manter-se longe. Depois do que ela fez, indo para Balladyn,
havia uma chance de que iriam prendê-la de novo.
Ou pior, matá-la.
Ainda assim, ela caminhou até que chegou às portas, com a mão na maçaneta.
De dentro ela podia ouvir uma voz e reconheceu como Farrell enquanto ele
implorava por misericórdia.
Um Fae Escuro implorando por misericórdia. Nem mesmo ela fez isso
quando estava diante de sua família aguardando justiça.
Ela respirou fundo e abriu as portas. Nunca mais ela tentaria passar em
qualquer lugar sem ser vista. Ela era forte e confiante, e não tinha que fazer o mal
para ser alguém. Levou apenas algumas horas com Kiril para ela chegar a esse
entendimento. Pena que ela não percebeu isto seiscentos anos antes.
Cada cabeça no escritório girou para ela, incluindo Farrell. Ajoelhado diante
de seu pai, o sangue cobrindo o rosto e as roupas, com vários ferimentos.
— Por favor, — implorou a ela. — Por favor, Shara. Diga ao Pai que o que
Balladyn disse é uma mentira.
Shara riu ironicamente. — Você quer dizer a parte onde você contou aos
outros o que eu fiz, o que era suposto que cada Blackwood nunca falasse para
qualquer pessoa fora da família?
— Eu não fiz, — Farrell lamentou.
— Então, como foi que Balladyn ficou sabendo disso? Mais importante, por
que você o anunciou no an Doras na noite passada? Você queria me matar porque
eu não sou boa o suficiente para esta família. Agora é a sua chance, Irmão.
Ela virou a cabeça para ele. — Fique fora disso. — Ela não esperou por ele
para consentir antes dela se virar para Farrell. — Bem? Aqui está sua chance. Você
bateu em mim muitas vezes. Levante-se e haja como um verdadeiro Escuro.
Shara estava repugnada com toda a cena. Ela se endireitou e virou-se para
sair quando sua mãe entrou em seu caminho.
Doce e sua mãe nunca foram misturados na mesma frase. Não havia um
pingo de bondade em sua mãe, ou o perdão para esse assunto.
— Balladyn veio aqui ontem à noite, — sua mãe continuou após seu silêncio.
— Ele quer que você seja dele imediatamente.
Shara apenas apostou que ele queria. Poderia ter levado algum tempo, mas
ela imaginou ambos Balladyn e seu irmão fora. Para tanto, ela imaginou sua família
também. Mais um arrependimento que ela percebeu tarde demais, depois de ter se
colocado em tal posição.
Ela olhou ao redor, compreendendo que era um show, todo mundo estava
jogando. O ‘julgamento’ de Farrell era apenas para aparências. Ele estaria morto
dentro de algumas horas.
O sorriso tenso de sua mãe era uma maneira de tentar tornar-se amigável
com uma filha que ela desprezou e agora queria estar bem com Shara porque ela
estava sendo reclamada pelo segundo Escuro mais poderoso e mão direita de
Taraeth.
Ela queria revirar os olhos. Mas ela não iria. Ela iria jogar o jogo com eles.
Ela aprendeu com o melhor, afinal de contas.
— A Reivindicação vai ter que esperar. Temos um Rei Dragão para capturar,
— afirmou para a sala em geral.
— Oh, ele está, — Shara disse com um sorriso. — Eu vou estar junto a ele.
Eu fiz todo o trabalho, depois de tudo.
Os dedos frios de sua mãe se envolveram em torno de seu pulso como ela
costumava fazer quando Shara era mais jovem. Era sua maneira de colocar Shara
em seu lugar. — Eu não acho que é uma boa ideia.
Shara olhou para seu pulso antes que ela erguesse o olhar para a mãe. Ela
esperou um piscar de olhos para ver se sua mãe iria libertá-la antes que ela
propositadamente, com determinação removesse a mão da mãe de seu braço. —
Não me toque novamente.
Sua mãe deu um passo para trás, um olhar de medo piscando em seus olhos
vermelhos.
Shara virou as costas para a mãe e olhou para o pai mais uma vez. — Você
tem alguma coisa a dizer?
— Nós somos a sua família, Shara, — disse ele calmamente. — Não ficaria
bem se não estivermos com você na Reinvindicação. Além disso, você é minha
única filha dos nove que tivemos.
Ela olhou para Farrell, que estava sentado encolhido em uma bola. — Você
tem outras coisas com que se preocupar. Havia muitos que testemunharam o que
Balladyn fez com Farrell, e o que é feito com um de nós é feito para a família. A
família Blackwood aparece como fraca agora. Eu não tenho certeza se quero ser
uma parte desta família.
Ele repassou sobre cada detalhe do plano e tentou determinar onde as coisas
podiam dar errado. O problema era que havia muitos lugares. Kiril limitou o
envolvimento de Shara apenas no caso dela ter uma mudança de ideia, ou, ainda
pior, Balladyn se apoderasse dela.
Com nada a fazer senão esperar, Kiril continuou a cochilar enquanto pensava
nas maneiras que ele queria levar sua raiva em Balladyn para o que ele fez com Rhi
e o que ele poderia fazer com Shara se Balladyn descobrisse que ela estava o
ajudando.
Se Rhys estivesse com ele, Kiril sabia que seu amigo o advertiria sobre ele
confiar em um Escuro. Ele sabia quais as chances, mas se houvesse a menor
chance de que Shara realmente queria ajudar, então ele teria que confiar nela.
Kiril não era insensato, e embora o seu corpo ansiasse por ela com uma
paixão que não podia ser explicada, ele sabia que ainda havia a chance de que Shara
poderia o estar traindo em sua teia bem trabalhada.
Não era apenas o desejo que atraiu Kiril para ela. Foi seu sorriso, sua mente
afiada, seu toque suave. Eram seus olhos que revelava cada emoção, era a faixa
prata em seu cabelo preto carvão.
Era a maneira que ela o fazia sentir-se inteiro desde que seus Dragões foram
mandados embora.
Shara sentia-se... Livre. Esta foi a única palavra que veio à mente enquanto
ela estava fora da casa de sua família no quintal. Nunca em seus sonhos mais loucos
que ela se atreveu a falar com seus pais como fez.
Ele foi o único que a aceitou pelo que era e não exigiu nada dela ou para ela.
Ele deixou-a ser ela mesma, certo ou errado. Que mostrou a ela que tipo de pessoa
que poderia ser. Que tipo ela queria ser.
Como a maioria dos poderosos Escuros, ele iria assumir que poderia puni-la
por sua suposta indiscrição. Shara teve vontade de rir. Como se ela fosse permitir
isso agora. Ninguém iria nunca mais mantê-la prisioneira.
Balladyn apreciou o seu espírito. Ela iria esperar o momento certo e matá-lo.
Um Escuro como Balladyn nunca pensaria que uma fêmea poderia prejudicá-lo.
Ela não queria ninguém vindo atrás dela, quando tudo acabasse, nem Balladyn,
nem sua família. Ninguém.
Ela seria a única no controle de sua vida. Ela seria a única a decidir se teria
um marido e quem seria.
Shara mal podia conter sua excitação para o início de uma nova era na vida
dela, mas antes que ela fosse capaz de segurá-la, teria que colocar-se em perigo.
Ela estava com medo, mas se Kiril estava disposto a arriscar sua própria vida por
Rhi, Shara faria o mesmo para ajudar Kiril.
Era assustador o quanto ela estava disposta a fazer por Kiril. Ele não tinha
ideia do controle que tinha do coração dela ou como, sem sequer tentar, ele a fez
ver o verdadeiro caminho que ela estava destinada a tomar.
Balladyn pode ser a mão direita para Taraeth e um guerreiro famoso. Mas ele
era apenas um macho como qualquer outro Fae Escuro que pensava que poderia
governar as fêmeas. Como ela detestava. O que fez com que ela pensasse em usá-
lo? O quão estúpido que esteve pensando que ele era a resposta para sair do julgo
de sua família.
— Eu não sou sua até a Reinvindicação, — disse ela com força, recusando-
se a deixar demonstrar sua dor.
Ele afrouxou o aperto uma fração e puxou-a contra ele para que sua boca
estivesse rente com sua orelha. — Você será minha. Nem sequer pense em lutar
contra o inevitável.
Shara não pensou que ela poderia odiar alguém, tanto quanto odiava Farrell.
Quão errado que ela esteve. Ela imaginou decepar a cabeça de Balladyn ou cortar
fora seu coração. Em vez de dizer-lhe para ir se foder, Shara segurou a língua. Uma
forma ou outra ela precisava ganhar tempo até Kiril chegar a Rhi.
Kiril era inteligente. Ele iria descobrir um caminho para a fortaleza de
Balladyn. Shara não seria capaz de mostrar-lhe a porta, mas ela iria garantir que a
atenção de Balladyn estivesse focada exclusivamente sobre ela.
Foi tudo que Shara podia fazer para não se encolher e se afastar em repulsa
quando sentiu a excitação de Balladyn.
Dreagan
Com todos os turistas do dia tendo ido, ela encheu um balde com água e se
dirigiu através da porta aberta do lado de fora para regar as roseiras plantadas em
grandes potes de barro em ambos os lados da porta.
Lily regou a primeira roseira e se inclinou para cheirar a flor laranja cremosa
perfumada. Ela virou-se para o segundo pote e foi quando viu Rhys.
Ele estava vestido com calça jeans preta que parecia cinza claro na coxa como
se tivesse sido lixada. Sua camisa de botão era branca e as mangas estavam
enroladas até os cotovelos. A parte traseira da camisa tinha asas negras bordadas e
espalhando-se sobre os ombros largos. O conjunto foi completado com botas
pretas, um punho de couro preto em seu pulso direito, e um relógio no seu
esquerdo.
Ele estava sorrindo, seus passos decididos. Lily estava prestes a dizer um Olá,
quando ele deu uma parada e sacudiu a cabeça como se alguém chamasse seu
nome.
Assim que Lily viu Constantine sabia que deveria voltar para dentro da loja,
mas ela queria apenas mais alguns minutos olhando para Rhys sem ninguém
olhando para ela. Ela levantou o balde para molhar o segundo arbusto quando a
voz de Con alcançou.
— Sim. Ele vai estar em casa logo. Eu dei até o meio dia, mas suspeito que
ele está querendo um último adeus com sua mulher.
Con lhe deu um tapa no braço, seus olhos enrugando nos cantos de sorrir.
— Seja feliz, Rhys. Kiril está voltando para casa. Ele não é imprudente como você.
Se ele diz que vai fazer alguma coisa, vai fazê-lo. Além disso, estou dando-lhe mais
uma hora antes de entrar em contato com ele novamente.
Lily sentiu que algo molhado bateu em seu dedo do pé e em suas sandálias.
Ela olhou para baixo para descobrir que transbordou o pote. — Oh, Dang10, —
ela murmurou e rapidamente recuou.
Quando ela olhou para cima, Rhys não estava mais no mesmo lugar. Ela
deixou seu olhar vagar rapidamente, mas não o viu. Com um suspiro, ela começou
a virar para entrar na loja quando ouviu sua voz cheia de alegria.
— Senhoras! — Gritou.
Lily se encontrou rindo, mas não a fez se sentir melhor. Rhys estava muito
longe, fora de seu alcance, ele não era nem um pontinho no horizonte.
11 Uma grafia humorística da pronuncia enfática de por favor, sugerindo a exasperação do orador
12 Skank é um ritmo musical que teve início na década de 80, que combina vários gêneros de música, como músicas
caribenhas, jazz, blues e outros. Skank é também conhecido como skunk, que é uma droga parecida com a maconha, mas que
é produzida em laboratório.
Ela largou o balde atrás do balcão e agarrou sua bolsa. Quando se endireitou,
havia um sorriso no rosto. Ela aperfeiçoou depois de anos de aprendizagem, a
esconder habilmente a dor dentro dela. — Boa noite.
— Você não fez isso, — Lily respondeu honestamente. Ela esfregou seu
pulso. — Tem sido um longo dia.
Cassie assentiu e mudou-se para deixá-la passar. Ela estava passando, quando
Cassie respirou rápido. Lily não teve que olhar para saber que ela viu as cicatrizes
nas suas costas.
Ela virou-se rapidamente para que as costas já não fossem visíveis para
Cassie. — Foi um acidente muito tempo atrás.
Lily tirou a bolsa do ombro e fixou sua camisa para esconder a cicatriz. —
Vejo você amanhã.
— Pode apostar.
E era uma das mil razões pelas quais ela só podia olhar para um homem
como Rhys e sonhar com o que nunca iria acontecer.
Shara ficou no meio da câmara de Balladyn e esperou para o que estava por
vir. Ele a queria, mas ela não tinha certeza se ele iria esperar até a Reivindicação
para tomá-la ou não. Shara queria que ele esperasse, porque ela não seria capaz de
fingir prazer se ele a tocasse. Não depois que descobriu o verdadeiro prazer nos
braços de Kiril.
Quanto mais tempo ele olhava para ela, mais ansiosa ficava. — Depois da
reivindicação.
Shara deu de ombros. — Isso é verdade. Você é o único Escuro que não
adorava cada palavra que viesse do meu pai. Você faria as regras.
— Você tem a mente astuta para ser uma parceira perfeita para mim. — Ele
se sentou e a olhou de cima a baixo. — Ontem pensei que era o que você queria,
mas isso foi antes de saber que você foi enviada para seduzir o Rei Dragão.
Por uma fração de segundo, Shara quase devolveu o grito com um — Sim!
— Mas de alguma forma ela manteve seu juízo sobre si. Balladyn poderia ter sido
um guerreiro impressionante para a Luz, mas sua mente não estava totalmente
intacta agora. Seja o que for que os Escuros fizeram com ele para transformá-lo,
tomou parte de sua mente.
Shara tentou tele transportar para fora, apenas para ouvir a risada de Balladyn
enquanto caminhava lentamente ao seu redor.
— Você realmente acha que eu iria permitir que alguém além de mim
pudesse ser capaz de aparecer ou desaparecer no meu quarto? — Ele balançou a
cabeça, com os olhos brilhando de malícia. — Você não vai a lugar nenhum, Shara.
Eu te disse, você é minha.
Ela tentou reunir a sua magia, mas nada estava acontecendo. Shara virou-se
e começou a correr para a porta quando foi atingida com uma explosão de magia
por trás, batendo-a na porta.
Ele se manteve apenas fora da vista, exceto para suas botas pretas, que
passava ao seu redor. A humilhação de ficar nua no meio de sua câmara era apenas
o começo. Shara sabia que ele iria fazer muito mais para ela.
Ela engoliu em seco e virou os olhos para o lado quando vislumbrou suas
botas. — Como se eu fosse permanecer e ficar entre dois machos lutando.
Balladyn gargalhou. — Aquilo não foi uma luta. Essa foi a minha
inicialização de pisar forte em uma formiga. — Houve uma pausa antes que ele
tocou sua cabeça, fazendo-a saltar. Sua mão deslizou pelo cabelo. — Se você odeia
Farrell tanto quanto ele despreza você, então deveria ter querido vê-lo ser colocado
em seu lugar. Mas você não ficou para ver, o que me leva a crer que você usou o
tempo para ir para outro lugar. Seu Rei Dragão, talvez? Qual o nome dele?
— Por que eu iria querer estar perto de um Rei Dragão? — Shara respondeu,
esperando que o calor acrescentado às suas palavras fosse suficiente para
convencer Balladyn.
Ele continuou a sua carícia pelas costas, parando para acariciar primeira uma
bochecha da bunda e depois a outra. — Eu queria te mostrar, e eu queria que você
visse como machuquei Farrell. Por você. Eu quase acreditei em suas mentiras,
assim como acreditei em Rhi uma vez.
O coração de Shara bateu com suas palavras. Seu significado foi mais
profundo, mas ela não tinha certeza o quão profundo quando se tratava de Rhi.
Sua atenção foi desviada enquanto ele continuava a acariciar sua pele. Ela
queria cobrir-se e gritar com ele para não tocá-la novamente, mas ela não podia.
Não se ela queria sair dessa viva e ser capaz de ajudar Kiril. No final, sabia que
suas chances de vida estavam no mínimo, mas ela faria isso por Kiril.
Ninguém jamais se importou o suficiente por ela para correr o risco de tal
perigo. Rhi não tinha ideia de como tinha sorte, e Shara desejou que ela pudesse
ser a única a dizer-lhe.
Ela tinha que pensar em uma história rápida, ou tudo o que ela fez para se
manter viva iria desaparecer em um instante. — Foi a resposta do Rei Dragão
quando brinquei com ele a um estado de desejo e recusei-me a ir para cama dele.
Shara tentou dar de ombros, mordendo o interior de sua boca para esconder
o estremecimento quando a dor atravessou seu braço pendurado por laços
invisíveis. — Minha missão era seduzi-lo para que a minha família pudesse prendê-
lo.
— Eu fui libertada da minha prisão, a fim de levar a cabo esta missão. Você
realmente acha que vou saber sobre seduzir os homens? — Ela perguntou
sarcasticamente.
Ele apertou seu bumbum dolorosamente. — Eu acho que vem fácil para
você. Se preparou para me seduzir.
Ele levantou uma sobrancelha preta e prata. — E você não acredita mais
nisso?
— Não.
Ele sorriu friamente. — Realmente não importa o que você pensa. Até o
momento que eu estiver acabado com você, você estará me implorando para ser
minha.
Shara perguntou se ele iria usar a magia para machucá-la, ou se ele iria forçá-
la. Assim, quando a primeira chicotada caiu sobre seu traseiro, ela não pôde conter
o grito, não estava preparada para a dor. Shara mordeu o interior de sua bochecha
enquanto levava mais cinco chibatadas antes de Balladyn dar por terminado. Sua
bunda estava em chamas, a pele crepitante do chicote.
Como se isso fizesse tudo melhor. Shara o fuzilou com o olhar. Ela foi
subitamente liberada. Seus joelhos mal a seguraram quando ela estava de volta em
seus pés, e seus braços se sentiam como se milhões de lâminas os tivessem
penetrados quando ela foi capaz de baixá-los e deixar o sangue correr de volta para
seus dedos.
— Se vista Shara. Você está vindo comigo para caçar o Rei Dragão. Desde
que você foi enviada para seduzi-lo e ele a conhece, você vai entrar primeiro, para
que possamos levá-lo de surpresa. Você vai completar a sua missão. Apenas para
mim em vez de sua família.
Ela apertou os dentes quando ele jogou um vestido na cama e ficou ao lado
da porta esperando. Claro que Balladyn teria um chicote feito especialmente para
ele, o bastardo. Sua pele estava em fogo, o ardor crescendo exponencialmente a
cada segundo.
Shara foi até a cama tão cuidadosamente quanto pôde enquanto Balladyn
observava. A dor era insuportável, mas ela iria sobreviver. Ela estava contente por
ter algo para cobrir seu corpo do olhar de Balladyn, mesmo que fosse o vestido
preto horrível que mal escondia os seios ou sua bunda.
Quando ela se virou para ele, Balladyn estendeu um par de saltos pretos que
pendiam de seus dedos. Shara os colocou, sem tirar os olhos dele. Ela não
entendeu o ódio e repugnância até então. Agora ela percebeu que só tocou nas
emoções.
Até Balladyn.
Ela saiu da câmara ao seu lado, a animosidade crescendo aos trancos a cada
passo que dava.
Kiril queria desfraldar suas asas e espalhá-las, rugir e se elevar para o céu. Em
vez disso, ele permaneceu em silêncio, escutando na adega.
Os passos de Shara a levaram por toda a casa procurando de uma sala para
a próxima. Ela passou mais tempo em seu quarto, e ele desejou que pudesse ver o
que ela estava fazendo.
Eventualmente, ela desceu as escadas e foi até a porta da frente que abriu
totalmente. — Ele não está aqui, — ela gritou e se virou para sentar-se nas escadas.
Não demorou muito para que os passos de trinta Escuros entrassem em sua
casa. Era tudo o que Kiril podia fazer para não surgiu no meio do chão e rasgá-los
em pedaços.
Ele fez uma careta quando o tom de Shara penetrou sua fúria. Ela estava
com raiva, seu tom cortante. Então ela não estava aqui por vontade própria.
Houve três segundos de silêncio antes de Balladyn dizer aos seus homens,
— Procurem na casa e toda a propriedade. Não deixe nada intocado. Se o Dragão
está aqui, vamos encontrá-lo.
Kiril já odiava Balladyn por tomar Rhi, mas agora ele queria, pessoalmente,
fazer-lhe mal por pensar que Shara era dele.
Shara fez um som na parte de trás de sua garganta. — Você acha que um Rei
Dragão iria revelar algo a alguém?
— Corte-me em pedaços, e ainda não vai mudar o que não sei, — disse
Shara, interrompendo seus pensamentos.
Shara pensou que ia vomitar sobre as palavras. Parte dela esperava que Kiril
estivesse lá para que ela pudesse procurar sua ajuda, mas no final ela estava em
êxtase que ele não estava. Onde ele estaria, no entanto, era a questão. Sua Mercedes
estava estacionada e as chaves estavam na mesa de entrada onde as lançou quando
chegou na noite anterior.
Se tivesse sido realmente vinte e quatro horas desde que ela deixou Balladyn
e esperou por Kiril na mansão? O que ela não faria para voltar no tempo e ter
àquelas horas com Kiril novamente. Ela iria pedir-lhe para levá-la para longe e
deixar a Irlanda, os Escuros, e sua família para trás.
Mas ela sabia que Kiril nunca faria isso. Ele era um homem honrado, um
homem que veio para resgatar um amigo. Só quando ele tivesse Rhi iria voltar para
a Escócia.
— Você me ouviu?
Shara parou de rolar seus olhos quando olhou para Balladyn. Ele estava fora
de lugar na casa de Kiril, um objeto estranho em uma residência de paz e prazer.
— Você disse algo?
Seu rosto ficou manchado de raiva. — Nossa Reinvindicação vai ser falada
por séculos.
— Eu não vou ser sua esposa. Eu já lhe disse isso. — Ela se levantou quando
seu traseiro começou a doer. Quanto mais andava, mais ela melhorava a dor.
Sentada ou estar parada por um longo período de tempo deixava a dor mais forte.
— Você vai fazer o que eu lhe digo. Você rejeitou sua família, lembra-se.
Sem mencionar que eles nunca se atreveriam a ir contra mim. Você não tem
ninguém, Shara. Ninguém além de mim. Lembre-se na próxima vez que você
quiser me dizer o que vai ou não fazer.
— Você vai ter mais em breve, — disse Balladyn, interpretando mal suas
ações.
Uma porta que sabia que nunca viu nos tempos que ela esteve na casa.
Seus olhos viraram para Balladyn que caminhou para a escada e colocou uma
bota no primeiro degrau enquanto ele olhava para cima. Dois Escuros apareceram
no topo das escadas balançando a cabeça. Balladyn deu um som de fúria e se virou
para o outro Escuro à procura na parte inferior.
Shara olhou para a nova porta. De repente, ela soube sem uma lasca de
dúvida de que Kiril estava atrás dessa porta. Ela queria estar lá com ele, mas não
se atreveu a chamar a atenção para isso. Mesmo que ela fosse a única pessoa a vê-
la, ela se recusou a deixar Balladyn saber.
— O carro dele está aqui, mas ele não. Onde mais um Rei Dragão poderia
estar, senão no céu?
Shara não teve mais que dizer nada quando Balladyn a agarrou. Eles
apareceram em seu quarto, onde ele a depositou no chão antes de desaparecer. Ela
olhou ao redor para ver se estava sozinha. Ela estava no interior da câmara. Ele
provavelmente tinha outros a guardando, e desde que ela não poderia se tele
transportar para fora, ia ter que pensar em algo.
Ela abriu a porta, preparada para fazer uma pergunta a um dos guardas,
quando descobriu o corredor vazio. Finalmente, algo estava a seu favor.
Shara saiu da câmara e fechou a porta atrás dela. Ela caminhou com passos
decididos para a porta que levaria à propriedade Blackwood. Pouco antes de ela
atravessar, Shara se camuflou. No momento em que estava de volta na terra, ela
tele transportou-se para a propriedade de Kiril.
Ela deixou cair o véu quando se viu sozinha. Imediatamente, ela foi até a
porta e fez uma pausa. Ela ainda não sabia como a viu, mas isso não importava se
a levasse a Kiril. Shara torceu a maçaneta e abriu. A porta se abriu com facilidade.
Ela ficou surpresa que não estava trancada, mas desde que ela assumiu que deveria
permanecer escondida da vista, não havia uma necessidade para que fosse
trancada.
Uma vez que ela entrou pela porta, suavemente fechou a porta atrás de si.
Quando ela se virou para olhar para a sala mal iluminada, congelou quando olhou
para a visão mais magnífica e assustadora que já testemunhou: um Dragão.
Os joelhos de Shara dobraram com a visão, e ela caiu de costas contra a
parede. O Dragão levantou a cabeça maciça de suas patas e considerou-a em
silêncio, com olhos azul real facetados e inclinados.
Kiril moveu seus ombros, fazendo com que suas asas roçassem contra a
parte superior da adega, arrancando pó de argamassa à deriva em torno dele. Foi
um erro ele ter se escondido em um espaço tão pequeno quando devia estar
voando entre as nuvens.
— Ninguém sabe que estou aqui, — disse ela e chegou ao primeiro degrau.
— Eu juro.
Shara respirou instável. — Seu plano original não vai funcionar. Precisamos
de um novo. — Quando Kiril não respondeu, Shara pediu: — Por favor. Eu quero
ajudar você. Eu preciso ajudá-lo. Não vai corrigir os erros que cometi, mas é a
única forma que conheço para fazer alguma coisa.
Shara deu uma sacudida ausente de sua cabeça. — Nada que eu não poderia
lidar.
Suas palavras foram cortantes e cheias de raiva. Foi quando Shara percebeu
que suas mãos estavam em punhos ao lado do corpo. Ela se pôs de pé, sem se
importar com seu traseiro dolorido, e desceu os degraus.
Ela não parou até que estava diante dele e colocou as mãos no seu rosto. —
Estou bem.
— Você não poderia tê-la visto. Eu usei a magia Dragão para escondê-la.
Faes não podem ver a magia Dragão.
Shara revirou os olhos, mesmo quando ela sorriu de prazer. — Eu não posso
acreditar que você está brincando em um momento como este.
— Existe sempre algo acontecendo. — Kiril olhou para a porta. — Boa
ideia dizer a ele que eu estava em forma de Dragão, mas não vai mantê-lo afastado
por muito tempo. Ou impedi-lo de retornar a sua fortaleza por você.
— Eu vou voltar para lá. Com você. — Ela se derreteu contra ele quando a
puxou em seus braços.
Ela fechou os olhos e saboreou estar com ele novamente. — Devo voltar.
Se eu não fizer isso, ele vai me procurar.
Shara inclinou-se para trás e olhou em seus olhos verde trevo. Ela sabia o
que ele estava prestes a perguntar. — Eu não vou me encaixar em Dreagan.
— Olhe nos meus olhos. Olhe para a prata no meu cabelo. Eu sou um Fae
Escuro. Nada vai mudar isso. Nós somos os seres mais odiados sobre este reino.
— Eu não fui ferida na casa dos meus pais quando estava trancada por
centenas de anos também. Ser ignorada e desprezada, isto pode ser pior do que
qualquer tipo de tortura.
Kiril a soltou e começou a andar. Shara sabia que a situação era terrível, mas
ela não conseguia parar de olhar para o seu corpo esplêndido. Seu olhar se deteve
em seu peito na tatuagem de Dragão, e ela estremeceu porque poderia jurar sobre
sua vida que acabou de ver o Dragão se movimentar.
Ela puxou os olhos para cima de seu peito e percebeu tardiamente que ele
fez uma pergunta. — Eu não pensei sobre isso.
Shara de repente tinha um plano, que ela não iria compartilhar com Kiril.
Não era para puni-lo, mas para libertá-lo dela. Ele era honrado o suficiente para
continuar tentando ajudá-la, o que só iria colocá-lo de volta na situação em que
estava.
— Você deve ir para um lugar seguro, enquanto vou para a fortaleza sozinho,
— disse ele quando puxou uma camisa preta sobre sua cabeça.
Shara estava balançando a cabeça antes mesmo de terminar. — Como eu
disse antes, você nunca vai conseguir passar pelos guardas na minha casa.
Depois de tudo o que ela o viu fazer, Shara acreditou nele. Se ela pudesse
transportá-lo de um local para outro, em um piscar de olhos como fazia a si mesma,
mas ela não era uma Fae suficiente poderosa para fazer isso. — Eu acredito em
você, mas também sei que Balladyn vai precisar de distração. Deixe-me fazer isso.
— Não, — ele disse, olhando para ela como se tivesse perdido a cabeça.
E talvez ela tivesse. — Vai dar certo. Além disso, eu estou longe dele agora.
Eu posso fazê-lo novamente. De que outra forma você vai chegar perto de seu
complexo?
Kiril sacudiu a cabeça. — Eu não posso lidar com a ideia de que você vai
voltar para ele.
— Eu posso lidar com Balladyn. Ele não me assusta. — Kiril olhou-a como
se soubesse algo, ela revirou os olhos. — Ok, então ele me assusta um pouco, mas
posso ficar longe dele, Kiril. Confie em mim. Eu tenho mais de mil anos e fui para
muitos reinos diferentes e conseguindo ficar de fora de qualquer problema real.
— Vou saber uma vez que você me disser, — disse ele com uma piscadela.
Kiril orou para que ela aceitasse tudo o que ele estava dizendo, porque se
eles não conseguissem se mover em breve, ele mudaria de volta num Dragão e
voaria com ela para Dreagan, independentemente se ela queria ir ou não.
Não importava o fato de que ela poderia voltar para a Irlanda com apenas
um pensamento.
— Há mais de uma dúzia de portas. Você precisa ir para o... — Ela fez uma
pausa, com a cabeça inclinada para o lado. — Espere um minuto. Você não pode
ver as portas Fae.
— Você é louco.
— Certo.
Ele desconfiou de sua resposta rápida. Foi o jeito que seu olhar se afastou
enquanto ela falava que a delatou. Embora não importasse o quanto ele
pressionasse, ela não iria dizer-lhe mais do que já disse. Ele tinha que aceitar isso.
Por enquanto.
— Pronto? — Perguntou.
Kiril sorriu e puxou-a contra ele para beijá-la lentamente, languidamente. Ele
nunca se cansaria de seu sabor doce ou a forma como ela amolecia contra ele. Por
mais que ele queria continuar o beijo, se afastou e olhou em seus olhos vermelhos.
Ele puxou sua mecha prata. — Eu quero que você me prometa algo.
— O que?
— Se eu for preso, quero que você fique tão longe de Balladyn quanto possa.
Ele vai usá-la contra mim.
— Dê-me sua palavra, Shara, que você vai para um lugar seguro se eu for
preso. — Quando ela não respondeu, ele envolveu-a em seus braços e segurou-a
firmemente.
Kiril beijou o topo de sua cabeça. — Fique segura. Não importa o que. Faça
o que você precisar fazer, mas fique viva.
Ela se afastou e olhou para ele com olhos vermelhos cheios de lágrimas. —
Não se atreva a ser pego.
Sem outra palavra, ela se foi, desaparecendo diretamente fora de seus braços.
Kiril baixou o queixo no peito e estendeu a mão para a maçaneta da porta antes
que parasse. Ele correu de volta para baixo nas escadas para a parede oposta.
Usando sua magia, ele escreveu uma mensagem na parede do porão que só um Rei
Dragão seria capaz de ver.
Kiril desejou que ele pudesse executar o resto de seu plano por conta própria,
mas se quisesse ter sucesso, só havia uma pessoa que poderia ajudá-lo. Ele pegou
seu celular e discou o número. Sua chamada foi atendida no segundo toque.
— Eu perguntei quanto tempo levaria para me chamar, — Phelan disse
casualmente.
— Dane-se, Dragão. Você é um idiota se acha que deixei a Irlanda. Você não
pode me enganar.
— O fato de que você não deixou a Irlanda foi o maior indício, e então há a
fêmea.
Shara. Kiril não queria pensar em como ele iria deixá-la para trás. Ele não
podia forçá-la a ir para Dreagan, nem podia alegremente deixá-la aqui.
— E foi por isso que eu não fui embora, — afirmou Phelan. — Porra, mas
eu sabia que Balladyn ou Farrell iriam estragar alguma coisa. Eu estou aqui para o
que você precisar se envolver para libertar Rhi.
Kiril sorriu para si mesmo. Phelan se provou muitas vezes. Foi uma sorte
dos Reis terem feito uma aliança com os guerreiros e aprendido que Phelan era
meio-Fae. Sem ele, eles nunca iriam encontrar as portas.
— Eu estarei lá.
Kiril terminou a chamada, uma calma desceu sobre ele. Fora da porta da
adega tinham seis Escuros. Com um sorriso no lugar, ele abriu a porta, a força de
sua magia Dragão enchendo-o até que ele pensou que iria estourar.
Constantine sentia em suas vísceras que algo aconteceu com Kiril. Se Kiril
permaneceu para trás por sua própria vontade ou alguém o deteve, tudo se resumia
ao fato de que ele não retornou para Dreagan.
Com a noite escura como breu, tornou fácil para Con ver Guy, Tristan,
Kellan e Laith refletidos na janela. Con finalizou o último gole de seu uísque e
enfrentou o grupo.
O rosto de Kellan estava torcido com raiva. — Corte a merda, Con. Você
disse que Kiril estava voltando. Isso foi há horas.
— Eu sei.
Guy passou a mão pelo cabelo. — Você sabe? Você tem notícias dele?
Porque ele não me respondeu.
— Ele não me respondeu, também, — Con admitiu.
— Então ele não pode descobrir, — disse Con tão calmamente quanto
podia. Eles não tinham ideia de quão perto do limite ele estava andando e nem
seriam eles a descobrir.
Foi Kellan, que sustentou seu olhar antes de bufar e balançar a cabeça. —
Você não disse a eles.
Con poderia ter alegremente atirado Kellan através da janela. Ele teria dito a
todos assim que tivesse formulado algum tipo de plano. — Kiril pediu que eu
concedesse permissão para oferecer porto seguro para uma Fae Escura.
— Isso não foi o que eu quis dizer, — disse Kellan. — Embora se você
contar a eles essa parte, então precisa dizer a eles que ela é a única a ajudá-lo.
— Não, — disse Kellan. — Nunca, nem uma vez, desde que os Fae Escuros
se aventuram a este reino.
Laith colocou uma mecha longa, ondulada de cabelo loiro atrás da orelha. —
Uma mulher Escura? O que ela é para Kiril?
Guy soltou um suspiro cansado. — Kiril está indo atrás de Rhi, é o que ele
está fazendo, certo?
— Eu faria o mesmo em seu lugar depois do que ela fez por mim e Denae,
— disse Kellan.
Tristan concordou. — Sem mencionar o que ela fez por mim e Sammy.
Con trocou olhares com Kellan. — Nós nem sequer sabemos para onde ir.
A porta do escritório se abriu. Todos os olhos olharam para ver Rhys parado
ali, seu rosto uma máscara de fúria. — Há um que sabe. Phelan.
Havia alguém que ele poderia entrar em contato, mas ela era apenas um
último recurso. Ele poderia muito bem chegar a esse ponto, mas Con iria esperar
até que o momento chegasse.
— E onde é isso?
— E outro Rei Dragão a ser tomado pelos Escuros não garante nossa ação?
— Perguntou Kellan.
— De acordo com Kiril, sim. Balladyn tem um exército inteiro à sua espera
na fortaleza.
Rhys bateu com a mão na mesa de Con. — Será que ele quer ser capturado?
Phelan fez um som na parte de trás da garganta. — Não. Shara vai ajudar.
Con usou o polegar e o indicador para apertar a ponte de seu nariz. — Você
confia nela?
— Kiril vai estar aqui a qualquer momento. Procure a casa mais ostensiva
em um bairro nos arredores de Cork, e você vai encontrá-la. Vejo Kiril.
Encerrou a chamada.
Con empurrou a cadeira para trás com as pernas e se levantou. Ele olhou
para Guy. — Certifique-se que as patrulhas estão em vigor e os novos sensores
fixados para os Fae Escuros. Quero as companheiras na montanha com os Silvers
sendo vigiados. Kellan, eu quero patrulhas no ar também. Tristan, chame os
guerreiros e que eles saibam o que está acontecendo para que possam estar
preparados.
Laith apoiou as mãos na parte de trás da cadeira vazia. — Porque isto poderia
ser uma armadilha para nós. Eles tomam Kiril, vamos atrás de Kiril, e eles usam a
nossa ausência para atacar Dreagan.
— É apenas uma precaução, — disse Con. — Laith, coloque alguns sensores
ao redor dos Silvers também. Outra precaução.
Todos eles saíram para cuidar de suas obrigações, exceto Rhys. Rhys esperou
até que todos foram embora antes que ele se aproximasse da mesa de Con. — Eu
acho que deveria ser mais do que apenas nós dois entrando.
— Eu não quero que eles saibam que estamos chegando. Nós vamos ter que
voar baixo.
— Baixo? — Perguntou Rhys com uma careta. — Você quer que por acaso
os seres humanos nos vejam?
— Mais baixo.
Rhys revirou os olhos. — Você acha que vai nos manter escondido dos
Escuros?
Con veio ao redor de sua mesa. — Nós levamos o SUV para o litoral.
Rhys girou nos calcanhares e saiu do escritório, Con logo atrás. Con sabia
que tudo iria ser cuidado em Dreagan. Sua preocupação era chegar a Irlanda, e
depois retornar.
Ele ficou atrás do volante do SUV e começou a dirigir o Range Rover preto
assim que Rhys entrou. O motor ronronou a vida, e ele guiou na estrada. Con
olhou pelo espelho retrovisor para Dreagan. Enquanto as coisas como estas
estavam acontecendo, ele não conseguia se concentrar em matar Ulrik, e ainda
todos os problemas foram causados por Ulrik. Muito em breve Con ia ter que
tomar uma decisão, deixar as missões para os outros Reis e ir atrás de Ulrik.
— Eu vou chutar o traseiro de Kiril por isso, — Rhys murmurou após uma
meia hora na estrada.
Con olhou para ele. — Logo após eu ter uma conversa com ele. Ele nunca
fez nada assim irresponsável.
— Você quer dizer que ele nunca agiu como eu antes, — disse Rhys com
um sorriso irônico.
— Sim. É por isso que eu acreditei nele quando disse que estava voltando
para casa. Eu deveria ter percebido quando ele cedeu tão facilmente que algo estava
acontecendo.
— Sim.
— Alguém tem que te irritar ou você acharia que poderia dominar o mundo,
— disse ele com um sorriso quando abriu a porta e saiu.
Ele usou suas asas para nadar através da água. Levou um tempo significativo
para eles percorrerem em torno da Ilha de Skye e no mar da Irlanda. Acima deles
barcos e navios manobravam, sem saber o que estava abaixo deles.
Rhys virou a cabeça e fez um sinal com sua asa. — A Irlanda está bem aqui.
— Sim, mas estamos à milhas de Cork. Eu quero o mais próximo que pudermos chegar.
Con nadou mais rápido, e Rhys manteve o ritmo, nadando ao lado dele até
que finalmente chegaram ao Canal de São Jorge.
Eles começaram a nadar de novo, desta vez para ficar tão perto de terra
quanto possível. Poucos minutos depois, ambos mudaram de volta à forma
humana e nadaram até a costa.
— Mostre-me.
Ulrik seguiu o Escuro para o outro lado da rua para a calçada em torno dos
edifícios até que veio para o beco. Ele continuou no beco estreito passando várias
empresas, e só parou quando chegou ao final do mesmo.
Ulrik esperou o Escuro apontar para a localização exata. Quando ele não o
fez, Ulrik virou-se e deu-lhe um olhar glacial. — Como eu já disse várias vezes,
ninguém vai saber que você me mostrou a porta. Você duvida da minha palavra?
— Ah, — Ulrik disse, lembrando-se. Ele tirou uma pequena bolsa de couro
do bolso e jogou-a para o Escuro, ouvindo-se o som do tilintar de metal juntos.
— O pagamento, conforme acordado.
— Se você por acaso me apontou para a porta errada, estará ao meu lado
para corrigir o erro. Desta forma, não terei que caçá-lo, — disse Ulrik, a última
parte falada com ameaça suficiente para fazer o Fae Escuro ansioso.
Assim como Ulrik suspeitou. O Escuro temia Balladyn. Não Taraeth, mas
Balladyn. Isso foi interessante o suficiente, mas não tanto que alterasse os planos
de Ulrik desta vez. Chegaria um momento em que ele teria de ter uma conversa
com Balladyn. Até então, ele iria reunir informações que poderiam ser usadas
contra Balladyn até que ele pudesse ter o guerreiro Escuro do lado dele.
— Mostre o caminho, — Ulrik disse quando fez um gesto com a mão.
O Escuro andava com as pernas trêmulas pela porta, e Ulrik foi um passo
atrás dele. Assim que ele entrou, estava em outro reino. Não era a primeira vez que
ele deixava o reino da terra, e não seria a última.
Após três passos Ulrik olhou por cima do ombro para ver várias portas. A
que ele passou através tinha uma névoa vermelha em torno dela o que a diferenciou
das outras.
Os Fae Escuros fingiam ser os mais malignos, os seres mais vis ao redor, mas
Ulrik sabia a verdade. Eles eram como crianças petulantes tentando voltar para
seus pais, os Fae da Luz. Foi uma guerra familiar em curso que durou incontáveis
eras e não mostrava sinais de terminar tão cedo.
Ulrik viu as guerras Fae com interesse do lado de fora. Ele realmente não
sabia qual o lado queria que ganhasse, os Reis Dragões ou os Fae. No final, isso
realmente não importava. Ele era como tinha sido há milhares e milhares de anos.
Tudo o que ele tinha eram suas memórias de quando podia mudar em sua
forma de Dragão e levantar voo, ouvir seus Silvers em torno dele, saber que ele
era parte de algo importante.
Ulrik entrou nas sombras quando um grupo de três Escuros veio em sua
direção. Ele observou como cada um deles passou por uma porta diferente. Ele
fechou os olhos e puxou o desenho da fortaleza que memorizou em sua mente.
Com quatro rotas já definidas, os olhos de Ulrik se abriram.
— Com quem você estava falando? — Kiril perguntou quando ele chegou
a Phelan, que se agachou atrás de uma cerca de arbustos do outro lado da rua da
casa de Shara.
— Seis, mas eles são preguiçosos, o que significa que há muito mais dentro.
— Claro que sim, — disse Phelan com um rolar de seus olhos. — Você tem
certeza que os Escuros não podem ver através de meu poder?
— Não, mas vale a pena uma tentativa. Eles não podem ver a magia Dragão
e talvez eles não possam ver a sua.
— Você é parte Fae, Phelan, e têm um deus primordial dentro de você. Você
é formidável. Agora use esses seus poderes especiais.
Phelan sorriu antes de lançar seu poder. Kiril observou como uma imagem
dele como um Dragão apareceu na rua. Era estranho ver-se desta maneira, e isso
fez com que ele quisesse mudar imediatamente. O deus dentro de Phelan deu-lhe
a capacidade de alterar a realidade de modo que ninguém poderia saber qual a
realidade era verdade e qual não era. Ele ajudou os guerreiros muitas vezes em suas
batalhas com os droughs.
Mais de uma dúzia de Faes Escuros correram para fora da casa. Phelan
lançou uma risada quando enviou o Dragão no ar e voando sobre o bairro.
— Sorte para nós você ser capaz de alterar a realidade dessa maneira, —
disse Kiril.
— Nós não vamos ter muito tempo. Como você quer entrar?
Ambos correram para o outro lado da rua, e de um salto, pularam por cima
da cerca de madeira de dois metros. Kiril olhou para o céu para ver o Dragão de
Phelan desaparecer nas nuvens.
— Qual a cor que Shara disse que a porta era? — Phelan perguntou quando
eles se arrastaram pelo jardim.
— Ela não disse. Ela disse que ficava na parte de trás para a direita, separado
das demais.
Kiril soltou uma maldição e correu atrás dele. Ele odiava ir através de portas
Fae, e esperava que esta seria a última vez por um longo, longo tempo.
Assim que eles foram pela porta, Phelan parou de repente, obrigando Kiril a
ter que o contornar a fim de não colidir com ele. De repente Phelan foi jogado
para a esquerda, batendo violentamente contra a parede. Kiril circulou um Fae
Escuro que jogou sua magia sobre ele.
Kiril não queria que nenhum alarme soasse, então ele permaneceu em forma
humana e lutou com o Escuro. Ele se esquivou das explosões de magia e usou seus
punhos para lutar com o Fae. Kiril escapou de outra bola de magia e rolou,
levantando-se com o punhal na palma da mão.
Ele veio nos seus pés, pronto para mergulhá-lo no coração do Escuro.
Phelan chegou nele primeiro, afundando suas garras de ouro no pescoço do
Escuro com um rosnado. Um batimento cardíaco mais tarde e Phelan arrancou a
cabeça do Fae Escuro.
Kiril observou o Fae cair morto em seus pés. Ele olhou de volta para o
Guerreiro com seu deus liberado, evidente por sua pele dourada, olhos, garras e
suas presas. — Bem, essa é uma maneira de fazê-lo.
Phelan recolheu seu deus, e, juntos, eles moveram o Escuro para uma sala
vazia nas proximidades.
Kiril olhou para ele. — Nós estamos agora, mas com uma pequena ajuda
sua, nós conseguiremos.
— Continue assim e vou deixar o seu rabo de Dragão para todos verem, —
disse ele com um sorriso.
Kiril nunca pensou que poderia brincar facilmente com qualquer outra
pessoa como ele fazia com Rhys, mas, então conheceu Phelan. Não era de admirar
que Phelan e Rhys se davam tão bem. Eles eram semelhantes em muitos aspectos.
Num piscar de olhos, Phelan usou seu poder para que ambos ficassem
parecidos com qualquer outro Fae Escuro que andasse pelos corredores da
fortaleza. Eles começaram a caminhar lado a lado através do composto.
— Eu tenho que lhe dizer os olhos vermelhos não ficam bem em você.
— Nem o seu cabelo prateado, mas você não me ouviu reclamando, — disse
Phelan.
Kiril olhou para o amigo. — A verdade é que ela pode não ser a mesma
pessoa que conhecemos. Os Escuros têm uma forma de tortura que obtém
resultados rápidos.
Eles contornaram outro canto e imediatamente pararam. Phelan assobiou
baixinho enquanto Kiril focava em seu novo inimigo, Balladyn, à medida que o viu
entrar em uma sala.
Shara andou nervosamente nos limites da câmara de Balladyn. Foi muito fácil
sair e voltar. Muito fácil. Ou talvez ela só estivesse pensando coisas demais. Ela
torceu as mãos, a cabeça batendo cheia com os pensamentos e o pânico.
A porta foi aberta de repente e Balladyn encheu a entrada. Seu olhar caiu
sobre ela. Shara olhou enquanto ele permaneceu imóvel, seus olhos perfurando os
dela.
Shara piscou. Não havia nenhuma maneira que Kiril teria sido tão tolo. Tinha
que ser algum tipo de truque.
— Eu não entendo.
Ele deixou cair as mãos para os lados. — Eu também não. Demorou um
pouco investigando. Você sabe sobre o que os Fae da Luz não conseguem parar
de falar? Parece que há um meio-humano, meio-Fae com poderes excepcionais.
— Eu não tinha ouvido. Eu não acho que isso seja possível. Nós não estamos
supostos a ter filhos com os seres humanos.
Shara fingiu indignação. — Eu? Ele me odeia. Por que você acha que ele
veio à minha casa? Ele está tentando me matar.
— Eles não ousariam. — Suas palavras foram casuais, mas a maneira como
seus olhos vermelhos se estreitaram uma fração disse que estava considerando isso.
Shara permaneceu imóvel. Ela não iria se encolher, mas acima de tudo, não
permitiria que ele visse como ela tremia.
Ela não podia extrair o ar em seus pulmões. Como ele sabia sobre ela e Kiril?
Não havia nenhuma maneira. Ninguém sabia, nem mesmo a sua família, então não
havia nenhuma maneira dele saber nada.
Ele resmungou. — Ou foi depois que mostrei interesse? Quando foi que
você e sua família decidiram me enganar?
Um suspiro de alívio quase escapou dela, até que suas palavras penetraram
sua mente. A família dela. Ele pensou que ela o traiu com sua família. Ela não
podia negar isso também, porque estava traindo-o, apenas com Kiril.
— Eu fui explorar.
— Eu estava aqui.
— Para cada mentira que você me diga, vou dar-lhe dez chicotadas. E eu
prometi que se tivesse que usar o chicote novamente não será vergões que deixarei.
— Você realmente é uma teimosa. Eu vou odiar ter que cortar a sua pele,
mas você vai aprender sua lição. Veja você, os dois guardas escondidos fora desta
câmara a seguiram para a porta de entrada para a sua casa e depois voltaram aqui
quando você voltou.
Não havia nenhuma dúvida sobre isso agora. Ela estava regiamente ferrada.
— Percebe que é onde Shara está? — Phelan perguntou com um aceno para
uma porta.
— Eu sinceramente espero que você esteja certo, porque quero voltar para
minha esposa, — disse Phelan.
Kiril olhou para ele e fez uma careta. — Devemos encontrar Rhi.
— Sério? E você acha que eu posso manter o seu disfarce a essa distância?
Kiril passou a mão pelo rosto. Tudo indo na direção de uma merda total,
assim como ele suspeitou que seria. Seu instinto disse-lhe para cancelar tudo e
voltar para Dreagan imediatamente.
— Shara é inteligente. Ela vai continuar fingindo até que possa estar segura.
— ele disse e virou a cabeça para Phelan. — Vamos procurar Rhi enquanto ele
está ocupado.
— Quem quer entrar para o calabouço? É a saída que vai ser difícil. — Kiril
contou as portas de metal à direita até chegar a décima segunda. Ele olhou para a
porta, e então em Phelan. — Não há fechaduras.
— Magia?
Ele olhou para dentro da cela sombria através da escuridão para uma forma
que estava acorrentada à parede. Uma massa espessa de cabelo preto enrolado
pendurado sobre seu rosto, mas Kiril sabia que era Rhi.
Ele abriu a boca para dizer mais quando vozes chegaram até eles, chegando
cada vez mais perto. Kiril empurrou Phelan dentro da cela e rapidamente fechou
a porta atrás deles. Phelan ficou achatado contra a parede de um lado da porta, e
Kiril do outro.
Kiril assentiu tristemente. Ele desejou que houvesse uma janela ou algo para
que pudesse ver quem Balladyn estava trazendo para as masmorras.
— Perdoe-me se eu não acredito na sua merda, — disse uma voz que Kiril
conhecia muito bem.
Mas sair da terra do reino Fae não seria tão fácil. Ninguém podia ver as portas
Fae exceto os Fae porque não queriam que ninguém soubesse onde o seu reino
ficava, ou como chegar lá.
Kiril fechou suas mãos e tentou controlar a ira que foi rapidamente se
construindo dentro dele. Ele encontrou o olhar perturbado de Phelan antes que
olhasse para Rhi.
— Você vai ficar aqui até que eu possa garantir que cada membro de sua
família esteja exterminado. Só então saberei que você não está tentando me trair.
Kiril deu uma olhada mais atenta nas correntes e fez uma careta para elas. —
Estamos fodidos, meu amigo. Essas são as correntes de Mordare que pensava que
estivessem perdidas. Elas foram criadas pelos Fae da Luz para segurar os Escuros.
Elas só podem ser removidas apenas pelo Fae que algemou ela.
— Balladyn, — Phelan moeu fora. — Rhi deveria ter usado sua magia.
— Toda vez que ela fizer, uma sacudida é enviada através de seu corpo.
Outra vantagem das correntes. Elas estão esvaziando-a de... si mesma.
O que o olhou de volta eram olhos que estavam vazios... Sem alma.
— Esta não é Rhi, — disse Phelan.
— E se você for pego? Você, um príncipe da Luz. Você não tem nenhuma
ideia do que fariam com você. Seria como uma gota no balde em comparação com
o que eles fizeram para Rhi.
Levantou a cabeça e olhou Kiril com seus olhos azuis acinzentados. — Será
que Rhi verá a diferença?
— Quem era seu amante Rei Dragão? Eu sei que não é você.
Kiril torceu seus lábios. — E não foi pela minha falta de tentar. Céus, todos
nós a queríamos. Todos nós. Faes são criaturas impressionantes, mas havia sempre
uma luz especial dentro de Rhi que a diferenciava, mesmo da rainha. Mas Rhi tinha
olhos apenas para um rei.
— Você não irá me dizer o seu nome, não é?
Kiril sacudiu a cabeça. — Não é minha história para contar. Se Rhi quer que
você saiba, ela vai lhe dizer.
— Por causa da história em si. Depois... de tudo, pensamos que nunca mais
veríamos Rhi novamente, e nós não a vimos até que começamos a interagir com
os Guerreiros.
— Exatamente. Se não tivesse sido por nossa aliança com você e os outros
guerreiros, eu acho que Rhi teria nos ajudado novamente. O que significa, que ela
não pode ficar nesta prisão.
Phelan olhou para ela. — Balladyn queria vingança. Ele teria encontrado ela
de uma forma ou de outra.
Kiril deixou cair os braços e olhou para a porta por cima do ombro. — Nós
saímos e nos reagrupamos. Tem que haver outra maneira de quebrar essas
correntes malditas, e nós vamos encontrá-la.
— Você realmente acha que Con correrá o risco de trazer os Reis Dragões
para Rhi? Ele a odeia, — Phelan disse, seu olhar duro quando olhou para Kiril.
— Isto não será uma decisão do Con. Eu vou voltar, e sei que outros o farão
também.
Isso apaziguou Phelan, porque ele deu um leve aceno de cabeça e levantou-
se. — Parece errado deixá-la, mas nós não vamos fazer-lhe qualquer bem se
formos apanhados.
Eles caminharam lado a lado para a porta, mas quando Phelan alcançou a
maçaneta, Kiril pensou em Shara. Ele colocou uma mão no braço de Phelan para
impedi-lo.
— Eu não sei. Você é o único que a conhece melhor. Você confia nela?
— Sim.
Kiril orou para que ele não estivesse errado sobre Shara. Se ele estivesse
errado, iria acabar perdendo a vida de um príncipe Fae. Uma coisa era quando
apenas a sua própria vida que ele tinha que se preocupar, mas agora ele teve de
considerar o bem estar de Phelan.
— Os Reis Dragões sim. Diga-me, Kiril, se você for pego, vai Con e os
outros deixá-lo aqui? Ou eles virão para você?
— Você deveria estar. — Kiril apontou para Rhi. — Olha para ela. Isso
seria você. Quer que Aisley o encontre assim?
— Eu quero deixar claro que detesto este plano, mas vejo o seu ponto.
Apenas não seja capturado.
— Não é a minha intenção, — Kiril disse quando deixou cair sua mão e
Phelan abriu a porta.
Rhys não gostou de Cork a primeira vez que a visitou, e agora ele continuou
não gostando de nada. — Sinto-me como se eu precisasse parar e esfregar minha
pele com ácido para ter fora esse sentimento sujo, — ele murmurou enquanto
caminhava pelas ruas ao lado de Con.
Ele olhou para Con para ver seu olhar analisando o grande número de Fae
Escuros misturando-se com os seres humanos. — Eu tentei dizer-lhe que estava
assim tão mau.
— Nós temos que proteger os seres humanos, Rhys. Não manteremos a
Escócia por muito tempo se isso está acontecendo tão perto de nós.
Con desviou seus ombros para o lado para dar espaço para um grupo de
meninas em idade de faculdade. — Estávamos todos cansados de lutar. O tratado
era a única opção, ou ainda estaríamos no meio de uma guerra com eles.
— Eu sei.
Rhys encolheu os ombros e puxou a camisa pequena demais que ele roubou.
— Eu acho que nós nos tornamos negligentes e nos mantivemos cuidando de nós
mesmos por muito tempo.
Rhys quase tropeçou nos próprios pés. Sua cabeça virou para Con. — Claro
que você diria isso quando nenhum dos outros estão em torno para ouvi-lo.
Con voltou seus olhos negros para ele enquanto cruzavam uma das muitas
pontes para fora da cidade. — Tente controlar um grupo de Reis Dragões e me
diga como vai ser.
— Aí está. Kiril teve Phelan para obter ajuda. Nós não temos essa vantagem.
— Sério?
Rhys olhou para Con e o viu sorrindo para alguém. Rhys deslizou seu olhar
para onde Con estava olhando. Ele não precisava ser informado que a mulher linda
com cabelos preto carvão e olhos cor de prata derretida era um Fae da Luz.
Seus olhos se voltaram para ele e seu sorriso cresceu. — Olá, Rhys.
— Eu não acreditava que você viria, — Con disse antes que Rhys pudesse
responder.
Ela encolheu os ombros, um ombro magro vestido com uma jaqueta jeans
apertada e com um top rendado em rosa pálido por baixo. Um jeans colado na
pele encerrando suas pernas enquanto sapatos com saltos altos na mesma cor de
rosa do seu rendado, cobriam seus pés.
Rhys olhou para Con, mas parecia que o Rei dos Reis não tinha ideia de que
os Fae da Luz fossem conhecidos como um dos atores mais famosos do mundo,
ou ele não se importou.
— Já tentaram?
Ela franziu a testa, como se não tivesse considerando suas palavras antes. —
Não, nós não tentamos.
Rhys franziu a testa quando percebeu que Con realmente entrou em contato
com a Fae da Luz. Ele tinha uma suspeita de quem a Luz era, mas ele precisava de
confirmação. — E quem é você?
Seu sorriso era ofuscante quando ela disse, — Usaeil, Rainha da Luz.
Shara ficou no meio da pequena cela de prisão e tentou não desmoronar.
Isso era muito pior do que ser trancada em seu quarto. Isto era um inferno.
Como ela poderia ter imaginado que Balladyn seria a resposta para seus
problemas? Assim como o resto da fortaleza, não havia nenhuma maneira que ela
poderia usar sua magia para se tele transportar para fora da cela para um lugar
seguro.
Não, ela estava bem e verdadeiramente presa. A pior parte era não saber o
que Balladyn faria com ela. Depois que ela viu o que restou de Rhi, temia que
Balladyn não fosse segurar sua crueldade com ela.
Ela seria capaz de suportar o que ele reservou para ela? E mais tarde ele
esperava seguir com a reivindicação. Como se ela não fosse lutar com tudo o que
tinha.
Ele bateu nela, então, ela estaria fazendo isso sozinha. Ela virou as costas
para sua família, para que eles não viessem em seu auxílio. Kiril, onde quer que
esteja não teria nenhuma ideia de que ela estava sendo mantida contra sua vontade.
Ela andou até uma parede e recostou-se contra ela antes que deslizasse
lentamente para o chão. Shara abraçou os joelhos contra o peito e descansou a
testa neles. A antecipação do que estava por vir era provavelmente pior do que o
que iria realmente acontecer. Ou pelo menos é o que ela tentou dizer a si mesma.
Se isso não fosse suficiente, os Escuros queriam encontrar algo que eles
tinham escondido. Shara levantou a cabeça enquanto considerava isso. Os Reis
Dragões eram completamente imortais. Não havia nada que pudesse ser feito para
eles por qualquer ser que não iriam sobreviver.
Só um rei poderia matar outro rei, e que aconteceu em tão raras ocasiões que
os Escuros mal podiam esperar para que isso acontecesse novamente.
Os Reis protegiam-se a tal ponto que eles fariam qualquer coisa por um dos
seus próprios. Assim, diferente de como ela foi criada, e ainda assim um Fae pode
sentir o mesmo se sua raça for ameaçada.
Seja o que for que os Escuros procuravam não poderia ser para matar um
rei. Mas poderia ser usado contra eles.
Seu olhar disparou para a porta quando se abriu de repente. Ela rapidamente
se levantou quando avistou um Fae Escuro entrar. Shara piscou e de repente ele
era Kiril.
Kiril sorriu e deu um passo em direção a ela. — Sou eu, Shara. O Fae Escuro
é um disfarce para me permitir mover em torno deste lugar.
Ela simplesmente olhou para ele, sem concordar nem discordar caso isso
fosse algum truque de Balladyn para que ele pudesse puni-la mais.
— Você me encontrou no porão, — disse ele. — Por uma porta escondida
com minha magia. Você me viu na minha verdadeira forma de um Dragão laranja
queimado.
Não havia nenhuma maneira que alguém soubesse disso. Correu para ele e
jogou os braços ao redor de seu pescoço enquanto ela o abraçava. — Eu não achei
que iria vê-lo novamente.
— Eu estou aqui agora, — disse ele e alisou suas mãos sobre suas costas.
— Eu vi Balladyn entrar em sua câmara, e sabia que você estava lá. Esperei
por um tempo antes de vir para baixo para encontrar Rhi. Foi quando eu o ouvi
jogá-la aqui.
Shara se afastou, surpresa fazendo seu coração bater mais rápido. — Isso é
impossível. Elas estiveram ausentes por eras.
— Vamos levá-la para fora. Eu vou voltar, uma vez que descobrir outra
maneira de retirar essas correntes fora de Rhi.
Shara sabia que não era certo ela estar sendo resgatada quando Rhi estava
sendo deixada para trás. Kiril veio para Rhi, não por ela.
— Eu vou voltar por ela, — Kiril sussurrou enquanto ele a levou para fora
da cela.
Assim que eles saíram da cela, o rosto de Kiril desapareceu, mais uma vez
substituído pelo de um Fae Escuro. — Como você está fazendo isso? — Ela
perguntou.
Ele não confiava nela, e ela não podia culpá-lo. Kiril estava cercado por
inimigos. Ele estava apenas sendo cauteloso. Foi uma lição que ela precisava
aprender depois de todos os erros que ela cometeu com sua família e Balladyn.
Ele permaneceu ao lado dela com a mão em seu braço, como se ela fosse sua
prisioneira. Enquanto eles não encontrassem Balladyn, conseguiriam escapar. Eles
passaram pelo primeiro lance de escadas sem incidentes. Não foi até que chegaram
ao topo do segundo lance que as coisas foram de mal a pior.
— Olá, Shara, — Balladyn disse quando inclinou um ombro contra a parede
e examinou uma pequena adaga na mão. — Eu sabia que você conseguiria
encontrar o seu caminho de volta. Quem é o seu novo amigo?
— Parece que meus avisos a você sobre as mentiras precisam de uma lição
melhor.
— De quem?
Shara estava feliz que Kiril foi mais rápido com as respostas que ela, porque
só ele poderia conseguir tirá-los disso.
Balladyn repente jogou a cabeça para trás e riu quando ele se afastou da
parede. — Ah, Shara, que boa interprete você é. Eu nunca tive qualquer dúvida de
que você iria entregar o Rei Dragão.
— Eu não sei do que você está falando, — disse ela, com a voz trêmula de
indignação e ansiedade.
Balladyn a agarrou e puxou-a ao lado dele. Ela tropeçou, seus olhos correndo
para Kiril na esperança de que ele soubesse que ela não tinha nada a ver com o que
estava acontecendo. O calor em seus olhos desapareceu. Possivelmente para
sempre desta vez.
O sorriso de Kiril foi tão gelado como o Ártico. — Se é o que você quer.
No instante seguinte, o seu verdadeiro rosto apareceu mais uma vez. — Não,
— disse Shara, mas foi abafado pela escuridão que rapidamente os cercou.
Ela viu quando ele foi arrastado de volta para o calabouço sem entregar-se,
como uma onça lutando. Não era certo, nada disso era. Shara gritou quando algo
afiado perfurou seu pescoço atrás da orelha. Ela se acalmou instantaneamente
quando compreendeu que Balladyn segurava o punhal.
— Sem mais mentiras, — ele grunhiu em seu ouvido. — Você vai esquecer
o Rei Dragão, porque, mesmo se ele ficar livre, vai pensar que você o traiu. Meu
palpite é que, se ele a encontrar, vai matá-la antes de ter tempo de pronunciar uma
única sílaba.
Shara caiu contra Balladyn, a verdade de suas palavras batendo nela com a
força de um maremoto.
— Por isso minha, querida. Quanto mais cedo você perceber que eu sou
melhor para você, vai ser muito melhor.
— Mas não quero você, — disse ela. Já não importava o que acontecesse
com ela. Balladyn estava certo. Kiril nunca iria ouvi-la tentar explicar, muito menos
acreditar nela.
Ele terminou o beijo, pressionando a ponta da lâmina mais profundo até que
ela sentiu algo quente e úmido descendo em seu pescoço. — Eu queria você ao
meu lado governando esta fortaleza, mas vou apenas mantê-la como minha
escrava, acorrentada e nua no meu quarto esperando por mim quando eu quiser
você.
— Faça o que quiser, mas nunca vou passar pela Reivindicação com você.
— Claro que você vai. — Seus olhos estavam cheios de uma estranha luz
que beirava a insanidade. — A menos que você queira assistir como vou torturar
Kiril.
Não havia uma necessidade para perguntar se ele queria dizer isso, porque
Shara sabia que sim. Ela voltou seu olhar para longe dele. — Você me faz mal.
— Eu não preciso de sua mente quando estou transando com seu corpo.
Então ele a empurrou para os braços de dois de seus soldados Fae Escuros
que a arrastaram para longe, tudo em que Shara conseguia pensar era Kiril.
Phelan estava a menos de cinco pés de Balladyn, mas o bastardo nunca o viu.
Phelan sumiu usando seu poder de esconder-se de modo que quando Balladyn
olhou para a parede, tudo o que viu foi pedra cinzenta.
A parte mais difícil foi resistir quando Kiril foi tomado. Phelan prometeu
naquele instante que mataria Shara por sua traição. Ele quase a deixou, em seguida,
para tentar chegar a Kiril, mas algo o deteve. Foi uma coisa boa que ele fez, porque
descobriu que Balladyn os enganou. O idiota suspeitou que o Escuro que estava
levando Shara fosse Kiril, e ele contou com a preocupação de Kiril sobre se Shara
iria enganá-lo ou não.
Quando Phelan se apaixonou por Aisley, ela tinha sido forçada por um
Drough para fazer coisas horríveis. O mesmo se passava com Shara, exceto que as
coisas horríveis seriam feitas para ela.
Phelan olhou para baixo nas escadas para o calabouço. Ele deu sua palavra a
Kiril de sair se ele fosse levado e deixar que os outros Reis Dragões soubessem o
que aconteceu. Kiril seria guardado em todos os momentos, e desde que Phelan
não poderia estar dentro da cela para falar com Kiril, sua única opção era encontrar
os outros Reis Dragões.
Phelan voltou seu olhar para Shara enquanto ela era meio arrastada, meio
levada ao fundo do corredor. Seja o que fosse que a aguardava não seria bom, se a
luz presunçosa no olhar de Balladyn era qualquer indicação.
Agora não era só Rhi que precisava ser salva. Havia Kiril e Shara também.
Phelan seguiu os guardas para ter certeza que ele sabia onde Shara estava
sendo colocada antes que ele voltasse para a porta. Ele passou pela porta de volta
para o jardim na parte dos Blackwoods e parou em suas trilhas quando ficou cara-
a-cara com Con, Rhys e Usaeil.
Kiril deixou sua raiva se construir e apodrecer até que ele estava tão selvagem
e incontrolável como os Silvers de Ulrik estiveram quando mataram os seres
humanos.
A traição de Shara cortou mais profundo do que qualquer coisa que Kiril já
experimentou. Ele confiou a ela não apenas sua vida, mas a de Rhi. E mesmo que
Shara não soubesse sobre Phelan, sua traição o afetou também.
Pelo menos Phelan seria capaz de sair da fortaleza de Balladyn e voltar para
a Escócia. Era um pequeno conforto, mas qualquer coisa era melhor do que nada.
Kiril olhou para ele com calma, escondendo sua fúria completamente. —
Aproveite o seu reinado, Escuro, porque não vai durar para sempre.
Kiril respirou fundo e puxou em suas correntes. Ele não foi capaz de quebrá-
las. Em seguida, tentou mudar, o que destruiria qualquer coisa que se atreveu a
tentar segurar um Rei. Mas, pela primeira vez, não foi capaz.
Assim como ele adivinhou, foram feitas para segurar um Rei Dragão de todas
as maneiras. O mesmo tipo de correntes que usaram em Kellan, exceto que Kellan
se soltou com a ajuda de sua companheira. Kiril não tem uma companheira.
Seu estômago ficou agitado com a traição que Shara lhe causou. Como podia
ter estado tão errado sobre ela? Sua duplicidade deu a vantagem ao Fae Escuro.
Ele fechou suas mãos. Quando ficasse livre, porque ele iria ficar, iria caçar
Shara para acabar com ela. Ele embrulharia as mãos em volta do seu pescoço,
como antes, só que não iria libertá-la ou parar de apertar.
E pensar que ele sentiu pena dela, foi atraído por seus contos tristes em
relação à forma como a sua família a tratou. Kiril nunca pensou ser capaz de ser
enganado de tal maneira.
Kiril não sabia o que o fez pensar em seu irmão Rei Dragão, mas uma vez
que ele tinha, não conseguia parar as comparações. A raiva correndo por ele era
excelente, como era a necessidade de retribuição.
Isso aconteceu apenas alguns minutos. Como ele se sentiria milhares de anos
a partir de agora? A resposta para isso é simples: muito, muito pior.
Eles deveriam ter abraçado Ulrik para ajudá-lo a passar a sua raiva em vez de
enviá-lo por conta própria em um mundo que desprezava com cada fibra do seu
ser.
A porta para sua prisão se abriu lentamente, e uma figura tomou forma
quando entrou. Kiril piscou, sem saber se seus olhos estavam sendo enganados.
— Tem sido um longo tempo, — Ulrik disse enquanto ele o olhava de cima
a baixo.
Kiril tentou dar um passo em direção a ele, mas o barulho das correntes,
seguido por um puxão quando o fim do cumprimento da corrente o deteve. Ele
olhou para cima do jeans, camisa de botões preto, botas, para os olhos dourados
que ele conhecia tão bem e longos cabelos negros que pendiam soltos. — Ulrik?
É realmente você?
Kiril não se preocupou em responder uma vez que não havia nada a dizer.
— Sério? — Ele riu de forma sombria... Friamente. — É por isso que Con
tem me espionado todos estes anos? É por isso que sou bem-vindo a qualquer
momento em Dreagan? É por isso que os meus irmãos me visitam?
Kiril olhou com o sentimento terreno tão baixo quanto uma lesma. —
Houve muitos erros cometidos por nós ao longo dos anos.
— Sempre o diplomata, certo, Kiril? Às vezes acho que você deveria ter sido
o Rei dos Reis.
Ele balançou sua cabeça. — Eu tive bastante dificuldade para ser Rei dos
meus Dragões. Eu nunca quis os problemas de Con.
— Os homens que fazem os melhores líderes são aqueles que não querem a
posição.
Kiril inclinou a cabeça para o lado. Lembrou-se muito bem que só havia
outro que poderia ter superado Con e levado a coroa— Ulrik. Mas ele não queria
ser Rei dos Reis. Ele evitou a ideia, dando um passo para o lado para deixar Con
tê-lo sem contestação.
— Por que você está aqui? Eu não acredito que é para me ajudar.
Enquanto ele falava, sua voz ficou mais dura, o ódio mais forte. Kiril respirou
fundo. — Pensávamos que estávamos fazendo a coisa certa. Você estava matando
seres humanos.
A cabeça de Kiril se ergueu, mas já era tarde demais. Ulrik já tinha ido
embora, fechando a porta suavemente atrás dele.
— Que porra é essa? — Phelan perguntou quando tropeçou para o lado
depois de quase colidir com Usaeil.
— Cuidado com essa sua boca, — disse ela com um tom arrogante. — Você
pode ser um príncipe do nosso povo, mas isto não significa que pode falar assim...
grosseiramente.
Seu olhar se deslocou para Constantine, que tinha um sorriso nos lábios. —
Morda-me, — disse o Rei dos Reis.
O sorriso de Con desapareceu. — Deduzo que não tenho uma boa notícia?
— O que ela não o fez, — Usaeil murmurou, com os braços cruzados sobre
o peito.
— Nem sequer diga essas palavras, — Usaeil ordenou, sua pele ficando
pálida.
Con nem sequer deu a Usaeil um olhar quando disse, — Eu ouvi. Não muda
o fato de que precisamos obter a sua liberdade.
— Terrível.
Foi tudo que Phelan poderia dizer. Não havia palavras para indicar a forma
como encontraram Rhi. No pouco tempo que ele a conheceu, ela sempre foi
brilhante e cheia de risos e uma resposta sarcástica sempre pronta.
Ele costumava rir de quantas vezes ela mudou a cor de suas unhas e como
elas sempre combinavam com o que estava vestindo. Ela era leal aos Fae da Luz e
a ele a um grau que muitas vezes colocou sua vida em perigo. E, apesar de uma
história sórdida com os Reis Dragões, ela veio em seu auxílio várias vezes
recentemente.
O que atraiu os olhos de todos os três homens. Foi Con que assentiu e disse:
— Precisamos de um plano que vai nos levar para dentro e para fora com nossos
amigos.
— Eu vou pegar Shara, — Phelan afirmou. — Eu sei onde ela está sendo
mantida, e sei que Kiril vai querer que ela seja libertada.
Rhys lhe deu uma tapa nas costas. — Sim. Você está certo. Eu vou com
Usaeil e pegaremos Rhi.
Phelan não perdeu a desaprovação na testa da rainha da Luz. Ele não teve a
oportunidade de questioná-lo desde que Usaeil limpou a garganta para chamar a
atenção de todos.
A Rainha da Luz sorriu quando jogou para trás uma mecha de cabelo da
meia-noite por cima do ombro. — Ele já foi meu maior guerreiro.
Usaeil hesitou por um momento. — Eles eram como irmãos. Balladyn estava
lá depois...
Não havia necessidade de ela terminar. Todos eles entenderam que ela estava
se referindo quando Rhi e seu amante Rei Dragão terminaram seu relacionamento.
Phelan olhou para Rhys e Con. Pode ser qualquer um deles. No entanto,
Phelan viu Rhys com ela. Ela interagiu com Rhys como um velho amigo, não um
amante.
Con, por outro lado, Rhi odiava com paixão. E ele retornava o sentimento.
Havia muito ódio para não ter havido mais nada, não importa há quanto tempo
isso poderia ter acontecido.
— Foi tudo um truque, como você disse. — Ela cortou os olhos para ele.
— Eu sou uma boa mentirosa.
Seu olhar se endureceu. — Isto você é, mas acho que você realmente me
considerou.
Ela virou a cabeça para longe dele. Ela sabia que iria enfurecê-lo, por isso
não foi surpresa quando seus dedos se prenderam dolorosamente em sua
mandíbula e sacudiu a cabeça para trás.
— Eu amo seu espírito, — disse ele, seus olhos brilhando vermelhos com a
loucura.
— Por que não escolher uma das centenas de mulheres que anseiam para ser
sua companheira? — Shara perguntou depois que ela arrancou a cabeça para fora
de seu aperto.
— Porque elas não são você. Você é o meu par em todos os sentidos. Uma
vez que você perceber que foi feita para ser minha, virá a aceitar que o seu lugar
está ao meu lado governando. Nós temos a eternidade para você chegar a esse
entendimento.
— Isso não vai acontecer. — Pelo menos ela rezou para que não o fizesse.
— Você vai. — Ele deu um aceno de cabeça firme. — Eu suspeito que vai
levar apenas uma ou duas tarefas antes de ter mais prata em seu cabelo. Isso é tudo
o que será necessário para obter esse Rei Dragão fora de sua cabeça de uma vez
por todas.
Ela soprou um pedaço de cabelo de seus olhos. — Ah. Então, isso é o que
você pensa que tem a ver comigo. Não sou eu. É o fato de que interagi com Kiril.
Assim como Rhi tinha um amante Rei.
— Rhi nunca deveria ter começado a ficar presa nesse mundo! — Ele gritou,
com o peito arfando. — Eu disse a ela que estava errado. Eu disse a ela que iria
acabar mal.
— Prometi à sua família que iria protegê-la sempre. — Balladyn olhou para
o chão, raiva irradiando dele. — Eu falhei por deixá-la se envolver com o Rei
Dragão. Ela merecia mais do que ele. Rhi era preciosa, importante.
Foi quando isto bateu em Shara. — Você estava apaixonado por ela.
Seu olhar deslizou para o dela enquanto ele descascou para trás os seus lábios
em um sorriso de escárnio. — Um erro que foi corrigido quando o Escuro me
levou.
— Não, — ela disse com um aceno de cabeça. — Você ainda a ama. É por
isso que você realizou sua vingança. É por isso que você quer transformá-la em
Escuro. Depois, você poderá tê-la.
Seu rosto diminuiu em um sorriso. — Se isso for verdade, por que eu iria
passar pela reivindicação com você?
Ela engoliu em seco quando seu futuro veio a ela na clareza cristalina. —
Para ganhar o avanço através de minhas conexões familiares. Para estar com uma
mulher que nasceu Escura e não se tornou Escura. Mesmo se eu quisesse tornar-
me a mulher que você quer e ficar ao seu lado, no momento que Rhi se tornar
Escura, você vai me matar. Em seguida reclamá-la como sua própria.
Uma sobrancelha preta e prata levantou. — Você é muito mais esperta do
que te dei crédito, Shara. Você vai ser uma boa parceira para mim durante o nosso
tempo juntos.
Ele se afastou, seus saltos das botas soando nas pedras. Shara soltou um riso
que o fez parar em seu caminho. Ele lentamente se virou para ela. — Você
encontrou algo divertido?
Shara deslocou os olhos para ele, seu sorriso ainda no lugar. — Você assume
que Rhi permanecerá aqui para você transformá-la numa Escura.
— A Luz nunca vem pelos seus, — declarou ele, a malícia e ódio escorrendo
de suas palavras.
Levou um momento para Balladyn entender, mas quando o fez, ele girou e
saiu correndo da sala. Shara não conseguia parar o riso. Ele ficou mais alto com
cada momento enquanto imaginava Balladyn correndo para Rhi.
Não importa qual a punição que Balladyn reservou para ela, o olhar de ódio
e preocupação em seu rosto era impagável. Ele subestimou os Reis Dragões, assim
como seu irmão fez. Foi uma lição que ela mesma aprendeu da maneira mais difícil.
Shara não iria esperar por Balladyn retornar. O tempo ideal para ela fazer
alguma coisa era enquanto ele estava ocupado. Ela se levantou e caminhou até a
porta. Lá, ela parou por um breve momento para reunir sua coragem antes que
abrisse a porta. Dois soldados Escuros montavam guarda em cada lado da porta.
Ela sorriu para um quando se inclinou para frente e agarrou sua espada.
Eles ficaram tão surpresos por sua tática que Shara teve tempo suficiente
para acertar o segundo guarda com o cotovelo antes de mergulhar a espada no
primeiro. Shara retirou a lâmina e virou, afundando a espada para o intestino do
segundo guarda.
Se ela fosse pega, selou sua morte, matando dois dos homens de Balladyn,
mas ela não se importava. Shara tinha que chegar a Kiril e deixá-lo livre da
masmorra.
Ela tropeçou quando o pensamento passou por sua mente, mas ela
continuou a correr. Seu único pensamento era chegar a Kiril que poderia encontrar
uma maneira de libertar Rhi também.
Shara virou uma esquina e se encontrou com outro dos homens de Balladyn.
Seus olhos se arregalaram ao reconhecê-la. Com nenhuma outra escolha, ela enfiou
a lâmina através de seu coração. Ele caiu a seus pés, seus olhos vermelhos olhando
sem vida para ela. Ela olhou para suas mãos para ver o spray de sangue sobre elas.
Isto virou seu estômago. Ela queria se enrolar em uma pequena bola e cobrir seus
ouvidos enquanto fechava os olhos e fingia que nada disso estava acontecendo.
Isso era algo que uma menina iria fazer. Ela não era mais uma menina. Ela
era uma mulher adulta, uma Fae.
— Sharaaaaaaa!
Seu sangue gelou nas veias. Era Balladyn. E ele estava procurando por ela
agora.
Phelan andou pelos corredores da fortaleza de Balladyn mais uma vez sob o
disfarce de um Fae Escuro. Ele caminhou decisivamente para a câmara onde Shara
estava sendo mantida, apenas para fazer uma pausa quando ouviu o nome de Shara
gritado por Balladyn pelos corredores. Ele sorriu, porque isso significava que Shara
conseguiu libertar-se de Balladyn brevemente. Ele teria pouco tempo para
encontrá-la antes que Balladyn o fizesse. Phelan correu para o calabouço, porque
sabia que era onde Shara estaria indo.
Ele soltou uma série de palavrões quando Shara deslizou a uma parada e
ergueu a espada na mão para se defender contra seis Escuros que vieram para ela.
Phelan deixou cair a fachada de Escuro que ele usava e chamou ao deus dentro
dele. Imediatamente garras saltaram de seus dedos e as presas encheram sua boca.
Ele viu um Escuro vindo para ela por trás e usou sua velocidade para alcançá-la.
O braço de Phelan saiu a tempo de bater o Fae Escuro o afastando antes que
pudesse atingi-la. O olhar de Shara tocou o seu por um instante antes deles estarem
lutando costa-a-costa contra os Escuros.
Quando o último dos Escuros bateu no chão, Phelan virou-se para Shara
apenas para sentir a pressão da lâmina contra o pescoço dele. Ele ergueu as mãos,
observando como ela olhou para sua pele de ouro e garras. — Nós não temos
tempo para isso.
— Quem é Você?
— Um amigo de Kiril.
— Você não é um Rei Dragão, — ela murmurou, seu olhar em suas mãos.
— Eu estou...
Ela baixou a lâmina para que descansasse contra sua perna. — Oh.
— Eu sei que você não o traiu. Haverá tempo para contar-lhe tudo, uma vez
que estivermos todos a salvo.
— Phelan, — ele disse, e olhou ao redor. Ele estendeu a mão para seu braço,
mas ela se moveu de volta. — O que está fazendo, moça?
— Enquanto Balladyn está atrás de mim há tempo para você tirar Rhi
também.
— Espere, — Phelan disse quando ela deu mais um passo para longe dele,
meio virando quando ela fez.
Mas era tarde demais. Shara já estava correndo pelo corredor. Phelan
começou a segui-la quando avistou um grupo de Escuros vindo a eles liderados
por ninguém menos que Balladyn. Ele rapidamente alterou a realidade novamente
para que ele fosse parte da parede. Ele ficou em silêncio contra as pedras quando
Balladyn ajoelhou ao lado do Escuro caído.
Balladyn levantou e saiu com seus homens atrás dele. Phelan esperou até que
eles foram embora antes que ele aparecesse e mais uma vez parecia um Fae Escuro.
Phelan olhou para onde Shara correu e sabia que tinha que ir atrás dela. Ela estava
colocando-se em perigo para ajudá-los. O mínimo que podia fazer era ter certeza
que ela não morresse.
— Shara não pode fazer isso, — disse uma voz etérea que Phelan conhecia.
O rosto de Balladyn contorceu de raiva quando viu Usaeil. Ele virou a cabeça
e cuspiu. — Você se sujou vindo me visitar, finalmente.
Balladyn trocou seus pés, suas mãos cerradas em punhos aos seus lados.
Atrás dele, seus homens estavam espalhando-se ao redor deles. Phelan chegou
mais perto, a fim de ajudar em qualquer capacidade que podia. Não que a rainha
precisasse.
— Sua preciosa Rhi. Eu deveria saber. Eu nunca fui tão importante para
você em nenhum tempo, — disse Balladyn.
Usaeil não baixou o olhar. — Se eu soubesse que você estava sendo mantido
por Taraeth, viria por você. Rhi teria vindo também.
— Você não vai ter nada a dizer sobre o assunto uma vez que eu tenha
acabado com você.
Balladyn sorriu confiante. — Isso nunca vai acontecer.
Phelan testemunhou a luta do Fae Escuro, mas ele não viu a rainha. Os
homens de Balladyn começaram a fechar-se sobre a dupla, suas intenções claras.
As garras de Phelan alongaram e suas presas encheram sua boca. Ninguém ia
colocar uma mão sobre a sua rainha.
Ele se preparou para saltar e atacar quando a luz em volta de Usaeil cresceu,
tornando-se maior e mais brilhante, até mesmo Phelan não podia ver. Ele ergueu
a mão para proteger os olhos enquanto tentava apertar os olhos e ainda ver Usaeil.
Houve gritos em torno dele, que logo se transformaram em gritos de dor.
Phelan abriu os olhos para ver os Escuros que estiveram a ponto de atacar
Usaeil caídos no chão em ângulos estranhos, obviamente mortos. Todos, exceto
um, Balladyn. Ele não estava lá.
Phelan endireitou e levantou o olhar para a sua rainha que virou-se para ele.
Sua cabeça empurrou ao redor de Balladyn que estava no centro de sua cela.
Um olhar por trás do Escuro revelou que a porta ainda estava fechada, o que
significava que Balladyn havia tele transportado. — Sempre tão confiante. Você
vai ser derrubado com um pino ou dois em breve.
Kiril sorriu quando ele percebeu que poderia haver uma única razão para
Balladyn usar sua mágica em vez de caminhar através da porta. Seus amigos
estavam lá. — Eu não.
— Diga-me, Rei Dragão, por que você confiou na linda Shara? Ela é Escura.
Balladyn deu um passo mais perto. — Você está me dizendo que não sabe
onde ele está escondido?
Balladyn riu. — Fingir não vai parar o que planejei para você.
— É você quem deve parar de fingir. Você nem ao menos sabe o que
procurar.
Suas palavras foram cortadas por um grande estrondo na porta de Kiril. Kiril
queria gritar a sua frustração quando Balladyn sorriu friamente e desapareceu.
— Balladyn estava aqui, Con. Ele se tele transportou de dentro e para fora.
— Será que vai aliviar a sua mente saber que ela não te enganou? — Con
perguntou enquanto cerrou os dentes e puxou as correntes.
Kiril levantou a cabeça e fez uma careta. — Do que você está falando?
— Shara. — O olhar de Con estava nas correntes, seus músculos
flexionados enquanto puxava. Sua voz era tensa, as palavras vieram com os dentes
cerrados quando disse, — Balladyn te enganou.
Con relaxou seu aperto e deu de ombros. — Phelan foi atrás dela. Ele é o
único que ouviu sua troca de palavras depois que foram tomados e sabia o que
Balladyn estava realmente querendo. Phelan vai encontrá-la. Não se preocupe.
Con pegou seu olhar e segurou-o. — Então você se importa com ela?
Kiril virou a cabeça. — Você está perguntando se tenho sentimentos por ela.
Kiril olhou para as ligações, mas, apesar da força de Con, elas não estavam
desmoronando. Ele estava prestes a dizer a Con para ir encontrar Rhi quando viu
algo fora do canto do olho. Sua cabeça girou ao mesmo tempo que a de Con. Kiril
só podia olhar para Balladyn que tinha um sorriso satisfeito no rosto e uma lâmina
na garganta de Shara.
Ela estava respirando pesadamente, com o cabelo preso ao lado de seu rosto
suado. Kiril viu rolar uma gota de sangue em sua garganta quando a lâmina se
afundou em sua pele uma fração.
— Pare, — Kiril exigiu, com mais medo do que nunca esteve em toda sua
vida muito longa.
Balladyn mudou seu olhar para Con. — Você pode puxar essa corrente por
toda a eternidade, e nunca vai tirar fora dele.
— Você devia saber para nunca dizer nunca a um Rei Dragão, — Con
afirmou casualmente.
— Por anos, ouvia como maravilhosos vocês Reis eram, mas eu sei a
verdade. Eu sei o quão desonrado, imoral e indigno de confiança você realmente
é. Eu sei seus segredos.
Kiril manteve seu olhar sobre Balladyn. Ele não se atreveu a olhar para Shara,
porque se o fizesse e visse seu medo, ele perderia seu domínio precário sobre seu
controle. — Você está se referindo a Rhi.
— Então você quer nos ferir, — Con disse com um encolher de ombros.
— Ou você quer encontrar algo que temos escondido? Estou confuso.
— Eu vou fazer as duas coisas, — Balladyn afirmou. Seu olhar deslizou para
Kiril. — Primeiro, você vai sentir o que eu senti. Você vai ver alguém destruir a
sua mulher, como vocês Reis destruíram Rhi.
— Rhi não foi destruída, — disse Kiril rapidamente para parar o que quer
que fosse que ele planejou para Shara.
Seus olhos estavam selvagens com terror. Seus olhares se encontraram, e ele
viu o arrependimento em suas profundezas vermelhas pouco antes dela ser jogada
contra a parede oposta, seus gritos enchendo sua cabeça.
— Não! — Kiril gritou enquanto tentava ir até ela, apenas para ser mantido
em cheque pelas correntes malditas.
Con correu para Shara, mas antes dele chegar, ela foi atirada contra o teto.
Kiril olhou para Balladyn para ver seu sorriso homicida pouco antes dele
desaparecer.
Kiril perdeu o pouco controle que tinha quando a fúria e temor o tomaram,
mandando-o em um ataque de desespero para se libertar e chegar a Shara.
Rhi estava deitada de costas aquecendo-se ao sol, com a mão girando sem
pressa nos raios brilhantes. Como sentiu falta do sol. Nunca mais ela teria alguma
coisa a ver com os Escuros. Não importava que pedissem sua ajuda.
Ela queria perguntar-lhe onde ele esteve. Ela queria saber por que ele se
afastou dela, mas nada disso importava agora. Não quando ele estava em seus
braços novamente.
Ela empurrou-se ao ouvir a voz odiosa que entrou no seu sonho. Rhi tentou
afastar-se de Balladyn, para voltar ao lugar com seu amante, mas ele se foi,
desapareceu. A dor do chão irregular cavado em suas pernas e bunda. Rhi procurou
a luz que estava dentro dela, a luz que a fez Fae. Era o que manteve, mas ela temia
que agora estivesse morta.
Rhi queria lembrar seu ódio por Balladyn mesmo depois que ela se tornasse
Escura. Ele seria o primeiro que ela mataria. Já não adiantava negar o que seria o
seu destino. Ela aceitou o que estava por vir, mas haveria consequências.
Vagamente, ela podia ouvir gritos de algum outro lugar no calabouço. Era
uma mulher, e pelo medo e dor nos gritos, Rhi sabia exatamente o que estava a
atacando. Era a mesma coisa que a atacou.
Um grito masculino juntou aos gritos da fêmea. Rhi queria sentir pena deles,
mas ela não conseguia sentir muita coisa.
Ela não poderia mesmo trazer-se para chegar a uma resposta. Ele estava
certo. Balladyn sempre estava certo sobre ela, sobre tudo. Ele não foi o único a
dizer-lhe que não iria funcionar entre ela e seu amante?
— Não, — ela disse, embora tenha saído mais como um murmúrio em vez
do grito que pretendia.
— Ninguém virá por você, — disse Balladyn, uma nota de alegria em sua
voz. — Especialmente o Rei Dragão. Ele virou-se para longe, lembra? Ele a
deixou, abandonando o seu amor. Lançou-a de lado como um pedaço de sujeira
que ele não poderia se livrar rápido o suficiente.
Não!
O grito ecoou em sua mente, mesmo quando Rhi começou a tremer de raiva.
Con irrompeu porta após porta na masmorra procurando Balladyn. Ele não
foi capaz de libertar Kiril ou parar o que estava atacando Shara, mas ele poderia
matar o bastardo que instigou tudo isso.
Rhys estava do lado oposto do corredor à procura de Rhi sem sorte. Seria
simples como Balladyn poderia mover Rhi no último minuto antes que pudesse
alcançá-la.
Con chutou a porta ao lado e se deteve quando seu olhar pousou em Balladyn
de cócoras ao lado de alguém. Con mal reconheceu a figura como Rhi, e ele
provavelmente não teria percebido que era ela exceto pelo fato de que ela começou
a brilhar.
Seja o que for que Balladyn estava sussurrando em seu ouvido não estava
funcionando como esperou, se seu rosto era qualquer indicação. Balladyn se
levantou e deu um par de passos apressados de volta.
Rhys correu pela porta e derrapou até parar ao lado Con. — Ah Merda.
Não houve meio segundo de silêncio antes que a explosão de Rhi sacudiu o
próprio fundamento do composto. Con voou para trás na onda de choque. Ele se
chocou contra a parede oposta, o impacto batendo o ar de seus pulmões, assim
como as paredes desmoronaram em torno dele, prendendo seu braço.
Con tentou levantar-se, mas seu braço direito estava bem e verdadeiramente
preso. Com a mão livre, ele empurrou para fora da pedra mais próxima dele, mas
não fez nada para ajudar. Ele continuou a empurrar peças tão rapidamente quanto
podia. Rhi estava vulnerável agora, e era também o momento perfeito para levá-la
em algum lugar seguro antes que ela acordasse e repetisse o processo.
Ele tinha que pegar Rhi, Rhys, Kiril e Shara, para que pudessem sair antes
que qualquer Escuro os encontrasse. Con grunhiu enquanto rolou uma grande
pedra que lhe permitiu quase se libertar. Um movimento chamou sua atenção. Ele
olhou para cima para ver uma forma de pé no grande buraco na parede perto de
Rhi. A forma tornou-se a de um homem que se virou para ele.
Seu inimigo sorriu maliciosamente. — Você acha que eu não saberia que ela
foi levada?
— Deixe-a.
Con puxou seu braço preso contra a pedra, e só conseguiu raspar uma grande
parte da pele de seu braço em sua tentativa de se libertar. Ele apertou os dentes
enquanto observava Ulrik caminhando para Rhi e agachando ao lado dela.
Ulrik riu suavemente antes de levantar Rhi em seus braços. Ela pendurou
molemente, as correntes de Mordare quebradas e penduradas em seus pulsos.
Con deixou sua raiva livre. Ele entrou em erupção quando berrou
furiosamente, preso pela última das pedras. O sangue escorria pelo seu braço da
ferida rapidamente curando quando ele correu atrás de Ulrik, mas não importa
onde ele procurou porque Ulrik, juntamente com Rhi, se fora.
Kiril abriu os olhos para ver nada além de destroços ao redor dele. Ele estava
deitado de bruços, pedras depositadas em suas pernas e costas. Pelo tipo de dor
em suas costas, ele sabia que foi esmagado. O fato de que ele não conseguia sentir
as pernas significava que tinha que pegar as pedras fora rapidamente para que
pudesse curar e ver Shara.
Ele empurrou contra o chão com os braços para tentar desalojar a pedra de
suas costas, mas não se moveu. Kiril tentou novamente, mas só conseguiu balançar
a grande pedra, o envio de mais dor ao longo da espinha.
— Rhys?
— Sim, — seu amigo respondeu. Rochas começaram a se mover ao redor
dele quando o rosto de Rhys entrou em exibição. Rhys estava coberto de poeira e
sangue, mas seu sorriso era brilhante.
Kiril sorriu para sua provocação. Foi um momento depois que Rhys moveu
as pedras de suas costas e pernas. Ele levantou os braços para ver as correntes
penduradas, mas não mais preso à parede. Apenas uma perna ainda estava
acorrentada à parede.
Assim que Kiril pode mover as pernas, começou a empurrar de lado pedras,
enquanto chamava o nome de Shara. Quanto mais tempo eles ficaram sem
encontrá-la, mais preocupado se tornou.
— Ela estava aqui, — Kiril disse enquanto ele estava contra a parede
esquerda e puxou as correntes penduradas perto de modo que não seria pego sob
qualquer uma das pedras. — Balladyn enviou algo para torturá-la. Ela estava aqui.
Eu a vi. Ela estava aqui quando as paredes começaram a descer.
— Deve ter sido Rhi que explodiu tudo, — Rhys disse quando ele endireitou
e rolou para fora uma grande pedra.
— Talvez Con a tirou, — disse Kiril, embora sua mente estava em Shara.
Rhys agarrou seu braço. — Nós precisamos sair antes dos Escuros virem.
Kiril olhou para ele. — Eu não vou embora sem ela. Ou Phelan.
Kiril o viu segurando seu braço. Os guerreiros curavam, mas não tão
rapidamente como um Rei Dragão. O fato de que Phelan era parte Fae significava
que ele curava quase tão rapidamente como um rei.
— Percebi que isso foi causado por Rhi? — Phelan perguntou quando olhou
em volta severamente.
Rhys assentiu. — Onde está Usaeil?
Phelan trocou um olhar com Rhys antes de assentir. — Sim. Ela levou
Balladyn longe para nos dar tempo para chegar até você e Rhi.
Con surgiu dentro da cela, em seguida, seu rosto uma máscara de fúria
diferente de tudo que Kiril viu desde que Ulrik atacou os seres humanos.
Kiril fez uma careta. — Eu não tive a chance de dizer-lhe. Tudo aconteceu
tão rapidamente.
— Ele estava com você? — Con perguntou incrédulo.
Con olhou ao redor. — Algo que estou pensando em perguntar para Usaeil.
Onde ela está?
Con fez uma pausa e, lentamente, virou-se para olhar para ele. — Você não
a encontrou?
Con deu um aceno. — Primeiro, Phelan, você é Fae, então veja se você pode
obter essas correntes fora de Kiril enquanto Rhys e eu começamos a procurar.
Kiril teve que enfrentar o fato de que ela se foi. Mas onde? Como?
Ele não sabia quem as tinha, mas iria caçar e matar quem as tomou. Em
seguida, ele iria trazer as fêmeas de volta. Rhi estava perto de se tornar Escuro e
Shara ele iria punir por vários anos pelo que ela se atreveu a fazer com ele.
Quanto aos Reis Dragões, ele não terminou com eles também.
— Então quem? — Balladyn exigiu. — E por que você não está dizendo
Taraeth?
— Quer dizer, ele está agindo como eu, — disse Rhys, o desprezo ardendo
em sua voz.
Kiril se colocou entre eles e colocou a mão no peito de Rhys. Ele esperou
por Rhys dar um aceno reconhecendo que estava calmo e, em seguida, Kiril virou
a cabeça para Con. — Não, nem todos nós podemos cortar as nossas emoções
como você faz.
— Tenho a certeza que todos vocês fizeram por milhares de séculos.
— Tudo isso mudou para os Reis, — Phelan apontou. — Con, nem mesmo
você pode parar os sentimentos de alguém, uma vez que esses sentimentos
começaram.
Kiril ficou perplexo pela forma como Con não piscou um olho com as
palavras de Phelan. Fez Kiril suspeitar de que apenas Con faria se ele fosse
empurrado.
Phelan bufou. — Primeiro, precisamos dar o fora deste reino através de uma
única porta que conheço que leva de volta para a Terra.
Kiril seguiu atrás de Rhys, que seguiu Phelan quando eles saíram do grande
salão por um corredor. Ele olhou por cima do ombro para Con cujos olhos pretos
estavam tão frios e vazios, como sempre. Algo mais estava acontecendo que
Constantine não estava dizendo a eles. O fato de que Ulrik esteve lá era ruim o
suficiente, mas ele também sumiu com Rhi. Nada de bom podia vir disso.
— Rhi estava acordada quando Ulrik a levou? — Phelan perguntou a Con.
— Não.
Rhys atirou a Con um olhar por cima do ombro. — Sério? respostas de uma
só palavra?
— Eu não sei se ela vai acordar, para responder a sua pergunta seguinte,
Phelan, — disse Con.
Phelan limpou a garganta duas vezes antes de perguntar: — Ela já... fez algo
parecido antes?
— E ela ficou bem, — disse Phelan em relevo e lançou um sorriso por cima
do ombro.
Kiril só tinha de olhar para Con saber que tudo estava longe de estar tudo
bem. — O que você está escondendo de nós?
Com Phelan sendo o único a ver as portas Fae, ele poderia mantê-los lá,
enquanto ele quisesse. O olhar de Kiril mudou-se para Con, enquanto esperava
que ele respondesse.
— Eu não sei dizer, — Con disse em uma voz mais gentil. — Eu estou
apenas afirmando que ela foi levada por um tempo.
Kiril olhou para Con, esperando para ele responder. Quando ele não o fez,
Kiril disse: — Pode levar algum tempo, mas se ela voltar por qualquer um, vai ser
por você, Phelan.
O fato de Con não pronunciar uma palavra era ensurdecedor. Kiril sabia que
Con não diria qualquer outra coisa contanto que Phelan estivesse por perto. Então,
novamente, ele poderia tentar mantê-lo do resto deles também.
Ele deu dois passos e desapareceu. Rhys olhou para Kiril antes de seguir
Phelan, mas Kiril foi retido.
— O que Ulrik disse para você? — Con perguntou.
Con olhou para ele com olhos duros. — Nada que vale a pena mencionar
saiu de sua boca. E Rhi?
Kiril apertou os olhos fechados por um momento. — Você acha que ela
agora é Escura?
— Eu acho que ela não será a mesma. E não ajuda que Ulrik a tenha.
— Você quer dizer que há uma chance de que ela vai ficar com ele.
Con deu um pequeno aceno de cabeça. — Estou apenas dizendo que é uma
possibilidade.
Kiril girou e passou pela porta com Con em seus calcanhares. Assim que eles
voltaram para a Terra e os jardins da mansão Blackwood eles encontraram uma
batalha completa. Ambos pulando para cima rápido.
Con saltou em uma acrobacia com um rugido e num relance olhou para as
nuvens de chuva que não chegou a bloquear o sol. — Phelan, mantenha-se
contido.
— Já está feito, — o Guerreiro afirmou.
Kiril saltou para o ar, mudando quando ele fez, e bateu sua asa esquerda para
o grupo, cortando suas cabeças. Ele abriu as asas e navegou direto para o céu, só
para virar e deslizar enquanto inspecionava a batalha.
Um flash de luz brilhou sobre as escamas de ouro metálico quando Con rugiu
alto e varreu um grupo de Escuros. Kiril respirou fundo e soltou uma saraivada de
respirações geladas com Rhys soprando fogo ao lado dele.
Phelan estava fazendo sua parte no chão, enquanto se esquivava de sua magia
e matava qualquer Escuro que fosse estúpido o suficiente para chegar perto dele.
Kiril viu mais Escuros que vinham para a casa. — Precisamos sair. Agora.
Rhys desceu e agarrou Phelan antes que ele voasse para as nuvens repletas
de chuva. Kiril fez um passe sobre a casa enquanto procurava qualquer sinal de
Shara. Relâmpago bifurcou através do céu, seguido de perto por um barulho alto
de um trovão que rolou durante vários segundos. Con subiu por ele, sua cauda
batendo Kiril na sua asa.
Kiril viu o pai de Shara, que ainda estava de pé, com o olhar sobre os
Dragões, em meio aos Escuros lutando em torno dele. Kiril intitulou suas asas e
se virou para seguir Con e Rhys.
— Bem, isso foi divertido, — disse Rhys, sarcasmo escorrendo de suas palavras.
— Nós conseguimos escapar e fizemos um estrago neles. — Rhys riu. — Eu gosto como
estou surpreendido com isso, mas gostei de matar os traseiros sujos.
Kiril não se juntou às risadas. — Nós tivemos sorte. Se mais Escuros estivesse lá, as
coisas poderiam ter ficado ruim.
Kiril olhou para o amigo e viu que uma parte de sua perna foi carbonizada.
— Você não disse que estava ferido.
— Estou bem.
— Bem? — Con perguntou com raiva. — Se está tudo bem, então por que você
não está curando?
Nenhum deles mencionou que havia apenas um ser que poderia matar ou
ferir gravemente um Rei.
— Vocês três estão fazendo essa coisa de conversa mental, certo? — Phelan
perguntou num grito quando ele olhou para eles.
Em resposta, Rhys enfiou as asas e rolou várias vezes através do ar. Quando
ele parou, os lábios de Phelan foram puxados para trás em um grande sorriso. Kiril
olhou para Constantine e viu uma expressão preocupada no seu rosto.
Algo estava errado se Rhys não estava curando. Eles curavam quase que
instantaneamente, e embora a magia de um Fae Escuro pudesse prejudicá-los,
nunca fez nada parecido antes. Os únicos Reis Dragões que estavam lá eram os
três, e nem ele nem Con enviou qualquer ataque mágico para Rhys. Quem então
foi o responsável?
Eles voaram alto nas nuvens esquivando dos aviões. Um par de vezes Rhys
não foi capaz de esconder seu desconforto, fazendo Kiril e Con voar um em cada
lado dele. Eles o deixaram definir o ritmo, mantendo-o um pouco à frente deles
em todos os momentos para que eles pudessem vigiá-lo. A preocupação de Kiril
cresceu com cada aba de suas asas.
No momento em que eles chegaram a Dreagan, Rhys não podia mais
esconder o fato de que estava com dor tremenda. Ele lutou para permanecer no
ar, deixando cair vários pés de cada vez, apenas para lutar para continuar a ficar
com eles.
Kiril nunca esteve tão feliz de ver as montanhas familiares de Dreagan. Eles
deslizaram mais baixo, para que pudessem tocar no topo das montanhas, se
quisessem. Ele ficou para trás de Rhys enquanto Con ficou ao lado dele. Kiril ficou
mais preocupado com seu amigo quando a respiração de Rhys ficou difícil, seus
lados palpitando.
Con dobrou suas asas e voou dentro da entrada em primeiro lugar. Kiril
bateu as asas para pairar no ar enquanto observava Rhys tentar entrar para a
montanha. A esquerda de Rhys raspou o chão e caiu, fazendo-o desabar no chão,
onde ele ficou parado como uma pedra.
Kiril mergulhou em direção a ele, espalhando suas asas para pousar pouco
antes de bater no chão. Assim que ele tocou o chão, Kiril mudou para a forma
humana e se ajoelhou ao lado do amigo.
— Rhys? — Chamou.
Kiril terminou de colocar seu jeans, a notícia atingindo-o com a força de uma
asa de Dragão. Ele não queria acreditar, se recusou a sequer considerar isso em seu
voo a partir da Irlanda. Mas a verdade estava olhando-o no rosto. — Como isso é
possível? Eu não usei minha magia, apenas o meu poder único, o gelo.
Kiril se virou para ver Laith e Kellan vindo correndo em direção a eles. Eles
derraparam até parar, quando uma grande sombra passou sobre eles. Kiril olhou
para cima para ver um Dragão âmbar circulando-os. Um momento depois, e o
Dragão desceu, mudando a forma humana antes de tocar o chão e rolou até parar.
Tristan se levantou e correu para eles.
— Eu não sabia que ele foi ferido, — disse Phelan e passou a mão pelo
rosto coberto com preocupação.
Tristan se virou para Kellan. — Esses eventos vêm para você para que possa
gravá-los como historiador. Quem fez isso com Rhys?
Todos se voltaram para Kellan quando ele fechou os olhos. Vários segundos
se passaram antes que ele respirasse fundo. — Eu vejo a batalha, — disse Kellan.
— Eu vejo os Fae Escuros e a casa. Vejo vocês quatro lutando, Phelan em forma
de Guerreiro, e o resto como Dragões.
Kiril prendeu a respiração, tanto querendo saber se foi Ulrik para que
tivessem uma resposta, e esperando que não fosse ele.
— Eu vejo Kiril, com gelo e Rhys, que derrama chamas ao longo dos
Escuros. Vejo Rhys agarrando Phelan antes de ser atingido com a magia Dragão.
Então, todos vocês estão voltando para casa. — Kellan abriu os olhos e olhou
para Con. — Eu não pude ver quem atacou com magia ao Rhys, apenas o impacto.
— O que não nos diz nada, — disse Laith no silêncio que se seguiu.
O olhar negro de Con voltou para ele. — Ele descobriu uma maneira. Talvez
Druidas estejam o ajudando, ou mesmo um Fae. Eu não me importo com o
raciocínio. O que isso me diz é que está na hora de eu matar Ulrik.
Um minuto Shara estava lutando por sua vida contra a fumaça preta, e no
outro estava cercada por uma luz tão intensa que não podia abrir os olhos. Ela
sentou-se encolhida, os olhos espremidos bem fechados enquanto esperava a
morte para encontrá-la.
Uma mão suave tocou seu ombro enquanto uma voz de mulher, gentil e
suave, disse: — Pode abrir os olhos agora, Shara.
Não era uma voz que ela reconhecesse. Mais importante ainda, não havia um
único Fae Escuro que jamais soaria tão... Agradável. Shara foi acostumada a testar
o gosto do medo, mas não havia coragem adicionada ao seu arsenal, bem como
agora.
Ela levantou a cabeça, ao mesmo tempo que abriu os olhos, só para ter seus
pulmões bloqueados quando olhou para o quarto. Ele estava cheio de flores,
algumas altas, algumas pequenas, mas cada pétala encharcada de cor brilhante para
pastel. O piso e o teto eram brancos como eram as altas colunas que sustentavam
o teto. Não havia paredes, apenas ao ar livre mostrando nada além de grama verde
e céu azul brilhante e rico.
Shara ficou de pé, com as pernas trêmulas e seu coração batendo contra suas
costelas. Ela sabia onde estava, mas não podia acreditar que era possível.
— Você sabe onde está, mas você sabe quem eu sou? — Perguntou ela.
Usaeil sorriu e levou a mão a um conjunto de cadeiras. — Por que não nos
sentamos? Você teve um pouco em choque.
As pernas de Shara sentiram a madeira enquanto seguia Usaeil para as
cadeiras de aparência delicada de verde suave. Ela deixou-se cair em uma e esperou
que a rainha continuasse.
Shara apoiou as mãos sobre as coxas enquanto sua mente se voltava para o
pouco tempo que teve com ele. Seu estômago apertou quando ela pensou em seus
beijos, assim como o desejo que desfraldava com o pensamento de estar em seus
braços.
Amor. Era amor o que sentia, mas ela não se atreveu a dizer isso, não a
ninguém. Ela era uma Fae Escura. Os únicos que jamais a aceitariam eram a sua
própria espécie. Pelo menos eles a usaram. E agora não iriam mais.
— Você arriscou sua vida para ajudá-lo, mesmo que ele acreditasse que foi
traído, — disse a rainha.
Shara engoliu quando ela se concentrou na Fae da Luz. — Eu sabia que ele
não ia querer ouvir as minhas explicações, e não importa de qualquer maneira. Ele
veio por Rhi e seus amigos vieram para ambos. Eu queria ajudar.
— Taraeth quebrou-o como Taraeth tem feito para muitos de meu povo, —
a rainha disse com tristeza. — Rhi estava perdida sem Balladyn. Ele era como um
irmão para ela.
Ela parou, mas Shara sabia o que queria dizer. — Seu Rei Dragão.
— Sim. O amor deles foi instantâneo e poderoso. Assim, como seus desejos
não seriam negados.
— Você aprovou?
Usaeil sorriu ligeiramente. — Não teria importado de uma forma ou de
outra. Não houve interrupção no caso dos dois. Até que... acabou.
— Sim. Assim que soube onde ela foi, ele a seguiu. Nunca um Rei Dragão
entrou em uma porta Fae antes.
Usaeil cruzou uma longa perna sobre a outra. — Ele me pediu para levá-lo
a ela, e eu fiz. Eu honestamente não esperava que ele passasse por isso, mas não
só ele passou como também trouxe Rhi de volta para nós. Até hoje milhares de
anos mais tarde, ela não sabe o que ele fez por ela.
— Por que não disse a ela? — Shara não pensou que ela poderia manter tal
coisa para si mesma.
Ela encolheu os ombros com indiferença. — Os da luz se dão bem com eles,
embora nós tendamos a manter distância. Concordei com sua exigência, porque
era a coisa certa a fazer. Se Rhi soubesse o que ele fez por ela, iria para ele, e ele
deixou claro que nunca poderia haver qualquer coisa entre eles novamente.
— Que história triste. — Em seguida, bateu em Shara que podia haver uma
razão para a rainha ter compartilhado com ela. — É este o seu modo de me dizer
que nunca pode haver qualquer coisa entre eu e Kiril?
— De modo nenhum. Eu não sei por que disse a você sobre Rhi e ele.
Shara descobriu que ela relaxou durante o seu bate-papo. Ela se inclinou e
cheirou uma flor amarela brilhante. — Os Fae Escuros não vêm para o lado da
Luz.
O olhar de Shara mudou para cima. Ela levantou a mecha de cabelo de prata.
— Olhe para o meu cabelo. Olhe nos meus olhos. Eu sou Escura.
Shara podia sentir seu coração batendo contra suas costelas. Aquele olhar
que ela deu em torno da grande sala não mostrou um espelho. Ela se perguntou
se havia um nas proximidades.
— Você não o fez. Ao contrário dos Escuros, não punimos por tais coisas.
— A rainha suspirou dramaticamente. Então ela sorriu. — Se fizéssemos isso, eu
sempre iria punir Rhi.
Shara sentiu como se ela nunca mais teria seus pés debaixo dela novamente.
Ela não tinha ideia do que estava acontecendo ou como devia sentir-se sobre
qualquer coisa. Ela não se atreveu a esperar por qualquer coisa. O que aconteceu
uma vez já, e ela depois assistiu Kiril escapar por entre os dedos, como grãos de
areia.
— Eu posso levá-la para Dreagan, — Usaeil ofereceu, sua voz suave mais
uma vez. — Você pode explicar tudo para Kiril.
Usaeil assentiu. — Ele fez. Como fizeram os outros Reis dos Dragões e
Phelan, que você conheceu.
— E Rhi?
Usaeil rapidamente desviou o olhar. — Ela já não está nas mãos de Balladyn,
mas não está com a gente.
O olhar de Usaeil se voltou para ela com um sorriso. — Ah, que romântica
que você é.
Era verdade. Ela era uma romântica. Ela não percebeu isso até que conheceu
Kiril. Shara olhou para seu colo e lambeu os lábios. — Obrigada pela oferta, mas
não posso ir para Dreagan.
Shara separou os lábios para responder, mas descobriu que não poderia
colocar uma voz a eles.
— Longe disso. Eu não conseguia parar de olhar para ele. Ele era imponente,
bonito e espetacular.
Shara não poderia sentar por mais tempo. Ela se levantou e andou, sua mente
correndo com perguntas que ela não poderia começar a responder. Era tudo
muito, e ainda não o suficiente.
— E?
— O medo de que se eu não lutar por esse sonho, então vou ser preenchida
com a miséria pelo resto dos meus dias.
Usaeil levantou e ficou ao lado dela. — No final, só podemos lamentar as
chances que não tomamos.
— Este é o lugar onde você pertence. Você sempre será bem-vinda aqui.
A rainha virou para ir embora, e quando o fez, ela acenou com a mão. Shara
deu um passo para trás quando um grande espelho quadrado apareceu na frente
dela, pendurado ao nível dos olhos. O olhar fixo naquela espessa faixa de prata
que caia em sua bochecha. Ela poderia usar glamour para escondê-lo, mas não
seria capaz de esconder isso de Kiril.
Ela estava prestes a se virar quando olhou em seus próprios olhos, olhos que
não eram mais vermelhos, mas... Prateados.
Shara rapidamente afastou-se do espelho. Ela estava respirando forte quando
confusão a invadiu. Seu olhar se foi em Usaeil com uma carranca feroz.
— Eu sei que sou uma Escura, mas não lhe dá o direito de me enganar assim.
Você acha que é engraçado me dar algo que quero desesperadamente, e depois ver
como vou descobrir que não é real?
— Quem disse que não é real? — A rainha perguntou em uma voz calma.
Ela inclinou-se e sorriu para uma flor rosa brilhante, seus dedos reverentemente
tocando as pétalas. — Há muitas coisas que separam a Luz dos Escuros. Trapaça
é uma delas.
Shara recusou-se a acreditar no que via no espelho. Doeu muito. — Isto tudo
pode ser um truque jogado por Balladyn.
Usaeil cruzou os braços sobre seu peito enquanto olhava fixamente para ela.
— Eu lido com verdades, Shara. Você pode aceitar isso ou não. Tome a sua decisão
agora.
Ela queria se afastar de Usaeil e exigir ver a verdade, mas foi o fio mais ínfimo
de dúvida de que o que ela viu era a realidade.
— A esperança é uma das armas mais poderosas para ter. O amor é outra,
— Usaeil disse uniformemente.
Em vez de se afastar, Shara respirou fundo. — Como foi que os meus olhos
vermelhos se foram?
— É verdade que os Escuros contam a sua própria raça que uma vez que
um Fae se volta para o Escuro não há como voltar atrás. O fato é, é uma mentira.
Nem todo mundo sabe disso, e na maioria das vezes eu digo aos outros que não
pode acontecer. Antes que você pergunte, tenho minhas próprias razões para isso.
Shara agarrou seu estômago como se alguém tivesse apenas dado um soco
nela. Foi tudo o que ela foi levada a acreditar em uma mentira? Seu mundo estava
em espiral fora de controle, e ela precisava de algo para agarrar. Ela precisava de
Kiril.
Shara caiu de joelhos. Ela se forçou a respirar, para firmar o mundo que
estava rapidamente caindo. Verdade. Qual era a verdade? Ela poderia reconhecê-
la depois de uma vida de mentiras?
Usaeil ajoelhou-se ao lado dela, seus braços indo ao redor de Shara quando
o fez. — Procure no seu coração, — ela sussurrou. — As respostas estão lá,
esperando. Você tem que ser corajosa o suficiente para vê-las.
Shara apertou os olhos fechados e apoiou a testa sobre os mosaicos brancos
e frios do chão. Se Kiril estivesse ao lado dela, ela poderia fazê-lo. Se Kiril estivesse
lá, ela poderia enfrentar qualquer coisa.
Então a verdade caiu sobre ela uma gota de cada vez, até que estava caindo
como uma chuva em cima dela, um chuveiro que a estava purificando, a
transformando.
Shara cruzou as mãos. — Como você sabe que é amor? Eu nem tenho
certeza.
— Sim, você tem, — disse ela com uma piscadela. — Caso contrário, por
que você estava pronta para dar sua própria vida por ele? Isso foi o que mudou
seus olhos, Shara.
Usaeil deu um pequeno aceno de mão. — Foi uma parte disso. Qualquer um
pode amar. Você amava seus pais, sua família, ainda que isso não a alterou. Seu
amor por Kiril abriu seu coração e seu mundo. Sua vontade de dar a sua vida pela
dele foi o que finalmente mudou você.
— Eu fiz... coisas horríveis antes. Como pode tudo isso ser apagado tão
simplesmente?
— Não é simples. Eu não acho que você entendeu como o amor pode curar.
E perdoar.
Shara se levantou e foi para o espelho mais uma vez. Ela olhou para seu
reflexo, tentando reconhecer a si mesma. — Então, isso é o que sou agora?
— Isso é você. Se você quer que seja você.
A culpa não poderia colocar nada bem na relação deles. Os Reis Dragões que
estavam acordados foram todos contabilizados, e os que ainda dormiam nas
montanhas permaneceram dormindo. E, contudo, não fazia sentido. Por que Ulrik
atacaria Rhys? Seu ódio estava voltado para um indivíduo, Constantine.
— Ele vai curar, — Kellan disse ao lado dele enquanto olhava para Rhys.
— Con teve uma ferida semelhante uma vez.
— Poucos sabem disso. Ele teve duas dessas feridas. Uma quando ele lutou
contra o Rei dos Reis pelo trono. A segunda foi quando ele e Ulrik lutaram antes
de Ulrik ser banido.
Kiril balançou a cabeça em confusão e deu um passo atrás. — Eu poderia
ser velho e minhas memórias muitas, mas eu lembraria se Con tivesse sido ferido.
Kiril agarrou o ombro de Kellan e girou em torno dele. — O que você está
dizendo?
Kellan deu de ombros. — Con não quer que ninguém saiba. Nenhum deles
queria. É por isso que eles lutaram bem longe, para que qualquer um de nós não
pudesse vê-los.
Sua revelação foi tão desconcertante que Kiril quase esqueceu a primeira
parte dela. — Você disse que Con foi ferido estas duas vezes.
— Alguma vez você quis ser Rei dos Reis?
Kiril franziu o rosto. — Nunca. Eu tinha o suficiente para lidar com meus
dragões.
— A maioria dos Reis têm sentido o mesmo, mas alguns cobiçaram essa
coroa. Um seleto grupo de poucos o fizeram em seu destino.
— Sim.
— Nada, e isso está me deixando louco. — Kiril sabia que ele mudou de
assunto de propósito, e que iria permitir isso por agora, porque sua mente estava
cheia dela.
Kellan sorriu para Kiril e se afastou. Kiril o viu caminhar para sua
companheira, Denae, e os dois desapareceram profundamente na montanha, de
braços dados.
Kiril riu e olhou para o mais novo Rei Dragão. Tristan era um guerreiro com
seu irmão gêmeo, Ian. Todos os guerreiros pensavam que Tristan tinha morrido,
mas ele renasceu como um Rei Dragão.
Tristan enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça jeans. — Sim, você
poderia. Broc estaria disposto a ajudar, tenho certeza disso. Devo entrar em
contato com ele?
Kiril balançou a cabeça, seu olhar sobre Rhys. — Shara é uma sobrevivente.
Vou procurá-la, uma vez que Rhys esteja mais uma vez bem.
— Ele não a tem. — Pelo menos Kiril rezou para que não o fizesse. — Se
ele a tivesse, Balladyn teria me deixado saber para esfregá-lo na minha cara.
Rhys se moveu, um estrondo de um gemido vindo dele. Kiril olhou para suas
escamas para ver que o amarelo não estava tão brilhante como antes.
— Tem sido horas, — disse Tristan. — Ele deveria ter curado por agora.
— Você não teve que lutar contra outros Reis Dragões, por isso que você
não sabe quão mortal um sopro de nossa magia pode ser. Nós somos criaturas
poderosas, e é por isso que só outro Rei Dragão pode nos matar.
Kiril colocou uma mão no ombro de Rhys perto de sua cabeça grande de
Dragão. — Sim.
Ele tirou a mão e começou a se afastar quando Tristan parou com um aperto
firme em seu braço.
Kiril seguiu seu olhar para o ferimento de Rhys. Ele franziu o cenho quando
viu se curar uma fração. Kiril tocou Rhys novamente, e para sua surpresa, a ferida
cicatrizou mais uma vez.
Ele deixou cair sua mão e disse a Tristan, — Você experimenta agora.
Tristan voltou para o lado de Kiril e colocou as mãos sobre Rhys. Hal, Guy,
Kellan, Banan e Laith fizeram o mesmo.
A testa de Kellan vincou. — Nós nunca tivemos que curar um de nós, mas
se isto funciona, quem somos nós para reclamar?
Kiril olhou para cada um deles. — O que isso importa? Passado é passado.
Estamos lidando com inimigos por todos os lados. Vamos olhar para o futuro.
— Tudo bem, — Con disse e colocou a mão em Rhys. Ele se inclinou perto
de Kiril e sussurrou: — Foi um discurso.
Kiril olhou para cima e encontrou Kellan olhando para ele do outro lado da
forma de Dragão de Rhys. Os olhos verde jade de Kellan estavam atentos,
vigilantes, mas tinha a sensação de que ele não foi o único que Kellan estava
observando. O outro era Con.
Kiril esqueceu Kellan e Con quando virou seu foco para a lesão de Rhys
enquanto todos eles assistiam isso encolher e, em seguida, desaparecer por
completo. Foi um instante depois que Rhys abriu os olhos laranja do Dragão e, em
seguida, mudou para a forma humana. Ele apoiou um braço no chão, quando se
reclinou e fez uma careta para todos eles. — Que diabos estão todo mundo
olhando?
O sorriso de Kiril estava desbotado. Parecia que sua lista de inimigos acabou
de ficar mais longa e ainda mais misteriosa.
Dois dias depois Shara estava ao lado de Usaeil na fronteira da terra Dreagan.
Os dias anteriores foram gastos em conversar com Usaeil sobre Kiril, mas também
do papel que ela teria com a Luz.
— O tratado diz que não podemos ir para a terra Dreagan, — Shara disse
ansiosamente.
— E se Kiril não quiser me ver? — Ela perguntou quando olhou por cima
do ombro para a rainha.
O sorriso de Usaeil fez seus olhos brilharem de alegria. — Você não vai saber
até que vá ter com ele. Seu quarto fica no segundo andar, no canto oeste da
mansão. Boa sorte.
Ela revirou os olhos enquanto falava para si mesma. Não é uma boa maneira
de começar as coisas. Então, novamente, existiria lá uma boa maneira de se
aproximar de um amante que pensou que o traiu? Shara poderia enfrentar sua
família e até mesmo Balladyn, mas não achava que ela jamais estaria pronta para
Kiril afastar-se dela.
Era verdade, ela não sabia, mas não havia uma boa chance de que ele faria.
Ela pensou no discurso que preparou no dia anterior e repetiu inúmeras vezes.
Não era realmente um discurso tanto como uma explicação detalhada.
Shara viu o sol afundar cada vez mais longe no horizonte até que desapareceu
atrás das montanhas, e ainda assim ela permaneceu onde estava. Um som distante
a fez olhar para o céu, onde ela pegou a forma de um Dragão em meio ao céu
escuro e as nuvens. A escuridão escondia a cor das escamas, de modo que ela não
sabia se era Kiril, mas suspeitava que era.
Shara usou sua mágica para tele transportar para o topo de uma montanha
mais profunda sobre Dreagan para que ela pudesse ter uma visão melhor do
Dragão. Quando olhou para cima, ela percebeu que o Dragão não estava sozinho.
Ela contou pelo menos seis deles enquanto eles deslizavam facilmente entre as
nuvens, as suas asas enormes espalhadas largamente.
Eles protegiam o reino e os seres humanos, e ainda assim eles não poderiam
ser o que realmente eram. Eles não podiam se elevar para o céu quando eles
queriam ou anunciar suas verdadeiras formas. Eles eram prisioneiros de um reino
que, provavelmente, tentaria aniquilá-los se fosse dada a chance.
Isso a fez se sentir pequena, assim como observá-los deu-lhe uma paz
estranha que não esperava. Ela viu Kiril na forma de Dragão, mas ela não o viu
voar, não testemunhou ele espalhando suas bonitas asas laranja escuro.
A mente de Kiril estava cheia de Shara, e esteve desde a última vez que a viu.
Ele já chamou Broc para ver se o guerreiro podia localizá-la. Ele ainda tinha que
decidir se queria ir atrás dela quando descobrisse onde ela estava. Ele prometeu a
sua segurança, e na primeira vez que Balladyn os confrontou, Kiril virou as costas
para ela.
Com a mente tão cheia, ele pulou para o céu. Tudo o que fez foi lembrá-lo
de como Shara reagiu quando o encontrou em forma de Dragão. Isso em si ainda
confundia a sua mente. Ela viu a sua magia de Dragão. Isso era impossível. Então,
novamente, tanto o impossível e improvável parecia não se aplicar a Shara. Ela
quebrou todas as regras, mesmo sem parecer perceber que havia alguma.
Ele inclinou as asas e mudou de rumo. Ele voou baixo sobre as montanhas
e para os vales. Era maravilhoso estar livre para voar para a felicidade do seu
coração.
Ele sabia, mesmo sem ter que adivinhar o que estava faltando — Shara. Ela
era tanto uma parte dele que ele pensou que detectou o cheiro dela. A mente de
Kiril estalou em atenção. Ele voou para cima do vale e, em seguida, virou-se para
deslizar sobre a montanha. Ao aproximar-se do pico, o cheiro ficou mais forte.
Ele se virou e voou sobre ela uma vez mais, apenas para ter certeza que não
foi sua mente pregando peças nele. Ele queria gritar de alegria ao vê-la olhando
para ele. Kiril voou para o pico e pousou. Ele dobrou suas asas quando ela saltou
para seus pés e encarou-o. Seu olhar bebeu na visão dela enquanto inalava seu belo
perfume.
Era medo o que ele viu em seus olhos? Ele piscou e olhou em seus olhos
novamente. Eles já não estavam vermelhos. Seria algum novo glamour que ela
estava usando? Ela deu um passo na direção dele, no mesmo instante em que ele
mudou para a forma humana. Ele envolveu sua mão ao redor de seu pescoço e a
apoiou em uma pedra.
Seu sorriso era triste quando ela colocou as mãos em torno de seu antebraço.
— Não é glamour.
Ela engoliu em seco, mas manteve o olhar. — Eu não o traí. Balladyn mentiu.
— Foi mágico?
Ele baixou o olhar para os seus lábios, o que foi um erro, porque então queria
saboreá-la, beijá-la até que ela estivesse sem fôlego, até que ela se esquecesse de
tudo, menos dele.
Kiril sabia que deveria soltá-la, mas ele temia que ela fosse desaparecer sem
ele. — Eu suponho que sim. O que você vai fazer agora?
— Estou com a Luz. Usaeil me pediu para me juntar a ela e sua guarda.
— Então explique-se, — insistiu ele. Qualquer coisa para mantê-la com ele
até que poderia pensar em uma razão para ela ficar.
— Eles eram sua família. Você deveria ter sido capaz de confiar em sua
família.
— Foi você, — ela disse, e baixou os olhos para seu peito. — Você me fez
ver que havia muito mais lá fora. Eu vim a perceber que a única responsável por
minha vida era eu, e teria que tomar as decisões, e não a minha família.
Shara estremeceu. Sua voz era profunda e rica, quase um sussurro contra sua
pele tão perto. Ele chegou mais perto até que seus corpos se tocaram. Ela estava
tendo um momento difícil para colocar os pensamentos em palavras com ele tão
perto. Tudo o que ela queria fazer era levantar o rosto e colocar seus lábios nos
dele.
— Eu...— Ela parou quando uma rajada de vento passou por cima deles e
soprou seu longo cabelo fora do seu rosto.
Ele estava nu, o calor dele fazendo-a fraca. E com fome. Suas mãos estavam
em seu braço, mas ela queria acariciar seu peito com a tatuagem do Dragão, os
ombros, as costas. Tudo dele.
— Sim? — Ele perguntou enquanto seu rosto abaixava até que seus lábios
estavam uma respiração distante.
Ela descansou a cabeça contra a pedra e lutou para respirar, para encher seus
pulmões. — Eu era Escura. Eu sabia que você não iria acreditar em qualquer coisa
que dissesse depois do que Balladyn fez, e eu queria ajudar.
Ele tinha uma voz tão sexy, e que sotaque. Ele enviou arrepios acima de sua
pele e fez do desejo uma piscina abaixo em sua barriga. Ela assentiu com a cabeça,
incapaz de formar palavras.
Shara encontrou seu olhar. — Por você. Eu teria morrido por você.
Um grunhido baixo retumbou de seu peito quando ele empurrou seu corpo
contra o dela, sua excitação pressionando em seu estômago. — Não volte nunca
mais a fazer qualquer coisa tão tola de novo.
Ela abriu a boca para responder, apenas para tê-lo a beijando. Foi violento,
voraz e ainda sensual e sedutor. Sua mão enlaçou seu pescoço para deslizar para o
topo de sua cabeça.
Kiril não conseguia o suficiente dela. Ele queria deitá-la ali mesmo e enchê-
la. O que o impediu eram seus irmãos voando ao redor e vê-los. Ele beijou na
garganta dela enquanto ela arrastou as golfadas de ar. Seus braços enrolados ao
redor de seu pescoço enquanto seus dedos mergulharam em seu cabelo.
Kiril levantou a cabeça para olhar para ela. — E qual foi a outra parte?
— Amor.
Seu coração perdeu uma batida. Seria possível? Será que ele se atrevia a ter
esperança?
Ela passou um dedo ao longo de sua mandíbula. — Sim, você faria. Você
realmente me quer?
— Eu te amo, Kiril.
— Você sabe que eles nos viram, — disse Kiril, o riso em sua voz.
Shara sorriu quando ouviu a batida das asas de Dragão em algum lugar atrás
deles. — Sim.
— É melhor para eles não terem olhado muito de perto para você.
Num piscar de olhos, Kiril rolou de costas e cobriu seu corpo com o dele.
— Não é um sonho, nem é Balladyn em sua cabeça. Você está aqui comigo. É
onde quero que você permaneça sempre.
— Uma Fae e um Rei Dragão. Isso não funcionou da primeira vez. — Ela
não queria trazer o envolvimento de Rhi com os Reis, mas tinha que trazer para
sua própria paz de espírito.
— Você não é Rhi, e eu não sou...— Sua voz sumiu quando ele brevemente
olhou por cima dela. — Nós não somos eles.
— Mesmo agora, você não vai me dizer quem era seu amante?
— Vai ser a única coisa que manterei longe de você de agora em diante.
— Por que é tão importante que o amante de Rhi seja mantido em segredo?
— Sobre o quê? — Ela deixou-o mudar de assunto. Havia uma razão para
os Reis sentirem a necessidade de ocultar o nome de quem foi o amante de Rhi, e
ela mesma estava intrigada, mas Shara respeitaria a sua privacidade.
O coração de Shara saltou em sua garganta. Ela tinha medo de falar, com
medo até de ter esperança. Era suficiente que ele a amasse. Ela não esperava mais,
embora quisesse com cada fibra do seu ser.
— Até mesmo houve um Rei que se atreveu a fazer de uma Fae sua amante,
mas não ficou com ela. Eu prefiro saber que isto não pode ir a qualquer lugar do
que obter mais esperanças.
Ela olhou para o céu para ver as nuvens encharcadas em vermelho profundo
e no mesmo laranja queimado como as escamas de Kiril. Shara terminou de se
vestir e se virou para ele, só para encontrar um Dragão diante dela mais uma vez.
— Oh, você fez isso de propósito, — disse ela, com as mãos nos quadris.
— Você não pode me dizer alguma coisa agora. Nós vamos ter que discutir
algumas regras, você sabe.
Ela podia jurar que ele sorriu. Mesmo assim, ela não podia ficar irritada com
ele. Dragões começaram a voar mais perto deles, como se o amanhecer sinalizasse
o fim de sua liberdade.
Shara olhou para a mão enorme com garras brilhantes que Kiril estendeu a
palma para baixo. Ela entendeu o que ele estava pedindo e não hesitou em ir ter
com ele. Suas mãos deslizaram ao longo de suas escamas brilhantes para encontrá-
las quente ao toque.
Ela olhou para a cabeça para encontrar seus olhos de Dragão olhando para
ela. Shara imediatamente elevou seu braço e ombro para montar no final de seu
pescoço, onde ele encontrava suas costas. Ele levantou-se, fazendo-a rir enquanto
ela rapidamente agarrava suas escamas. Um momento depois, ele saltou no ar, suas
enormes asas espalhando amplamente para pegar a corrente de ar.
Seu sorriso era largo, suas gargalhadas sendo levadas enquanto o vento
soprava em torno dela. Shara não tinha medo de cair, porque sabia que Kiril iria
mantê-la segura. Ele subiu entre as nuvens, passou por cima da terra, mostrando-
lhe um mundo que ela nunca teria sido capaz de imaginar.
Ela abriu os braços e jogou a cabeça para trás com os olhos fechados. Este
era o paraíso, o nirvana. Como ela desejava que pudesse ter visto o mundo, quando
os Dragões ainda governavam.
Kiril mergulhou, obrigando Shara a se agarrar nele mais uma vez. Ela viu que
ele estava indo em direção a uma montanha que tinha uma abertura grande o
suficiente para caber um jato jumbo dentro dela. Um por um, os dragões
desapareceram na montanha quanto maior o sol nascia. Kiril circulou a montanha
duas vezes, deslizando mais e mais a cada vez.
Shara viu um homem de pé na entrada. Ele usava um par de jeans desbotados
e nada mais. Seu olhar estava trancado nela quando Kiril voou direto na abertura.
— Ele não mudou até que você começou a descer, — disse uma voz à sua
esquerda.
Shara olhou para baixo para encontrar um homem com uma tatuagem de
Dragão no peito longo, ondulado, cabelo castanho escuro e olhos verdes água. Seu
sorriso era amável, se não um pouco reservado, quando ele estendeu a mão para
ela.
— Eu sou Rhys, a proposito, — disse ele, esperando por ela para aceitar sua
ajuda.
Kiril virou a cabeça para olhar para ela por cima do ombro e deu um único
aceno. Shara conhecia Kiril, mas também sabia das histórias dos Reis Dragões e
seu poder. Com uma boa dose de respeito, ela jogou uma perna por cima do
pescoço de Kiril e pegou a mão de Rhys. Ele ajudou-a deslizar para o chão.
Era aprovação que viu em seus olhos? — Eu estava, embora gostei de assistir
todos os Dragões voando também.
— Ela mais do que se divertiu, — Kiril disse quando veio para ficar ao lado
dela.
Shara esteve tão preocupada com os outros Reis Dragões que ela ainda não
viu a mudança de Kiril para a forma humana. Alívio tomou seus músculos tensos
quando ele chegou a seu lado.
Rhys riu e estendeu as mãos para outro homem que jogou algo do outro lado
do caminho. Rhys pegou e, em seguida, jogou para Kiril, que desenrolou o material
para revelar uma calça jeans enquanto Rhys disse: — Isso é porque todos nós
queremos ver a mulher que conquistou Kiril.
— Não nos faça esperar muito tempo, — disse Rhys com uma piscadela.
Kiril a guiou para uma abertura em arco que dava para um labirinto de túneis.
Shara estava tão decidida a olhar para todos os desenhos e gravuras de Dragões ao
longo das paredes que ela queria ver, que Kiril não a conduziu em frente.
Sua cabeça virou-se para ele. — Por que você está me mostrando? Há uma
razão porque Faes não são permitidos em Dreagan.
— Nem todos Faes são proibidos. Rhi vem. Ou ela costumava fazer.
Kiril balançou a cabeça quando pegou sua mão e levou-a para fora da
montanha e em uma casa. Shara piscou quando olhou para o esplendor que a
rodeava.
O Rei dos Reis sorriu, embora não chegou a atingir os olhos. — Uma Escura
que se tornou Luz. Uma impossibilidade que agora se tornou possível.
13 Mansão do Dragão.
Kiril limpou a garganta e deu um duro olhar para Con. — Shara, este é
Constantine.
— Eu ouvi muitas coisas sobre você, — ela disse para Con. — Fala-se entre
os Escuros que você é a causa dos Reis ainda estarem sendo tão poderosos.
Ela olhou para ele e sorriu, em silêncio, pedindo-lhe para confiar nela. Seu
leve aceno era toda a confirmação que ela precisava e ele fez exatamente isso.
Shara não sabia se alguém em Dreagan jamais iria recebê-la, mas enquanto
Kiril queria que ficasse, ela permaneceria. Mesmo se ela não tivesse sido aceita em
Dreagan, sabia que deveria dizer-lhes o que sabia.
— Taraeth ainda está no poder, mas Balladyn tem os olhos postos e vai
acabar por tirar isso dele. Havia algumas coisas que Balladyn disse que me fez
pensar que ele não estava trabalhando sozinho.
— Outro Escuro? — Perguntou Kiril. — Alguém poderoso como o seu
pai?
Shara se aproximou de Kiril. — Vão fazer algo grande, a fim de que isso
aconteça.
Constantine focou seu olhar sobre ela mais uma vez. — Você sabe se os
Escuros procuram por nós?
— Isso nunca foi divulgado a mim. Tudo o que sei é que eles querem
perversamente fazer mal.
Kiril passou a mão pelo rosto. — O que é que eles querem Con? Por que é
algo que não sabemos?
Con colocou as mãos nos bolsos de sua calça e levantou uma sobrancelha
loira. — Isto é. O que está escondido deve permanecer oculto. Devemos estar
mais preocupados com a pessoa ajudando Balladyn.
Kiril soltou um longo suspiro quando percebeu que ele também sabia quem
era. — Ulrik.
— O Rei Dragão banido? — Disse Shara em estado de choque. Por que não
tinha posto isso junto ela mesma? Tudo fazia sentido agora. — Claro.
— Você não descobre tudo o que pode sobre seu inimigo antes de uma
guerra?
A testa de Kiril franziu. — Então vocês sabem de Ulrik, mas não o que ele
fez?
— Sim.
Não havia como negar que era magia Dragão que o atingiu. Ele sabia por
que foi atingido com a magia Dragão antes, durante o breve período em que os
Reis estavam divididos sobre se matariam ou protegeriam os seres humanos.
Aqueles fiéis a Ulrik se reuniram para ajudá-lo a aniquilar os seres humanos.
Felizmente, a batalha entre os Reis foi fugaz, mas mesmo assim, muitos deles
morreram desnecessariamente.
Não havia nenhuma dúvida em sua mente que a magia não foi utilizada por
Kiril. Con, embora um idiota arrogante a maior parte do tempo, não seria tão
dissimulado. Se Con tivesse um problema com você, lidava com isso cara-a-cara.
Ficando a questão de quem tentou matá-lo. Não havia outros Reis Dragões
na Irlanda no momento. Um Fae Escuro não podia usar magia Dragão. Ulrik, se
tivesse estado na Irlanda era incapaz de usar sua magia. Con tinha visto a isso há
muito tempo. O mistério estava comendo Rhys por dentro.
Seu celular chamou com um texto. Tirou-o do bolso de trás para ver se era
da companheira de Banan, Jane, que estava administrando a loja de presentes.
Rhys bateu no botão enviar e colocou seu telefone virado para baixo antes
de apoiar as mãos na mesa e baixar a cabeça. Nenhum dos outros poderiam saber
a sua preocupação. Já que os Reis estavam sendo atingidos por muitos lados por
seus inimigos.
Fechou seus olhos e o rosto de cada Rei Dragão percorreu sua mente
enquanto ele tentava descobrir se havia rancor contra ele. Havia muitos Reis que
retornaram ao seu sono após a batalha ao lado dos guerreiros e druidas.
Ele olhou para Con e forçou um sorriso. Não havia nada casual sobre sua
visita. — Melhor do que nunca.
Rhys ficou imóvel por um momento antes que pegasse um pano e limpasse
as lâminas. — Não é exatamente um bom momento para se divertir, não é?
Con caminhou mais para dentro do local. — Eu suspeito que Kiril vá querer
Shara como sua companheira.
— Quem você acha que seria um candidato provável que deseja nos separar?
— Então você acha que ele poderia ser uma parte disto, — Con disse com
um pequeno sorriso.
— É uma possibilidade, mas por que tenho a sensação de que você tem um
indivíduo em mente?
Con sem pressa deu uma agradável orientada ao redor da sala enquanto o
silêncio crescia. O lado de Rhys queimava, onde sua ferida esteve, fazendo-o cerrar
os dentes. No entanto, ele se recusou a permitir que Con soubesse que algo estava
errado. Ele não queria que ninguém se preocupasse sobre ele, e se Con pensasse
que algo estava errado, era mais provável que tentaria manter Rhys confinado,
enquanto ele descobria o que estava errado, impedindo Rhys de descobrir por
conta própria.
— Não é tudo. — Con parou ao lado dele. — Você viu outro Rei Dragão
na Irlanda enquanto estávamos lutando contra os Escuros?
O que deixou apenas Ulrik. Rhys apertou a ponte de seu nariz com o polegar
e o indicador. — Não pode ser Ulrik. Nós selamos toda a sua magia. Você e eu
sabemos que se sua magia fosse devolvida ele estaria de volta aqui em um instante
por seus Silvers.
— Claro que ele a levou, — disse Rhys com um pequeno aceno de cabeça.
— Você esperava algo diferente?
Con afastou-se da mesa e foi até o outro lado de Rhys. Rhys permaneceu
como estava e virou a cabeça para rastrear os movimentos de Con.
Outra coisa estava incomodando Con, mas Rhys aprendeu há muito tempo
que era melhor não fazer perguntas. Con tinha uma maneira de transformar as
coisas em pouco tempo, e Rhys não queria fazer parte de nada no momento.
Rhys olhou para a tesoura e fingiu não saber o que ele queria dizer. —
Apenas duas lâminas estão dobradas. Eu vou consertá-la.
— Estou bem.
— Outra mentira. Se você estivesse bem como diz, teria levado essa
impressionante loira para jantar e, em seguida, daria a ela uma boa foda, como
costuma fazer com suas mulheres. O fato de que você está aqui no celeiro, levanta
algumas bandeiras. Agora, você vai ou não me contar?
Rhys passou a mão pelo rosto e considerou Con por um momento. — Jura-
me que não vai mais longe do que nós dois.
— Foi magia Dragão que me atingiu, mas havia algo mais adicionado a ela.
Eu ainda posso sentir a ferida. A dor é, por vezes, inexistente e em outras imensa.
O que quer que tenha sido não saiu de mim ainda.
Era já à tarde antes que Kiril fosse capaz de fugir com Shara após Con a ter
levado ao seu escritório e sabatinado ela por horas.
— Sim, e eu estou feliz que você quer, mas me recuso a permitir que ele a
interrogue como se você fosse uma prisioneira.
Shara deu de ombros depois que deu outra mordida. Seu olhar disse que
valeu a pena. Kiril, no entanto, pensava diferente. Quanto mais tempo ela estava
com ele, mais protetor se tornou.
Houve uma batida suave na porta, e então a voz de Denae veio através da
madeira. — Kiril? Shara está descansando agora? Gostaríamos muito de conversar
com ela.
Shara deu-lhe um olhar divertido e deixou o último dos seis tacos. — Por
que você está me mantendo longe delas? Você tem vergonha de mim?
— Preciso lembrá-lo que não deu certo entre uma Fae e um Rei antes?
Kiril se levantou e foi atrás de sua cadeira, apoiando as mãos nas costas. —
O mesmo poderia ser dito das dezenas de relacionamentos que os Reis tiveram
com os seres humanos. Por favor, não vá usar isso como um guia. Eu te amo. Eu
te decepcionei na fortaleza de Balladyn por não acreditar em você. Estou
preparado para passar a eternidade fazendo isso por você.
— Você está falando sério, — disse ela suavemente, seus olhos prata
esperançosos.
— Eu não diria isso para você se não fosse sério. Nenhum Rei faz. Eu não
estou completo sem você. Eu não percebia o que estava faltando até que te
encontrei, e então a consciência tornou-se tão evidente que era difícil de passar
através de cada dia.
Seu olhar desviou do seu para a mesa. Ela olhou para sua comida.
Apreensão fez seu sangue gelar. Ele estava preocupado se seria pedir demais
dela, mas ele não podia deixar de perguntar. Se demorasse muito para que ela
consentisse ele permaneceria com ela e continuaria perguntando.
— Você me quer? — Ela perguntou com uma voz tão suave que ele teve
que se esforçar para ouvi-la.
Ela deixou cair o rosto entre as mãos. Kiril olhou em volta, sem saber o que
fazer. Ele não tinha ideia do que fazer ou se devia fazer algo. Ela estava feliz?
Atormentada? Irritada? Ela queria seu toque? Que ele saísse?
Cada pergunta percorreu sua mente em rápida sucessão, sem uma única
resposta para ajudá-lo. Ele decidiu permanecer onde estava. Kiril não poderia
imaginá-la afastando-se dele, mas ele não quis arriscar. Isto iria destruí-lo como
nada mais poderia.
Quando levantou a cabeça, suas bochechas estavam manchadas de lágrimas.
Os ombros de Kiril cederam com alívio quando fechou a distância entre eles
e a puxou contra ele. O rosto dela estava em seu pescoço enquanto lágrimas frescas
embebiam a camisa.
Ao seu aceno, ele a segurou mais apertado. Ele não sabia como teve tanta
sortede tal mulher ser sua, mas Kiril estava determinado a garantir que ela estivesse
sempre feliz. Não importa o que tinha que fazer, ela era sua prioridade.
Três semanas depois…
Rhys ficou para trás com um copo de uísque na mão, enquanto observava
Kiril e Shara deixarem a caverna após a sua cerimônia de acasalamento.
O sorriso de Kiril tinha uma milha de largura, enquanto olhava com adoração
para Shara, que só tinha olhos para ele. Ela estava linda em um vestido sem alças,
longo e de uma cor laranja profunda. Seus longos cabelos negros caíam com uma
tira de prata puxado para trás com um clipe. Em torno de seu pulso tinha uma
pulseira de esmeraldas de corte raro e entrelaçada com safiras do Sri Lanka14-Um
presente de Con como uma acolhida para o seu mundo.
Henry, amigo humano dos Reis no MI5, iria manter o controle dos
movimentos dos Faes Escuros ao redor do mundo. No pouco tempo que
estiveram a observar, ficou claro que os Escuros estavam tramando algo grande.
Rhys levantou o copo em saudação quando Kiril olhou para ele. Com um
sorriso no rosto dirigido a Kiril, Rhys disse a Con, — É imparável agora. Nós
passamos por milhares de milênios sem acasalamento. Talvez esteja na hora.
Seu sorriso desapareceu quando ele empurrou seu olhar para Con. — Não,
nem mesmo em tom de brincadeira. Isto não é para mim.
— Nós não seremos capazes de mantê-lo de todos por muito mais tempo.
Rhi abriu os olhos apenas para ser cega pela luz solar brilhante,
deslumbrante. Ela piscou contra ela, seus dedos movendo-se nos raios quentes.
Ela rolou de costas e percebeu que estava em sua cabana. Seu lugar privado. Um
lugar que ninguém deveria conhecer - nem mesmo sua rainha.
Rhi se sentou e olhou para baixo para encontrar-se coberta apenas por um
cobertor de cor coral feito da caxemira suave. Sua pele estava limpa e não havia
algemas em seus pulsos. No entanto, ela sabia sem dúvida que esteve na prisão de
Balladyn. Não foi um sonho.
Seu olhar foi até a porta. Ela caminhou silenciosamente para lá e abriu-a
antes que fosse para a varanda e o encontrou sentado na cadeira de balanço.
Ela atraiu uma respiração instável. — O que você está fazendo aqui?
— Por quê?
Ela abriu os olhos e olhou em qualquer lugar, menos para ele. Era muito
difícil. — Então, o que tenho que agradecer?
— Porque é isso que os Fae da Luz fazem? — Ele fez um som na parte de
trás da garganta. — Eu não faria isso. — Ele se moveu na frente dela e ela virou
a cabeça para o outro lado. — Você acha que me ignorando vai funcionar?
— Obrigada pelo que você fez, mas não preciso de sua ajuda. — Ela virou-
se e caminhou de volta para a cabana, onde bateu a porta atrás dela.
Ela parou, esperando ouvi-lo sair. Minutos se passaram antes que ela o ouviu
expulsar um sopro alto. Então, sua voz veio através da porta. — Você tem estado
adormecida por algumas semanas. Todo mundo está procurando por você desde
que eu te trouxe de volta.
O som de passos lhe disse que ele estava indo embora, e depois pararam.
Ela esperou até que Ulrik tivesse ido embora antes que soltasse um suspiro
reprimido. Ela olhou para os babados, as coisas ridículas que ela acumulou ao
longo dos anos e raiva tomou conta dela.
Rhi não parou com isso, não a restringiu. Deixou fluir livremente enquanto
foi de cômodo em cômodo destruindo tudo. Nem mesmo os vidros de esmalte de
unhas que meticulosamente ordenou por cores foram poupados.
Despedaçada.
Mas ele não veio pelos pontos turísticos. Ele veio para uma reunião.
O clique de saltos nas pedras o fez sorrir. — Você não vai a qualquer lugar
sem os malditos saltos altos?
Ela estava de bom humor, e ele odiava desapontá-la, mas não havia nenhum
uso colocando isso para fora. — Eu não ouvi nada sobre Rhi.
— Só se você concordar.
Seus olhos prata Fae o olharam em silêncio por um momento. — Você tem
alguma preocupação sobre envolver Broc?
— Eu tenho. Se Rhi quiser ser encontrada, ela vai. Ela pode precisar de
algum tempo.
— Eu não quis dizer isso. Estou apenas apontando que não sabemos a que
tipo de tortura Rhi resistiu. As correntes de Mordare são suficientes para trazer um
Fae de joelhos.
Con não poderia dar-lhe isso, porque ele não tinha certeza de si mesmo. Não
quando uma das câmeras que ele teve de assistir do Silver Dragon, o lugar de
negócios do Ulrik em Perth, lhe mostrou ele trazendo Rhi para lá.
— Você está tão certo dela, — disse a rainha com um aceno de cabeça. —
Eu gostaria de ter a sua confiança.
Con abriu a boca para tranquilizá-la, mas ela desapareceu antes que pudesse.
Ele prendeu a respiração profundamente e liberou lentamente. Ulrik e Rhi eram
apenas um dos muitos problemas que ele tinha. O mais urgente era Rhys.
Ela era alta e esbelta, sua blusa branca apenas apertava o suficiente para
agarrar-se a seus seios. Havia uma mancha de sujeira em seu cotovelo como se ela
tivesse estado deitada no chão recentemente.
Seu olhar retornou ao seu rosto enquanto ela reivindicava um banco no bar.
Ela colocou o cabelo atrás da orelha e olhou para o bar antes de voltar seus olhos
cor de café para ele. Sua pele mostrava um brilho dourado, indicando que ela
estivera muitas vezes ao sol.
Laith deu um passo mais perto dela, observando a pitada de sardas sobre o
nariz. — Bem-vinda ao The Fox and The Hound16. O que posso fazer por você?
Laith foi impotente para responder. Ele devolveu o sorriso e virou-se para
pegar a cerveja. Certamente era um truque da luz ou algo para levá-lo a reagir dessa
15 Designação dada a várias plantas arbustivas da família das ericáceas, geralmente do .gênero Erica
16 "O Cão e a Raposa: Amigos Inimigos" no Brasil e "Papuça e Dentuça" em Portugal é um filme norte-americano de
animação de 1981 produzido pela Walt Disney Pictures e baseado no livro de mesmo nome do autor Daniel P. Mannix.
forma. Uma vez que ele olhasse para ela novamente, veria que ela era como
qualquer outra mulher que entrou em seu pub.
Seu sorriso caiu um pouco enquanto a olhava. Laith serviu a cerveja na frente
dela. Seus olhos se encontraram novamente, e ficaram paralizados. Ele sentiu um
puxão incontrolável, inegável para esta mulher. Era mais do que apenas luxúria.
Este... Sentimento... Estava em outro plano, tudo junto.
Seus dedos se tocaram brevemente, mas foi o suficiente para uma corrente
de desejo puro, absoluto que aqueceu seu sangue. Ela puxou a sua mão, provando
que sentiu isso também. Seus olhos correram para a esquerda antes dela patinar de
volta para ele.
— Você é nova aqui, — disse ele, mesmo quando juntou quem ela era em
sua mente. Seu nome era Iona Campbell.
Ela assentiu com a cabeça e tomou um gole da cerveja, quando ele desceu o
copo. — Sim. Sou Iona Campbell.
— Na verdade não. Uma vez que tudo estiver terminado estarei de volta ao
trabalho.
Ela riu suavemente, o som foi um disparo direto para seu pênis. Ele olhou
em volta e notou que não era o único que não podia tirar os olhos dela. O resto
dos clientes estava olhando com interesse.
Foi a coisa errada a dizer, porque uma pequena carranca se formou em sua
testa e o sorriso desapareceu. Ela correu os dedos ao longo da condensação do
vidro. — Eu acho que sim.
Laith deu um aceno de cabeça e voltou para os seus outros clientes. Várias
vezes a pegou olhando para ele através dos espelhos por trás do bar.
Um pouco mais tarde ele a viu com uma câmera, ela examinava fotos. De
alguma forma, ele conseguiu manter a sua distância até que a sua cerveja estava
quase terminando.
Serviu-lhe outra cerveja e colocou-a diante dela. Assim que ele se virou para
sair, ela chamou sua atenção. — Um momento, por favor?
Laith deu de ombros. — Muito bem. Ele vinha duas vezes por semana a cada
semana.
Um leve rubor manchou suas bochechas. — Quer dizer que você sabia que
eu era uma fotógrafa?
— É Laith.
— Um nome incomum.
— É um nome de família.
— Este estabelecimento faz fronteira com Dreagan. O que você sabe deles?
Laith estava completamente surpreso com a pergunta. Ele pensou que ela
poderia perguntar algo sobre seu pai, mas nunca sobre Dreagan. — Eles destilam
o melhor uísque ao redor, e são bons para o povo.
Iona sorriu. — Tirei muitas fotos hoje para provar que faço, mas eu não
tenho tempo para cuidar da terra.
A porta para o pub abriu e Sammy entrou, seus olhos azuis enevoados
enrugaram com seu sorriso e seus cabelos cor de areia puxado para trás em um
rabo de cavalo. — Ei, Laith.
Ela veio ao redor do bar e colocou sua bolsa debaixo dele, e depois abriu um
sorriso para Iona. — Olá. Você deve ser a que todo mundo está falando.
Laith manteve sua conexão com Dreagan de Iona até agora, mas com Tristan
e Ryder entrando, ele não tinha certeza de quanto tempo isso iria durar.
— Espera aí, — disse Sammy e correu ao redor do bar para Tristan que
agarrou-a contra ele para um beijo rápido.
Iona observou a cena antes que virasse a cabeça para Laith. — Quem é
aquele?
Iona observava o par com cuidado. — Eles parecem realmente cuidar uns
dos outros.
— Não se preocupe com isso aqui. — Ele viu Sammy trazendo Ryder e
Tristan, então balançou a cabeça em sua direção. — Você está prestes a conhecer
mais pessoas.
Tristan baixou a cabeça, mas Ryder tomou sua mão e lhe deu um sorriso
encantador. Laith não gostou da forma como ela corou em troca.
— Não até fechar, — disse Laith com uma risada. — Você vai ter que
esperar para ter algum tempo a sós com sua esposa.
— Tentamos falar com você, — Ryder disse: — Mas Con pediu-nos para
não oprimi-la.
Laith assistiu Iona inquietar-se sob seu embaraço antes que perguntou: —
Então, o que cada um de vocês fazem em Dreagan?
Ryder levantou uma sobrancelha loira. — Nós não fazemos apenas uísque,
moça. Criamos milhares de ovelhas e gado.
— A maior parte dessa terra de Dreagan está sendo usada para a conservação
da natureza, — acrescentou Tristan. — As florestas, as montanhas, e animais são
todos protegidos em seus habitats naturais.
Seu sorriso desapareceu quando ela olhou nos olhos dele. — Isso é bom de
ouvir. Já conheci muitas pessoas que não se importam com a conservação da
natureza.
— Nem todo mundo é uma pessoa ruim, — disse Laith. Embora houvesse
mais deles lá fora do que ela poderia imaginar.
Seus olhos cor de café suavizaram quando olharam para ele. — Não, eles
não são.
Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, organizações e eventos
retratados neste romance ou são produtos da imaginação do autor ou são usados
ficticiamente.
DESEJO ARDENTE