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Para Steve

Para o riso, o amor, e tudo mais!


Tanto é necessário para conseguir ter um livro pronto, e eu não poderia fazê-
lo sem a minha fabulosa editora, Monique Patterson. Graças a Alexandra Sehulster
por ser tão maravilhosa, e todos os outros na publicidade St. Martin, que estavam
envolvidos. Vocês são de arrasar!

Tiremos o chapéu para minha equipe de rua, Donna Dolls. As palavras não
podem dizer o quanto eu adoro vocês.

Um agradecimento especial à minha família pelo apoio interminável.

E para o meu marido, Steve. Por... Bem, tudo! Eu te amo Sexy!

**Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, organizações e eventos


retratados neste romance ou são produtos da imaginação do autor ou são usados
ficticiamente.
Os Reis Escuros lutaram durante séculos para preservar sua magia
Dragão. Mas pode um guerreiro resistir a maior tentação de todas?

UM DESEJO PODEROSO

Em sua busca para destruir os Fae Escuros, seus inimigos, o Rei Dragão
conhecido como Kiril vai para a Irlanda como um espião. Quando uma
linda, mulher misteriosa tenta seduzi-lo, Kiril vê instantaneamente
através de seu glamour a Fae Escura. Shara não é qualquer Escura; ela
é de uma das mais poderosas da sua linhagem e apesar dos perigos,
Kiril não pode ficar longe dela. Ele está encantado com seu sorriso,
escravizado pela paixão inegável...

É UMA GUERRA, A LUTA VALE A PENA?

Shara tem uma chance de fazer as coisas direito com a sua família e
provar seu valor. Parecia uma missão tão fácil... Até que ela realmente
conhece Kiril. Seu charme, seu magnetismo sexual é demais para ela
ignorar. Shara sabe que cair nos braços de Kiril pode trazer para ela
nada além de problemas. No entanto, ela descobre uma força interior
que não sabia ter... E uma atração que não conhece limites. Mas o seu
desejo por Kiril vale o risco de uma condenação eterna para os dois?

Copyright © 2014 por Donna Grant.


Cork, Irlanda

Maio

Fingindo. Enganando. Imitando.

Kiril e o resto de seus irmãos aperfeiçoaram esses atos, desde que enviaram
seus dragões para longe e começaram a misturar-se com os humanos. Eles
aperfeiçoaram suas habilidades a um grau que apenas um punhado de pessoas em
todo o mundo sabia quem eles realmente eram: Reis Dragões.

Foi difícil nos primeiros milênios fingir que eles não foram governantes uma
vez do reino. Depois disso, tornou-se um hábito, um modo de vida. O que mais
poderia um Rei Dragão fazer quando os dragões se foram?

Kiril passou muitos séculos no fundo de sua caverna, dormindo, escondido


do mundo e a maneira surpreendentemente fácil como seu reinado passou de lenda
para mito. Mesmo assim, ele não estava livre de suas memórias ou o desejo de ser
o Dragão que ele nasceu para ser.

Não, no sono Dragão, ele reviveu a época gloriosa quando os dragões


dominavam a Terra, quando rugidos enchiam o ar, e os dragões eram livres para
percorrer os céus, a terra, e até mesmo as águas como eles queriam.
E então os seres humanos vieram.

Kiril cerrou os dentes enquanto ele dirigia pela estrada sinuosa e estreita em
direção a Cork. Ele não tinha certeza se algum dia ele se livraria de sua repugnância
por eles. Ele não culpava todos os seres humanos. Afinal, cinco de seus
companheiros Reis recentemente se vincularam a fêmeas humanas.

No entanto, há milhares de anos, foi uma fêmea humana que era prometida
a um deles, só para traí-lo e pôr em marcha uma guerra que poderia tê-los destruído
a todos. Foram somente os reis se unindo e Constantine, o Rei dos Reis, que veio
com uma solução – enviar os dragões para outro reino.

Kiril acelerou sua elegante Sepang marrom Mercedes SLS AMG Roadster ao
longo das estradas sinuosas com a capota para baixo e o vento chicoteando em
torno dele. Foi a coisa mais próxima de voar que podia se permitir mantendo-se
na Irlanda em meio aos mais vis inimigos dos Reis Dragões que eram os Fae
Escuros.

Os Escuros estavam decididos a capturar um Rei Dragão. Recentemente,


eles conseguiram prender dois Kellan e Tristan, por um curto período antes de
ambos escaparem. Embora tivesse sido por um triz, especialmente com Kellan.

Cada vez escaparam por pouco. Os Reis Dragões e os seus amigos não
escaparam ilesos. Havia lesões, mas o pior foi que Rhi foi tomada pelos Escuros.
Rhi. Kiril não poderia deixar de sorrir quando pensava na Fae da Luz.
Embora os reis tivessem travando uma guerra em ambos os lados dos Fae, Rhi era
diferente. Por um tempo, ela foi amante de um Rei Dragão.

E nenhum rei jamais se esqueceria disso.

Nenhum deles realmente entendia o que separou Rhi e seu amante, e eles
provavelmente nunca o entenderiam. Ele nunca falou sobre ela, nunca mencionou
o nome dela. E Rhi... Retornou à Luz para assumir suas funções. Curiosamente,
foi sua interferência em contar a um guerreiro que ele era meio-Fae e seu príncipe
que a trouxe de volta para o rebanho dos Reis.

Ela não ficou emocionada sobre isso, e na verdade, dissera a todos para onde
ir. Sim, no entanto, quando o problema veio, foi Rhi que correu para salvar Kellan
e sua companheira, Denae. Então ela fez isso de novo com Tristan e Sammi,
colocando-se em risco.

Kiril estava determinado a localizar onde os Escuros estavam mantendo Rhi.


Era uma das muitas coisas que ele iria verificar enquanto espionava. Cada minuto
de cada dia o trouxe para mais perto do perigo. Voltando uma e outra vez para o
pub dos Escuros, an Doras, apenas acelerou o inevitável.

Não que um Rei Dragão jamais tenha fugido do perigo.

Tudo valeria a pena se ele pudesse resgatar Rhi e descobrir quem estava lá
fora querendo revelá-los ao mundo. O fato de seu inimigo sem rosto alinhar-se
com os Fae Escuros, bem como MI5 significava que eles estavam dispostos a fazer
qualquer coisa.

E assim era Kiril. Ele iria entregar-se aos Escuros antes de permitir que algo
acontecesse com seus irmãos. Ele só poderia vir a isso também.

Os Escuros sabiam quem ele era, sabiam há dias. Foi um jogo que jogaram
entre si. Ele fingiu não saber que observavam a casa que comprou, e eles nunca
foram muito longe de onde quer que estivesse, enquanto fingiam que não tinham
ideia de que ele era um Rei Dragão.

Ele tinha que vigiar cada palavra sua, vigiar todos os seus movimentos. Era
cansativo. E emocionante. Foi há eras desde que ele teve tal adversário. No final,
porém, ele tinha que se lembrar de que não era um jogo. A competição iria decidir
quem permaneceria no reino –Escuros ou Reis.

Nem uma única vez desde que ele veio para a Irlanda, Kiril se atreveu a se
elevar para o céu, mesmo em uma tempestade. O desejo de mudar para um Dragão
e ter a pressão do ar sobre suas escamas e ao longo de suas asas eram irresistível,
esmagador.

Ele agarrou o volante e gradualmente assumiu o controle de si mesmo. Ele


diminuiu a velocidade do carro quando se aproximou de Cork. Cork, como
Veneza, foi construída sobre a água com o centro da cidade situada em uma ilha
no rio Lee, acima de Cork Harbor. Com o rio Lee separando em dois ramos e ao
redor do centro da cidade, havia inúmeras pontes que dão a Cork uma aparência
distinta.

A cidade era bonita, mas ele não estava em casa. Kiril ansiava pela Escócia e
Dreagan. Ele parou em um cruzamento e esperou que a luz ficasse verde. O som
dos sinos da Igreja de St. Anne do século XVIII, de repente encheu o ar. O estilo
do velho mundo de Cork só o fez lembrar-se da Escócia ainda mais, mas mais
especificamente Dreagan e as montanhas que rodeavam sua casa.

Os sessenta mil acres de Dreagan eram um refúgio para os Reis Dragões.


Com o espaço aéreo restrito sobre as suas terras, eles podiam mudar e voar sempre
que quisessem. O fato de Dreagan ter o melhor uísque do mundo manteve-os no
luxo. Cada restaurante e pub queriam vender Dreagan, mas eram seletivos sobre
quem eles autorizavam a vender seu uísque. O uísque irlandês era passável
enquanto na Irlanda era aceitável, mas o que ele não faria por uma garrafa de
Dreagan.

Kiril encontrou uma vaga no estacionamento e rapidamente puxou a


Mercedes antes que desligasse o motor. Ele não planeja estar na cidade por muito
tempo, pois as nuvens escuras insinuavam chuva. Kiril fechou o teto com um
simples toque de um botão e saiu do carro.

Prendeu o primeiro botão do paletó e olhou em volta para ver quantos


estavam assistindo. Três Escuros eram visíveis e fazendo um mau trabalho de
tentar misturar-se. Kiril imaginou que havia pelo menos mais quatro a observá-lo
como fizeram nas noites anteriores.
— Aqui vamos nós de novo, — ele murmurou para si mesmo e trancou o
carro antes que fosse até a calçada.

Toda vez que ele veio para Cork era um show. Ele come em restaurante caro,
às vezes sozinho, às vezes com diferentes mulheres. Ele visitou diferentes pubs,
mas sempre voltou ao an Doras antes de ir para casa.

Ocasionalmente sozinho, e às vezes com mulheres.

Kiril tinha uma mão no bolso de sua calça quando seu olhar ficou preso a
um par de pernas que pareciam se estender por milhas. Sua saia preta deslizou para
cima, no alto de suas coxas, e seus saltos plataforma só fizeram esses membros
bem torneados parecerem mais longos.

Ele parou e deixou o olhar vagar por suas pernas para a curva de seus quadris.
Uma blusa prateada brilhava com lantejoulas na bainha unida em torno dela,
acentuando seus enfeites na cintura. A camisa estava solta, fluindo enquanto na
parte traseira formava um grande X que mostrava uma riqueza de pele cremosa.
Seu cabelo negro estava puxado para o lado em uma trança bagunçada que caia
sobre o ombro esquerdo. Ela se manteve de costas para ele enquanto olhava na
janela de uma loja.

Os olhos dela se ergueram e bloquearam com os seus através do reflexo da


janela. Ele estava completamente hipnotizado. Boquiaberto.

Em transe.
Sua beleza o deixou sem fala, sem palavras. Seu olhar estava voltado para ela.
Kiril deu um passo em direção a ela quando ela se virou para ele.

Seus pulmões bloquearam, o ar ficou preso enquanto ele contemplava a


beleza diferente de qualquer outra que já tivesse encontrado. Seu rosto oval era a
perfeição absoluta. As sobrancelhas pretas finas e arqueadas sobre grandes olhos
de prata. As maçãs do rosto eram impossivelmente altas e tingidas com uma pitada
de blush. Seus lábios, cheios e largos, fez suas bolas apertarem e seu pau doer.

Ela era Fae, mas nem mesmo isso o fez mudar. Kiril encontrou muitas belas
Faes, mas havia algo totalmente diferente sobre esta. Ele piscou, e foi quando viu
seu glamour.1 Se ele não tivesse estado tão deslumbrado, teria visto isso antes.

Decepção o encheu quando notou a tira grossa de cabelo prateado contra


seu rosto e seus olhos vermelhos que caracterizava os Fae Escuros.

Não demorou muito para ele deduzir que os Escuros queriam usá-la contra
ele. Foi uma coisa boa que podia ver através do glamour, ou ele poderia realmente
ter se encontrado em apuros.

Ele devia ir embora, mas não podia. Nem ele queria. Ele queria conhecer a
Escura do sexo feminino, e aproximando-se ela poderia deixar escapar algo que
poderia ajudá-lo em sua busca.

Seu jogo só se tornou infinitamente mais perigoso, e ainda assim, houve uma
pequena emoção que fez seu estômago apertar com a ideia de aprender mais sobre

1 Magia que os Escuros têm para disfarçar a aparência e os olhos vermelhos.


a Escura. Ela era completamente intoxicante para se olhar, e se a inteligência que
viu brilhar através de seus olhos era alguma indicação, ela iria fasciná-lo
completamente.

Determinado, Kiril foi até ela usando seu sorriso mais encantador. —
Encontrou algo que você gosta? — Ele perguntou enquanto acenou com a cabeça
para o mostruário de joias brilhantes.

Ela riu, o som fazendo o seu sangue esquentar. — Eu amo o brilho das
pedras preciosas. É uma fraqueza. — Sua cabeça ligeiramente inclinada enquanto
seus olhos vermelhos o observavam. — Não é todo dia que um escocês visita a
Irlanda. O que traz você para a nossa ilha verde?

— Os negócios. E prazer.

Ela deixou seu olhar lentamente vaguear sobre ele. Kiril desejava saber o que
ela estava pensando, e se gostou do que viu. Quando seu olhar voltou para ele, seu
sorriso de aprovação dizia tudo.

Era tudo o que podia fazer para não pressioná-la contra a janela e devorar
seus lábios em um beijo que iria deixá-los sem fôlego.

Ela trocou sua pequena bolsa prateada de uma mão para outra. — Eu vivi
em Cork toda a minha vida. É uma cidade bonita, não é?

Kiril assentiu e tardiamente percebeu que os Escuros que estavam


observando-os se foram. Ele mordeu a isca, depois de tudo. Isto também o fez
consciente de quão completamente ele estava enamorado pela mulher. Ele ia ter
que se vigiar, com certeza, para que não se encontrasse preso em correntes. —
Você está esperando por alguém?

— Eu estava. Eles estão atrasados, e estou cansada de esperar, — disse ela,


com os olhos mostrando um convite que suas palavras não disseram.

A oferta estava sobre a mesa. Tudo o que Kiril tinha que fazer era pegá-la.
Era tentador, ou melhor, ela era. Seria um obstáculo traiçoeiro de areia movediça,
se ele aceitasse.

As mentiras iriam crescer, os enganos se espalhariam. Mas se ele tivesse


sucesso, as recompensas para os Reis Dragões poderiam ser numerosas.

Kiril estendeu o braço. — Você gostaria de se juntar a mim para o jantar?

Seu olhar baixou para o chão enquanto ela sorria timidamente e tomou seu
braço. — Eu gostaria muito disso.

Eles caminhavam de braços dados pela calçada em direção ao restaurante


italiano que era o seu favorito.

— Fico feliz em tê-lo de volta, — o maître disse com um largo sorriso e os


encaminhou para uma mesa.

Kiril orientou a mulher à frente dele com a mão em sua parte inferior das
costas. Ele a sentiu estremecer quando seus dedos roçaram sua pele nua. Ele não
conseguiu conter o sorriso satisfeito. Ela foi enviada para seduzi-lo, mas ela não
era imune ao seu toque. Isso pode funcionar a seu favor. Deu-lhe a ideia para tentar
trazê-la para seu lado. Seria quase impossível uma vez que os Fae Escuros eram
notoriamente dedicados às suas famílias.

As famílias dos Escuros eram tudo, desde sua posição na sua sociedade à sua
autoridade. Quanto mais poderosa fosse a família, tinha mais influência e controle
sobre tudo. Era quase arcaico o jeito que trocavam suas filhas e irmãs para
ganharem posição dentro de seu sistema social antiquado e repugnante.

Era um desafio porém, e Kiril amava desafios. Além disso, tão bonita como
a Escura era, ele não achava que ia se importar com o esforço. Para conhecer a
sensação de sua pele, para provar a essência de seu sexo.

Desejo, escuro e profundo, ardiam através dele. Não era a paixão que o
assustava, mas a crua e intensa necessidade de conhecê-la, o anseio de prová-la.

Uma fome para enchê-la.

Esse desejo inchou e se intensificou, difundiu e multiplicou a cada segundo


que eles estavam juntos. Consumiu ele, devorou-o. Ele estava sendo incinerado de
dentro para fora com uma necessidade que queimava tão forte como fogo de
Dragão.

Kiril deslizou para dentro da cabine em forma de meia-lua ao lado dela e


prontamente pediu uma garrafa de vinho.

Ele abriu o menu e decidiu empurrá-la. Era isso ou beijá-la, e ele estava com
medo, se começasse a beijá-la, não seria capaz de parar. Kiril não achava que
ninguém no restaurante gostaria de vê-los fazendo sexo. — Por que você aceitou
o meu convite?

Surpresa brilhou nos seus olhos vermelhos profundos. — Eu estava com


fome, e você ofereceu.

— Você costuma sair com homens estranhos?

Ela riu, o som indo direto para seu pau. — Você é o primeiro. Sou Shara, a
propósito.

— Kiril.

— Kiril. Um nome forte e incomum.

Ele deixou o menu de lado e olhou para ela. Era estranho. Ele normalmente
odiava olhar para os olhos de um Fae Escuro. Algo sobre olhos vermelhos parecia
errado, mas ele não parecia se importar com Shara.

Shara. Que nome bonito para combinar com uma mulher intrigante e
cativante.

Ela limpou a garganta e abriu o guardanapo no colo. Seus lábios se separaram


para falar, mas antes que pudesse, o garçom trouxe o vinho. Kiril continuou a
observá-la, mesmo quando experimentou o vinho e acenou com aprovação para o
servidor. Uma vez que as taças estavam cheias e fizeram seu pedido, o garçom se
afastou.

— Você estava dizendo? — Ele a incentivou.


— Eu ia perguntar, em que tipo de negócio você está?

Kiril pensou sobre inventar outra mentira, e então percebeu que não havia
necessidade. Ela sabia que ele era um Rei Dragão, sabia que era de Dreagan. Uma
mentira a menos só poderia ajudá-lo.

— Eu trabalho para uma destilaria. Eu provo uísques em todo o mundo para


comparação.

Seus olhos vermelhos se levantaram quanto ela levou a taça de vinho aos
lábios e provou o cabernet sauvignon. — Não seria mais fácil de provar estes
uísques em sua destilaria?

— Pode ser, mas contribui conhecer o sabor do uísque experimentando no


lugar que é destilado. Também é útil se sentar em um pub e observar o que os
garçons oferecem para seus clientes.

— Entendo. — Ela pousou o copo e lambeu os lábios.

Kiril rodou o vinho tinto em sua taça, pensando no quanto ele queria beijá-
la, segurar seu longo cabelo em torno de sua mão e mantê-la refém enquanto
devastava seus lábios. — O que você faz?

— Eu trabalho no negócio da minha família.

Então, ela não mentiu também. Interessante. — E o que a sua família faz?

— Importação / Exportação.
Outra verdade. Fae Escuros eram notórios por atrair os seres humanos para
seu mundo, mas não era o prazer que os seres humanos recebiam. As mulheres
eram levadas pelos machos, e embora eles pudessem experimentar um breve
prazer, sem o conhecimento delas, suas almas estavam sendo drenadas.

Quanto aos machos humanos, à fêmea Escura usava-os para o sexo. Sexo
com um Escuro era como uma droga, e os humanos poderiam tornar-se
rapidamente viciados. As fêmeas humanas raramente viviam o suficiente para
saber o que estava acontecendo, mas as fêmeas Escuras fazem questão de manter
os machos humanos vivos durante décadas para ter a sua diversão.

— Um negócio lucrativo, suponho, — disse Kiril.

Shara desviou o olhar. — É.

Kiril deixou as perguntas de lado quando sua comida foi entregue. O resto
da refeição foi gasto falando de qualquer coisa que nenhum deles tivesse que
mentir. Foi... refrescante. Pela primeira vez em dias, Kiril quase se sentiu como ele
mesmo. Ele ainda estava em guarda, mas estava mais relaxado. Talvez fosse porque
ele sabia o que estava fazendo.

Ou talvez fosse porque ele queria empurrar de lado a comida, puxá-la de pé,
e atirá-la em cima da mesa e agarrá-la.
Foi uma sorte que Shara conseguiu dar uma olhada em Kiril um dia depois
de ter sido informada da sua missão. Ela achou Kiril atraente de uma distância,
mas de perto ele roubou o fôlego e pensamento.

Ele era alto, dinâmico e impressionante, convincente e persuasivo.

Ele era – simplesmente – extraordinário.

Seus dedos coçaram para afundar-se em seu cabelo cor de trigo que era
grosso e mantido em ondas alongadas. Seus olhos eram da cor dos trevos – de um
verde vívido brilhante – e a tudo via.

Ele usava o terno preto com facilidade. O corte dele mostrando seus ombros
largos e quadris estreitos. A camisa branca simples por baixo foi deixada
desabotoada no topo sem gravata à vista.

O flash de ônix e pérolas em seus pulsos atraiu seu olhar para as abotoaduras.
Essa era a única joia que usava, exceto o relógio.

Ele era todo masculino – duro, vigoroso e intenso.

Seu rosto parecia ter sido cortado a partir do granito. A linha dura de sua
mandíbula só reforçava o queixo quadrado e o pequeno travessão no meio.
Embora ele parecesse relaxado e à vontade, ela sabia que não estava nada disso.
Seu olhar varreu o restaurante, observando tudo de uma vez. E quando os seus
olhos verdes voltaram para ela, seu coração derrapou e seu estômago vibrou.

Houve um tempo que ela podia ter encontrado alguma emoção com o
pensamento de ir para a cama com um ser humano, nenhum macho – Fae ou
humano – a agitou como Kiril fazia. Ele enfrentava o mundo como se estivesse
audaciosamente a desafiá-lo.

Ele era a personificação da emoção, intriga... Fascínio.

Farrell avisou a ela que Kiril era um namorador experiente, que não tinha
problema com qualquer mulher que ele quisesse. Com um charme que poderia
seduzir um anjo para o próprio inferno, ela entendeu o porquê. Não era apenas o
seu charme. Era a maneira como ele olhava para ela quando falava, como se ela
fosse a única pessoa em todo o mundo com quem ele quisesse estar, ouvir.

Ele a fez se sentir especial e única.

Notável.

Como seria surpreendente seu tempo com ele, mas um vislumbre de um dos
lacaios de seu irmão recordou-lhe que ela estava provando a si mesma e sua
lealdade a sua família. Ela não estava com Kiril para se divertir. Ela tinha um
trabalho a fazer. Sua própria vida dependia disso. Sua família era uma das mais
poderosas do mundo dos Faes Escuros.

Ela já tinha envergonhado eles. Esta era sua última chance em todos os
sentidos.
Seu irmão, Farrell, esperava nos bastidores para ela estragar tudo até que ele
pudesse matá-la. Ele estava observando cada movimento seu, garantindo se ela
faria as coisas exatamente como instruídas e entregaria um Rei Dragão a seu pai.

Por um curto período de tempo durante a sua refeição, Shara permitiu-se


acreditar que era tudo real. Sonhando acordada. É o que a sustentou por seiscentos
anos, enquanto era mantida prisioneira em seu próprio quarto por sua última
transgressão. Seiscentos anos pensando como ela foi esquecida, como seus pais
adoravam seus irmãos mais velhos e suas realizações enquanto ela era deixada para
fazer o que quisesse.

Seiscentos anos com o anseio de tomar suas próprias decisões e ir e vir como
ela desejava. Seiscentos anos sem ninguém, só a si mesma por companhia. Ela foi
evitada por sua família durante toda a prisão.

Shara piscou e focou em seu prato de macarrão. Ela não podia deixar nada
estragar a sua missão, independentemente de quão bonito Kiril fosse ou quão
interessado, ele fingia estar.

— Família, Shara. É tudo que você tem. Esta é a sua última chance de provar a si
mesma. Não estrague isso. Você não vai gostar das consequências.

O aviso do Farrell soou em sua mente outra vez. Ela não podia estragar tudo
novamente. Farrell estava esperando que ela falhasse. Ele queria que fracassasse
para que pudesse acabar com ela como um embaraço para a família.
Não importa o quão atraente e tentador achava Kiril, ele era um Rei Dragão,
e os Escuros precisavam dele. E ela seria a única a entregá-lo.

Não haveria desculpas, nem exceções.

— Obrigada pelo jantar, — disse ela. Ela viu sua garganta movimentando
quando ele engoliu o último gole de seu vinho.

Sua pele estava muito bronzeada e parecia ter um tom dourado nas luzes
fracas do restaurante. Farrell contou em detalhes sobre o tipo de mulheres com
quem Kiril foi visto. Nenhuma delas era Fae. Esse foi um dos motivos de uma
longa lista de razões do porquê Shara utilizou glamour. Kiril não iria rebaixar-se
para se associar com os Escuros. Nenhum Rei Dragão iria se associar com qualquer
Fae, para esse assunto.

Oh, ele podia falar com seu irmão no pub, mas nunca o levaria para um
jantar. Ou para sua cama. Ela gostaria que ele pudesse vê-la realmente, porque ele
foi o primeiro em seis séculos. Mas no final não importa o que ele viu. O fim
justifica os meios.

— O prazer foi meu.

Sua voz, profunda e sedutora, fez arrepios subirem por sua pele. Seu sotaque,
espesso e provocador, deixou suas pernas fracas. Maldito seja ele por afetá-la desse
jeito, mas então o que ela esperava depois de finalmente estar livre de sua prisão?
Qualquer pessoa provavelmente iria fazê-la se sentir assim. Kiril não era ninguém
especial.
O plano era ela provocá-lo e ir embora, mas quando ele a convidou para
jantar, ela não foi capaz de recusar compartilhar um agradável jantar com um
homem como Kiril. Além disso, era um tempo sozinha com ele. Agora era hora
de ela ir embora.

Ele jogou um maço de dinheiro sobre a mesa e se levantou. Shara olhou para
a mão que ele estendeu para ela. Ela lembrou o seu toque em sua pele muito
claramente. Segurando seu braço enquanto a levava para o restaurante era uma
coisa, mas ela ousaria pegar a mão dele? O calor, a força. Isso a fez sentir como se
suas entranhas se transformassem em geleia.

Se ele podia fazer isso com um simples toque de sua mão, como seria em
seus braços, seus lábios nos dela? Sua pele deslizando contra a dela? Seu pênis
enchendo-a?

Shara deslizou a palma da mão contra o dele e sentiu um choque


ziguezagueando através dela. Ela lançou seu olhar para ele, mas ele estava olhando
para longe.

Suas pernas tremeram um pouco quando ela se levantava. Ela ia ter que fazer
algo sobre suas necessidades antes de vê-lo novamente. Estando tão perto de seu
magnetismo, a confiança masculina pura que ele exalava era inebriante. No
entanto, foi o seu sex appeal, a sedução viril que lhe roubou o fôlego e fez uma
piscina de desejo abaixo em sua barriga.
Seus dedos longos envolvidos em torno de sua mão. Ele puxou-a para si até
que seus corpos ficaram a um milímetro de se tocarem. Seu olhar deslizou para
ela, sugando até que ela estava se afogando em seus olhos verdes como trevos. O
mundo gradualmente desapareceu.

Era apenas eles dois.

Ele não era um Rei Dragão.

E ela não era um Fae Escuro.

Eles eram um homem e uma mulher, o desejo denso entre eles.

Então ela piscou e a realidade caiu ao seu redor. Se ela não colocasse algum
espaço entre ela e o Sr. Sexy ela estaria indo fazer algo realmente estúpido. Mais
uma vez. Tudo porque seu corpo estava fora de controle.

Felizmente, ele caminhou até a porta do restaurante. Quando saiu, ela estava
grata pela brisa e a água que refrescaram sua pele quente e limpou a cabeça confusa.

— Foi bom conhecê-lo, Kiril.

Ele não largou a sua mão como ela esperava. Em vez disso, ele apertou sua
mão uma fração a mais. — Então você vai embora? Bem desse jeito?

Ele não tinha ideia de como queria derreter-se contra ele e pedir-lhe para
fazer o que quisesse com ela. Por seis séculos ninguém a tocou. Ele não tinha ideia
de quão desesperadamente queria sentir mais dele. Ir embora? Ela não podia fazê-
lo.
Mas ela tinha que fazer. Shara agarrou o último resquício de seu controle e
segurou firme. — Foi uma noite incrível.

— Realmente foi. — Ele parecia tão surpreso quanto ela com suas palavras.
— E não seria muito galante de minha parte não levá-la para onde você quer ir.

Isso a fez sorrir. Deixe o Rei Dragão pensar que ela precisava de sua ajuda.
— Eu conheço bem estas ruas, mas agradeço a oferta.

— Parece que eu não tenho nenhuma outra desculpa, — ele disse e levou a
mão à boca. — Boa noite, Shara.

Seu estômago estremeceu quando os lábios quentes tocaram as costas de sua


mão. Ele ficou ali por apenas um momento, seus olhos se encontraram com os
dela, antes que ele se endireitasse e soltasse sua mão.

A impressão que tinha em sua mente e corpo, no entanto, permaneceria por


um longo, longo tempo.

Shara teve que engolir antes que ela pudesse encontrar sua voz. — Boa noite,
Kiril.

De alguma forma, ela se virou e foi embora, misturando-se com a multidão.


Seu coração batia em seu peito a cada passo, e cada fibra do seu ser lhe pediu para
voltar para ele. Isso, no entanto era apenas sua solidão falando.

Shara caminhou quatro quarteirões, ziguezagueando em torno dos edifícios.


Quando ela constatou que Kiril não havia a seguido, ela caiu contra um edifício
em um beco e engoliu em seco o ar. Quão tola ela era por pensar que poderia lidar
com um homem como Kiril. Ele era tão antigo quanto o tempo. Ele viu tudo que
humanos e Fae poderiam fazer uns aos outros e aos Reis Dragões e ele previa cada
um.

Shara levantou uma de suas mãos diante dela para vê-la tremer. Ela pensou
que ele poderia exigir que revelasse quem ela realmente era depois do jantar,
quando ele parecia olhar tão fixamente para ela. Sua artimanha funcionou, e por
causa disso, Farrell esperaria que ela a jogasse novamente.

Não havia nada que ela não faria por sua família. Família era a vida no mundo
Fae. Eles lhe pediram para desempenhar um papel para derrubar um Rei Dragão,
e ela não iria falhar com eles.

Shara caminhou para o final do beco e virou à direita só para ficar cara-a-
cara com o rosto lívido de Farrell. Ela conhecia seu ódio, sabia como ele procurava
fazer com que toda a glória ficasse com ele para que o seu pai o favorecesse. Há
muito tempo ela procurou por ele, mas isso foi há muito tempo atrás. Agora, ela
mal conseguia ficar perto dele.

Ele empurrou seu antebraço sob o queixo e bateu-a contra a parede de tijolos
violentamente. — Nós tínhamos um plano. Tudo o que tinha a fazer era cumpri-
lo.

— Ele era o plano, — disse ela enquanto empurrava contra seu braço.
Farrell sempre gostou de tentar machucá-la. Era o jeito dele, um jeito que ninguém
na sua família questionava. Mas ela nunca foi a fêmea mansa esperada de uma
Escura. — Eu mudei as coisas ao longo do encontro mais cedo. A ideia é capturar
um Rei Dragão. Eu não acho que o Pai se importa como nós vamos fazer isso.

Farrell arreganhou seus lábios, seus olhos vermelhos piscando em fúria. —


Esse não era o meu plano. Você precisa aprender a seguir as minhas ordens.

— Sedução não pode ser realizada por ordens. As coisas mudam, e eu


preciso ser capaz de me ajustar com elas.

Ele grunhiu e girou longe dela. — Você parecia muito faladora com ele
durante a refeição. Casual mesmo. O que ele disse para você?

— Coisas que os homens e mulheres habitualmente falam.

Farrell se sacudiu ao redor. — Você está tentando ser engraçada? Você não
vai estragar isso para mim, Shara. Eu não vou deixar.

— Eu posso ter sido trancada por seiscentos anos, mas por mais mil antes
disto eu estava por conta própria, Farrell. Eu conheço os homens. Lembro-me de
como flertar, como usar o meu corpo. Eu fiz tudo certo.

Farrell apontou o dedo na cara dela. — É melhor você ter feito um trabalho
tão bom que ele esteja procurando por você amanhã à noite.

— Eu não tinha planos de vê-lo amanhã à noite. — Ela realmente não


planejou nada, mas sabia que se ela o visse de novo tão cedo não seria capaz de
controlar-se. O fracasso que Farrell esperava aconteceria. — A noite depois de
amanhã haverá tempo suficiente.

— Eu sabia que você era a mulher errada para isso, mas o pai foi inflexível,
— Farrell disse com desprezo e deixou cair a mão.

— Quando Kiril não me encontrar amanhã à noite, ele vai voltar na próxima
noite à procura. Quanto mais tempo eu deixá-lo esperando, mais ansioso ele vai
ficar para me encontrar.

Farrell a olhou de cima a baixo com desdém. — Você pensa muito de si


mesma. Felizmente o seu glamour ajudou a adicionar... alguma coisa... a sua
aparência, ou Kiril poderia ter passado por você.

— Eu respondo ao Pai, não a você.

— Aqui fora você responde a mim, — Farrell declarou firmemente. — Eu


estou coordenando esta operação, e é melhor você lembrar-se disso. Confie em
mim, ninguém vai sentir sua falta se você morrer.

Shara ainda estava no beco muito tempo depois que Farrell se afastou. Mas
não era nas suas palavras ela estava pensando. Era em Kiril e seus olhos de trevo-
verde.
Kiril estava irritado e no limite quando entrou no an Doras. Ele deveria ter
ido para casa depois de sua refeição com Shara, mas se os Escuros queriam jogar,
ele estava mais do que disposto. Disse a si mesmo que era porque enviaram uma
mulher para seduzi-lo, mas a verdadeira razão foi a reação inevitável a Shara.

Ele não queria que ela se afastasse. Na verdade, ele tinha quase a seguido.

Kiril não tinha certeza do que ele procurava nela, apenas que queria passar
mais tempo com ela. E não apenas porque ele estava espionando os Escuros, mas
porque gostava de sua companhia.

Uma Fae Escura.

Como seus irmãos ririam se soubessem.

Talvez fosse às últimas semanas por conta própria, incapaz de mudar estava
fazendo-o perder a sua vantagem. Razão pela qual ele estava ampliando o porão
debaixo de sua casa. Se ele não podia voar, a adega iria, pelo menos, permitir que
ele mudasse para a forma de Dragão e aliviar um pouco sua frustração.

— Nenhuma mulher em seus braços hoje à noite?

Kiril apertou os dentes para evitar atacar Farrell. O Escuro tinha um talento
especial para se aproximar quando Kiril menos queria sua companhia. Que passou
a ser o tempo todo.

— Não esta noite. — Kiril caminhou para o bar e tomou uma cadeira vaga,
enquanto chamava o barman.
Ele era conhecido no pub, então não teria que dizer ao barman o que queria.
Em questão de momentos um copo de uísque, infelizmente Irlandês, estava
situado em frente a ele. Kiril bebeu em um gole e levantou o copo vazio para outro.

— Noite ruim? — Perguntou Farrell. Ele tomou o lugar ao lado de Kiril,


fazendo-se confortável.

Kiril encolheu os ombros, desejando que pudesse fazer Farrell desaparecer.


Já era ruim o suficiente ele vir para o pub que estava infestado de Faes Escuros
todos os dias. Isso não queria dizer que queria falar com qualquer um deles. Ele
estava lá por pedaços de informação que eles não se preocuparam em cochichar.
— Apenas um dia longo.

— Um pouco mais de uísque deve cuidar disso. Diga-me, meu amigo, quanto
tempo você vai ficar na Irlanda? — Perguntou Farrell.

Kiril acenou para o barman para mais uma dose antes dele virar a cabeça
para Farrell. — Eu não sei. Eu não costumo colocar um calendário nas coisas.

— Eu estou dando uma festa em poucas semanas. Eu estou esperando que


você vá ficar para isso.

Kiril fez tudo o que podia para não rolar os olhos e rir sem rodeios. Ele sabia
exatamente o que era, uma armadilha para capturá-lo. Ele não tinha a informação
que precisava, bem como descobrir onde Rhi estava, ele poderia ter que ir a essa
festa.

— Parece divertido, — ele conseguiu dizer.


— Minhas festas sempre são. Há abundância de mulheres bonitas para você
escolher. A menos que você encontre alguém até então. Nesse caso, não hesite em
trazê-la junto.

Farrell passou a mão pelo queixo em sua comprida barba preta,


generosamente misturada com prata. Seus olhos vermelhos fixos nos dele, e ele
estava inclinado para Kiril, muito interessado na noite e seus planos.

Foi quando o conhecimento bateu em Kiril. Foi Farrell, que enviou Shara.
Ele não viu aquilo como uma grande surpresa. Ele especulou que Farrell iria
utilizar todos os recursos para capturá-lo.

Com tantos Escuros como tinham no pub, eles poderiam tentar levá-lo.
Toda a cidade de Cork fervilhava de Escuros. Eles poderiam tentar prendê-lo sem
ir a tais extremos.

O que mais eles querem, então?

Kiril quase sorriu quando entendeu. Eles procuravam por algo escondido
pelo Rei dos Reis. Se nem Kellan nem Tristan deram aos Escuros a resposta
quando eles usaram a força, os Escuros estavam tentando outra tática.

Que pena seria quando percebessem que ele não iria dizer-lhes nada, porque
ele não sabia a resposta. Apenas dois Reis Dragões sabiam o que quer que fosse
que os Escuros procuravam: Kellan e Constantine.

Kellan, porque ele manteve a sua história, mas ele não revelou nada, e Con
nunca o diria a qualquer um.
Ia ser alguns dias infernais.
Kiril rolou de costas e abriu os olhos para olhar para o teto de seu quarto
com um gemido. Ele jogou o braço sobre os olhos para bloquear a luz do sol que
entrava através das muitas janelas do quarto. Para sua decepção, Farrell deixou o
pub mais cedo.

Teria sido fácil de encontrar outro Fae Escuro para interagir, mas Kiril
descobriu que sua mente estava em outras coisas, mais corretamente, em outra
Escura.

Nem mesmo no sono ele poderia ficar longe dela. Shara apareceu em seus
sonhos. Ela ficou fora do caminho, longe de tudo. Não importa quantas vezes ele
tentou chegar perto dela, ele não conseguia fechar a distância.

Kiril sentou-se e passou a mão pelo cabelo. À luz da aurora, Shara ainda
estava em sua mente. Ela era uma Escura, uma espiã enviada para monitorar um
espião. A ironia não passou despercebida. Ainda assim, ele queria mais tempo com
ela. Para ouvi-la rir, para ver seu sorriso... Para sentir sua pele sedosa sob a palma
da mão novamente. Era uma loucura, mas não havia como negar a verdade.

Kiril tirou o lençol e se levantou da cama. Ele andou nu em todo o grande


quarto para o banheiro anexo e ligou o chuveiro. Ele ficou sob a água e deixou cair
abundantemente sobre ele.
Ele não sabia quanto tempo ficou assim enquanto continuava pensando em
Shara. Finalmente, ele pegou o sabão e se lavou. Quando seu cabelo e corpo foram
limpos e lavados, Kiril desligou a água e saiu do chuveiro, pegando a toalha no
gancho.

Seu olhar foi imediatamente para a grande janela com vista para a extensão
do gramado que se estendia além da casa. Ele brevemente colocou de lado a toalha
e saiu do banheiro para as portas duplas em seu quarto que levaram para uma
varanda.

Kiril abriu as portas e simplesmente ficou ali. Os Fae Escuros estavam


escondidos nas árvores à beira de seu gramado o observando, esperando para ele
fazer um movimento errado. Ele permaneceu lá e os deixou olharem até se
satisfazerem. Se eles queriam um show, ele estava feliz em dar-lhe.

Quando sentiu um empurrão contra a sua mente, ele se virou e entrou


novamente no quarto. Ao mesmo tempo, todos os dias Con usava a ligação mental
entre os Reis Dragões para entrar em contato com ele.

Kiril abriu sua mente para o toque do Con. — Sim.

— Você está de mau humor, — disse Constantine. — O que aconteceu?

Kiril brevemente pensou em deixar de fora Shara, mas se ele fosse tomado
pelos Escuros, os Reis precisavam saber quem procurar. — Os Escuros tentaram uma
nova tática na noite passada.

— Sério? E o que seria isso?


— Uma mulher.

Houve uma longa pausa antes de Con dizer, — Você os fez saber que gosta de
uma mulher em seus braços, portanto isto não me surpreende.

— Ela usou glamour para tentar esconder os olhos vermelhos e a prata em seu cabelo.

Con suspirou alto. — Nós deveríamos ser gratos que seja fácil de detectar um Fae
Escuro. Se o uso de magia negra não pudesse alterá-los, estaríamos fodidos. Conte-me sobre a
mulher.

— Shara. O nome dela é Shara. — Kiril vestiu uma calça jeans desbotada e
uma camisa verde escuro. Ele saiu do quarto e desceu a escadaria curva para a
cozinha, onde o cozinheiro deixou à sua espera o café da manhã.

— Isso é tudo o que você vai dizer? — Perguntou Con, sua voz profunda irritada.

— Eu a levei para jantar. Principalmente porque queria ver o que ela podia revelar.

— Mas, — Con pediu quando ele fez uma pausa.

— Eu acho que poderia tentar virá-la para o nosso lado.

— Kiril, você não é conhecido por ser imprudente, mas está profundamente em território
Fae Escuro. Estamos muito longe de você. Certifique-se sobre isso antes de tentar qualquer coisa.

— Aviso registrado, Con. Shara é o nosso bilhete da sorte. A propósito, alguma notícia
sobre Rhi? Eu não tenho nenhuma, não ouvi nada desde a noite em que ela foi feita prisioneira.

— Não. — A palavra estava cheia de fúria.


Kiril quase sentiu pena do Escuro que a levou. Balladyn era o nome dele, e
ele iria lamentar o dia em que eles provocaram a ira dos Reis. — Eu vou continuar
investigando. Algo sobre ela terá de vir à tona em breve.

— Há mais uma coisa, — Con disse suavemente.

— O que é? Você encontrou mais pistas que apontam para Ulrik como aquele tentando
nos revelar ao mundo?

Ulrik. Ele era um Rei Dragão que foi traído por um ser humano e retaliou
com a guerra. Ulrik não cedeu, e Kiril e os outros Reis não tiveram escolha, senão
tirar a sua magia. Apesar de parte da fúria de Ulrik ser devido ao fato de que
mataram sua mulher por sua traição. Eles fizeram por amor e amizade, mas Ulrik
não viu isso dessa maneira.

— Os Silvers mudaram novamente.

Kiril fez uma pausa enquanto ele pegava sua caneca de chá. Mais uma vez.
Os Silvers mudaram novamente. A implicação era difícil. Os Silvers foram
Dragões de Ulrik. Os quatro dos maiores Silvers foi capturado e enjaulado após a
mágica Dragão de Ulrik ter sido neutralizada.

Em seguida, o resto dos Reis Dragões usaram sua magia para colocar o
Silvers para dormir profundamente nas montanhas sobre Dreagan. Enquanto os
Reis Dragões permanecessem em Dreagan, a magia em torno do Silvers iria
perdurar.

— A primeira vez que os Silvers mudaram Hal se apaixonou, — Kiril afirmou.


Após a traição de Ulrik, Con assegurou que nenhum outro Rei Dragão iria
sentir emoções profundas para outro ser humano. Levou milhares de anos, mas
aconteceu, começando por Hal e Cassie.

Poucos meses depois, Guy se apaixonou por Elena, em seguida, Banan para
Jane. Um ano depois Kellan caiu perdidamente apaixonado por Denae, em
seguida, Tristan seguiu o exemplo com Sammi, a irmã de Jane.

O movimento dos Silvers foi como um sino anunciando a vinda do


apocalipse. O fato de que eles mudaram mais uma vez não era uma boa notícia.

— Você é o único dos Reis Dragões em Dreagon— Con apontou. — Eu sei por que
você está se colocando no meio dos Escuros, mas não acredito que vale a pena. Venha para casa,
Kiril.

— Valer a pena? — Ele repetiu incrédulo. — Kellan foi sequestrado pelos Escuros.
Tristan foi enganado e veio para eles, porque eles tinham Sammi. E agora eles têm Rhi. Você
não acha que vale a pena? Eles vão tomar outro de nós, Con. Quantas vezes mais podemos vir
para a Irlanda e resgatar nossos irmãos antes de sermos vistos? Quantas mais vezes podemos
fugir antes dos Escuros ficarem mais espertos e capturarem mais de nós?

— Eles levaram dois de nós durante as guerras Fae, Kiril. Eu sei que você se lembra
disso. Você quer que isso aconteça de novo? Podemos ser imortais, mas eles quebraram as mentes
daqueles dois Reis e eles vieram nos atacar. Eu não gostei de matar nossa própria raça, mesmo
que seja uma morte por misericórdia.

— Eu não vou sair da Irlanda. Shara é meu caminho mais fundo no mundo dos Escuros.
— Deixe-me enviar Ryder ou Darius. Eles podem cuidar de suas costas.

— Não. É muito arriscado. Os Escuros me vigiam constantemente. Eu não posso ter


outro Rei aqui que poderiam ser pegos. Eles sabem o que sou, mas eles não sabem que eu sei.
Vou usar isso a meu favor.

— Não faça eu me arrepender disso, — Con avisou.

— Até amanhã, — Kiril disse antes que ele cortasse a ligação.

Ele olhou para sua caneca de chá e o vapor saindo do líquido. Os Silvers se
movendo o fez pensar em seus próprios Dragões. Kiril muitas vezes entrou na
caverna que guardava os Silvers para vê-los. Havia uma chance de que eles nunca
mais poderiam ver seus próprios Dragões, nunca mais ver o laranja queimado de
suas escamas brilhando ao luar.

Kiril sacudiu a cabeça e fechou essas memórias. Ele tinha que se concentrar
nos Faes Escuros e sua obsessão com a captura de um Rei Dragão. Seria bom se
ele soubesse o que era que procuravam, o que eles acreditavam que os Reis
escondiam. Não havia dúvida de que Con poderia ter escondido algo se ele sentisse
que faria com que outros seres ganhassem a vantagem em outra luta.

Os Reis Dragões foram acusados de manter os seres humanos seguros.


Mesmo com os Dragões tendo partido, os Reis mantiveram a sua missão, apesar
do quanto era difícil às vezes.
Os Reis saíram de seu caminho protegendo os seres humanos por milênios,
lutando guerras que eles nunca tiveram conhecimento, e, no entanto, se os seres
humanos os descobrissem, iriam capturar os Reis e dissecá-los.

Kiril muitas vezes se perguntou se não poderia ter sido útil deixar os seres
humanos destruírem-se, assim os Dragões poderiam voltar e a Terra seria mais
uma vez o farol de luz no universo.

Apesar de seu apetite ter ido embora, ele comeu o prato de comida e bebeu
duas xícaras de chá, antes que fosse para o escritório. Ia ser um longo dia de espera
até a noite chegar para que pudesse ver Shara novamente.

Shara estufou as bochechas e soltou uma lufada de ar quando ela jogou de


lado o livro que estava tentando ler. As horas se arrastaram mais lentamente do
que uma lesma. Era pior agora que a noite desceu, porque ela se perguntou o que
Kiril estava fazendo. Será que ele voltou para o lugar que eles se conheceram? Será
que ele andava pelas ruas procurando por ela? Será que ela ficou em sua mente
como ele permaneceu na dela?
As perguntas estavam a deixando louca. Levantou-se da cama e passeou nos
limites de seu quarto. Ela já não estava mais confinada, mas não havia outro lugar
na grande casa que queria ir. Ao contrário dos humanos que ficavam por conta
própria assim que pudessem, famílias Fae, tanto Escuras e como da Luz, tendiam
a permanecer juntas.

No entanto, este era um tempo em que Shara desejou que ela não residisse
na mesma casa que seu irmão, pais, tias, tios e primos. Não estava apenas lotado,
mas todos os olhos estavam sobre ela, vendo o que fazia, ou deixava de fazer.

Shara olhou para as paredes do seu quarto espaçoso. Elas foram pintadas de
um vermelho escuro, como o resto da casa. Os Fae Escuros preferiam cores mais
escuras, se afastando de cores pastel porque eles associavam a fraqueza com essas
cores.

Ela caminhou até o espelho pendurado em sua parede e olhou para si mesma.
Os olhos vermelhos olhando para ela não possuía a crueldade ou a malícia que seu
irmão tinha. Pelo menos ainda não. Eles teriam, eventualmente, se ela continuasse
no caminho que sua família colocou diante dela.

Era um caminho que ela não pensou duas vezes a respeito enquanto foi
essencialmente esquecida, enquanto seus pais e irmãos mais velhos jogavam o jogo
da política e juntou-se nas guerras intermináveis. Shara nasceu quase um século
depois de Farrell, e seus pais rapidamente empurraram-na aos cuidados de uma
babá.
Shara lembrou aqueles dias de liberdade. Nenhum cuidado no mundo a
tocou. Ela era boa em seus estudos, o que lhe dava tempo suficiente sempre que
quisesse. Ela passou a maior parte de seus anos mais jovem ali mesmo na Terra
absorvendo as culturas diferentes que todos eles tinham para oferecer.

Ela aperfeiçoou sua magia, fazendo seus tutores orgulhosos, mesmo que ela
nunca recebeu mais que uma mensagem de seus pais. Eles raramente voltavam
para sua casa na Terra, enquanto eles conspiravam para a família estar cada vez
mais alta na hierarquia social do mundo dos Faes Escuros.

Uma família já poderosa, os Blackwood tramavam e conspiravam um modo


direto para o conselho do Rei dos Escuros. Agora o nome Blackwood causava
terror em muitos Escuros, embora Shara não soubesse por que. Tudo que ela sabia
era que nunca queria saber qualquer coisa.

Ela tinha amigos humanos, e à medida que crescia, amantes humanos. Seus
tutores lhe ensinaram o código de um Fae Escuro, e os poucos amigos Fae que
tinha, nunca entendiam por que ela fez amizade com os seres humanos. Shara não
pensou nada sobre isso. Até que seus pais voltaram.

Por mais de mil anos, ela foi ignorada, esquecida pelas realizações de seus
irmãos mais velhos. Shara acordou a cada dia esperando que fosse o dia em que
sua família voltasse para ela e a levasse com eles. Ela não percebeu o quanto tinha
independência até que seu desejo se realizou.
Cinco de seus irmãos mais velhos foram mortos em uma guerra, e sua família
retornou para a Terra para se lamentar e reagrupar. Shara sentou animadamente
na sala de estar de sua mãe esperando por ela para finalmente trazê-la para o
rebanho.

Ela esteve fora de si de alegria ao receber sua primeira tarefa. Ela não piscou
um olho quando foi condenada a sequestrar cinco machos humanos. Naquela
noite, ela completou sua tarefa e viu seus olhos mudarem de prata ao vermelho.

A atribuição foi fácil o suficiente para que ela estivesse ansiosa por mais.
Shara até provou de um homem quando estimulada por seu primo. O sexo foi
bom, mas ela não entendeu por que seus amigos queriam os seres humanos tão
desesperadamente.

Sua segunda tarefa foi trazer cinco fêmeas humanas para a sua casa no
mundo Fae. Assim que ela trouxe-as através de uma porta Fae, uma grossa mecha
de prata apareceu em seu cabelo.

Ela sabia o que seria feito com as fêmeas a partir de seus estudos, mas ela
nunca viu antes. Depois que entregou os seres humanos, ela tentou sair, de repente
doente com o que fez. Farrell parou a, fazendo-a assistir. Sentiu nojo ao ver as
almas sendo drenadas das mulheres tão rapidamente.

Shara tentou dizer a si mesma que não era diferente do que a fêmea Escura
fez para os machos, mas não foi. Ela ficou tão enojada com o que seus membros
masculinos da família fizeram, que quando eles finalmente saíram da sala, Shara
esgueirou para dentro para liberar as mulheres. Mas já era tarde demais para elas.
Suas almas se foram e suas mentes estavam destruídas.

Sua única opção era dar-lhes a morte. Ela não hesitou em matá-las para
acabar com seu sofrimento. Houve uma medida de alívio no que ela fez. Mas sua
família não pensou o mesmo.

Farrell exigiu sua morte, como tinha muitos outros de sua família. Seu pai
discordou, e transmitida a punição de solidão para pensar sobre seus crimes. Por
seiscentos anos, ela foi mantida acorrentada em seu quarto. Foi apenas duas
semanas atrás, que ela foi liberada. Com uma nova atribuição ‘Kiril’.

Esta era sua chance de provar que ela era parte de sua família, um membro
válido que iria exercer as suas funções. A Escura leal que abraçaria seus caminhos,
tomando os seres humanos porque era seu direito.

Era também a única maneira que eles iriam abrandar a seu controle sobre
ela.

Não importa o quão atraente Sr. Sexy era, ela não ia atrapalhar novamente.
Ela valorizava sua liberdade demais. Ela queria ir e vir como quisesse, e isso não
aconteceria até Kiril ser entregue nas mãos de seu pai.

Ela sacudiu os longos fios de seu cabelo sobre os ombros. Foi o uso da magia
negra cheia de maldade que fez os olhos vermelhos e os cabelos prata nos Escuros.
Quanto mais prata, mais maldade fez um Escuro. O cabelo da mãe e do pai era
completamente prata, e Farrell estava ganhando a cada dia mais.
Shara não combinava com apenas uma única mecha grossa de prata que
corria ao longo do lado esquerdo do seu rosto. Ela era uma fraqueza para sua
família que precisava ser sufocada.

Se Farrell tivesse uma chance, ela teria morrido na noite em que matou as
fêmeas humanas. Ele a odiava, e disse-lhe muitas vezes que ela enfraqueceu o
nome de família. Um movimento errado, e ela sabia que Farrell não iria esperar
por uma decisão da família sobre seu destino.

Ele iria matá-la.

Ela não podia permanecer em seu quarto mais e deixar tais pensamentos
enchê-la. Quando ela abriu a porta, um primo distante montava guarda. Mesmo
agora, ela não tinha tanta autonomia.

Ele levantou uma sobrancelha. — Indo para algum lugar?

— Eu quero dar uma olhada na casa de Kiril enquanto ele está fora a noite,
para que eu conheça o layout.

Seu primo pensou sobre suas palavras antes que concordasse. — Eu te levo
lá.

Ótimo. Será que ela nunca estaria sozinha de novo?

Foi quando Shara percebeu a única maneira de ficar longe dos Faes Escuros
por alguns minutos era estar com Kiril. Sozinha.

Em sua casa.
Ela mordeu o lábio para não sorrir quando um plano começou a se enraizar.
As sandálias pretas de Shara não faziam um som enquanto caminhava no
bosque atrás da casa que Kiril comprou. Toda a propriedade abrangia cinquenta e
três acres2. Era uma mistura magnífica de jardins, gramados e canteiros de flores.
Ela caminhou ao longo de um caminho pitoresco ao lado de um riacho com uma
abundância de arbustos silvestres e árvores. Mesmo na calada da noite, o lugar era
encantador.

O número de Faes Escuros que foram espalhados na propriedade vigiando


Kiril não deveria ter sido surpreendente, e ainda assim ela sentiu pena dele, porque
sabia o que era ser observado tão de perto.

Shara enfrentou a casa e viu a piscina através das árvores. Ela tinha o desejo
insano de despir as suas roupas e mergulhar. O que Kiril faria se ele chegasse em
casa e a encontrasse na piscina? Será que ele iria expulsá-la? Juntar-se a ela?

A beijaria?

Ela empurrou de lado tais pensamentos e olhou para o céu. A lasca de lua
lhe proporcionou a cobertura da escuridão, enquanto seguia o caminho para a casa.

2 21,44 hectares
Nenhum dos outros Escuros iria incomodá-la. Eles conheciam a sua missão,
e sua família manteve suas indiscrições de fugir para os outros. Somente aqueles
que a guardavam sabiam quão apertada a rédea era.

Pelo menos Farrell não estava lá para segui-la como um cão a cada passo e
questionar cada movimento dela. É assim como ela sabia que Kiril não estava em
casa. Farrell estava sempre perto dele, sempre dentro do alcance fácil de tomar o
Rei Dragão.

Shara saiu da savana arborizada para o gramado bem cuidado. Ela caminhou
ao redor da piscina. Pequenas luzes foram colocadas em vasos ao redor da água e
escondidas pelas flores e folhagens.

Ela foi para as portas duplas que levavam à piscina e colocou a mão sobre a
madeira para sentir as fechaduras ou sensores de segurança. Um sorriso puxou
seus lábios quando não sentiu nenhum dos dois. Kiril era ou tolo ou sabia que
venceria um ser sobrenatural que se atrevesse a entrar no seu domínio.

Isso lhe deu uma pausa, por causa do que ela sabia do Rei Dragão, ele não
era nada tolo. E se ele soubesse que os Escuros estavam observando? Para vir para
a Irlanda, onde os Faes, especialmente os Escuros afirmavam ela como sua própria
terra era pura insanidade.

O que significava... Ele sabia que estava sendo observado.

O fato de que ele deixou sua casa desbloqueada revelou que não se importava
que entrassem. E sabia que alguém o faria.
Shara se perguntou se quaisquer um dos outros Escuros ousaram, ou se ela
foi a primeira. Esperava que ela fosse a primeira, porque era uma invasão de
privacidade. Os outros provavelmente destruiriam coisas ou iriam usá-las contra
Kiril.

Não é o que você pretende fazer?

Shara desejava muito não usar nada contra Kiril quanto ela queria saber mais
sobre ele para que pudesse cumprir a sua missão.

Mesma porcaria. Mentir para si mesma não vai tornar as coisas melhores.

Ela realmente odiava quando estava certa. Depois de respirar fundo, Shara
abriu a porta e entrou na casa de dois andares. Dentro era tão impecável como ela
esperava. A mobília era simples, nada chamativa ou muito moderna. As cores
escuras, linhas limpas. As imagens eram de paisagens ou edifícios. Era o mesmo
de sala em sala, apenas as cores mudaram.

Ela parou quando chegou ao hall de entrada. O piso era de mármore cinza e
um enorme lustre pendurado acima dela. A escadaria curva elegantemente levando
para o segundo andar.

Seu quarto.

Shara lentamente subiu as escadas e parou no topo. Ela olhou para a


esquerda pelo corredor e viu várias portas. A propriedade tem oito quartos, mas a
suíte principal – a que Kiril teria reclamado – seria a dele.
Ela se virou para a direita e seguiu o tapete de um curto corredor e virou por
uma esquina. Outro conjunto de portas duplas fechadas. Era o quarto de Kiril.

Ambos ansiosa e nervosa, Shara correu para as portas e as abriu. Ela ficou
ali olhando para o enorme quarto. Era quase espartano na aparência. A cama king-
size estava a direita com uma vista perfeita através da grande janela para os jardins
em volta. Shara se moveu para a cama e passou a mão sobre o edredom preto,
imaginando como seria Kiril em sua cama.

A imagem mental dele nu brilhou, seus músculos cinzelados deslocando ao


luar. Seus olhos de trevo verde incidindo sobre ela, seu cabelo cor de trigo em
desordem.

Shara empurrou seu olhar para longe da cama e engoliu quando ela tentou
fazer com que seu corpo ficasse sob controle. Kiril era perigoso para seu corpo e
sua mente. Era algo que sua família nunca poderia saber.

Ela afastou-se da cama e olhou em volta. As paredes foram pintadas de um


creme suave com os rodapés e coroa moldando um rico chocolate de madeira
escura. As cores eram suaves e complementou os pisos de madeira. Mais uma vez
os poucos quadros nas paredes eram todos de paisagens.

Havia um pequeno sofá Chesterfield em couro preto ao lado em frente da


lareira. Uma mesa ao lado da cama e uma perto do sofá, eram as únicas outras
peças no quarto. Shara fez um círculo completo de onde estava, à procura de
qualquer coisa que ela poderia ter perdido. E encontrou uma espada no canto
encostado a uma parede.

Ajoelhou-se na frente da espada de dois gumes. Seus dedos deslizaram sobre


o punho de duas mãos envolto em couro. Quase parecia como qualquer outra
espada até que ela viu o início da mesma. O pomo era uma cabeça de Dragão com
olhos de rubi que olhava para o teto.

A lâmina era limpa e nítida como se nada estragaria o aço até que ela alcançou
o topo, onde viu nós celtas e alguma linguagem que não reconheceu.

— Dragoniano, — ela sussurrou.

Ela nunca ouviu falar dos Dragões colocando sua língua em uma forma
escrita, mas ela não se surpreendeu. As palavras fluíram elegantemente, com um
floreio que revelava uma raça antiga e uma infinidade de sabedoria.

Shara queria saber o que a escrita dizia e o significado dela para Kiril. Não
havia nada na casa que remotamente parecia um Dragão, exceto a espada. A espada
foi deixada à vista. Assim era óbvio a maioria das pessoas teriam passado o olhar
direto sobre ela e não pensariam duas vezes sobre isso. Mas ela estava procurando
por algo que era dele.

Ele residia na casa, dormia na cama, comia na mesa da cozinha, e vestia-se


com as roupas penduradas no armário, mas a única coisa que era de Kiril era a
espada.
Kiril olhou para o relógio marcando a meia-noite. Ele flertou com as
mulheres em todos os três bares que visitou, e fez questão de mostrar seu rosto no
an Dora, onde Farrell estava mais uma vez presente.

Mas ele não conseguiu encontrar Shara em qualquer lugar.

Kiril desejou uma chance para que pudesse encontrar a Fae Escura de novo,
mas não importa onde ele olhou, ela estava longe de ser encontrada. Era quase
como se ela estivesse se escondendo dele.

Ele estava irritado e indignado. Era hora de voltar para a fazenda longe das
pessoas, mas mais especialmente dos Escuros antes que ele fizesse algo estúpido
como gritar o nome dela subindo e descendo as ruas.

Kiril deslizou para fora da cabine e se levantou. Ele não se incomodou em


abotoar o paletó quando andou para a porta. Assim que o ar de verão bateu nele,
ele respirou fundo e deixou a porta do pub perto dele.

— Saindo tão cedo?

Kiril parou, seus músculos apertando por um segundo. Por que será que
Farrell estava sempre próximo? Não importa onde Kiril fosse ou o que ele
estivesse fazendo.
Ele se virou para o lado e olhou para Farrell. O Fae Escuro puxou para trás
seu cabelo manchado de prata. Seu olhar vermelho olhou para Kiril com uma
mistura de confiança fria e segurança, como se o bastardo pensasse que já o
apanhou.

Kiril não podia esperar para derrubá-lo.

Dolorosamente. Deliberadamente. Vagarosamente.

— Tem sido um longo dia. — Kiril começou a andar novamente, esperando


que Farrell fosse deixá-lo ir. Ele deveria ter adivinhado.

— Não há nenhuma mulher no seu braço hoje à noite. Não me diga que
você já foi amarrado?

Kiril parou novamente. Sua mente imediatamente pensou em Shara. Ela era
uma armadilha, e ele tinha certeza de que sua ausência naquela noite foi de
propósito. Ele iria jogar junto por enquanto, mas ele precisava mantê-los em suas
mãos.

— Não em tudo, — disse Kiril por cima do ombro. — Eu não encontrei


uma mulher ainda que chegasse perto de me agarrar.

Ele se afastou, deixando seus comentários girando na cabeça de Farrell o


resto da noite. Kiril ficou atrás do volante de seu carro e ligou o motor. O rugido
era alto e profundo. Ele o colocou em sentido inverso e foi embora da cidade.
Antes que se virasse, Kiril olhou pelo retrovisor para ver Farrell olhando.
— Dá um tempo, — Kiril murmurou e rapidamente correu para fora da
cidade e sobre a ponte.

A viagem para casa foi sem intercorrências e em bom tempo. Ainda assim,
Kiril não baixou o teto do carro. Era uma grande tentação ver o céu e não ser
capaz de voar. No momento em que virou na estrada que o levaria para sua
propriedade, ele estava de mau humor. Pelo menos ninguém iria vê-lo em tal
estado. A equipe dos Escuros não chegaria até antes do amanhecer como fizeram
seis dias por semana.

Kiril desacelerou o carro quando alcançou os portões de ferro bloqueando a


entrada para a propriedade. Ele digitou o código e esperou que os portões se
abrissem antes que atravessasse e estacionasse o carro na frente da casa.

Ele não se importava mais que os Escuros o observavam. Haviam se tornado


um dispositivo elétrico, assim como Farrell tinha. Pelo menos ele não tinha que
conversar com os que o vigiavam.

Normalmente ele amava conduzir ao longo das estradas em seu carro, mas
havia uma inquietação sobre ele naquela noite que não podia nomear ou apagar.
Ele saiu do carro e correu até os degraus de frente para a porta.

Desde o dia em que comprou a propriedade, ele não se preocupou em fechar


as portas ou configurar o sistema de alarme. Não havia necessidade. Ele não tinha
nada de valor para roubar, e os Escuros entrariam não importando o que ele
colocasse em seu caminho.
Ele entrou na casa e parou. Com seu olhar correndo ao redor, lentamente
fechou a porta atrás de si. Alguém esteve em sua casa. Ele podia sentir o cheiro
deles, e era um cheiro familiar.

Kiril subiu as escadas para o quarto e estourou através das portas. Seu olhar
foi para a sua espada para encontrá-la exatamente onde ele deixou. Um longo
suspiro de alívio fluiu através de suas veias. Ele caminhou em direção à espada,
mas quando chegou à cama, ele parou.

O cheiro era forte aqui. Quem quer que tenha entrado em sua casa passou a
maior parte do tempo em seu quarto. Kiril inspirou profundamente e aspirou o
perfume de prímulas e do mar ....

Shara.

Ela estivera em sua casa, em seu quarto. Seu olhar voltou para a cama. Na
noite anterior, ele sonhou em levá-la em sua cama, acariciar sua pele cremosa,
deslizar as mãos em seu cabelo preto longo e beijá-la até que ela se agarrasse a ele,
pedindo-lhe para enchê-la.

Sabendo que ela esteve de pé em seu quarto, perto de sua cama fez seu pau
imediatamente duro e dolorido. Kiril fechou suas mãos com força e raiva o encheu.

Se a moça queria brincar de provocar, ele entraria na brincadeira. E ele teve


muito mais tempo para aperfeiçoar a arte.
— Onde você esteve?

Shara não teve tempo de responder enquanto Farrell a empurrava por trás
antes de agarrá-la pelos ombros e girá-la antes de bater com as costas contra a
parede do corredor de sua casa.

— Eu sabia que você estava vigiando Kiril, então queria dar uma olhada
onde ele vive para conhecer melhor a minha presa, — ela respondeu com raiva.
A veia em sua têmpora pulsava, uma indicação de que ele estava além de furioso.
Bom, desde que ela agora também estava.

Farrell sorriu friamente, cruelmente. — É mesmo? Parece que seus encantos


dos quais você estava tão segura ontem não valem nada. Kiril não quer você.

— Ele não é um homem que gritaria quem ele deseja ou não, especialmente
para o inimigo.

Foi a coisa errada a dizer. O soco veio para o lado dela antes que ela pudesse
se preparar para isso. Shara dobrou com a dor que tornou difícil para respirar.

— É melhor estar certa irmãzinha. A próxima vez não me importarei se


estragar seu rosto, — disse Farrell ao lado de sua orelha antes dele se endireitar e
se afastar.
Quarenta e oito horas. Quarenta e oito excruciantes, atormentadas horas.
Kiril experimentou cada segundo doloroso dessas horas. E tudo por causa de uma
mulher — Shara.

Ele não ia deixar Cork sem vê-la novamente. Ele não se importava se tivesse
que vasculhar cada negócio, cada pub, e até cada casa. Não importava quantas Faes
Escuras ficassem em seu caminho.

Ele. A. Encontraria.

Se ele não tivesse tão cansado, se ela não tivesse estado em seu quarto, ele
podia ter percebido o quão perto do limite estava. O fato de que sabia que estava
à beira de perder o controle não passou despercebido por ele.

Shara queria alguma coisa dele, e ele queria algo dela. Se ele permitisse, eles
poderiam dançar em torno disso por dias ou semanas. Kiril não tinha certeza
quanto tempo ele poderia permanecer na Irlanda.

Ele pode ter dito a Con mais cedo durante o bate-papo da manhã que ele
estava bem. Ele não estava. Estava ficando cada vez mais difícil manter-se em
forma humana, e seu trabalho na adega não estava se movendo tão rapidamente
quanto queria.
Claro que, com a observação dos Escuros, ele teve que tomar o seu tempo e
não deixá-los perceber o que estava fazendo. O tempo estava se esgotando. Se ele
não soubesse onde Rhi estava antes que fosse tarde demais, tudo o que fez seria
em vão.

Ele dirigiu seu Roadster SLS pelo mesmo trajeto, como fazia todas as noites,
atravessando a ponte para o centro da cidade de Cork e estacionou. A diferença
foi que ele não estacionou no mesmo local que esteve nos últimos dias. Ele
escolheu o outro lado da cidade.

Era hora de mudar um pouco as coisas. Para os Escuros, mas o mais


importante, para si mesmo.

Kiril saiu do carro, abotoou o paletó, e trancou o carro. Ele caminhou ao


longo das ruas, naturalmente se misturando com outros, os bêbados, os
participantes das baladas, os turistas e os habitantes locais. Ele permaneceu nas
sombras, como se não fosse de propósito. Isso tornou mais fácil para ele para ver
quantos Escuros o seguia.

Três. Dois a pé e um sobre os telhados.

Quantos estariam assistindo Shara? Porque ele sabia que ela estaria lá. A raiva
de Farrell foi palpável na noite anterior. Eles pensaram que ele caiu viciado na
primeira noite com Shara, e ele os fez pensar de forma diferente. Eles iriam colocá-
la de volta para fora, naquela noite, assim como ele queria que eles fizessem.

Porque a verdade era... Ele estava viciado.


Ela fez algo para ele. Tudo o que podia pensar era nela, quando ele devia se
concentrar em encontrar Rhi. Havia tantas vezes ultimamente que Rhi estava lá
para ajudar os Reis. Ele não podia deixá-la para trás agora.

Kiril fez uma pausa quando um grupo de estudantes universitários do sexo


feminino andou na frente dele. Várias olharam para ele, sorrindo, o encorajando.
Kiril deu-lhes um aceno de cabeça e continuou uma vez que elas passaram.

Sua ira cresceu quanto mais tempo ele andou sem encontrar Shara. Até que
virou uma esquina e viu-a. Era como levar um soco no estômago, assim como a
primeira vez que a viu.

Ela usava um vestido sem mangas escuro ouro que deslizou sobre suas
curvas com um V profundo na frente mostrando um amplo decote. Kiril reprimiu
um gemido de aprovação. Seu cabelo estava solto sobre os ombros e desenhando
grossas ondas. Brincos de ouro moldados em uma linha fina pendiam de suas
orelhas, e a única outra peça de joia era um bracelete de ouro no pulso direito.

Ela parou quando o viu, um sorriso lento em seus lábios. Como esperado,
ela teve seu glamour de volta, escondendo os olhos vermelhos e a faixa prata em
seu cabelo. Devia preocupá-lo que os olhos vermelhos não o incomodassem. Isso
significava que ela era do mal, fez mal, e mesmo assim ele não se importava.

Era assim que ele reembolsaria seus irmãos? Ele iria traí-los tão facilmente?
Se Rhys, Laith, Con, ou um dos outros estivessem com ele, eles iriam dizer-lhe em
termos inequívocos, para voltar a razão e parar de pensar com seu pau.
Con estava certo. Ele não podia fazer isso, e muito menos sozinho. Mas
trazer outro Rei Dragão para a Irlanda era pedir para ter problemas. Tinha que
haver outra maneira de encontrar Rhi e espionar os Escuros.

Kiril virou-se para o lado, de costas para o prédio. O sorriso de Shara


desapareceu e uma carranca marcou sua testa. Por mais tentadora que ela fosse,
ele tinha que ir embora. Porque se fosse para ela agora, ele iria beijá-la, e um beijo
não seria suficiente.

Ele começou a voltar para o seu carro com passos decididos. Nem uma vez
ele parou, nem mesmo quando ela chamou seu nome. Quando chegou à Mercedes,
descansou os braços no alto e baixou a cabeça em seu peito.

Pela primeira vez ele não se importava que vissem suas emoções conflitantes
ou o que pensavam dele. Eles poderiam todos se foderem.

— Kiril.

Ele apertou os olhos fechados. Não. Ela não poderia tê-lo seguido até o seu
carro.

— Qual o problema? — Ela sussurrou enquanto se aproximava. — Fale


comigo.

— Por quê? — Ele perguntou e levantou a cabeça para olhar para ela. —
Porque nós nos conhecemos tão bem? Porque você é minha amiga?
Ela deu um meio passo para trás, mas ela nunca desviou o olhar. — Porque
eu pedi.

Kiril riu ironicamente. Principalmente porque ele estava ferrado de todo


modo. Sua tentativa de fugir de Shara foi tirada de suas mãos. Ele deixou cair os
braços e olhou para ela antes de arrastá-la contra ele, ignorando o quão bom seus
braços se sentia quando eles descansaram em seus ombros.

Ele se inclinou até que sua boca estava ao seu ouvido e sussurrou, — Me
seduzir foi ideia sua? Ou Farrell a enviou?

Um leve enrijecimento do corpo dela foi a sua única resposta.

— Eu te reconheci desde o primeiro instante em que te vi. Eu posso ver


através de seu glamour.

Ela tentou se afastar, mas ele a segurou rápido. Raiva brilhava em seus olhos.
— Por que você me levou para jantar, então?

— Porque você me intrigou. — Ele passou a mão pelas costas para


descansar no local acima de sua bunda.

— Intrigado? — Ela repetiu confusão franzindo sua testa.

Ele ouviu um tremor em sua voz? Ele espalmou a outra mão nas costas dela
e segurou-a mais apertado. — Aye, moça. Você pode dizer a Farrell isso, mas os
Escuros não vão me capturar.
— Você nunca deveria ter vindo aqui, — ela disse e se inclinou para trás
para olhar para ele.

— Você sabe mesmo o que está acontecendo? Você sabe que os Escuros se
alinharam com o MI5 e outra pessoa? Os Escuros não estão no controle. Eles
respondem a outros.

— Você está errado. Os Escuros são poderosos.

Ele trocou a mão de suas costas e a voltou ao redor para seu lado. Ela
estremeceu um pouco, e ele odiava a preocupação que o queimava. Sua mão parou
por uma fração quando veio para descansar em seu abdômen. Então, lentamente,
sem pressa, ele moveu a mão para cima, sobre os seios, sentindo o mamilo
endurecer quando o fez, contra o peito até que seus dedos estavam ao redor de
seu pescoço.

— Eu poderia matá-la agora mesmo, partindo o pescoço em dois.

— Faça.

Não havia medo em seus olhos vermelhos, apenas... Aceitação. Ele se


inclinou até que seus lábios estavam bem próximos. — Você não vai implorar por
sua vida?

— Não.
Ele não tinha certeza se corria para longe dela ou para ela. Era estranho
encontrar uma Fae Escura que não implorava para viver ou trocar informações
para prolongar a sua vida.

— Leve-me para um passeio.

Suas palavras sussurradas, e do jeito que ela sedutoramente torceu os quadris,


lembrou a Kiril que eles estavam sendo observados. — Por quê?

— Porque eu pedi.

— Deixe o seu glamour.

— Eu não posso.

— Eu posso ver através dele.

— Você já disse. Não podemos continuar aqui como estamos. Você vai me
levar para um passeio ou me beijar?

Ele estava fazendo as duas coisas, mas o passeio não ia ser em seu carro.
Kiril a soltou. — Entre.

Shara tremia enquanto caminhava ao redor do carro. Ela estava tão abalada
que nem sequer percebeu que Kiril estava atrás dela até que ele abriu a porta do
carro para ela. Ela encontrou seu olhar verde, mas a raiva que viu anteriormente
desapareceu escondida mais uma vez. Ele esperou até que ela estivesse sentada no
assento de couro antes de fechar a porta e deu a volta para o lado do motorista.
Movia-se de forma fluida como um leão, tão furtivamente como um tigre, e
quem não viu a besta primitiva mantida firmemente dentro dele, era um tolo.

Ela não conseguia tirar os olhos de cima dele quando ele deslizou atrás do
volante e ligou o carro com um toque de um botão. Era a chance que ela estava
tomando para sair com ele. Ele reconheceu que ela era uma Fae Escura, e pior, ele
discerniu que foi enviada para seduzi-lo.

Por tudo o que sabia, ele poderia levá-la em algum lugar que ele planejava
mudar para um Dragão e levá-la para a Escócia. Era estranho como isso não a
incomodava como deveria. Família significava tudo. Certo?

Ela pensou que ser liberada e autorizada a participar de sua família iria
resolver os pensamentos conflitantes que a atormentaram todos aqueles séculos
de seu confinamento. Infelizmente, isso só estava piorando agora que ela conheceu
Kiril.

Ele dirigiu facilmente pelas ruas da cidade até chegar a uma estrada principal
para levá-los para fora da cidade sobre uma das muitas pontes.

— Você é nova para os caminhos Escuros, ou você é apenas jovem? — Ele


perguntou em um tom aborrecido.

Shara tocou a faixa de prata em seu cabelo. — Nenhum dos dois.

— Não leva tanto tempo para a prata aparecer no cabelo de um Escuro. O


primeiro uso de magia negra faz isso. Você só tem uma listra, embora seja espessa.
Isso me diz que você não está nisso a muito tempo.
Ela não lhe devia uma explicação, e ainda assim ela encontrou-se dizendo:
— Eu fui a última das nove crianças dos meus pais. Eles se concentraram em
transformar meus irmãos em um perfeito Fae Escuro enquanto avançavam social
e politicamente. Eu nasci um século depois de Farrell, e meus pais não tinham
tempo para um bebê. Eu fui deixada com uma babá e tutores e autorizada a fazer
o que eu queria.

As luzes de um carro que passava brilhou em seu rosto, mostrando-lhe um


rosto de pedra.

Ela respirou fundo e continuou. — Eu era apenas uma criança pequena


quando as Guerras Fae ocorreram, mas ainda lembro como os outros falavam dos
Reis Dragões e como eles mudaram-se em Dragões ferozes e incrivelmente
grandes.

— As Guerras Fae foram há milhares de anos.

— Cinco dos meus irmãos foram mortos nas guerras Fae. Meus pais se
juntaram na luta também, e eu fui deixada para trás novamente. Corri selvagem
esses anos, fazendo o que queria, sempre que queria.

Kiril usava uma carranca quando ele brevemente olhou para ela. — As
Guerras Fae duraram centenas de anos.

— Eu sei. Quando minha família voltou, pensei que as coisas mudariam, mas
não foi assim. Mais uma vez os meus pais focaram em ter os melhores filhos Fae
Escuros e tê-los perto de Taraeth. Mais dois de meus irmãos morreram na batalha
com outros Escuros por se colocarem ao lado do nosso líder. Para cada criança
que meus pais perderam, mais eles concentraram sua atenção sobre o próximo.

— Esquecendo sobre você.

— Sim. Eu estava esperando por uma chance de ser uma parte da família
quando minha mãe finalmente me dedicou um tempo.

— É isso que eu sou? Uma chance? — Perguntou Kiril.

Shara sorriu tristemente para as mãos no colo. — Minha chance foi atrair
homens para o nosso mundo. Quando isso se mostrou bastante fácil, foi-me dito
para trazer as mulheres. Então eu fiz. Então meu irmão me fez ver o que eles
faziam para os seres humanos.

Kiril resmungou. — Você se importou? Acho isso difícil de acreditar.

— Meus pais pensaram que era porque eu não fui disciplinada cedo o
suficiente.

— O que aconteceu?

Ela levantou os olhos para ver Kiril com uma mão no volante e com a cabeça
voltada ligeiramente para ela. — Eu terminei com o sofrimento dos seres
humanos. Desde que foi tudo feito dentro da nossa casa, nenhum dos outros
Escuros souberam. Meu irmão queria me matar, minha mãe queria me afastar, mas
foi o meu pai, que proferiu a punição.

— E essa foi?
— Eu estive trancada no meu quarto por seiscentos anos.

— Isso deveria me fazer sentir pena de você?

Shara riu quando olhou pela janela do passageiro. — Claro que não. Você
perguntou por que eu tinha tão pouca prata. Eu expliquei.

— E eu acho que sou a tarefa que vai colocá-la bem com a sua família?

— Sim.

— Não vai acontecer de nenhuma forma, moça.

Ela virou a cabeça para ele. — Então por que me trouxe com você esta noite?

— Algo que eu tenho me perguntando.


Kiril sabia que ele não estava pensando claramente. Por que mais ele traria
Shara de volta para sua casa? Foi um erro grave, e ainda assim ele não se virou e
foi embora.

Ele saiu do carro.

Shara demorou a seguir o exemplo. Kiril esperou por ela no topo da escada
observando cada movimento seu. Ela engoliu em seco e olhou em volta antes que
caminhasse até ao lado dele. — Eu achei que você ia me levar para outro lugar.

Ele queria odiar o som de sua voz, mas encontrou-se ansioso para ouvir o
seu sotaque irlandês. Kiril virou a maçaneta e abriu a porta. — Nós temos mais
privacidade aqui.

Ela fez uma pausa, a preocupação piscando sobre o rosto. — Privacidade?

— Bem, além dos muitos olhos Faes Escuros me observando.

— Há quanto tempo você sabe?

— Que eles estavam me vigiando? Desde o primeiro momento que pisei


nesta ilha.

Seus lábios se separaram em surpresa. — Então por que você ficou? Você
quer ser pego?
Kiril passou por ela para a casa. Ele sabia que ela viria a seguir. Foi a
curiosidade que levou-a para dentro. Quando ouviu a porta se fechar suavemente,
ele sorriu para si. Mas era porque ele sabia quais seriam suas ações? Ou foi porque
ele agora a tinha só para si mesmo?

— Eu pensei que os Reis Dragões eram mais espertos do que isso.

Kiril jogou as chaves do Mercedes na mesa de entrada contra a parede e riu.


Ele apoiou as mãos na mesa. — Eu pareço como se tivesse tomado uma decisão
estúpida?

— Você parece como se estivesse segurando uma onda de raiva.

Raiva. Sim, isso é exatamente o que fluiu através dele. Raiva e... Desejo. Ele
brevemente apertou os olhos fechados e tentou empurrar para trás a necessidade
arranhando através dele. Tentou e falhou. — Dois dos meus colegas Reis foram
levados recentemente.

— Eles escaparam, — ela disse suavemente.

— Uma amiga foi levada. Eu tenho que encontrá-la.

— Ela?

Era uma pitada de ciúme que ele ouviu em sua voz? Kiril endireitou-se e
entrou na sala da frente, sem olhar para Shara. Ele parou no aparador com várias
garrafas de cristal cheios de licor. Serviu dois copos de uísque e virou-se.
Shara estava na porta, sua expressão fechada e seu corpo rígido. Bom. Ele a
queria fora de ordem. Ele queria que a Escura perguntasse o que ele estava
fazendo. Ele estendeu o uísque.

Ela não se moveu de seu lugar. — Você não vai acender as luzes?

— Por quê? Você já atravessou minha casa na noite passada.

Seus olhos queimaram. — Como você sabia? Não há câmeras. Eu usei minha
magia para procurar.

— Seu cheiro estava em todo lugar. — Kiril inalou, puxando o cheiro dentro
dele. Seu pênis inchou, aquecendo seu sangue.

Shara considerou-o por mais um momento antes de caminhar para ele e


aceitar o copo de uísque oferecido. — Você disse que estava procurando alguém.
Ela é... ela é sua amante? — Perguntou ela e rapidamente levantou o copo aos
lábios.

— Faria alguma diferença se fosse?

— Se os Escuros a têm, você deve apenas esquecê-la. Os seres humanos


nunca duram muito.

— Eu nunca disse que ela era humana.

Shara deu um passo apressado para trás. — Fae? Você está procurando um
Fae? Mas Reis Dragões odeiam todos os Faes.
— Quem te contou isso? Sua família? Nós desprezamos os Escuros. Os de
Luz... temos vindo a trabalhar com eles em algumas ocasiões. — Ela não precisava
saber que foi numa ocasião muito rara e apenas com Rhi.

— Não importa. Quem os Escuros tomam nunca são os mesmos, mesmo


se você encontrá-la.

Kiril olhou ao redor da sala escura. Ele caminhou até uma cadeira de couro
e se sentou, esticando as pernas na frente dele e cruzando os tornozelos. — Você
sabia que durante as guerras Fae os Escuros levaram dois Reis Dragões? Em
momentos diferentes, é claro.

— Eu suponho que eles escaparam? Você está me dizendo que não sabemos
como segurar um Rei Dragão?

— Os Escuros fizeram... coisas a meus irmãos. Um perdeu completamente


sua mente e nos atacou, que é o que os Escuros queriam. Ele teve que ser morto.
O outro Rei sabia o que estava acontecendo com ele, mas isso não conseguiu pará-
lo. Ele veio até nós e pediu para ser morto antes que pudesse prejudicar um de
nós.

Shara tomou um gole de uísque antes que dissesse: — Você perdeu dois Reis
e eu perdi sete irmãos.

— E a Luz tomou o Escuro?

— Os Escuros tomaram a Luz e a Luz tomou os Escuros.


Kiril deixou seu olhar derivar para baixo em seu corpo. Como ele ansiava ter
suas longas pernas em volta dele. As coisas seriam muito mais fáceis se ele não a
desejasse como fazia, mas não havia um interruptor que pudesse virar para desligar
a reação de seu corpo. Quanto mais ele tentou ignorar o desejo crescente, mais
isso se enfurecia incontrolavelmente dentro dele.

Ele deu uma sacudida mental e voltou para a conversa. — Qual é o plano,
então? Será que os Escuros virão aqui como uma tempestade e tentarão me
capturar?

Shara andava pela sala, a mão deslizando ao longo das costas das cadeiras.
— Não.

— Não? — Kiril deixou seu copo sobre a mesa ao lado dele e


silenciosamente se levantou. Ele a seguiu como se uma corda os amarrasse juntos.
— E então?

— Você realmente não quer saber.

Kiril girou em torno dela com tanta força que o copo voou de sua mão e
caiu em cima do tapete, derramando o uísque, mas não quebrou o cristal. — Diga-
me, — ele exigiu em uma voz suave e mortal.

— Meu trabalho é seduzi-lo.— Ela segurou sua posição por um instante


antes que recuasse, dando dois passos para trás.
Ele seguiu-a até que ela estava mais uma vez na entrada. As sombras negras
cobriam tudo, e ainda a menor lasca de luar a encontrou, iluminando-a com um
brilho azul pálido.

Ele não podia mais negar o que queria. Talvez fosse a sua confissão. Talvez
fosse porque ele não voou para o céu em semanas. Fosse o que fosse, tudo o que
sabia era que ele tinha que tê-la ou ficar em chamas.

— Então me seduza.

Ela se deteve. Ela se manteve firme enquanto ele se aproximava. Ele reprimiu
um sorriso quando viu o pulso em sua garganta bater de forma irregular. Ela não
era imune a ele. Foi uma vitória, apesar de uma pequena. Ela era tão perigosa
quanto a sua missão, talvez até mais. E, no entanto isso não importava. Não havia
mais volta para ele. Ele sabia com uma calma que só sentiu uma vez antes, quando
ele tomou posse como Rei aos seus Dragões.

Ele olhou nos olhos dela, odiando que seu glamour impediu de vê-la como
queria por causa da cintilação fraca, mas inconfundível de sua magia. — Primeiro,
deixe cair o glamour.

Seus lábios ergueram-se ligeiramente nos cantos. O brilho que viu ao redor
dela, indicando que o glamour desapareceu.

— Melhor, — afirmou.

Seu pênis inchou. Sua beleza era tão surpreendente que ele ficou mudo,
imóvel sem fazer nada, só bebendo em seu esplendor.
Ela puxou a prata entremeada de seu cabelo. — Isto? E isto? — Ela
perguntou enquanto apontou para os olhos vermelhos. — Isto é melhor?

— Sim, moça. — Pela primeira vez, ele não ia mentir para si mesmo ou para
ela.

Seu olhar baixou por um momento, e no segundo seguinte ela fechou o


pequeno espaço entre eles e colocou as mãos sobre o seu peito.

Kiril teve que se impedir de agarrá-la. Sua respiração tornou-se mais rápida,
o sangue pulsando em seus ouvidos. Dizer que ele a queria não estava nem perto
de descrever o desejo absoluto, a necessidade absoluta que o perseguiu, o levou a
reclamá-la. Não haveria fuga ou negação. Ela entrou em seu sangue, e ele teria um
sabor dela nem que fosse a última coisa que fizesse.

Shara sabia que estava caminhando em terreno perigoso. Não era Kiril que
ela temia, mas a sua própria reação a ele. Ele a enviou em direção ao desejo e a
paixão em uma velocidade que estava destinada a destruir um deles.

E ele seria o único de pé, quando tudo estivesse terminado.

Nem mesmo esse conhecimento pôde fazê-la partir. Ela não permaneceu
porque era seu dever para com a sua família ou a sua missão. Ela permaneceu por
causa dele, o Rei Dragão que viu através de seu glamour e ainda a queria.

Ela deslizou as mãos sob a ponta do paletó azul-marinho. Mesmo através de


sua camisa, ela podia sentir o calor dele. Isso fez seu estômago vibrar em
antecipação. Com as palmas das mãos plana contra seu estômago tenso, ela
deslizou as mãos para cima sobre tendões duro. Sua boca ficou seca quando ela
imaginou como ele pareceria quando nu. Suas mãos tremiam quando alcançou seus
ombros largos e empurrou o paletó. Ele afrouxou seus braços e o deixou cair
despercebido no chão.

Seu olhar capturou algo do lado esquerdo do seu pescoço, apenas


aparecendo pelo colarinho de sua camisa azul claro. Ela não podia acreditar que
não viu isso antes, mas, novamente, seus olhos estiveram sobre esse incrível rosto
dele.

Seus olhos verdes estavam semicerrados, enquanto a observava, e ainda


assim ele deixou o desejo aumentar no seu íntimo para ela ver. Isso fez arrepios
correr sobre ela. Calafrios e... ânsia.

Movendo-se lentamente, Shara desfez os botões de sua camisa um por um


até chegar à cintura de suas calças. Ela estava sem fôlego quando deslizou a mão
dentro da camisa e apoiou as palmas contra a sua carne quente. Seu estômago se
apertou e ela sentiu todos os músculos rígidos moverem-se sob sua mão.

Shara já não podia esperar para ver o seu corpo. Ela puxou a camisa para
fora da calça e puxou-a aberta, os dois últimos botões voaram para saltar ao longo
do piso de madeira. Seus lábios se separaram quando ela pegou a espetacular
exibição dos músculos duros e a tatuagem de Dragão. Incapaz de ajudar a si
mesma, ela traçou a tatuagem, assustada com a tinta preta e vermelha misturadas.
Mas foi o próprio desenho do Dragão que fez arrepiar sua pele com
sensibilidade, apreciação.

Primitivo desejo.

O Dragão levou mais do peito impressionante de Kiril. Parecia como se


estivesse subindo o peito com suas asas meio propagadas e a ponta de sua cauda
longa ondulando para o lado esquerdo e desaparecendo em suas calças. A cabeça
do Dragão, coberto em seu ombro e pescoço direito, estava levantada em direção
a Kiril, como se em busca dele.

Ela levantou os olhos para Kiril e respirou fundo quando o calor, a fome de
seu olhar se chocou contra ela. Era ardente, abrasador. Escaldante.

Não era como se ela não tivesse experimentado desejo antes, mas o que
estava acontecendo entre eles era em outro nível completamente. A intensidade a
assustava. No entanto, ela não podia sair, não importa o que sua mente advertiu
que ela fizesse. Porque ela o queria com um desespero que beirava a insanidade.

Shara não conseguia respirar o suficiente em seus pulmões. Ela sofreu,


queimou.

Ela ansiava.

Seu calor só alimentou sua paixão crescente a novas alturas. Tão perigoso
como era, ela agarrou-se a isso com ambas as mãos e segurou.
Shara gradualmente acariciou a mão para cima seu abdômen bem definido,
ao longo do seu peito duro até os ombros largos tal como fez para tirar o paletó.
Só que desta vez não havia nada entre ela e sua pele. Ela queria ver mais da pele
bronzeada pelo sol e deleitar os olhos na sua forma viril.

Ela empurrou sua camisa sobre os ombros e para baixo dos braços para se
juntar ao paletó no chão. Ele usava o terno como um homem nascido para isso.
Havia a sugestão do corpo por baixo, mas nada poderia retratar sua forma incrível
como o próprio homem nu.

Que loucura era ela pensar que poderia seduzir um homem como Kiril. Ele
exalava sexo e sensualidade como se criasse seu arsenal sozinho. Ele era o único
que seduziu, com um único olhar.

Por que ela levou até aquele momento para perceber, não tinha certeza. Nos
confins da sua casa, no calor da sua proximidade, seus problemas e preocupações
sobre sua família e futuro desmoronaram. Ela olhou em seus olhos e tornou-se
impotente, impotente para pensar em outra coisa senão nele.

Finalmente ele a tocou. Shara não podia parar o tremor de antecipação que
corria através dela, nem o suspiro que escapou de seus lábios. Seu sorriso de
satisfação só fez o desejo queimar mais brilhante.

Sua mão deslizou ao redor de seu pescoço até a parte de trás de sua cabeça,
onde seus dedos se fecharam em seu cabelo. Ele puxou a cabeça para trás, ao
mesmo tempo que puxou-a para frente para que seus seios raspassem contra seu
peito.

Shara estava sem fôlego, ofegante, enquanto aguardava ansiosa para o que
ele faria em seguida. Enquanto isso ela baixou as mãos até a cintura de suas calças.
A sensação de sua grossa excitação contra seu estômago a fez alcançar seu
membro. Ela colocou os dedos em torno de seu pênis através de suas calças e
apertou.

Ele puxou a cabeça dela para trás, fazendo com que ela arqueasse seu corpo
e seus seios empurrassem contra seu peito. Shara observava o desejo escurecer
suas feições, assistiu a paixão levá-lo em suas garras.

Ela passou a mão para cima e para baixo de seu comprimento duas vezes
antes de desabotoar as calças. Suas calças estavam penduradas precariamente na
cintura e quadris quando ela enfiou a mão na frente para envolver mais uma vez
os dedos em torno dele.

Ele era de veludo e aço, fogo e entusiasmo.

Com uma das mãos em seu pênis, ela levantou a outra mão e descansou no
meio das costas dele. Ela manteve ali por um momento antes de lentamente
acariciar para baixo até que chegou a bunda dura.

Ele abaixou a cabeça, seu olhar travado com o dela. Suas respirações se
misturavam, seus corpos se tocando da coxa ao peito. Shara tentou levantar a
cabeça para os lábios dele, mas ele não a liberou.
Seus pulmões sufocaram, seu corpo formigava enquanto ele pairava seus
lábios sobre os dela, apenas raspando levemente em sua boca.
Kiril foi chamuscado por dentro e por fora, e ele ainda tinha que reclamar
Shara como desejava fazer. Ela o tocou, tocou sua tatuagem, e o colocou em
sobrecarga. Sua respiração era irregular, a pele corada, e ainda assim ela não estava
nem perto de tão excitada quanto ele a queria, ou melhor, precisava dela.

Ele olhou para ela com a cabeça inclinada para trás e os seios pressionando
contra ele, e ele soube que não haveria maneira de se afastar dela agora, mesmo se
isso tivesse sido uma opção. Ele não aceitou a verdade até esse minuto.

Seu domínio sobre ela a mantinha imóvel, e até certo ponto exposta. Ela não
lutou contra isso. Não, ela aceitou como se ansiasse por ele, tanto quanto ele fazia.

Kiril sentiu como se um tapete tivesse sido puxado debaixo dele. Ele saiu à
procura de algo para aguentar na escuridão. E encontrou-o no mais improvável
dos povos, uma Fae Escura enviada para seduzi-lo.

Seduzi-lo, o que ela conseguiu com apenas um sorriso e um olhar. Ela


envolveu-o em torno de seu dedo com facilidade. Kiril só rezava para que ela
nunca percebesse isso.

— Kiril. — Seu nome era apenas um sussurro no ar, um suspiro em seus


lábios.
Seu olhar silenciosamente implorou enquanto suas mãos continuaram a sua
magia em seu pau dolorido. Como se ele pudesse negar a ela ou a si mesmo, o
prazer que os esperava.

Ele colocou seus lábios nos dela, um gemido enchendo o peito com a maciez
deles. Ele inclinou a cabeça e deslizou sua língua por seus lábios.

O primeiro gosto dela foi inebriante e embriagador. Ela enviou-lhe


cambaleando, cambaleando por um caminho de desejo que ele não percebeu que
existia. Ele aprofundou o beijo que rapidamente cresceu ardente e intenso. Quanto
mais ele provou dela, mais tinha que ter.

Foi muito, muito rápido. Kiril tinha que manter a cabeça, ou pelo menos
tentar. Ele terminou o beijo e soltou os cabelos, mas a manteve apertada contra
ele.

Seus escuros olhos vermelhos brilhavam com paixão, e seus lábios inchados
imploraram por mais beijos. Ele tocou seu pescoço. Seus olhos prenderam os dela,
desafiando-a a olhar para longe, enquanto acariciava com um dedo seu peito entre
os seus seios para parar no V do vestido.

A elevação de seus seios acenou. Ele deixou que o mesmo dedo deslizasse
sobre a parte de seu seio que saía do vestido. Suas bolas apertaram quando viu
endurecer o mamilo.

Ele a beijou novamente, duro e punitivo. Ela colocou o braço em volta do


seu pescoço e lhe devolveu o beijo com tudo o que tinha. Ela bombeou seu punho
sobre a seu pau ao mesmo tempo com seus beijos, o enviando em espiral fora de
controle rapidamente.

Kiril alcançou sua perna e começou a puxar sua saia entre os dedos até que
ele alcançou a bainha. Em seguida, deslizou a mão sob o vestido para cobrir sua
bunda. Sentiu só a pele, e sua excitação se contraiu enquanto pensava sobre ela
usando um fio dental.

Ele moveu a mão até o quadril à espera de sentir a beirada de sua calcinha,
mas mais uma vez encontrou apenas sua pele. Para saber que ela estava nua sob o
vestido.

Kiril terminou o beijo o tempo suficiente para arrancar o vestido por cima
da cabeça e atirá-lo de lado. Ela envolveu os braços em volta de seu pescoço e
beijou-o apaixonadamente, com fervor.

Não haveria mais espera, sem mais provocações. Kiril tinha que estar dentro
dela, tinha que senti-la ao seu redor. Ele tirou os sapatos, ao mesmo tempo em que
Shara fez o mesmo. Antes que ele pudesse baixar as calças, ela usou os dedos dos
pés para agarrar o material de suas calças em seus joelhos e puxar. Suas calças
caíram em torno de seus tornozelos.

Ela se inclinou para frente, mandando-o para trás e tropeçando em suas


calças. Risos explodiram a partir deles, ele caiu com força nas costas, ainda
segurando-a. A risada morreu quando olharam nos olhos um do outro. Kiril rolou
de costas e se inclinou sobre ela. Sua riqueza de cabelo da meia-noite foi espalhada
ao redor dela, a luz da lua bateu em cima da faixa de prata.

Seus olhos, porém, estavam em seu corpo. Seus seios eram cheios sem serem
excessivamente grande. Seus mamilos, um rosa escuro, enrugado sob seu olhar.
Ele arrastou a mão pelo seu lado ao entalhe de sua cintura e sobre os quadris
alargando para suas pernas longas e magras. Com um toque na coxa dela, ela abriu
as pernas. Os cachos negros entre elas foram aparados ordenadamente e deu-lhe
uma boa visão do seu sexo, que brilhavam de excitação.

Kiril se moveu de modo que estava entre suas pernas e olhou para ela. Suas
mãos percorreram seu rosto, suas unhas raspando sua barba. Ela respirou fundo
quando ele se inclinou para frente e passou os lábios em torno de um mamilo.

Ele sugou forte antes de passar para o outro pico. Seus quadris se esfregaram
contra ele, lembrando-lhe que havia outra parte dela que ele queria provar.

Com seus lábios arrastando beijos por seu estômago, Kiril moveu suas coxas
sobre seus ombros. Sua cabeça levantou quando ela olhou para ele. O primeiro
toque de sua língua em seu sexo e sua cabeça caiu para trás, um gemido suave
saindo de seus lábios.

Kiril gostou da sua reação, mas ele queria que ela gritasse. Ele brincou e
chupou e lambeu até que ela estava se contorcendo. As costas arqueadas,
levantando seu torso fora do chão enquanto suas mãos mergulharam em seu
cabelo e segurou sua cabeça.
Seus gemidos rapidamente se transformaram em gritos suaves que encheram
a casa. Ele levantou os quadris com as mãos e a manteve imóvel enquanto lambia
seu clitóris. Ela colocou os pés em cima de suas costas enquanto seus gritos ficaram
mais altos.

E então ela estava gritando seu nome, seu corpo sacudindo com a força de
seu clímax. Kiril manteve a lambendo, prolongando seu orgasmo até que ela ficou
mole.

Ele levantou-se sobre ela, com a intenção de entrar nela quando de repente
ela se sentou e empurrou os ombros. Ele caiu de costas com um grunhido. Shara
estava de quatro, com os cabelos despenteados, quando se arrastou na direção dele.

Em todos os seus milênios de vida, nunca viu nada tão sexy. Seu pênis se
contorceu, e seu olhar baixou a sua inchada excitação.

Ela parou ao lado dele e passou seu olhar sobre ele. Kiril fechou suas mãos
nos seus lados, de modo a não tocá-la. Ela era uma criatura sexual, e a mulher
assertiva confiante ao lado dele estava o deixando louco de desejo.

Suas mãos vagavam livremente sobre o peito e abdômen. Ela passou muito
tempo olhando para a sua tatuagem de Dragão. Seu toque suave e gentil foi
arremessando-o para o seu próprio orgasmo, e ela ainda tinha que tocar seu pênis
novamente.
Mal o pensamento passou por sua mente quando ela o levou na mão. Ele
respirou fundo, preparando-se para as mãos. Sua respiração assobiou através de
seus lábios quando a sua boca deslizou sobre ele.

Kiril estava duro, seus músculos bloqueados enquanto ela balançava a cabeça
para cima e para baixo no seu pau, as mãos massageando seus testículos. Ele
pretendia permitir a ela todo o tempo que quisesse, mas ficou claro que ele não
poderia aguentar mais a doce boca.

Ele agarrou-a pelos ombros e levantou-a. Havia um sorriso nos lábios dela
quando ele a colocou no chão para que montasse sobre seus quadris, de costas
para ele.

Ela levantou-se de joelhos até que pairava sobre sua excitação e abaixou-se
nela. Kiril agarrou seus quadris e apertou. Ela era apertada e molhada. A sensação
dela deslizando para baixo dele era requintada.

Ele fechou os olhos e simplesmente apreciou a sensação dela. Uma vez que
ele estava completamente acomodado, ela girou seus quadris. Kiril gemeu e moveu
suas mãos para cima em seus seios. Ele revirou os mamilos entre os dedos e puxou-
a de volta contra ele.

Usando seus pés como uma alavanca no chão, ele bombeou seus quadris
com longas e lentas estocadas. Ela gemeu e arqueou as costas. Kiril alcançando
entre as pernas até que encontrou seu sexo e circulou seu polegar em torno de seu
clitóris inchado.
Ela atingiu o auge instantaneamente, seu corpo convulsionando em torno de
seu pênis, pelo que ele teve que apertar os dentes ou gozaria. Com as paredes de
seu sexo ainda apertando, ele os rolou e ficou de joelhos.

Ele levantou seus quadris e segurou os braços dela para mantê-los atrás das
costas. Kiril saiu dela até que só a ponta dele permaneceu, e então deslizou
profundamente.

Ela gemeu seu nome e empurrou de volta contra ele. Ele repetiu o
movimento e, em seguida, ficou imóvel. Ela gemeu e girou seus quadris para
seduzi-lo a se mover.

Kiril deixou a mão livre vaguear sobre seu traseiro. Ela era a perfeição
absoluta. Nenhuma outra mulher jamais o acompanhou durante o sexo como ela.
Ele estava relutante para que isso acabasse, porque temia uma vez que isto
terminasse – acabaria para sempre.

Mas seu corpo exigiu liberação. Ele não podia mais segurar. Ele começou a
se mover, construindo o seu ritmo a cada mergulho. Ele foi com mais força, mais
profundo e ainda assim ela se inclinou contra ele.

Kiril soltou os braços dela e segurou seus quadris com ambas as mãos
enquanto ele impiedosamente se movia dentro dela. Ele tentou segurar, mas era
como se ela soubesse e balançou os quadris.

E então ele estava perdido.


Ele caiu para frente sobre ela enquanto batia brutalmente. Quando as
paredes de seu sexo apertaram em torno dele, isso o enviou em espiral ao seu
clímax. Kiril empurrou profundamente e derramou sua semente enquanto
cavalgava as ondas de felicidade de um pico para outro.

Quando abriu os olhos, eles estavam de lados, seus corpos ainda unidos. Kiril
abraçou-a e fingiu que ela não era sua inimiga e que ele não teria que deixá-la.

Sua mão repousava na dela e ela de braços cruzados enlaçou seus dedos com
os dela. Minutos se passaram enquanto eles permaneciam como estavam sem dizer
uma palavra.

Foi o som de passos leves na parte de trás da casa que fez ambos separarem.
Kiril não se preocupou com roupas enquanto se manteve nas sombras e correu
para olhar para fora da parte traseira.

Havia dois Escuros que espiavam através das janelas para tentar dar uma
olhada neles.

— Que tal outra bebida? — Shara disse em voz alta a partir da sala de estar.

Os dois Escuros recuaram imediatamente. Kiril esperou até que eles estavam
mais uma vez na cobertura das árvores antes que ele se virasse e caminhasse de
volta para a porta de entrada. Vestiu-se rapidamente, grosseiramente enfiando sua
camisa que ficou aberta porque os botões desapareceram. Ele entrou na sala da
frente para encontrar Shara sentada em uma das cadeiras, vestida, com as pernas
cruzadas e uma bebida na mão.
— Porque você fez isso? Essa poderia ter sido a sua chance de me capturar.

— Minha chance foi quando você estava tendo um orgasmo, — disse ela e
olhou para longe.

— Você ainda não explicou por que falou e os mandou embora.

Ela encolheu os ombros com indiferença. — Eu não posso responder a isso.


E antes que você me pergunte o que estou escondendo, não estou. Eu não posso
responder a isso, porque eu não sei.

Ele caminhou ao redor dela, sem tirar os olhos de cima dela. Ela era um
mistério para ele. Suas ações o fizeram querer confiar nela, mas este seria o
primeiro e último erro que cometeria.

— Quem é ela? — Perguntou Shara.

Kiril franziu a testa. — Quem?

— A Fae que você está procurando.

— Rhi. Ela é uma das guardas da rainha. Houve um tempo em que ela e um
Rei Dragão foram amantes.

— Foi você? Você era seu amante? — Shara perguntou e levantou o olhar
para ele.

Kiril balançou a cabeça lentamente. — Não, não foi eu, mas ela é uma amiga.
Ela foi levada pelo Balladyn.
Ela encolheu-se quando ele disse o nome. — Balladyn tem uma reputação
viciosa mesmo entre os Escuros. Ela está perdida para você.

— Eu não posso acreditar. Eu vou encontrá-la e devolvê-la à Luz. Ajude-


me.

Shara se levantou e ergueu o queixo. — Apenas mate-me agora, porque se


eu ajudá-lo, isso é exatamente o que minha família vai fazer se Balladyn não me
pegar em primeiro lugar.

Kiril foi até ela e passou o dedo ao longo de sua mandíbula. — Nós podemos
protegê-la.

Seu sorriso estava cheio de tristeza. — Como os Reis protegeram Denae e


Sammi? Sim, eu sei dos seres humanos capturados por meu povo. Eu não posso,
e não vou ajudar.

— Então por que não vai embora agora e os deixa vir para mim?

— Eu vou responder, se você puder responder por que me trouxe aqui esta
noite.

Kiril recuou. Ele teve a melhor noite de sua vida extremamente longa, e ele
estava indo terminar com uma nota azeda. — Nós estamos em um impasse.

— Isso significa que é hora de você me levar de volta para Cork.


— Para sua família. — Ele tocou seu lado esquerdo tão rapidamente que ela
não teve tempo de se afastar ou ocultar o estremecimento. — É isso que você
deseja?

Shara virou-se e caminhou até a porta da frente. — Eu vou andando de volta.

Kiril reprimiu uma maldição e pegou as chaves seguindo para fora. Ele ia
precisar de muito mais do que sexo bom para virar Shara para o seu lado, mas ele
não ia desistir.
Rhi se perguntou há quanto tempo ela era prisioneira de Balladyn. O Fae que
ela considerou como amigo, mentor e irmão.

A escuridão foi sugando sua vida de respiração em respiração. Ela desejava


ver o sol, sentir seus raios sobre sua pele. Toda vez que acordava após Balladyn a
torturar, tornou-se mais e mais difícil de lembrar-se de como é sentir o calor do
sol. Qual seria o próximo passo? Se lembrar de como parecia as coisas?

Será que ela esqueceria a sua família? Amigos? O Rei Dragão que roubou seu
coração, só para quebrá-lo?

Ela tentou segurar as lágrimas que encheram seus olhos enquanto pensava
em seu amante, mas ainda escapou e caiu sobre sua bochecha.

Quando eles estavam juntos foi maravilhoso e perfeito. Aconteceu de


repente, surpreendendo-a quando ele terminou as coisas. Seu mundo foi
esmagado, seu coração destruído. Não importava o que ela dissesse ou fizesse, ele
não iria levá-la de volta. Permanecer no mesmo reino foi demais. Rhi entrou em
uma porta Fae, com a intenção de nunca mais voltar.

Por causa de sua preocupação, ela não percebeu onde estava até o Escuro
atacar. Ela conseguiu fugir, mas não antes de ser ferida. Ela vagou sem parar,
morrendo lentamente enquanto procurava uma saída.
E, em seguida, seu corpo entrou em colapso.

A próxima coisa que ela soube, era que estava de volta com a Luz, suas
feridas quase curadas com Balladyn ao lado dela. Não importava a quem ela
perguntou como chegou em casa, ninguém disse a ela. Então já não importava.

Deixou-se lamentar a perda de seu amante com Balladyn vigiando a porta.


Ele cuidou dela, muitas vezes, sempre lá para segurá-la enquanto ela chorava. Até
que todas as lágrimas secaram.

Ou assim pensava. Como em dezenas de séculos mais tarde ela ainda podia
chorar por um Rei que virou as costas para ela?

Ela tentou mover sua mão para afastar uma mecha de cabelo preso ao
queixo, mas não conseguia nem levantar um dedo. Rhi virou a cabeça e usou seu
ombro para parar o cabelo de fazer cócegas nela.

Se ela permanecesse na fortaleza de Balladyn muito mais tempo, ela iria


perder o brilho dentro dela. O fato dele não trazer nem uma vela ou luz na sala
com sua magia lhe disse que ele sabia disso também. Ele queria que ela sofresse.

Tudo porque ele a culpava por Taraeth pegá-lo e transformá-lo num Escuro.
O Balladyn que ela conhecia antes não iria culpá-la.

Quando ela finalmente se transformasse em Escura, ela faria o mesmo? Era


um fato que nenhum Fae da Luz nunca se aventurou no reino dos Escuros. Quem
mais viria? Os Reis Dragões?
Rhi quase riu com o pensamento. Constantine, o cretino, iria impedir que
alguém sequer pensasse nisso. Não importa que ela tivesse arriscado sua vida,
ajudando a resgatar Denae e Kellan, e estava ajudando os Reis quando Balladyn a
levou.

Quanto a seu amante... Foi apenas uma ilusão. Qualquer que seja o paraíso
que encontraram só foi em seu fim. Ele não a amava como ela pensava, não abriu
seu coração para ela como ela fez.

Ela foi enganada, uma idiota.

A parte ridícula é que ela começou a ajudar os Reis novamente. Agora,


quando mais precisava, eles estavam longe de serem encontrados. Ela deveria saber
que é o que iria acontecer. Mais uma vez, ela foi enganada por eles.

Seria nos Reis Dragões que ela concentraria seu ódio agora? Será que ela iria
atrás deles quando virasse Escura? Será que ela ainda se lembraria da Fae que ela
foi quando o mal a levasse?

Rhi apressou-se a limpar qualquer vestígio de lágrimas quando ouviu o som


das botas de Balladyn batendo na pedra enquanto se aproximava. A última sessão
de tortura parecia ter durado uma eternidade. Ela estava pendurada no último fio
de sua esperança quando ele finalmente terminou. Quantas mais sessões de tortura
ela poderia suportar?

A porta da sua prisão se abriu e Balladyn entrou. Ele não se preocupou em


fechar atrás dele. Ela não podia levantar os braços, muito menos ficar de pé, assim
escapar estava fora de questão. Graças às correntes de Mordare segurando-a,
quando ela tentou usar sua magia, um choque elétrico passou por ela como se
estivesse sendo dividida ao meio.

— Eu não acho que você poderia ficar pior, — Balladyn disse quando se
agachou ao lado dela. Seu sotaque irlandês era espesso, a lembrando que há muito
tempo não ouvia o sotaque de um escocês.

— Beije meu traseiro, — disse ela com o sorriso mais brilhante que pode
desenterrar.

— Eu vejo que ainda está distribuindo insultos.

Ela forçou uma risada que soava quebrada aos seus ouvidos. — Eu? Vai se
foder, bastardo.

O sorriso frio de Balladyn foi a sua resposta.

Rhi interiormente se encolheu, porque ela o empurrou longe demais. Talvez


ele acidentalmente a matasse e acabaria com o inferno que ela estava vivendo.

Os olhos vermelhos de Balladyn se fixaram nela quando ele se levantou e


deu alguns passos para trás antes que abrisse as pernas e estendesse as mãos, com
as palmas voltadas uma para a outra ao nível do peito. Rhi choramingou quando a
nuvem negra cresceu de suas mãos, mas foi abafado pelo som ensurdecedor do
mal enorme vindo em sua direção.
Ela pensou sobre a primeira vez que viu seu amante, seu magnífico Rei
Dragão. O pensamento mal estava em sua mente, quando ela foi lançada por toda
a sala, seu corpo batendo contra a pedra.

Um grito rasgou de Rhi quando os ossos quebraram.

Shara entrou na casa de sua família, seu coração ainda batendo com emoção
sobre seu tempo com Kiril. Depois que Kiril a deixou em Cork, ela estava cercada
por Escuros que a levou para casa.

Ela caminhou até a cozinha e olhou em volta. Eles, assim como tantos outros
Escuros, fixaram residência em uma casa humana. Shara nem sequer queria saber
o que sua família fez para os ocupantes originais.

A mansão era grande, o projeto antigo, e ainda assim a família a manteve


atualizada com as conveniências modernas. Trezentos anos atrás, sua mãe decidiu
dar a mansão uma atualização e redesenhou todo o exterior para um olhar mais
moderno.

Os Fae de Luz e Escuros, uma vez lutaram para reivindicar a Terra como
deles, mas os Reis Dragões não se afastaram. Os Fae cederam a uma trégua quando
os Reis começaram a ganhar vantagens. A trégua afirmou que nenhum Fae poderia
se aventurar na Escócia ou permanecer no reino por longos períodos de tempo,
mas havia algo sobre os seres humanos que os atraia. Ninguém poderia ficar de
fora por muito tempo. E de alguma forma, de alguma maneira os Faes começaram
a integrar-se com os seres humanos na Irlanda. Eles mantiveram-se separados, mas
sempre perto dos seres humanos.

Quando Shara olhou ao redor da casa, isso dava uma aparência de


humanidade, mas não havia um pedaço de bondade dentro das paredes. O mal
vivia, respirava, e crescia lá.

Ela vivia lá.

Como foi que ela não se sentiu mal depois de passar um tempo com Kiril?
Ela nasceu em uma família Escura, fez o mal, como foi evidenciado pelos seus
olhos e a prata em seu cabelo. Quando ela olhou em volta, sentiu-se como uma
estrangeira em sua própria casa.

— Você está de volta mais cedo, — Farrell disse quando ele passeou na
cozinha, seus olhos varrendo sobre ela. — Seu cabelo esta bagunçado. Você o
levou para a cama?

Ela não tinha certeza por que tomou a decisão de mentir, apenas que ela fez
no instante em que as palavras saíram de sua boca. — Kiril tem um conversível,
se você se lembra. É claro que o meu cabelo vai estar bagunçado.

— Você estava na casa dele. Não usou suas artimanhas? — Ele perguntou
em tom zombeteiro.

— Eu usei. Ele me beijou.


— Beijou você? — Farrell torceu os lábios em um sorriso. — É tudo o que
conseguiu com a sua sedução?

Ficou na ponta da língua para dizer-lhe para ir se ferrar. Em vez disso, ela
sorriu docemente. — Eu suponho que você está acostumado a sedução de puta,
querido irmão. Você sabe mesmo o que fazer se uma dama seduzir você?

— Você não é uma dama.

Seu sorriso cresceu. — Oh espere. Você não sabe porque não sabe como
obter uma mulher sem o uso de seu nome ou o dinheiro da família.

— Sua putinha, — Farrell rosnou e veio para ela.

Ele envolveu sua mão ao redor de seu pescoço, tanto quanto Kiril fez no
início da noite. A diferença foi, Kiril segurou firmemente sem machucá-la, mas
Farrell estava apertando dolorosamente. Shara olhou fixamente em seus olhos,
desafiando-o a fazer o que ele queria há décadas.

— Farrell, — disse a mãe da porta. — Liberte-a.

Shara não esfregou seu pescoço como desejava fazer quando a mão de
Farrell, finalmente, caiu à distância. Ela manteve os braços ao lado do corpo e viu
sua mãe praticamente deslizar para dentro da cozinha. Seu cabelo completamente
prata foi cortado do comprimento de seu queixo, nem um fio fora do lugar.
Seus olhos brilhavam com fúria vermelha enquanto olhava de Farrell para
ela. — Shara, você sabe que esta é sua última chance de provar que você é uma de
nós, que tem o nosso sangue.

— Eu estou fazendo progressos, mãe. Kiril sabe que não sou uma prostituta,
então não posso simplesmente ir me atirando em cima dele.

Sua mãe concordou com a cabeça regiamente. — Muito bem. Você está
sendo esperta sobre isso. Pela primeira vez. Fico feliz em ver isso. Eu vou estar
ainda mais feliz quando ver mais prata em seu cabelo. Se esta atribuição não fosse
tão importante eu a teria trabalhando para mim e ganhando a prata em seu cabelo
a cada dia.

Shara olhou para a mãe com calma. Ela foi trocada ao nascer? Por que a ideia
de ferir alguém a fazia desconfortável? Ela era uma Blackwood. O mal devia ser
uma segunda natureza para ela. Se alguém tinha uma dica do que ela estava
pensando iriam bater nela até ela desmaiar.

Todos na casa a faziam se sentir inferior, como se ela não tivesse nascido em
uma das mais poderosas famílias dos Faes Escuros. Não era culpa dela que ela foi
esquecida por eles, e agora era tudo sobre ela provar a si mesma. Houve
momentos, como agora, que queria desaparecer.

Ou melhor, ainda, vê-los desaparecendo.


Mas isso nunca ia acontecer. Ela queria completar a sua missão de forma
adequada ou ela morreria. Tudo se resumia a ter Kiril capturado ou continuar a
viver.

Foi uma escolha fácil ontem, mas agora as coisas estavam mais...
complicadas.

Shara começou a caminhar por trás de sua mãe quando ela estendeu a mão
e os dedos compridos agarrou o braço de Shara dolorosamente. — Você está
testando minha paciência com essa cor que você se atreve a usar.

Shara olhou para o vestido dourado escuro. — Eu precisava dele para ele me
ver mesmo nas sombras. É ainda um tom escuro.

— Preto, Shara. Não me faça lembrá-la novamente, ou não será Farrell que
tem uma mão em torno de seu pescoço.

Shara curvou rigidamente, sua raiva mal contida, antes que ela puxasse o
braço livre e rigidamente caminhou até seu quarto. Vestir cores escuras sempre foi
fácil, porque ela gostava delas. Não tinha nada a ver com a visualização pastéis
como cores fracas, que passaram a ser apenas cores que ela não podia usar. Mas
houve momentos que Shara viu um vestido vermelho, uma camisa branca, ou
mesmo uma saia rosa brilhante que ela gostava. Parecia blasfêmia sequer pensar
nessas cores.
Ela manteve seu ritmo controlado quando entrou em seu quarto. Shara
virou-se para fechar a porta e olhou para o corredor para encontrar a guarda
tomando o seu lugar.

Assim que a porta foi fechada, apoiou a testa sobre ela. Mesmo agora,
quando estava fazendo o que eles queriam, eles mantiveram seu primo
protegendo-a. Ela não estava provando-se, fazendo o que foi planejado?

Por quanto tempo mais ela iria ser seguida? Iria até mesmo fazer a diferença
se Kiril fosse capturado com a ajuda dela? Ela tinha uma sensação de que não iria,
não até que seu cabelo estivesse mais prata do que o preto.

Shara voltou a pensar, quando ela matou as fêmeas humanas depois que seus
irmãos e primos sugaram suas almas a seco. Não havia nenhuma maneira que ela
pudesse testemunhar isso de novo, ou mesmo ser parte disto. Sua família devia
saber muito bem. Senão porque teriam que mantê-la sob vigilância?

Ela permaneceu sob o seu polegar por séculos, trancada em seu quarto,
isolada de tudo e de todos. Ela se recusava a permitir que isso aconteça novamente.

— Nunca, — ela sussurrou e se endireitou.

Havia força e confiança dentro dela que não esteve lá antes daquela noite.
Ela pensou sobre Kiril, sobre como seus beijos enfraqueceram seus joelhos
enquanto seu toque lhe roubou o fôlego.

Ele a levou descontroladamente, apaixonadamente.


Completamente.

E ele poderia muito bem ter mudado ela para sempre.


Industries Dreagan

Terras Altas da Escócia

Laith entrou no escritório de Constantine para encontrar o Rei dos Reis


parado à sua janela olhando fixamente para a terra de montanhas escarpadas que
os Reis Dragões chamaram de casa por eras.

— Muita coisa permaneceu o mesmo por tanto tempo que é difícil


compreender as mudanças que estão ocorrendo aqui, — disse ele.

Os ombros de Con levantaram quando ele inalou profundamente. — Você


tem o endereço dele.

— Qual o problema?

— Eu tenho uma sensação desconfortável sobre Kiril permanecendo na


Irlanda. — Con virou-se e caminhou até sua mesa. Ele se sentou na cadeira de
couro e olhou para Laith.

Laith encostou-se no batente da porta e cruzou os braços sobre o peito.


Como habitualmente Con estava vestido em um terno, embora o paletó
continuasse pendurado em um gancho na parede. Era uma aparência que
Constantine tomou duzentos anos antes, e permaneceu.
Enquanto os outros Reis estavam satisfeitos em usar roupas confortáveis
não importa o período de tempo que eles estavam, Con era diferente. Sempre foi
assim, e sempre seria.

— Você acha que precisa ir atrás de Kiril? — Perguntou Laith.

A testa de Con franziu, os olhos de ônix sérios, pensativos. — Isso iria


acelerar a guerra que está vindo. Não, eu só quero que ele volte para casa.

— Ele vai voltar em breve. Por mais que eu não goste, sei que ele também
está sendo vigiado.

— Eles sabem quem ele é.

Laith sorriu. — Talvez, mas eles não esperam que ele saiba ou possa
responder a eles como imagino que ele vai.

— Eles estão usando uma Escura para seduzi-lo.

Isto fez Laith fazer uma pausa. — Eu conheço Kiril. Ele não cairá em algo
tão óbvio.

— Eu não acho que ele irá, mas não significa que os Escuros não tenham
outros truques.

— Eu vou para a Irlanda.

Con sacudiu a cabeça. — Eu não posso enviar outro Rei para aquele ninho
do mal.
— Então quem? Você certamente não pode enviar um ser humano. —
Quando Con apenas devolveu o olhar, Laith afastou-se da parede. — Você não
está realmente pensando em pedir aos guerreiros?

— Quem mais poderia ir? Rhi? Ela já foi levada por Balladyn.

— Eu sei. Eu estava lá, — afirmou Laith friamente.

— Phelan chama para atualizações sobre Rhi. Ele pede todos os dias se pode
participar no resgate quando encontrá-la.

Laith esfregou a parte de trás do seu pescoço. — Você se lembra que


nenhum Fae de Luz nunca voltou dos Escuros, certo? O mais provável é que Rhi
já se tornou... Escura.

— Eu sei, — Con disse em voz baixa, muito baixa.

— Phelan tem Aisley, Con. Os guerreiros podem ser imortais, com poderes,
graças aos deuses primordiais dentro deles, mas eles podem ser mortos.

— Sim, nós também podemos.

— Só por outro Rei Dragão. Qualquer um pode cortar a cabeça de um


guerreiro.

Con ficou de pé, com as mãos sobre a mesa quando ele se inclinou para
frente. — Kellan e Tristan já foram levados pelos escuros. Eu não posso ter outro
Rei no porão daqueles seres maliciosos.
Laith inclinou a cabeça para encarar Con. — Tristan disse que os Escuros
estavam pedindo alguma coisa. Eles acreditam que cada Rei Dragão saiba onde
está escondido, mas nós não sabemos. Só você sabe.

— E Kellan, — disse Con.

Claro. Kellan saberia tudo, desde que ele escreveu a história dos Reis
Dragões. — O que é que os Escuros estão atrás?

— Deixe para lá, Laith.

— O que poderia ser? — Ele pressionou.

Con respirou fundo e voltou a olhar para fora da janela. — Se os meus


antecessores pensaram que era importante o suficiente para manter em segredo,
quem sou eu para discutir?

— Foi mantido em segredo do resto dos Reis?

— Sim. O primeiro Rei dos Reis escondeu, e cada um de nós que têm
tomado a posição manteve-o escondido.

Laith se mexeu desconfortavelmente. Tem que ser realmente grande, se Con


sentiu a necessidade de esconder isso de todos eles. — É perigoso?

— Extremamente. Confie em mim. Nós não podemos deixar que isso caia
nas mãos dos Escuros.

— Isso não poderá ser um problema se somente você e Kellan sabem o local.
Con olhou para ele por cima do ombro. — Não subestime os Escuros.
Nunca. Eles vão descobrir uma maneira, e eu preciso estar preparado para isso.

Kiril estava sentado no sofá em seu quarto olhando pela janela para o
amanhecer de um novo dia. É onde ele esteve depois de levar Shara.

Levou tudo o que podia fazer para afastar-se dela. Cada instinto nele lhe disse
para trazê-la de volta com ele, e ele não quis dizer para a propriedade. Ele quis
dizer Dreagan.

Seu olhar foi para a almofada ao lado dele quando seu telefone celular vibrou.
Ele sempre manteve o telefone com ele, mas nenhum dos Reis contatava dessa
maneira quando eles poderiam conversar através do seu link, sem medo dos
Escuros interceptarem a chamada.

Kiril levantou o telefone, franzindo a testa quando reconheceu o número de


Rhys. Ele atendeu a chamada e levou o telefone até sua orelha. — Olá?

— Bem, eu não queria acordá-lo, — disse Rhys, um sorriso em sua voz.

— Não. Estou acordado.

— Será que você se levanta cedo?


Kiril focou seu olhar de volta para fora da janela embora ele não visse as
árvores ou as flores. — De alguma maneira.

— Você não tem sono em tudo, não é? — Perguntou Rhys, irritação


aprofundando sua voz.

— Não.

— Eu posso estar aí em poucas horas.

Kiril sorriu apesar de si mesmo. — Não, seria até engraçado, seu bastardo
imprudente.

— Eu não estou brincando.

O sorriso deixou Kiril. — Eu sei, mas não é sábio.

— Nem é você estar aí sozinho.

— Como eu disse antes, é melhor se é apenas um de nós.

— Deveria ter sido eu, — Rhys resmungou.

Kiril praticamente podia ver os olhos verdes água de Rhys estreitando,


exasperado. — Foi justo e acertado.

— Foi uma porra de pedra, papel, tesoura, jogo idiota.


— Pare de reclamar, idiota. — Kiril encontrou a tensão liberando seus
músculos. Rhys sempre soube exatamente o que fazer para trazê-lo para fora de
qualquer tipo de distração.

— Você está bem? — Rhys perguntou sua voz grave e difícil.

Kiril suspirou. O que ele faria? Se ele mentisse, Rhys saberia e viria para a
Irlanda. Se ele dissesse a verdade, ainda havia uma boa chance de que Rhys viria
de qualquer maneira.

— A verdade, idiota, — disse Rhys, como se sentindo que Kiril estava


pesando suas opções.

— O que Con te disse?

Rhys grunhiu em voz alta através do telefone. — Ele se manteve breve, como
sempre faz. Ele mencionou uma fêmea Escura. Eu disse a ele que não tem uma
chance no inferno que ela poderia seduzi-lo.

Kiril fechou os olhos e esfregou-os com o polegar e o indicador. Ele então


tirou a mão sobre a perna e voltou a olhar para fora da janela.

— Foda-me estúpido, — Rhys assobiou. — Você está brincando comigo?

— Ela não tentou me seduzir. Fui direto para ela sabendo exatamente quem
e o que ela era.
— Tudo bem. — Kiril podia praticamente ver Rhys balançando a cabeça
enquanto falava. — Você acha que pode trazê-la para o nosso lado, como Con
mencionou?

Kiril pensou sobre suas conversas com Shara. — Sem chance. Percebi que
sou um teste. Se ela preparar as coisas para que eu possa ser capturado, ela está de
volta com sua família. Se ela não conseguir...

— Eles vão matá-la, — Rhys terminou sua voz apertada.

Eles ficaram em silêncio por um minuto, suas mentes avaliando todas as


possibilidades.

Rhys limpou a garganta. — Se ela tem de provar-se a sua família, significa


que fez algo que eles não aprovaram.

— Sim.

— Use isso contra ela. Convença-a, Kiril. Precisamos saber o que os Escuros
desejam, ou mais importante o que eles estão procurando.

— Eu gosto dela, Rhys.

— Você vai ficar bem se ainda não foi para a cama com ela.

Kiril soltou um suspiro. Ele não iria mentir para Rhys.

— Ah, porra.
Ele estava colocando as coisas levemente. Kiril baixou a cabeça para trás no
sofá. — Sim, meu amigo.

— Não admira que você não tenha dormido. O que eu posso fazer?

— Permanecer em Dreagan. É quase tempo para Con me contatar para o


nosso bate-papo da manhã.

— Você vai dizer a ele sobre a mulher?

Kiril levantou a cabeça. — Não. Pode ter acontecido há milênios e milênios


atrás, mas me lembro vividamente do que fizemos para a fêmea humana que traiu
Ulrik.

— Então você acha que esta fêmea Escura vai traí-lo?

— É provável. É a sua família. O que mais Shara pode fazer?

— Você tem duas opções, meu amigo. Ir embora. Ou levá-la a se apaixonar


por você.

Kiril se inclinou para frente e baixou a cabeça em sua mão livre. — Eu não
posso me afastar dela.

— Então você tem apenas uma escolha. — Rhys suspirou alto. — Eu me


sentiria melhor se estivesse aí cuidando de sua retaguarda. Eu poderia permanecer
escondido.
— Eles já estão atrás de mim. Trazer outro Rei aqui seria como oferecer um
buffet a um homem faminto.

— Deveria ter sido eu. — Repetiu Rhys.

Kiril balançou a cabeça, em seguida, lembrou-se que Rhys não podia vê-lo.
— Não. Isto está acontecendo exatamente como deveria ser.

— Eu não estaria me apaixonando por uma Escura, — Rhys disse.

Isso fez com que Kiril sorrisse. — Aposto meu novo Mercedes que você vai
se apaixonar por alguém em breve.

— Foda-se, Idiota.

— Ah. Será que eu bati em um ponto sensível?

— Eu vou desligar agora.

— Eu acertei no alvo. — Kiril sentou-se, em estado de alerta instantâneo.


— Quem é ela? Como ela se parece?

— Não há ninguém.

— Eu acho que você protesta demais.

— Tanto faz. Fique seguro, idiota.

— Sempre, imbecil.

— Vou ligar em breve, — disse Rhys antes de desligar o telefone.


Kiril deixou o celular ao lado, um sorriso no rosto. Por alguns minutos, Rhys
tomou a sua mente fora da situação, se desligando de Shara.

No entanto, ele não poderia ajudar, mas se perguntava quem foi que Rhys
encontrou. Será que os outros sequer sabem? O fato de Rhys nem sequer falar
sobre isso falava muito. Ninguém mais sabia, e se não estivesse brincando sobre
isso, Kiril tinha certeza que ele não teria sequer colocado as peças juntas.

Ele estava sorrindo quando se levantou e caminhou até o banheiro, despiu-


se. Aquele sorriso logo desapareceu quando ele avistou os arranhões em seus
ombros no espelho. Instantaneamente uma visão dele e Shara rolando no chão da
entrada vieram à mente. Seu pênis endureceu. Ele queria estar dentro dela
novamente, sentir suas paredes apertadas, ouvi-la gritar quando ela atingisse o pico
de seu prazer.

Não era apenas a sua necessidade. Ele estava preocupado com ela. Havia
uma chance de que tudo o que ela disse fosse uma mentira, mas sabia quando ela
estava agindo e quando estava sozinha.

Era a maneira como ela se mantinha tão rigidamente, como se estivesse


esperando por ele para chamá-la de mentirosa. Ela estava muito mais relaxada
quando falou a verdade. Claro, só porque ela pode estar dizendo a verdade não
significava que ele ainda não estava sendo levado para uma armadilha, uma bonita,
armadilha sedutora, mas ainda assim uma armadilha.
Ele olhou para si mesmo nos olhos através do espelho e fez uma careta. Ele
estava envolvido até sua cabeça.

— Merda.
Shara saiu de seu quarto à espera de ver sua guarda zelosa. Exceto que o
corredor estava vazio. Ela olhou para um lado e depois o outro antes que desse de
ombros e desceu as escadas para a cozinha.

Ela estava virando para dentro da cozinha quando seu nome foi chamado.
Ela girou surpreendida ao ouvir a voz de seu pai. Ele era um homem muito
ocupado mantendo sua família num ranking 3 elevado entre os Escuros, o que
significava que ele raramente estava em casa. Se ele estava, ela normalmente não o
via.

Não era sempre uma coisa boa, quando ele queria vê-la, e depois do segredo
que ela manteve de sua família sobre seu tempo com Kiril, ela não conseguia parar
o fio de medo que deu um nó no estômago. Se tivessem de alguma forma
descoberto? Será que este seria o dia em que ela morreria?

Ela caminhou pelo corredor até que chegou ao escritório de seu pai, então,
parou na soleira da porta. — Sim, Pai?

3 Ranking é o processo de posicionamento de itens de estatísticas individuais, de grupos ou comerciais, na escala


ordinal de números, em relação a outros. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, ranking é uma
"classificação ordenada de acordo com critérios determinados".
Ele sorriu em saudação, seu cabelo espesso puxado para trás em uma trança,
sem um fio de preto para ser visto na prata. Ele levantou-se e fez um gesto para
dentro. — Entre, Shara. Vamos dar um passeio.

Um passeio. Isto poderia ser realmente bom, ou muito, muito ruim. Ela se
recusou a mostrar medo, no entanto. Shara caminhou ao redor da mesa para o seu
lado. Ele estendeu o braço e ela enrolou o dela através do dele. Um sorriso ainda
no lugar, ele a levou através das portas de vidro abertas para os jardins bem
cuidados.

Não havia uma flor à vista. Tudo era verde. Flores significavam cor, e cor,
especialmente brilhantes ou pastel, a fraqueza. Um Fae Escuro não seria pego
morto com flores em qualquer lugar perto de suas casas.

— Eu sempre tive tanta esperança para você, Shara. Eu sabia que, apesar de
ser a mais nova de meus filhos, que tinha o potencial para exceder todos eles, —
disse ele.

Eles tinham a aparência de estar sozinhos na expansão do estaleiro, mas


havia Escuros em todos os lugares guardando a sua família, mas principalmente
seu pai – de qualquer tipo de ameaça.

Ela olhou nos olhos vermelhos de seu pai e sorriu. Esta foi a primeira vez
que ela já ouviu algo parecido com isso dele, e sua ansiedade foi lançada a um novo
nível. — Estou feliz que você pense assim.
— É por causa de sua determinação e persistência com o Rei Dragão que
tomei a decisão de remover os que seguem todos os seus passos.

Ela quase tropeçou de tão surpresa.

— Farrell e sua mãe não concordam com minha decisão, mas eles vão
cumpri-la, — disse ele em sua voz calma, profunda, que ordenava total obediência.
Ele levava a família com mão de ferro, e todo mundo sabia que não devia ir contra
ele porque eles perderiam e perderiam feio.

Ela olhou para a sua visão da água. Tudo o que podia pensar era em sua
liberdade para fazer o que queria, quando queria. Ela podia ver Kiril tão
frequentemente quanto desejava.

— Farrell tomou minhas ordens longe demais, — disse o pai,


interrompendo seus pensamentos. — Como poderíamos esperar que você
apropriadamente seduzisse um Rei Dragão, sem dar-lhe algum espaço para fazer
o que deve?

— Exatamente. Tentei dizer a ele a mesma coisa.

— Farrell só quer garantir a ascensão dessa família. Ele fez-me orgulhoso.


Eu espero que você faça o mesmo.

Ela assentiu com a cabeça quando ele parou e se virou para ela. — Claro, —
ela acrescentou quando ele olhou para ela com expectativa.
Seu olhar estava cheio de orgulho. A primeira vez que ela conseguia se
lembrar. — Assim como eu supus. É uma façanha o que você está pretendendo
fazer. Os Reis Dragões são perigosos, minha filha, mas eles podem ser derrubados.
O seu nome será lembrado por toda a eternidade pelo o que você está fazendo
para os Escuros e esta família.

— Por que você quer o Rei Dragão?

Seu olhar se voltou astuto enquanto ele a estudou. Depois de uma longa
pausa, ele pareceu chegar a uma decisão, porque disse: — Eles têm escondido algo
que queremos.

— Uma arma?

— De certa forma. Ela pode ser usada contra os reis.

Agora Shara estava confusa. — Nossa magia pode ser usada para fazer um
Rei Dragão reverter para sua forma humana, mas isso é tudo o que pode ser feito
para eles. Nada pode matá-los, só outro Rei Dragão.

— Ou então eles querem que nós acreditemos nisso. — Seu pai abriu os
braços para abranger a cena do oceano, seu jardim, e a terra rochosa em torno
deles. — Conquistamos a Irlanda, mas sempre foi nossa intenção conquistar este
reino, não uma mísera ilha. Teremos êxito, mas primeiro precisamos do que eles
tem escondido.

— E você acredita que Kiril irá dizer-lhe.


Seu pai riu o som mau e frio. — Ah, minha querida. Eu acho que com a
motivação certa qualquer Rei Dragão vai nos dar o que nós queremos. Taraeth
conseguiu ter dois nas profundezas de sua fortaleza, mas a nossa família vai ser
aquela que oferecerá o próximo. Vamos ser os únicos a mantê-lo preso, e nós
vamos ser os únicos a quebrá-lo.

Shara voltou a pensar na história que Kiril lhe disse dos dois Reis levados
durante as guerras Fae. — Como vamos quebrá-lo?

— A mente dele. Vai levar um longo tempo, mas de qualquer forma nós
temos você.

— Eu?

— Você vai fazê-lo se apaixonar, fazê-lo se importar. Nós vamos levá-lo a


acreditar que temos você e vamos torturá-la.

Ela pode ser considerada jovem por alguns Escuros, mas ela não era ingênua
ou estúpida. — Quer dizer que você vai realmente me torturar.

Seu pai deu de ombros. — Nós vamos ter que provar a ele que estamos
dispostos a fazer qualquer coisa para você. Os Reis são destinados a proteger os
seres humanos. É de sua natureza proteger a própria mulher que ele acredita ser
humana.

— E então? — Ela não estava prestes a dizer-lhe que Kiril sabia que ela era
Escura.
— Nós vamos quebrá-lo. Nós vamos ter que fingir sua morte, é claro, mas
ele vai se sentir como se tivesse falhado. Isso vai acelerar a sua descida. Depois que
ele estiver quebrado, vai nos dizer tudo o que pedirmos.

Shara ansiava por seu pai para levá-la para o rebanho da família. Ele estava
lhe dando essa chance. — Eu quero estar lá quando encontramos o que seja o que
os Reis Dragões têm escondido.

— Eu posso conseguir isso, — disse ele com um aceno de prazer.

Sua mente voltou aos beijos de tirar o fôlego e sexo de enrolar os dedos dos
pés que teve com Kiril. — Como você sabia que a mãe era a mulher certa para
você?

— Isso foi fácil. — Ele começou a caminhar ao longo do caminho de pedra


novamente, mantendo a sua mão no seu braço. — Quando chegou a hora de casar
eu tinha a minha escolha de mulheres por causa da família e o nome que fiz para
mim, muito parecido com o que Farrell está fazendo. Sua mãe era uma das muitas.

— Por que você a escolheu?

— Ela tinha uma mente rápida, desviante que excedeu em muito qualquer
outra, e seu desejo de avançar para o topo era tão grande quanto o meu. Tínhamos
as mesmas ambições.

Era tão simples como isso? É assim que ela deveria procurar um marido?
Não. Ela não era de esperar humildemente, mas com confiança, pelo homem que
a escolhesse.
— Não se preocupe, Shara. Farrell já listou os homens que eu estou
considerando para você. Muitos a queriam antes, mas agora que eles sabem o que
está fazendo, mais estão clamando por sua mão. Eu vou escolher com sabedoria.

Era como sempre foi feito com o seu povo. Por que então ela pensou que
teria uma escolha na hora de escolher o macho que compartilharia sua cama?

Silêncio na sequência de tal declaração era rude. Shara deu um sorriso tenso.
— Eu confio em seu julgamento, Pai.

— Farrell disse-me que bateu-lhe com força suficiente para machucar. Será
que o Rei Dragão percebeu a contusão?

Shara focou sua mente sobre a conversa. A última coisa que ela queria era
ser pega em uma mentira, e é isso que seu pai estava tentando fazer. — Ele colocou
seu braço em volta de mim, e eu me afastei. Quando ele perguntou se eu estava
ferida, pensei que seria prudente deixá-lo saber que estava machucada.

— Ele perguntou como você foi ferida?

— Ele perguntou. Eu disse a ele que bati em um balcão, mas tenho a certeza
que a mentira foi contada mal o suficiente para que ele visse através dela.

Seu pai deu uma tapinha no braço. — Muito bom. Sim, realmente muito
bom.
Ela assentiu com expectativa quando ele olhou para ela. — Eu quero ser
totalmente uma parte desta família. Eu estou provando-me, Pai. Por favor, diga-
me tudo.

Os lábios franziram enquanto ele considerava suas palavras. Segundos se


estendiam em minutos enquanto ele permaneceu quieto, o passeio circulando de
volta para casa. Quanto mais perto da casa estavam, Shara ficava mais ansiosa para
aprender tudo que os Escuros estavam planejando. Para ela, é claro.

— Pensei que você disse que eu estava provando a mim mesma? Eu cometi
um erro e cumpri a minha punição. Eu estou trazendo um Rei Dragão para você.

— Você cumpriu a sua punição com dignidade. No entanto, já lhe disse tudo
o que há por agora.

Shara deu sua bochecha para seu pai beijar quando chegaram as portas para
seu escritório. — Obrigada por sua aprovação, Pai.

Seus olhos vermelhos estavam duros quando ele olhou. — Agora que você
tem isso, se estragar qualquer coisa, Shara, apenas a sua morte vai compensar isso.

— Eu não vou decepcioná-lo.

Com um aceno de cabeça, ele soltou o braço dela e voltou para seu escritório.
Shara virou-se para olhar para o mar mais uma vez. Ele se estendia
interminavelmente à sua frente, e, no entanto, a Escócia não estava tão longe.
Por que ela estava até pensando na Escócia? Só porque ela se sentia bem nos
braços de Kiril? Ele era um Rei Dragão, inimigo para os Escuros. Sua família era
tudo o que tinha, e ela tinha que se lembrar disso. No final do dia, se Kiril tinha a
escolha, ele não escolheria ela. Era uma dose de realidade de que precisava. Ela
faria o que sua família pediu.

Mas ela também sabia que seu irmão era um idiota de primeira classe. Ele a
odiava, tinha sempre a odiado. Não importa o que ele dissesse, iria fazer o seu
melhor para garantir que ela falhasse de alguma forma, enquanto ainda conseguia
capturar Kiril.

Isso significava que ela tinha de pensar por si mesma. Farrell provavelmente
atacaria antes que ela pudesse ser ouvida por seu pai, o que significava que
precisava de alguém com mais poder do que a sua família.

Ela brevemente pensou em Taraeth, mas rapidamente descartou a ideia.


Como governante de seu povo, havia incontáveis mulheres que procuravam seus
favores. Não, ela precisaria de algo mais imediato, alguém que iria notá-la mais
cedo.

Sua mente imediatamente parou em um candidato que tinha o poder que até
mesmo seu pai temia – Balladyn.

Foi um grande risco que ela estava assumindo e ele pode nem sequer notá-
la. No entanto, ela não saberia a menos que tentasse. Em primeiro lugar, ela
precisaria dar uma olhada nele e sua fortaleza infame.
Uma parte do seu pensamento pairou sobre pedir ajuda a Kiril, mas sabia
que não havia nada que ele pudesse fazer por ela. Se ela fosse sair dessa, tinha que
ter a ajuda de um Fae Escuro.

Shara girou nos calcanhares e caminhou até os fundos da casa, onde uma
porta Fae solitária estava localizada. Ela foi mantida em separado porque iria levá-
la direto para dentro do complexo de Balladyn. Ela hesitou por um momento antes
de entrar.

Foi-se o brilho do sol. Não havia nada além de escuridão e sombras e trevas.
O mundo perfeito de um Fae Escuro. Ela ignorou os olhares dos soldados Escuros
que guardam a porta. Eles sabiam exatamente qual a família que levava à porta na
Terra, e por causa disso, eles não a impediram.

Ela manteve os ombros para trás e cabeça erguida, embora não tivesse a
menor ideia de onde estava no interior da fortaleza. Era hora de ela aprender o
que estava acontecendo. Sendo mantida trancada por séculos a fez mal preparada,
e isso era a pior coisa para um Fae em sua posição.

Vagando pelos corredores a trouxe para o grande salão, que lembrava os


castelos que pontilham a Irlanda, que estavam lotados com os Fae Escuros. No
alto, gaiolas delgadas penduradas em ganchos nas paredes ou pendurada em
correntes do teto. Dentro das gaiolas estavam seres humanos machos e fêmeas.

Eles estavam nus, esperando por um Escuro a tomar conhecimento deles.


Os machos estavam em um constante estado de excitação enquanto tentavam
desesperadamente chegar a qualquer mulher Escura a ter pena de um deles e ter
relações sexuais.

Muitas das fêmeas humanas olhavam fixamente em torno delas, um sinal de


que um Escuro já tinha começado a sugar suas almas. Isso não era o pior. O pior
foi ver as fêmeas humanas sentadas encolhidas nas gaiolas chorando enquanto
implorava por alguém para ajudá-las. Essas eram as mulheres que todo homem
estava focado, porque ainda não foram tocadas por um Escuro.

No meio da sala havia um Escuro que ela não reconheceu. Seu cabelo preto-
e prata era cortado curto enquanto ele gritou para os ocupantes. E, em seguida, a
licitação para as fêmeas humanas recém-sequestradas começou.

Poderia ser ela lá em cima, exceto para o fato de que ela nasceu um Fae. Os
Escuros não escolhiam os seres humanos que arrebatavam. Bonito, feio, gordo,
magro, velho, jovem. Não importava. Porque um macho Escuro mataria apenas
para o gosto de uma alma humana.

Shara desviou o olhar para o agrupamento de fêmeas Escuras enquanto elas


olhavam para suas escolhas de homens enjaulados. As fêmeas Escuras raramente
levaram as almas dos seres humanos como os machos Escuros faziam. Uma fêmea
Escura tinha mais... Refinamento na forma como era feito.

Elas eram lentas na sua tomada da alma, apenas sorvendo-as. Elas ajudavam
os machos humanos a durarem muito mais do que as fêmeas.

— Encontrou algo a seu gosto?


Ela se virou para ver um belo macho com cabelo preto e prata que pendia
até a cintura. Este não era um guerreiro Escuro. Este era um Escuro usado para
poder, dinheiro e influência. Um Escuro que deixava que os outros roubassem o
que ele queria.

Ele sorriu e inclinou a cabeça. — Sou X.

— X? — Perguntou ela. — Um nome estranho.

— É um apelido. Coloque um X sobre algo, e eu encontrarei uma maneira


de obtê-lo para você. Perguntei-me quando você poderia encontrar o seu caminho
para a fortaleza de Balladyn, Shara Blackwood. Eu estava esperando.

— Eu estive... longe.

— Certo, sua família disse. Estou feliz que você esteja de volta.

Shara respirou fundo e devolveu o sorriso, tornando-o mais sedutor e


convidativo como ela sabia. — Tanta coisa mudou enquanto eu estive fora. Eu
ouvi sussurros de Balladyn. Sua lenda é tão grande como dizem?

— Mais, — X disse e estendeu o braço para ela.

Shara ansiosamente tomou. — Conte-me tudo.


Kiril sabia que se permanecesse em Cork que não seria capaz de se manter
longe de Shara, e ele precisava ter a cabeça clara, se quisesse se impedir de cair em
qualquer tipo de armadilha. Vestiu-se e deixou a propriedade em pouco tempo.
Kiril não tinha um destino em mente no início, até que avistou um sinal que
mencionava a destilaria de uísque Jameson. Kiril virou na estrada e dirigiu em
direção à destilaria.

O uísque Dreagan era o mais procurado escocês do mundo, mas ele queria
que fosse o uísque número um na Irlanda, Escócia ou Estados Unidos. Foi
Dreagan que começou a fazer uísque bem antes que qualquer ser humano jamais
pensou em fazer. Porque os Reis Dragões não gostariam de deixar Dreagan, e
porque os seus métodos de uísque foram aprovados, não tomaram qualquer outra
empresa a sério.

No entanto, Kiril precisava de sua mente ocupada com outra coisa que não
o cabelo de meia-noite e olhos vermelhos. Se ele tivesse que visitar cada destilaria
na Irlanda, ele o faria. Era imperativo para obter controle sobre si mesmo.

Kiril dirigia para baixo nas estradas sinuosas com o teto do carro abaixado.
Sua mente derivou para Shara enquanto se perguntava o que estaria fazendo.

E desejou que ele pudesse confiar nela.


Ele puxou para a destilaria Jameson e estacionou. O tamanho da destilaria
era impressionante. O passeio não demorou tanto tempo quanto esperava, e o fato
de que ele não podia se concentrar no que estava sendo dito não ajudava. Mesmo
quando ele provou o uísque, não conseguia concentrar-se, já que sua mente estava
tão integrada com Shara.

Depois de mais três passeios em destilarias, Kiril desistiu e apenas dirigia.


Horas se passaram enquanto serpenteava em torno da Irlanda, não se aventurando
muito longe de Cork e Shara.

Kiril finalmente parou e riu quando se encontrou em um ponto turístico. Ele


balançou a cabeça quando teve uma visão das belas falésias. Elas não eram da
Escócia, mas eram majestosas da mesma forma. Em toda a vasta extensão de águas
azuis escuras do Mar Céltico até Wales. No entanto ele não estava perto o
suficiente para ver a Escócia para acalmar seu coração inquieto.

— É bom o suficiente, suponho, mas isto não é a Escócia.

Kiril fechou os olhos brevemente enquanto a voz era registrada como


pertencendo a Phelan. Kiril virou a cabeça para olhar para o Guerreiro. — O que
você está fazendo aqui?

— Não diz ‘Olá’ ou alguma coisa assim? — Perguntou Phelan com mágoa
fingida. — Eu deveria ter esperado isto vindo de um Rei Dragão.

— Phelan, — Kiril disse em voz baixa, sua raiva subindo a cada segundo.
Phelan assinalou dramaticamente. — Tristan chamou, mas nunca disse o
porquê. Um dia depois, o mesmo aconteceu com Con, me dando a mesma
resposta. Foi Rhys chegando na minha casa que me deixou preocupado.

— O que Rhys lhe disse? — Ele rezou para que não fosse nada sobre Shara,
embora se alguém conseguisse entender seria Phelan. Ele tomou uma Drough, ou
Druida do mal, como sua companheira.

Aisley salvou sua própria alma de Satanás e reverteu para ser um mie, uma
druida pura, mas antes que isso acontecesse Phelan suportou todos os tipos de
inferno de seus companheiros guerreiros e suas esposas Druidas.

Phelan cruzou os braços sobre o peito e olhou para ele. — Não é tanto o
que Rhys disse, é mais como o que ele não disse.

— Então você veio, porque acha que estou com problemas? Por favor,
lembre-se que estive vivo desde o início dos tempos.

— Você pensa muito de si mesmo, Dragão, — Phelan disse com um olhar


condencedente. Desapareceu um instante depois. — A verdade é que todos os três
estão preocupados, mas quando eles não puderam me dizer o porquê, eu sabia que
tinha que ser ruim.

— Eu não consegui descobrir nada sobre Rhi.

— Eu posso me importar com Rhi como se ela fosse minha irmã, mas isso
não é toda a razão por que vim.
Kiril assistiu as ondas contínuas do mar esperando que ajudasse a acalmá-lo.
Elas não o fizeram. Foi Rhi que encontrou Phelan e disse que ele era parte Fae.
Eles desenvolveram um vínculo forte, inquebrável, um vínculo que Kiril
compreendia totalmente.

— Os Escuros estão atrás de você, — Phelan afirmou. — Todo mundo está


preocupado.

— Eu estou lidando com as coisas.

— Sem dúvida. É só que... as coisas podem sair do controle rapidamente.

Kiril estreitou seus olhos quando girou o olhar para Phelan. Suas palavras
revelavam um significado mais profundo. — Rhys disse a você sobre ela.

— Só depois que o incomodei. Ele está preocupado. Os Escuros


conseguiram colocar as mãos em dois Reis Dragões recentemente. Foi por sorte e
estratégia pura que tanto Kellan e Tristan foram capazes de fugir. E aqui está você
bem no meio do ninho dos Fae Escuros, quase desafiando-os a tentar alguma
coisa.

Kiril deu de ombros. — Dreagan deve ser protegida, como todos os Reis
Dragões devem. Nossos inimigos estão aumentando, e nós já não podemos cruzar
os braços e esperar que os poucos aliados que temos descubram algo para nós.

— Seus companheiros Reis querem estar aqui com você, mas não é seguro.
Não é a mesma coisa para um guerreiro. Eu não estou dizendo que o que você
está fazendo é errado. Eu estaria fazendo o mesmo. — Um lado da boca de Phelan
se curvou em um sorriso. — Além disso, eu gostaria de irritar Charon o mais
rápido que pudesse.

Kiril riu. Ele não poderia ajudá-lo. Phelan passou a maior parte de sua vida
imortal longe do Castelo MacLeod, onde os guerreiros residiam. Ele tinha uma
visão diferente sobre a vida da que eles fizeram, mas ele também entendia o que
significava ser parte de uma família.

Eles ficaram em silêncio ouvindo o sussurro do vento em torno deles e


inalando o ar do mar. Kiril fechou os olhos e relaxou pela primeira vez em dias.
Ele não sabia se era porque Phelan chegou, ou se tinha algo a ver com Shara. De
qualquer maneira, lhe permitiu empurrar a necessidade cegante e limpar sua mente.

— Quem é ela? — Perguntou Phelan. — Mais importante, o quão


importante é para você?

— O nome dela é Shara, e ela é uma Fae Escura. — Kiril encontrou seu
olhar para ver uma forma de carranca na testa de Phelan. — Ela tentou usar
glamour para esconder esse fato, mas vi através disso.

— Então você sabia que ela era uma Escura?

— Sim.

— E você foi embora?

— Não. Eu a levei para jantar.


Phelan assentiu distraidamente enquanto deixava cair as mãos para os lados.
— Eu imagino porque você quis ver o que ela estava procurando.

— É assim que começou.

— Você a viu desde então?

Kiril esfregou a parte de trás do seu pescoço, debatendo quanto dizer a


Phelan. Nenhum outro Rei poderia estar lá para vigiar as suas costas, ou lembrá-
lo que ele estava pisando em terreno perigoso com Shara. Mas Phelan podia.

— Sim. Fui procurá-la. Eu precisava.

Phelan soltou uma respiração lenta. — Ela já enredou você?

— Só de olhar para ela.

— Droga. Você dormiu com ela?

Kiril ficou calado por muito tempo.

Phelan soltou uma série de palavrões enquanto andava a distância. Quando


ele se virou para Kiril, seu rosto estava duro como pedra. — Quão profundamente
você está envolvido? Eu vou ficar, independentemente se você aceitar a minha
ajuda ou não. Quanto mais eu souber, mais posso ajudá-lo.

O fato de Kiril saber que precisava de ajuda disse-lhe o quão longe ele pisou
em terreno arriscado com Shara. Ele queria acreditar em tudo o que ela disse, mas
tudo poderia ser uma mentira para atraí-lo para uma armadilha, a armadilha que
seria inútil já que ele não sabia a localização de nada, pois era Con quem mantinha
escondido.

Kiril considerou as palavras de Phelan por longos momentos antes de dizer,


— Profundamente.

— Isso é o que pensa Rhys. Deixe-me ajudar de qualquer maneira no que


puder.

Kiril olhou em volta para ver os muitos turistas que paravam para ver os
rochedos. — Onde está o seu carro?

— Eu não tenho um. Fallon me deixou aqui.

Claro Fallon teria teletransportado Phelan. Era o modo mais rápido de


transporte, malditos sejam. — Como é que você vai voltar para Cork?

— Eu vou descobrir isso. Isso significa que você vai aceitar a minha ajuda?

Kiril não detectou qualquer Escuro a observá-los, mas isso não significa que
eles não estivessem lá. — Eles me vigiam sempre. Não podemos ser vistos juntos
novamente.

— Como faço para entrar em contato com você, se for preciso?

— Nós vamos descobrir isso à medida que avançamos. Eu comprei uma


propriedade não muito longe de Cork. Entretanto você não pode ir lá. Eu vou para
a cidade todas as noites para jantar e, em seguida, para o pub dos Escuros, an Doras.
Phelan balançou a cabeça e virou-se para que ficasse de costas voltada para
Kiril. — Entendido, — ele murmurou e se afastou.

Kiril andou em diferentes pontos ao longo do local turístico, e assim como


ele esperava, outros falaram com ele também. Ele pensou que seu plano estava
funcionando até que viu dois Escuros fora do canto do olho de pé atrás de um
ônibus de turismo.

Não havia nenhuma maneira dos Escuros poderem saber sobre Phelan. Kiril
girou e se dirigiu para o ônibus. Se os Escuros soubessem o que ele planejava, eles
se teletransportariam antes que ele pudesse alcançá-los. Os turistas ao redor não
ajudaram, mas a sua atenção estava no cenário majestoso, não nele.

Kiril parou para conversar com o motorista do ônibus enquanto ele


furtivamente roubou um dos bastões presos contra o exterior do ônibus. Ele então
deu a volta no ônibus de turismo e viu os dois Escuros. Eles estavam frente a
frente, um de costas para Kiril, conversando.

Ele jogou o bastão, atingindo o Escuro que estava de frente atingindo


diretamente na cabeça, derrubando-o no chão imediatamente. Kiril se moveu com
velocidade relâmpago para ficar atrás do segundo Escuro quando ele começou a
se virar.

Kiril pegou o Escuro ao redor da parte de trás do pescoço. Antes que ele
pudesse quebrar o pescoço do Escuro, o brilho da luz do sol na lâmina de um
punhal chamou sua atenção. Kiril se inclinou para o lado para evitar a pequena,
mas letal lâmina e agarrou a mão do Escuro que empunhava a arma enquanto
continua a aplicar pressão ao redor de seu pescoço.

Kiril chutou seus pés para debaixo dele, soltando-o no chão em sua bunda.
Ele tinha mais força de alavanca desde que estava ajoelhado e usou isso a seu favor
quando usou a sua força para virar a mão do Escuro em direção ao seu próprio
peito. Kiril rangeu os dentes e deu um empurrão, enviando o punhal num impulso
direto no peito do Escuro. O Escuro empurrou, arregalando os olhos com a vida
drenando dele.

Kiril tirou num impulso o punhal e olhou para a lâmina para perceber que
não era apenas qualquer arma. Era uma arma de um Fae de Luz, forjada nos fogos
de Erwar. Era uma arma que mataria um Fae, qualquer Fae.

Ele virou o punhal no ar e pegou habilmente enquanto espreitava o segundo


Escuro e mergulhou a lâmina em sua garganta antes que tivesse tempo de acordar.
Após enfiar a adaga num impulso no seu bolso, então puxou uma respiração
profunda e chamou por sua magia Dragão. Quando a respiração passou nos lábios,
era azul pálida, tornando seus lábios revestidos de gelo.

Quando a sua respiração tocou os dois Escuros, eles foram congelados


instantaneamente. Kiril ouviu a abordagem de passos e socou ambos os corpos
gelados, quebrando-os em milhões de pedaços minúsculos. Ele se levantou e
caminhou até a parte de trás do ônibus, um sorriso em seu rosto quando o forte
vento do mar levantou os fragmentos de gelo e os espalhou.
Não havia nenhum traço de qualquer um dos Escuros, e então não haveria
relatos sobre Phelan. Sem mencionar que Kiril relaxou depois da luta. Foi uma
vitória em seu livro.

Ele voltou ao seu carro e começou a regressar para sua propriedade se


sentindo muito mais no controle das coisas.

Shara foi surpreendida em como as coisas eram ordenadas no composto de


Balladyn. Ela tentou ver tudo, mas passaria um mês inteiro e não iria revelar tudo.
Havia muitas passagens, também muitos quartos, até mesmo X não sabia sobre
tudo.

Depois de passar tanto tempo sozinha enquanto sua família estava lidando
com a política Fae, guerras, e quem sabe o que mais e, em seguida, ser trancada
por causa de seu erro, por isso estava tão fora do circuito do que os Escuros
estavam fazendo. Porque sabia que era muito mais do que apenas tomar as almas
dos seres humanos. Os Escuros estavam sempre planejando algo, sempre tentando
assumir um reino ou outro.

Era estranho ver os Escuros em toda a sua beleza sinistra, descansando no


chão em meio a enormes travesseiros e reclinados sobre espreguiçadeiras,
enquanto a música de Pitbull4 batia através dos alto-falantes e os seres humanos
homens e mulheres, seja pedindo atenção ou orando para serem ignorados.

— Nós iremos governá-los, — seu companheiro declarou quando a pegou


olhando para um macho humano.

Shara assentiu distraída. Um macho humano, com cabelo cor de trigo


chamou sua atenção. Ele era bonito o suficiente, e em uma rápida olhada se
assemelhava a Kiril. Quanto mais ela olhava, no entanto, mais viu as diferenças.

O ser humano era mais magro, não tendo quase a maior parte ou a definição
de Kiril. O cabelo do homem era curto em vez de ter as ondas longas de Kiril. Os
olhos do humano eram de um castanho claro e não o verde trevo de Kiril.

As diferenças continuavam, mas Shara parou de percebê-las. Seu coração


acelerou ao pensar que Kiril poderia acabar no composto, e só isso, a alarmou.

Ela queria ser uma parte de sua família. Era tudo o que pensava nesses seis
séculos de sua prisão. Ela estava disposta a fazer qualquer coisa para mais uma vez
pertencer ao invés de ser trancada. Ela já se colocou numa posição insustentável,
dizendo a Kiril as coisas que ela sabia e mantendo outras coisas de sua família.

Se sua família descobrisse onde ela estava e o que planejou, tudo poderia
acontecer. Eles poderiam elogiá-la por agir, mas muito provavelmente ela iria ser
punida por pensar que poderia tomar suas próprias decisões.

4 Cantor Rapper.
Como ela iria seguir os desejos de sua família tão cegamente depois de viver
mais de mil anos por sua própria conta? Ela ansiava por sua liberdade, desejava
fazer suas próprias escolhas sobre o que ela usava e com quem passaria um tempo.
Acima de tudo, ela queria poder decidir quem seria seu marido. Isso não devia ser
a escolha de seu pai. Ela deveria ter a palavra final, independentemente se era
tradição Escura ou não.

Seu pai pensou que a confinando por seiscentos anos iria refreá-la, e na
maioria das vezes fez. Até que estava de volta no mundo. Até que encontrou Kiril.

Kiril acendeu sua fome de coisas que esqueceu, desejar a única coisa que
deveria trair, ele. Como ela entrou em uma posição tão horrível?

Escolhas. Suas escolhas. Foi assim que terminou ali. Isso e o fato de quem
sua família era. Ir contra a eles seria como declarar guerra contra eles, e para que
vivesse, não poderia fazer isso sozinha. Ela tinha que ter aliados, aliados fortes.

— Você está bem? — X perguntou a ela.

Shara engoliu seus medos e deu um sorriso brilhante. — Deixe-me a par de


tudo e de todos. Eu quero saber quem são os mais fortes Escuros, os que todo
mundo teme. Eu estive longe por tanto tempo.

X hesitou um olhar de incerteza enchendo seu rosto. — Mas e o seu irmão?

— Não é o mestre aqui, — ela o interrompeu. Shara parou e encarou o


Escuro. — A quem você responde? Balladyn ou Farrell?
— Balladyn, é claro, — X apressou-se a responder. — Mas Farrell está
chegando através das fileiras rapidamente.

— Rápido o suficiente para derrotar Balladyn?

O Escuro riu baixo e profundo, um sorriso sinistro em seus lábios finos. —


Isso nunca acontecerá. Se alguma coisa acontecer com Taraeth, Balladyn vai ser o
único a nos liderar.

— Então por que está com medo de meu irmão? Se você servir Balladyn,
então ele irá protegê-lo.

— Eu vou proteger X de quê? — Veio uma voz profunda e grave atrás dela.

O coração de Shara caiu a seus pés quando se virou e encontrou um alto e


moreno com olhos vermelhos estreitados para ela. Seu cabelo era longo,
pendurado no meio do caminho pelas costas, com tiras grossas de prata correndo
por seu cabelo preto.

Seus braços nus, cruzados sobre o peito, mostraram os músculos cinzelados.


Tão ameaçador quanto ele parecia com o seu colete de couro preto e calças, sua
força não poderia ser comparada com a de Kiril. Pensando no seu Rei Dragão,
Shara encontrou seu coração acalmado, a respiração fria. Ela tinha uma
oportunidade aqui. Ela não podia deixar escapar por entre os dedos.

— Vou perguntar de novo, fêmea, por que você está declarando que eu,
Balladyn, irei proteger X? — Ele perguntou, seus braços caindo para os lados
enquanto dava um passo ameaçador em direção a ela.
Shara não pode falar por um minuto inteiro. Ela nunca esperou ficar cara-a-
cara com Balladyn durante a sua primeira visita. Ela não estava preparada para falar
com ele, mas não tinha escolha. Muitos Escuros em sua posição não se misturavam
com os hanger-on5 que cobriam sua fortaleza; o fato de que ele o fazia foi outra
revelação.

Ela queria correr de volta para a porta que a levaria para casa. Essa era a
menina que costumava ser. Sua família forçou a mulher a crescer. Se ela estivesse
indo tomar sua vida em suas próprias mãos, então precisava começar a agir como
uma Blackwood.

— Eu sou Shara Blackwood.

Seu comportamento e raiva desapareceram. Foi substituído com um olhar


de prazer e satisfação. Seu olhar passou da cabeça aos pés com uma leitura lenta.
— Sua família permitiu que você viesse aqui?

— Eu não pedi sua permissão.

Balladyn riu, seu corpo relaxado. — Uma mulher que sabe o que quer. Isso
não é como uma Escura. Eu gosto disso.

5 Pessoas que paira em torno de uma pessoa, lugar ou instituição especialmente para ganho pessoal. No popular
puxa-sacos.
— Isso não deve vir como uma surpresa se você conhece a minha família.

Seu olhar queimou com desejo. — Fala-se de que você vai se casar em breve.

— Sim, me disseram. Aparentemente, há alguns que desejam se alinhar com


a minha família.

— E tê-la como uma esposa.

O sorriso de Shara foi ligeiro, quase virando seus lábios para cima nos cantos.
— Há muitos poucos digno de minha família. Ou de mim.

Ela não tinha certeza do que estava fazendo. Flertando com um homem
como Balladyn que servia como braço direito do Taraeth era tão louco como estar
atraída por um Rei Dragão. Talvez esse fosse o problema dela. Ela era louca. Era
a única explicação para suas ações recentes.

O olhar de Balladyn se deslocou para o Escuro ao lado dela. — Deixe-nos.

X baixou a cabeça e rapidamente se afastou. O poder e respeito que Balladyn


tinha eram notáveis. As pessoas temiam sua família e, portanto, temiam Farrell.
Ao redor dela, podia ver a admiração e influência que Balladyn tinha. Se alguma
vez houve um Escuro que se atreveria a ir contra sua família além Taraeth, seria
Balladyn.

Ele se aproximou, ocupando o espaço dela para que ela tivesse que escolher
entre afastar-se e parecer fraca ou ficar firme. Por mais difícil que fosse Shara
decidiu ficar firme. Balladyn estava tão perto que seu peito roçou seus seios. Ele
olhou para ela, e depois tocou a tira de prata de seu cabelo.

— Por que você está no meu complexo? — Sua demanda, foi com uma voz
suave, mas não escondeu a sua dúvida quanto ao seu raciocínio.

Ela virou a cabeça longe de seu olhar intenso e fez um gesto para a sala em
geral. — Eu já ouvi muito sobre o que acontece aqui.

— Não, você não ouviu.

Shara mudou seu olhar de volta para ele e levantou uma sobrancelha. Ela
não sabia como ele sabia que mentiu, ou se ele estava a testando. De qualquer
maneira, ela estava lhe permitindo ganhar. Ela seguiu sua intuição em vez de ter
certeza sobre a situação. — Não é totalmente verdade.

Ele apoiou-a contra a parede e colocou um braço de cada lado dela. — Mas
é a verdade que quero.

— Farrell me disse que eu não poderia vir sem ele. Estou cansada de me
dizerem o que fazer.

O olhar de Balladyn a segurou por vários momentos tensos. — Uma vez que
você se casar, vai ser seu marido que lhe dirá o que fazer.

— Tem que haver um Escuro lá fora que aprecie uma mulher forte e suas
opiniões.
Assim como ela esperava, os olhos dele baixaram para seus lábios. — Sim,
— ele murmurou.

Shara ficou nervosa com Kiril, mas ela nunca ficara aterrorizada. Ela estava
assim e muito mais com Balladyn. E ainda assim ela encontrou-se o considerando
porque não tinha outra escolha, independentemente de que ela desejasse que Kiril
fosse uma escolha. O fato era que ele não era. Qualquer mulher que conseguisse
se unir a Balladyn em casamento iria encontrar-se elevada acima de quase todos.

Ela não estaria mais sob o polegar de sua família. Como Balladyn mencionou,
ela estaria sob o seu. Só que ele não parecia ser do tipo que queria controlá-la. Ele
parecia apreciar a sua forte vontade. Isso poderia ser para o benefício dela.

Uma fêmea Escura sem família, era afastada de tudo e todos. Então, se
afastar de sua família não era uma opção. Ela não iria viver uma semana. Farrell
iria se certificar disso.

Desde que ela não podia deixar tudo para trás ou ir para a Escócia com Kiril,
isso era tudo o que podia fazer. Shara não queria se casar com Balladyn mais do
que queria atrair Kiril para uma armadilha, mas não importava onde olhasse, não
podia ver outra saída para ela.

Exibir-se sob o governo de sua família e assumir o controle de Balladyn.


Podia vê-lo em seu olhar e a maneira como ele olhou para ela como se estivesse se
impedindo de jogá-la por cima do ombro e levá-la através de uma das muitas portas
que viu logo baixo nos vários corredores. Ela teria sempre que se cuidar com
Balladyn. O primeiro indício de dolo ou desonestidade e ele iria matá-la.

Por outro lado, ela realmente seria capaz de ser ela mesma com Kiril. Sem
mentiras, sem enganos... Apenas ela mesma.

Casar-se com Balladyn faria minha família me aceitar, bem como livrar-me de seu
comando, enquanto ficaria no alto escalão na sociedade Escura. Também iria parar minha missão
com Kiril.

Estava resolvido. Ela fixou seu olhar em Balladyn.

Balladyn inclinou-se ligeiramente para trás e pegou seu olhar. — Sua família
virá à minha procura, uma vez que descobrir onde você está.

— Você tem medo deles?

— Não. — Ele disse isso com uma forte dose de ira.

Ela sorriu e respirou fundo, fazendo com que seu peito se expandisse e seus
seios fizessem contato com ele. — Eu não acho que você tem muito medo.

— Você não sabe com o que está brincando, Shara.

Sua advertência fez seu coração perder uma batida de medo, porque ela não
tinha ideia de onde estava se metendo. No entanto ela não iria deixá-lo saber. —
Eu acho que é hora de voltar para casa, então.
Ela começou a se virar apenas para que ele agarrasse o seu braço e
empurrasse com força suas costas contra a parede. Suas narinas alargando quando
ele inclinou o rosto perto do dela. — Eu não gosto de ser provocado, — disse
ele, irritado.

— Eu não estou provocando. — Ela engoliu em seco e sabia que tinha uma
chance com Balladyn ou tudo estaria perdido. Não haveria uma segunda chance
com ele. — Você é como um Escuro deve ser. Não o que os outros fingem ser.
Você lidera e governa com o poder diferente de tudo que já ouvi falar. Eu tinha
que vê-lo. Eu nunca esperei falar com você, muito menos que você me notaria.

Ele a olhou com ceticismo.

Shara descansou a mão em um de seus bíceps e o sentiu flexionar sob sua


palma. — Diga uma palavra, e vou voltar para casa.

— Eu não quero que você saia.

Ela não sorriu. Balladyn podia não a ter mandado embora, mas ela tinha um
longo caminho a percorrer antes que fosse dele.

O rosto de Kiril brilhou em sua mente.

Porra, mas por que o Rei Dragão não podia ficar fora de sua cabeça? Ele ia
estragar tudo, e se ela não fosse cuidadosa, ele ia matá-la.
— Estou contente, — Shara disse a Balladyn. — Mostre-me mais desta
fortaleza que você governa. Eu quero ver o que você faz aqui. Eu quero ver o
poder que você comanda com um único olhar.

— Isto não é lugar para uma mulher de sua classe.

Shara deveria saber que ela não iria chegar perto de Balladyn. Não importa o
seu poder, seu pai diria que ele não era Escuro o suficiente para oferecer-se para
ela. Tudo porque ele foi transformado de Luz para Escuro em vez de ter nascido
em uma família Escura como ela.

Ela não sabia por que isso importava desde que o Escuro começou como
um Fae da Luz antes de mudar completamente.

— Eu deveria a fazer voltar para o seu pai imediatamente, — Balladyn disse


quando correu um dedo ao longo de seu queixo. — Mas não vou.

Ele afastou-se dela e estendeu o braço para o lado, oferecendo para ela andar
ao lado dele através da fortaleza. Shara tremia de emoção. Pelo menos ela preferiu
chamá-lo de emoção e não pavor.

Ela estava ciente de quão perto ele estava e quantas vezes roçou o braço
contra ela. Ele a queria. Ele não tentou escondê-lo ou fazer-se de tímido. Ele estava
lá para ela, para qualquer um ver enquanto andou com ela através do grande salão.

Os olhares de fúria e ciúmes das fêmeas Escuras a fez sorrir. Nenhuma foi
ousada o suficiente para Balladyn. Elas pensavam ganhar sua atenção relaxando ao
redor. Ele era uma raça completamente diferente, assim como Kiril.
Droga!

Ela realmente ia ter que parar com isso. Não importa o que acontecesse, ela
iria se certificar de que acabasse com Balladyn. Pelo menos, então não teria que
entregar Kiril. Talvez ela pudesse ter certeza que ele foi embora da Irlanda, para
que ela nunca tivesse de se preocupar com ele sendo capturado.

Eles caminharam de corredor para corredor, subiram escadas e atravessaram


torres, e embora Balladyn ficasse perto, ele manteve um rígido controle sobre seu
desejo. Shara conseguiu chamar a atenção dele, mas ia ter que mantê-la. Se ela não
fizesse alguma coisa... Selvagem... Ele era susceptível de esquecê-la quando o
deixasse.

Ela esperou até que eles estavam descendo as escadas sinuosas de mais uma
torre com Balladyn na liderança antes dela fingir um tropeço. Seu esforço foi feito
para que pudesse cair contra ele, mas não estava preparada para o quão rápido ele
se movia.

Num momento ela estava sendo lançada para frente, e no próximo ele se
virou e tinha os braços em torno dela. Shara levou seu rosto até o dele. Ela não
deu-se tempo para pensar nisso, apenas se inclinou e beijou-o.

Houve uma fração de segundo quando ele não respondeu, e então seus
braços a apertaram enquanto a abraçava e aprofundou o beijo. Ele era um beijador
hábil, mas seu corpo não queimou, como aconteceu quando Kiril a beijou.
Verdade seja dita, só bastou os olhos verdes de Kiril sobre ela para fazer seu
sangue correr mais rápido e a necessidade apertar-se abaixo de seu estômago.

Balladyn, com toda sua beleza e poder, acabou com... Nada. Ela continuou
a beijá-lo, como se estivesse desfrutando. Era algo que ela teria que se acostumar
e não importa com quem se casasse. Esse pensamento a fez deslizar os dedos entre
os fios grossos de seu cabelo preto e prata. Um gemido retumbou no peito em
resposta.

Foram longos minutos antes que ele terminasse o beijo e olhasse para ela. —
Você é muito corajosa, Shara.

— Eu estava errada pensando que era o que você queria?

— Não, — ele disse com um sorriso satisfeito.

Ele tocou em sua mecha prateada novamente. Shara saiu de seus braços e
lhe deu um olhar de pedra. — A minha falta de prata é um problema?

— Eu disse que era?

Como ela odiava quando as pessoas respondiam uma pergunta com outra
pergunta. — É um problema para minha família. Eu deveria saber que com você
seria o mesmo.

Shara tentou andar em torno dele, mas mais uma vez Balladyn a deteve com
o braço sobre sua cintura. Ela virou a cabeça para encontrar seus olhos ardendo
de raiva. — Não cometa o erro de pensar que você sabe minhas respostas. Eu não
sou como os outros.

— Eu sou Escura. Eu nasci em uma família Escura onde todos têm mais
prata do que o preto.

— Isso não a diminui. — Disse ele e puxou a mecha. — Isso faz você se
destacar.

— Não em uma boa maneira em nosso mundo.

— Nosso mundo é o que fazemos dele. Vivemos entre dois reinos, o Fae e
a Terra. Olhe para os Escuros ao seu redor. Mais e mais pessoas estão escolhendo
viver no mundo humano, vestindo suas roupas, ouvindo a sua música, e em alguns
casos fingindo ser humano.

— Tudo é um ardil para sequestrar seres humanos para seu prazer, — disse
ela, sem saber para onde ia com o seu discurso.

Ele pegou sua mão e levou-a descer as escadas. — É isso que você acha?
Olhe mais perto da próxima vez. Sim, alguns usam como um ardil, mas outros
não.

— Minha família vive em uma casa humana. Foi dada a minha família por
Taraeth porque meu pai controla os Escuros na metade inferior da Irlanda para
Taraeth.
Balladyn deu de ombros quando eles chegaram ao final da escada. — Olhe
ao seu redor, Shara. Dê uma olhada em todos os Escuros, mesmo a sua família.

Ela parou, seu coração batendo descontroladamente. — Eu estive... fora...


por algum tempo.

— Presa por sua família, você quer dizer?

Shara deu um passo para trás, puxando a mão da dele. Como ele poderia
saber? Isto foi mantido dentro da família, uma ordem dada por seu pai que
ninguém na família ousaria desobedecer.

— Eu sei muito, — Balladyn disse quando ele inclinou um ombro contra


uma parede. — Foi Farrell que chamou minha atenção para a sua família, e foi
Farrell que me contou sobre a sua jovem irmã e como ela estava trancada.

Baldes de vergonha desceram sobre ela. E misturado com fúria dirigida a


Farrell. Seu irmão nunca deveria ter falado sobre o que aconteceu, e se ele revelou
muito, ela tinha certeza Balladyn sabia a causa de sua prisão.

— Assim que você estava brincando comigo todo esse tempo? — Ela
deveria ter sabido. Foi muito fácil de chegar perto de Balladyn.

— Eu avisei para não achar que me conhece. No entanto, — Balladyn


adicionou suavemente. — Eu não tinha interesse na irmã de Farrell, até ouvi-la
hoje. Agora, temo que nunca possa deixá-la voltar para a sua família.
Indústrias Dreagan

Rhys entrou na loja de presentes e deu uma parada abrupta quando seu olhar
caiu sobre Lily. Lilliana Ross. Seu cabelo preto de carvão caia sobre um ombro em
uma longa trança que veio descansar na parte superior do seu peito.

Ela estava inclinada olhando dentro de uma caixa. Apesar de estar vestindo
roupas vários tamanhos maiores que os dela, não havia dúvida no esboço de suas
curvas. Rhys engoliu.

— Você precisa de alguma coisa? — Elena perguntou quando caminhou ao


redor dele para o balcão, com uma prancheta na mão e um lápis preso atrás da
orelha.

Rhys olhou em seus olhos verde-sálvia que agora o observavam com


curiosidade. Ele não tinha motivo para vir para a loja que não seja para um
vislumbre de Lily como ele fez muitas vezes. Mas desta vez ele ficou preso.

Seu olhar disparou para Lily para ver que ela se endireitou e virou-se ao ouvir
a voz de Elena. Os olhos negros de Lily mostravam um sorriso. Quando ela chegou
em Dreagan parecia frágil e... Assustada.

Agora ela só parecia... Linda.


O suéter que Lily usava era tão grande que ele caiu fora de seu ombro,
revelando mais da sua pele. Rhys inalou e desviou o olhar de volta para Elena
rapidamente. — Não. Eu não preciso de nada. Eu estava procurando por Guy.

Elena guardou a prancheta, um sorriso nos lábios. — Ele está com Tristan e
Sammy no pub do Laith. Sammy vai começar a trabalhar para Laith. Isto deve ser
bom para todos os envolvidos. A propósito, quando você vir o meu marido, diga-
lhe que é melhor ele tomar banho antes que venha para o almoço.

— Vou dizer, — Rhys falou e prontamente se virou para fora, para ir ao


pub de propriedade dos Reis Dragões nos arredores da cidade à beira da terra
Dreagan.

Ele conseguiu sair sem dar outro olhar para Lily. Ela não era o tipo dele. Ele
gostava de suas mulheres altas e bem dotadas. Ele preferia mulheres que
compreenderiam que seu namorico duraria uma noite somente e às vezes nem
tanto.

Assim como as duas mulheres que o acompanharia em Inverness para jantar


naquela noite. Elas eram o tipo de mulheres que sabiam que nunca poderia haver
qualquer coisa entre eles.

Lily era do tipo que tinha “para sempre” estampado nela. Ela era o tipo de
mulher que um homem nunca mais a deixaria.

E Rhys não era esse tipo de homem.


Os seixos rangiam sob suas botas enquanto caminhava ao redor das sebes
espessas para a mansão escondida de uma forma que nenhum visitante que visitou
a destilaria jamais viu. Ele entrou pela porta lateral através do conservatório. Rhys
não deu dois passos antes de seu telefone celular tocar. Ele puxou-o para fora e
viu que o texto era de Phelan. Dizia: ENCONTREI KIRIL. VOU FICAR.

Quatro palavras, mas foi o suficiente para Rhys saber que Phelan falou com
Kiril, e Kiril aceitou sua ajuda. Rhys ficou aliviado.

— Pelo sorriso eu imagino que é uma boa notícia.

Rhys olhou para cima para encontrar Con sentado sobre o muro de sessenta
centimetros de altura feito de pedras que englobava a fonte que estava no meio do
jardim de Inverno. Ele guardou o celular e caminhou para Con. Rhys descansou
um pé sobre a barreira próxima a Con. — Sim é.

— Kiril concordou com Phelan o ajudando?

Rhys olhou para Con. — O que você fez? Me seguiu?

Con apenas levantou uma sobrancelha loira. — Kiril queria ter certeza de
que você não iria para a Irlanda. O que significava que vocês dois se falaram. Não
é um grande salto imaginar que você iria para Phelan.

— Eu suponho que você não concorda com os meus métodos?

— Não de todo. Eu já tinha chamado Phelan uma vez, e eu planejava visitá-


lo e fazer a mesma coisa outra vez. Você chegou antes de mim.
Rhys deixou cair o queixo ao peito. — Eu tenho um mau pressentimento
sobre Kiril.

— Eu também. Ele não quer voltar para casa. Pelo menos não agora.

— Você sabe que é apenas uma questão de tempo antes que encontrem uma
maneira de capturá-lo. — Rhys inclinou a cabeça para encontrar o olhar negro de
Con.

Con balançou a cabeça, seu rosto sombrio. — Sim, eu sei. Não ajuda que ele
não está apenas espionando, mas tentando encontrar pistas sobre Rhi.

Rhys se inclinou com um braço em seu joelho. — Então você sabia que eu
ia fazer algo sobre Kiril. O que você tem feito? Porque eu sei que você não tem
ficado sentado em suas mãos.

— Eu faço o que sempre fiz, proteger Dreagan e manter quem somos em


segredo.

Rhys não estava comprando por um momento. Claro, Con faz essas coisas,
mas havia mais. Sempre. E Rhys sabia que de alguma forma envolvia Ulrik. Con
disse que ele estava indo falar com Ulrik, mas até agora não aconteceu. Talvez
porque Con sabia que se ele fizesse, a batalha entre os dois que estava sendo
esperada por eras finalmente chegaria à um ponto crítico.

Ulrik. Uma vez foi o melhor amigo de Con, Ulrik foi o único outro Rei
Dragão que tinha a magia poderosa o suficiente para lutar com Con para comandar
todos os Reis Dragões. Ulrik não queria liderar, então ele se afastou e o papel foi
para Con.

Passaram-se anos mais tarde, depois que os humanos estavam de repente na


Terra com os Dragões que Ulrik, como muitos Reis Dragões, tomaram um ser
humano como sua amante. Sua traição fez Ulrik e todos os Dragões entrarem
rapidamente em uma guerra que ninguém ganhou.

Após Con enviar Ulrik para alguns negócios Dragan, Con e os outros Reis
Dragões encontraram a mulher de Ulrik e a mataram pelo que ela fez. Quando
Ulrik voltou e descobriu o que aconteceu, sua fúria foi imensa, tanto contra os
humanos quanto com sua própria espécie. Não foi muito tempo depois que os
Reis Dragões não tiveram escolha senão tirar a magia de Ulrik enquanto ele não
iria parar de matar seres humanos.

Por centenas de milhares de anos Ulrik andou na Terra, imortal, mas sem a
sua magia e incapaz de se deslocar em forma de Dragão. Con acredita que Ulrik é
a força motriz por trás do MI5 e outros seres humanos que querem revelá-los ao
mundo. A evidência apontava diretamente para Ulrik.

Con levantou-se e ajustou os botões do punho com cabeça de Dragão de


ouro em seus pulsos. — Eu estou mantendo um olho mais próximo em Ulrik. Ele
permaneceu em Perth em sua loja, mas eventualmente ele vai fazer besteira.

— E você vai estar lá para pará-lo.


— Matá-lo, — Con corrigiu friamente. — Era algo que eu sabia que deveria
ter feito quando selamos a sua magia.

Rhys colocou o pé no chão. — Foi extraordinariamente cruel de nossa parte


permitir que ele permanecesse imortal, mas não ser quem ele realmente é, um
Dragão.

— Eu não queria matar o homem que considerava como meu irmão.

— Mas você vai agora?

Con ergueu o queixo, seus olhos negros insondáveis e frios. — Eu faço o


que é melhor para todos nós. Não importa o quão sujo ou mau possa ser.

— Estou surpreso que você já não tenha apenas ido para Perth e acabado
com ele.

— Eu devo ter uma prova para não perder a confiança de todos vocês.

Rhys observou Con de pé. Cada Rei Dragão era de temperamento forte,
feroz, e poderoso em seu próprio direito, e necessitava um homem forte como
Con para mantê-los todos juntos. Ele fez isso em várias ocasiões. Con tinha uma
língua de prata quando era necessário, mas ele não hesitou em pôr fim a qualquer
coisa que via como um conflito entre eles.

Rhys estava completamente de acordo com a ligação mágica de Ulrik no


momento, mas ele não concordava com Con querer matá-lo agora. Se descobrirem
que Ulrik está conspirando para expor os Reis Dragões, ele poderia ter que
reavaliar suas opiniões.

Até então, Ulrik era um deles, não importa se ele poderia mudar em um
Dragão ou não.

Além disso, se ele estivesse no lugar de Ulrik, ele também iria ansiar por
vingança.

O fato de que tudo apontava para Ulrik era condenável. Inimigos dos Reis
sabiam coisas sobre eles que apenas um Rei Dragão saberia, e conheciam a
localização da terra Dreagan que ninguém exceto um Rei Dragão deveria saber.

Rhys saiu do conservatório para a casa principal. O som de vozes femininas


provenientes da área da cozinha deixou-o saber que, pelo menos, algumas das
companheiras de seus amigos estavam ocupadas preparando uma refeição.

Ele subiu as escadas de três em três degraus até chegar ao terceiro nível. Rhys
virou à esquerda e foi para o fundo do corredor para o quarto grande onde se
encontravam vários computadores.

Uma cabeça loira olhou por cima de um monitor quando ele entrou na sala.
Rhys assentiu para Ryder quando andou ao redor da mesa em forma de meia lua e
viu uma caixa de donuts6 que se encontrava nela.

— Ainda observando Ulrik? — Perguntou Rhys.

6 Rosquinhas.
Ryder colocou o último pedaço de um donuts polvilhado de chocolate em
sua boca e apontou para quatro dos dez computadores. Rhys ficou atrás da cadeira
de Ryder e cruzou os braços sobre o peito quando viu os ângulos das câmeras
apontadas sobre o lugar de negócios de Ulrik na frente, laterais e traseira.

— Ele não será capaz de fazer um movimento sem que seja visto, — disse
Ryder, uma nota de exasperação em sua voz.

— Você não concorda com Con?

Ryder virou a cadeira para olhar para Rhys com os olhos cor de avelã. —
Ulrik é um Rei Dragão. Eu não concordo, não importa qual de nós Con queira
espionar.

— E se Ulrik está se aliando com os Fae Escuros, MI5, e sabe quem mais?

Ryder deslizou sua cadeira longe de Rhys e se levantou. — Eu não quero


acreditar que seja Ulrik.

— Os fatos dizem o contrário.

Ryder deu de ombros e levantou a tampa da caixa de donuts para procurar


por mais. Ele tirou outra rosquinha, esta cheia de geleia. Ele soltou um grito e
levantou o donut. — Meu favorito!

Rhys balançou a cabeça, embora ele não conseguisse esconder o sorriso. —


Você e seus malditos donuts.
— Eles são incríveis, — disse Ryder bem antes de ele dar uma grande
mordida, deixando geleia de morango sobre os lados de sua boca.

Rhys mudou o seu olhar de volta para os monitores com foco nos negócios
de Ulrik. Ele olhou para as outras telas de computador para ver edifícios e casas
de pessoas consideradas em aliança com Ulrik.

— Ele não deixa esse edifício por muito tempo, — Ryder disse, falando de
Ulrik. — Embora ele saia.

— Aonde ele vai?

— Sempre perto de Perth para obter mantimentos ou para comer.

— Ele fica sozinho?

Ryder limpou os restos do donut e assentiu. — Sempre.

— Isso é estranho. Se ele estivesse aliado com os outros, eles viriam a ele ou
ele iria para eles.

— Sim. Con quer que um de nós entre e coloque um chip em seus telefones.

Rhys franziu a testa enquanto estudava os monitores. — Ulrik não seria tão
estúpido a ponto de permitir que isso aconteça.

— Con acredita que é como ele está se comunicando com os outros.

— Eu tenho certeza que é, mas Con pode esquecê-lo. Não vai acontecer,
não com Ulrik.
Ryder se sentou em sua cadeira novamente e se inclinou para trás. — Ulrik
sempre foi astuto. Se ele está fazendo isso, vai ser difícil de ser detectado.

— Ele disse a Banan que queria vingança.

— E você não? — Perguntou Ryder. — Eu com certeza o faria. Em alguns


aspectos Con estava certo. Ele deveria ter matado Ulrik naquela época. Eu não
poderia viver como Ulrik tem vivido todos esses séculos sozinho e incapaz de ser
a única coisa que ele realmente é, um Dragão.

Rhys soltou uma respiração profunda, quando Hal entrou na sala.

O Rei Dragão olhou para ele com olhos azuis luar antes de abaixar seu olhar
para Ryder. — Qualquer movimento de Ulrik? — Perguntou Hal.

Ryder sacudiu a cabeça. — Nenhum.

Hal ficou ao lado de Rhys e cruzou os braços sobre o peito. — Eu acho que
vou fazer uma visita a Ulrik.

— Ele disse a Tristan para todos nós nos mantermos afastados, — Rhys
lembrou.

Hal apenas sorriu. — Quando foi que algo nos parou?

Ele tinha um ponto. Rhys riu e olhou para Hal. — Eu acho que vou com
você.
— Vocês querem tentar iniciar uma tempestade de merda com Con? —
Perguntou Ryder.

— Isso é geralmente o trabalho de Rhys, mas pensei que poderia dar uma
mão, — disse Hal com um largo sorriso.

— Ambos podem me morder, — disse Rhys, embora ele estava sorrindo


também.

Ryder virou a cadeira para enfrentar os dois. — Eu vou com vocês.

Rhys ergueu as sobrancelhas. — Bem, isso certamente vai irritar e deixar Con
fora de si. Pena que não estarei aqui para vê-lo.
Kiril se reclinou em uma cadeira fora da piscina e olhou para o jardim. Parte
dele esperava que Shara aparecesse de repente.

E outra parte rezou para que ela não o fizesse.

Se ela fosse realmente seduzi-lo, a fim de prendê-lo, então, quando ele não
aparecesse em Cork, ela viria procurá-lo. A última vez que Kiril quis algo tão
terrivelmente foi após o último dos Dragões ter sido mandado embora e rezou
para que ele e os outros Reis fossem capazes de trazê-los de volta.

Isto foi a milhares de milênios atrás. Os Dragões nunca mais voltaram a este
reino. Ele nunca iria ver seus amados Burnt Oranges7 novamente. Ele nunca mais
iria voar alto com eles ao redor dele, ouvindo seus rugidos.

Mesmo depois de todo esse tempo, ainda era difícil de aceitar. Houve
momentos em que não podia. Será que o mesmo acontece com Shara? Será que
ele continuará a tentar ganhar sua afeição, mesmo que ela acabasse por ser do mal
como seus amigos acreditavam?

Kiril rodou o uísque no copo. Dreagan. Isso chegou a apenas duas horas
atrás pelo correio. Ele foi enviado por um de seus distribuidores. Era um pequeno
gosto de casa, mas não fez nada para aliviar o nó em sua barriga.

7 Dragões da cor de laranja avermelhado.


Seu celular tocou estridentemente em meio ao silêncio. Kiril espalmou-o e
brevemente pensou em jogá-lo na piscina quando ele olhou para o número. Ele
não reconheceu quem chamava, mas quem quer que fosse estava na Irlanda.

Ele respondeu com um seco — Sim?

— Eu tenho uma linda ruiva que está morrendo de vontade de conhecê-lo.

Farrell. Kiril sentou-se lentamente. — Você, agora?

— Eu disse a ela que estaria aqui como você faz todas as noites.

Ele pousou o copo de uísque a seus pés. — Como você conseguiu meu
número?

— Eu tenho conexões. Se há algo que quero, eu consigo.

— Estou começando a acreditar nisso.

Farrell riu. — Você está ocupado?

— Não.

— Bom. Você deve vir aqui.

— Eu vou passar.

Houve um momento de silêncio, e Kiril praticamente podia ouvir a raiva de


Farrell crescendo. — Que tal eu levá-la para você?
Kiril não estava com vontade de jogar ou fingir que ele gostava de Farrell,
quando não podia suportar o bastardo. — O que? Você ama tanto minha
companhia que está procurando maneiras de passarmos o tempo juntos? Estou
pensando que você precisa da ruiva muito mais do que eu.

Ele terminou a chamada, e embora devesse ter lidado melhor com as coisas,
Kiril descobriu que ele realmente não se importava. Estar em torno de tantos
Escuros era como esfregar uma ferida aberta.

Estar perto de tanta maldade deteriorava, roía. Estando tão perto de tanta
maldade corrompia e infectava tudo ao seu redor. Isso é o que estava acontecendo
com ele. Podia sentir isso o comendo de dentro para fora.

Onde estava Shara? Ele não ligava para quais eram seus motivos, desde que
ela viesse até ele.

Kiril olhou para o nada, até que tomou o último gole do uísque no copo. Ele
se levantou e caminhou para dentro da casa e bateu as portas atrás de si. Ele então
ligou o som estéreo e acionou o CD da banda Thousand Foot Crutch8 com a
música — Fly on the Wall— soando estridente através dos alto-falantes.

Ele manteve as luzes apagadas quando correu para a porta da adega. Era para
ser nada mais do que uma adega, mas Kiril a expandiu desde que adquiriu a
propriedade.

8 Banda de rock inglesa.


Não havia uma única peça de mobiliário na adega. Estava longe de sua
caverna nas montanhas em Dreagan, mas evitava que os Fae Escuros o vissem.

E ele precisava desesperadamente se sentir escondido.

Ele soltou um grito, as mãos em punhos enquanto dobrava os braços,


liberando o agravamento da frustração e raiva reprimidas. A adega não era tão
grande quanto ele queria. O plano foi para vir trabalhar nela, mas agora ele sabia
que precisava estar lá por outro motivo inteiramente novo.

Desde que ele chegou à Irlanda reprimiu a sua vontade de mudar. Desta vez,
a necessidade o atingiu, avidamente batendo nele.

Num momento ele era humano, e no próximo mudou. A adega era apertada,
mal deixando espaço para o seu corpo se ajustar longitudinalmente. Com o rabo
contra ele e suas asas muito perto de seu corpo ele conseguiu, estava debruçado
sobre si. Ele não conseguia ficar de pé, mas não se importou. Ele estava em sua
forma verdadeira, o que só ajudou a aliviar a maioria do que o incomodava.

Kiril deitou-se, descansando a cabeça sobre suas patas. E pensar que ele
esteve cansado de se esconder em Dreagan, cansado de nunca ser capaz de ficar
longe dela por muito tempo.

O que ele não daria para voltar. Só que ele tinha que pensar em seus irmãos
e em Rhi. Ele tinha que permanecer na Irlanda por tanto tempo quanto pudesse.

Embora ele temesse que não fosse capaz de suportá-lo muito mais tempo.
Shara não estava preocupada com o passar do tempo. Embora seus
pensamentos muitas vezes se voltassem para Kiril, ela rapidamente pensou em
outra coisa. Enquanto estava com Balladyn, nenhum outro homem se atreveria a
fazer uma oferta por ela, nem teria sua família para incomodá-la.

Ela assistiu a uma fêmea Escura ir até uma gaiola que continha um macho
humano e agarrar seu pênis inchado. Seu rosto era uma máscara de euforia com
aquele simples toque. Isso era algo que ela entendia muito bem. É o que ela
experimentou nos braços de Kiril.

Droga, ela estava fazendo isso novamente. Ela tinha que parar de pensar
nele. Se tudo corresse como planejou, ela nunca teria que enfrentar Kiril de novo,
nunca mais teria de ignorar o desejo ardente ou fingir que não estava dolorida por
seu toque.

— Shara, — Balladyn disse quando ele passou um braço ao redor dela, seus
dedos cavando a contusão do seu lado.

Ela assobiou em uma respiração e rapidamente cobriu-o quando ela sorriu


para ele. Seu olhar, no entanto, se contraiu e ira endureceu suas feições.

— Você não me disse que estava ferida.

Ela levantou os ombros, impotente. — É apenas uma contusão. Estou bem.


— E como você conseguiu esse machucado?

— Não se preocupe.

Ele sorriu, embora fosse duro e frio. Balladyn virou para encará-la. — Farrell
tem o hábito de usar os punhos contra as mulheres quando as palavras iriam
funcionar melhor. Foi assim que você ganhou a sua lesão?

Se ela admitisse, então Balladyn ia querer saber por que Farrell bateu nela. E
Shara não ia dizer-lhe nada sobre Kiril.

Seu silêncio, ao que parecia, era resposta suficiente quando um músculo na


têmpora de Balladyn latejava. — Vou ter que ter uma palavra com ele.

Shara tinha de pensar rapidamente e dizer algo antes que Balladyn pudesse
pedir mais. — Você me surpreende mais uma vez. Eu nunca achei que você se
importaria de uma fêmea ser agredida.

— Se uma mulher me bate, então vou bater de volta. Mais um irmão bater
numa irmã? Não, eu não concordo. — Seu rosto se suavizou. — Se não for
sofisticado ou ter uma aparência sombria é qualquer indicação, eu realmente devo
tê-la surpreendido.

Ela fechou a boca e o reconsiderou. — O que me surpreende é que você


ainda não encontrou uma esposa.

— Eu não tinha encontrado ninguém digno. Até agora.


Shara sorriu, satisfação se espalhando através dela. Ele segurou seu rosto, seu
polegar roçando o lábio inferior. Quão diferente sua vida seria com alguém como
Balladyn.

Ou Kiril.

Ela mais uma vez tomou o braço de Balladyn. Eles já estiveram em torno de
sua fortaleza, mas ela sabia que ele não estava levando-a para outro passeio. Ele
tinha outra coisa em mente.

Independentemente de sua relutância em compartilhar seu corpo com


Balladyn porque parecia uma traição a Kiril, ela tinha que pensar em seu futuro. O
que quer que tenha acontecido entre ela e Kiril estava no passado. Não havia futuro
para eles. Ele não podia viver no mundo dela, e ela nunca poderia viver no seu.

Outra opção se apresentou sob a forma de Balladyn. Se ao menos ela tivesse


se aventurado para a porta mais cedo e encontrado a sua fortaleza, então talvez ela
nunca tivesse aquela noite com Kiril e não desejaria algo que nunca seria dela.

— Quero algum tempo sozinho com você, — disse Balladyn. — Eu não


quero ter alguém olhando para nós ou tentando ouvir o que estamos dizendo. O
único lugar que posso garantir isso é no meu quarto.

Seus pés pararam por vontade própria. Ela manteve o olhar no chão, porque
não podia formar um motivo para a parada.

— Não se preocupe. Tanto quanto quero levá-la para a minha cama, eu não
vou. Não essa noite.
Outra surpresa. Shara olhou para ele, perguntando se ele estava dizendo a
verdade ou era tão adepto a mentira como seu irmão.

— Vou levá-la, — ele prometeu, em voz baixa e profunda. — Duramente.


Frequentemente. Até que você não possa levantar. Mas não esta noite.

Ela estremeceu, mas não tinha certeza se era porque suas palavras
assustavam. Ou a emocionavam.

Ele deu um puxão no seu braço o que conseguiu seu movimento novamente.
— Você está satisfeita com o que viu aqui?

— Eu estou. Diga-me mais sobre o que Taraeth está fazendo. Os dois Reis
Dragões que foram capturados é tudo o que qualquer um pode falar.

— Eu imagino que é mais como que eles não podem parar de falar sobre
como os Reis escaparam.

— Ambos. É verdade que haverá outra guerra?

— A guerra é inevitável. É apenas uma questão de quando, não se. Quanto


aos planos de Taraeth, não posso falar deles. — Eles então chegaram à porta de
sua câmara. Ele empurrou aberta a porta de madeira pesada e levou-a para dentro.

Shara entrou na sala para encontrar mais das almofadas atiradas em pilhas
no chão. Uma enorme cama de dossel no meio do quarto com cortinas vermelhas
penduradas em todos os quatro cantos.
— Falando de planos, — Balladyn disse enquanto fechava a porta. — Eu
ouvi um rumor que Farrell tem alguns dos seus próprios.

— Farrell sempre tem algum tipo de plano, — disse ela de forma ofensiva.

— Eu estarei visitando Cork em breve para ver o que está acontecendo.


Esses rumores chegaram a Taraeth, e ele não está satisfeito.

Shara virou-se para Balladyn. Ele estava encostado na porta, bloqueando seu
caminho para fora. Foi Balladyn quem jogou o tempo todo? Será que ele só deseja
informações sobre sua família? Ansiedade afetou seu estômago. — Se você tem
uma pergunta para mim, pergunte. Eu vou responder.

— Será que Farrell enviou você aqui?

Ela riu, e, em seguida, às pressas cortou o som quando Balladyn franziu a


testa. — Desculpe. Se você conhecesse o nosso relacionamento, então saberia que
dou duro para fazer exatamente o oposto do que Farrell quer. Tenho certeza de
que quando ele descobrir onde estou, vai ficar furioso.

— Eu vou cuidar disso. Os rumores são verdadeiros que Farrell vai capturar
um Rei Dragão?

Shara orou para ela evitar que a surpresa aparecesse em seu rosto. — Como
eu disse, Farrell sempre tem algum plano que ele está discutindo. Ele é ambicioso.
Ele quer estar em uma posição de autoridade, como o meu pai.
Balladyn coçou o queixo. — Eu não estou indo para Cork apenas pelo seu
irmão.

O coração de Shara começou um baque nauseante lento no peito. Ela não


era boa em esconder suas emoções, o que significava que seu medo foi mostrado
claramente. Ela tinha que pensar em algo para explicá-lo. — Será que é porque eu
vim aqui?

— Não. — O rosto de Balladyn eclodiu em um sorriso. — Embora eu


incluísse uma parada em sua casa para uma conversa com seu pai. Se é o que você
quer.

Esta era sua última chance de mudar de ideia. — Eu quero.

— Eu quero você ao meu lado enquanto estou em Cork.

Droga. Como ela iria explicar para Kiril? Será que ela ainda tem alguma
chance? — É claro, — disse ela quando viu seu olhar de expectativa.

— Minha principal razão para ir é por causa do Rei Dragão que se atreveu a
vir para a nossa terra.

Shara agarrou fortemente em um dos postes da cama para se manter de pé.


Ela não queria que Kiril fosse preso mais do que ela queria ser trancada novamente.

Balladyn deu um passo na direção dela, mas parou quando ouviu uma batida
na porta. Ele abriu-a com raiva. — Isto vai ter que esperar.
— Perdoe-me, — um de seus homens disse enquanto seu olhar passou de
Balladyn para ela. — Você disse para lembrá-lo da hora, não importa o que você
estivesse fazendo. É hora para outra interação com o seu prisioneiro.

Balladyn suspirou e olhou por cima do ombro para ela. — Eu não vou
demorar. Há um velho... amigo.... com quem eu devo bater um papo.
Perth, Escócia
Silver Dragon

Rhys olhou para o sinal acima da loja com um desenho exato dos Silvers
mantidos em Dreagan.

— Mesmo no exílio, ele ostenta quem é, — disse Hal com um toque irônico
de seus lábios.

Ryder deu de ombros. — Eu faria o mesmo.

— Todos nós faríamos, — Rhys disse quando atravessou a rua e caminhou


até a porta. Abriu-a e entrou na loja, seu olhar percorrendo a sala até que avistou
Ulrik atrás do balcão em direção à parte de trás da loja. Atrás de Rhys, Hal e Ryder
entraram e moveram-se para ambos os lados dele. Ulrik levantou uma sobrancelha
e pousou alguns papéis que estava lendo.

— Eu disse a Banan que nenhum de vocês seriam bem-vindos aqui, —


afirmou e folheou mais papéis.

Sua atitude de desprezo não surpreendeu Rhys. — Eu também não gostaria


te ver. Nós não estamos visitando.
— Eu não pensei muito sobre isso.

— Mentiroso, — disse Ryder.

A cabeça de Ulrik lentamente levantou e prendeu Ryder com um olhar


fulminante. — O que é que vocês três querem?

Hal deu um passo adiante e inspecionou uma pintura que estava assentada
sobre um cavalete perto da porta. — Eu queria ver você.

— Perdoe-me se eu não acredito em você, — Ulrik disse sarcasticamente.

— É verdade. — Hal se virou para ele. — Quer você acredite ou não, eu


fiquei de longe observando você.

Rhys observou como o rosto de Ulrik perdeu toda a emoção, como se tivesse
acabado de erguer alguma parede ao redor dele.

— Eu não queria esfregar na sua cara o que você perdeu. — Hal continuou.
— Agora sei que estava errado. Eu sinto muito.

— Você deu a sua opinião. Agora, saia. — Ulrik mais uma vez voltou para
seus papéis.

Rhys respirou fundo e soltou. — Você está conspirando com os Fae Escuros
contra nós?

— Ah, — Ulrik disse com uma risada. — Então, a verdadeira razão aparece.
Ryder caminhou até o balcão e bateu a mão sobre os papéis que Ulrik estava
olhando. — Olhe para nós!

Isso chamou a atenção de Ulrik. Seu olhar dourado foi fixado em Ryder. —
Ou o que? Você vai me matar? É o que você veio fazer?

Ryder recuou, afrontado. — Não.

— Con pode ser muito covarde. Ele deveria estar aqui.

Rhys permaneceu junto à porta. Ulrik pode não ter sua magia, mas ele não ia
subestimá-lo. Se ele era o mentor da trama para derrubá-los ou não, Ulrik nunca
foi de ser mal interpretado. — Se Con quer você morto, ele vai ter que fazer isso
sozinho. Eu não estou aqui para isso. Nenhum de nós está.

Ulrik olhou para cada um deles. — O que vocês querem?

— Se é você que conspira com os Escuros, o MI5, a Máfia, ou seja lá quem


for, estamos pedindo-lhe para parar. — disse Ryder.

Hal mudou-se para a próxima pintura e olhou para Ulrik. — Nós não
estamos dizendo que é você, mas estamos pedindo que se for, desista. Nada de
bom pode vir do que está acontecendo.

— Nós sabemos que você quer sua vingança, — disse Rhys. — Você tem
direito a ela depois do que fizemos.

O sorriso de Ulrik estava frio. — Isso está certo?


— Nós somos seus irmãos, — disse Ryder.

— Irmãos, — repetiu Ulrik. — Onde você estava quando precisei de você?


Onde você estava quando Con me enganou e matou a minha mulher, que era meu
direito depois do que ela fez? Onde você estava quando os seres humanos estavam
matando nossos Dragões, e eu era o único que se vingava?

— Você não era o único, — Ryder disse suavemente.

Rhys e Hal trocaram um olhar quando Ulrik riu.

— Uma batalha, Ryder. É tudo o que durou antes de Con o ter convencido
a voltar-se contra mim.

— Não foi contra você. Nós juramos proteger os seres humanos, — Ryder
argumentou.

As sobrancelhas de Ulrik subiram. — Proteger os próprios seres que estavam


nos matando, nos abatendo? Todos vocês estavam bem com isso? É por isso que
tantos Reis ainda dormem nas montanhas?

— Chega, — disse Rhys. — Você fez o seu ponto, Ulrik. Temos todos
cometido erros. Segure-se em seu ódio, deixe-o corroê-lo. Você quer sua vingança
sobre nós, então venha para nós.

— Oh, eu quero a minha vingança, e vou tê-la, — Ulrik disse calmamente.


— Con pode querer me matar, mas eu quero ver a respiração deixar o seu corpo
também.
Hal balançou a cabeça. — Vocês dois eram tão próximos como irmãos.

— Sim, e é por isso que sua traição cortou tão profundo. — Os olhos de
ouro de Ulrik brilharam com raiva.

— Ele está à procura de uma razão para vir aqui, — disse Ryder.

Ulrik apenas sorriu. — Que ele venha. Ele sabe onde estou com todas as
câmeras me olhando e me seguindo.

Rhys passou a mão pelo rosto. — Sei que não é você que está tentando nos
revelar ao mundo, você consideraria nos ajudar?

— Você tem muita coragem. — Ulrik fez um som na parte de trás da


garganta. — Eu não ajudaria a qualquer um de vocês. Quando eu estava sozinho,
sem minha magia, e incapaz de mudar para a minha verdadeira forma, não vieram
a mim, agora estão à procura de ajuda. Não tenho nenhuma para dar.

Ryder não disse mais uma palavra quando saiu da loja. Hal seguiu um
momento depois, deixando Rhys. Ele e Ulrik trocaram olhares, cada um
recusando-se a desviar o olhar.

— A guerra está chegando.

Ulrik deu um encolher de ombros. — É inevitável.

— Reis Dragões poderiam morrer.


— Por que você se importa? Você sabe que nunca vai ver os seus Dragões
novamente. Você está realmente feliz aqui sem eles? Vigiando os seres humanos
que preferem matar você a viver com vocês?

Rhys sabia que era inútil continuar a conversa. Ele virou-se e saiu, mas ele
não podia esquecer as palavras de Ulrik.

Principalmente porque ele já pensou nelas por si mesmo.

Kiril acordou e abriu os olhos. O CD finalmente parou de tocar em algum


momento no meio da noite, e o silêncio o encontrou. Ele preferia permanecer na
forma de Dragão o resto do dia. No entanto, havia coisas que precisava ver, e com
a mente clara mais uma vez, ele poderia se concentrar melhor.

Ele a contragosto mudou de volta à forma humana e andou nu até as escadas


para a casa principal. O amanhecer estava apenas rastejando ao longo do horizonte,
quando subiu as escadas. Ele ligou a água do chuveiro. Enquanto esperava aquecer,
ele olhou para fora da janela onde sabia que os Escuros observavam.

Era hora dele sacudi-los um pouco, assim como ele perturbou Farrell na
noite anterior. Kiril estava sorrindo quando entrou na água e começou a se lavar.
Até o momento que ele saiu do chuveiro, estava colocando um plano em
andamento. A primeira parte iria levá-lo a Cork por todo o dia e noite.
Ele estava abotoando a camisa quando sentiu o impulso de Con contra a sua
mente. Era hora de sua conversa diária. Kiril sabia que ignorá-lo iria enviar Con e
outros Reis Dragões direto para a Irlanda, mas ele também não podia deixar Con
saber seus planos.

— Con, — disse ele depois de abrir sua mente para o Rei dos Reis.

— Eu entendi que Phelan está dando um passeio na Irlanda.

— Sim.

— E você não o mandou embora?

Kiril olhou para seu reflexo no espelho. — Por quê? Ele não me escutaria de
qualquer maneira.

— Você já esteve aí tempo suficiente para se colocar em perigo. É hora de você voltar para
Dreagan.

— Eu não descobri nada sobre Rhi ainda, desde a noite em que ela foi raptada.

— E você provavelmente não vai descobrir, — Con respondeu cansado.

Kiril franziu a testa e colocou as mãos no topo da cômoda. — Então você


desistiu? Eu sei que você a odeia, mas depois de tudo que ela fez para nos ajudar, você só vai
deixá-la? Com eles?

— Um Fae de Luz não vai voltar depois disto. Se ela não estiver morta, eles vão
transformá-la em uma Escura.
— Isto não está certo, Con.

— O que é mais importante? Um Fae, ou acabarmos com os nossos inimigos que estão
tentando nos expor para o mundo?

Kiril afastou-se do espelho. Maldito fosse por querer torná-los tão simples
como isso. — Você é um filho da puta frio, Constantine.

— Alguém tem que ser.

— Phelan não vai parar de procurar Rhi. Eu não estou pronto para dizer a ele que já
desistimos.

Houve um momento de silêncio antes de Con dizer, — Phelan não pode ser
apanhado pelos Escuros. Se eles descobrem que ele é metade Fae e um príncipe da Luz, eles vão
levá-lo em um instante.

Kiril esteve tão preso em seus próprios problemas com Shara que ele não
pensou muito sobre o que poderia significar se Phelan fosse capturado. — Dê-nos
dois dias. Não importa como, vou tê-lo de volta até lá.

— Dois dias.

Kiril soltou um suspiro quando a conversa terminou e a voz do Con já não


estava em sua mente. Ele tinha apenas dois dias. Dois dias para descobrir se Shara
estava mentindo ou não. Dois dias para descobrir qualquer coisa sobre Rhi.

Não era quase tempo suficiente.


Ele não estava preocupado com ele mesmo. Os Escuros não poderiam matá-
lo, não importa o que eles fizessem, e ele seria condenado se permitisse que eles
mexessem com sua mente como fizeram com outros. Phelan, no entanto, era
diferente. Se Rhi estivesse lá, ela pediria a cabeça de Kiril em uma bandeja por
envolver seu príncipe.

— Droga, Rhi. Por que você teve que ser levada? E de quem foi a bunda que
você chutou?

Kiril passou a mão pelo cabelo e recolheu o comprimento na parte de trás


do pescoço. Ele envolveu um pedaço de couro em torno dele para prendê-lo e
agarrou sua jaqueta. Ele deslizou os braços no casaco e encolheu os ombros.
Depois de ajustá-lo com um movimento dos ombros, Kiril desceu as escadas para
a porta de entrada e pegou as chaves.

Com um puxão firme, a porta se fechou atrás dele. Ele ficou atrás do volante
do Mercedes e colocou a capota para baixo. Um momento depois e o carro rugiu
para a vida enquanto ele dirigia pela propriedade e através do portão de ferro que
fechava automaticamente atrás dele.

Uma calma tomou conta dele naquela manhã, uma vez que ele decidiu sobre
o seu curso de ação. Primeiro o principal. Ele precisava ter uma conversa com
Phelan para estar pronto para sair a qualquer momento. Desde que ele não tinha
ideia de onde Phelan estava, não ia ser fácil. Então, novamente, quando alguma
coisa foi?
Ele chegou a Cork e escolheu estacionar ao longo de uma rua distante do an
Doras. Eventualmente naquela noite ele iria acabar no pub. Até então, ele iria ficar
longe. Kiril saiu do carro e ficou na calçada olhando para as empresas ao redor
dele. Os seres humanos não tinham ideia de que caminhavam, viviam e
trabalhavam ao lado do mal puro dos Faes Escuros. Havia partes de Cork que os
Escuros tendiam a preferir, mas eles infestavam cada polegada da cidade de alguma
forma.

Isso ia tomar a maior parte do dia para conseguir o endereço que ele queria,
mas Kiril não se importava. Ele gostava de mexer a panela, especialmente quando
envolvia Farrell.

Ele foi para o primeiro negócio que viu e o deixou quase imediatamente
quando não viu qualquer Escuro trabalhando. Negócio após negócio, prédio após
prédio, Kiril andava pelas ruas fazendo uma nota mental de onde os Escuros se
congregavam e onde não havia nenhum.

Ao meio-dia ele só cobriu a metade da cidade. Ele estava olhando na janela


de uma loja de joias quando viu os dois machos Faes Escuros o seguindo. Com o
canto do olho, ele viu o movimento. Phelan estava sentado em um banco
conversando com uma senhora idosa. Seu olhar aceso em Kiril por apenas um
momento, mas isso foi tudo que Kiril precisava saber, que Phelan também o estava
seguindo.

Kiril virou-se e atravessou a rua em um pub para o almoço. Ele escolheu


uma mesa na parte de trás que lhe deu uma visão clara da porta. Depois de fazer
seu pedido, Kiril viu Phelan entrar no pub sozinho. Phelan sorriu e se inclinou no
bar para falar com um barman, enquanto outros clientes entravam e começaram a
encher as mesas. A conversa de Phelan foi breve, no entanto. Ele endireitou-se e
caminhou até a única mesa disponível, a mesa por trás de Kiril.

Kiril girou o guardanapo do aperitivo na mesa enquanto ouvia Phelan fazer


seu pedido. As muitas conversas feitas na atmosfera eram altas e difícil de ouvir.
A menos que você fosse um Rei Dragão ou um guerreiro.

— O que você está fazendo? — Phelan sussurrou quando se inclinou para


trás na cadeira, quase tocando em Kiril.

Kiril não viu um único Escuro no pub, mas isso não significava que não
havia seres humanos dispostos a espionar para eles. Ele não tinha certeza do que
o fez pensar que era uma possibilidade. Talvez fosse a maneira como um homem
na casa dos vinte anos furtivamente olhou para Kiril.

— Eu estou procurando por alguém, — disse Kiril.

Phelan bufou. — Você está mexendo em merda.

Kiril reprimiu um sorriso. — Isso também.

— Dois Escuro estão seguindo você.

— Eu já os identifiquei. A propósito, você precisa estar pronto para deixar


a Irlanda.
Phelan colocou todas as quatro pernas da cadeira no chão. — Por quê? Você
descobriu alguma coisa?

— Isso é sobre o que falamos hoje. Eles não vão demorar muito antes de
perceberem o que você é.

— É um risco que tomamos.

Kiril sorriu para a garçonete quando trouxe o seu sanduíche. Ele esperou até
que ela se afastou antes que ele dissesse: — Eu me recuso a enfrentar Aisley porque
você é um idiota.

— Você acha que quero ser o único a dizer a Con que você foi capturado?

Kiril mordeu o sanduíche e engoliu. O olhar do macho humano estava sobre


ele novamente. Kiril devolveu o olhar até que o humano rapidamente desviou o
olhar. — Sob nenhuma circunstância se deixe ser descoberto pelos Escuros.

A comida do Phelan chegou. Ele conversou com a garçonete, fazendo-a


corar. Ela olhou para ele quando se afastou. Quando ela estava ocupada com outro
cliente, Phelan disse, — Idem. Só que você não pode ser levado.

— Esse não é meu plano. — Mas pode muito bem chegar a esse ponto.
Como mais Kiril iria informar-se do que precisava? — Se eu for, entre em contato
com Rhys em primeiro lugar.

— Foda-se, — Phelan murmurou.


Não havia mais nada a dizer. Kiril comeu sua refeição, não sentiu gosto de
nada, pois sua mente estava em outra coisa inteiramente diferente, Shara. Mesmo
enquanto ele dormia na forma de Dragão, ele pensou nela. Ela não veio para ele
na noite passada. Havia inúmeras razões, para o que poderia ter mantido ela
afastada, mas ele continuou a pensar nas piores.

Supondo que ela não estava mentindo para ele e ela não queria tê-lo
capturado pelos Escuros.

Então, novamente, ela poderia ser a sedutora afinal usando timidez


misturada com seu fascínio doce. Tudo poderia ser um ato para puxá-lo
completamente sob seu feitiço. E ele não podia condená-la, ela estava trabalhando.

— Cuidado, — Phelan sussurrou quando ele jogou algum dinheiro sobre a


mesa e saiu do pub.

Kiril pediu uma caneca de cerveja e decidiu permanecer no pub por um


pouco mais. Ele pediu uma caneta da garçonete quando ela trouxe sua bebida e
usou a parte de trás do guardanapo de papel para desenhar um mapa de Cork.

Ele marcou com um X os lugares onde ele encontrou mais do que dois
Escuros. O que lhe mostrou mais claramente do que qualquer coisa como os
Escuros não estavam apenas vivendo em Cork, eles estavam tomando a cidade.

Várias empresas eram propriedade dos Escuros, e várias outras tinham


Escuros trabalhando em meio a seres humanos. Por quê? Por que os Escuros que
pensavam nos seres humanos como brinquedos se colocam tão perto deles?
Kiril permaneceu no pub até que terminou sua cerveja. Ele, então, pagou a
conta e saiu, enfiando o guardanapo no bolso. Ele se virou para a esquerda e
continuou a sua exploração da cidade. Só que desta vez ele não estava apenas
estudando as coisas.

Quatro Escuros olharam para cima quando ele entrou em uma loja de
souvenires. Kiril deu-lhes um sorriso distante. — Quem pode me apontar para a
casa dos Blackwoods?

Seus olhos se arregalaram com a menção de Blackwood. Assim como ele


esperava. A família de Shara era tão poderosa como ela o levou a acreditar.

— Ninguém? — Perguntou.

Quando eles só olharam para ele fixamente com seus olhos vermelhos, Kiril
saiu e entrou no prédio ao lado. Havia apenas uma Escura dentro, e ela estava
fazendo compras. Com um aceno de cabeça para o dono humano, Kiril foi para a
loja ao lado.

Toda vez que ele encontrou um Escuro que estava trabalhando nas
empresas, ele perguntou sobre os Blackwood, e cada vez ele teve a mesma resposta
de medo. Alguns Escuros se atreveram a olhá-lo como se estivesse cavando um
buraco para si mesmo. Eles não tinham ideia de quem ele era. Kiril estava bem
com isso. Quanto menos Escuros percebessem que ele era um Rei Dragão, melhor.

Seria mais fácil para os Escuros capturá-lo se todos eles soubessem quem ele
era, mas reafirmou suas suspeitas sobre Farrell. O idiota estava tentando capturá-
lo por conta própria. Kiril iria fazê-lo pagar por pensar que era assim tão fácil de
tomar um Rei Dragão.

O sol estava mergulhando baixo no céu quando Kiril entrou em uma loja
com vários Faes Escuros. Ele caminhou para o caixa e perguntou: — Você sabe o
endereço da residência Blackwood?

A fêmea Escura rapidamente sacudiu a cabeça e desapareceu por uma porta


na parte de trás. Kiril se virou e começou a caminhar para fora quando uma Escura
entrou na frente dele.

Seus cabelos negros e prateados eram cortados rentes a sua cabeça, e ela
usava um piercing no nariz. Maquiagem pesada cobria o rosto, especialmente os
olhos. Ela batia a biqueira de suas botas de combate no chão no ritmo que
mastigava seu chiclete. — Por que você quer os Blackwood?

Ah. Finalmente alguém disposto a falar. Kiril sabia que isso iria acontecer
eventualmente. — São negócios.

— Você sabe que eles são uma família que não deve mexer, certo? — Ela
perguntou em seu sotaque irlandês pesado.

Kiril sorriu. — Eu aprecio o aviso. Você vai me dar o endereço?

Ela mastigou seu chiclete por alguns segundos antes que também sorrisse.
— Se você é insensato o suficiente para ir lá sabendo o que te espera, quem sou
eu para impedi-lo?
Kiril saiu da loja com um destino e um propósito.
Shara acordou de sua posição na cadeira de espaldar alto e virou a cabeça.
Para prender o olhar com Balladyn.

Seus olhos vermelhos brilhavam com um desejo que até uma mulher cega
podia ver. Ela engoliu em seco, sem saber o que dizer. Tinha sido horas desde que
ele a deixou para cuidar do seu negócio. Quando ele estendeu a mão nunca lhe
ocorreu recusar. No tempo que ela esteve com Balladyn, aprendeu que ninguém
lhe recusava qualquer coisa.

— Você ficou.

Ela olhou para suas mãos unidas. — Você me pediu. — O que mais ia fazer?
Sair depois que ele disse a ela para ficar? Voltar para sua família? Como se ela
pudesse.

— Você não deixou meu quarto.

Shara inclinou a cabeça enquanto suas palavras afundaram. — Você tinha


alguém me vigiando?

Ele não era melhor que sua família vigiando cada movimento que ela fez. A
fúria que ardeu dentro dela era feroz e avassaladora.
Balladyn simplesmente levantou uma sobrancelha negra. — O guarda estava
lá para garantir que ninguém incomodasse você, bem como para providenciar
qualquer coisa que fosse necessário.

Shara desviou o olhar. Seu peito arfava do turbilhão de raiva dentro dela. Ela
queria acreditar nele, mas não tinha certeza se podia. Ela estaria trocando uma
prisão por outra com Balladyn?

— Há... coisas... na minha fortaleza que poderiam prejudicá-la se você


encontrá-las, — disse ele em meio ao silêncio.

Ela sorriu com força, ainda se recusando a olhar para ele. O fato de que ele
não iria liberar sua mão era tudo o que a mantinha ao lado dele. — Certo. Assim
como a minha família mantendo-me presa embora para o meu próprio bem.

Balladyn apertou seus dedos em sua mão e a puxou para mais perto até que
seus corpos se tocaram. Então ele colocou a outra mão contra o queixo e virou o
rosto para trás na direção dele. Ele olhou fixamente em seus olhos. — Você saberia
se eu fosse prender você, Shara.

— Porque você vai me dizer?

— Porque você estará acorrentada.

Shara conteve um estremecimento. Por um triz. — Você mantém muitos


prisioneiros?
— Um pouco. A maioria são Escuros que têm ido contra Taraeth ou
necessitado... persuasão de algum tipo.

Ela não podia acreditar que estava mesmo considerando perguntar a ele
sobre Rhi, mas ela não foi capaz de esquecer as palavras de Kiril. Ele chamou a
Fae da Luz de amiga. Ela não achou que qualquer Fae da Luz ou da Escuridão
fossem amigos dos Reis Dragões. Pelo menos é o que ela aprendeu.

— O que mais você tem aqui? — Perguntou ela.

Ele sorriu e soltou seu aperto em sua mão. — Um inimigo meu. Um Fae da
Luz.

O choque não foi falsificado. Ela pensou que Kiril podia estar errado em
quem ele pensou que prendeu Rhi. Mas ele não esteve. Ela agarrou seu braço com
a mão livre, arregalando os olhos. — Você está falando sério? Você realmente tem
uma Luz aqui?

— Por que é tão surpreendente?

— Eu nunca vi um Fae da Luz. — Não era uma mentira. — Eles são tão
bobos como nós somos ensinados?

Balladyn estudou-a com cuidado. — Eu era da Luz,

— Eu sei.

— Eu era um dos seus mais ferozes guerreiros, Shara. Pareço bobo?


De todas as palavras que ela poderia ter escolhido, ela teve que usar essa.
Simplesmente ótimo. — Você é Escuro agora. Eu assumi que você tornou-se
quem você é quando veio até nós.

— Eu não vim para este lado. Fui levado ferido do campo de batalha, — ele
disse suavemente, severamente.

Não admira que ele considerasse Rhi um inimigo. Se ela tivesse estado com
ele quando foi ferido e deixou-o para ser levado pelos Escuros? Shara não queria
sentir simpatia por Balladyn, mas ela fez. Ela segurou seu rosto antes que pudesse
pensar duas vezes sobre isso. — Sinto muito que você foi levado de sua casa.

Ele cobriu a mão dela, de modo que segurasse cada uma de suas mãos. —
Uma Escura que sente compaixão?

Shara desviou o olhar, de repente, com medo da empatia que ela lhe mostrou.
Não era o que um Escuro faria, deveria fazer. Ela afastou-se dele e deu vários
passos para trás. O fato de que ele a liberou não podia ser um bom sinal. Ela
apertou as mãos para impedi-las de tremer. Associar-se com alguém como
Balladyn poderia significar coisas boas ou coisas muito, muito ruins.

Um pequeno comentário poderia selar sua condenação.

Seus braços caíram para os lados. — Teimosia, obstinação e compaixão. Os


dois primeiros são traços empurrados para nós machos, mas certamente não
fêmeas. Não, — continuou ele em uma voz calma e suave. — As fêmeas precisam
ser complacentes, subservientes e respeitosas.
Ela sustentou o seu olhar enquanto tentava descobrir o que ele ia fazer com
ela. Ele era tão composto e sereno que a deixou a flor da pele.

— Você, a filha de uma família de alta patente, matou fêmeas humanas que
estavam em serviço para sua família. Por quê?

Nem uma vez ela pensou que teria de defender suas ações fora de sua família.
No entanto, aqui estava ela. Era uma pergunta simples, ou ela estava em
julgamento? — Isso importa?

— Importa para mim, — respondeu Balladyn e cruzou os braços sobre o


peito.

Shara uma vez tentou explicar-se à sua família, mas eles não queriam ouvir.
Balladyn também seria o mesmo, ela tinha certeza disso. Não importa o que, mas
ela tinha que lhe dar uma resposta.

— Eu estava com elas nas ruas de Cork. Eu comi com elas, bebia com elas,
e sequestrei-as para a minha família. Eu conheci as mulheres vivazes que eram
antes que fossem reduzidas a massas choronas me implorando para ajudar.

— Implorando? — Perguntou Balladyn com uma careta.

Shara riu quando recordou como duas de suas primas do sexo feminino
agarraram cada um de seus braços para mantê-la imóvel. — Farrell não
compartilhou essa parte? Fizeram-me assistir. Farrell pensou que deveria
confirmar o que a nossa família faz.
— E você nunca viu um macho Escuro submeter uma fêmea humana antes?

— Não. Eu sabia que isto ocorria. Eu só não sabia o que ele iria fazer para
as mulheres.

— Então você as matou.

— Sim. Farrell queria me matar ali mesmo, mas meu tio me trouxe até meu
pai.

— Obviamente, o seu pai não concordou com Farrell.

Shara afrouxou os dedos. Se ela ia morrer, então faria isso com coragem. —
É por isso que me manteve com você? Você queria saber tudo? Para ver se eu iria
estragar tudo e provar que não sou uma verdadeira Escura?

Um minuto inteiro se passou em silêncio antes de Balladyn deixar cair os


braços e virou-se para caminhar até a porta. — Siga-me.

Suas pernas tremiam e seus pés pesavam, mas ela caiu no passo atrás de
Balladyn. Seus passos eram longos, fazendo-a acelerar o passo para ficar com ele.
Ele levou-a para baixo, abaixo do grande salão para o calabouço. Balladyn não
parou até que ficou na frente de uma porta de metal sólida. Shara olhou da porta
para ele.

— Vá para dentro, — disse Balladyn com uma voz dura.

Então, isso é o que viria a ser dela. Ele disse que ela saberia quando a
aprisionasse. Era sair de uma prisão para outra. Ela apertou os dentes quando ele
a fez abrir a porta. Apenas um idiota certificado faria um prisioneiro abrir a sua
própria porta da cela.

A pesada porta se abriu silenciosamente. Shara olhou para dentro da prisão


escura para ver alguém acorrentada na parede oposta. A cabeça da prisioneira
pendurada ao seu peito enquanto ela estava meio deitada, semi-sentada.

— Veja Rhi, — Balladyn disse atrás dela.

Shara ficou horrorizada com a visão da Fae da Luz. Ela empurrou o olhar
para Balladyn. — Por que você me trouxe aqui?

— Para mostrar o que vou fazer para quem se atrever a dizer que você é
inferior.

Shara piscou completamente confusa. — Você não está... desapontado


comigo?

— Muito pelo contrário. A maioria dos Escuros iriam cegamente até


extinguir as suas necessidades e desejos. Eles não pensam em ninguém e nada além
de si mesmos. Você tem uma mente forte e uma forte vontade de fazer o que é
certo para o seu povo.

Por que, então ela queria correr de volta para Cork para que pudesse dizer a
Kiril que ela sabia onde Rhi estava sendo mantida? Que não tinha nada a ver com
o bem dos Escuros, e tudo a ver com... Kiril.

— Você pensa em vez de apenas agir sobre o que é esperado de você.


Shara olhou para Rhi. A Fae da Luz estava coberta de sujeira, seu cabelo
preto pendurado frouxamente ao redor dela. À primeira vista, Rhi parecia morta.
Ela não tinha que perguntar para saber que Balladyn passou a noite torturando
Rhi. Era isso que era necessário para transformar uma Luz para Escuro? É o que
aconteceu com ele?

— Você se lembra de ser da Luz? — Ela sussurrou.

— É como se tivesse acontecido a outra pessoa, mas retenho algumas


memórias.

— Como você transforma uma Luz para Escuro? — Ela realmente não
queria saber, mas tinha que ter a informação. Para si e para Kiril.

— A tortura é sempre um bom começo. Leva décadas e, às vezes séculos


para transformar um da Luz.

Shara fechou os olhos. Balladyn disse com tal naturalidade que ela não
duvidava dele. — E nenhum da Luz pode suportar esta tortura?

— Não é só a tortura. Nós entramos em suas cabeças e aprendemos o que


eles mais se importam. Em seguida, usamos contra eles.

— Com quem Rhi se preocupa mais?

— Seu amante Rei Dragão.

Os olhos de Shara se abriram. Então era verdade. Ela olhou para Balladyn.
— Por que você é o único com Rhi? Por que Taraeth não a tem?
— Porque quero minha vingança, — disse Balladyn com os dentes cerrados.

Ela deu um passo para trás e correu para a porta. Ela sabia que deveria deixar
as coisas como estavam, e ainda assim ela perguntou: — Por quê?

— Ela era minha amiga, a única família que eu tinha. Ela me deixou no
campo de batalha para ser encontrado por Taraeth.

— Será que os Reis Dragões sabem que você tem ela?

— Eu duvido que eles se importem. Seu amante a deixou, Balladyn disse


com um sorriso triunfante. — Eles não se preocupam com ela, não importa o que
ela possa esperar.

Shara olhou para Rhi novamente. Se apenas Balladyn soubesse a verdade, ele
não seria tão descuidado. Shara viu o olhar nos olhos verdes de Kiril. Ele iria
encontrar Rhi. O que ela não faria para ter alguém se sentindo assim sobre ela.

Balladyn de repente tomou sua mão, voltando sua atenção para ele. — Eu
quero você como minha, Shara. Quero que governe esta fortaleza ao meu lado.

Ele estava oferecendo exatamente o que ela esperava, e ainda assim ela estava
achando difícil de dizer sim. Felizmente, ele não deu a ela uma chance de
responder.

— Começa esta noite, — disse ele e puxou-a para fora da cela para fechar a
porta. Ele tinha a mão em suas costas enquanto a guiou para fora das masmorras.

— O que começa hoje à noite?


— Sermos vistos juntos.

Juntos? Não tinham já sido visto por todos no seu complexo? E então ela
entendeu. — Vistos onde?

— Eu pensei que era hora para visitar an Doras.

— Farrell vai estar lá, — disse ela quando chegou ao degrau mais alto e
caminhou pelo corredor para entrar no grande salão.

Balladyn riu e colocou seu braço ao redor dela. — Exatamente. Eu acho que
está na hora dele e eu trocarmos umas palavras. Ele precisa saber que não será
aquele que capturará o Rei Dragão em Cork. Vai ser eu.
Kiril não teve dificuldades em encontrar a comunidade residencial exclusiva,
nos arredores do centro da cidade de Cork. Ele dirigia pelo bairro até encontrar o
endereço.

A Casa Branca tinha três andares e tinha vistas deslumbrantes sobre a


paisagem com o rio Lee afiando os jardins de volta. Era grandioso e imponente.
Exatamente o tipo de casa que um Escuro ocuparia.

Ele estacionou o carro e olhou para a casa por um momento. Kiril meio que
esperava que Farrell viesse correndo para fora exigindo que ele saísse. O silêncio
desmentiu o mal que residia dentro da casa.

Kiril foi até a porta da frente quando a última luz do dia desapareceu. Ele
não teve que esperar muito tempo depois de sua batida. Uma fêmea Escura em
um vestido preto e avental branco abriu a porta. A imagem que ela apresentou foi
tão estereotipada que Kiril teve que lutar para não rir.

— Sim? — Perguntou ela com altivez.

— Estou aqui para ver o Sr. Blackwood.

— Ele não está, — disse ela e tentou fechar a porta.


Kiril enfiou o pé para parar a porta de bater na cara dele. — Ele vai querer
ouvir o que tenho a dizer. Chame-o. Agora.

Ela olhou para ele com os olhos vermelhos antes que olhasse para seu pé.
— Eu não vou deixar você entrar. Mova seu pé para que eu possa fechar a porta
enquanto o encontro.

Tirou o pé. Um segundo depois a porta se fechou. Kiril olhou para a porta
preta. Se tivesse de fazê-lo, ele iria quebrá-la para chamar a sua atenção.

Enquanto os minutos passavam, ele estava se preparando para fazer


exatamente isso, quando a porta se abriu novamente. Um homem com cabelo
curto prata penteado para trás ficou na porta olhando-o com olhos vermelhos
apertados. Ele usava uma camisa preta fina com as mangas enroladas por cima dos
cotovelos e calças escuras.

Pela ausência de preto em seu cabelo, Kiril adivinhou que o escuro teria
vários milhares de anos de idade. Apenas uma gota no balde dos anos que Kiril
andou na Terra.

— Como você me encontrou? — Blackwood exigiu.

Kiril ergueu os ombros com indiferença. — Isso realmente importa?

— Isto importa sim. Nós cuidaremos deles, — o pai de Shara disse


friamente. — Assim como cuidaremos de você.
Kiril estreitou seu olhar sobre o homem. Ele segurou a juventude e beleza
de um Fae, mas as marcas do mal não puderam ser escondidas como o cabelo de
prata e o brilho desaparecendo da luminosidade de um Fae. — Eu não tenho medo
de ameaças.

— Não é uma ameaça.

— Você quer fazer isso aqui? — Kiril perguntou e apontou com seu braço
para indicar o bairro tranquilo. — Em meio a todos os seres humanos de forma
apropriada? Eu vou estar feliz com isso.

O Escuro cruzou os braços sobre o peito, os narinas dilatadas. — O que


você quer?

— Shara.

— Então ela chegou até você, — afirmou com um sorriso triunfante.

— Eu quero vê-la.

— Ela não está aqui.

Kiril se irritou com o tom gelado. Por mais que ele queria ver Shara, não foi
por isso que ele realmente veio. Nem acreditava que Blackwood iria enviar Shara
se ela estivesse em casa.

— Isso é tudo? — Blackwood perguntou com um suspiro. — Você veio


aqui implorando pela minha filha como um tolo apaixonado?
Kiril apenas sorriu. — Não. Eu vim para algo completamente diferente. Eu
só queria ver se Shara estava por perto.

— E o que poderia ser, Rei Dragão?

— Os jogos que Farrell está jogando estão ficando velhos. Se ele quer tentar
me capturar, diga-lhe para ir em frente.

Blackwood deixou cair os braços e saiu da casa. — Você tem muita ousadia
vindo para minha casa e me ameaçando.

Kiril riu e sacudiu a cabeça. — Ah, o processo de pensamento de um Escuro


nunca fica velho. E só para que fique claro, isto não é uma ameaça.

Ele virou-se e caminhou até seu carro. Kiril desejou que o idiota tentasse
levá-lo em seguida, mas nada aconteceu. Ele entrou no carro e foi embora com
Blackwood ainda de pé na soleira da porta.

Kiril esperava que Phelan lembrasse suas palavras de cautela de mais cedo.
Não havia tempo suficiente para avisá-lo agora. Suas ações não eram a coisa mais
inteligente, mas ele estava cansado de esperar. Ele precisava de ação e uma
resposta.

E ele se recusava a deixar a Irlanda sem alguma ideia de onde Rhi estava.
Não importa o que disse Con.
Kiril não seria capturado. Ele não tinha nenhuma mulher que poderia usar
contra ele, porque embora ele ansiasse por Shara, ela era um deles. Eles não iriam
machucá-la.

Ele não tinha nada a perder e tudo a ganhar. Foi por isso que seu plano iria
funcionar tão perfeitamente. As palavras trocadas com Blackwood iriam colocar
as coisas em movimento. Farrell era ganancioso e queria o reconhecimento por ser
o único a pegar um Rei Dragão.

Quanto a Shara... Suas ações provariam sua inocência ou culpa com sua
família.

Kiril dirigiu em Cork e estacionou. Ele fechou a capota antes que entrasse
na churrascaria. Ele sentou-se no bar e pediu um pinot noir, enquanto esperava
por sua mesa. O copo estava apenas meio vazio quando ele estava sentado em uma
cabine isolada em um canto.

Ele levantou o cardápio para olhar quando alguém deslizou para o banco à
sua frente. Kiril baixou o cardápio para ver ninguém menos que Farrell.

— Você quer uma guerra, Rei Dragão? — Farrell se inclinou sobre a mesa
e falou com os lábios apertados. — Eu vou dar-lhe uma.

— Os Escuros já começaram a guerra, imbecil. Se você tivesse vindo a


desempenhar sua liderança, ao invés de ficar jogando, você poderia saber disso.

O olho esquerdo de Farrell começou a se contorcer no canto. — Jogando?


Você acha que eu tenho jogado?
— Alguns nascem para liderar. Outros para seguir ordens. Eu percebi o que
você era desde a primeira vez que te conheci.

— Mentiroso.

Kiril se inclinou para trás e descansou um braço na parte de trás do banco.


— Suas habilidades em enganar estão necessitando serem trabalhadas.

— Você não sabe tudo, — disse Farrell com um sorriso.

Kiril se perguntou se ele já foi tão jovem e estúpido. — Você quer dizer
Shara? Eu vi através de seu glamour imediatamente.

— Mentiroso. — Houve pouco calor em sua voz, apenas cautela.

Kiril revirou os olhos. — Será que você não conhece outra palavra.

— Você trouxe-a para a sua casa. Você procurou por ela hoje.

— Tudo para fazer você pensar que ela chegou a mim. Shara é linda. Para
uma Escura. Mas ela não conseguiu me seduzir.

Kiril esperava que Farrell comprasse a mentira, porque ele as sentiu como o
ácido em sua língua. Se eles soubessem o quão profundamente Shara penetrou em
sua psique, eles estariam mais do que dispostos a usá-la contra ele.

Farrell olhou para ele enquanto os minutos se estendiam. — Eu prometi ao


meu pai que ia capturá-lo, e não faço uma promessa que não posso cumprir.

— Você não pode manter.


— Vamos ver sobre isso, — ele disse e deixou o restaurante.

Kiril foi finalmente deixado sozinho para comer a sua refeição. Ou então ele
pensou. Ele estava quase comendo seu bife quando avistou um Escuro do lado de
fora do restaurante esperando por ele. Kiril se levantou e foi até a cozinha, onde
ele entregou ao garçom um maço de dinheiro.

— Senhor? — O garçom perguntou em confusão.

Kiril assentiu para o dinheiro. — Isso é pela refeição, com uma grande
gorjeta. Eu preciso que me mostre uma saída nos fundos.

O garçom embolsou o dinheiro. — Por aqui.

Kiril seguiu o homem, espalmando e impulsionando a adaga no bolso. Ele


deu um aceno de agradecimento para o garçom quando saiu pela porta dos fundos
e suavemente fechou a porta quando viu um Escuro descansando contra o canto
do edifício.

Ele aproximou-se por trás do Escuro e mergulhou o punhal em seu pescoço.


A necessidade de batalha sentou-se pesadamente em seu peito, fazendo Kiril
cobiçar mudar e ir para o céu, ondulando gelo e fogo.

Mas não houve nenhuma mudança, nenhum ar correndo ao longo de suas


escamas. Havia apenas escuridão e maldade, apenas a raiva e morte. Os Escuros
pensaram que poderiam derrotar os Reis. Se Kiril tivesse que matá-los um de cada
vez, ele iria provar que os Reis não seriam derrotados.
Kiril caminhou em direção à frente do restaurante. Ele estava quase em cima
de seu adversário quando o Escuro virou-se e o viu. O Escuro enviou
imediatamente uma bola de magia diretamente para Kiril, levando-o a mergulhar
para o lado. Ele caiu de joelhos quando a adaga voou de sua mão penetrando no
peito do Escuro.

Ele olhou em volta, à espera de mais Escuros para atacar. Kiril se levantou e
pegou o punhal, esquivando-se nas sombras, quando os seres humanos vieram
correndo para fora da churrascaria com a visão dos Escuros mortos.

Shara alisou as mãos para baixo no vestido preto que moldava ao corpo
como uma segunda pele. A frente ficava bem assentado em seus seios, mostrando
apenas uma sugestão do decote. Seu cabelo estava preso na parte de trás de sua
cabeça e caiu em longos cachos soltos em torno dela.

Ela olhou no espelho mais uma vez para verificar a maquiagem quando viu
Balladyn olhando para ela no espelho. Shara virou surpresa ao vê-lo uma vez que
ela não o ouviu entrar.

Balladyn afastou-se da porta e acenou com a cabeça em aprovação. — Você


está linda.
— Obrigada pelo vestido, — ela disse ainda nervosa sobre ser vista com ele.
Que causaria um alvoroço em sua família, mas isso não era com o que ela se
preocupava.

Era Kiril. E se ele estivesse no pub como sempre estava? Ela seria capaz de
ignorá-lo, fingir que não sabia qual o sabor dos seus beijos, que ela não sabia como
era bom tê-lo dentro dela?

O sorriso de Balladyn aumentou. — O prazer é meu. Gosto de dar-lhe as


coisas.

Ele também trocou para uma camisa de botão de seda preta e calças pretas.
Seu cabelo, mais uma vez foi deixado para baixo com apenas tranças nas têmporas
puxando para trás para mantê-lo fora de seus olhos.

— Pronta?

Ele queria uma mulher forte, então ela não podia vacilar agora, não importa
a quão assustada estava com o resultado. — Sim.

Ela aceitou o braço e caminhou de sua câmara ao seu lado. Logo que
desceram para o grande salão, Shara notou que as gaiolas cheias com os humanos
foram embora como foram todos os Escuros descansando sobre almofadas. Agora
só tinha soldados, tanto Escuros masculinos e femininos, enchiam o salão.

— Eles são para quando o Rei Dragão for trazido aqui. Não estou dando
nenhuma chance, — disse Balladyn.
— E Taraeth não pode se dar ao luxo de ter outro Rei escapando de suas
garras.

Balladyn deu um leve aceno de cabeça enquanto atravessavam o grande salão


e dez soldados saíram em um passo atrás deles. — É isso também.

— Eu não aconselho a levar seus homens para o pub, — ela disse, e olhou
para eles por cima do ombro. — Farrell vai atacá-lo imediatamente.

— Eu não acho que seu irmão seja tão burro.

— Ele não é normalmente, mas considera o pub seu domínio.

— É sobre ser meu, — Balladyn indicou quando chegaram à porta Fae que
iria levá-los para o meio de Cork.

Shara respirou fundo e entrou pela porta. A fortaleza de Balladyn


desapareceu quando as imagens e sons de Cork encheram seus sentidos. O sol se
punha e as luzes da rua afugentaram as sombras. O pub ficava há apenas um par
de ruas. Ela ficou parada enquanto Balladyn mandou seus homens para dividir e
cercar o an Doras.

Enquanto ela andava com Balladyn para o an Doras, seu olhar se lançou sobre
o ombro, esperando que ela não visse Kiril e desejando para caramba que o fizesse.
Seu coração batia forte em seu peito, quanto mais perto que eles chegavam ao pub.
Tudo o que ela queria era se encaixar em sua família, mas percebeu tarde demais
que queriam que ela fosse algo que não era, algo que não podia ser.
Eles nunca iriam aceitá-la por quem ela era, e nada que fizesse para provar
seu merecimento seria suficiente para eles. Isto deixou um gosto amargo na boca.
Foi seu amor por sua família que a cegou para a verdade?

Mais importante ainda, por que não podia ter percebido isso quando estava
com Kiril?

Balladyn não diminuiu seus passos quando chegou à porta do pub. O guarda
Escuro de pé tropeçou em seus pés para abrir a porta para eles. Todos conheciam
Balladyn e sua reputação. Ninguém se atrevia a ir contra ele em nada.

Como isso iria enfurecer Farrell.

Shara não podia esperar para ver o resultado. Ela ergueu o queixo quando
eles andaram no interior do pub. O lugar ficou mortalmente tranquilo, exceto pela
a música tocando enquanto as conversas cessaram e todas as cabeças viraram para
eles.

Balladyn apenas sorriu e guiou-a para o bar. Ele puxou uma cadeira para ela
e pediu-lhes bebidas. Shara não queria o vinho que ele pediu para ela, mas ele não
pediu sua opinião.

Ele escolheu o vestido, disse a ela como usaria seu cabelo, e pediu sua bebida.
Era esta uma pista de como sua vida seria de agora em diante? Ele queria uma
mulher que sabia o que queria, e ela ia dar-lhe isto.

Shara empurrou a taça de volta para o barman. — Eu vou tomar um uísque.


Os olhos de Balladyn se contraíram nos cantos quando ele sorriu para ela
antes que o sorriso desaparecesse e ele olhasse ao redor do pub.

Seu copo de uísque foi posto em frente a ela por um barman com medo, que
continuou olhando para Balladyn. Todos que trabalhavam no pub eram Escuros.
Os únicos seres humanos foram os que se atreveram a entrar para uma bebida.

Balladyn olhou para ela quando inclinou um braço no bar e manteve o outro
na parte de trás da cadeira dela, prendendo-a. Ele piscou para ela, ignorando o
barman. A conversa em todo o pub gradualmente começou novamente.

Não demorou muito para a notícia chegar a Farrell em seu escritório na parte
de trás. Ele abriu a porta e encontrou o olhar dela. Houve uma mudança sutil em
Balladyn quando ele tomou conhecimento de Farrell.

Seu irmão caminhou com raiva para ela. Farrell acenou para Balladyn antes
que voltasse o olhar vermelho para ela. — Onde você esteve?

— Isso não é da sua conta, — afirmou Balladyn e tomou um gole de uísque.


— Ela não responde a você.

O músculo na têmpora de Farrell se contraiu, sinalizando sua fúria. — Ela é


minha irmã. Ela é assunto meu.

— Não mais, — Balladyn disse calmamente. — Ela vai deixar de responder


a você ou qualquer outra pessoa em sua família. Ela é minha.
Não há mais de duas quadras da churrascaria, Kiril encontrou três Escuros
rastreando-o. Levou mais de uma hora, mas com alguma ajuda de um grupo de
estudantes universitários e uma muda de roupa, ele conseguiu chegar longe o
suficiente para que eles não o vissem saltar para o telhado de um edifício.

Kiril permaneceu lá o tempo suficiente para determinar que eles não


soubessem onde ele estava. De lá, ele foi para o an Doras. Ele sorriu quando os
avistou reunidos fora do pub falando apressadamente, suas mãos se movendo
agitadamente enquanto falavam.

Nunca ocorreu aos idiotas que ele poderia aparecer no pub. Alguns segundos
depois, e os três se separaram novamente. Nenhum queria dizer a Farrell que o
perderam.

Kiril permaneceu no isolamento das sombras em um beco estreito entre dois


prédios, dando-lhe uma visão perfeita da porta do an Doras para que ele pudesse
ver quem estava indo e vindo.

O grande número de seres humanos, especialmente mulheres, que entraram


no clube confundia a sua mente. Como um Rei Dragão, ele foi empossado para
proteger a humanidade, mas como ele poderia, quando poderiam ser tão
incrivelmente estúpidos?
Será que eles não sentiam o mal do pub? Será que eles não notaram como
poucas fêmeas saiam do pub inalteradas, de alguma forma? Será que eles não
achavam os olhos vermelhos estranhos?

Era em momentos como estes que faziam Kiril achar que Ulrik estava certo
em querer acabar com a raça humana. Eles não queriam a proteção dos Reis
Dragões, tinham em vez disso tentado matar os Dragões.

E, no entanto, de tempos em tempos através dos milênios, os Reis Dragões


mantiveram a Terra e os seres humanos seguros de conhecerem os horrores que
existiam em outros reinos.

Os Reis fizeram isso enquanto escondiam o que eles realmente eram. Se os


seres humanos descobrissem tudo, haveria poucos que agradeceriam aos Reis
Dragões. Os poucos seriam superados em número por aqueles que iam querem
matar ou escravizar os Reis, e ainda outros que queriam dissecá-los.

Isto fez Kiril doente. Para conhecimento os Reis Dragões foram tão longe,
incluindo o envio de seus próprios à distância, pelos seres humanos e isto o fez
querer bater em alguma coisa. Nenhum ser humano jamais iria entender o que
fizeram a cada Rei Dragão ter que assistir os Dragões voando através da Ponte do
Dragão para outro reino.

Havia um pedaço faltando em cada Rei, e foi levado uma vez que os Dragões
partiram. Era uma peça que permaneceria perdida até que os Reis se reunissem
com os Dragões. E isso nunca iria acontecer na Terra, enquanto os seres humanos
a habitassem.

Kiril não odiava os seres humanos. Ele não sentia nada por eles. Os únicos
que ele poderia tolerar eram as fêmeas que acasalaram com outros Reis Dragões.

Cassie, Elena, Jane, Denae e Sammy eram diferentes dos outros seres
humanos. Sua compaixão era imensa, suas mentes abertas às possibilidades, e mais
do que qualquer coisa, cada uma arriscou sua vida por um Rei Dragão.

Não haveria uma fêmea humana como essas para ele. Kiril sabia disso nas
profundezas de sua alma. Outros Reis Dragões como Rhys procuravam as fêmeas
para nada mais do que aliviar seus corpos, mas Kiril estava perfeitamente contente
de nunca ter uma em sua cama.

Seu olhar aguçou sobre o pub quando um casal Escuro correu para fora do
prédio, olhando por cima de seus ombros. O que estaria acontecendo lá dentro?
Kiril desejava fazer a sua entrada, eventualmente, e ele estava pensando se era a
hora certa.

O som de sapatos de salto alto sobre os paralelepípedos tirou sua atenção do


pub. Uma mulher com cabelo vermelho em cachos apertados e um vestido azul
que mal cobria sua bunda andava em um tropeço embriagado. Ele pensou que ela
poderia passar por ele, porque ninguém podia ver tão profundamente nas sombras.
No entanto, a mulher veio direta para ele.
— Aí está você, — ela praticamente ronronou com um sotaque irlandês
pesado. Quando ela chegou até ele, esfregou seu corpo contra o seu lado, com as
mãos em todos os lugares.

Kiril manteve os braços ao seu lado e virou a cabeça. Ela iria embora assim
que percebesse que ele não queria nada com ela. — Eu acho que você pegou o
homem errado.

— Tenho certeza de que não.

Ele olhou para ela ao descobrir que embora sua voz e as ações fossem
sedutoras, seu olhar estava sóbrio e direto. — Você me encontrou. O que você
quer?

— Dar-lhe uma mensagem. — Ela puxou sua cabeça para baixo e beijou-o.

O beijo foi bom, mas nada que o agitasse como Shara fazia. Kiril não se
afastou enquanto ele deixou-a levar o beijo. Tudo até agora foi um show para os
humanos. Ele suspeitava que o beijo fosse também. De qualquer forma, sua
concentração sobre o que estava acontecendo em torno dele não diminuiu.

Ela terminou o beijo e colocou os braços firmemente sobre o seu pescoço


para que sua boca ficasse grudada com sua orelha. — Phelan diz que Balladyn está
lá dentro.

— Muito interessante. — Ele tentou recuar, mas ela segurou firme.

— Isso não é tudo. Balladyn não está sozinho. Shara está com ele.
O olhar de Kiril voltou-se para a porta do an Doras. Balladyn e Shara? Era
onde ela estava? Com esse bastardo?

A mulher o soltou e deu um passo atrás. — Isso é tudo o que eu tenho.

— Obrigado. Eu sugiro que você saia esta noite da cidade.

— Eu não sei o que está acontecendo, mas vejo você olhando para o an
Doras. Eu diria para você não entrar. Esse lugar é... errado. Dois dos meus amigos
entram. Um que nunca mais vimos, e isso foi há seis meses. O outro não é a mesma
pessoa que era antes.

— Por que ficar aqui, então?

Ela deu de ombros e se abraçou. — Eu paro tantas pessoas de ir lá, quanto


posso. Eu apenas pensei que deveria avisá-lo.

Kiril considerou a mulher por um momento. Aqui estava um ser humano


arriscando sua vida, exortando outros a não entrar no pub. — Se aqueles que
administram o an Doras descobrir o que está fazendo, eles podem matá-la.

— Eu sei.

— E você está disposta a se arriscar? Por quê?

— Os outros devem saber. Meus amigos não o fizeram, e olha o que


aconteceu com eles. Talvez se alguém lhes tivesse avisado eles não teriam ido para
aquele lugar.
Se os Escuros não estivessem na Irlanda, a mulher não sentiria a necessidade
de arriscar sua vida todos os dias para salvar outros. Os Escuros. Eles eram uma
praga que foi autorizada a reproduzir na Irlanda impunimente.

— Sinto muito, — disse Kiril.

A mulher inclinou a cabeça para o lado, seus cachos mudando com ela. —
Por quê?

— Por deixarmos o mal se multiplicar.

— O mal é mal. Está em toda parte. Não é sua culpa.

Como ela estava errada. A culpa estava com cada Rei Dragão. As Guerras
Faes foram há milhares de anos, e quando os Faes Escuros e da Luz finalmente
admitiram a derrota e assinaram o tratado, os reis só quiseram voltar para dias em
que não se envolviam em combates constantes.

Sua apatia permitiu que os Escuros permanecessem na Irlanda, confiando


que os demônios cumpririam o tratado. A Luz tinha, em certa medida, mas não os
Escuros. Eles sempre tentaram encontrar uma maneira de contornar as coisas.

Kiril agarrou o braço da mulher quando ela foi se virar. — Vá para casa esta
noite. Confie em mim. Você não vai querer estar aqui.

— Talvez você devesse ir para casa também?

— Oh, eu vou. Com certeza em breve.


Ela sorriu e caiu sobre ele enquanto tropeçava bêbada, fora do beco, seu ato
mais uma vez no lugar.

Kiril tremia de raiva. Ele disse a Shara sobre Balladyn, disse a ela que era o
Escuro que levou Rhi. Ela não disse que o conhecia. Na verdade, ela admitiu não
saber quem era Balladyn. Ele começou a suspeitar que Shara tivesse jogado mais
do que ele percebeu. E dane-se tudo, ele ainda ansiava por seu toque.

Ainda desejava segurá-la.

Ainda sentia a fome enchendo seu corpo.

— Eu ouvi que Balladyn está lá, — um macho Escuro disse quando passou
correndo pelo beco, onde Kiril se escondeu.

Um segundo Escuro com ele esfregou as mãos. — No pub de Farrell? Isso


deve ser interessante. Eu nunca pensei que Farrell seria um bom líder para nós.

O primeiro segurou o braço do segundo. — Não seja estúpido em dizer essas


coisas em voz alta. A família Blackwood tem um monte de aliados.

— E um monte de inimigos.

Eles dois continuaram a conversa, mas estavam muito longe para Kiril poder
ouvir o resto. Parecia que o aparecimento de Balladyn estava causando bastante
agitação. Os Fae Escuros de toda Cork estavam chegando ao an Doras.

— Oh, por favor, que seja ele, — disse uma voz feminina queixosa chegando
mais perto com cada palavra.
Kiril permaneceu imóvel enquanto se concentrava na conversa.

— É, — disse outra mulher, com uma voz rouca. — Eu sei disso. Ele vai
ser meu.

Uma terceira bufou. — Eu ouvi que ele encontrou sua mulher.

— Quem? — Exigiu a segunda voz que passou pelo beco.

A primeira sorriu animadamente. — Sim, quem?

— A irmã de Farrell, Shara, — disse a terceira.

Kiril parou de ouvir. Ele queria rasgar algo em pedaços, mudar em forma de
Dragão e soltar uma bola de fogo direto no pub. E se Shara estivesse com
Balladyn? Ele teve uma noite com ela. Não significava nada.

Mentiroso.

— Meu pai não deu permissão, — disse Farrell a Balladyn. — Ele é o chefe
da família e decide quem vai se casar com Shara. Não vai ser você.

Shara tomou um gole de uísque. Pela primeira vez, ela sabia que Farrell não
ia ganhar. E nem o seu pai. Era difícil não conter sua alegria ou o sorriso eminente.
Será que eles se sentiriam tão impotentes quanto ela se sentiu? Será que eles sabem
a fúria fútil que se aninhava como uma massa fria em seu estômago? Ela esperava
que sim, especialmente quando se tratava de Farrell. Ele era uma doninha, um
bastardo de primeira linha.

— É mesmo? — Disse Balladyn e enfrentou Farrell. — Você acha que é


alguém importante por causa de sua família.

Farrell regozijou-se, seu sorriso cruel. — Sei quem eu sou. Ninguém vai
contra os Blackwood.

— E quem é o braço direito de Taraeth? Quem comanda com o respeito o


exército dos Escuros? Quem está invicto?

— Isso vai mudar em breve, — Farrell declarou confiante.

Balladyn sorriu, mas não alcançou seus olhos. No curto espaço de tempo
que Shara esteve com ele, ela sabia que era um sinal de que ele quase chegou ao
seu limite. Seu irmão, o idiota, não sabia disso.

Farrell manuseou o nariz para ela. — Além disso, pensei que depois do que
eu lhe falei sobre ela, você soubesse o suficiente para ficar longe. É uma questão
de tempo antes que eu possa matá-la.

— Para quantos outros você contou o segredo de sua família? — Balladyn


perguntou em voz baixa, desmentindo a fúria que ela podia sentir.

Farrell deu de ombros, sem se importar que ele estivesse pisando em gelo
fino.
Balladyn fechou a pequena distância entre eles até que estava olhando para
Farrell. — Quantos. Muitos?

— O suficiente para me certificar de que a cadela estúpida estivesse sempre


sozinha.

O copo de uísque escorregou de seus dedos dormentes para quebrar no


chão. Seu segredo que nunca foi suposto deixar a família, foi espalhado por toda
Cork. Shara sentiu-se mal.

Mas ela também estava furiosa.

— Você deu sua palavra ao Pai, — disse a Farrell. — Você traiu, a mim e
toda a família.

Farrell se aproximou e a agarrou pelo braço e arrastou-a gritando para fora


da cadeira, — Ele deveria ter me deixado matá-la!

O que quer que ele fosse dizer foi cortado quando Balladyn bateu o punho
em sua mandíbula. Farrell caiu no chão, puxando-a com ele desde que ainda estava
segurando seu braço.

Balladyn gentilmente puxou-a e sentou-a na cadeira. Então ele virou-se para


Farrell. — Como disse Shara, você traiu sua família. Isso é imperdoável para um
Escuro.

Farrell estava segurando o queixo quando se inclinou sobre um cotovelo,


sangue escorrendo de seu lábio arrebentado. — Isto é aceito quando é merecido.
— E você pensando que poderia capturar um Rei Dragão sozinho?

Com isso, Farrell ficou em pé. — Eu vou ter sucesso. Eu estava ganhando
terreno.

— Por ter bebido com ele?

— Shara foi seduzi-lo.

Ela queria chutar Farrell nas bolas. Não que ele soubesse como manter sua
boca fechada?

O olhar de Balladyn virou-se lentamente para ela. Havia assassinato em seus


olhos, para ela.
— Você sabe quem é este Rei Dragão? — Balladyn perguntou em um tom
gelado que ameaçava sugar toda a coragem de Shara dela.

Ela se recusou a se encolher para Balladyn. Ele poderia matá-la com uma
explosão de magia. Como ela poderia mesmo ter considerado a ele como sua
salvação?

— Sim, — respondeu ela.

Balladyn a enfrentou, sua dor promissora no olhar vermelho para ela por sua
omissão. Ele baixou o queixo, os lábios puxados para trás em um sorriso cruel. —
Quem é ele?

Shara abriu os lábios, sua mente correndo com opções quando Farrell riu
alto. O olhar de Balladyn deslizou para ele, um brilho perigoso em seus olhos.

Farrell apoiou-se no bar atrás da cadeira de Shara sorrindo como um gato


que encontrou o creme. — A cadela soube manter a boca fechada. O Rei Dragão
é nosso para tomar.

Pela primeira vez Shara estava grata pela arrogância e descaramento de


Farrell. O olhar de todos no pub estavam em Balladyn. Ele agarrou Farrell e
empurrou-o de volta, só para jogá-lo contra o bar.
Mágica girava em torno de Balladyn, pois ele reuniu-os em uma de suas mãos.
— Eu acho que é hora de você e eu irmos para um entendimento, Farrell. Meu
entendimento.

Shara saltou quando a primeira rodada da magia atingiu Farrell no estômago.


Ele gritou, seus olhos fechando com força contra a dor. Alguns bravos Escuros
escaparam do pub e fizeram uma corrida para fora dele, enquanto outros
permaneceram paralisados tanto com sorrisos ou máscaras de medo enquanto
observavam Balladyn.

Shara aproveitou a oportunidade para deslizar do banco do bar e lentamente


se afastar. A qualquer momento, os homens de Balladyn viriam para o pub, e ela
queria estar muito longe até então.

Ela chegou ao final do bar sem que Balladyn notasse. Mais dois passos e ela
virou a esquina fora de sua vista. Ela não esperou mais um segundo para se tele
transportar para fora do pub.

Shara apareceu nas docas. Ela encolheu-se quando foi imediatamente


embebida na chuva. Um olhar ao redor mostrou que ela estava felizmente sozinha.
Ela colocou os braços em torno de si e estava prestes a desaparecer novamente,
quando percebeu que não tinha para onde ir.

Onde quer que fosse, Balladyn ou alguém de sua família iria encontrá-la. Ela
só queria alguns minutos para pensar, sem se preocupar com quem ia fazer-lhe
mal.
E então se lembrou que havia um lugar que ela poderia ir, um lugar onde se
sentia segura.

Kiril estava irritado que seu plano para enfrentar Farrell no pub chegou a um
ponto insuportável. Ele não se importaria de enfrentar Balladyn também, mas ele
não era o tipo imprudente para ir arrebentar dentro do prédio e enfrentar todos
aqueles Escuros sozinho.

Não, isso era algo que Rhys faria.

Kiril ouviu o estalo de um trovão pouco antes de os céus se abriram e


encharcarem tudo à vista. Escuros vieram correndo para fora do an Doras como se
algo estivesse vindo para eles. Um segundo depois, Kiril ouviu os gritos dentro.

Era hora de reavaliar o seu plano. Enfrentar Farrell ou Balladyn era uma
coisa, mas se ele entrasse no pub com os dois juntos, então eles iriam unir forças
contra ele. Kiril se recusava a ser preso em qualquer tipo de prisão Escura. Ele não
deixaria isso acontecer, o que significava que tinha de fazer as coisas de forma
diferente.

— É hora de sair, — a voz de Phelan atingiu-o por trás.

Kiril não se preocupou em virar. — Porque Balladyn está lá dentro.


— Porque você é muitas coisas, Kiril, mas não um tolo. Balladyn veio ensinar
a Farrell uma lição. Isso é o que estão gritando.

— Bom. Eu nunca gostei desse imbecil de qualquer maneira. Entretanto,


como é que você sabia que Shara estava com Balladyn? Você nunca a viu.

— Eu sou inteligente, — veio a resposta arrogante.

— Então ela está com Balladyn. — A ideia ainda o irritava, como esfregar
sal em uma ferida.

— Esqueça-se dela. Se você tentar chegar até ela, só vai acabar em uma de
suas masmorras.

— Não vai acontecer.

— Bom. Agora sai daqui. Estou encharcado e preciso de algo além do uísque
irlandês desagradável.

Kiril esperou mais alguns momentos na chuva, na esperança de ter um


vislumbre de Shara. Ele só precisava saber que ela estava bem. Quando isso não
aconteceu, virou-se e caminhou até seu carro.

Ele levou todo o seu dia para encontrar o endereço da casa de Shara, mas o
resultado foi exatamente o que ele queria. No entanto, o pedaço final de seus
planos se dissolveu como açúcar na chuva. Ele estava pronto para um copo de
uísque Dreagan e outra noite em forma de Dragão na adega, quando atravessou os
portões de sua propriedade.
Mais Escuros estavam vigiando a casa, o que significava que ele teria que ter
tempo amanhã para perdê-los nas ruas de Cork, mais uma vez, mas ele gostou do
desafio. Bem como de deixá-los com um olhar estúpido.

Ele entrou na casa e imediatamente reconheceu que não estava sozinho. O


cheiro de Shara era forte, enchendo-o com a necessidade tão avassaladora que ele
estava se afogando nela.

Kiril jogou as chaves sobre a mesa e silenciosamente fechou a porta. Dirigiu-


se para a esquerda e chegou a Escura para embrulhar as mãos em torno de sua
garganta. Ela suspirou e agarrou seu braço, seus sapatos caindo de seus dedos
enquanto ele arrastou-a para a porta de entrada.

— Achei que você encontrou um novo homem. Balladyn não foi bom o
suficiente na cama de alguma forma?

Ela abriu a boca, mas ele apertou-lhe a garganta para impedi-la de falar. Seu
cabelo meia-noite pendurado em mechas úmidas ao seu redor com alguns fios
presos ao lado de seu rosto. O vestido preto agarrou-se a seu corpo como frisado
de água ao longo de sua pele.

— Eu não estou querendo ouvir qualquer coisa que você tenha a dizer, —
ele moeu fora. — Eu tinha esperança de que você fosse algo diferente do que é,
mas você me deu todas as respostas que eu precisava hoje à noite.

Seus olhos silenciosamente imploravam para que ele ouvisse, mas Kiril
estava além disso. Ele estava bravo consigo mesmo e com ela por ter se
apaixonado. Ele se preparou para levá-la para Dreagan com ele, e caramba, seja
qual fosse às consequências em seguida.

No entanto, ela traiu a sua confiança, desprezou a sua oferta.

Desprezou suas afeições.

O fato de que ele se atreveu a ajudar um Escuro era algo que iria permanecer
com ele por toda a eternidade. Shara o lembrara de que ninguém poderia ser
confiável, que os Escuros eram do mal à sua própria essência.

Alguns eram apenas melhores em esconder isso do que outros.

— Kiril, — ela chiou.

Ele apertou mais, mas maldição, ele descobriu que não poderia prejudicá-la
mais do que isso. Não importa o quanto ele queria bater em alguma coisa, não
seria em Shara.

— Rhi, — ela chiou.

Kiril instantaneamente afrouxou o aperto, sua raiva se dissipando. — O que


tem Rhi?

Shara tossiu e sugou em respirações enormes, mas ela sustentou o olhar. —


Eu a vi, — ela sussurrou.
Ele fechou brevemente os olhos antes de olhar para Shara e virou-se de
costas para ela. Olhar para ela doía muito. Lembrou-se do gosto de seus lábios, a
sensação de sua pele lisa, o calor de seu sexo, do aperto em torno de seu pênis.

Por que não conseguia esquecê-la como fez com todas as outras mulheres
que ele fez sexo? A verdade simples é que Shara era diferente de qualquer outra
mulher em todos os tempos. Sua inocência falsa e paixão o pegaram com mais
segurança do que qualquer tipo de armadilha.

— Rhi. Onde ela está? — Perguntou ele.

— Balladyn tem ela em sua fortaleza.

— Como eu chego lá?

Houve uma pausa. — Eu não acho que você pode.

Kiril deveria ter sabido que ela iria tentar algum tipo de truque. Ele riu com
a voz rouca. — Claro que não.

— Você não entende, — ela disse apressadamente.

Como ele sentiu falta do som de seu sotaque irlandês doce. Kiril deu um
passo para longe dela, mas virou-se para encará-la. — Explique.

— Eu passei por uma porta Fae no jardim da minha família. A fortaleza de


Balladyn está escondida. Há uma outra porta perto do pub, mas está fortemente
guardada no composto de Balladyn. Eu não sei de qualquer outra maneira de
alcançá-lo.
— Então me leve através da porta que você conhece.

— Você está louco? — Ela perguntou, erguendo a voz. — Se eu levá-lo


para casa da minha família, eles vão tentar prender você.

— A palavra-chave é tentar, querida.

— Kiril, por favor.

Ele se preparou enquanto ela se aproximava. Ela lambeu os lábios, os braços


dela em volta de sua cintura. Suas costas estavam curvadas um pouco e ela parecia
assustada. Bom. Ela deve ter medo dele depois do que ela fez. Era tudo um ardil
da parte dele. Embora astuta como ela era, era provável descobrir muito em breve
que ele não podia machucá-la.

— Cada Escuro estará caçando-o pela manhã. Se Farrell sobreviver ao ataque


de Balladyn, então vai vir aqui ele mesmo. Você deve sair.

Ele levantou uma sobrancelha. — Se você acha que vou deixar um Escuro
qualquer me levar como prisioneiro, então você não me conhece.

— Eu conheço você, — ela disse suavemente. — Eu sei que você é um


homem honrado, que está tentando salvar sua amiga. Balladyn me levou para sua
cela. Eu vi a forma que Rhi estava. Ela está... quebrada, Kiril. Ninguém da Luz
pode sobreviver ao que um Escuro faz para eles. Pense em si mesmo e os outros
Reis Dragões e volte para a Escócia.

— Eu vou sair em breve, mas não sem Rhi.


— Você nunca vai chegar até ela, — Shara disse com um pequeno
movimento de cabeça.

Kiril avançou para ela, fazendo-a recuar rapidamente. — Você esquece com
quem está falando, Escura? Sou um Rei Dragão. Eu estive vivo desde o início dos
tempos. Nós fomos os que ganharam as guerras Fae. Temos sido os que protegem
este reino. Nós somos os maiores fodões ao redor. Talvez haja a necessidade de
lembrar aos Escuros desse fato.

— Eu sei.

— Não. Você não sabe. Diga-me, quando foi a última vez que você viu um
Rei na forma de Dragão?

Ela engoliu alto e sussurrou: — Nunca.

— Devo mostrar-lhe?

— É você fazer e eles virão em um instante. — Ela endireitou as costas e


ergueu o queixo. — Fique com raiva de mim, mas pense. Você quer me machucar,
então faça, mas não seja um tolo.

Suas palavras ajudaram a arrefecer sua ira crescente. Havia algo sobre Shara
que o fazia protetor, obsessivo mesmo. No entanto, com um toque ou uma palavra
ela podia acalmá-lo, ou enviar seus desejos nas alturas.

Ela deixou cair os braços para os lados. — Balladyn tem um exército inteiro
à sua disposição. Eles estão esperando na sua fortaleza para quando ele levar você.
Ele não me contou detalhes, mas... ele colocou as coisas no lugar para assegurar
que o próximo Rei Dragão que ele capturar não possa escapar.

— Quantos homens ele tem?

— Centenas. Milhares, — disse ela com um encolher de ombros. — Eu só


tive um vislumbre. Eu não tive tempo para contar.

Ele caminhou ao redor dela para a sala da frente e se serviu de um copo de


uísque Dreagan. Kiril não teve que olhar para saber que Shara seguiu para a sala,
embora ela parou à porta.

— Por que você está me dizendo isso? — Perguntou.

— O que Balladyn está fazendo para Rhi... isso não é certo. Ninguém deveria
ter que sofrer dessa maneira.

— E ainda assim você me diz que eu deveria deixá-la.

— Porque ela está perdida para todos.

— Ela é uma amiga. Nós não deixamos os amigos para trás, não importa o
quê.

— Rhi tem muita sorte, então.

Kiril se virou para Shara. — Então, que tipo de armadilha você tem
preparada para mim?
Shara não podia acreditar na diferença de Kiril. Ele não era o mesmo homem
encantador como antes. A corrente de perigo ainda estava lá, mas um fio mortal
foi adicionado a ele. Isso a entristeceu, mas ao mesmo tempo ela não podia culpá-
lo. Ela era o inimigo. Ele pensou que ela o enganou, e em alguns aspectos ela tinha.

— Eu não sei de uma armadilha.

Seu sorriso não alcançou seus olhos. — Eu tenho que acreditar em você?

— Acredite no que quiser. Vim para dizer-lhe sobre Rhi por que... bem, eu
realmente não sei por quê. Se acontecer de você encontrar o caminho para o
complexo de Balladyn, ele vai capturá-lo.

— E você vai estar de pé ao lado dele, eu suponho? Você costuma saltar da


cama de um homem para outro?

Suas palavras feriram tão profundamente que ela queria o atacar verbalmente
e fisicamente. Foi a falta de seu sorriso e sedução suave que a congelou, mantendo-
a imóvel enquanto seu coração batia contra as costelas.

— Não, — ela respondeu simplesmente quando finalmente encontrou sua


voz. — Independentemente do que você pensa, não compartilhei a cama de
Balladyn. Ele me queria lá, e por um curto período eu considerei-o como um meio
para ficar longe de minha família.
— Acha que é por isso que ele atacou Farrell? — Kiril perguntou
casualmente antes de tomar um gole de uísque.

Ela observou a inclinação do líquido dourado no fundo do copo antes de


fluir por seus lábios. Seu olhar viajou para a garganta para vê-lo engolir. Ela ergueu
o olhar para encontrá-lo observando-a friamente.

Shara deveria saber que vir para ele ia ser um erro. Ela não conseguia pensar
direito em torno dele. Ele era puramente masculino, totalmente sexual. E por um
breve momento no tempo, ele foi dela.

Tudo o que ela fez depois o afastou. Medo de ficar sem a sua família, e
preocupação de tentar encaixar com os Reis Dragões parou todos os pensamentos
de um futuro com Kiril.

Sabendo o que ela sabe agora, iria mudar todas as decisões que fez. Contudo,
não havia como voltar atrás. Ela se colocou nesta situação, e iria se livrar dela. De
alguma forma.

— Ele atacou Farrell porque Farrell estava vindo atrás de você.

Kiril deu um encolher de ombros. — Eu posso ver isso. Balladyn não quer
sua posição ameaçada por ninguém, muito menos por uma das famílias mais
poderosas do mundo Escuro. Ainda não explica por que você está aqui. Você
poderia me deixar uma mensagem sobre Rhi. Pelo fato de suas roupas não estarem
mais encharcadas, você tem que ter esperado aqui bastante tempo.
— Eu o fiz, — ela admitiu. — Deixei o pub logo após Farrell dizer a
Balladyn que o conheci.

Kiril ergueu a taça. — Ah. Então você enganou o grande Balladyn também.
Você está ficando sem homens, Shara.

— Eu não contei a ele sobre você, porque sabia que ele iria forçar-me a
ajudá-lo a chegar até você.

Kiril jogou o copo contra a parede, sua expressão estrondosa escurecendo


seu rosto como o cristal quebrado. — Ninguém pode fazer você fazer qualquer
coisa que não queira! Pare de usar isso como uma desculpa!

— Tudo bem! — Gritou ela em troca. — Eu vou te dizer a verdade. Eu


flertei com ele, porque pensei que ele poderia ser o meu caminho para fora da
minha família. Eu tenho que casar de qualquer maneira, e sabia que Balladyn era o
único que meu pai não poderia dizer não. Eu estava usando ele. É isso que você
queria ouvir?

— Finalmente, a verdade.

Shara bateu as mãos contra as pernas e soltou um suspiro frustrado. — Você


quer mais verdade? Eu vim aqui para vê-lo uma última vez. Você está satisfeito,
maldito?

Ela engasgou quando ele estava de repente diante dela, batendo-a contra a
parede com as mãos mantidas sobre sua cabeça e seu corpo duro cobrindo o dela.
Suas faces próximas com suas respirações misturadas, a raiva fora de seu olhar,
substituída com o desejo.

— Diga isso de novo, — ele sussurrou ferozmente.

Sua respiração estava vindo mais rápida, seu peito subindo de forma
irregular. Mas ela nunca sentiu tanta paixão queimando em suas veias. — Eu queria
ver você.

Ele procurou seu olhar, e como sempre com Kiril, ela se encontrou abrindo-
se para ele. Não havia nada que ela pudesse esconder dele, nada que queria
esconder dele.

Sua cabeça baixou, e quando ele parou ela levantou o rosto tentando alcançá-
lo para obter outro de seus beijos ardentes. No entanto, ele puxou sua cabeça para
trás. Ela olhou para ele, tentando decifrar o que queria dela.

Ele não estava tentando esconder o desejo que acendeu seus olhos verdes.
Água pingando nas extremidades de seus longos cabelos antes de cair sobre seus
ombros, molhando o material de sua jaqueta.

Shara tentou apoiar-se nele, precisando sentir mais de seu corpo uma vez
mais, mas ele não permitiu isso. Ela nunca quis tanto alguém só para tê-lo a
afastando. O que ela não entendia era o motivo? Ele a desejava.

De repente, ele soltou os braços e deu um passo para trás. Ela lentamente
baixou os braços para os lados frustrada, porque ele não fez outro movimento para
beijar ou tocá-la.
Shara estava rapidamente perdendo a confiança. Suas emoções estiveram em
uma montanha russa, depois que fizeram amor. Chegando à noite, ela esteve em
dúvida, mas com a certeza de que ela tinha de dizer-lhe o que sabia.

Em seguida, ele a empurrou contra a parede com paixão ardente tão brilhante
que ela estava em chamas com ele. Exceto... Ele então a soltou. Ela estava errada
sobre a atração entre eles? Talvez não fosse ela seduzindo. Ela poderia ter sido a
única seduzida e enganada.

Não. Ela se recusou a acreditar nisso. Kiril era diferente de um Fae Escuro.
Ele não iria rebaixar-se com tais táticas quando tinha outras maneiras de conseguir
o que queria.

A dúvida, no entanto, permaneceu e cresceu em sua mente.

— Saia, — Kiril disse em sua voz profunda, o desejo enterrado e mostrando


seu rosto impassível e frio como pedra.

Sair? Ele estava louco? Para onde iria? Ela não podia ir para casa e não
poderia retornar a Balladyn. Ah, mas ele sabia disso.

E não se importava.

Como podia ter estado tão errada sobre Kiril? Ela correu ao longo da parede
para longe dele até que foi em direção da porta de entrada. Não foi até que ela deu
mais um passo para trás que viu em seu rosto a mesma expressão novamente.

Seus olhos verdes acenderam mais uma vez, seu olhar... Voraz.
— Não faça isso, Shara. Não corra, — ele sussurrou.

Ela olhou para suas mãos para vê-las em punhos ao lado do corpo, com o
corpo praticamente vibrando enquanto ele lutava para permanecer no local.
Desejo enrolou deliciosamente através dela.

Com apenas um pensamento que ela poderia desaparecer diante de seus


olhos e reaparecer em outro lugar a milhares de milhas de distância. Mas não era
isso que ela queria. Ela queria Kiril, as mãos, a boca... Seu corpo.

Ela virou-se e correu pela casa, em torno de móveis e através de portas, até
que ela teve um vislumbre da piscina através das janelas.

Parou de chover, deixando a noite mergulhada na escuridão quase total com


a pesada camada de nuvens. Com o tumulto na cidade, Balladyn e Farrell ambos
teriam reunido os seus homens.

O que significava que ninguém estava observando a mansão.

Shara irrompeu pela porta, a umidade da noite sugando o pouco ar que tinha
seus pulmões. Ela começou a ir ao redor da piscina quando braços fortes se
envolveram em torno de sua cintura e puxou-a do chão.

Ela teve uma fração de segundo para prender a respiração antes dela ir para
a água. Sob a água, Kiril sem cerimônia virou-a e puxou-a contra si.

Seu coração perdeu uma batida quando sentiu sua excitação contra seu
estômago antes que seus lábios reivindicassem os dela. Shara colocou os braços
em volta do seu pescoço e flutuou sob a água fria enquanto ela foi beijada sem
sentido pelo único homem que poderia transformar o seu corpo em lava derretida
com apenas um olhar.

Um Rei Dragão.

Eles emergiram a superfície, boiando, quando ele terminou o beijo. Ela se


agarrou a ele enquanto manobrou-os ao lado da piscina, onde a prendeu entre ele
e a lateral da piscina. Shara notou que ele tirou o casaco e os sapatos, deixando sua
camisa branca para moldar ao seu corpo de rocha pesada. Ela não podia esperar
para passar as mãos sobre todos aqueles músculos, para senti-los se movendo sob
suas mãos mais uma vez.

Suas mãos rapidamente arrancaram-lhe a saia enquanto as mãos dela se


atrapalhavam para se desfazer de suas calças. Ele empurrou-as para baixo de seus
quadris e estava dentro dela no instante seguinte.

O fôlego deixou Shara rápido. Ela afundou as unhas em seus ombros,


estremecendo com a sensação dele enchendo-a enquanto ela trancou seus
tornozelos em torno de sua cintura. Como ela poderia mesmo ter pensado de
permitir que qualquer outro homem a tocasse?

Tão impossível como parecia, ela era de Kiril. Ele podia tocar seu corpo com
as mãos magistrais, palavras doces e lábios hábeis. Ninguém mais poderia trazê-la
para a beira de um orgasmo com apenas um olhar.
Nenhum movimento. Ele olhou para ela, prazer e êxtase lá para ela ver. Eram
as mesmas emoções que a enchiam.

Não havia palavras, porque nenhuma foi necessária. O desejo, a fome para
reivindicar um ao outro perdurava pesado entre eles. Isso falou mais claramente
do que qualquer palavra jamais poderia.

Ele segurou a beira da piscina a usando para estabilizá-los enquanto


balançava seus quadris. Ela deslizou uma mão em seu cabelo e enterrou o rosto
em seu pescoço. Com cada impulso o ritmo acelerou, deixando-o mais profundo
de cada vez.

Água espirrou em torno dela. Suas respirações eram duras e irregulares, seus
corpos deslizando facilmente contra o outro. Shara queria parar o tempo e viver
neste momento para a eternidade.

Ela estava tão concentrada em lembrar cada segundo com Kiril e como ela
o sentia em seu interior, que o orgasmo a pegou de surpresa. Ela se sacudiu, o grito
preso em sua garganta foi tão feroz.

Um sorriso se formou quando percebeu que Kiril gozou com ela, cada um
alimentando-se do outro, arrastando o prazer até que ambos estavam desossados
e agarrando-se um no outro.
Perth, Escócia

Ulrik levantou os olhos do documento em sua mesa quando o Fae Escuro


apareceu diante dele. Ele deixou de lado sua caneta ao lado dos seis telefones
celulares, a contabilização da Silver Dragon esquecida quando ele se concentrou
no Escuro.

— O que você tem para mim? — Ele perguntou.

O Escuro sorriu, seus olhos vermelhos brilhando com prazer. — Acabei de


vir de uma... cena... interessante. A fêmea Escura que foi enviada para seduzir Kiril?
Parece que ela fez exatamente isso.

Ulrik riu. — Um Rei Dragão sucumbindo a uma Fae Escura? Será que ele
sabe o que ela é?

— Sim.

— Isso é interessante, e, possivelmente, algo que posso usar em minha


vantagem.

O Escuro cruzou as mãos atrás das costas. — Tem mais.

— Mais? — Perguntou Ulrik com os olhos arregalados.

O grande macho balançou a cabeça, fazendo com que seu cabelo longo preto
e prata se movesse com ele. — Eu segui a fêmea ontem quando ela visitou
Balladyn.
Isso fez Ulrik levantar uma sobrancelha. O famoso guerreiro da Luz que
virou Escuro. — E?

— Como eu informei anteriormente, ele é o único que sequestrou Rhi.

— Eu sei. — Ulrik levantou-se e deu a volta na frente da mesa para apoiar


os quadris contra ela, quando ele cruzou um tornozelo sobre o outro. — Será que
ele vai levar Rhi até Taraeth como você suspeita? Ou ele vai mantê-la como eu
pensava?

— Ele está mantendo-a.

Ulrik respirou fundo e liberou lentamente. — Onde ela está?

— Balladyn a está mantendo em seu composto no reino Fae.

— Desenhe cada detalhe deste lugar.

O Fae Escuro hesitou. — É tarde demais. Uma vez que um Fae da Luz é
levado pelos Escuros nunca mais será o mesmo.

Ulrik mudou-se com a velocidade da luz quando agarrou o Escuro na parte


de trás do pescoço e obrigou-o a dobrar-se sobre a mesa. — Desenhe!
Kiril ficou olhando para fora das janelas de seu quarto sem ver o nascer do
sol magnífico e a fusão de cores espalhadas pelo céu. A qualquer momento ele iria
ouvir Con em sua mente. A questão era se deveria contar seus planos a
Constantine? Se ele fizesse, Con provavelmente viria para a Irlanda apenas para
garantir que Kiril não pudesse realizá-los.

Ele olhou para a cama, ainda amarrotada das horas passadas nela com Shara.
Foram apenas alguns minutos desde que ela o deixou, mas ele sentiu a sua ausência
profundamente.

Entre os ataques de sexo incrível, ele e Shara elaboraram um plano. Ela


estaria esperando por ele na casa de sua família e ia deixá-lo entrar para que ele
pudesse alcançar a porta de entrada para Balladyn.

Não que ele duvidasse dela. Pelo menos seu coração não duvidava dela. Sua
mente era inteiramente outra questão.

Kiril enviou um texto rápido para Phelan dizendo que estava voltando para
Dreagan e que ele também deveria voltar para casa. Esperava que Phelan
comprasse a mentira, porque Kiril não queria ter a captura de Phelan pelos Escuros
em sua consciência.

— Kiril? — Perguntou a voz de Con.


Ele suspirou profundamente e abriu sua mente para o Rei dos Reis. — Estou
aqui.

— Alguma novidade?

— Eu sei onde Rhi está sendo mantida.

Houve uma longa pausa antes de Con perguntar: — Onde?

— Na fortaleza de Balladyn em algum lugar no reino Fae.

— Eu temia isso, — Con disse cansado. — Era demais esperar que a tivesse na
Irlanda.

Kiril passou a mão sobre sua mandíbula. — Tudo vai para o inferno em questão
de horas. Balladyn descobriu o que Farrell planejou para mim e entrou em cena.

— Então Balladyn vêm para você?

— Ele virá em breve.

— Venha para casa. Agora.

Kiril detestava mentir para qualquer um de seus irmãos, mas o que ele ia
fazer era melhor fazer sozinho. — Eu estarei aí em breve.

— Se você não estiver aqui ao meio-dia estou indo atrás de você, — Con ameaçou.
— A fêmea Escura que foi enviada para me seduzir. O nome dela é Shara. Ela é a única
que encontrou Rhi e me disse onde está sendo mantida. Se Shara for para Dreagan, quero sua
palavra de que vai protegê-la.

— Uma escura? Você quer que eu proteja uma Fae Escura? — Ele perguntou,
incrédulo.

— Sim, Con, eu estou pedindo isso.

— Você a ama?

— Eu acho que poderia amá-la.

Con soltou uma respiração áspera. — Kiril, um Escuro não pode ser confiável.

— Você disse o mesmo sobre a Luz uma vez também. E, contudo, sempre confiei em Rhi.

— Rhi é diferente.

— Como é Shara. Sua palavra, Con.

— Droga, Kiril. Por favor.

Kiril permaneceu em silêncio.

— Tudo bem, — Con disse desesperado. — Você tem isso.

— Obrigado.

— Você pode agradecer-me quando sua bunda feia chegar em casa.


Kiril sorriu apesar de tudo. — É melhor ter a garrafa de noventa anos de Dreagan
para fora quando eu chegar.

— Considere isso feito. Agora depressa para casa.

Kiril manteve-se em sua janela por muito tempo após a ligação entre ele e
Con ser cortada. Ele olhou para a piscina lembrando a noite. Nunca teve uma
mulher que pareceu tão bem na água.

Ele se virou e saiu de seu quarto e, em seguida, desceu as escadas. Logo, os


Escuros iriam descer sobre ele. Ele poderia lutar contra eles, mas acabariam por
dominá-lo, e então ele iria encontrar-se como seu prisioneiro.

Isso não poderia acontecer, não se ele ia resgatar Rhi.

Não era da natureza de Kiril ou de qualquer Rei Dragão sair correndo, mas
ele teve que considerar as opções, porque tinha mais em jogo do que o seu orgulho.
Kiril olhou ao redor da casa observando todos os lugares que os Escuros iriam
entrar e cercá-lo. Não havia nenhum lugar para ele ir que não iriam encontrá-lo,
exceto para um lugar— a adega.

Sua mágica de Dragão manteria a porta escondida de todos que não fossem
um Rei Dragão. Os Escuros poderiam procurar na casa inteira e nunca encontrá-
lo. Não importa o quanto ele queria lutar contra os Escuros, ele ia ter que esperar
pelo momento certo e esperar até que ele tivesse Rhi.

Então ele iria desencadear o inferno.


Kiril foi até a porta do porão escondido e entrou. Ele colocou a mão na porta
e a infundiu com mais magia para que nenhuma magia negra Fae pudesse penetrá-
la. Kiril se virou e desceu mais seis passos e tirou as roupas. Dobrou e as colocou
sobre o degrau antes dele ir até o meio da adega.

A qualquer momento os Escuros iriam invadir sua casa, em uma tentativa de


encontrá-lo. Quando eles finalmente desistissem, ele iria para Shara que o levaria
a porta de entrada para Balladyn de onde ele iria localizar e livrar Rhi.

Era um bom e sólido plano.

Por que, então, ele tinha uma sensação de mal estar na boca do estômago
que algo ia dar errado?

Shara ficou velada para todos por dois segundos, ela apareceu em seu quarto.
Foi o mais longo que ela poderia permanecer invisível, embora soubesse que havia
alguns Faes especiais que podiam ficar por longos períodos de tempo.

Felizmente para ela, aqueles dois segundos eram tudo o que ela precisava
para saber que ninguém estava em seu quarto. Ela arrancou o vestido preto, e ainda
úmido, da noite anterior e jogou-o no canto.

Ela se apressou vestindo uma calça jeans preta e uma enorme camisa preta
esvoaçante antes dela escovar os nós em seu cabelo. Não houve tempo para
colocar maquiagem e tentar estar em sua melhor aparência, mas se ela estava indo
enganar Balladyn, teria de fazer uma tentativa de parecer decente.

Não foi até que ela verificou-se uma última vez no espelho de corpo inteiro
que ouviu os gritos distantes. Ela se acalmou, percebendo que eles estavam vindos
de dentro da casa.

Shara lentamente abriu a porta e saiu para o corredor. Os gritos ficaram mais
altos então. Ela seguiu o som enquanto caminhava pelo corredor até as escadas
que levavam ao primeiro nível. Havia palavras faladas pelos gritos, mas não podia
entendê-las.

Ela parou quando chegou ao fundo. Normalmente, a casa estava cheia de


sua família e familiares mais próximos, mas ela não viu um único deles. O que
significava que eles estavam todos no escritório de seu pai.

Sua cabeça virou-se naquela direção para ouvir mais uma rodada de gritos
cheios de agonia que vieram de seu escritório. Ela encaminhou para as portas
duplas, incapaz de manter-se longe. Depois do que ela fez, indo para Balladyn,
havia uma chance de que iriam prendê-la de novo.

Ou pior, matá-la.

Ainda assim, ela caminhou até que chegou às portas, com a mão na maçaneta.
De dentro ela podia ouvir uma voz e reconheceu como Farrell enquanto ele
implorava por misericórdia.
Um Fae Escuro implorando por misericórdia. Nem mesmo ela fez isso
quando estava diante de sua família aguardando justiça.

Ela respirou fundo e abriu as portas. Nunca mais ela tentaria passar em
qualquer lugar sem ser vista. Ela era forte e confiante, e não tinha que fazer o mal
para ser alguém. Levou apenas algumas horas com Kiril para ela chegar a esse
entendimento. Pena que ela não percebeu isto seiscentos anos antes.

Cada cabeça no escritório girou para ela, incluindo Farrell. Ajoelhado diante
de seu pai, o sangue cobrindo o rosto e as roupas, com vários ferimentos.

Ela manteve a cabeça erguida quando entrou na sala. Um caminho aberto


para o seu líder, para onde seu pai estava com Farrell. Ela mal deu a seu pai um
olhar quando parou ao lado de seu irmão.

— Qual é a sensação de estar em julgamento perante a família? — Perguntou


ela.

Ele choramingou e tentou chegar próximo a sua perna. Shara habilmente


mudou de lado, surpreendida por vê-lo chorando, um Escuro choramingando à
sua frente.

— Por favor, — implorou a ela. — Por favor, Shara. Diga ao Pai que o que
Balladyn disse é uma mentira.

Shara riu ironicamente. — Você quer dizer a parte onde você contou aos
outros o que eu fiz, o que era suposto que cada Blackwood nunca falasse para
qualquer pessoa fora da família?
— Eu não fiz, — Farrell lamentou.

— Então, como foi que Balladyn ficou sabendo disso? Mais importante, por
que você o anunciou no an Doras na noite passada? Você queria me matar porque
eu não sou boa o suficiente para esta família. Agora é a sua chance, Irmão.

— Shara, — começou o pai.

Ela virou a cabeça para ele. — Fique fora disso. — Ela não esperou por ele
para consentir antes dela se virar para Farrell. — Bem? Aqui está sua chance. Você
bateu em mim muitas vezes. Levante-se e haja como um verdadeiro Escuro.

Farrell inclinou a cabeça, os ombros sacudindo enquanto ele chorava mais.

— Agora, quem é a pessoa que não pertence aqui? — Ela inclinou-se e


perguntou.

Shara estava repugnada com toda a cena. Ela se endireitou e virou-se para
sair quando sua mãe entrou em seu caminho.

— Aonde você vai, querida? — Sua mãe perguntou docemente.

Doce e sua mãe nunca foram misturados na mesma frase. Não havia um
pingo de bondade em sua mãe, ou o perdão para esse assunto.

— Não é da sua conta, — afirmou Shara e tentou passar ao seu redor.

Sua mãe permaneceu em seu caminho. — Temos uma cerimônia para


preparar. Balladyn quer reivindicá-la imediatamente.
Shara escondeu o cenho franzido. Ela esperava passar o dia explicando sua
ausência para Balladyn e arrefecer sua raiva, enquanto Kiril resgatava Rhi. Não era
parte do plano de Kiril, mas alguém tinha que ocupar Balladyn. Assim que Kiril e
Rhi estivessem fora do composto, Shara planejava deixá-lo também. Kiril queria
que ela fosse para Dreagan, mas ela ainda tinha reservas sobre isso. Não era algo
que ia pensar até que seus planos se concretizassem.

— Balladyn veio aqui ontem à noite, — sua mãe continuou após seu silêncio.
— Ele quer que você seja dele imediatamente.

Shara apenas apostou que ele queria. Poderia ter levado algum tempo, mas
ela imaginou ambos Balladyn e seu irmão fora. Para tanto, ela imaginou sua família
também. Mais um arrependimento que ela percebeu tarde demais, depois de ter se
colocado em tal posição.

Ela olhou ao redor, compreendendo que era um show, todo mundo estava
jogando. O ‘julgamento’ de Farrell era apenas para aparências. Ele estaria morto
dentro de algumas horas.

E ele sabia disso.

O sorriso tenso de sua mãe era uma maneira de tentar tornar-se amigável
com uma filha que ela desprezou e agora queria estar bem com Shara porque ela
estava sendo reclamada pelo segundo Escuro mais poderoso e mão direita de
Taraeth.

O resto da família estaria seguindo o exemplo de seus pais.


Shara girou para olhar para seu pai. Ele olhou para ela com os olhos agora
cheios de interesse e uma pitada de respeito. Claro que ele o faria. Balladyn a queria,
e em sua mente, ela tinha que ser algo especial para conseguir que um homem
como Balladyn escolhesse o seu nome.

Ela queria revirar os olhos. Mas ela não iria. Ela iria jogar o jogo com eles.
Ela aprendeu com o melhor, afinal de contas.

— A Reivindicação vai ter que esperar. Temos um Rei Dragão para capturar,
— afirmou para a sala em geral.

Os olhos do pai se arregalaram. — Eu pensei que Balladyn estava indo atrás


de Kiril?

— Oh, ele está, — Shara disse com um sorriso. — Eu vou estar junto a ele.
Eu fiz todo o trabalho, depois de tudo.

Os dedos frios de sua mãe se envolveram em torno de seu pulso como ela
costumava fazer quando Shara era mais jovem. Era sua maneira de colocar Shara
em seu lugar. — Eu não acho que é uma boa ideia.

Shara olhou para seu pulso antes que ela erguesse o olhar para a mãe. Ela
esperou um piscar de olhos para ver se sua mãe iria libertá-la antes que ela
propositadamente, com determinação removesse a mão da mãe de seu braço. —
Não me toque novamente.

Sua mãe deu um passo para trás, um olhar de medo piscando em seus olhos
vermelhos.
Shara virou as costas para a mãe e olhou para o pai mais uma vez. — Você
tem alguma coisa a dizer?

— Você vai voltar para nós? — Perguntou.

Ela considerou suas palavras, deixando o silêncio se esticar para um


comprimento desconfortável. — Eu não decidi.

— Nós somos a sua família, Shara, — disse ele calmamente. — Não ficaria
bem se não estivermos com você na Reinvindicação. Além disso, você é minha
única filha dos nove que tivemos.

Ela olhou para Farrell, que estava sentado encolhido em uma bola. — Você
tem outras coisas com que se preocupar. Havia muitos que testemunharam o que
Balladyn fez com Farrell, e o que é feito com um de nós é feito para a família. A
família Blackwood aparece como fraca agora. Eu não tenho certeza se quero ser
uma parte desta família.

Seu pai franziu a testa. — Você poderia nos repudiar?

Shara se virou e saiu da sala dizendo: — Eu estou considerando isso.


Kiril cochilou enquanto esperava para ouvir as vozes dos Escuros acima dele.
Horas se passaram sem nada, mas ele permaneceu no porão. A casa permaneceu
silenciosa como um túmulo, e Kiril começou a sentir que isso podia muito bem
acabar dessa maneira para ele. Ele fechou os olhos e se voltou para a sua noite
com Shara.

Apesar das maravilhosas horas gastas segurando-a em seus braços, nada


mudou. Ele sabia que ela nunca viria a Dreagan com ou sem ele. Ele sabia com a
mesma certeza que seu plano cuidadosamente pensado, iria de alguma forma dar
errado.

Ele repassou sobre cada detalhe do plano e tentou determinar onde as coisas
podiam dar errado. O problema era que havia muitos lugares. Kiril limitou o
envolvimento de Shara apenas no caso dela ter uma mudança de ideia, ou, ainda
pior, Balladyn se apoderasse dela.

Com nada a fazer senão esperar, Kiril continuou a cochilar enquanto pensava
nas maneiras que ele queria levar sua raiva em Balladyn para o que ele fez com Rhi
e o que ele poderia fazer com Shara se Balladyn descobrisse que ela estava o
ajudando.
Se Rhys estivesse com ele, Kiril sabia que seu amigo o advertiria sobre ele
confiar em um Escuro. Ele sabia quais as chances, mas se houvesse a menor
chance de que Shara realmente queria ajudar, então ele teria que confiar nela.

Kiril não era insensato, e embora o seu corpo ansiasse por ela com uma
paixão que não podia ser explicada, ele sabia que ainda havia a chance de que Shara
poderia o estar traindo em sua teia bem trabalhada.

Não era apenas o desejo que atraiu Kiril para ela. Foi seu sorriso, sua mente
afiada, seu toque suave. Eram seus olhos que revelava cada emoção, era a faixa
prata em seu cabelo preto carvão.

Era a maneira que ela o fazia sentir-se inteiro desde que seus Dragões foram
mandados embora.

Por favor, não me deixe estar errado sobre ela.

Shara sentia-se... Livre. Esta foi a única palavra que veio à mente enquanto
ela estava fora da casa de sua família no quintal. Nunca em seus sonhos mais loucos
que ela se atreveu a falar com seus pais como fez.

Não tinha certeza do que aconteceu com ela.

Sim, você sabe. Kiril.


Não havia dúvida. Kiril a mudou, e não apenas pelo modo como seu corpo
reagia a ele. Ele alterou a forma como ela pensava e do jeito que via as coisas. Ele
abalou sua vida e como ela via seu futuro, de como queria viver.

Ele foi o único que a aceitou pelo que era e não exigiu nada dela ou para ela.
Ele deixou-a ser ela mesma, certo ou errado. Que mostrou a ela que tipo de pessoa
que poderia ser. Que tipo ela queria ser.

A confiança dela desapareceu enquanto estava trancada em seu quarto, e de


alguma forma ela a encontrou novamente nos braços de Kiril. Ela lembrou que
era forte, inteligente e resistente.

Shara respirou fundo, um sorriso no rosto. A qualquer momento Kiril


chegaria para que ela pudesse levá-lo para a porta de entrada para a fortaleza de
Balladyn. Ele não sabia ainda, mas ela estava indo com ele. Ele iria tentar impedir.
No final, no entanto, ela iria conseguir o que queria, porque ele iria perceber que
precisava dela.

Um frisson de algo frio e mau pressentimento percorreu-lhe a espinha.


Balladyn não ia ser tão fácil como seus pais. Ele teria todo o seu exército com ele,
mas não tinha ideia do que ela reservou para ele.

Como a maioria dos poderosos Escuros, ele iria assumir que poderia puni-la
por sua suposta indiscrição. Shara teve vontade de rir. Como se ela fosse permitir
isso agora. Ninguém iria nunca mais mantê-la prisioneira.
Balladyn apreciou o seu espírito. Ela iria esperar o momento certo e matá-lo.
Um Escuro como Balladyn nunca pensaria que uma fêmea poderia prejudicá-lo.
Ela não queria ninguém vindo atrás dela, quando tudo acabasse, nem Balladyn,
nem sua família. Ninguém.

Ela seria a única no controle de sua vida. Ela seria a única a decidir se teria
um marido e quem seria.

Shara mal podia conter sua excitação para o início de uma nova era na vida
dela, mas antes que ela fosse capaz de segurá-la, teria que colocar-se em perigo.
Ela estava com medo, mas se Kiril estava disposto a arriscar sua própria vida por
Rhi, Shara faria o mesmo para ajudar Kiril.

Era assustador o quanto ela estava disposta a fazer por Kiril. Ele não tinha
ideia do controle que tinha do coração dela ou como, sem sequer tentar, ele a fez
ver o verdadeiro caminho que ela estava destinada a tomar.

— Espere, — ela sussurrou.

— Esperar por quê? — Perguntou uma voz profunda e ameaçadora atrás


dela.

Shara ficou congelada pelo choque. Este não era o plano.

Dedos grossos agarraram sua pele enquanto a mão de Balladyn se estendeu


sobre ela e prendeu em sua mandíbula. Ele virou-se lentamente até que ela o
encarou. A frieza que vislumbrou enquanto ele aterrorizou Farrell era agora
dirigida a ela, e congelou suas veias.
— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai responder.

O medo a manteve em silêncio por um momento, então ela se lembrou de


quem era. Shara estreitou seu olhar sobre ele. — Eu não sou sua, nem vou ser, se
você continuar com isso.

— De acordo com sua família, você é minha, — ele disse e inclinou-se,


apertando o queixo até as lágrimas queimaram seus olhos.

Balladyn pode ser a mão direita para Taraeth e um guerreiro famoso. Mas ele
era apenas um macho como qualquer outro Fae Escuro que pensava que poderia
governar as fêmeas. Como ela detestava. O que fez com que ela pensasse em usá-
lo? O quão estúpido que esteve pensando que ele era a resposta para sair do julgo
de sua família.

— Eu não sou sua até a Reinvindicação, — disse ela com força, recusando-
se a deixar demonstrar sua dor.

Ele afrouxou o aperto uma fração e puxou-a contra ele para que sua boca
estivesse rente com sua orelha. — Você será minha. Nem sequer pense em lutar
contra o inevitável.

Shara não pensou que ela poderia odiar alguém, tanto quanto odiava Farrell.
Quão errado que ela esteve. Ela imaginou decepar a cabeça de Balladyn ou cortar
fora seu coração. Em vez de dizer-lhe para ir se foder, Shara segurou a língua. Uma
forma ou outra ela precisava ganhar tempo até Kiril chegar a Rhi.
Kiril era inteligente. Ele iria descobrir um caminho para a fortaleza de
Balladyn. Shara não seria capaz de mostrar-lhe a porta, mas ela iria garantir que a
atenção de Balladyn estivesse focada exclusivamente sobre ela.

Ela empurrou sua cabeça fora de seu alcance e ergueu o queixo. —


Convença-me que você é o homem digno o suficiente para mim.

— Oh, eu vou convencê-la, — disse ele e puxou-a contra si.

Foi tudo que Shara podia fazer para não se encolher e se afastar em repulsa
quando sentiu a excitação de Balladyn.

Dreagan

Lily tirou a poeira de seus joelhos e ficou de pé e fez a reposição do uísque


doze anos, sucesso de vendas de Dreagan. Ela girou seu pulso esquerdo que ainda
doía. Fazia três meses desde que a ruptura curou, mas ela temia que sempre fosse
sentir dor nele.

O osso que foi quebrado ao meio latejava dolorosamente algumas horas


antes de uma chuva. Era como um sinal de alerta.
Ela olhou para o relógio com o logotipo Dreagan de dois dragões de back-
to-back9, anunciando que estava bem passado da hora para terminar o seu turno.
Foi um dia de encerramento cedo para Dreagan, o que significava que ela tinha o
resto da tarde para si mesma. Ela pegou a caixa vazia e trouxe-a para trás do balcão
para que Rhys ou um dos outros pudesse levá-la para encher novamente.

Havia muito pouco desperdício em Dreagan, e Lily descobriu que gostava


do conceito. Isto também ajudou que ela pudesse relaxar. Relaxar não foi algo que
ela pensou que faria novamente.

Com todos os turistas do dia tendo ido, ela encheu um balde com água e se
dirigiu através da porta aberta do lado de fora para regar as roseiras plantadas em
grandes potes de barro em ambos os lados da porta.

Lily regou a primeira roseira e se inclinou para cheirar a flor laranja cremosa
perfumada. Ela virou-se para o segundo pote e foi quando viu Rhys.

Ele estava vestido com calça jeans preta que parecia cinza claro na coxa como
se tivesse sido lixada. Sua camisa de botão era branca e as mangas estavam
enroladas até os cotovelos. A parte traseira da camisa tinha asas negras bordadas e
espalhando-se sobre os ombros largos. O conjunto foi completado com botas
pretas, um punho de couro preto em seu pulso direito, e um relógio no seu
esquerdo.

9 Costas com costas.


Lily não conseguia tirar os olhos de cima dele. Seu cabelo castanho escuro
foi deixado solto, as ondas longas caindo para roçar seus ombros. A partir desta
distância ela não podia ver seus olhos, mas sabia que eram da cor azul mar rodeado
por azul escuro.

Ele estava sorrindo, seus passos decididos. Lily estava prestes a dizer um Olá,
quando ele deu uma parada e sacudiu a cabeça como se alguém chamasse seu
nome.

Assim que Lily viu Constantine sabia que deveria voltar para dentro da loja,
mas ela queria apenas mais alguns minutos olhando para Rhys sem ninguém
olhando para ela. Ela levantou o balde para molhar o segundo arbusto quando a
voz de Con alcançou.

— Queria que você soubesse o que eu ouvi de Kiril.

O sorriso de Rhys aumentou. — Eu estou supondo que é uma boa notícia,


então?

— Sim. Ele vai estar em casa logo. Eu dei até o meio dia, mas suspeito que
ele está querendo um último adeus com sua mulher.

O sorriso de Rhys desapareceu quando ele olhou para o relógio. — Você


falou com ele ao amanhecer, sim?

Con lhe deu um tapa no braço, seus olhos enrugando nos cantos de sorrir.
— Seja feliz, Rhys. Kiril está voltando para casa. Ele não é imprudente como você.
Se ele diz que vai fazer alguma coisa, vai fazê-lo. Além disso, estou dando-lhe mais
uma hora antes de entrar em contato com ele novamente.

— Você está certo, — Rhys disse a contragosto.

Lily sentiu que algo molhado bateu em seu dedo do pé e em suas sandálias.
Ela olhou para baixo para descobrir que transbordou o pote. — Oh, Dang10, —
ela murmurou e rapidamente recuou.

Quando ela olhou para cima, Rhys não estava mais no mesmo lugar. Ela
deixou seu olhar vagar rapidamente, mas não o viu. Com um suspiro, ela começou
a virar para entrar na loja quando ouviu sua voz cheia de alegria.

— Senhoras! — Gritou.

Ela gradualmente virou a cabeça para encontrar duas mulheres inclinando-


se no Jaguar conversível vermelho de Rhys. As mulheres eram lindas de morrer,
tanto de altura, com pernas longas, corpos delgados e seios roliços. Ambas eram
loiras e tinham os cabelos longos e volumosos. Eram, todas sorrisos, quando Rhys
se aproximou.

De repente, consciente de suas roupas, lisas e que eram vários tamanhos


muito grandes, Lily olhou para si mesma. Ela puxou no topo de grandes dimensões
e fez uma careta.

10Em gaélico da Escócia é um maldizer, como “Droga ou Merda”


Rhys colocou um braço em torno das mulheres antes de beijar cada uma
delas nos lábios. Ele então as orientou para o lado do passageiro do carro e abriu
a porta. — Apertem os cintos, — disse ele com um sorriso quando fechou a porta
e caminhou até o lado do motorista.

Lily engoliu em seco quando Cassie caminhou ao lado dela, a cabeça


balançando de um lado para outro em desagrado. — Nesse carro só se encaixam
dois. Ele não pode ter duas mulheres em um assento, — ela disse em seu sotaque
americano.

— Ele é maravilhoso. Não é de admirar que sempre tenha tais mulheres


bonitas em seus braços.

Cassie bufou zombeteiramente. — Puh-leeze 11 , Lily. Se você procurar a


palavra skank12, você vai encontrar uma imagem dessas mulheres ao lado dela.

Lily se encontrou rindo, mas não a fez se sentir melhor. Rhys estava muito
longe, fora de seu alcance, ele não era nem um pontinho no horizonte.

— Ele é encantador. Sempre foi, — Cassie continuou. — Mas eu não iria


pôr meus olhos sobre ele, se fosse você.

— Eu não sonharia com isso, — disse Lily e voltou para a loja.

11 Uma grafia humorística da pronuncia enfática de por favor, sugerindo a exasperação do orador
12 Skank é um ritmo musical que teve início na década de 80, que combina vários gêneros de música, como músicas
caribenhas, jazz, blues e outros. Skank é também conhecido como skunk, que é uma droga parecida com a maconha, mas que
é produzida em laboratório.
Ela largou o balde atrás do balcão e agarrou sua bolsa. Quando se endireitou,
havia um sorriso no rosto. Ela aperfeiçoou depois de anos de aprendizagem, a
esconder habilmente a dor dentro dela. — Boa noite.

— Eu só estou tentando ajudar. — Cassie estava na porta, bloqueando sua


saída. — Eu nunca quis te machucar.

— Você não fez isso, — Lily respondeu honestamente. Ela esfregou seu
pulso. — Tem sido um longo dia.

Cassie assentiu e mudou-se para deixá-la passar. Ela estava passando, quando
Cassie respirou rápido. Lily não teve que olhar para saber que ela viu as cicatrizes
nas suas costas.

— Meu Deus, Lily. O que aconteceu?

Ela virou-se rapidamente para que as costas já não fossem visíveis para
Cassie. — Foi um acidente muito tempo atrás.

— Claro. Minhas desculpas, — Cassie disse apressadamente.

Lily tirou a bolsa do ombro e fixou sua camisa para esconder a cicatriz. —
Vejo você amanhã.

— Pode apostar.

As pernas de Lily se sentiram tão pesadas como chumbo, enquanto


caminhava para seu carro. Será que ela nunca teria isto terminado? Será que ela
nunca superaria seu passado?
Estava tão cansada de reviver aqueles anos. Se ela só pudesse ter deixado as
memórias para trás quando ela fugiu, mas elas foram enterradas muito
profundamente com muita dor. Era por isso que isso a revisitava todas as noites
em seus sonhos.

E era uma das mil razões pelas quais ela só podia olhar para um homem
como Rhys e sonhar com o que nunca iria acontecer.
Shara ficou no meio da câmara de Balladyn e esperou para o que estava por
vir. Ele a queria, mas ela não tinha certeza se ele iria esperar até a Reivindicação
para tomá-la ou não. Shara queria que ele esperasse, porque ela não seria capaz de
fingir prazer se ele a tocasse. Não depois que descobriu o verdadeiro prazer nos
braços de Kiril.

— Tire a roupa, — Balladyn exigiu.

Shara levantou uma sobrancelha. — Porque eu faria isso?

— Porque quero te ver.

Quanto mais tempo ele olhava para ela, mais ansiosa ficava. — Depois da
reivindicação.

— Você me queria, lembra-se, — ele disse enquanto descansava na cama


inclinando-se sobre um cotovelo. — Você me procurou. Eu sei que não foi pelo
meu charme. Você queria o meu poder, assim poderia conceder-lhe a chance de
ficar longe de sua família.

Shara deu de ombros. — Isso é verdade. Você é o único Escuro que não
adorava cada palavra que viesse do meu pai. Você faria as regras.

— Eu faço as regras, Shara. Para todos.


— Eu pensei que era Taraeth.

Balladyn sorriu lentamente. — Você já viu Taraeth desde que a humana


decepou o seu braço? Ele não é o mesmo. Não vai demorar muito para que eu
esteja no poder.

— Todo mundo sabe que você vai tomar o lugar de Taraeth.

— Você tem a mente astuta para ser uma parceira perfeita para mim. — Ele
se sentou e a olhou de cima a baixo. — Ontem pensei que era o que você queria,
mas isso foi antes de saber que você foi enviada para seduzir o Rei Dragão.

Shara sabiamente se manteve em silêncio. Isso a fez muito consciente de


quão pouco sabia de Balladyn. Ela ouviu histórias, mas isso era diferente do
próprio homem. Pela primeira vez, Shara se perguntou se ela mesma começou algo
muito profundo.

— Queria estar na cama dele? — Perguntou Balladyn.

Shara sustentou o olhar, recusando-se a falar.

Balladyn saiu da cama em um borrão de movimento a fim de colocar seu


rosto próximo ao dela. — Você queria sujar-se como Rhi fez com um Rei Dragão?
— Ele gritou.

Por uma fração de segundo, Shara quase devolveu o grito com um — Sim!
— Mas de alguma forma ela manteve seu juízo sobre si. Balladyn poderia ter sido
um guerreiro impressionante para a Luz, mas sua mente não estava totalmente
intacta agora. Seja o que for que os Escuros fizeram com ele para transformá-lo,
tomou parte de sua mente.

Shara tentou tele transportar para fora, apenas para ouvir a risada de Balladyn
enquanto caminhava lentamente ao seu redor.

— Você realmente acha que eu iria permitir que alguém além de mim
pudesse ser capaz de aparecer ou desaparecer no meu quarto? — Ele balançou a
cabeça, com os olhos brilhando de malícia. — Você não vai a lugar nenhum, Shara.
Eu te disse, você é minha.

Ela tentou reunir a sua magia, mas nada estava acontecendo. Shara virou-se
e começou a correr para a porta quando foi atingida com uma explosão de magia
por trás, batendo-a na porta.

O ar foi nocauteado dela quando caiu no chão, deixando-a impotente


enquanto Balladyn estava sobre ela. Com um toque de suas mãos, sua magia se
desfez de suas roupas.

Shara engasgou em uma respiração e expulsou o ar para fora. Se ela tivesse


conseguido se conectar com suas bolas. Ela simplesmente conseguiria irritar ele.
Ela estava além de se importar naquele ponto. Tudo o que queria era ir embora,
sair de seu quarto para que ela pudesse se tele transportar para um lugar seguro.

Tornou-se evidente um momento mais tarde como a mágica de Balladyn era


grande quando ele a tinha no meio do quarto com os braços estendidos acima dela,
pendurada de modo que os dedos dos pés era a única parte dela a tocar no chão.
Era assim que um ser humano se sentia? Tão desamparado e impotente? Ela
estava cheia de fúria... E terror. Sua magia não era nada desprezível, e ainda assim
ela não poderia mexer um dedo mindinho, graças a Balladyn.

Ele se manteve apenas fora da vista, exceto para suas botas pretas, que
passava ao seu redor. A humilhação de ficar nua no meio de sua câmara era apenas
o começo. Shara sabia que ele iria fazer muito mais para ela.

Perguntou-se se Kiril já chegou a sua casa. O fato de que Balladyn estava


com ela significava que ele não estava procurando por Kiril ainda. E ela tinha que
saber o porquê. Se fosse tão importante para pegar um Rei Dragão, por que ele
estava demorando?

— Por que você deixou o pub? — Balladyn perguntou de repente.

Ela engoliu em seco e virou os olhos para o lado quando vislumbrou suas
botas. — Como se eu fosse permanecer e ficar entre dois machos lutando.

Balladyn gargalhou. — Aquilo não foi uma luta. Essa foi a minha
inicialização de pisar forte em uma formiga. — Houve uma pausa antes que ele
tocou sua cabeça, fazendo-a saltar. Sua mão deslizou pelo cabelo. — Se você odeia
Farrell tanto quanto ele despreza você, então deveria ter querido vê-lo ser colocado
em seu lugar. Mas você não ficou para ver, o que me leva a crer que você usou o
tempo para ir para outro lugar. Seu Rei Dragão, talvez? Qual o nome dele?
— Por que eu iria querer estar perto de um Rei Dragão? — Shara respondeu,
esperando que o calor acrescentado às suas palavras fosse suficiente para
convencer Balladyn.

Ele continuou a sua carícia pelas costas, parando para acariciar primeira uma
bochecha da bunda e depois a outra. — Eu queria te mostrar, e eu queria que você
visse como machuquei Farrell. Por você. Eu quase acreditei em suas mentiras,
assim como acreditei em Rhi uma vez.

O coração de Shara bateu com suas palavras. Seu significado foi mais
profundo, mas ela não tinha certeza o quão profundo quando se tratava de Rhi.

Sua atenção foi desviada enquanto ele continuava a acariciar sua pele. Ela
queria cobrir-se e gritar com ele para não tocá-la novamente, mas ela não podia.
Não se ela queria sair dessa viva e ser capaz de ajudar Kiril. No final, sabia que
suas chances de vida estavam no mínimo, mas ela faria isso por Kiril.

Ninguém jamais se importou o suficiente por ela para correr o risco de tal
perigo. Rhi não tinha ideia de como tinha sorte, e Shara desejou que ela pudesse
ser a única a dizer-lhe.

— O que é isso? — A voz de Balladyn estava dura.

Os pulmões de Shara bloquearam quando ela percebeu que ele estava


traçando o local em seu ombro que Kiril beliscou. Kiril a marcou. Ela não
compreendeu isso, até então, e lhe deu esperança. Um homem não marcava a sua
amante por capricho.
Se havia uma chance de que ele tinha sentimentos por ela, Shara lutaria com
tudo o que tinha para voltar para ele.

Ela tinha que pensar em uma história rápida, ou tudo o que ela fez para se
manter viva iria desaparecer em um instante. — Foi a resposta do Rei Dragão
quando brinquei com ele a um estado de desejo e recusei-me a ir para cama dele.

— Por que você faria isso? — Balladyn perguntou cético.

Shara tentou dar de ombros, mordendo o interior de sua boca para esconder
o estremecimento quando a dor atravessou seu braço pendurado por laços
invisíveis. — Minha missão era seduzi-lo para que a minha família pudesse prendê-
lo.

— É isso o que você faz? Seduzir?

— Eu fui libertada da minha prisão, a fim de levar a cabo esta missão. Você
realmente acha que vou saber sobre seduzir os homens? — Ela perguntou
sarcasticamente.

Ele apertou seu bumbum dolorosamente. — Eu acho que vem fácil para
você. Se preparou para me seduzir.

— Porque pensei que você podia ser digno de mim.

Ele levantou uma sobrancelha preta e prata. — E você não acredita mais
nisso?

— Não.
Ele sorriu friamente. — Realmente não importa o que você pensa. Até o
momento que eu estiver acabado com você, você estará me implorando para ser
minha.

Shara perguntou se ele iria usar a magia para machucá-la, ou se ele iria forçá-
la. Assim, quando a primeira chicotada caiu sobre seu traseiro, ela não pôde conter
o grito, não estava preparada para a dor. Shara mordeu o interior de sua bochecha
enquanto levava mais cinco chibatadas antes de Balladyn dar por terminado. Sua
bunda estava em chamas, a pele crepitante do chicote.

— Eu não vou romper a pele neste momento, — alertou. — O chicote foi


feito especialmente para mim. As feridas permanecem durante dias. Nenhuma
mágica Fae ou a cura naturalmente rápida do nosso corpo vai facilitar-lhe.

Como se isso fizesse tudo melhor. Shara o fuzilou com o olhar. Ela foi
subitamente liberada. Seus joelhos mal a seguraram quando ela estava de volta em
seus pés, e seus braços se sentiam como se milhões de lâminas os tivessem
penetrados quando ela foi capaz de baixá-los e deixar o sangue correr de volta para
seus dedos.

— Se vista Shara. Você está vindo comigo para caçar o Rei Dragão. Desde
que você foi enviada para seduzi-lo e ele a conhece, você vai entrar primeiro, para
que possamos levá-lo de surpresa. Você vai completar a sua missão. Apenas para
mim em vez de sua família.
Ela apertou os dentes quando ele jogou um vestido na cama e ficou ao lado
da porta esperando. Claro que Balladyn teria um chicote feito especialmente para
ele, o bastardo. Sua pele estava em fogo, o ardor crescendo exponencialmente a
cada segundo.

Shara foi até a cama tão cuidadosamente quanto pôde enquanto Balladyn
observava. A dor era insuportável, mas ela iria sobreviver. Ela estava contente por
ter algo para cobrir seu corpo do olhar de Balladyn, mesmo que fosse o vestido
preto horrível que mal escondia os seios ou sua bunda.

Quando ela se virou para ele, Balladyn estendeu um par de saltos pretos que
pendiam de seus dedos. Shara os colocou, sem tirar os olhos dele. Ela não
entendeu o ódio e repugnância até então. Agora ela percebeu que só tocou nas
emoções.

Até Balladyn.

Ele deu um aceno de cabeça. — Perfeito. Vamos pegar um Rei Dragão.

Ela saiu da câmara ao seu lado, a animosidade crescendo aos trancos a cada
passo que dava.

Kiril despertou instantaneamente quando ele pegou o cheiro de Shara. Mas


ela não estava sozinha. Faes Escuros estavam com ela, embora eles ficassem para
trás enquanto ela entrava na casa. Ele estava hesitante em assumir que ela o traiu.
Então, novamente, ela era uma Escura.

Kiril queria desfraldar suas asas e espalhá-las, rugir e se elevar para o céu. Em
vez disso, ele permaneceu em silêncio, escutando na adega.

Os passos de Shara a levaram por toda a casa procurando de uma sala para
a próxima. Ela passou mais tempo em seu quarto, e ele desejou que pudesse ver o
que ela estava fazendo.

Eventualmente, ela desceu as escadas e foi até a porta da frente que abriu
totalmente. — Ele não está aqui, — ela gritou e se virou para sentar-se nas escadas.

Não demorou muito para que os passos de trinta Escuros entrassem em sua
casa. Era tudo o que Kiril podia fazer para não surgiu no meio do chão e rasgá-los
em pedaços.

— Tem certeza que é aqui onde ele mora?

— Sim, Balladyn, — Shara respondeu irritada.

Balladyn. Kiril deveria ter sabido.

Ele fez uma careta quando o tom de Shara penetrou sua fúria. Ela estava
com raiva, seu tom cortante. Então ela não estava aqui por vontade própria.

— Pergunte aos homens de Farrell se você não acredita em mim. — A voz


de Shara estava gelada.
Kiril sorriu. Esse era o espírito que ele conhecia, a paixão que ele sentiu em
primeira mão em seus braços.

Houve três segundos de silêncio antes de Balladyn dizer aos seus homens,
— Procurem na casa e toda a propriedade. Não deixe nada intocado. Se o Dragão
está aqui, vamos encontrá-lo.

Quando os passos dos homens de Balladyn diminuíram, Kiril não se


surpreendeu quando Balladyn ficou para trás. Ele queria Shara. Kiril não precisava
ver o Escuro para saber isso. Ele podia ouvi-lo na voz de Balladyn.

— Onde ele está Shara? — Perguntou Balladyn.

Kiril já odiava Balladyn por tomar Rhi, mas agora ele queria, pessoalmente,
fazer-lhe mal por pensar que Shara era dele.

— Por que eu saberia disso?

— Você foi enviada para seduzi-lo, — Balladyn afirmou. — Eu suponho


que você fez o seu trabalho bem.

Shara fez um som na parte de trás de sua garganta. — Você acha que um Rei
Dragão iria revelar algo a alguém?

— Você está mentindo. — A certeza em sua voz soletrando perigo para


Shara. — Talvez você já tenha esquecido a sensação do chicote.
Kiril viu tudo vermelho. Balladyn a machucou. O destino do Escuro estava
selado. Kiril seria o único a matá-lo pessoalmente, e ele iria aproveitar cada minuto
disto.

— Corte-me em pedaços, e ainda não vai mudar o que não sei, — disse
Shara, interrompendo seus pensamentos.

— Nenhum fato pode mudar isso, eu vou capturar o Rei Dragão.

Shara pensou que ia vomitar sobre as palavras. Parte dela esperava que Kiril
estivesse lá para que ela pudesse procurar sua ajuda, mas no final ela estava em
êxtase que ele não estava. Onde ele estaria, no entanto, era a questão. Sua Mercedes
estava estacionada e as chaves estavam na mesa de entrada onde as lançou quando
chegou na noite anterior.

Se tivesse sido realmente vinte e quatro horas desde que ela deixou Balladyn
e esperou por Kiril na mansão? O que ela não faria para voltar no tempo e ter
àquelas horas com Kiril novamente. Ela iria pedir-lhe para levá-la para longe e
deixar a Irlanda, os Escuros, e sua família para trás.

Mas ela sabia que Kiril nunca faria isso. Ele era um homem honrado, um
homem que veio para resgatar um amigo. Só quando ele tivesse Rhi iria voltar para
a Escócia.

— Você me ouviu?
Shara parou de rolar seus olhos quando olhou para Balladyn. Ele estava fora
de lugar na casa de Kiril, um objeto estranho em uma residência de paz e prazer.
— Você disse algo?

Seu rosto ficou manchado de raiva. — Nossa Reinvindicação vai ser falada
por séculos.

— Eu não vou ser sua esposa. Eu já lhe disse isso. — Ela se levantou quando
seu traseiro começou a doer. Quanto mais andava, mais ela melhorava a dor.
Sentada ou estar parada por um longo período de tempo deixava a dor mais forte.

Shara inclinou-se contra uma parede e afundou as unhas na palma da mão


quando ouviu os barulhos no andar de cima começarem. Os Escuros estavam
literalmente rasgando as coisas. Como se Kiril estivesse escondido debaixo de uma
cama ou no armário.

— Você estava praticamente implorando ontem, — disse Balladyn.

— Não tenho medo de você. Minha família me queria morta há séculos, e


agora sou sua cativa. Você pode me ameaçar com tudo o que quiser me torturar,
mas não serei uma parte da Reinvindicação e nem vou dizer nada sobre o Rei
Dragão desde que não sei nada.

Balladyn cruzou os braços enquanto ele se encostou à porta da frente. —


Você se lembra do que Rhi parecia, Shara? Eu estou brincando com ela. Você tem
alguma ideia do que eu poderia fazer a alguém que queira me destruir?
Ela ergueu o queixo apesar do frio de mau presságio que se instalou em seu
estômago. Shara sabia o que Balladyn poderia fazer, e que a aterrorizava. — Eu
não vou viver com medo, nem vou viver em correntes, visíveis ou não.

— Você vai fazer o que eu lhe digo. Você rejeitou sua família, lembra-se.
Sem mencionar que eles nunca se atreveriam a ir contra mim. Você não tem
ninguém, Shara. Ninguém além de mim. Lembre-se na próxima vez que você
quiser me dizer o que vai ou não fazer.

Do outro lado da porta de entrada na outra parede estava um espelho. Shara


olhou sua imagem no reflexo e odiou os olhos vermelhos. Eles ficaram vermelhos
na primeira vez que sequestrou um macho humano. Com os olhos vermelhos
surgiu uma mecha prata fraca em seu cabelo. Não foi até que ela sequestrou as
meninas que a prata tornou-se mais visível como era agora. Ela tocou a faixa de
prata, desprezando-a.

— Você vai ter mais em breve, — disse Balladyn, interpretando mal suas
ações.

Os olhos de Shara olharam na distância. Ela se acalmou quando avistou uma


porta que não esteve lá antes, uma porta que estava a menos de seis metros da
escada.

Uma porta que sabia que nunca viu nos tempos que ela esteve na casa.

Seus olhos viraram para Balladyn que caminhou para a escada e colocou uma
bota no primeiro degrau enquanto ele olhava para cima. Dois Escuros apareceram
no topo das escadas balançando a cabeça. Balladyn deu um som de fúria e se virou
para o outro Escuro à procura na parte inferior.

— Alguma coisa? — Perguntou ele.

— Nada, — ele respondeu.

Balladyn apontou para fora e disse-lhes: — Vai ajudar os outros a procurar.

Shara olhou para a nova porta. De repente, ela soube sem uma lasca de
dúvida de que Kiril estava atrás dessa porta. Ela queria estar lá com ele, mas não
se atreveu a chamar a atenção para isso. Mesmo que ela fosse a única pessoa a vê-
la, ela se recusou a deixar Balladyn saber.

— A lua estará se escondendo novamente hoje à noite, — disse Shara.

Balladyn olhou para ela e deu de ombros. — Seu ponto?

— O carro dele está aqui, mas ele não. Onde mais um Rei Dragão poderia
estar, senão no céu?

Shara não teve mais que dizer nada quando Balladyn a agarrou. Eles
apareceram em seu quarto, onde ele a depositou no chão antes de desaparecer. Ela
olhou ao redor para ver se estava sozinha. Ela estava no interior da câmara. Ele
provavelmente tinha outros a guardando, e desde que ela não poderia se tele
transportar para fora, ia ter que pensar em algo.

Ela abriu a porta, preparada para fazer uma pergunta a um dos guardas,
quando descobriu o corredor vazio. Finalmente, algo estava a seu favor.
Shara saiu da câmara e fechou a porta atrás dela. Ela caminhou com passos
decididos para a porta que levaria à propriedade Blackwood. Pouco antes de ela
atravessar, Shara se camuflou. No momento em que estava de volta na terra, ela
tele transportou-se para a propriedade de Kiril.

Ela deixou cair o véu quando se viu sozinha. Imediatamente, ela foi até a
porta e fez uma pausa. Ela ainda não sabia como a viu, mas isso não importava se
a levasse a Kiril. Shara torceu a maçaneta e abriu. A porta se abriu com facilidade.
Ela ficou surpresa que não estava trancada, mas desde que ela assumiu que deveria
permanecer escondida da vista, não havia uma necessidade para que fosse
trancada.

Uma vez que ela entrou pela porta, suavemente fechou a porta atrás de si.
Quando ela se virou para olhar para a sala mal iluminada, congelou quando olhou
para a visão mais magnífica e assustadora que já testemunhou: um Dragão.
Os joelhos de Shara dobraram com a visão, e ela caiu de costas contra a
parede. O Dragão levantou a cabeça maciça de suas patas e considerou-a em
silêncio, com olhos azul real facetados e inclinados.

As escamas laranja queimado brilhavam com um brilho metálico à luz das


lâmpadas penduradas nas paredes. Sua cabeça era larga, os olhos sem piscar. As
narinas do Dragão inflamaram como se sentissem o perfume dela. Então ele deu
um fôlego enorme, seu corpo se iluminando de dentro com um brilho azul por
alguns segundos. Sua boca se abriu de espanto e surpresa.

— Kiril, — Shara sussurrou.

Em todos os seus sonhos, ela nunca imaginou algo tão espetacularmente


assustador. Ela queria ir para ele, para tocar suas escamas, mas o tremor a mantinha
presa ao chão. Não era de admirar que os Escuros ficassem em pânico quando os
Reis Dragões eram mencionados.

Kiril moveu seus ombros, fazendo com que suas asas roçassem contra a
parte superior da adega, arrancando pó de argamassa à deriva em torno dele. Foi
um erro ele ter se escondido em um espaço tão pequeno quando devia estar
voando entre as nuvens.
— Ninguém sabe que estou aqui, — disse ela e chegou ao primeiro degrau.
— Eu juro.

Ele piscou os enormes olhos azuis de Dragão.

Shara respirou instável. — Seu plano original não vai funcionar. Precisamos
de um novo. — Quando Kiril não respondeu, Shara pediu: — Por favor. Eu quero
ajudar você. Eu preciso ajudá-lo. Não vai corrigir os erros que cometi, mas é a
única forma que conheço para fazer alguma coisa.

A forma do Dragão de repente desapareceu, substituído por um Kiril muito


nu em forma humana. Ainda assim, Shara permaneceu onde estava.

— Ele se atreveu a machucá-la. — As palavras de Kiril, duras e ásperas,


encheram o porão.

Shara deu uma sacudida ausente de sua cabeça. — Nada que eu não poderia
lidar.

— Ele. Feriu. Você.

Suas palavras foram cortantes e cheias de raiva. Foi quando Shara percebeu
que suas mãos estavam em punhos ao lado do corpo. Ela se pôs de pé, sem se
importar com seu traseiro dolorido, e desceu os degraus.

Ela não parou até que estava diante dele e colocou as mãos no seu rosto. —
Estou bem.

— Como você me achou?


— Eu vi a porta. Uma porta, veja você, que nunca vi antes.

— Você não poderia tê-la visto. Eu usei a magia Dragão para escondê-la.
Faes não podem ver a magia Dragão.

Seus braços caíram para os lados enquanto ela encolheu os ombros. — Eu


não posso explicá-lo. Um minuto parecia uma parede, e no seguinte, vi uma porta.
Eu deixei Balladyn acreditar que você estava em outro lugar, e depois que ele me
levou para sua fortaleza eu vim aqui.

— Você foi capaz de usar sua mágica para deixar a fortaleza?

Shara torceu os lábios em um sorriso triste. — Não exatamente. Eu tentei,


mas aparentemente Balladyn tem selado para que ninguém possa apenas aparecer
em sua casa. Eu fui capaz de usar a porta de entrada para a casa dos meus pais. Eu
escapei através quando um guarda não estava olhando. Uma vez que estava de
volta a este reino, me tele transportei até aqui.

— Você está arriscando muito.

— Eu tinha que saber se você estava aqui.

Um lado de seus lábios se levantou em um sorriso. — Você sabia? Se você


queria me ver na forma de Dragão, tudo o que tinha a fazer era pedir.

Shara revirou os olhos, mesmo quando ela sorriu de prazer. — Eu não posso
acreditar que você está brincando em um momento como este.
— Existe sempre algo acontecendo. — Kiril olhou para a porta. — Boa
ideia dizer a ele que eu estava em forma de Dragão, mas não vai mantê-lo afastado
por muito tempo. Ou impedi-lo de retornar a sua fortaleza por você.

— Eu vou voltar para lá. Com você. — Ela se derreteu contra ele quando a
puxou em seus braços.

— Eu não vou querer você em qualquer lugar perto dele novamente.

Ela fechou os olhos e saboreou estar com ele novamente. — Devo voltar.
Se eu não fizer isso, ele vai me procurar.

— Não se ele está vindo atrás de mim.

Shara inclinou-se para trás e olhou em seus olhos verde trevo. Ela sabia o
que ele estava prestes a perguntar. — Eu não vou me encaixar em Dreagan.

— E você o faz aqui? — Ele perguntou frustração nublando seu rosto. —


Shara, você pode ter nascido em uma família de Escuros, mas você não é um Fae
Escuro.

— Olhe nos meus olhos. Olhe para a prata no meu cabelo. Eu sou um Fae
Escuro. Nada vai mudar isso. Nós somos os seres mais odiados sobre este reino.

— Você estará segura em Dreagan. Eles não podem prejudicá-la.

— Eu não fui ferida na casa dos meus pais quando estava trancada por
centenas de anos também. Ser ignorada e desprezada, isto pode ser pior do que
qualquer tipo de tortura.
Kiril a soltou e começou a andar. Shara sabia que a situação era terrível, mas
ela não conseguia parar de olhar para o seu corpo esplêndido. Seu olhar se deteve
em seu peito na tatuagem de Dragão, e ela estremeceu porque poderia jurar sobre
sua vida que acabou de ver o Dragão se movimentar.

— Você pretende ficar aqui? — Perguntou Kiril.

Ela puxou os olhos para cima de seu peito e percebeu tardiamente que ele
fez uma pergunta. — Eu não pensei sobre isso.

— A menos que nós matemos Taraeth e Balladyn e você governar os


Escuros, eles incansavelmente vão procurar por você.

Shara de repente tinha um plano, que ela não iria compartilhar com Kiril.
Não era para puni-lo, mas para libertá-lo dela. Ele era honrado o suficiente para
continuar tentando ajudá-la, o que só iria colocá-lo de volta na situação em que
estava.

— Vamos pensar nisso uma vez que pegarmos Rhi.

Kiril caminhou ao redor dela para as escadas, onde um conjunto de roupas


estava cuidadosamente dobradas. Ele agarrou o jeans escuro e deslizou uma perna
e depois a outra antes de prendê-los.

— Você deve ir para um lugar seguro, enquanto vou para a fortaleza sozinho,
— disse ele quando puxou uma camisa preta sobre sua cabeça.
Shara estava balançando a cabeça antes mesmo de terminar. — Como eu
disse antes, você nunca vai conseguir passar pelos guardas na minha casa.

— Observe-me, — disse ele com um sorriso.

Depois de tudo o que ela o viu fazer, Shara acreditou nele. Se ela pudesse
transportá-lo de um local para outro, em um piscar de olhos como fazia a si mesma,
mas ela não era uma Fae suficiente poderosa para fazer isso. — Eu acredito em
você, mas também sei que Balladyn vai precisar de distração. Deixe-me fazer isso.

— Não, — ele disse, olhando para ela como se tivesse perdido a cabeça.

E talvez ela tivesse. — Vai dar certo. Além disso, eu estou longe dele agora.
Eu posso fazê-lo novamente. De que outra forma você vai chegar perto de seu
complexo?

Kiril sacudiu a cabeça. — Eu não posso lidar com a ideia de que você vai
voltar para ele.

— Eu posso lidar com Balladyn. Ele não me assusta. — Kiril olhou-a como
se soubesse algo, ela revirou os olhos. — Ok, então ele me assusta um pouco, mas
posso ficar longe dele, Kiril. Confie em mim. Eu tenho mais de mil anos e fui para
muitos reinos diferentes e conseguindo ficar de fora de qualquer problema real.

Ele finalmente suspirou e deu um aceno. — Não faça eu me arrepender por


concordar com isso.

— Eu não vou, — disse ela com um sorriso.


— Nós manteremos o plano, — disse Kiril. — A diferença é como vou
entrar em sua casa e ir para a porta.

— Você não sabe que porta é.

— Vou saber uma vez que você me disser, — disse ele com uma piscadela.

Kiril orou para que ela aceitasse tudo o que ele estava dizendo, porque se
eles não conseguissem se mover em breve, ele mudaria de volta num Dragão e
voaria com ela para Dreagan, independentemente se ela queria ir ou não.

Não importava o fato de que ela poderia voltar para a Irlanda com apenas
um pensamento.

— Há mais de uma dúzia de portas. Você precisa ir para o... — Ela fez uma
pausa, com a cabeça inclinada para o lado. — Espere um minuto. Você não pode
ver as portas Fae.

Kiril sentou-se na escada e puxou as botas. — Deixe que eu me preocupe


com isso.

— Você é louco.

— Provavelmente, mas podemos discutir isso mais tarde. — Ele se levantou


e estendeu a mão para ela. Subiram os degraus até a porta. — Faça o que você tem
que fazer, a fim de manter e conter Balladyn. Eu não quero que ele te machuque
novamente. Assim que eu tiver Rhi, você pode ir embora com a gente.

— Certo.
Ele desconfiou de sua resposta rápida. Foi o jeito que seu olhar se afastou
enquanto ela falava que a delatou. Embora não importasse o quanto ele
pressionasse, ela não iria dizer-lhe mais do que já disse. Ele tinha que aceitar isso.
Por enquanto.

— Pronto? — Perguntou.

— Nem mesmo perto.

Kiril sorriu e puxou-a contra ele para beijá-la lentamente, languidamente. Ele
nunca se cansaria de seu sabor doce ou a forma como ela amolecia contra ele. Por
mais que ele queria continuar o beijo, se afastou e olhou em seus olhos vermelhos.
Ele puxou sua mecha prata. — Eu quero que você me prometa algo.

— O que?

— Se eu for preso, quero que você fique tão longe de Balladyn quanto possa.
Ele vai usá-la contra mim.

— Você quer que eu vá embora? — Ela perguntou incrédula.

— Sim, moça. Eu quero.

Ela deu um aperto firme de sua cabeça. — Não.

— Sim. Um Escuro não pode matar um rei, lembre-se.

— Eles podem fazer outras coisas, — ela sussurrou.


— Outras coisas que eles vão fazer com você para me quebrar. Eles vão levá-
la para ver se vou dar qualquer resposta. E eu não darei, mas eles vão continuar
tentando. Eu não sei quanto tempo conseguiria segurar vê-los te prejudicando.
Assim como eu, eles vão fazer tudo o que é necessário para tentar quebrar-me.

Ela olhou para seu peito. — Então não vá.

— Dê-me sua palavra, Shara, que você vai para um lugar seguro se eu for
preso. — Quando ela não respondeu, ele envolveu-a em seus braços e segurou-a
firmemente.

— Eu prometo, — disse ela.

Kiril beijou o topo de sua cabeça. — Fique segura. Não importa o que. Faça
o que você precisar fazer, mas fique viva.

Ela se afastou e olhou para ele com olhos vermelhos cheios de lágrimas. —
Não se atreva a ser pego.

Sem outra palavra, ela se foi, desaparecendo diretamente fora de seus braços.
Kiril baixou o queixo no peito e estendeu a mão para a maçaneta da porta antes
que parasse. Ele correu de volta para baixo nas escadas para a parede oposta.
Usando sua magia, ele escreveu uma mensagem na parede do porão que só um Rei
Dragão seria capaz de ver.

Kiril desejou que ele pudesse executar o resto de seu plano por conta própria,
mas se quisesse ter sucesso, só havia uma pessoa que poderia ajudá-lo. Ele pegou
seu celular e discou o número. Sua chamada foi atendida no segundo toque.
— Eu perguntei quanto tempo levaria para me chamar, — Phelan disse
casualmente.

Kiril riu. — Como esta Aisley?

— Dane-se, Dragão. Você é um idiota se acha que deixei a Irlanda. Você não
pode me enganar.

— O que fez você pensar que eu o chamaria? — Perguntou Kiril, intrigado.

— O fato de que você não deixou a Irlanda foi o maior indício, e então há a
fêmea.

Shara. Kiril não queria pensar em como ele iria deixá-la para trás. Ele não
podia forçá-la a ir para Dreagan, nem podia alegremente deixá-la aqui.

— Kiril? — Disse Phelan, preocupação fazendo sua voz mais baixa.

Ele esfregou as costas de seu pescoço e rapidamente informou a Phelan


sobre as últimas vinte e quatro horas.

— E foi por isso que eu não fui embora, — afirmou Phelan. — Porra, mas
eu sabia que Balladyn ou Farrell iriam estragar alguma coisa. Eu estou aqui para o
que você precisar se envolver para libertar Rhi.

— Shara descreveu o esquema de composto do Balladyn. Ele construiu-o


fora das ruínas de um castelo em seu reino, mas ele incorporou muitas das táticas
dos seres humanos em seus fortes.
— Em outras palavras, — Phelan disse secamente, — Este não vai ser um
passeio no parque?

— Nem perto. Quer fazer isso?

Phelan grunhiu através do telefone. — Como se você precisasse perguntar.


Você contou ao Con?

— Não. É melhor assim.

— Se você diz. Onde posso encontrá-lo?

Kiril sorriu para si mesmo. Phelan se provou muitas vezes. Foi uma sorte
dos Reis terem feito uma aliança com os guerreiros e aprendido que Phelan era
meio-Fae. Sem ele, eles nunca iriam encontrar as portas.

— Nos arredores de Cork. É um bairro de destaque, por isso deixe quaisquer


veículos para trás. Nós vamos estar nos esgueirando sem sermos detectados em
todos os sentidos.

— Eu estarei lá.

Kiril terminou a chamada, uma calma desceu sobre ele. Fora da porta da
adega tinham seis Escuros. Com um sorriso no lugar, ele abriu a porta, a força de
sua magia Dragão enchendo-o até que ele pensou que iria estourar.

E então ele abriu a boca e soltou-a. A explosão de ar frio congelou os


Escuros instantaneamente. Kiril viu-se no espelho e os anéis de ar frio escorrendo
dos cantos de sua boca através de seus lábios entreabertos.
Porra, mas era bom ser um Rei Dragão.
Dreagan

Constantine sentia em suas vísceras que algo aconteceu com Kiril. Se Kiril
permaneceu para trás por sua própria vontade ou alguém o deteve, tudo se resumia
ao fato de que ele não retornou para Dreagan.

Con não se preocupou em se afastar do seu lugar na janela ao som da batida


rápida e da abertura da porta. Ele não se surpreendeu quando quatro Reis Dragões
adentraram em seu escritório.

Com a noite escura como breu, tornou fácil para Con ver Guy, Tristan,
Kellan e Laith refletidos na janela. Con finalizou o último gole de seu uísque e
enfrentou o grupo.

— O que traz todos vocês aqui tão tarde? — Perguntou.

O rosto de Kellan estava torcido com raiva. — Corte a merda, Con. Você
disse que Kiril estava voltando. Isso foi há horas.

— Eu sei.

Guy passou a mão pelo cabelo. — Você sabe? Você tem notícias dele?
Porque ele não me respondeu.
— Ele não me respondeu, também, — Con admitiu.

Os olhos escuros de Tristan foram preenchidos com confusão. — Então por


que estamos apenas sentados aqui?

— Minha pergunta é exatamente a mesma, — disse Laith. — Quando Rhys


descobrir, ele vai sozinho para a Irlanda.

— Então ele não pode descobrir, — disse Con tão calmamente quanto
podia. Eles não tinham ideia de quão perto do limite ele estava andando e nem
seriam eles a descobrir.

Foi Kellan, que sustentou seu olhar antes de bufar e balançar a cabeça. —
Você não disse a eles.

— Eu não ia dizer-lhe também, — disse Con. — Você só sabe por que


escreve nossa história.

Laith afastou-se da porta. — O que você não nos disse?

Con poderia ter alegremente atirado Kellan através da janela. Ele teria dito a
todos assim que tivesse formulado algum tipo de plano. — Kiril pediu que eu
concedesse permissão para oferecer porto seguro para uma Fae Escura.

— Isso não foi o que eu quis dizer, — disse Kellan. — Embora se você
contar a eles essa parte, então precisa dizer a eles que ela é a única a ajudá-lo.

— Um Fae Escuro ajudando um Rei Dragão? — Perguntou Guy.


Tristan trocou olhares com Guy. — Isso já aconteceu?

— Não, — disse Kellan. — Nunca, nem uma vez, desde que os Fae Escuros
se aventuram a este reino.

Laith colocou uma mecha longa, ondulada de cabelo loiro atrás da orelha. —
Uma mulher Escura? O que ela é para Kiril?

— Eu não sei com certeza exatamente, — Con respondeu.

Kellan caminhou ao redor do conjunto de cadeiras diante da mesa de Con e


afundou em uma delas. — Shara é o nome dela. Ela encontrou Rhi e disse a Kiril
sua localização.

— Eu vou ser condenado, — Tristan murmurou.

Guy soltou um suspiro cansado. — Kiril está indo atrás de Rhi, é o que ele
está fazendo, certo?

— Eu faria o mesmo em seu lugar depois do que ela fez por mim e Denae,
— disse Kellan.

Tristan concordou. — Sem mencionar o que ela fez por mim e Sammy.

— Então por que estamos sentados aqui? — Perguntou Laith. —


Deveríamos estar ajudando.

Con trocou olhares com Kellan. — Nós nem sequer sabemos para onde ir.
A porta do escritório se abriu. Todos os olhos olharam para ver Rhys parado
ali, seu rosto uma máscara de fúria. — Há um que sabe. Phelan.

Havia alguém que ele poderia entrar em contato, mas ela era apenas um
último recurso. Ele poderia muito bem chegar a esse ponto, mas Con iria esperar
até que o momento chegasse.

Constantine apertou o botão de alto-falante em seu telefone de mesa e discou


para o celular de Phelan.

— Seja rápido— disse Phelan em voz baixa quando respondeu. — Eu não


tenho muito tempo.

Con puxou a cadeira e se sentou, apoiando os cotovelos sobre a mesa. —


Onde está Kiril?

— Está a caminho para me encontrar.

— E onde é isso?

Phelan suspirou dramaticamente. — Eu realmente odeio quando me coloco


no meio dos negócios dos Reis. O fato é que ele não quer dizer. Algo sobre você
vir aqui quando Kiril sabe que seria a pior coisa para você fazer.

— E outro Rei Dragão a ser tomado pelos Escuros não garante nossa ação?
— Perguntou Kellan.

— Kellan? — Perguntou Phelan. — Não, isso não é o que eu quis dizer.


Balladyn tem a intenção de capturar Kiril. Ele tem estado à caça durante todo o
dia. Temos uma janela estreita, a fim de chegar a fortaleza de Balladyn no reino
Fae e encontrar Rhi.

— Então Balladyn estará esperando por ele, — disse Tristan.

— De acordo com Kiril, sim. Balladyn tem um exército inteiro à sua espera
na fortaleza.

Rhys bateu com a mão na mesa de Con. — Será que ele quer ser capturado?

Phelan fez um som na parte de trás da garganta. — Não. Shara vai ajudar.

— Então você acredita nela, — disse Laith.

Houve uma ligeira pausa antes de Phelan dizer: — Lembro-me de meus


próprios irmãos se voltando contra mim, quando eles descobriram que Aisley era
uma Drough. Aisley nunca foi do mal. Ela fez o que tinha que ser feito para
sobreviver. Shara não tinha escolha nessas coisas também. Ela nasceu em uma
família Escura. Pense nisso antes de condená-la.

Con usou o polegar e o indicador para apertar a ponte de seu nariz. — Você
confia nela?

— Eu não a conheço, — disse Phelan. — Kiril confia nela, e eu confio em


Kiril.

— E se Kiril estiver cego pela luxúria?


— Bem, você também estaria se desse uma olhada nela. Eu acho que podia
ser no início, mas Kiril é inteligente. Shara encontrou Kiril e não enviou os outros
Escuros para ele.

Con abaixou o braço para a mesa. — Onde está a porta?

— No jardim de trás da casa Blackwood.

— Eu preciso de mais do que isso, Phelan.

— Kiril vai estar aqui a qualquer momento. Procure a casa mais ostensiva
em um bairro nos arredores de Cork, e você vai encontrá-la. Vejo Kiril.

Encerrou a chamada.

Con empurrou a cadeira para trás com as pernas e se levantou. Ele olhou
para Guy. — Certifique-se que as patrulhas estão em vigor e os novos sensores
fixados para os Fae Escuros. Quero as companheiras na montanha com os Silvers
sendo vigiados. Kellan, eu quero patrulhas no ar também. Tristan, chame os
guerreiros e que eles saibam o que está acontecendo para que possam estar
preparados.

— Para o quê? — Perguntou Tristan.

Laith apoiou as mãos na parte de trás da cadeira vazia. — Porque isto poderia
ser uma armadilha para nós. Eles tomam Kiril, vamos atrás de Kiril, e eles usam a
nossa ausência para atacar Dreagan.
— É apenas uma precaução, — disse Con. — Laith, coloque alguns sensores
ao redor dos Silvers também. Outra precaução.

Rhys levantou uma sobrancelha escura quando o olhar de Con mudou-se


para ele. — Seria melhor se suas palavras para mim fossem para mandar eu me
preparar para ir para a Irlanda.

— Eu não pretendia dizer qualquer outra coisa, — Con respondeu com um


sorriso. — Embora eu vá com você.

Todos os cinco Reis pararam em vários estágios saindo do escritório, seus


olhares se fixaram nele.

— Você está indo para Rhi? — Perguntou Guy.

Con deu um único aceno de cabeça. — Balladyn e eu temos alguns negócios


que não podem esperar. Rhi terá Kiril, Rhys, e Phelan tentando localizá-la. Ela não
precisara da minha ajuda.

Todos eles saíram para cuidar de suas obrigações, exceto Rhys. Rhys esperou
até que todos foram embora antes que ele se aproximasse da mesa de Con. — Eu
acho que deveria ser mais do que apenas nós dois entrando.

— Eu não quero que eles saibam que estamos chegando. Nós vamos ter que
voar baixo.

— Baixo? — Perguntou Rhys com uma careta. — Você quer que por acaso
os seres humanos nos vejam?
— Mais baixo.

Rhys revirou os olhos. — Você acha que vai nos manter escondido dos
Escuros?

— Vai levar-nos a Irlanda, que é o que eu quero.

— Vai levar mais tempo, mas é o melhor caminho.

Con veio ao redor de sua mesa. — Nós levamos o SUV para o litoral.

Rhys girou nos calcanhares e saiu do escritório, Con logo atrás. Con sabia
que tudo iria ser cuidado em Dreagan. Sua preocupação era chegar a Irlanda, e
depois retornar.

Ele ficou atrás do volante do SUV e começou a dirigir o Range Rover preto
assim que Rhys entrou. O motor ronronou a vida, e ele guiou na estrada. Con
olhou pelo espelho retrovisor para Dreagan. Enquanto as coisas como estas
estavam acontecendo, ele não conseguia se concentrar em matar Ulrik, e ainda
todos os problemas foram causados por Ulrik. Muito em breve Con ia ter que
tomar uma decisão, deixar as missões para os outros Reis e ir atrás de Ulrik.

— Eu vou chutar o traseiro de Kiril por isso, — Rhys murmurou após uma
meia hora na estrada.

Con olhou para ele. — Logo após eu ter uma conversa com ele. Ele nunca
fez nada assim irresponsável.
— Você quer dizer que ele nunca agiu como eu antes, — disse Rhys com
um sorriso irônico.

— Sim. É por isso que eu acreditei nele quando disse que estava voltando
para casa. Eu deveria ter percebido quando ele cedeu tão facilmente que algo estava
acontecendo.

— Ele sabe onde Rhi está. Eu não seria capaz de deixá-la.

Con segurou o volante com mais força. — Mas eu seria?

— Sim.

— Você acha que me conhece tão bem.

— Você não negou, — disse Rhys.

Con saiu da estrada e estacionou o Range Rover atrás de um bosque denso


de árvores. Ele desligou o motor e girou a cabeça para Rhys. — Você concordou
comigo quando matei a fêmea de Ulrik e amarrei sua magia. Por que é que você
está contra mim toda vez agora?

— Alguém tem que te irritar ou você acharia que poderia dominar o mundo,
— disse ele com um sorriso quando abriu a porta e saiu.

Con brevemente fechou os olhos antes de sair do SUV e tirar as roupas e


colocá-las em seu assento. No momento em que ele se virou, Rhys já estava na
água.
O mar estava frio quando Con entrou. Ele mergulhou sob as ondas suaves e
nadou em águas mais profundas. Con podia ver Rhys à frente dele, suas escamas
amarelas esmaecidas sob o mar escuro. O fundo de repente caiu profundamente.
Con de bom grado mudou. Ele sempre sentia falta de estar na sua verdadeira
forma, mas então, todos os Reis Dragões sentiam.

Vivendo entre os humanos eles se sentiam confinados e restritos. Houve


momentos que Con teve que lutar para voltar a Dreagan depois de uma noite de
voar nas nuvens. Nenhuns de seus irmãos sabiam que algumas vezes ele quase não
retornou.

E ninguém jamais o faria.

Ele usou suas asas para nadar através da água. Levou um tempo significativo
para eles percorrerem em torno da Ilha de Skye e no mar da Irlanda. Acima deles
barcos e navios manobravam, sem saber o que estava abaixo deles.

Rhys virou a cabeça e fez um sinal com sua asa. — A Irlanda está bem aqui.

— Sim, mas estamos à milhas de Cork. Eu quero o mais próximo que pudermos chegar.

Con nadou mais rápido, e Rhys manteve o ritmo, nadando ao lado dele até
que finalmente chegaram ao Canal de São Jorge.

— Espere, — Con disse através de seu link.


Quando Rhys fez uma pausa, Con lentamente nadou até a superfície. Ele
colocou apenas seus olhos e nariz acima da água. Assim que ele descobriu onde
estavam, mergulhou de volta para baixo.

— Bem? — Perguntou Rhys.

— Estamos a cerca de 20 milhas distante.

Eles começaram a nadar de novo, desta vez para ficar tão perto de terra
quanto possível. Poucos minutos depois, ambos mudaram de volta à forma
humana e nadaram até a costa.

— Nós precisamos nos apressar— disse Rhys.

— Sim. Eu tenho a mesma sensação, — disse Con.

Eles correram para fora da água, mantendo-se nas sombras enquanto


corriam em direção a seu amigo e companheiro Rei. No entanto, para Con quanto
mais perto chegava, mais um sentimento doentio de medo o enchia.
O olhar de Ulrik preguiçosamente deriva ao longo das ruas de Cork. Fae
Escuros andavam pelas ruas como se fossem donos dela. O primeiro de muitos
erros que Con cometeu.

— Onde está a porta? — Ele perguntou ao Fae Escuro com ele.

O Escuro baixou a cabeça para frente. — É a próxima quadra em um beco.

— Mostre-me.

Ulrik seguiu o Escuro para o outro lado da rua para a calçada em torno dos
edifícios até que veio para o beco. Ele continuou no beco estreito passando várias
empresas, e só parou quando chegou ao final do mesmo.

Os Escuros pintaram a parte de trás do edifício de vermelho. Ele balançou


sua cabeça. Era fácil de manipular um Fae Escuro se encontrasse seus motivos,
mas eles também eram muito vaidosos e ridiculamente idiota às vezes.

Ulrik esperou o Escuro apontar para a localização exata. Quando ele não o
fez, Ulrik virou-se e deu-lhe um olhar glacial. — Como eu já disse várias vezes,
ninguém vai saber que você me mostrou a porta. Você duvida da minha palavra?

— Nunca. Eu vi o que você pode fazer.

— Então por que você está hesitando? Mais uma vez?


O Escuro engoliu e passou a mão pelo cabelo preto e prata, curto e espetado,
— Eu…

— Ah, — Ulrik disse, lembrando-se. Ele tirou uma pequena bolsa de couro
do bolso e jogou-a para o Escuro, ouvindo-se o som do tilintar de metal juntos.
— O pagamento, conforme acordado.

A mão do Escuro estendeu e agarrou a bolsa a partir do ar, seus olhos


vermelhos brilhando com satisfação. — Está diretamente na sua frente.

— Pare, — Ulrik disse quando o Escuro tentou se afastar. — Você irá


através da porta comigo.

— O quê? — O Escuro perguntou em estado de choque, com os olhos


arregalados de medo.

— Se você por acaso me apontou para a porta errada, estará ao meu lado
para corrigir o erro. Desta forma, não terei que caçá-lo, — disse Ulrik, a última
parte falada com ameaça suficiente para fazer o Fae Escuro ansioso.

O Escuro limpou a garganta. — Você precisa virar mais para a direita.

Assim como Ulrik suspeitou. O Escuro temia Balladyn. Não Taraeth, mas
Balladyn. Isso foi interessante o suficiente, mas não tanto que alterasse os planos
de Ulrik desta vez. Chegaria um momento em que ele teria de ter uma conversa
com Balladyn. Até então, ele iria reunir informações que poderiam ser usadas
contra Balladyn até que ele pudesse ter o guerreiro Escuro do lado dele.
— Mostre o caminho, — Ulrik disse quando fez um gesto com a mão.

O Escuro andava com as pernas trêmulas pela porta, e Ulrik foi um passo
atrás dele. Assim que ele entrou, estava em outro reino. Não era a primeira vez que
ele deixava o reino da terra, e não seria a última.

Após três passos Ulrik olhou por cima do ombro para ver várias portas. A
que ele passou através tinha uma névoa vermelha em torno dela o que a diferenciou
das outras.

— Esta é de Balladyn, — disse o Fae Escuro.

Ulrik o viu apontando para um grande B gravado na parede. Era conhecido


que Balladyn marcava tudo que é seu. Ulrik virou a cabeça para dizer a seu
companheiro que ele terminou, mas o Escuro já estava correndo de volta pela
porta que acabaram de passar.

— Covarde, — disse Ulrik.

Os Fae Escuros fingiam ser os mais malignos, os seres mais vis ao redor, mas
Ulrik sabia a verdade. Eles eram como crianças petulantes tentando voltar para
seus pais, os Fae da Luz. Foi uma guerra familiar em curso que durou incontáveis
eras e não mostrava sinais de terminar tão cedo.

Ulrik viu as guerras Fae com interesse do lado de fora. Ele realmente não
sabia qual o lado queria que ganhasse, os Reis Dragões ou os Fae. No final, isso
realmente não importava. Ele era como tinha sido há milhares e milhares de anos.
Tudo o que ele tinha eram suas memórias de quando podia mudar em sua
forma de Dragão e levantar voo, ouvir seus Silvers em torno dele, saber que ele
era parte de algo importante.

Ulrik entrou nas sombras quando um grupo de três Escuros veio em sua
direção. Ele observou como cada um deles passou por uma porta diferente. Ele
fechou os olhos e puxou o desenho da fortaleza que memorizou em sua mente.
Com quatro rotas já definidas, os olhos de Ulrik se abriram.

— Estou indo, Rhi.

— Com quem você estava falando? — Kiril perguntou quando ele chegou
a Phelan, que se agachou atrás de uma cerca de arbustos do outro lado da rua da
casa de Shara.

Os lábios de Phelan se torceram com pesar. — Eu sabia que ele ia chamar.

Kiril não precisava perguntar a quem Phelan se referiu— Con. — Droga.


Ele virá, o que significa que precisamos estar dentro e fora antes dele chegar aqui.

— Con pode ajudar.

— Você sabe o que os Escuros fariam se pegassem o Rei dos Reis?

Phelan soltou uma série de palavrões.


— Exatamente. Agora, quantos estão patrulhando a casa Blackwood? —
Perguntou Kiril.

— Seis, mas eles são preguiçosos, o que significa que há muito mais dentro.

Kiril estudou a casa e os homens que vigiavam o perímetro. — Vamos trazê-


los todos aqui fora.

— O que você quer fazer, mudar para um Dragão e rugir? — Phelan


perguntou sarcasticamente.

Kiril sorriu para ele.

— Claro que sim, — disse Phelan com um rolar de seus olhos. — Você tem
certeza que os Escuros não podem ver através de meu poder?

— Não, mas vale a pena uma tentativa. Eles não podem ver a magia Dragão
e talvez eles não possam ver a sua.

— Sua magia é muito mais forte do que a minha.

— Você é parte Fae, Phelan, e têm um deus primordial dentro de você. Você
é formidável. Agora use esses seus poderes especiais.

Phelan sorriu antes de lançar seu poder. Kiril observou como uma imagem
dele como um Dragão apareceu na rua. Era estranho ver-se desta maneira, e isso
fez com que ele quisesse mudar imediatamente. O deus dentro de Phelan deu-lhe
a capacidade de alterar a realidade de modo que ninguém poderia saber qual a
realidade era verdade e qual não era. Ele ajudou os guerreiros muitas vezes em suas
batalhas com os droughs.

— Lá vêm eles, — Phelan sussurrou.

Mais de uma dúzia de Faes Escuros correram para fora da casa. Phelan
lançou uma risada quando enviou o Dragão no ar e voando sobre o bairro.

— Sorte para nós você ser capaz de alterar a realidade dessa maneira, —
disse Kiril.

— Nós não vamos ter muito tempo. Como você quer entrar?

Kiril lentamente olhou como os Escuros que seguiam o Dragão de Phelan,


espalhando-se pelo bairro. — Sobre a cerca, é claro.

Ambos correram para o outro lado da rua, e de um salto, pularam por cima
da cerca de madeira de dois metros. Kiril olhou para o céu para ver o Dragão de
Phelan desaparecer nas nuvens.

— Qual a cor que Shara disse que a porta era? — Phelan perguntou quando
eles se arrastaram pelo jardim.

— Ela não disse. Ela disse que ficava na parte de trás para a direita, separado
das demais.

— Vamos apenas esperar que não cometamos um erro então, — Phelan


disse com um olhar severo.
Kiril correu pelo jardim tão rápido quanto uma brisa. Ele deslizou contra a
casa quando chegou ao outro lado e esperou por Phelan, que se juntou a ele um
momento depois.

— Você vê uma porta?

— Vejo muitas portas na porra deste lugar horrível, — ele murmurou


irritado. Então, ele soltou um suspiro e deu um único aceno. — Mas sim. Só há
uma perto de nós.

— Estamos perdendo tempo, — disse Kiril com um sorriso. — Diga-me


qual caminho percorrer.

— Que tal você me seguir? — Phelan disse um segundo antes que se


afastasse da parede.

Kiril soltou uma maldição e correu atrás dele. Ele odiava ir através de portas
Fae, e esperava que esta seria a última vez por um longo, longo tempo.

Assim que eles foram pela porta, Phelan parou de repente, obrigando Kiril a
ter que o contornar a fim de não colidir com ele. De repente Phelan foi jogado
para a esquerda, batendo violentamente contra a parede. Kiril circulou um Fae
Escuro que jogou sua magia sobre ele.

Kiril não queria que nenhum alarme soasse, então ele permaneceu em forma
humana e lutou com o Escuro. Ele se esquivou das explosões de magia e usou seus
punhos para lutar com o Fae. Kiril escapou de outra bola de magia e rolou,
levantando-se com o punhal na palma da mão.
Ele veio nos seus pés, pronto para mergulhá-lo no coração do Escuro.
Phelan chegou nele primeiro, afundando suas garras de ouro no pescoço do
Escuro com um rosnado. Um batimento cardíaco mais tarde e Phelan arrancou a
cabeça do Fae Escuro.

Kiril observou o Fae cair morto em seus pés. Ele olhou de volta para o
Guerreiro com seu deus liberado, evidente por sua pele dourada, olhos, garras e
suas presas. — Bem, essa é uma maneira de fazê-lo.

— Ele me bateu, — afirmou Phelan resumindo o assunto com naturalidade.

Phelan recolheu seu deus, e, juntos, eles moveram o Escuro para uma sala
vazia nas proximidades.

— Nós ficamos expostos como um polegar dolorido, — Phelan resmungou.

Kiril olhou para ele. — Nós estamos agora, mas com uma pequena ajuda
sua, nós conseguiremos.

A carranca de Phelan mudou quando um sorriso brilhante assumiu. — Eu


teria pensado nisto, eventualmente.

— Antes ou depois de termos que lutar com mais Escuros?

— Continue assim e vou deixar o seu rabo de Dragão para todos verem, —
disse ele com um sorriso.
Kiril nunca pensou que poderia brincar facilmente com qualquer outra
pessoa como ele fazia com Rhys, mas, então conheceu Phelan. Não era de admirar
que Phelan e Rhys se davam tão bem. Eles eram semelhantes em muitos aspectos.

Num piscar de olhos, Phelan usou seu poder para que ambos ficassem
parecidos com qualquer outro Fae Escuro que andasse pelos corredores da
fortaleza. Eles começaram a caminhar lado a lado através do composto.

— Parecer como um desses filhos da puta é uma coisa, — disse Phelan. —


A parte mais difícil vai ser quaisquer encontros que tivermos.

— Já pensei nisso. Viemos de Taraeth.

Phelan virou a cabeça para ele e sorriu. — Brilhante.

— Eu tenho que lhe dizer os olhos vermelhos não ficam bem em você.

— Nem o seu cabelo prateado, mas você não me ouviu reclamando, — disse
Phelan.

A conversa parou quando o corredor terminou no grande salão que estava


repleto em sua capacidade com um exército. Caminhar através deles seria um
problema uma vez que eles estavam alinhados, esperando... Kiril.

Phelan o cutucou com o cotovelo quando virou à esquerda. Kiril seguiu o


exemplo e logo avistou outro grupo que andava através do grande salão. Phelan
ficou para trás. Kiril olhou para Phelan para chamar sua atenção antes que ele
parasse e virasse à direita para baixo em outro corredor, Phelan em seus
calcanhares. Ele não respirou, até que estavam mais uma vez sozinhos. Eles
pararam e encostaram-se à parede.

— Eu nunca vi um grande salão tão extenso, — disse Phelan com uma


careta. — Isso é quatro vezes o tamanho do salão no MacLeod Castle.

— O tamanho desse exército não é nada desprezível para qualquer um.

— E pensar que eles estão esperando por você.

— Nem me lembre. Eu não tenho visto muitos Fae Escuros reunidos em


um só lugar desde as Guerras Fae.

Phelan soltou uma respiração áspera. — Para onde agora?

— Não está tão longe, — disse Kiril e começou a descer o corredor.

Era um labirinto sinuoso de corredores, mas Shara foi específica em sua


descrição. Apenas uma vez eles foram para o lado errado, o que Kiril rapidamente
percebeu. Enquanto caminhavam, deu a Phelan as indicações no caso de eles
ficarem separados. Não importa o que, ambos concordaram que Rhi teria de ser
resgatada.

— Eu vou matar todos eles se já a prejudicaram, — Phelan murmurou.

Kiril olhou para o amigo. — A verdade é que ela pode não ser a mesma
pessoa que conhecemos. Os Escuros têm uma forma de tortura que obtém
resultados rápidos.
Eles contornaram outro canto e imediatamente pararam. Phelan assobiou
baixinho enquanto Kiril focava em seu novo inimigo, Balladyn, à medida que o viu
entrar em uma sala.
Shara andou nervosamente nos limites da câmara de Balladyn. Foi muito fácil
sair e voltar. Muito fácil. Ou talvez ela só estivesse pensando coisas demais. Ela
torceu as mãos, a cabeça batendo cheia com os pensamentos e o pânico.

A porta foi aberta de repente e Balladyn encheu a entrada. Seu olhar caiu
sobre ela. Shara olhou enquanto ele permaneceu imóvel, seus olhos perfurando os
dela.

— Sua caça foi bem-sucedida? — Perguntou ela.

Balladyn entrou no quarto e suavemente fechou a porta atrás de si. Shara


forçou-se a permanecer onde estava quando tudo que ela queria era chegar tão
longe dele quanto pudesse. Balladyn era perigoso, e ela sabia que estar tão perto
dele significava que nunca poderia deixar a fortaleza novamente.

Ele se encostou à porta e cruzou os braços sobre o peito. — No começo eu


acreditei em você. Eu estava pronto para vasculhar os céus para procurar o Rei
Dragão que você disse devia estar voando.

O coração de Shara bateu contra as costelas.

— Então percebi que você mentiu.


Ela tentou engolir, apenas para descobrir que sua boca estava seca como um
deserto. Foi a frieza, a fúria silenciosa no olhar de Balladyn que sugeria coisas
muito ruins por vir.

— Eu estava voltando aqui para tirar a verdade de você, — Balladyn


continuou. — Eu parei quando um dos meus homens recebeu um relatório que
um Dragão foi visto na casa de sua família.

Shara piscou. Não havia nenhuma maneira que Kiril teria sido tão tolo. Tinha
que ser algum tipo de truque.

Balladyn inclinou a cabeça para o lado. — Sabe o que eu fiz?

— Você foi ver por si mesmo? — Perguntou ela.

— Eu fui ver, — disse ele com um aceno. — No momento em que cheguei


com os meus homens, só fui capaz de testemunhar o Dragão desaparecendo nas
nuvens. O que era estranho foi que os seres humanos sob ele nem sequer
perceberam.

Ela encolheu os ombros, distraída. — Eles não tem nenhuma necessidade


de prestar atenção.

— Ah. Exatamente meus pensamentos. Até que vi um avião. Ele estava em


um curso direto com o Dragão, e ainda assim não se desviou. Vimos o Dragão
porque estávamos procurando por ele, mas não era real.

— Eu não entendo.
Ele deixou cair as mãos para os lados. — Eu também não. Demorou um
pouco investigando. Você sabe sobre o que os Fae da Luz não conseguem parar
de falar? Parece que há um meio-humano, meio-Fae com poderes excepcionais.

— Eu não tinha ouvido. Eu não acho que isso seja possível. Nós não estamos
supostos a ter filhos com os seres humanos.

— Eu acredito que o Rei Dragão tem alguma ajuda. — Balladyn continuou


como se ela não tivesse falado. — Minha pergunta é, por que ele estava interessado
na mansão Blackwood? Poderia, talvez, ser por causa de você?

Shara fingiu indignação. — Eu? Ele me odeia. Por que você acha que ele
veio à minha casa? Ele está tentando me matar.

— Essa é uma possibilidade. — Balladyn afastou-se da porta e caminhou


para ela. Ele levantou uma mecha de seu cabelo na mão e a deixou deslizar por
entre os dedos. — No entanto, acho que é porque ele quer você.

— Mas ele não me conhece.

— Você foi enviada para seduzi-lo.

Shara enfrentou Balladyn. — Eu já admiti isso. Talvez eu tenha chegado a


ele, mas certamente um Rei Dragão perceberia que ele enfrentou Faes Escuros
quando veio para a casa da minha família.

— Não vai demorar muito para eu marcá-la como minha. Eu a marcarei


completamente como minha.
Shara ergueu o queixo. — E o Rei Dragão? Enquanto você está aqui falando
comigo, minha família poderia capturá-lo e tomar a sua glória.

— Eles não ousariam. — Suas palavras foram casuais, mas a maneira como
seus olhos vermelhos se estreitaram uma fração disse que estava considerando isso.

— Nunca subestime um Blackwood. Não é isso que está sempre se dizendo


sobre a minha família? — Ela perguntou com um sorriso.

— Eu acho que tenho subestimado todos. Você acima de todos.

Shara permaneceu imóvel. Ela não iria se encolher, mas acima de tudo, não
permitiria que ele visse como ela tremia.

— Acho que o plano deve ter começado quando você se aventurou em


minha fortaleza.

Ela não podia extrair o ar em seus pulmões. Como ele sabia sobre ela e Kiril?
Não havia nenhuma maneira. Ninguém sabia, nem mesmo a sua família, então não
havia nenhuma maneira dele saber nada.

Ele resmungou. — Ou foi depois que mostrei interesse? Quando foi que
você e sua família decidiram me enganar?

Um suspiro de alívio quase escapou dela, até que suas palavras penetraram
sua mente. A família dela. Ele pensou que ela o traiu com sua família. Ela não
podia negar isso também, porque estava traindo-o, apenas com Kiril.

— Você está errado, — afirmou tão firmemente quanto pôde.


— Isso está certo? Por que então você deixou meu quarto depois que
depositei você aqui?

— Eu fui explorar.

Seu sorriso era apertado, frio. — Onde você foi, Shara?

— Eu estava aqui.

— Para cada mentira que você me diga, vou dar-lhe dez chicotadas. E eu
prometi que se tivesse que usar o chicote novamente não será vergões que deixarei.

Seu traseiro ainda doía dos chicotadas. — Eu estava aqui.

— Você realmente é uma teimosa. Eu vou odiar ter que cortar a sua pele,
mas você vai aprender sua lição. Veja você, os dois guardas escondidos fora desta
câmara a seguiram para a porta de entrada para a sua casa e depois voltaram aqui
quando você voltou.

Não havia nenhuma dúvida sobre isso agora. Ela estava regiamente ferrada.

— Percebe que é onde Shara está? — Phelan perguntou com um aceno para
uma porta.

Kiril assentiu. — Quanto tempo Balladyn vai ficar lá?


— Dê uma olhada ao redor. Contei o número de guardas postados. Essa é a
sua câmara.

— Eu sei, — disse Kiril com os dentes cerrados.

— Tem certeza que ela não está jogando com você?

Não, ou melhor. — Sim.

— Eu sinceramente espero que você esteja certo, porque quero voltar para
minha esposa, — disse Phelan.

Kiril olhou para ele e fez uma careta. — Devemos encontrar Rhi.

— Conte-me algo. Qual a profundidade de seus sentimentos por Shara?

— Suficientemente profundo para que eu esteja aqui tentando descobrir uma


maneira de entrar nessa câmara, e tirá-la de Balladyn.

Phelan assobiou baixinho. — Isso é profundo.

— Eu vou voltar depois que pegarmos Rhi.

— Sério? E você acha que eu posso manter o seu disfarce a essa distância?

Kiril passou a mão pelo rosto. Tudo indo na direção de uma merda total,
assim como ele suspeitou que seria. Seu instinto disse-lhe para cancelar tudo e
voltar para Dreagan imediatamente.

Então pensou em Shara.


E Rhi.

— Shara é inteligente. Ela vai continuar fingindo até que possa estar segura.
— ele disse e virou a cabeça para Phelan. — Vamos procurar Rhi enquanto ele
está ocupado.

Eles refizeram seus passos, e encontraram o conjunto de escadas que iria


levá-los para os andares mais baixos que abrigavam o calabouço. Havia apenas dois
Escuros que guardam a entrada para a masmorra que não lhes prestaram atenção.

— Isso foi muito fácil, — Phelan sussurrou enquanto desciam outro


pequeno lance de escadas.

— Quem quer entrar para o calabouço? É a saída que vai ser difícil. — Kiril
contou as portas de metal à direita até chegar a décima segunda. Ele olhou para a
porta, e então em Phelan. — Não há fechaduras.

— Magia?

— Talvez. — Kiril timidamente tocou a porta. Quando nada aconteceu, ele


colocou a mão na maçaneta e abriu-a. A porta se abriu com facilidade, fazendo
apenas um ligeiro rangido como metal esfregado contra metal.

Ele olhou para dentro da cela sombria através da escuridão para uma forma
que estava acorrentada à parede. Uma massa espessa de cabelo preto enrolado
pendurado sobre seu rosto, mas Kiril sabia que era Rhi.

— Querido Deus, — Phelan murmurou. — O que eles fizeram com ela?


— Você não vai querem saber.

O rosto de Phelan estava contorcido de raiva e impotência. — Olha para ela!


Ela está...

— Acorrentada, — Kiril terminou. — Shara não disse nada sobre correntes.

— Elas são apenas correntes. Nós devemos ser capazes de quebrá-las.

Kiril sacudiu a cabeça. — Balladyn não colocaria correntes simples em Rhi.


Ela tem magia poderosa verdadeira, e ele sabe disso. Essas correntes devem ser
especiais ou ela já as teria eliminado.

— Eu não a estou deixando, — Phelan declarou enfaticamente.

Kiril girou a cabeça para ele. — Nem eu.

Ele abriu a boca para dizer mais quando vozes chegaram até eles, chegando
cada vez mais perto. Kiril empurrou Phelan dentro da cela e rapidamente fechou
a porta atrás deles. Phelan ficou achatado contra a parede de um lado da porta, e
Kiril do outro.

— Eu não gosto de trazê-la aqui, mas é o melhor.

— Balladyn, — Phelan fez com a boca.

Kiril assentiu tristemente. Ele desejou que houvesse uma janela ou algo para
que pudesse ver quem Balladyn estava trazendo para as masmorras.
— Perdoe-me se eu não acredito na sua merda, — disse uma voz que Kiril
conhecia muito bem.

Ele sentiu como se tivesse levado um chute no estômago. Balladyn tinha


Shara e ia colocá-la no calabouço. Kiril poderia pegar Shara e Rhi se mudasse em
um Dragão.

Mas sair da terra do reino Fae não seria tão fácil. Ninguém podia ver as portas
Fae exceto os Fae porque não queriam que ninguém soubesse onde o seu reino
ficava, ou como chegar lá.

Kiril fechou suas mãos e tentou controlar a ira que foi rapidamente se
construindo dentro dele. Ele encontrou o olhar perturbado de Phelan antes que
olhasse para Rhi.

— Você não deveria ter me traído, — disse Balladyn para Shara. — Eu


avisei o que iria acontecer.

— Quero dizer que você é um mentiroso. Assim como todos os outros, —


Shara disse atrevidamente.

— Você vai ficar aqui até que eu possa garantir que cada membro de sua
família esteja exterminado. Só então saberei que você não está tentando me trair.

Houve um grande estrondo, quando a porta de metal foi totalmente fechada.


Kiril apertou os olhos fechados com o som. Eles tinham uma chance de sair do
calabouço sem serem descobertos. Não haveria duas viagens. Tudo o que podia
fazer era rezar para que Shara pudesse andar sozinha, porque Rhi não podia.
Kiril abriu os olhos para ver Phelan ao lado de Rhi. Ele caminhou pelo piso
rochoso para eles. Ele tocou a mão de Rhi para encontrá-la fria como gelo.

— Isso não é bom, não é? — Phelan perguntou preocupado.

— Não, — disse Kiril.

— Eu tentei quebrar as correntes. Eu não posso nem mesmo levantá-las.

Kiril deu uma olhada mais atenta nas correntes e fez uma careta para elas. —
Estamos fodidos, meu amigo. Essas são as correntes de Mordare que pensava que
estivessem perdidas. Elas foram criadas pelos Fae da Luz para segurar os Escuros.
Elas só podem ser removidas apenas pelo Fae que algemou ela.

— Balladyn, — Phelan moeu fora. — Rhi deveria ter usado sua magia.

— Toda vez que ela fizer, uma sacudida é enviada através de seu corpo.
Outra vantagem das correntes. Elas estão esvaziando-a de... si mesma.

— Não. — Phelan moveu cuidadosamente o cabelo de Rhi para que pudesse


ver seu rosto. Então ele gentilmente colocou uma mão em cada bochecha e
inclinou o rosto para ele.

O que o olhou de volta eram olhos que estavam vazios... Sem alma.
— Esta não é Rhi, — disse Phelan.

— É o que resta dela. — Kiril levantou-se e se afastou, incapaz de olhar


para a concha da Fae vibrante, que foi uma vez. — Poderia haver uma chance se
pudéssemos tirar as correntes de cima dela, mas isto não está acontecendo.

Phelan lançou-lhe um olhar fulminante. — Eu não vou deixá-la.

— Eu também não quero deixá-la, — disse Kiril, exasperado. — Olhe em


volta. Você não pode sequer levantar as correntes. O que isso lhe diz? Se não
podemos removê-las, então não podemos tirá-la deste buraco de merda.

Phelan baixou a cabeça. — Ela não me deixaria.

— Eu não tenho uma resposta. — Kiril colocou as mãos nos quadris e


olhou para a parede oposta. Ele não queria nada mais do que levar Rhi para tão
longe de Balladyn o quanto pudesse.

Nunca entrou em sua mente que Balladyn teria as Correntes de Mordare. Se


Kiril tivesse sabido antes ele teria repensado seu plano. Como estava, ele e Phelan
estavam bem no meio de um exército que estava em estado de alerta.

— Eu nunca deveria ter te trazido aqui.


Phelan soltou Rhi e sentou-se ao lado dela. — Você não é responsável. Eu
vim por minha própria vontade. Isto não é sua culpa.

— E se você for pego? Você, um príncipe da Luz. Você não tem nenhuma
ideia do que fariam com você. Seria como uma gota no balde em comparação com
o que eles fizeram para Rhi.

Phelan dobrou os joelhos e colocou os cotovelos sobre eles enquanto


abaixou a cabeça em suas mãos. — Rhi me deu uma família que eu não sabia que
tinha. Ela procurou-me e nunca desistiu de mim. Como posso fazer menos por
ela?

— Você estava lutando contra um Druida do mal, Phelan, não trancado em


uma prisão escura. Há uma diferença.

Levantou a cabeça e olhou Kiril com seus olhos azuis acinzentados. — Será
que Rhi verá a diferença?

— Provavelmente não, — Kiril disse e suspirou. — Rhi sempre foi diferente


dos outros Fae da Luz. Ela faz sua própria escolha, toma suas próprias decisões, e
arrisca sua vida sem pensar nas pessoas que ela se preocupa.

— Quem era seu amante Rei Dragão? Eu sei que não é você.

Kiril torceu seus lábios. — E não foi pela minha falta de tentar. Céus, todos
nós a queríamos. Todos nós. Faes são criaturas impressionantes, mas havia sempre
uma luz especial dentro de Rhi que a diferenciava, mesmo da rainha. Mas Rhi tinha
olhos apenas para um rei.
— Você não irá me dizer o seu nome, não é?

Kiril sacudiu a cabeça. — Não é minha história para contar. Se Rhi quer que
você saiba, ela vai lhe dizer.

— Por que o grande segredo? Aconteceu há muito tempo.

— Por causa da história em si. Depois... de tudo, pensamos que nunca mais
veríamos Rhi novamente, e nós não a vimos até que começamos a interagir com
os Guerreiros.

— Ela estava comigo então.

— Exatamente. Se não tivesse sido por nossa aliança com você e os outros
guerreiros, eu acho que Rhi teria nos ajudado novamente. O que significa, que ela
não pode ficar nesta prisão.

Phelan olhou para ela. — Balladyn queria vingança. Ele teria encontrado ela
de uma forma ou de outra.

— Sim. — Assim como será inevitável o confronto entre Ulrik e Con.

— O que fazemos agora?

Kiril deixou cair os braços e olhou para a porta por cima do ombro. — Nós
saímos e nos reagrupamos. Tem que haver outra maneira de quebrar essas
correntes malditas, e nós vamos encontrá-la.
— Você realmente acha que Con correrá o risco de trazer os Reis Dragões
para Rhi? Ele a odeia, — Phelan disse, seu olhar duro quando olhou para Kiril.

— Isto não será uma decisão do Con. Eu vou voltar, e sei que outros o farão
também.

Isso apaziguou Phelan, porque ele deu um leve aceno de cabeça e levantou-
se. — Parece errado deixá-la, mas nós não vamos fazer-lhe qualquer bem se
formos apanhados.

— Nunca foram faladas palavras tão sábias, — disse Kiril.

Eles caminharam lado a lado para a porta, mas quando Phelan alcançou a
maçaneta, Kiril pensou em Shara. Ele colocou uma mão no braço de Phelan para
impedi-lo.

Phelan comprimiu os lábios por um momento. — Eu me perguntava quando


chegaríamos a ela.

— Você acha que é tudo um ato?

— Eu não sei. Você é o único que a conhece melhor. Você confia nela?

— Sim.

— Isso é o suficiente para mim.

Kiril orou para que ele não estivesse errado sobre Shara. Se ele estivesse
errado, iria acabar perdendo a vida de um príncipe Fae. Uma coisa era quando
apenas a sua própria vida que ele tinha que se preocupar, mas agora ele teve de
considerar o bem estar de Phelan.

— Se você for pego, os Guerreiros virão buscá-lo, — disse Kiril. — Tão


forte e poderoso como todos vocês são, você nunca lutou contra um Fae Escuro.

— Os Reis Dragões sim. Diga-me, Kiril, se você for pego, vai Con e os
outros deixá-lo aqui? Ou eles virão para você?

Kiril sorriu. — Eles virão.

— Porque é isso que irmãos fazem.

— Tudo certo. Entendi o ponto, — disse Kiril com um aceno de cabeça.


— Eu vou para Shara. Fique perto, mas não vá permitir-se ser visto.

A testa de Phelan franziu profundamente. — Eu não tenho medo de ser


pego por esses filhos da puta.

— Você deveria estar. — Kiril apontou para Rhi. — Olha para ela. Isso
seria você. Quer que Aisley o encontre assim?

Houve uma pausa enquanto Phelan fechou os olhos brevemente. — Não.

— Fique perto, — repetiu Kiril, — Mas escondido. Se eu for levado, saia


daqui e volte para o nosso reino. Vá para Dreagan e diga-lhes tudo.

— Se eles o capturar, Balladyn estará esperando mais Reis.


Kiril liberou lentamente uma respiração profunda. — É por isso que você
precisa dizer a eles para não vir.

— Você perdeu a cabeça? — Phelan exigiu com raiva.

— Não. Estou sendo prático. Um de nós apanhado é ruim o suficiente, mas


se colocarem as mãos em mais...— Deixou sua voz apagar. Não havia necessidade
de explicar tudo.

— Eu quero deixar claro que detesto este plano, mas vejo o seu ponto.
Apenas não seja capturado.

— Não é a minha intenção, — Kiril disse quando deixou cair sua mão e
Phelan abriu a porta.

Rhys não gostou de Cork a primeira vez que a visitou, e agora ele continuou
não gostando de nada. — Sinto-me como se eu precisasse parar e esfregar minha
pele com ácido para ter fora esse sentimento sujo, — ele murmurou enquanto
caminhava pelas ruas ao lado de Con.

— Sim, — Con murmurou enquanto seu olhar varria a área.

Ele olhou para Con para ver seu olhar analisando o grande número de Fae
Escuros misturando-se com os seres humanos. — Eu tentei dizer-lhe que estava
assim tão mau.
— Nós temos que proteger os seres humanos, Rhys. Não manteremos a
Escócia por muito tempo se isso está acontecendo tão perto de nós.

— O problema não existiria se nós tivéssemos erradicado os Faes durante a


guerra.

— Isso era impossível, e você sabe disso.

— Sim, mas nós poderíamos mantê-los afastados para o bem.

Con desviou seus ombros para o lado para dar espaço para um grupo de
meninas em idade de faculdade. — Estávamos todos cansados de lutar. O tratado
era a única opção, ou ainda estaríamos no meio de uma guerra com eles.

— Eu sei.

— Você está questionando as minhas decisões de novo?

Rhys encolheu os ombros e puxou a camisa pequena demais que ele roubou.
— Eu acho que nós nos tornamos negligentes e nos mantivemos cuidando de nós
mesmos por muito tempo.

— Eu acredito que você está correto.

Rhys quase tropeçou nos próprios pés. Sua cabeça virou para Con. — Claro
que você diria isso quando nenhum dos outros estão em torno para ouvi-lo.

Con riu brevemente.


Rhys flexionou as mãos em antecipação para matar um Fae Escuro. — Eu
vou rasgar Kiril de novo se ele foi levado.

— Você não será o único. Eu não gosto de estar sendo enganado.

— Não é como se ele pudesse ter dito a verdade.

Con voltou seus olhos negros para ele enquanto cruzavam uma das muitas
pontes para fora da cidade. — Tente controlar um grupo de Reis Dragões e me
diga como vai ser.

Rhys permaneceu em silêncio até que chegaram ao final da ponte. — Você


sabe que Balladyn estará nos esperando.

— Você está assumindo que encontraremos a porta correta.

— Aí está. Kiril teve Phelan para obter ajuda. Nós não temos essa vantagem.

— Sério?

Rhys olhou para Con e o viu sorrindo para alguém. Rhys deslizou seu olhar
para onde Con estava olhando. Ele não precisava ser informado que a mulher linda
com cabelos preto carvão e olhos cor de prata derretida era um Fae da Luz.

A mulher estava sorrindo, um olhar de indiferença sobre ela que só poderia


vir de um Fae. Ela ficou no meio da calçada para que outras pessoas tivessem que
ir ao redor dela. Rhys pensou que ela parecia familiar, como se ele devesse
reconhecer seu rosto.
E então ele fez.

Seus olhos se voltaram para ele e seu sorriso cresceu. — Olá, Rhys.

— Eu não acreditava que você viria, — Con disse antes que Rhys pudesse
responder.

Ela encolheu os ombros, um ombro magro vestido com uma jaqueta jeans
apertada e com um top rendado em rosa pálido por baixo. Um jeans colado na
pele encerrando suas pernas enquanto sapatos com saltos altos na mesma cor de
rosa do seu rendado, cobriam seus pés.

Seu sorriso desapareceu, e ela perfurou Con com um olhar sombrio. —


Como se eu fosse ignorar qualquer informação quando se trata de Rhi.

Rhys olhou para Con, mas parecia que o Rei dos Reis não tinha ideia de que
os Fae da Luz fossem conhecidos como um dos atores mais famosos do mundo,
ou ele não se importou.

— Você vai nos ajudar? — Perguntou Con.

Ela olhou-o em silêncio por um momento. — Ninguém da Luz já foi para a


parte dos Escuros e nem os Escuros vem para o nosso reino é uma regra para
todos os nossos.

— Por quê? — Perguntou Rhys.


Seu olhar voltou para ele, assim como um ligeiro sorriso. — Porque tão triste
como é dizer, um da Luz pode ficar Escuro, mas um Escuro não pode se tornar
Luz.

— Já tentaram?

Ela franziu a testa, como se não tivesse considerando suas palavras antes. —
Não, nós não tentamos.

— Então os Escuros podem levar um da Luz, mas a Luz nunca pensou em


tomar um Escuro? — Perguntou Rhys com uma risada seca. — Fabuloso.

— Você não sabe o que nós fazemos, — ela respondeu rapidamente.

Con disse: — Nós os conhecemos bem o suficiente. Conhecemos também


a Luz. Eu honestamente achei que você não viria.

— Rhi é importante para nós, para mim, — disse ela.

Rhys franziu a testa quando percebeu que Con realmente entrou em contato
com a Fae da Luz. Ele tinha uma suspeita de quem a Luz era, mas ele precisava de
confirmação. — E quem é você?

Seu sorriso era ofuscante quando ela disse, — Usaeil, Rainha da Luz.
Shara ficou no meio da pequena cela de prisão e tentou não desmoronar.
Isso era muito pior do que ser trancada em seu quarto. Isto era um inferno.

Como ela poderia ter imaginado que Balladyn seria a resposta para seus
problemas? Assim como o resto da fortaleza, não havia nenhuma maneira que ela
poderia usar sua magia para se tele transportar para fora da cela para um lugar
seguro.

Não, ela estava bem e verdadeiramente presa. A pior parte era não saber o
que Balladyn faria com ela. Depois que ela viu o que restou de Rhi, temia que
Balladyn não fosse segurar sua crueldade com ela.

Ela seria capaz de suportar o que ele reservou para ela? E mais tarde ele
esperava seguir com a reivindicação. Como se ela não fosse lutar com tudo o que
tinha.

Ele bateu nela, então, ela estaria fazendo isso sozinha. Ela virou as costas
para sua família, para que eles não viessem em seu auxílio. Kiril, onde quer que
esteja não teria nenhuma ideia de que ela estava sendo mantida contra sua vontade.

Ela andou até uma parede e recostou-se contra ela antes que deslizasse
lentamente para o chão. Shara abraçou os joelhos contra o peito e descansou a
testa neles. A antecipação do que estava por vir era provavelmente pior do que o
que iria realmente acontecer. Ou pelo menos é o que ela tentou dizer a si mesma.

A escuridão era algo que todos os Fae Escuros procuravam e, no entanto


Shara queria ver a lua. Desde que ela encontrou Kiril na forma de Dragão, ela
queria vê-lo voar através do céu noturno, com a lua contornando o seu perfil. Que
visão magnífica ele seria.

Enquanto seu povo estava entre os seres humanos, os Dragões


desapareceram do reino. Mandado embora para que os seres humanos pudessem
viver. Shara não achava que qualquer um dos Fae teriam permitido que tal coisa
acontecesse. Todo o tempo, os seres humanos prosperaram enquanto os Reis
Dragões permaneceram escondidos.

Se isso não fosse suficiente, os Escuros queriam encontrar algo que eles
tinham escondido. Shara levantou a cabeça enquanto considerava isso. Os Reis
Dragões eram completamente imortais. Não havia nada que pudesse ser feito para
eles por qualquer ser que não iriam sobreviver.

Só um rei poderia matar outro rei, e que aconteceu em tão raras ocasiões que
os Escuros mal podiam esperar para que isso acontecesse novamente.

Os Reis protegiam-se a tal ponto que eles fariam qualquer coisa por um dos
seus próprios. Assim, diferente de como ela foi criada, e ainda assim um Fae pode
sentir o mesmo se sua raça for ameaçada.
Seja o que for que os Escuros procuravam não poderia ser para matar um
rei. Mas poderia ser usado contra eles.

Era como se uma lâmpada explodisse em sua cabeça. A única maneira de um


Escuro poder vencer um Rei Dragão era com isso que procuravam. Ela esperava
que os Reis escondessem bem o suficiente para que os Escuros nunca o
encontrassem, porque se o fizessem, o reino da Terra seria alterado para sempre.

A ideia a deixou dormente. Estranho como tanto de sua maneira de pensar


mudou desde que ela chegou a conhecer Kiril.

Seu olhar disparou para a porta quando se abriu de repente. Ela rapidamente
se levantou quando avistou um Fae Escuro entrar. Shara piscou e de repente ele
era Kiril.

— O que você está fazendo? — Ela exigiu do Escuro.

Kiril sorriu e deu um passo em direção a ela. — Sou eu, Shara. O Fae Escuro
é um disfarce para me permitir mover em torno deste lugar.

— Eu tenho que acreditar em você?

— Devo provar isso, então?

Ela simplesmente olhou para ele, sem concordar nem discordar caso isso
fosse algum truque de Balladyn para que ele pudesse puni-la mais.
— Você me encontrou no porão, — disse ele. — Por uma porta escondida
com minha magia. Você me viu na minha verdadeira forma de um Dragão laranja
queimado.

Não havia nenhuma maneira que alguém soubesse disso. Correu para ele e
jogou os braços ao redor de seu pescoço enquanto ela o abraçava. — Eu não achei
que iria vê-lo novamente.

— Eu estou aqui agora, — disse ele e alisou suas mãos sobre suas costas.

Ela se afastou. — Como você me achou?

— Eu vi Balladyn entrar em sua câmara, e sabia que você estava lá. Esperei
por um tempo antes de vir para baixo para encontrar Rhi. Foi quando eu o ouvi
jogá-la aqui.

— Então você tem Rhi? — Ela perguntou animadamente.

Seu rosto era sombrio. — Não.

As mãos de Shara deslizaram de seus ombros para seus braços. — Então


vamos levá-la agora.

— Não podemos. Ela está sendo contida com as correntes de Mordare.

Shara se afastou, surpresa fazendo seu coração bater mais rápido. — Isso é
impossível. Elas estiveram ausentes por eras.

— Balladyn as encontrou. Ele está usando-as em Rhi.


Shara sentiu como se todo o ar tivesse sido tirado de seus pulmões. — Ele é
o único que pode desbloquear essas correntes.

— Vamos levá-la para fora. Eu vou voltar, uma vez que descobrir outra
maneira de retirar essas correntes fora de Rhi.

Shara sabia que não era certo ela estar sendo resgatada quando Rhi estava
sendo deixada para trás. Kiril veio para Rhi, não por ela.

— Eu vou voltar por ela, — Kiril sussurrou enquanto ele a levou para fora
da cela.

Assim que eles saíram da cela, o rosto de Kiril desapareceu, mais uma vez
substituído pelo de um Fae Escuro. — Como você está fazendo isso? — Ela
perguntou.

— Eu vou te dizer quando estivermos fora daqui.

Ele não confiava nela, e ela não podia culpá-lo. Kiril estava cercado por
inimigos. Ele estava apenas sendo cauteloso. Foi uma lição que ela precisava
aprender depois de todos os erros que ela cometeu com sua família e Balladyn.

Ele permaneceu ao lado dela com a mão em seu braço, como se ela fosse sua
prisioneira. Enquanto eles não encontrassem Balladyn, conseguiriam escapar. Eles
passaram pelo primeiro lance de escadas sem incidentes. Não foi até que chegaram
ao topo do segundo lance que as coisas foram de mal a pior.
— Olá, Shara, — Balladyn disse quando inclinou um ombro contra a parede
e examinou uma pequena adaga na mão. — Eu sabia que você conseguiria
encontrar o seu caminho de volta. Quem é o seu novo amigo?

Ela engoliu em seco, e manteve o olhar fixo em Balladyn. — Como vou


saber? Achei que você o enviou para me buscar.

— Parece que meus avisos a você sobre as mentiras precisam de uma lição
melhor.

Shara começou a tremer. Os dedos de Kiril apertaram em torno de seu braço,


dando-lhe força.

Balladyn levantou os olhos do punhal para Kiril. — Eu não mandei ninguém.


Assim, se levanta a questão de quem é você.

— Eu recebi ordens, — disse Kiril.

— De quem?

Kiril deu de ombros. — Foi um Escuro da guarda de Taraeth.

Os olhos de Balladyn estreitaram perigosamente. — Taraeth não está aqui.

— Sua guarda está.

Shara estava feliz que Kiril foi mais rápido com as respostas que ela, porque
só ele poderia conseguir tirá-los disso.
Balladyn repente jogou a cabeça para trás e riu quando ele se afastou da
parede. — Ah, Shara, que boa interprete você é. Eu nunca tive qualquer dúvida de
que você iria entregar o Rei Dragão.

Seus joelhos ameaçaram dobrar quando o conhecimento afundou. E ela


sabia pela forma como a mão de Kiril relaxou em seu braço que se ela caísse, ele
não iria pegá-la.

— Eu não sei do que você está falando, — disse ela, com a voz trêmula de
indignação e ansiedade.

Balladyn a agarrou e puxou-a ao lado dele. Ela tropeçou, seus olhos correndo
para Kiril na esperança de que ele soubesse que ela não tinha nada a ver com o que
estava acontecendo. O calor em seus olhos desapareceu. Possivelmente para
sempre desta vez.

— Mostre-me o seu verdadeiro eu, — Balladyn exigiu.

O sorriso de Kiril foi tão gelado como o Ártico. — Se é o que você quer.

No instante seguinte, o seu verdadeiro rosto apareceu mais uma vez. — Não,
— disse Shara, mas foi abafado pela escuridão que rapidamente os cercou.

Ela viu quando ele foi arrastado de volta para o calabouço sem entregar-se,
como uma onça lutando. Não era certo, nada disso era. Shara gritou quando algo
afiado perfurou seu pescoço atrás da orelha. Ela se acalmou instantaneamente
quando compreendeu que Balladyn segurava o punhal.
— Sem mais mentiras, — ele grunhiu em seu ouvido. — Você vai esquecer
o Rei Dragão, porque, mesmo se ele ficar livre, vai pensar que você o traiu. Meu
palpite é que, se ele a encontrar, vai matá-la antes de ter tempo de pronunciar uma
única sílaba.

Shara caiu contra Balladyn, a verdade de suas palavras batendo nela com a
força de um maremoto.

— Por isso minha, querida. Quanto mais cedo você perceber que eu sou
melhor para você, vai ser muito melhor.

— Mas não quero você, — disse ela. Já não importava o que acontecesse
com ela. Balladyn estava certo. Kiril nunca iria ouvi-la tentar explicar, muito menos
acreditar nela.

Se ela não o tivesse, não tinha nada.

Balladyn bufou. — Não me importa o que você quer.

Para provar seu ponto, ele beijou-a brutalmente, dolorosamente, mantendo-


a apertada contra ele. Shara tentou desesperadamente se libertar, mas quanto mais
ela lutava, mais ele a machucava.

Ele terminou o beijo, pressionando a ponta da lâmina mais profundo até que
ela sentiu algo quente e úmido descendo em seu pescoço. — Eu queria você ao
meu lado governando esta fortaleza, mas vou apenas mantê-la como minha
escrava, acorrentada e nua no meu quarto esperando por mim quando eu quiser
você.
— Faça o que quiser, mas nunca vou passar pela Reivindicação com você.

— Claro que você vai. — Seus olhos estavam cheios de uma estranha luz
que beirava a insanidade. — A menos que você queira assistir como vou torturar
Kiril.

Não havia uma necessidade para perguntar se ele queria dizer isso, porque
Shara sabia que sim. Ela voltou seu olhar para longe dele. — Você me faz mal.

— Eu não preciso de sua mente quando estou transando com seu corpo.

Então ele a empurrou para os braços de dois de seus soldados Fae Escuros
que a arrastaram para longe, tudo em que Shara conseguia pensar era Kiril.

Phelan estava a menos de cinco pés de Balladyn, mas o bastardo nunca o viu.
Phelan sumiu usando seu poder de esconder-se de modo que quando Balladyn
olhou para a parede, tudo o que viu foi pedra cinzenta.

A parte mais difícil foi resistir quando Kiril foi tomado. Phelan prometeu
naquele instante que mataria Shara por sua traição. Ele quase a deixou, em seguida,
para tentar chegar a Kiril, mas algo o deteve. Foi uma coisa boa que ele fez, porque
descobriu que Balladyn os enganou. O idiota suspeitou que o Escuro que estava
levando Shara fosse Kiril, e ele contou com a preocupação de Kiril sobre se Shara
iria enganá-lo ou não.
Quando Phelan se apaixonou por Aisley, ela tinha sido forçada por um
Drough para fazer coisas horríveis. O mesmo se passava com Shara, exceto que as
coisas horríveis seriam feitas para ela.

Phelan olhou para baixo nas escadas para o calabouço. Ele deu sua palavra a
Kiril de sair se ele fosse levado e deixar que os outros Reis Dragões soubessem o
que aconteceu. Kiril seria guardado em todos os momentos, e desde que Phelan
não poderia estar dentro da cela para falar com Kiril, sua única opção era encontrar
os outros Reis Dragões.

Phelan voltou seu olhar para Shara enquanto ela era meio arrastada, meio
levada ao fundo do corredor. Seja o que fosse que a aguardava não seria bom, se a
luz presunçosa no olhar de Balladyn era qualquer indicação.

Agora não era só Rhi que precisava ser salva. Havia Kiril e Shara também.

Phelan seguiu os guardas para ter certeza que ele sabia onde Shara estava
sendo colocada antes que ele voltasse para a porta. Ele passou pela porta de volta
para o jardim na parte dos Blackwoods e parou em suas trilhas quando ficou cara-
a-cara com Con, Rhys e Usaeil.
Kiril deixou sua raiva se construir e apodrecer até que ele estava tão selvagem
e incontrolável como os Silvers de Ulrik estiveram quando mataram os seres
humanos.

A traição de Shara cortou mais profundo do que qualquer coisa que Kiril já
experimentou. Ele confiou a ela não apenas sua vida, mas a de Rhi. E mesmo que
Shara não soubesse sobre Phelan, sua traição o afetou também.

Pelo menos Phelan seria capaz de sair da fortaleza de Balladyn e voltar para
a Escócia. Era um pequeno conforto, mas qualquer coisa era melhor do que nada.

— Espere até Balladyn conseguir possuir você, Dragão, — um Fae Escuro


zombou, desprezo contorcendo seu rosto enquanto eles o acorrentavam à parede
de sua prisão.

Kiril olhou para ele com calma, escondendo sua fúria completamente. —
Aproveite o seu reinado, Escuro, porque não vai durar para sempre.

O soldado olhou para seu companheiro e os dois riram antes de saírem. O


som da porta fechando reverberou no calabouço no silêncio assustador.

Kiril respirou fundo e puxou em suas correntes. Ele não foi capaz de quebrá-
las. Em seguida, tentou mudar, o que destruiria qualquer coisa que se atreveu a
tentar segurar um Rei. Mas, pela primeira vez, não foi capaz.
Assim como ele adivinhou, foram feitas para segurar um Rei Dragão de todas
as maneiras. O mesmo tipo de correntes que usaram em Kellan, exceto que Kellan
se soltou com a ajuda de sua companheira. Kiril não tem uma companheira.

Seu estômago ficou agitado com a traição que Shara lhe causou. Como podia
ter estado tão errado sobre ela? Sua duplicidade deu a vantagem ao Fae Escuro.

Ele fechou suas mãos. Quando ficasse livre, porque ele iria ficar, iria caçar
Shara para acabar com ela. Ele embrulharia as mãos em volta do seu pescoço,
como antes, só que não iria libertá-la ou parar de apertar.

E pensar que ele sentiu pena dela, foi atraído por seus contos tristes em
relação à forma como a sua família a tratou. Kiril nunca pensou ser capaz de ser
enganado de tal maneira.

Ulrik provavelmente também não.

Kiril não sabia o que o fez pensar em seu irmão Rei Dragão, mas uma vez
que ele tinha, não conseguia parar as comparações. A raiva correndo por ele era
excelente, como era a necessidade de retribuição.

Isso aconteceu apenas alguns minutos. Como ele se sentiria milhares de anos
a partir de agora? A resposta para isso é simples: muito, muito pior.

Eles deveriam ter abraçado Ulrik para ajudá-lo a passar a sua raiva em vez de
enviá-lo por conta própria em um mundo que desprezava com cada fibra do seu
ser.
A porta para sua prisão se abriu lentamente, e uma figura tomou forma
quando entrou. Kiril piscou, sem saber se seus olhos estavam sendo enganados.

— Tem sido um longo tempo, — Ulrik disse enquanto ele o olhava de cima
a baixo.

Kiril tentou dar um passo em direção a ele, mas o barulho das correntes,
seguido por um puxão quando o fim do cumprimento da corrente o deteve. Ele
olhou para cima do jeans, camisa de botões preto, botas, para os olhos dourados
que ele conhecia tão bem e longos cabelos negros que pendiam soltos. — Ulrik?
É realmente você?

— Sim. De todos os Reis, eu não esperava encontrá-lo aqui. Rhys, sim,


porque ele sempre foi um esquentado, mas não você...

Kiril não se preocupou em responder uma vez que não havia nada a dizer.

— Estranho, — Ulrik continuou, — Como as mulheres são, não importa a


espécie, conseguem uma forma de enganar. Eu acho que faz parte delas, assim
como respirar.

Kiril teve de concordar com ele. — Quanto você ouviu?

— O suficiente. Pergunto-me, porém, o quanto você ouviu?

— Desculpe-me? — Ele foi pego de surpresa pelas palavras de Ulrik. Kiril


procurou sua mente para o que aconteceu quando Balladyn veio sobre eles. Ele
viu e ouviu tudo.
Ulrik encolheu os ombros com indiferença. — Não é da minha conta. Eu já
não sou um de vocês.

— Você sempre será um de nós.

— Sério? — Ele riu de forma sombria... Friamente. — É por isso que Con
tem me espionado todos estes anos? É por isso que sou bem-vindo a qualquer
momento em Dreagan? É por isso que os meus irmãos me visitam?

Kiril olhou com o sentimento terreno tão baixo quanto uma lesma. —
Houve muitos erros cometidos por nós ao longo dos anos.

— Sempre o diplomata, certo, Kiril? Às vezes acho que você deveria ter sido
o Rei dos Reis.

Ele balançou sua cabeça. — Eu tive bastante dificuldade para ser Rei dos
meus Dragões. Eu nunca quis os problemas de Con.

— Os homens que fazem os melhores líderes são aqueles que não querem a
posição.

Kiril inclinou a cabeça para o lado. Lembrou-se muito bem que só havia
outro que poderia ter superado Con e levado a coroa— Ulrik. Mas ele não queria
ser Rei dos Reis. Ele evitou a ideia, dando um passo para o lado para deixar Con
tê-lo sem contestação.

— Você combinava com Con em força e poder, — Kiril apontou. — Você


não quis a posição.
Ulrik sorriu, embora não alcançou seus olhos dourados. — Um erro que vejo
agora.

— Por que você está aqui? Eu não acredito que é para me ajudar.

— Não, de fato não, — ele respondeu em tom objetivo. — Eu não posso


libertá-lo mesmo se quisesse.

— E você não quer.

— Quando qualquer um de vocês me ajudou nos milhares de milênios que


andei neste reino miserável, nunca sendo capaz de ver os meus Silvers presos
dentro de Dreagan? Quando qualquer um de vocês veio a mim durante os longos
anos quando sofri olhando para o céu, mas incapaz de mudar?

Enquanto ele falava, sua voz ficou mais dura, o ódio mais forte. Kiril respirou
fundo. — Pensávamos que estávamos fazendo a coisa certa. Você estava matando
seres humanos.

— Que matou Dragões, — Ulrik assobiou.

Kiril olhou para as correntes em torno de seus pulsos e tornozelos que o


prendiam tão seguro que nem mesmo sua magia Dragão poderia soltá-lo. — É por
isso que você veio? Para reclamar dos seus problemas?

— Não. Estou aqui para outro assunto.

A cabeça de Kiril se ergueu, mas já era tarde demais. Ulrik já tinha ido
embora, fechando a porta suavemente atrás dele.
— Que porra é essa? — Phelan perguntou quando tropeçou para o lado
depois de quase colidir com Usaeil.

— Cuidado com essa sua boca, — disse ela com um tom arrogante. — Você
pode ser um príncipe do nosso povo, mas isto não significa que pode falar assim...
grosseiramente.

Seu olhar se deslocou para Constantine, que tinha um sorriso nos lábios. —
Morda-me, — disse o Rei dos Reis.

Rhys estendeu a mão quando eles apertaram os antebraços. — É bom ver


você, Guerreiro.

Phelan assentiu e devolveu o aperto antes de soltá-lo. — Nem a metade de


tão contente quanto estou ao ver os três. Eu estava prestes a entrar em contato
com Fallon para que ele pudesse me levar para Dreagan.

O sorriso de Con desapareceu. — Deduzo que não tenho uma boa notícia?

— A pior. — Phelan passou a mão pelo cabelo e suspirou. — Kiril foi


levado.

— A fêmea Escura o traiu.


Phelan estreitou seu olhar sobre Con. — Por que você diria isso? Porque ela
é uma Escura? Você, que ficou do meu lado contra os outros Guerreiros quando
Aisley ainda era uma Drough.

Os olhos prateados de Usaeil se deslocaram para Con quando ela levantou


as sobrancelhas. — E não se atreva a dizer que um Druida que dá a sua alma a
Satanás a fim de ter a magia negra é diferente de um Fae Escuro.

— O que aconteceu? — Rhys perguntou antes que Con pudesse responder.

Phelan afastou-se da porta e retransmitiu todo o calvário, e o fim rápido. —


Balladyn não sabia que era Kiril. Ele adivinhou, e estava contando que Kiril
acreditasse que Shara o enganou.

— O que ela não o fez, — Usaeil murmurou, com os braços cruzados sobre
o peito.

Phelan sacudiu a cabeça. — Balladyn a prendeu também. Eu não quero


esperar para ver o que ele vai fazer para qualquer um deles.

— Boa escolha, — Con disse, seus olhos negros perturbados.

Rhys esfregou as mãos. — Eu digo, vamos com as armas em punho, por


assim dizer.

— Você diria, — Con disse com um aceno de cabeça. — Não. Precisamos


ser mais sutis. Kiril e Rhi estão sendo mantidos juntos, facilitando o resgate dos
dois.
Phelan lambeu os lábios enquanto olhava para a Rainha dos Faes. — Você
ouviu a parte onde eu disse que Rhi estava sendo contida pelas correntes de
Mordare?

— Nem sequer diga essas palavras, — Usaeil ordenou, sua pele ficando
pálida.

Con nem sequer deu a Usaeil um olhar quando disse, — Eu ouvi. Não muda
o fato de que precisamos obter a sua liberdade.

— Isso não é possível, — disse Usaeil. Seus olhos se encontraram com


Phelan, e eles estavam cheios de tristeza.

— Independentemente de quão pesado essas correntes são, elas não podem


ser quebradas por um Dragão, — disse Rhys. — Se não podemos tirá-las dela,
nós vamos levá-la e as correntes para Dreagan.

Usaeil estava balançando a cabeça de cabelos negros antes de ele terminar.


— Você não quer fazer isso. Essas correntes... apenas confiem em mim. Você não
quer elas em qualquer lugar perto de Dreagan.

— Eu não vou deixá-la lá dentro, — Phelan declarou enfaticamente.

A testa de Rhys vincou em uma carranca. — Quão ruim ela está?

— Terrível.
Foi tudo que Phelan poderia dizer. Não havia palavras para indicar a forma
como encontraram Rhi. No pouco tempo que ele a conheceu, ela sempre foi
brilhante e cheia de risos e uma resposta sarcástica sempre pronta.

Ele costumava rir de quantas vezes ela mudou a cor de suas unhas e como
elas sempre combinavam com o que estava vestindo. Ela era leal aos Fae da Luz e
a ele a um grau que muitas vezes colocou sua vida em perigo. E, apesar de uma
história sórdida com os Reis Dragões, ela veio em seu auxílio várias vezes
recentemente.

— Eu não posso perdê-la, — Usaeil disse suavemente.

O que atraiu os olhos de todos os três homens. Foi Con que assentiu e disse:
— Precisamos de um plano que vai nos levar para dentro e para fora com nossos
amigos.

— Eu vou pegar Shara, — Phelan afirmou. — Eu sei onde ela está sendo
mantida, e sei que Kiril vai querer que ela seja libertada.

Rhys lhe deu uma tapa nas costas. — Sim. Você está certo. Eu vou com
Usaeil e pegaremos Rhi.

Phelan não perdeu a desaprovação na testa da rainha da Luz. Ele não teve a
oportunidade de questioná-lo desde que Usaeil limpou a garganta para chamar a
atenção de todos.

— Eu tenho alguém que preciso ver no interior da fortaleza, — declarou


ela.
Con olhou ao redor. — Se você ainda não notou, Usaeil, estamos em pé no
meio de um gramado de Faes Escuros. Eu não vou discutir com você sobre isso.

— É isso mesmo, — disse ela ardentemente. — Não temos tempo. Você


encontra Kiril, Rhys terá Rhi e Phelan vai encontrar Shara.

Phelan compreendeu então. — Enquanto você enfrenta Balladyn.

A Rainha da Luz sorriu quando jogou para trás uma mecha de cabelo da
meia-noite por cima do ombro. — Ele já foi meu maior guerreiro.

— O que ele era para Rhi? — Con perguntou.

Usaeil hesitou por um momento. — Eles eram como irmãos. Balladyn estava
lá depois...

Não havia necessidade de ela terminar. Todos eles entenderam que ela estava
se referindo quando Rhi e seu amante Rei Dragão terminaram seu relacionamento.

Phelan olhou para Rhys e Con. Pode ser qualquer um deles. No entanto,
Phelan viu Rhys com ela. Ela interagiu com Rhys como um velho amigo, não um
amante.

Con, por outro lado, Rhi odiava com paixão. E ele retornava o sentimento.
Havia muito ódio para não ter havido mais nada, não importa há quanto tempo
isso poderia ter acontecido.

— Qual é o plano, então? — Perguntou Phelan.


Con olhou para Usaeil, e os dois sorriram cruelmente. Foi Con, que disse:
— Primeiro, Usaeil vai atrair Balladyn...
Shara não conseguia parar de tremer. Ela estava com frio até em sua alma
gelada, porque sabia que qualquer que fosse a pequena chance que poderia ter tido
com Kiril, evaporou como uma nuvem de fumaça.

— O que te fez pensar que poderia te afastar de mim? — Perguntou


Balladyn.

— Foi tudo um truque, como você disse. — Ela cortou os olhos para ele.
— Eu sou uma boa mentirosa.

Seu olhar se endureceu. — Isto você é, mas acho que você realmente me
considerou.

— Talvez por um instante, antes que eu percebesse no que estaria me


metendo.

— Não importa. Eu decidi que ninguém mais além de você fará.

Ela virou a cabeça para longe dele. Ela sabia que iria enfurecê-lo, por isso
não foi surpresa quando seus dedos se prenderam dolorosamente em sua
mandíbula e sacudiu a cabeça para trás.

— Eu amo seu espírito, — disse ele, seus olhos brilhando vermelhos com a
loucura.
— Por que não escolher uma das centenas de mulheres que anseiam para ser
sua companheira? — Shara perguntou depois que ela arrancou a cabeça para fora
de seu aperto.

— Porque elas não são você. Você é o meu par em todos os sentidos. Uma
vez que você perceber que foi feita para ser minha, virá a aceitar que o seu lugar
está ao meu lado governando. Nós temos a eternidade para você chegar a esse
entendimento.

— Isso não vai acontecer. — Pelo menos ela rezou para que não o fizesse.

— Você vai. — Ele deu um aceno de cabeça firme. — Eu suspeito que vai
levar apenas uma ou duas tarefas antes de ter mais prata em seu cabelo. Isso é tudo
o que será necessário para obter esse Rei Dragão fora de sua cabeça de uma vez
por todas.

Ela soprou um pedaço de cabelo de seus olhos. — Ah. Então, isso é o que
você pensa que tem a ver comigo. Não sou eu. É o fato de que interagi com Kiril.
Assim como Rhi tinha um amante Rei.

— Rhi nunca deveria ter começado a ficar presa nesse mundo! — Ele gritou,
com o peito arfando. — Eu disse a ela que estava errado. Eu disse a ela que iria
acabar mal.

— Deixe-me adivinhar. Você estava lá quando suas previsões se tornaram


realidade.

— Eu estava, — afirmou com um pequeno sorriso.


Shara queria envolver seus braços em torno de si e tentar obter de volta um
pouco de calor, mas ela se recusou mostrar a Balladyn esse minúsculo grau de
medo. — Rhi precisava de você então. Você fez algo de bom.

— Prometi à sua família que iria protegê-la sempre. — Balladyn olhou para
o chão, raiva irradiando dele. — Eu falhei por deixá-la se envolver com o Rei
Dragão. Ela merecia mais do que ele. Rhi era preciosa, importante.

Foi quando isto bateu em Shara. — Você estava apaixonado por ela.

Seu olhar deslizou para o dela enquanto ele descascou para trás os seus lábios
em um sorriso de escárnio. — Um erro que foi corrigido quando o Escuro me
levou.

— Não, — ela disse com um aceno de cabeça. — Você ainda a ama. É por
isso que você realizou sua vingança. É por isso que você quer transformá-la em
Escuro. Depois, você poderá tê-la.

Seu rosto diminuiu em um sorriso. — Se isso for verdade, por que eu iria
passar pela reivindicação com você?

Ela engoliu em seco quando seu futuro veio a ela na clareza cristalina. —
Para ganhar o avanço através de minhas conexões familiares. Para estar com uma
mulher que nasceu Escura e não se tornou Escura. Mesmo se eu quisesse tornar-
me a mulher que você quer e ficar ao seu lado, no momento que Rhi se tornar
Escura, você vai me matar. Em seguida reclamá-la como sua própria.
Uma sobrancelha preta e prata levantou. — Você é muito mais esperta do
que te dei crédito, Shara. Você vai ser uma boa parceira para mim durante o nosso
tempo juntos.

Ele se afastou, seus saltos das botas soando nas pedras. Shara soltou um riso
que o fez parar em seu caminho. Ele lentamente se virou para ela. — Você
encontrou algo divertido?

Shara deslocou os olhos para ele, seu sorriso ainda no lugar. — Você assume
que Rhi permanecerá aqui para você transformá-la numa Escura.

— A Luz nunca vem pelos seus, — declarou ele, a malícia e ódio escorrendo
de suas palavras.

— Eles não são os únicos amigos que ela tem.

Levou um momento para Balladyn entender, mas quando o fez, ele girou e
saiu correndo da sala. Shara não conseguia parar o riso. Ele ficou mais alto com
cada momento enquanto imaginava Balladyn correndo para Rhi.

Não importa qual a punição que Balladyn reservou para ela, o olhar de ódio
e preocupação em seu rosto era impagável. Ele subestimou os Reis Dragões, assim
como seu irmão fez. Foi uma lição que ela mesma aprendeu da maneira mais difícil.

A risada morreu instantaneamente enquanto melancolia a consumia.

— Oh, Kiril, — ela murmurou.


Ela podia aceitar seu destino e permanecer com Balladyn, ou poderia tentar
fugir. Ela não tinha ideia de onde iria, e a chance de que seria morta era grande.
Pois era melhor do que viver como companheira de Balladyn.

Shara não iria esperar por Balladyn retornar. O tempo ideal para ela fazer
alguma coisa era enquanto ele estava ocupado. Ela se levantou e caminhou até a
porta. Lá, ela parou por um breve momento para reunir sua coragem antes que
abrisse a porta. Dois soldados Escuros montavam guarda em cada lado da porta.
Ela sorriu para um quando se inclinou para frente e agarrou sua espada.

Eles ficaram tão surpresos por sua tática que Shara teve tempo suficiente
para acertar o segundo guarda com o cotovelo antes de mergulhar a espada no
primeiro. Shara retirou a lâmina e virou, afundando a espada para o intestino do
segundo guarda.

Se ela fosse pega, selou sua morte, matando dois dos homens de Balladyn,
mas ela não se importava. Shara tinha que chegar a Kiril e deixá-lo livre da
masmorra.

E se Balladyn estiver na masmorra?

Ela tropeçou quando o pensamento passou por sua mente, mas ela
continuou a correr. Seu único pensamento era chegar a Kiril que poderia encontrar
uma maneira de libertar Rhi também.

Shara virou uma esquina e se encontrou com outro dos homens de Balladyn.
Seus olhos se arregalaram ao reconhecê-la. Com nenhuma outra escolha, ela enfiou
a lâmina através de seu coração. Ele caiu a seus pés, seus olhos vermelhos olhando
sem vida para ela. Ela olhou para suas mãos para ver o spray de sangue sobre elas.
Isto virou seu estômago. Ela queria se enrolar em uma pequena bola e cobrir seus
ouvidos enquanto fechava os olhos e fingia que nada disso estava acontecendo.

Isso era algo que uma menina iria fazer. Ela não era mais uma menina. Ela
era uma mulher adulta, uma Fae.

E já era hora de provar isso.

Shara ergueu os ombros e puxou a espada do corpo morto do Fae. Ela


limpou a lâmina em suas roupas antes de continuar para frente. Ela conseguiu
descer mais dois andares sem incidentes. A maioria dos Escuros não sabiam quem
ela era, e eles a deixaram sozinha. Ela estava um andar longe das masmorras
quando ouviu seu nome.

— Sharaaaaaaa!

Seu sangue gelou nas veias. Era Balladyn. E ele estava procurando por ela
agora.

Phelan andou pelos corredores da fortaleza de Balladyn mais uma vez sob o
disfarce de um Fae Escuro. Ele caminhou decisivamente para a câmara onde Shara
estava sendo mantida, apenas para fazer uma pausa quando ouviu o nome de Shara
gritado por Balladyn pelos corredores. Ele sorriu, porque isso significava que Shara
conseguiu libertar-se de Balladyn brevemente. Ele teria pouco tempo para
encontrá-la antes que Balladyn o fizesse. Phelan correu para o calabouço, porque
sabia que era onde Shara estaria indo.

Alguns Escuros deram-lhe olhares estranhos enquanto corria pelos


corredores. Phelan podia ver a escada à frente que levava à masmorra. Era a única
maneira de ir para o nível mais baixo. Avistou Shara quando ela virou a esquina e
começou a correr à frente dele. Ele começou a chamá-la, mas parou quando ouviu
gritos na frente deles.

Ele soltou uma série de palavrões quando Shara deslizou a uma parada e
ergueu a espada na mão para se defender contra seis Escuros que vieram para ela.
Phelan deixou cair a fachada de Escuro que ele usava e chamou ao deus dentro
dele. Imediatamente garras saltaram de seus dedos e as presas encheram sua boca.
Ele viu um Escuro vindo para ela por trás e usou sua velocidade para alcançá-la.

O braço de Phelan saiu a tempo de bater o Fae Escuro o afastando antes que
pudesse atingi-la. O olhar de Shara tocou o seu por um instante antes deles estarem
lutando costa-a-costa contra os Escuros.

Quando o último dos Escuros bateu no chão, Phelan virou-se para Shara
apenas para sentir a pressão da lâmina contra o pescoço dele. Ele ergueu as mãos,
observando como ela olhou para sua pele de ouro e garras. — Nós não temos
tempo para isso.
— Quem é Você?

— Um amigo de Kiril.

— Você não é um Rei Dragão, — ela murmurou, seu olhar em suas mãos.

Phelan sorriu e balançou as garras douradas. — Isso é porque eu não sou.


Vou explicar quem sou depois. Agora precisamos tirá-la daqui antes que Balladyn
nos encontre.

— Eu estou...

— Outros estão ajudando Kiril, — ele a interrompeu.

Ela baixou a lâmina para que descansasse contra sua perna. — Oh.

— Eu sei que você não o traiu. Haverá tempo para contar-lhe tudo, uma vez
que estivermos todos a salvo.

— Qual o seu nome?

— Phelan, — ele disse, e olhou ao redor. Ele estendeu a mão para seu braço,
mas ela se moveu de volta. — O que está fazendo, moça?

— Enquanto Balladyn está atrás de mim há tempo para você tirar Rhi
também.

— Espere, — Phelan disse quando ela deu mais um passo para longe dele,
meio virando quando ela fez.
Mas era tarde demais. Shara já estava correndo pelo corredor. Phelan
começou a segui-la quando avistou um grupo de Escuros vindo a eles liderados
por ninguém menos que Balladyn. Ele rapidamente alterou a realidade novamente
para que ele fosse parte da parede. Ele ficou em silêncio contra as pedras quando
Balladyn ajoelhou ao lado do Escuro caído.

— Eu vou matá-la, — afirmou Balladyn com raiva.

Balladyn levantou e saiu com seus homens atrás dele. Phelan esperou até que
eles foram embora antes que ele aparecesse e mais uma vez parecia um Fae Escuro.
Phelan olhou para onde Shara correu e sabia que tinha que ir atrás dela. Ela estava
colocando-se em perigo para ajudá-los. O mínimo que podia fazer era ter certeza
que ela não morresse.

Phelan seguiu Balladyn e seus homens enquanto eles rastreavam Shara


através do labirinto de corredores. Ele diminuiu, e depois parou completamente
quando se aproximou do grande salão e viu a multidão de soldados Escuros
deitados no chão imóvel.

Balladyn ficou no meio da sala olhando para a devastação de seus homens


em confusão. — Shara!

— Shara não pode fazer isso, — disse uma voz etérea que Phelan conhecia.

— Usaeil, — Phelan sussurrou. Um sorriso se formou quando a rainha da


Luz apareceu ao lado de Balladyn com uma luz brilhante ao redor dela. Ela flutuou
algumas polegadas do chão, seu cabelo escuro ondulando em torno dela em
câmera lenta.

O rosto de Balladyn contorceu de raiva quando viu Usaeil. Ele virou a cabeça
e cuspiu. — Você se sujou vindo me visitar, finalmente.

— Não. Eu vim por Rhi.

Balladyn trocou seus pés, suas mãos cerradas em punhos aos seus lados.
Atrás dele, seus homens estavam espalhando-se ao redor deles. Phelan chegou
mais perto, a fim de ajudar em qualquer capacidade que podia. Não que a rainha
precisasse.

— Sua preciosa Rhi. Eu deveria saber. Eu nunca fui tão importante para
você em nenhum tempo, — disse Balladyn.

Usaeil não baixou o olhar. — Se eu soubesse que você estava sendo mantido
por Taraeth, viria por você. Rhi teria vindo também.

— Eu não acredito em você! — Balladyn gritou.

— E eu não me importo com o que você pensa, — ela respondeu


calmamente.

— Eu nunca vou deixar você ter Rhi.

— Você não vai ter nada a dizer sobre o assunto uma vez que eu tenha
acabado com você.
Balladyn sorriu confiante. — Isso nunca vai acontecer.

Phelan testemunhou a luta do Fae Escuro, mas ele não viu a rainha. Os
homens de Balladyn começaram a fechar-se sobre a dupla, suas intenções claras.
As garras de Phelan alongaram e suas presas encheram sua boca. Ninguém ia
colocar uma mão sobre a sua rainha.

Ele se preparou para saltar e atacar quando a luz em volta de Usaeil cresceu,
tornando-se maior e mais brilhante, até mesmo Phelan não podia ver. Ele ergueu
a mão para proteger os olhos enquanto tentava apertar os olhos e ainda ver Usaeil.
Houve gritos em torno dele, que logo se transformaram em gritos de dor.

Então não havia mais nada.

Phelan abriu os olhos para ver os Escuros que estiveram a ponto de atacar
Usaeil caídos no chão em ângulos estranhos, obviamente mortos. Todos, exceto
um, Balladyn. Ele não estava lá.

Phelan endireitou e levantou o olhar para a sua rainha que virou-se para ele.

— Encontre Balladyn, — ela ordenou e depois desapareceu.


Kiril ignorou o sangue escorrendo pelo braço dos cortes nos pulsos
enquanto continuava a puxar as correntes da parede. Assim que um corte abria,
seu corpo começava a curá-lo. Uma das muitas vantagens de ser um Rei Dragão.

— Você não vai ficar livre.

Sua cabeça empurrou ao redor de Balladyn que estava no centro de sua cela.
Um olhar por trás do Escuro revelou que a porta ainda estava fechada, o que
significava que Balladyn havia tele transportado. — Sempre tão confiante. Você
vai ser derrubado com um pino ou dois em breve.

— Eu duvido, — disse Balladyn com um sorriso.

Kiril sorriu quando ele percebeu que poderia haver uma única razão para
Balladyn usar sua mágica em vez de caminhar através da porta. Seus amigos
estavam lá. — Eu não.

— Diga-me, Rei Dragão, por que você confiou na linda Shara? Ela é Escura.

As palavras de Balladyn atingiram a sua marca, assim como ele pretendia.


Kiril não queria nunca mais ouvir o nome dela ou até mesmo pensar sobre ela. E
ele nunca queria falar dela novamente. Doeu muito. Mas ele não podia deixar
Balladyn saber disso.
— Quem disse que eu confiava nela? — Kiril provocou. — Será que nunca
atravessou a sua mente pequena que eu poderia tê-la usado para levá-lo a fazer
exatamente o que você fez?

O sorriso de Kiril cresceu quando viu turvar a expressão de Balladyn de


confiante para um brilho de incerteza. Essa cintilação em breve se transformou
em uma maré desabrochando cheio de dúvida. Ele podia não ser capaz de ajudar
seus irmãos a lutar contra o Fae Escuro, mas Kiril faria tudo o que podia com o
que tinha. As palavras eram uma arma afiada.

— Mentiras, — afirmou Balladyn, um lado de seus lábios se levantaram em


um sorriso de escárnio.

— Você tem certeza?

— Eu tenho você, não tenho?

Kiril ergueu as mãos, as correntes chocalharam quando fez. — Parece que


sim. Você teve um monte de problemas para me pegar aqui. Por que não me diz
o que é que você quer?

— Eu quero o que os Reis têm escondido.

— Nós escondemos um monte de coisas. Tesouros maiores do que qualquer


um poderia imaginar, a receita para o nosso uísque, o...

— Pare! — O berro de Balladyn ricocheteou nas paredes de pedra. — Você


sabe o que procuro.
— Mantenha-se acreditando nisso.

Balladyn deu um passo mais perto. — Você está me dizendo que não sabe
onde ele está escondido?

— Talvez se eu soubesse o que está procurando? — Kiril sabia que Con


mantinha em segredo por uma razão, mas não era mais hora para esses tipos de
segredos. Especialmente quando colocava cada Rei Dragão no radar dos Fae
Escuros.

Balladyn riu. — Fingir não vai parar o que planejei para você.

— É você quem deve parar de fingir. Você nem ao menos sabe o que
procurar.

Balladyn de repente estava diante de Kiril, nariz com nariz, os olhos


faiscando. — Eu sei que é a...

Suas palavras foram cortadas por um grande estrondo na porta de Kiril. Kiril
queria gritar a sua frustração quando Balladyn sorriu friamente e desapareceu.

— Droga, — Kiril disse e bateu os punhos para trás contra as pedras.

A porta se abriu no terceiro ataque, e Con encheu a porta com um sorriso.


— Não parece tão feliz em me ver.

— O que você está escondendo de todo mundo? — Kiril exigiu.


O rosto de Con fechou, seu sorriso apagado em um piscar de olhos. — Não
é sua preocupação, e antes que você pergunte novamente, é dessa maneira por
uma razão.

Kiril não se surpreendeu com a resposta, é que estava, de fato, esperado


exatamente com essas palavras. — Os Escuros não irão desistir tão facilmente.

— Não, — Con disse enquanto caminhava para Kiril. — Por enquanto,


vamos nos concentrar em soltar você.

— Balladyn estava aqui, Con. Ele se tele transportou de dentro e para fora.

As mãos de Con pararam nas correntes. — Onde ele foi?

— Eu não sei. Diga-me que você não veio sozinho.

— Claro que não. — Seu sorriso estava cheio de retribuição.

Então Phelan os encontrou. Kiril baixou a cabeça contra a parede e suspirou


enquanto Con agarrou a corrente em ambas as mãos e tentou quebrar as ligações.
Kiril encontrou sua mente se voltando para Shara. Ele ia sentir falta de segurá-la
em seus braços, sentiria falta de estar próximo a ela. No fundo de sua mente, ele
sempre soube que ela poderia traí-lo.

— Será que vai aliviar a sua mente saber que ela não te enganou? — Con
perguntou enquanto cerrou os dentes e puxou as correntes.

Kiril levantou a cabeça e fez uma careta. — Do que você está falando?
— Shara. — O olhar de Con estava nas correntes, seus músculos
flexionados enquanto puxava. Sua voz era tensa, as palavras vieram com os dentes
cerrados quando disse, — Balladyn te enganou.

Kiril pensou de volta ao seu encontro e como Shara negou veementemente


as palavras de Balladyn. Seus olhos vermelhos lhe imploraram, mas Kiril esteve
muito pronto para acreditar em Balladyn. Apenas o que o bastardo esperou que
ele fizesse. Kiril deveria ter sabido que era um truque.

— O que ele fez com ela?

Con relaxou seu aperto e deu de ombros. — Phelan foi atrás dela. Ele é o
único que ouviu sua troca de palavras depois que foram tomados e sabia o que
Balladyn estava realmente querendo. Phelan vai encontrá-la. Não se preocupe.

— Eu tenho sido um tolo.

Con pegou seu olhar e segurou-o. — Então você se importa com ela?

— Eu não lhe pediria para oferecer ssantuário se não me importasse.

— Sim, mas isso não é o que estou perguntando agora, não é?

Kiril virou a cabeça. — Você está perguntando se tenho sentimentos por ela.

— Você a ama, Kiril?

— Talvez. Eu não sei, — ele disse com um aceno de cabeça.


— Haverá tempo suficiente para descobrir isso, uma vez que deixemos este
lugar para trás. — Con levantou a corrente novamente e puxou.

Kiril olhou para as ligações, mas, apesar da força de Con, elas não estavam
desmoronando. Ele estava prestes a dizer a Con para ir encontrar Rhi quando viu
algo fora do canto do olho. Sua cabeça girou ao mesmo tempo que a de Con. Kiril
só podia olhar para Balladyn que tinha um sorriso satisfeito no rosto e uma lâmina
na garganta de Shara.

Ela estava respirando pesadamente, com o cabelo preso ao lado de seu rosto
suado. Kiril viu rolar uma gota de sangue em sua garganta quando a lâmina se
afundou em sua pele uma fração.

— Pare, — Kiril exigiu, com mais medo do que nunca esteve em toda sua
vida muito longa.

Balladyn mudou seu olhar para Con. — Você pode puxar essa corrente por
toda a eternidade, e nunca vai tirar fora dele.

— Você devia saber para nunca dizer nunca a um Rei Dragão, — Con
afirmou casualmente.

— Por anos, ouvia como maravilhosos vocês Reis eram, mas eu sei a
verdade. Eu sei o quão desonrado, imoral e indigno de confiança você realmente
é. Eu sei seus segredos.
Kiril manteve seu olhar sobre Balladyn. Ele não se atreveu a olhar para Shara,
porque se o fizesse e visse seu medo, ele perderia seu domínio precário sobre seu
controle. — Você está se referindo a Rhi.

— Vocês todos a enganaram. — disse Balladyn com uma risada. — Mas


logo ela vai ver os Reis Dragões como o que vocês realmente são.

— Ele a ama, — disse Shara.

Balladyn empurrou a lâmina mais profunda, e o sangue correu mais rápido


pelo seu pescoço. Foi a mão de Con no braço de Kiril que o manteve parado.

— Então você quer nos ferir, — Con disse com um encolher de ombros.
— Ou você quer encontrar algo que temos escondido? Estou confuso.

— Eu vou fazer as duas coisas, — Balladyn afirmou. Seu olhar deslizou para
Kiril. — Primeiro, você vai sentir o que eu senti. Você vai ver alguém destruir a
sua mulher, como vocês Reis destruíram Rhi.

— Rhi não foi destruída, — disse Kiril rapidamente para parar o que quer
que fosse que ele planejou para Shara.

Balladyn fez um som na parte de trás da garganta. — Se você acredita nisso,


então não a conhece como achava que conhecia. Nem você percebeu o quão
profundamente ela o ama. Ela o ama com tudo o que ela tem, sem reter nada. Ela
deu tudo de si mesma, e o que recebeu em troca?
Uma massa escura infiltrou-se através das pedras no chão e rodeou Shara.
Ela empurrou impotente no momento em que a massa a tocou. Balladyn a soltou
e deu um passo atrás. Kiril assistiu com horror quando a massa negra a suspendeu
acima do piso.

Seus olhos estavam selvagens com terror. Seus olhares se encontraram, e ele
viu o arrependimento em suas profundezas vermelhas pouco antes dela ser jogada
contra a parede oposta, seus gritos enchendo sua cabeça.

— Não! — Kiril gritou enquanto tentava ir até ela, apenas para ser mantido
em cheque pelas correntes malditas.

Con correu para Shara, mas antes dele chegar, ela foi atirada contra o teto.
Kiril olhou para Balladyn para ver seu sorriso homicida pouco antes dele
desaparecer.

Kiril perdeu o pouco controle que tinha quando a fúria e temor o tomaram,
mandando-o em um ataque de desespero para se libertar e chegar a Shara.

Rhi estava deitada de costas aquecendo-se ao sol, com a mão girando sem
pressa nos raios brilhantes. Como sentiu falta do sol. Nunca mais ela teria alguma
coisa a ver com os Escuros. Não importava que pedissem sua ajuda.

Mesmo que fosse ele.


Uma grande mão alisou o cabelo dela, uma mão que ela conhecia bem. Rhi
virou a cabeça e olhou para seu amante. Ele sorriu para ela quando cobriu o corpo
dela com o seu próprio. Ninguém nunca a amou como ele. E ninguém nunca o
faria.

Ela queria perguntar-lhe onde ele esteve. Ela queria saber por que ele se
afastou dela, mas nada disso importava agora. Não quando ele estava em seus
braços novamente.

Seus dedos mergulharam em seu longo cabelo. Normalmente, ele o mantinha


aparado muito mais curto, mas eles cresceram por ela. Como ele parecia sexy com
seu cabelo longo. Se ele usasse amarrado ou deixasse as ondas acetinadas como
seda deslizarem por seus ombros, ele seria de longe o homem mais lindo que já
andou na terra.

Ela olhou-o nos olhos a cor de...

— Olá, animal de estimação.

Ela empurrou-se ao ouvir a voz odiosa que entrou no seu sonho. Rhi tentou
afastar-se de Balladyn, para voltar ao lugar com seu amante, mas ele se foi,
desapareceu. A dor do chão irregular cavado em suas pernas e bunda. Rhi procurou
a luz que estava dentro dela, a luz que a fez Fae. Era o que manteve, mas ela temia
que agora estivesse morta.

— Olhe para mim, — Balladyn exigiu.


Ela manteve a cabeça baixa, embora não por escolha. Era muito difícil para
ela levantá-la para olhar para ele. As correntes de Mordare estavam minando-a de
toda a força quanto mais tempo elas estavam sobre ela.

— O que? Sem sarcasmo? — Balladyn provocou. — É a luz desaparecendo,


animal de estimação? Eu pensei que você teria estendido por mais tempo. Talvez
você não seja tão forte como pensei que fosse.

Rhi queria lembrar seu ódio por Balladyn mesmo depois que ela se tornasse
Escura. Ele seria o primeiro que ela mataria. Já não adiantava negar o que seria o
seu destino. Ela aceitou o que estava por vir, mas haveria consequências.

Vagamente, ela podia ouvir gritos de algum outro lugar no calabouço. Era
uma mulher, e pelo medo e dor nos gritos, Rhi sabia exatamente o que estava a
atacando. Era a mesma coisa que a atacou.

Um grito masculino juntou aos gritos da fêmea. Rhi queria sentir pena deles,
mas ela não conseguia sentir muita coisa.

Balladyn se aproximou. — Você é fraca, animal de estimação.

Ela não poderia mesmo trazer-se para chegar a uma resposta. Ele estava
certo. Balladyn sempre estava certo sobre ela, sobre tudo. Ele não foi o único a
dizer-lhe que não iria funcionar entre ela e seu amante?

— Se entregue à escuridão, — ele sussurrou sedutoramente. — Deixe de


lado a dor e o passado. Transformando-se em quem você está destinada a ser.
Destinada a ser. Ela deveria estar guardando sua rainha. Ela deveria estar
fazendo tudo o que podia para irritar os Reis Dragões.

Ela era para ser do sol.

— Não, — ela disse, embora tenha saído mais como um murmúrio em vez
do grito que pretendia.

— Ninguém quer você. Não como eu faço, — Balladyn continuou. — Eu


tinha que machucá-la para quebrá-la e trazê-la para a escuridão, o que vai trazer os
outros para seus joelhos. Apenas diga sim, e eu posso libertá-la dessas correntes.

Rhi queria longe as correntes desesperadamente, mas não o suficiente para


dar o último pedaço de sua luz.

— Ninguém virá por você, — disse Balladyn, uma nota de alegria em sua
voz. — Especialmente o Rei Dragão. Ele virou-se para longe, lembra? Ele a
deixou, abandonando o seu amor. Lançou-a de lado como um pedaço de sujeira
que ele não poderia se livrar rápido o suficiente.

Não!

O grito ecoou em sua mente, mesmo quando Rhi começou a tremer de raiva.
Con irrompeu porta após porta na masmorra procurando Balladyn. Ele não
foi capaz de libertar Kiril ou parar o que estava atacando Shara, mas ele poderia
matar o bastardo que instigou tudo isso.

Rhys estava do lado oposto do corredor à procura de Rhi sem sorte. Seria
simples como Balladyn poderia mover Rhi no último minuto antes que pudesse
alcançá-la.

Con chutou a porta ao lado e se deteve quando seu olhar pousou em Balladyn
de cócoras ao lado de alguém. Con mal reconheceu a figura como Rhi, e ele
provavelmente não teria percebido que era ela exceto pelo fato de que ela começou
a brilhar.

Seja o que for que Balladyn estava sussurrando em seu ouvido não estava
funcionando como esperou, se seu rosto era qualquer indicação. Balladyn se
levantou e deu um par de passos apressados de volta.

Rhys correu pela porta e derrapou até parar ao lado Con. — Ah Merda.

— Não há como escapar do que vem a seguir — Con disse a Balladyn.

A cabeça de Balladyn virou-se para ele. — Não para mim.


No segundo seguinte, Balladyn tinha ido embora. Con gritou para Rhys para
avisar Kiril. Rhys correu de volta para fora quando Con começou a se aproximar
de Rhi para tentar acalmá-la antes que ela destruísse a fortaleza. Apenas uma vez
antes Con testemunhou o poder explosivo de sua fúria. Quando a poeira baixou,
não havia mais nada do reino.

— Rhi! — Ele gritou quando se aproximou. — Rhi, você precisa se


concentrar. Pense em criar, não destruir!

Suas palavras não penetraram em sua mente quando a incandescência


aumentou. Con parou diante dela e tocou-lhe, apenas para empurrar as mãos para
trás quando sua pele o queimou. Sua cabeça levantou, o estranho brilho em seus
olhos também. Ela abriu a boca e gritou quando o brilho explodiu de seus lábios.

De repente, seus braços estavam estendidos, o tilintar das correntes abafado


por seu grito. Con olhava com preocupação quando algo a ergueu para cima até
que ela pendurou no ar e o brilho cresceu ofuscante.

Não houve meio segundo de silêncio antes que a explosão de Rhi sacudiu o
próprio fundamento do composto. Con voou para trás na onda de choque. Ele se
chocou contra a parede oposta, o impacto batendo o ar de seus pulmões, assim
como as paredes desmoronaram em torno dele, prendendo seu braço.

Con cobriu a cabeça com o braço quando os pedaços de pedra choveram


sobre ele a partir do teto. Levou vários minutos antes do colapso parar. Uma vez
que fez, ele levantou a cabeça e sacudiu a sujeira e detritos. Seu olhar procurou os
escombros em busca de um vislumbre de Rhi. Ele encontrou-a deitada, imóvel, no
topo de uma pilha de pedras, não mais brilhante.

Con tentou levantar-se, mas seu braço direito estava bem e verdadeiramente
preso. Com a mão livre, ele empurrou para fora da pedra mais próxima dele, mas
não fez nada para ajudar. Ele continuou a empurrar peças tão rapidamente quanto
podia. Rhi estava vulnerável agora, e era também o momento perfeito para levá-la
em algum lugar seguro antes que ela acordasse e repetisse o processo.

Ele tinha que pegar Rhi, Rhys, Kiril e Shara, para que pudessem sair antes
que qualquer Escuro os encontrasse. Con grunhiu enquanto rolou uma grande
pedra que lhe permitiu quase se libertar. Um movimento chamou sua atenção. Ele
olhou para cima para ver uma forma de pé no grande buraco na parede perto de
Rhi. A forma tornou-se a de um homem que se virou para ele.

Raiva cravou através de Con quando ele o reconheceu. — Ulrik, — disse


ele com os dentes cerrados.

Seu inimigo sorriu maliciosamente. — Você acha que eu não saberia que ela
foi levada?

— Deixe-a.

— Ou o quê? — Perguntou Ulrik. — Vamos, finalmente, lutar, irmão?

Con puxou seu braço preso contra a pedra, e só conseguiu raspar uma grande
parte da pele de seu braço em sua tentativa de se libertar. Ele apertou os dentes
enquanto observava Ulrik caminhando para Rhi e agachando ao lado dela.
Ulrik riu suavemente antes de levantar Rhi em seus braços. Ela pendurou
molemente, as correntes de Mordare quebradas e penduradas em seus pulsos.

— Esta é a primeira de minhas muitas vitórias sobre você, — Ulrik disse


com um sorriso antes dele se levantar e ir embora.

Con deixou sua raiva livre. Ele entrou em erupção quando berrou
furiosamente, preso pela última das pedras. O sangue escorria pelo seu braço da
ferida rapidamente curando quando ele correu atrás de Ulrik, mas não importa
onde ele procurou porque Ulrik, juntamente com Rhi, se fora.

Kiril abriu os olhos para ver nada além de destroços ao redor dele. Ele estava
deitado de bruços, pedras depositadas em suas pernas e costas. Pelo tipo de dor
em suas costas, ele sabia que foi esmagado. O fato de que ele não conseguia sentir
as pernas significava que tinha que pegar as pedras fora rapidamente para que
pudesse curar e ver Shara.

Ele empurrou contra o chão com os braços para tentar desalojar a pedra de
suas costas, mas não se moveu. Kiril tentou novamente, mas só conseguiu balançar
a grande pedra, o envio de mais dor ao longo da espinha.

— Espere, — veio uma voz fraca que Kiril reconheceu.

— Rhys?
— Sim, — seu amigo respondeu. Rochas começaram a se mover ao redor
dele quando o rosto de Rhys entrou em exibição. Rhys estava coberto de poeira e
sangue, mas seu sorriso era brilhante.

— Bem no maldito tempo, — disse Kiril.

Rhys grunhiu. — Nunca satisfeito, idiota. Assim como uma mulher.

Kiril sorriu para sua provocação. Foi um momento depois que Rhys moveu
as pedras de suas costas e pernas. Ele levantou os braços para ver as correntes
penduradas, mas não mais preso à parede. Apenas uma perna ainda estava
acorrentada à parede.

Rhys rapidamente esmagou a pedra, deixando Kiril completamente livre.


Kiril não queria esperar para a cura quando se puxou em uma posição sentada e
procurou um vislumbre de Shara.

— Eu vou procurar, — Rhys disse severamente. — Eu não sei o que causou


o colapso, mas não acho que foi Balladyn.

Assim que Kiril pode mover as pernas, começou a empurrar de lado pedras,
enquanto chamava o nome de Shara. Quanto mais tempo eles ficaram sem
encontrá-la, mais preocupado se tornou.

— Ela estava aqui, — Kiril disse enquanto ele estava contra a parede
esquerda e puxou as correntes penduradas perto de modo que não seria pego sob
qualquer uma das pedras. — Balladyn enviou algo para torturá-la. Ela estava aqui.
Eu a vi. Ela estava aqui quando as paredes começaram a descer.
— Deve ter sido Rhi que explodiu tudo, — Rhys disse quando ele endireitou
e rolou para fora uma grande pedra.

— Então ela? E Con?

Rhys amaldiçoou e correu para longe, só para voltar um momento depois,


com o rosto sombrio. — Ambos sumiram.

— Talvez Con a tirou, — disse Kiril, embora sua mente estava em Shara.

— Há uma chance de Shara ter saído também.

— Não, — disse Kiril. Ele começou a mover as pedras mais rápido.

Rhys agarrou seu braço. — Nós precisamos sair antes dos Escuros virem.

Kiril olhou para ele. — Eu não vou embora sem ela. Ou Phelan.

— Merda. Phelan, — Rhys murmurou.

— Alguém chamou o meu nome? — Phelan perguntou quando entrou no


que restava da cela.

Kiril o viu segurando seu braço. Os guerreiros curavam, mas não tão
rapidamente como um Rei Dragão. O fato de que Phelan era parte Fae significava
que ele curava quase tão rapidamente como um rei.

— Percebi que isso foi causado por Rhi? — Phelan perguntou quando olhou
em volta severamente.
Rhys assentiu. — Onde está Usaeil?

— Eu não sei. Ela derrotou um grupo de Fae Escuros com um pouco de


magia depois de falar com Balladyn. Ela me disse para encontrar o bastardo, e
tenho procurado desde então.

— Você viu Shara? — Perguntou Kiril.

Phelan trocou um olhar com Rhys antes de assentir. — Sim. Ela levou
Balladyn longe para nos dar tempo para chegar até você e Rhi.

— Balladyn a trouxe aqui, — disse Rhys.

Kiril respirou fundo antes de lentamente liberá-lo. — Ele torturou ela na


minha frente, sabendo que eu não poderia ajudá-la.

— Eu estou tão pronto para aquele idiota morrer, — afirmou Phelan.

Rhys assentiu. — Eu concordo.

Con surgiu dentro da cela, em seguida, seu rosto uma máscara de fúria
diferente de tudo que Kiril viu desde que Ulrik atacou os seres humanos.

— O que foi? — Perguntou Rhys.

As narinas de Con queimaram. — Ulrik.

Kiril fez uma careta. — Eu não tive a chance de dizer-lhe. Tudo aconteceu
tão rapidamente.
— Ele estava com você? — Con perguntou incrédulo.

— Sim. Ele não disse muito, e se recusou a me ajudar.

Con espanou a sujeira de seus ombros. — Ele levou Rhi.

— O quê? — Phelan berrou.

Rhys passou a mão pelo rosto. — Ah, porra.

— Onde você pensa que ele a levou? — Perguntou Kiril.

Con olhou ao redor. — Algo que estou pensando em perguntar para Usaeil.
Onde ela está?

— Ninguém sabe, — disse Rhys. — Ela enviou Phelan atrás de Balladyn


antes que desaparecesse.

Con girou nos calcanhares. — É hora de sair.

— Não, — disse Kiril. — Eu não vou sair sem Shara.

Con fez uma pausa e, lentamente, virou-se para olhar para ele. — Você não
a encontrou?

Rhys chutou uma pequena pedra. — Não.

— Há um monte de escombros, — disse Kiril. — Ela poderia estar debaixo


de tudo.

— Existe uma chance de que ela fosse embora? — Perguntou Con.


Kiril colocou as mãos nos quadris e deixou cair o queixo ao peito. — Você
viu o que Balladyn estava fazendo com ela. Não houve tempo para ela sair.

— Vamos nos apressar e procurar então, — disse Phelan.

Con deu um aceno. — Primeiro, Phelan, você é Fae, então veja se você pode
obter essas correntes fora de Kiril enquanto Rhys e eu começamos a procurar.

Kiril esperou impacientemente por Phelan para remover as algemas dos


pulsos e tornozelos. Em seguida, os quatro começaram a procurar rapidamente e
eficientemente através das pilhas de pedras. Com cada pedaço de entulho que eles
retiravam, Kiril tinha esperança de que ele iria encontrar Shara, e ainda assim não
havia nada.

— Não há um traço dela em qualquer lugar, — Rhys disse


melancolicamente.

Kiril teve que enfrentar o fato de que ela se foi. Mas onde? Como?

— Balladyn escapou antes da mágica de Rhi explodir, — disse Con.

Phelan encontrou o olhar de Kiril e disse: — Portanto, há uma chance de


que ele poderia a ter levado

— Então eu vou encontrá-lo, — Kiril prometeu. Seu estômago torcido com


a ansiedade para o que Balladyn poderia estar fazendo com ela.

— Não, — Con disse quando entrou na frente dele. — Nós vamos


encontrá-la.
Balladyn inspecionou o que restava de sua fortaleza e deixou sua raiva ferver
e crescer até que o consumia. Para piorar a situação, tanto Rhi quanto Shara
desapareceram.

Ele não sabia quem as tinha, mas iria caçar e matar quem as tomou. Em
seguida, ele iria trazer as fêmeas de volta. Rhi estava perto de se tornar Escuro e
Shara ele iria punir por vários anos pelo que ela se atreveu a fazer com ele.

Quanto aos Reis Dragões, ele não terminou com eles também.

— Isso não saiu exatamente como você queria, não é? — Perguntou um


sotaque Inglês culto.

Balladyn girou pronto para tomar-lhe a cabeça, quando reconheceu o


homem. Taraeth tinha se aliado com ele anos atrás, e foi por causa dele que sabiam
que os Reis Dragões estavam escondendo uma arma poderosa.

— O que você quer? — Balladyn exigiu, olhando em seus olhos dourados.

Ele sorriu. — Eu quero apenas ajudá-lo.

— Então, onde você estava quando eu tinha o Rei Dragão?


— Kiril? — Ele acenou com as mãos ao nome. — Ele não é o que você
precisa se preocupar. É verdade que ter qualquer Rei Dragão é um golpe, mas há
outro Rei que você precisa se concentrar.

Balladyn revirou os olhos, porque a resposta era óbvia. — Constantine.

— Não. Se você quer ganhar, precisa dividir e conquistar os Reis. Primeira


divisão. Já comecei com Tristan. Vou tê-lo em breve.

— Então quem? — Balladyn exigiu. — E por que você não está dizendo
Taraeth?

O homem sorriu, seus olhos dourados brilhando com alegria. — Eu já tenho.


Ele está em acordo sobre quem será nosso alvo a seguir.

— Quem? — Balladyn perguntou novamente.

— Aquele que desafia Con diariamente. Nada mais do que Rhys.


— Nosso tempo está se esgotando aqui, — Rhys disse quando se encontrou
com os outros no grande salão.

Kiril soltou um suspiro. — Eu concordo. Nós temos procurado por toda


fortaleza por Shara e Balladyn.

Phelan estalou os dedos enquanto olhava em volta para todos os Escuros


mortos. — Eu não gosto deste lugar.

— Eu conheço o cheiro de Shara. Eu poderia encontrá-la na forma de


Dragão, — Kiril afirmou.

Con cruzou os braços sobre o peito e levantou uma sobrancelha loira. — E


chamar cada Escuro neste reino miserável? Os seus sentimentos por ela estão
fazendo você descuidado.

— Quer dizer, ele está agindo como eu, — disse Rhys, o desprezo ardendo
em sua voz.

Kiril se colocou entre eles e colocou a mão no peito de Rhys. Ele esperou
por Rhys dar um aceno reconhecendo que estava calmo e, em seguida, Kiril virou
a cabeça para Con. — Não, nem todos nós podemos cortar as nossas emoções
como você faz.
— Tenho a certeza que todos vocês fizeram por milhares de séculos.

— Tudo isso mudou para os Reis, — Phelan apontou. — Con, nem mesmo
você pode parar os sentimentos de alguém, uma vez que esses sentimentos
começaram.

Kiril ficou perplexo pela forma como Con não piscou um olho com as
palavras de Phelan. Fez Kiril suspeitar de que apenas Con faria se ele fosse
empurrado.

— Eu odeio concordar com Con, Kiril, — Rhys disse a contragosto. — Mas


nós não estamos em um castelo escondido na Irlanda como nós estávamos com
Kellan e Tristan. Estamos no reino Fae. Mudar para um Dragão pode não ser
sábio.

Kiril engoliu em seco e se afastou de todos. — Eu sei. Permanecendo aqui


por mais tempo é perigoso. Precisamos voltar ao nosso reino.

— Escócia, — corrigiu Con.

Phelan bufou. — Primeiro, precisamos dar o fora deste reino através de uma
única porta que conheço que leva de volta para a Terra.

Kiril seguiu atrás de Rhys, que seguiu Phelan quando eles saíram do grande
salão por um corredor. Ele olhou por cima do ombro para Con cujos olhos pretos
estavam tão frios e vazios, como sempre. Algo mais estava acontecendo que
Constantine não estava dizendo a eles. O fato de que Ulrik esteve lá era ruim o
suficiente, mas ele também sumiu com Rhi. Nada de bom podia vir disso.
— Rhi estava acordada quando Ulrik a levou? — Phelan perguntou a Con.

— Não.

Rhys atirou a Con um olhar por cima do ombro. — Sério? respostas de uma
só palavra?

— Eu não sei se ela vai acordar, para responder a sua pergunta seguinte,
Phelan, — disse Con.

Phelan limpou a garganta duas vezes antes de perguntar: — Ela já... fez algo
parecido antes?

— Você quer dizer explodir um lugar? — Perguntou Rhys com um sorriso


irônico. — Uma vez.

— E ela ficou bem, — disse Phelan em relevo e lançou um sorriso por cima
do ombro.

Kiril só tinha de olhar para Con saber que tudo estava longe de estar tudo
bem. — O que você está escondendo de nós?

Phelan parou e enfrentou-os. — Responde-lhes, Con, ou nós não sairemos.

Com Phelan sendo o único a ver as portas Fae, ele poderia mantê-los lá,
enquanto ele quisesse. O olhar de Kiril mudou-se para Con, enquanto esperava
que ele respondesse.

— Há uma boa chance verdadeiramente que Rhi se foi de nós.


O olhar de Phelan deslizou para longe para olhar para nada. — Você acha
que Balladyn a transformou.

— Eu não sei dizer, — Con disse em uma voz mais gentil. — Eu estou
apenas afirmando que ela foi levada por um tempo.

Rhys apertou brevemente o ombro de Phelan. — Nós não saberemos de


nada até que possamos vê-la novamente.

— Se nós a vermos, você quer dizer. — Os olhos azul-acinzentados de


Phelan estavam cheios de apreensão.

Kiril olhou para Con, esperando para ele responder. Quando ele não o fez,
Kiril disse: — Pode levar algum tempo, mas se ela voltar por qualquer um, vai ser
por você, Phelan.

— E se ela retornar, mas não for a mesma? — Perguntou Phelan. — Se ela


virou Escuro?

Rhys balançou a cabeça. — Ela não mudará. Não Rhi.

O fato de Con não pronunciar uma palavra era ensurdecedor. Kiril sabia que
Con não diria qualquer outra coisa contanto que Phelan estivesse por perto. Então,
novamente, ele poderia tentar mantê-lo do resto deles também.

Phelan virou as costas para eles. — Vamos para casa.

Ele deu dois passos e desapareceu. Rhys olhou para Kiril antes de seguir
Phelan, mas Kiril foi retido.
— O que Ulrik disse para você? — Con perguntou.

Con olhou para ele com olhos duros. — Nada que vale a pena mencionar
saiu de sua boca. E Rhi?

— Não contem com sua ajuda no futuro.

Kiril apertou os olhos fechados por um momento. — Você acha que ela
agora é Escura?

— Eu acho que ela não será a mesma. E não ajuda que Ulrik a tenha.

— Você quer dizer que há uma chance de que ela vai ficar com ele.

Con deu um pequeno aceno de cabeça. — Estou apenas dizendo que é uma
possibilidade.

Kiril girou e passou pela porta com Con em seus calcanhares. Assim que eles
voltaram para a Terra e os jardins da mansão Blackwood eles encontraram uma
batalha completa. Ambos pulando para cima rápido.

— Onde diabos vocês estavam? — Phelan perguntou com raiva quando


rosnou, mostrando seus dentes e usando as garras para cortar a cabeça de um Fae
Escuro.

Con saltou em uma acrobacia com um rugido e num relance olhou para as
nuvens de chuva que não chegou a bloquear o sol. — Phelan, mantenha-se
contido.
— Já está feito, — o Guerreiro afirmou.

Houve um rugido alto quando Rhys mergulhou do céu sob a forma de um


Dragão amarelo. Kiril saiu correndo em direção a um grupo de Escuros que
estavam reunindo sua magia para dirigir a Rhys.

Kiril saltou para o ar, mudando quando ele fez, e bateu sua asa esquerda para
o grupo, cortando suas cabeças. Ele abriu as asas e navegou direto para o céu, só
para virar e deslizar enquanto inspecionava a batalha.

Um flash de luz brilhou sobre as escamas de ouro metálico quando Con rugiu
alto e varreu um grupo de Escuros. Kiril respirou fundo e soltou uma saraivada de
respirações geladas com Rhys soprando fogo ao lado dele.

As chamas logo tomaram conta da casa enquanto os Escuros ficaram


congelados no lugar antes de serem quebrados em um milhão de pedaços por
Phelan. Os Escuros ficaram espalhados enquanto tentavam decidir se lutavam ou
tentavam salvar a casa. Con não deu-lhes uma escolha quando pegou vários em
um aperto e os esmagou.

Phelan estava fazendo sua parte no chão, enquanto se esquivava de sua magia
e matava qualquer Escuro que fosse estúpido o suficiente para chegar perto dele.

Kiril viu mais Escuros que vinham para a casa. — Precisamos sair. Agora.

Rhys desceu e agarrou Phelan antes que ele voasse para as nuvens repletas
de chuva. Kiril fez um passe sobre a casa enquanto procurava qualquer sinal de
Shara. Relâmpago bifurcou através do céu, seguido de perto por um barulho alto
de um trovão que rolou durante vários segundos. Con subiu por ele, sua cauda
batendo Kiril na sua asa.

— É hora de voltamos para Dreagan, — disse Con.

Kiril viu o pai de Shara, que ainda estava de pé, com o olhar sobre os
Dragões, em meio aos Escuros lutando em torno dele. Kiril intitulou suas asas e
se virou para seguir Con e Rhys.

— Bem, isso foi divertido, — disse Rhys, sarcasmo escorrendo de suas palavras.

Con disse, — Nós deveríamos ter lembrado onde gostaríamos de voltar.

— Nós conseguimos escapar e fizemos um estrago neles. — Rhys riu. — Eu gosto como
estou surpreendido com isso, mas gostei de matar os traseiros sujos.

Kiril não se juntou às risadas. — Nós tivemos sorte. Se mais Escuros estivesse lá, as
coisas poderiam ter ficado ruim.

— Mas não tinha, — disse Rhys.

Kiril olhou para o amigo e viu que uma parte de sua perna foi carbonizada.
— Você não disse que estava ferido.

— Estou bem.

— Bem? — Con perguntou com raiva. — Se está tudo bem, então por que você
não está curando?
Nenhum deles mencionou que havia apenas um ser que poderia matar ou
ferir gravemente um Rei.

— Vocês três estão fazendo essa coisa de conversa mental, certo? — Phelan
perguntou num grito quando ele olhou para eles.

Em resposta, Rhys enfiou as asas e rolou várias vezes através do ar. Quando
ele parou, os lábios de Phelan foram puxados para trás em um grande sorriso. Kiril
olhou para Constantine e viu uma expressão preocupada no seu rosto.

Algo estava errado se Rhys não estava curando. Eles curavam quase que
instantaneamente, e embora a magia de um Fae Escuro pudesse prejudicá-los,
nunca fez nada parecido antes. Os únicos Reis Dragões que estavam lá eram os
três, e nem ele nem Con enviou qualquer ataque mágico para Rhys. Quem então
foi o responsável?

Kiril não gostou da apreensão e ansiedade que se aninhava


desconfortavelmente em seu estômago. Ele ficava olhando para a lesão de Rhys,
mas não via que ele estava se curando.

Eles voaram alto nas nuvens esquivando dos aviões. Um par de vezes Rhys
não foi capaz de esconder seu desconforto, fazendo Kiril e Con voar um em cada
lado dele. Eles o deixaram definir o ritmo, mantendo-o um pouco à frente deles
em todos os momentos para que eles pudessem vigiá-lo. A preocupação de Kiril
cresceu com cada aba de suas asas.
No momento em que eles chegaram a Dreagan, Rhys não podia mais
esconder o fato de que estava com dor tremenda. Ele lutou para permanecer no
ar, deixando cair vários pés de cada vez, apenas para lutar para continuar a ficar
com eles.

Kiril nunca esteve tão feliz de ver as montanhas familiares de Dreagan. Eles
deslizaram mais baixo, para que pudessem tocar no topo das montanhas, se
quisessem. Ele ficou para trás de Rhys enquanto Con ficou ao lado dele. Kiril ficou
mais preocupado com seu amigo quando a respiração de Rhys ficou difícil, seus
lados palpitando.

Quando a mansão apareceu, Rhys parou de tentar permanecer no ar. Ele


voou baixo, deixando Phelan cair no campo atrás da grande abertura na montanha.

Con dobrou suas asas e voou dentro da entrada em primeiro lugar. Kiril
bateu as asas para pairar no ar enquanto observava Rhys tentar entrar para a
montanha. A esquerda de Rhys raspou o chão e caiu, fazendo-o desabar no chão,
onde ele ficou parado como uma pedra.

Kiril mergulhou em direção a ele, espalhando suas asas para pousar pouco
antes de bater no chão. Assim que ele tocou o chão, Kiril mudou para a forma
humana e se ajoelhou ao lado do amigo.

— Rhys? — Chamou.

— O que aconteceu? — Phelan perguntou ofegante enquanto corria para


perto.
Con entregou a Kiril uma calça jeans quando saiu da montanha e
inspecionou a ferida de Rhys. — Assim como eu pensava. Isso foi feito com a
magia Dragão.

Kiril terminou de colocar seu jeans, a notícia atingindo-o com a força de uma
asa de Dragão. Ele não queria acreditar, se recusou a sequer considerar isso em seu
voo a partir da Irlanda. Mas a verdade estava olhando-o no rosto. — Como isso é
possível? Eu não usei minha magia, apenas o meu poder único, o gelo.

— Eu também não utilizei magia, — Con disse suavemente.

— Que diabos? — Um grito veio atrás deles.

Kiril se virou para ver Laith e Kellan vindo correndo em direção a eles. Eles
derraparam até parar, quando uma grande sombra passou sobre eles. Kiril olhou
para cima para ver um Dragão âmbar circulando-os. Um momento depois, e o
Dragão desceu, mudando a forma humana antes de tocar o chão e rolou até parar.
Tristan se levantou e correu para eles.

— Eu não sabia que ele foi ferido, — disse Phelan e passou a mão pelo
rosto coberto com preocupação.

Tristan estava ao lado de Rhys inspecionando a lesão. — Não há dúvida de


que foi magia Dragão.

— Se não fomos nós, então quem foi? — Perguntou Kiril.


O rosto de Con ficou manchado de vermelho quando ele levantou o olhar
para o horizonte. — Ulrik.

Tristan se virou para Kellan. — Esses eventos vêm para você para que possa
gravá-los como historiador. Quem fez isso com Rhys?

— Não é tão simples assim, — disse Kellan e coçou o queixo. — Eu não


vejo as suas vidas diárias. Vejo batalhas, reuniões envolvendo o nosso futuro.

— Isto é matéria importante, — Laith resmungou. — Isso é importante.


Esta foi uma batalha.

Kellan deu de ombros. — Eu gostaria de poder ajudar. Mas certo ou não,


essa é a maneira dele. Eu não tenho uma escolha do que consigo ver ou não ver.

— Somente os Dragões podem usar magia Dragão, — Kiril apontou.

Tristan colocou uma mão reconfortante sobre Rhys. — Kellan, e se você


tentar descobrir o que aconteceu?

Todos se voltaram para Kellan quando ele fechou os olhos. Vários segundos
se passaram antes que ele respirasse fundo. — Eu vejo a batalha, — disse Kellan.
— Eu vejo os Fae Escuros e a casa. Vejo vocês quatro lutando, Phelan em forma
de Guerreiro, e o resto como Dragões.

Kiril prendeu a respiração, tanto querendo saber se foi Ulrik para que
tivessem uma resposta, e esperando que não fosse ele.
— Eu vejo Kiril, com gelo e Rhys, que derrama chamas ao longo dos
Escuros. Vejo Rhys agarrando Phelan antes de ser atingido com a magia Dragão.
Então, todos vocês estão voltando para casa. — Kellan abriu os olhos e olhou
para Con. — Eu não pude ver quem atacou com magia ao Rhys, apenas o impacto.

— O que não nos diz nada, — disse Laith no silêncio que se seguiu.

Con enfrentou Kellan. — Só um Dragão pode usar a nossa magia. O único


outro rei é Ulrik.

— Sim, mas nós selamos a sua magia, — disse Kiril.

O olhar negro de Con voltou para ele. — Ele descobriu uma maneira. Talvez
Druidas estejam o ajudando, ou mesmo um Fae. Eu não me importo com o
raciocínio. O que isso me diz é que está na hora de eu matar Ulrik.
Um minuto Shara estava lutando por sua vida contra a fumaça preta, e no
outro estava cercada por uma luz tão intensa que não podia abrir os olhos. Ela
sentou-se encolhida, os olhos espremidos bem fechados enquanto esperava a
morte para encontrá-la.

Exceto que nada aconteceu.

Segundos se esticaram para momentos. Ela se atreveu a espreitar e ver se a


luz ainda estava lá. Estava, mas não mais a cegando. Apenas brilhante o suficiente
para afugentar toda a escuridão.

Uma mão suave tocou seu ombro enquanto uma voz de mulher, gentil e
suave, disse: — Pode abrir os olhos agora, Shara.

Não era uma voz que ela reconhecesse. Mais importante ainda, não havia um
único Fae Escuro que jamais soaria tão... Agradável. Shara foi acostumada a testar
o gosto do medo, mas não havia coragem adicionada ao seu arsenal, bem como
agora.

Ela levantou a cabeça, ao mesmo tempo que abriu os olhos, só para ter seus
pulmões bloqueados quando olhou para o quarto. Ele estava cheio de flores,
algumas altas, algumas pequenas, mas cada pétala encharcada de cor brilhante para
pastel. O piso e o teto eram brancos como eram as altas colunas que sustentavam
o teto. Não havia paredes, apenas ao ar livre mostrando nada além de grama verde
e céu azul brilhante e rico.

Shara ficou de pé, com as pernas trêmulas e seu coração batendo contra suas
costelas. Ela sabia onde estava, mas não podia acreditar que era possível.

— Percebi que te surpreendi.

Shara virou-se ao som da voz. O olhar fixo em uma mulher de beleza


indescritível com longas mechas, fluindo de cabelo preto carvão e olhos que
brilhavam como prata. Seu sorriso era amável, e seus olhos mostravam sabedoria.

Ela estava de repente muito consciente de seus olhos vermelhos e prata em


seu cabelo. Shara olhou ao redor para ver se alguém estava no quarto, mesmo
quando notou o traje muito humano na Fae de Luz.

— Você sabe onde está, mas você sabe quem eu sou? — Perguntou ela.

Shara sacudiu a cabeça. — Você me trouxe aqui?

— Eu fiz Shara. Quanto a quem eu sou, sou Usaeil.

A Rainha da Luz. Shara sentiu os joelhos enfraquecerem. Ela estava em pé


diante da governadora da Luz, e ainda não tinha ideia do porquê.

Usaeil sorriu e levou a mão a um conjunto de cadeiras. — Por que não nos
sentamos? Você teve um pouco em choque.
As pernas de Shara sentiram a madeira enquanto seguia Usaeil para as
cadeiras de aparência delicada de verde suave. Ela deixou-se cair em uma e esperou
que a rainha continuasse.

Usaeil a olhou por um longo momento, quando relaxou na cadeira. —


Conte-me sobre Kiril.

— Kiril? — Só de pensar nele trouxe uma dor para o centro do peito de


Shara. — Ele é um bom homem. Um Rei Dragão honrado.

— Sim, ele é ambas as coisas. No entanto, gostaria de saber a sua opinião


sobre ele.

Shara apoiou as mãos sobre as coxas enquanto sua mente se voltava para o
pouco tempo que teve com ele. Seu estômago apertou quando ela pensou em seus
beijos, assim como o desejo que desfraldava com o pensamento de estar em seus
braços.

Ela piscou as lágrimas que se reuniram. — Ele confiou em mim quando a


minha própria família não o fez. Ele me ofereceu santuário em Dreagan se eu
quisesse. Ele é diferente de qualquer homem que já conheci. Ou nunca vou
conhecer. Eu me importo com ele profundamente.

Amor. Era amor o que sentia, mas ela não se atreveu a dizer isso, não a
ninguém. Ela era uma Fae Escura. Os únicos que jamais a aceitariam eram a sua
própria espécie. Pelo menos eles a usaram. E agora não iriam mais.
— Você arriscou sua vida para ajudá-lo, mesmo que ele acreditasse que foi
traído, — disse a rainha.

Shara engoliu quando ela se concentrou na Fae da Luz. — Eu sabia que ele
não ia querer ouvir as minhas explicações, e não importa de qualquer maneira. Ele
veio por Rhi e seus amigos vieram para ambos. Eu queria ajudar.

— Sabia que Balladyn foi uma vez um membro altamente respeitado da


minha corte e exército?

— Ele me disse isto.

— Taraeth quebrou-o como Taraeth tem feito para muitos de meu povo, —
a rainha disse com tristeza. — Rhi estava perdida sem Balladyn. Ele era como um
irmão para ela.

— E ainda assim ele cobiçava-a para si.

Os lábios de Usaeil se comprimiram. — Sim eu sei. Todos sabiam, menos


Rhi. Pensei que Rhi poderia vir a vê-lo como seu futuro marido, mas depois que
ela conheceu...

Ela parou, mas Shara sabia o que queria dizer. — Seu Rei Dragão.

— Sim. O amor deles foi instantâneo e poderoso. Assim, como seus desejos
não seriam negados.

— Você aprovou?
Usaeil sorriu ligeiramente. — Não teria importado de uma forma ou de
outra. Não houve interrupção no caso dos dois. Até que... acabou.

— Você sabe por quê?

Ela balançou a cabeça. — Só os dois sabem a verdade, e eu duvido que algum


dia irão contar para alguém. Rhi foi devolvida para nós magoada. Foi Balladyn
quem ajudou a curá-la. Ou então foi o que pensamos. Rhi, em seu estado sem
sentido, se aventurou na porta errada. Uma porta, veja você, que nem eu me atrevo
a entrar.

— Seu amante o fez, não foi? — Shara adivinhou.

— Sim. Assim que soube onde ela foi, ele a seguiu. Nunca um Rei Dragão
entrou em uma porta Fae antes.

— Como ele a encontrou? Apenas os Fae podem ver nossas portas.

Usaeil cruzou uma longa perna sobre a outra. — Ele me pediu para levá-lo
a ela, e eu fiz. Eu honestamente não esperava que ele passasse por isso, mas não
só ele passou como também trouxe Rhi de volta para nós. Até hoje milhares de
anos mais tarde, ela não sabe o que ele fez por ela.

— Por que não disse a ela? — Shara não pensou que ela poderia manter tal
coisa para si mesma.

— Porque ele me pediu para não dizer.


— E você cumpriu? Eu achava que os Reis e os Fae não gostassem uns dos
outros.

Ela encolheu os ombros com indiferença. — Os da luz se dão bem com eles,
embora nós tendamos a manter distância. Concordei com sua exigência, porque
era a coisa certa a fazer. Se Rhi soubesse o que ele fez por ela, iria para ele, e ele
deixou claro que nunca poderia haver qualquer coisa entre eles novamente.

— Que história triste. — Em seguida, bateu em Shara que podia haver uma
razão para a rainha ter compartilhado com ela. — É este o seu modo de me dizer
que nunca pode haver qualquer coisa entre eu e Kiril?

— De modo nenhum. Eu não sei por que disse a você sobre Rhi e ele.

— Quem era seu amante?

Usaeil apenas sorriu. — Isto você não vai ter de mim.

— Ninguém vai me dizer.

— Há uma razão para isso.

Shara descobriu que ela relaxou durante o seu bate-papo. Ela se inclinou e
cheirou uma flor amarela brilhante. — Os Fae Escuros não vêm para o lado da
Luz.

— Nós compartilhamos um reino, Shara. A linha invisível que divide nosso


reino não impede os Escuros de tomar a Luz ou a Luz de se aventurar no Escuro.
Ela encontrou o olhar de prata da rainha. — Por que estou aqui?

— Eu vi você, sabe. Eu vi você com Kiril, e vi as decisões que você tomou.


Ele mudou você.

— Sim, — ela admitiu em um murmúrio enquanto olhava para o chão. —


Eu não posso ser a Fae Escura que minha família esperava que fosse, mas não
posso ser outra coisa. Eu sou Escura.

— Você é? — Usaeil perguntou casualmente. — Eu não acredito que seja.

O olhar de Shara mudou para cima. Ela levantou a mecha de cabelo de prata.
— Olhe para o meu cabelo. Olhe nos meus olhos. Eu sou Escura.

— Eu vejo uma mecha grossa de prata em seu cabelo, sim.

Shara podia sentir seu coração batendo contra suas costelas. Aquele olhar
que ela deu em torno da grande sala não mostrou um espelho. Ela se perguntou
se havia um nas proximidades.

— Pergunte-me, — Usaeil pediu.

A coragem que Shara encontrou anteriormente evaporou-se como se nunca


tivesse existido. O pensamento de olhar para um espelho e ver seus olhos
vermelhos novamente seria demais. Em vez disso, ela disse, — Diga-me por que
você realmente me trouxe aqui.
— Eu deveria ter deixado você com os Escuros para eles matá-la? Ou talvez
eu devesse ter retornado você para a sua família e deixá-los torturá-la por alguns
milhares de anos, — Usaeil declarou friamente.

— Eu não quis ofender.

— Você não o fez. Ao contrário dos Escuros, não punimos por tais coisas.
— A rainha suspirou dramaticamente. Então ela sorriu. — Se fizéssemos isso, eu
sempre iria punir Rhi.

Shara sentiu como se ela nunca mais teria seus pés debaixo dela novamente.
Ela não tinha ideia do que estava acontecendo ou como devia sentir-se sobre
qualquer coisa. Ela não se atreveu a esperar por qualquer coisa. O que aconteceu
uma vez já, e ela depois assistiu Kiril escapar por entre os dedos, como grãos de
areia.

Foi muito doloroso para percorrer novamente. A esperança pode fortalecer,


mas a perda pode destruir.

— Eu posso levá-la para Dreagan, — Usaeil ofereceu, sua voz suave mais
uma vez. — Você pode explicar tudo para Kiril.

— Então ele conseguiu sair da fortaleza de Balladyn? — Ela perguntou um


nó se desenrolando em seu estômago.

Usaeil assentiu. — Ele fez. Como fizeram os outros Reis dos Dragões e
Phelan, que você conheceu.
— E Rhi?

Usaeil rapidamente desviou o olhar. — Ela já não está nas mãos de Balladyn,
mas não está com a gente.

— Ela está com seu amante mais uma vez?

O olhar de Usaeil se voltou para ela com um sorriso. — Ah, que romântica
que você é.

Era verdade. Ela era uma romântica. Ela não percebeu isso até que conheceu
Kiril. Shara olhou para seu colo e lambeu os lábios. — Obrigada pela oferta, mas
não posso ir para Dreagan.

— Kiril vasculhou o composto de Balladyn para encontrar você.

Shara sorriu e sentiu as lágrimas ameaçando novamente. De alguma forma,


ela não se surpreendeu que Kiril tivesse feito isso. Ele era aquele tipo de homem.
— Essa é a razão pela qual não posso ir encontrar com ele.

— Porque ele estava procurando por você? — Perguntou a rainha.

— Porque eu não o mereço. — Ela ergueu o olhar para a rainha e limpou


as lágrimas que tinham caído. — Se eu não tivesse nascido Escura, gostaria de lutar
por ele.

Usaeil levantou uma sobrancelha negra e inclinou a cabeça para o lado. —


Você vem de uma das mais fortes famílias dos Escuros. Você vai deixar algo como
o seu nascimento, sobre o que você não tinha controle, te impedir de tomar o que
você quer?

Shara separou os lábios para responder, mas descobriu que não poderia
colocar uma voz a eles.

— Você viu Kiril em sua forma verdadeira, — Usaeil continuou. — Será


que você acha isso difícil de contemplar?

— Longe disso. Eu não conseguia parar de olhar para ele. Ele era imponente,
bonito e espetacular.

Os lábios de Usaeil levantaram em um sorriso. — Essas foram quase


exatamente as mesmas palavras que Rhi usou para descrever seu amante.

Shara não poderia sentar por mais tempo. Ela se levantou e andou, sua mente
correndo com perguntas que ela não poderia começar a responder. Era tudo
muito, e ainda não o suficiente.

— O que é? — Perguntou a rainha.

Shara parou enquanto torcia as mãos. — O medo tem se apoderado de mim.


O medo de ousar sonhar com algo que não mereço.

— E?

— O medo de que se eu não lutar por esse sonho, então vou ser preenchida
com a miséria pelo resto dos meus dias.
Usaeil levantou e ficou ao lado dela. — No final, só podemos lamentar as
chances que não tomamos.

— E se ele não me quiser?

— Você não pode saber a resposta até falar com ele.

Shara enfrentou a rainha. — E se eu não for aceita? Eu posso ficar aqui?

— Este é o lugar onde você pertence. Você sempre será bem-vinda aqui.

— Mesmo que eu seja Escura?

O sorriso de Usaeil era misterioso. — Você tem certeza?

— Belos e extremamente positivos.

A rainha virou para ir embora, e quando o fez, ela acenou com a mão. Shara
deu um passo para trás quando um grande espelho quadrado apareceu na frente
dela, pendurado ao nível dos olhos. O olhar fixo naquela espessa faixa de prata
que caia em sua bochecha. Ela poderia usar glamour para escondê-lo, mas não
seria capaz de esconder isso de Kiril.

Ela estava prestes a se virar quando olhou em seus próprios olhos, olhos que
não eram mais vermelhos, mas... Prateados.
Shara rapidamente afastou-se do espelho. Ela estava respirando forte quando
confusão a invadiu. Seu olhar se foi em Usaeil com uma carranca feroz.

— Eu sei que sou uma Escura, mas não lhe dá o direito de me enganar assim.
Você acha que é engraçado me dar algo que quero desesperadamente, e depois ver
como vou descobrir que não é real?

— Quem disse que não é real? — A rainha perguntou em uma voz calma.
Ela inclinou-se e sorriu para uma flor rosa brilhante, seus dedos reverentemente
tocando as pétalas. — Há muitas coisas que separam a Luz dos Escuros. Trapaça
é uma delas.

Shara recusou-se a acreditar no que via no espelho. Doeu muito. — Isto tudo
pode ser um truque jogado por Balladyn.

A fachada fria da rainha desapareceu quando se virou, seus olhos de prata


atirando punhais. — Quando você já viu uma tentativa de um Escuro para recriar
a Luz?

— Nunca, mas eu nasci em uma família de Escuros.

Usaeil cruzou os braços sobre seu peito enquanto olhava fixamente para ela.
— Eu lido com verdades, Shara. Você pode aceitar isso ou não. Tome a sua decisão
agora.
Ela queria se afastar de Usaeil e exigir ver a verdade, mas foi o fio mais ínfimo
de dúvida de que o que ela viu era a realidade.

— A esperança é uma das armas mais poderosas para ter. O amor é outra,
— Usaeil disse uniformemente.

Em vez de se afastar, Shara respirou fundo. — Como foi que os meus olhos
vermelhos se foram?

— É verdade que os Escuros contam a sua própria raça que uma vez que
um Fae se volta para o Escuro não há como voltar atrás. O fato é, é uma mentira.
Nem todo mundo sabe disso, e na maioria das vezes eu digo aos outros que não
pode acontecer. Antes que você pergunte, tenho minhas próprias razões para isso.

Shara agarrou seu estômago como se alguém tivesse apenas dado um soco
nela. Foi tudo o que ela foi levada a acreditar em uma mentira? Seu mundo estava
em espiral fora de controle, e ela precisava de algo para agarrar. Ela precisava de
Kiril.

— A dúvida mina a verdade que o seu coração sente.

Shara caiu de joelhos. Ela se forçou a respirar, para firmar o mundo que
estava rapidamente caindo. Verdade. Qual era a verdade? Ela poderia reconhecê-
la depois de uma vida de mentiras?

Usaeil ajoelhou-se ao lado dela, seus braços indo ao redor de Shara quando
o fez. — Procure no seu coração, — ela sussurrou. — As respostas estão lá,
esperando. Você tem que ser corajosa o suficiente para vê-las.
Shara apertou os olhos fechados e apoiou a testa sobre os mosaicos brancos
e frios do chão. Se Kiril estivesse ao lado dela, ela poderia fazê-lo. Se Kiril estivesse
lá, ela poderia enfrentar qualquer coisa.

Ele está aqui, dentro de você.

Ela se acalmou. A constatação de que Kiril deixou uma parte de si mesmo


com ela era como entrar no sol e estar rodeada de calor e luz. Shara agarrou a mão
de Usaeil, e com a parte dela que Kiril mudou irrevogavelmente, ela procurou em
seu coração. Ela estava hesitante no início, com medo do que poderia encontrar.

Então a verdade caiu sobre ela uma gota de cada vez, até que estava caindo
como uma chuva em cima dela, um chuveiro que a estava purificando, a
transformando.

Ela puchou em uma golfada cheia de ar enquanto se sentava. Seus olhos se


abriram e ela viu a magnífica sala com novos olhos, olhos não cegos por mentiras
e enganos. As flores eram mais ricas, a luz mais quente. Tudo parecia bem, como
se ela tivesse finalmente encontrado algum lugar que pertencia. Ela virou a cabeça
para Usaeil para ver a rainha sorrindo brilhantemente.

— Eu sabia que você poderia fazê-lo, Shara. Você é especial.

— O que acabou de acontecer?

A rainha ajudou a ficar de pé e guiou-a de volta para as cadeiras. Uma vez


que Shara estava sentada, Usaeil retomou seu próprio assento. — Eu poderia te
trazer aqui a qualquer hora que quisesse, e você poderia ter saído a qualquer
momento. Eu te assisti quando era uma criança. Eu vi como você decidiu acabar
com o sofrimento dos seres humanos que você sequestrou para a sua família, mas
você não estava pronta ainda. Então vi você com Kiril. Eu vi como você olhou
para ele, como o tocou. Eu vi o seu amor.

Shara cruzou as mãos. — Como você sabe que é amor? Eu nem tenho
certeza.

— Sim, você tem, — disse ela com uma piscadela. — Caso contrário, por
que você estava pronta para dar sua própria vida por ele? Isso foi o que mudou
seus olhos, Shara.

Ela tocou o canto de um olho timidamente. — Porque eu o amava?

Usaeil deu um pequeno aceno de mão. — Foi uma parte disso. Qualquer um
pode amar. Você amava seus pais, sua família, ainda que isso não a alterou. Seu
amor por Kiril abriu seu coração e seu mundo. Sua vontade de dar a sua vida pela
dele foi o que finalmente mudou você.

— Eu fiz... coisas horríveis antes. Como pode tudo isso ser apagado tão
simplesmente?

— Não é simples. Eu não acho que você entendeu como o amor pode curar.
E perdoar.

Shara se levantou e foi para o espelho mais uma vez. Ela olhou para seu
reflexo, tentando reconhecer a si mesma. — Então, isso é o que sou agora?
— Isso é você. Se você quer que seja você.

Shara sorriu, felicidade fazendo-a querer dançar. — Ah sim.

— Bom. Agora. Vamos falar de Kiril.

Kiril e os outros em forma de Dragão se juntaram para mover Rhys na


montanha para que ele estivesse escondido. A cada minuto que passavam e ele não
curava, Kiril podia ver mais e mais dos Reis culpando Ulrik.

A culpa não poderia colocar nada bem na relação deles. Os Reis Dragões que
estavam acordados foram todos contabilizados, e os que ainda dormiam nas
montanhas permaneceram dormindo. E, contudo, não fazia sentido. Por que Ulrik
atacaria Rhys? Seu ódio estava voltado para um indivíduo, Constantine.

— Ele vai curar, — Kellan disse ao lado dele enquanto olhava para Rhys.
— Con teve uma ferida semelhante uma vez.

Kiril virou a cabeça para ele. — Quando? Eu não me lembro disso.

— Poucos sabem disso. Ele teve duas dessas feridas. Uma quando ele lutou
contra o Rei dos Reis pelo trono. A segunda foi quando ele e Ulrik lutaram antes
de Ulrik ser banido.
Kiril balançou a cabeça em confusão e deu um passo atrás. — Eu poderia
ser velho e minhas memórias muitas, mas eu lembraria se Con tivesse sido ferido.

— Não, você não poderia, — Kellan disse enigmaticamente.

Kiril agarrou o ombro de Kellan e girou em torno dele. — O que você está
dizendo?

— Eu estou dizendo que Ulrik e Con tiveram um confronto antes da magia


de Ulrik lhe ser tiradas. Eles lutaram. Ambos foram feridos severamente.

— Como eu não soube disso?

Kellan deu de ombros. — Con não quer que ninguém saiba. Nenhum deles
queria. É por isso que eles lutaram bem longe, para que qualquer um de nós não
pudesse vê-los.

— Por que me dizer agora?

— Eu provavelmente teria compartilhado isso antes se não tivesse dormido


por trezentos anos.

— Havia milênios antes que você poderia ter nos dito.

Kellan olhou para longe, um músculo saltando em sua mandíbula. — Eu


estava lidando com outras coisas.

Sua revelação foi tão desconcertante que Kiril quase esqueceu a primeira
parte dela. — Você disse que Con foi ferido estas duas vezes.
— Alguma vez você quis ser Rei dos Reis?

Kiril franziu o rosto. — Nunca. Eu tinha o suficiente para lidar com meus
dragões.

— A maioria dos Reis têm sentido o mesmo, mas alguns cobiçaram essa
coroa. Um seleto grupo de poucos o fizeram em seu destino.

Kiril voltou a pensar nos antecessores de Con. — Em todo o nosso tempo,


só tivemos cinco a assumir o trono.

— Sim.

— O que você não está me dizendo?

Kellan fechou a mão em seu ombro e mudou de assunto. — Você já ouviu


falar alguma coisa sobre o paradeiro de Shara?

— Nada, e isso está me deixando louco. — Kiril sabia que ele mudou de
assunto de propósito, e que iria permitir isso por agora, porque sua mente estava
cheia dela.

— Há alguém que pode ajudar.

— Broc. — O Guerreiro poderia usar o deus dentro de si para encontrar


qualquer um, em qualquer lugar.

Kellan assentiu e baixou a mão para o seu lado. — É uma possibilidade.


— O que é uma possibilidade? — Tristan perguntou quando se aproximou
e olhou para o ferimento de Rhys. — Eu acredito que está ficando um pouco
melhor.

Kellan sorriu para Kiril e se afastou. Kiril o viu caminhar para sua
companheira, Denae, e os dois desapareceram profundamente na montanha, de
braços dados.

— Ele é mais misterioso às vezes do que Con, — Tristan resmungou.

Kiril riu e olhou para o mais novo Rei Dragão. Tristan era um guerreiro com
seu irmão gêmeo, Ian. Todos os guerreiros pensavam que Tristan tinha morrido,
mas ele renasceu como um Rei Dragão.

— Ele mencionou que eu poderia pedir ao Broc para encontrar Shara, —


explicou Kiril.

Tristan enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça jeans. — Sim, você
poderia. Broc estaria disposto a ajudar, tenho certeza disso. Devo entrar em
contato com ele?

Kiril balançou a cabeça, seu olhar sobre Rhys. — Shara é uma sobrevivente.
Vou procurá-la, uma vez que Rhys esteja mais uma vez bem.

— E se Balladyn tem ela?

— Ele não a tem. — Pelo menos Kiril rezou para que não o fizesse. — Se
ele a tivesse, Balladyn teria me deixado saber para esfregá-lo na minha cara.
Rhys se moveu, um estrondo de um gemido vindo dele. Kiril olhou para suas
escamas para ver que o amarelo não estava tão brilhante como antes.

— Tem sido horas, — disse Tristan. — Ele deveria ter curado por agora.

— Você não teve que lutar contra outros Reis Dragões, por isso que você
não sabe quão mortal um sopro de nossa magia pode ser. Nós somos criaturas
poderosas, e é por isso que só outro Rei Dragão pode nos matar.

— E ele leva mais tempo para se curar de uma ferida?

Kiril colocou uma mão no ombro de Rhys perto de sua cabeça grande de
Dragão. — Sim.

Ele tirou a mão e começou a se afastar quando Tristan parou com um aperto
firme em seu braço.

— Olha, — Tristan disse enquanto seu olhar estava focado em Rhys.

Kiril seguiu seu olhar para o ferimento de Rhys. Ele franziu o cenho quando
viu se curar uma fração. Kiril tocou Rhys novamente, e para sua surpresa, a ferida
cicatrizou mais uma vez.

Ele deixou cair sua mão e disse a Tristan, — Você experimenta agora.

Tristan colocou a mão sobre Rhys, e um momento depois a lesão encolheu.

— Maldição, — Kiril murmurou. Ele olhou para Tristan. — Encontre


quantos você puder achar.
Tristan correu enquanto Kiril colocou a mão em Rhys. — Vamos lá, velho
amigo. É hora de você acordar.

— O que está acontecendo? — Con perguntou quando ele entrou com os


outros.

Tristan voltou para o lado de Kiril e colocou as mãos sobre Rhys. Hal, Guy,
Kellan, Banan e Laith fizeram o mesmo.

Con parou do outro lado de Kiril. — Kiril?

— Nós tocamos Rhys e ele curou, — explicou.

A testa de Kellan vincou. — Nós nunca tivemos que curar um de nós, mas
se isto funciona, quem somos nós para reclamar?

— Desde quando é que podemos curar a nós próprios? — Perguntou Hal.

Kiril olhou para cada um deles. — O que isso importa? Passado é passado.
Estamos lidando com inimigos por todos os lados. Vamos olhar para o futuro.

— Tudo bem, — Con disse e colocou a mão em Rhys. Ele se inclinou perto
de Kiril e sussurrou: — Foi um discurso.

— Tudo o que funciona, sim?

Kiril olhou para cima e encontrou Kellan olhando para ele do outro lado da
forma de Dragão de Rhys. Os olhos verde jade de Kellan estavam atentos,
vigilantes, mas tinha a sensação de que ele não foi o único que Kellan estava
observando. O outro era Con.

— Ele está curando! — Guy bramou com um grito.

Kiril esqueceu Kellan e Con quando virou seu foco para a lesão de Rhys
enquanto todos eles assistiam isso encolher e, em seguida, desaparecer por
completo. Foi um instante depois que Rhys abriu os olhos laranja do Dragão e, em
seguida, mudou para a forma humana. Ele apoiou um braço no chão, quando se
reclinou e fez uma careta para todos eles. — Que diabos estão todo mundo
olhando?

A alegria era ensurdecedora. Kiril estendeu a mão e ajudou Rhys a se elevar


em seus pés enquanto eles batiam no outro na parte de trás.

— Eu estava morrendo, Kiril, — Rhys sussurrou em seu ouvido antes dele


se virar com um sorriso muito brilhante para os outros.

O sorriso de Kiril estava desbotado. Parecia que sua lista de inimigos acabou
de ficar mais longa e ainda mais misteriosa.
Dois dias depois Shara estava ao lado de Usaeil na fronteira da terra Dreagan.
Os dias anteriores foram gastos em conversar com Usaeil sobre Kiril, mas também
do papel que ela teria com a Luz.

— O tratado diz que não podemos ir para a terra Dreagan, — Shara disse
ansiosamente.

Usaeil deu-lhe um empurrão suave sobre a fronteira invisível. — Eles


ofereceram-lhe refúgio e proteção, Shara. Eles não voltarão atrás em sua palavra.

— E se Kiril não quiser me ver? — Ela perguntou quando olhou por cima
do ombro para a rainha.

O sorriso de Usaeil fez seus olhos brilharem de alegria. — Você não vai saber
até que vá ter com ele. Seu quarto fica no segundo andar, no canto oeste da
mansão. Boa sorte.

Shara desviou o olhar, e quando olhou para trás, Usaeil desapareceu. —


Maravilhoso. Eu tenho que fazer isso sozinha.

Ela revirou os olhos enquanto falava para si mesma. Não é uma boa maneira
de começar as coisas. Então, novamente, existiria lá uma boa maneira de se
aproximar de um amante que pensou que o traiu? Shara poderia enfrentar sua
família e até mesmo Balladyn, mas não achava que ela jamais estaria pronta para
Kiril afastar-se dela.

Você não sabe o que ele fará.

Era verdade, ela não sabia, mas não havia uma boa chance de que ele faria.
Ela pensou no discurso que preparou no dia anterior e repetiu inúmeras vezes.
Não era realmente um discurso tanto como uma explicação detalhada.

Shara viu o sol afundar cada vez mais longe no horizonte até que desapareceu
atrás das montanhas, e ainda assim ela permaneceu onde estava. Um som distante
a fez olhar para o céu, onde ela pegou a forma de um Dragão em meio ao céu
escuro e as nuvens. A escuridão escondia a cor das escamas, de modo que ela não
sabia se era Kiril, mas suspeitava que era.

Shara usou sua mágica para tele transportar para o topo de uma montanha
mais profunda sobre Dreagan para que ela pudesse ter uma visão melhor do
Dragão. Quando olhou para cima, ela percebeu que o Dragão não estava sozinho.
Ela contou pelo menos seis deles enquanto eles deslizavam facilmente entre as
nuvens, as suas asas enormes espalhadas largamente.

Ela sentou-se e simplesmente os assistiu, lembrando como Kiril falou de um


tempo em que preencheram os céus. Shara teria gostado de ter visto isso. O fato
de que os Reis Dragões permaneciam em segredo a deixava triste.

Eles protegiam o reino e os seres humanos, e ainda assim eles não poderiam
ser o que realmente eram. Eles não podiam se elevar para o céu quando eles
queriam ou anunciar suas verdadeiras formas. Eles eram prisioneiros de um reino
que, provavelmente, tentaria aniquilá-los se fosse dada a chance.

Isso a fez se sentir pequena, assim como observá-los deu-lhe uma paz
estranha que não esperava. Ela viu Kiril na forma de Dragão, mas ela não o viu
voar, não testemunhou ele espalhando suas bonitas asas laranja escuro.

Ela colocou os braços ao redor de suas pernas quando trouxe os joelhos


contra o peito e apoiou o queixo nos joelhos. A brisa era fria, o silêncio da noite,
exceto pelas batidas das asas de Dragão. O céu tinha nuvens suficientes para
mantê-los escondidos, mas também para permitir que ela os visse.

Um Dragão ramificou-se dos outros e mergulhou mais baixo sobre as


montanhas. Ele desapareceu atrás de uma montanha apenas para reaparecer um
momento depois. Não foi até que ele enfiou as asas e mergulhou no vale ao lado
da montanha em que estava que ela percebeu que ele estava voando nos vales,
torcendo e girando em um show aéreo que a deixou ofegante e silenciosamente
implorando por mais.

A mente de Kiril estava cheia de Shara, e esteve desde a última vez que a viu.
Ele já chamou Broc para ver se o guerreiro podia localizá-la. Ele ainda tinha que
decidir se queria ir atrás dela quando descobrisse onde ela estava. Ele prometeu a
sua segurança, e na primeira vez que Balladyn os confrontou, Kiril virou as costas
para ela.

Com a mente tão cheia, ele pulou para o céu. Tudo o que fez foi lembrá-lo
de como Shara reagiu quando o encontrou em forma de Dragão. Isso em si ainda
confundia a sua mente. Ela viu a sua magia de Dragão. Isso era impossível. Então,
novamente, tanto o impossível e improvável parecia não se aplicar a Shara. Ela
quebrou todas as regras, mesmo sem parecer perceber que havia alguma.

Ele inclinou as asas e mudou de rumo. Ele voou baixo sobre as montanhas
e para os vales. Era maravilhoso estar livre para voar para a felicidade do seu
coração.

E ainda assim ele se sentia... Fragmentado.

Como se uma parte dele estivesse faltando.

Ele sabia, mesmo sem ter que adivinhar o que estava faltando — Shara. Ela
era tanto uma parte dele que ele pensou que detectou o cheiro dela. A mente de
Kiril estalou em atenção. Ele voou para cima do vale e, em seguida, virou-se para
deslizar sobre a montanha. Ao aproximar-se do pico, o cheiro ficou mais forte.

Em seguida, ele a viu.

Ele se virou e voou sobre ela uma vez mais, apenas para ter certeza que não
foi sua mente pregando peças nele. Ele queria gritar de alegria ao vê-la olhando
para ele. Kiril voou para o pico e pousou. Ele dobrou suas asas quando ela saltou
para seus pés e encarou-o. Seu olhar bebeu na visão dela enquanto inalava seu belo
perfume.

— Kiril, — ela sussurrou.

Era medo o que ele viu em seus olhos? Ele piscou e olhou em seus olhos
novamente. Eles já não estavam vermelhos. Seria algum novo glamour que ela
estava usando? Ela deu um passo na direção dele, no mesmo instante em que ele
mudou para a forma humana. Ele envolveu sua mão ao redor de seu pescoço e a
apoiou em uma pedra.

— Eu disse nenhum glamour, — ele reclamou.

Seu sorriso era triste quando ela colocou as mãos em torno de seu antebraço.
— Não é glamour.

— Seus olhos já não estão vermelhos.

Ela engoliu em seco, mas manteve o olhar. — Eu não o traí. Balladyn mentiu.

— Eu sei. Phelan disse-me.

— Você não está feliz em me ver. — Sua voz estava particularmente


desolada quando ela desviou o olhar. — Eu não deveria ter vindo.

Não havia nenhuma maneira que ele estava permitindo-lhe ir a qualquer


lugar. Ele segurou-a firmemente sem apertar sua garganta. — Por que você veio?

— Para explicar tudo.


Kiril pensou que ela poderia cuidar dele. O vazio que ameaçou nos últimos
dias cresceu. — Como eu falei, Phelan me disse. Agora me diga por que seus olhos
estão diferentes?

— Eu não sou mais Escura.

Ele franziu a testa. — Isso é impossível.

— Eu pensei assim também, — disse ela com um toque irônico de seus


lábios. — Mas é verdade.

— Foi mágico?

— É uma espécie de magia.

Ele baixou o olhar para os seus lábios, o que foi um erro, porque então queria
saboreá-la, beijá-la até que ela estivesse sem fôlego, até que ela se esquecesse de
tudo, menos dele.

— Deu tudo certo, — Shara disse no silêncio.

Kiril sabia que deveria soltá-la, mas ele temia que ela fosse desaparecer sem
ele. — Eu suponho que sim. O que você vai fazer agora?

— Estou com a Luz. Usaeil me pediu para me juntar a ela e sua guarda.

— Uma grande honra.


Ele olhou para trás em seus olhos. Não houve mais palavras quando eles
olharam um para o outro. Ele esfregou o polegar contra sua pele. Seus olhos
dilataram e sua respiração acelerou.

— Eu deveria ir, — disse ela.

— Por que você realmente veio?

— Eu te disse. Eu queria me explicar.

— Então explique-se, — insistiu ele. Qualquer coisa para mantê-la com ele
até que poderia pensar em uma razão para ela ficar.

Sua garganta se moveu quando ela lambeu os lábios. — Desculpa-me por


tudo. Eu deveria ter escutado você desde o início.

— Eles eram sua família. Você deveria ter sido capaz de confiar em sua
família.

— Foi você, — ela disse, e baixou os olhos para seu peito. — Você me fez
ver que havia muito mais lá fora. Eu vim a perceber que a única responsável por
minha vida era eu, e teria que tomar as decisões, e não a minha família.

— Bom para você.

Shara estremeceu. Sua voz era profunda e rica, quase um sussurro contra sua
pele tão perto. Ele chegou mais perto até que seus corpos se tocaram. Ela estava
tendo um momento difícil para colocar os pensamentos em palavras com ele tão
perto. Tudo o que ela queria fazer era levantar o rosto e colocar seus lábios nos
dele.

— Eu...— Ela parou quando uma rajada de vento passou por cima deles e
soprou seu longo cabelo fora do seu rosto.

Ele estava nu, o calor dele fazendo-a fraca. E com fome. Suas mãos estavam
em seu braço, mas ela queria acariciar seu peito com a tatuagem do Dragão, os
ombros, as costas. Tudo dele.

— Sim? — Ele perguntou enquanto seu rosto abaixava até que seus lábios
estavam uma respiração distante.

Ela descansou a cabeça contra a pedra e lutou para respirar, para encher seus
pulmões. — Eu era Escura. Eu sabia que você não iria acreditar em qualquer coisa
que dissesse depois do que Balladyn fez, e eu queria ajudar.

— Então, você se colocou em perigo?

Ele tinha uma voz tão sexy, e que sotaque. Ele enviou arrepios acima de sua
pele e fez do desejo uma piscina abaixo em sua barriga. Ela assentiu com a cabeça,
incapaz de formar palavras.

— Você poderia ter morrido.

Shara encontrou seu olhar. — Por você. Eu teria morrido por você.
Um grunhido baixo retumbou de seu peito quando ele empurrou seu corpo
contra o dela, sua excitação pressionando em seu estômago. — Não volte nunca
mais a fazer qualquer coisa tão tola de novo.

Ela abriu a boca para responder, apenas para tê-lo a beijando. Foi violento,
voraz e ainda sensual e sedutor. Sua mão enlaçou seu pescoço para deslizar para o
topo de sua cabeça.

Kiril não conseguia o suficiente dela. Ele queria deitá-la ali mesmo e enchê-
la. O que o impediu eram seus irmãos voando ao redor e vê-los. Ele beijou na
garganta dela enquanto ela arrastou as golfadas de ar. Seus braços enrolados ao
redor de seu pescoço enquanto seus dedos mergulharam em seu cabelo.

— Isso foi parte do que me mudou, — disse ela entre as respirações.

Kiril levantou a cabeça para olhar para ela. — E qual foi a outra parte?

O silêncio se estendeu enquanto se debatia se devia dizer-lhe. Kiril não ia


deixá-la tão facilmente. Ele a beijou novamente, devagar e cuidadosamente, até
que ela estava mole em seus braços.

— Diga-me, — suplicou ele.

— Amor.

Seu coração perdeu uma batida. Seria possível? Será que ele se atrevia a ter
esperança?

— Diga alguma coisa, — ela sussurrou.


Ele segurou seu rosto, mantendo as longas mechas de seu cabelo preto para
trás. Seu olhar preso na mecha prata dos cabelos que ele enrolou em torno de seu
dedo. — Você roubou meu coração, Shara. Se você sendo Escura ou Luz, devo
tê-la.

— Muitos ainda me consideram Escura.

— Eu não me preocupo. Eu vou marcá-la como minha.

Ela passou um dedo ao longo de sua mandíbula. — Sim, você faria. Você
realmente me quer?

— Eu fiz uma chamada para um amigo que é capaz de localizar qualquer


pessoa, em qualquer lugar. Ele estaria vindo amanhã assim eu poderia encontrá-la.
Sim, sua Fae tola, eu quero você. Agora. Para sempre.

As lágrimas rolaram de seus olhos, enquanto ela jogava os braços ao redor


dele e abraçou-o. — Eu não ousava acreditar.

— Acredite, — disse ele e beijou-lhe o ombro.

— Eu te amo, Kiril.

Ele se afastou e olhou nos olhos de prata. — E eu te amo.


Shara olhou para a paisagem enquanto descansava a cabeça no peito de Kiril,
seus dedos à toa acariciando sobre suas costas. A noite passou completamente
muito rápido enquanto eles fizeram amor de novo e de novo no topo da
montanha. A diferença foi que desta vez, ela não teve que dizer adeus.

— Você sabe que eles nos viram, — disse Kiril, o riso em sua voz.

Shara sorriu quando ouviu a batida das asas de Dragão em algum lugar atrás
deles. — Sim.

— É melhor para eles não terem olhado muito de perto para você.

Ela reprimiu um sorriso quando ouviu a possessividade na voz dele, o que


fez uma emoção correr através dela. Shara se levantou em seus cotovelos para
olhar para ele. Ela passou um dedo ao longo de sua mandíbula forte e no queixo.
— Temo que tudo isso é um sonho, e vou acordar a qualquer momento. Ou pior,
um truque feito por Balladyn que ficou na minha cabeça.

Num piscar de olhos, Kiril rolou de costas e cobriu seu corpo com o dele.
— Não é um sonho, nem é Balladyn em sua cabeça. Você está aqui comigo. É
onde quero que você permaneça sempre.
— Uma Fae e um Rei Dragão. Isso não funcionou da primeira vez. — Ela
não queria trazer o envolvimento de Rhi com os Reis, mas tinha que trazer para
sua própria paz de espírito.

— Você não é Rhi, e eu não sou...— Sua voz sumiu quando ele brevemente
olhou por cima dela. — Nós não somos eles.

— Mesmo agora, você não vai me dizer quem era seu amante?

— Vai ser a única coisa que manterei longe de você de agora em diante.

— Por que é tão importante que o amante de Rhi seja mantido em segredo?

Ele a beijou com prazer, carnalmente. — Eu prefiro falar sobre nós.

— Sobre o quê? — Ela deixou-o mudar de assunto. Havia uma razão para
os Reis sentirem a necessidade de ocultar o nome de quem foi o amante de Rhi, e
ela mesma estava intrigada, mas Shara respeitaria a sua privacidade.

— Eu quero mostrar-lhe cada polegada de Dreagan. — Seus olhos verdes


trevo retendo os dela. — Eu quero você ao meu lado. Eternamente.

O coração de Shara saltou em sua garganta. Ela tinha medo de falar, com
medo até de ter esperança. Era suficiente que ele a amasse. Ela não esperava mais,
embora quisesse com cada fibra do seu ser.

E, no entanto, ela era uma Fae.


— Você nasceu para ser minha, — Kiril continuou. — E eu estava destinado
a ser seu. Eu não me importo com o que você é ou o que era. Você segura o meu
coração, e isso é suficiente para mim.

— Até mesmo houve um Rei que se atreveu a fazer de uma Fae sua amante,
mas não ficou com ela. Eu prefiro saber que isto não pode ir a qualquer lugar do
que obter mais esperanças.

Kiril ficou de pé e estendeu a mão. — Vem.

— Onde? — Ela perguntou, recolhendo suas roupas antes de pegar sua


mão.

Ele a puxou para seus pés. — A aurora já está aqui.

Ela olhou para o céu para ver as nuvens encharcadas em vermelho profundo
e no mesmo laranja queimado como as escamas de Kiril. Shara terminou de se
vestir e se virou para ele, só para encontrar um Dragão diante dela mais uma vez.

— Oh, você fez isso de propósito, — disse ela, com as mãos nos quadris.
— Você não pode me dizer alguma coisa agora. Nós vamos ter que discutir
algumas regras, você sabe.

Ela podia jurar que ele sorriu. Mesmo assim, ela não podia ficar irritada com
ele. Dragões começaram a voar mais perto deles, como se o amanhecer sinalizasse
o fim de sua liberdade.
Shara olhou para a mão enorme com garras brilhantes que Kiril estendeu a
palma para baixo. Ela entendeu o que ele estava pedindo e não hesitou em ir ter
com ele. Suas mãos deslizaram ao longo de suas escamas brilhantes para encontrá-
las quente ao toque.

Ela olhou para a cabeça para encontrar seus olhos de Dragão olhando para
ela. Shara imediatamente elevou seu braço e ombro para montar no final de seu
pescoço, onde ele encontrava suas costas. Ele levantou-se, fazendo-a rir enquanto
ela rapidamente agarrava suas escamas. Um momento depois, ele saltou no ar, suas
enormes asas espalhando amplamente para pegar a corrente de ar.

Seu sorriso era largo, suas gargalhadas sendo levadas enquanto o vento
soprava em torno dela. Shara não tinha medo de cair, porque sabia que Kiril iria
mantê-la segura. Ele subiu entre as nuvens, passou por cima da terra, mostrando-
lhe um mundo que ela nunca teria sido capaz de imaginar.

Ela abriu os braços e jogou a cabeça para trás com os olhos fechados. Este
era o paraíso, o nirvana. Como ela desejava que pudesse ter visto o mundo, quando
os Dragões ainda governavam.

Kiril mergulhou, obrigando Shara a se agarrar nele mais uma vez. Ela viu que
ele estava indo em direção a uma montanha que tinha uma abertura grande o
suficiente para caber um jato jumbo dentro dela. Um por um, os dragões
desapareceram na montanha quanto maior o sol nascia. Kiril circulou a montanha
duas vezes, deslizando mais e mais a cada vez.
Shara viu um homem de pé na entrada. Ele usava um par de jeans desbotados
e nada mais. Seu olhar estava trancado nela quando Kiril voou direto na abertura.

A euforia desapareceu quando Kiril voou através da entrada da montanha e


desceu suavemente no chão. Os Dragões que ela admirou no céu estavam mais
uma vez em forma humana e olhando para ela.

— Ele não mudou até que você começou a descer, — disse uma voz à sua
esquerda.

Shara olhou para baixo para encontrar um homem com uma tatuagem de
Dragão no peito longo, ondulado, cabelo castanho escuro e olhos verdes água. Seu
sorriso era amável, se não um pouco reservado, quando ele estendeu a mão para
ela.

— Eu sou Rhys, a proposito, — disse ele, esperando por ela para aceitar sua
ajuda.

Kiril virou a cabeça para olhar para ela por cima do ombro e deu um único
aceno. Shara conhecia Kiril, mas também sabia das histórias dos Reis Dragões e
seu poder. Com uma boa dose de respeito, ela jogou uma perna por cima do
pescoço de Kiril e pegou a mão de Rhys. Ele ajudou-a deslizar para o chão.

— Você parecia estar se divertindo, — disse Rhys.

Era aprovação que viu em seus olhos? — Eu estava, embora gostei de assistir
todos os Dragões voando também.
— Ela mais do que se divertiu, — Kiril disse quando veio para ficar ao lado
dela.

Shara esteve tão preocupada com os outros Reis Dragões que ela ainda não
viu a mudança de Kiril para a forma humana. Alívio tomou seus músculos tensos
quando ele chegou a seu lado.

— Você estava preocupada? — Ele perguntou com uma careta.

Ela lambeu os lábios, seus olhos encontrando brevemente o olhar de Rhys


antes de desviar para distante. — Eles estão todos olhando para mim.

Rhys riu e estendeu as mãos para outro homem que jogou algo do outro lado
do caminho. Rhys pegou e, em seguida, jogou para Kiril, que desenrolou o material
para revelar uma calça jeans enquanto Rhys disse: — Isso é porque todos nós
queremos ver a mulher que conquistou Kiril.

— Não é por causa de quem eu sou? — Perguntou ela.

Kiril terminou de vestir a calça e depois enrolou um braço em volta dos


ombros dela. — Oh, eles querem saber, mas isso virá mais tarde.

— Não nos faça esperar muito tempo, — disse Rhys com uma piscadela.

Kiril a guiou para uma abertura em arco que dava para um labirinto de túneis.
Shara estava tão decidida a olhar para todos os desenhos e gravuras de Dragões ao
longo das paredes que ela queria ver, que Kiril não a conduziu em frente.

— Este lugar é incrível, — ela sussurrou em reverência.


— É a nossa casa.

Sua cabeça virou-se para ele. — Por que você está me mostrando? Há uma
razão porque Faes não são permitidos em Dreagan.

— Nem todos Faes são proibidos. Rhi vem. Ou ela costumava fazer.

Toda a felicidade desapareceu de Shara à menção da Fae da Luz. — Ainda


nenhuma palavra sobre ela?

Kiril balançou a cabeça quando pegou sua mão e levou-a para fora da
montanha e em uma casa. Shara piscou quando olhou para o esplendor que a
rodeava.

— Bem-vinda a Dreagan Manor13, — disse uma voz profunda.

Os olhos de Shara trancaram em um homem alto, louro em um terno azul-


marinho com uma camisa rosa pálido aberta no pescoço. Ele não usava uma
gravata, mas um flash de metais atraiu o olhar para seus pulsos, onde ela viu
abotoaduras de ouro na forma de uma cabeça de Dragão. Não havia nenhuma
dúvida em sua mente este era o mal afamado Rei dos Reis, Constantine.

— Con, esta é Shara, — disse Kiril.

O Rei dos Reis sorriu, embora não chegou a atingir os olhos. — Uma Escura
que se tornou Luz. Uma impossibilidade que agora se tornou possível.

13 Mansão do Dragão.
Kiril limpou a garganta e deu um duro olhar para Con. — Shara, este é
Constantine.

— Eu ouvi muitas coisas sobre você, — ela disse para Con. — Fala-se entre
os Escuros que você é a causa dos Reis ainda estarem sendo tão poderosos.

Os olhos negros de Con estreitaram ligeiramente. — Os Reis Dragões são


poderosos porque estamos unidos.

— Exatamente. — Ela ignorou Kiril, que apertou a mão dela. Depois de


tudo o que ela passou, não tinha medo de ninguém, nem mesmo o Rei dos Reis.
— Unidos. Você conseguiu manter todos os Reis Dragões aqui, e acho que há
uma boa razão para isso que não seja este lugar ser tão bonito.

Kiril franziu a testa. — Shara?

Ela olhou para ele e sorriu, em silêncio, pedindo-lhe para confiar nela. Seu
leve aceno era toda a confirmação que ela precisava e ele fez exatamente isso.

— Qual é o seu ponto, Fae? — Con exigiu.

Shara não sabia se alguém em Dreagan jamais iria recebê-la, mas enquanto
Kiril queria que ficasse, ela permaneceria. Mesmo se ela não tivesse sido aceita em
Dreagan, sabia que deveria dizer-lhes o que sabia.

— Taraeth ainda está no poder, mas Balladyn tem os olhos postos e vai
acabar por tirar isso dele. Havia algumas coisas que Balladyn disse que me fez
pensar que ele não estava trabalhando sozinho.
— Outro Escuro? — Perguntou Kiril. — Alguém poderoso como o seu
pai?

Ela balançou a cabeça. — Alguém.

— Alguém fora dos Fae, — Con adivinhou.

Shara olhou de Con para Kiril. — É só um palpite.

— Um bom, no entanto, — Kiril disse, seus lábios se torceram com pesar.

Con desviou o olhar quando suspirou. — Se a nossa maior força é a nossa


unidade, então é razoável que eles vão tentar destruir isso.

— Maldição, — Kiril murmurou.

Shara se aproximou de Kiril. — Vão fazer algo grande, a fim de que isso
aconteça.

Constantine focou seu olhar sobre ela mais uma vez. — Você sabe se os
Escuros procuram por nós?

— Isso nunca foi divulgado a mim. Tudo o que sei é que eles querem
perversamente fazer mal.

Kiril passou a mão pelo rosto. — O que é que eles querem Con? Por que é
algo que não sabemos?

— Por uma causa.


— Isso é tudo o que ganho?

Con colocou as mãos nos bolsos de sua calça e levantou uma sobrancelha
loira. — Isto é. O que está escondido deve permanecer oculto. Devemos estar
mais preocupados com a pessoa ajudando Balladyn.

— Você sabe quem é, não sabe? — Perguntou Shara.

Kiril soltou um longo suspiro quando percebeu que ele também sabia quem
era. — Ulrik.

— O Rei Dragão banido? — Disse Shara em estado de choque. Por que não
tinha posto isso junto ela mesma? Tudo fazia sentido agora. — Claro.

— Você sabe sobre ele? — Perguntou Con.

— Você não descobre tudo o que pode sobre seu inimigo antes de uma
guerra?

Con sorriu desta vez e chegou a seus olhos. — Naturalmente.

— Assim fez os Escuros. O que eles aprenderam foi compartilhado ao longo


dos anos. Tem havido muita especulação sobre o que Ulrik fez para ser banido.

A testa de Kiril franziu. — Então vocês sabem de Ulrik, mas não o que ele
fez?

— Sim.

— O que os Escuros sabem disso? — Perguntou Kiril.


Shara deu de ombros, notando que os olhos dos dois homens estavam fixos
nela. — Alguns dizem que Taraeth o procurou, mas a história que é mais popular
é que foi Ulrik que veio para Taraeth e fez um acordo para trabalharem juntos.

— Para acabar conosco, — Con terminou com uma maldição.


Rhys se abaixou no celeiro e verificou seu lado mais uma vez, onde o
ferimento esteve. Ele ainda podia sentir isso o comendo através dele, embora ele
estivesse curado. A agonia foi inimaginável, o tormento inconcebível.

O fato de que ele teria morrido lenta e dolorosamente era incompreensível.

Não havia como negar que era magia Dragão que o atingiu. Ele sabia por
que foi atingido com a magia Dragão antes, durante o breve período em que os
Reis estavam divididos sobre se matariam ou protegeriam os seres humanos.
Aqueles fiéis a Ulrik se reuniram para ajudá-lo a aniquilar os seres humanos.
Felizmente, a batalha entre os Reis foi fugaz, mas mesmo assim, muitos deles
morreram desnecessariamente.

Não havia nenhuma dúvida em sua mente que a magia não foi utilizada por
Kiril. Con, embora um idiota arrogante a maior parte do tempo, não seria tão
dissimulado. Se Con tivesse um problema com você, lidava com isso cara-a-cara.

Ficando a questão de quem tentou matá-lo. Não havia outros Reis Dragões
na Irlanda no momento. Um Fae Escuro não podia usar magia Dragão. Ulrik, se
tivesse estado na Irlanda era incapaz de usar sua magia. Con tinha visto a isso há
muito tempo. O mistério estava comendo Rhys por dentro.
Seu celular chamou com um texto. Tirou-o do bolso de trás para ver se era
da companheira de Banan, Jane, que estava administrando a loja de presentes.

UMA MULHER ESTÁ ESPERANDO POR VOCÊ. ELA DIZ QUE


ESTÁ ESPERANDO, o texto dizia.

Rhys esqueceu completamente sobre seu encontro. Normalmente, largava


tudo para passar suas noites com uma mulher bonita, mas ele queria ficar sozinho.
Pensando e... Esquecendo os horrores que quase morrer trouxe.

Ele digitou, DIGA-LHE QUE ESTOU DOENTE E VOU CHAMÁ-LA


EM BREVE.

Rhys bateu no botão enviar e colocou seu telefone virado para baixo antes
de apoiar as mãos na mesa e baixar a cabeça. Nenhum dos outros poderiam saber
a sua preocupação. Já que os Reis estavam sendo atingidos por muitos lados por
seus inimigos.

Fechou seus olhos e o rosto de cada Rei Dragão percorreu sua mente
enquanto ele tentava descobrir se havia rancor contra ele. Havia muitos Reis que
retornaram ao seu sono após a batalha ao lado dos guerreiros e druidas.

Qualquer um deles poderia ter saído despercebido de suas cavernas e o


encontrado, mas por que ele? Rhys ainda tinha que descobrir uma razão pela qual
ele seria alvo de seus irmãos.

Um som de pops soou das dobradiças na porta, alertando-o de que não


estava mais sozinho. Rhys rapidamente endireitou-se e agarrou os tosquiadores de
ovelhas elétricas perto dele. Ele estava limpando as lâminas quando viu Con com
o canto do olho.

— Está tudo bem? — Con perguntou indiferente.

Ele olhou para Con e forçou um sorriso. Não havia nada casual sobre sua
visita. — Melhor do que nunca.

— Eu vi seu encontro indo embora sem você. O que está acontecendo?

Rhys ficou imóvel por um momento antes que pegasse um pano e limpasse
as lâminas. — Não é exatamente um bom momento para se divertir, não é?

— Isso nunca incomodou antes.

— Agora incomoda. — Rhys orou para Con deixar as coisas e ir embora.


Ele deveria ter o conhecido melhor.

Con caminhou mais para dentro do local. — Eu suspeito que Kiril vá querer
Shara como sua companheira.

— Provavelmente. Ele a ama, — disse Rhys com um encolher de ombros.

— Quem você acha que seria um candidato provável que deseja nos separar?

A pergunta de Con saiu em um tom suave, enviando toques de alerta para a


mente de Rhys. Ele lentamente deixou de lado as tesouras e virou a cabeça para
Con. — Você acha que Shara está aqui para isso?
— Ela é uma candidata para tudo isso em uma batida do coração. Ela é fiel
à sua palavra e a Kiril.

Rhys deslocou-se para enfrentar Con e apoiou o quadril contra a mesa. —


Há os Faes Escuros, MI5 ou qualquer outra organização humana que tenha se
alinhado com os Escuros, e então há Ulrik.

— Então você acha que ele poderia ser uma parte disto, — Con disse com
um pequeno sorriso.

— É uma possibilidade, mas por que tenho a sensação de que você tem um
indivíduo em mente?

Um dos ombros de Con levantou em um encolher de ombros, seus olhos


negros não revelando nada. — Eu pedi a sua opinião.

— Eu não tenho uma. — Ele se virou para a mesa e as tesouras lubrificadas.

Con sem pressa deu uma agradável orientada ao redor da sala enquanto o
silêncio crescia. O lado de Rhys queimava, onde sua ferida esteve, fazendo-o cerrar
os dentes. No entanto, ele se recusou a permitir que Con soubesse que algo estava
errado. Ele não queria que ninguém se preocupasse sobre ele, e se Con pensasse
que algo estava errado, era mais provável que tentaria manter Rhys confinado,
enquanto ele descobria o que estava errado, impedindo Rhys de descobrir por
conta própria.

Nunca se poderia determinar qual o caminho que a decisão de Con tomaria.


— Você não me disse o que pensa de Shara, — disse Con.

Rhys pousou a tesoura com um suspiro de frustração. — Eu gosto dela.


Agora, se isso é tudo, deixe-me fazer o meu trabalho.

— Não é tudo. — Con parou ao lado dele. — Você viu outro Rei Dragão
na Irlanda enquanto estávamos lutando contra os Escuros?

Rhys deu um aceno de cabeça. — Alguém deixou Dreagan?

— Não, — Con afirmou irritado. — Todo mundo foi contabilizado.

O que deixou apenas Ulrik. Rhys apertou a ponte de seu nariz com o polegar
e o indicador. — Não pode ser Ulrik. Nós selamos toda a sua magia. Você e eu
sabemos que se sua magia fosse devolvida ele estaria de volta aqui em um instante
por seus Silvers.

Con encostou-se na mesa e descansou as mãos na madeira perto de seus


quadris. — O fato é que ele estava no reino Fae. Ele conversou com Kiril, e levou
Rhi.

— Claro que ele a levou, — disse Rhys com um pequeno aceno de cabeça.
— Você esperava algo diferente?

— Não importa o que eu esperava, — Con disse com um aceno de mão. —


Shara me contou uma história que se espalhou entre os Escuros, que Ulrik veio a
Taraeth e fechou um acordo.

A cabeça de Rhys girou para ele. — Que tipo de acordo?


— Eu gostaria de saber. — As narinas de Con queimaram. — Nosso trunfo
é que a magia de um Escuro não pode anular a nossa. Não há nada que um Fae
Escuro possa fazer para reverter o que nossa magia Dragão fez para Ulrik.

— Você está tentando me convencer ou a você mesmo? — Perguntou Rhys,


as sobrancelhas levantadas.

Con afastou-se da mesa e foi até o outro lado de Rhys. Rhys permaneceu
como estava e virou a cabeça para rastrear os movimentos de Con.

Outra coisa estava incomodando Con, mas Rhys aprendeu há muito tempo
que era melhor não fazer perguntas. Con tinha uma maneira de transformar as
coisas em pouco tempo, e Rhys não queria fazer parte de nada no momento.

— Quão ruim está? — Con perguntou ligeiramente.

Rhys olhou para a tesoura e fingiu não saber o que ele queria dizer. —
Apenas duas lâminas estão dobradas. Eu vou consertá-la.

— Eu estava me referindo à sua ferida.

Rhys brevemente fechou os olhos antes que se afastasse da mesa. — Eu não


sei do que está falando, — disse ele, e olhou nos olhos de Con.

— Você geralmente é um mentiroso melhor do que isso. Eu posso ver como


você favorece seu lado direito. É mínimo, uma dor que vem e vai, mas é o
suficiente para eu perceber.

— Estou bem.
— Outra mentira. Se você estivesse bem como diz, teria levado essa
impressionante loira para jantar e, em seguida, daria a ela uma boa foda, como
costuma fazer com suas mulheres. O fato de que você está aqui no celeiro, levanta
algumas bandeiras. Agora, você vai ou não me contar?

Rhys passou a mão pelo rosto e considerou Con por um momento. — Jura-
me que não vai mais longe do que nós dois.

Con inclinou a cabeça, seus olhos negros segurando Rhys. — Eu dou-lhe a


minha palavra.

— Foi magia Dragão que me atingiu, mas havia algo mais adicionado a ela.
Eu ainda posso sentir a ferida. A dor é, por vezes, inexistente e em outras imensa.
O que quer que tenha sido não saiu de mim ainda.

Era já à tarde antes que Kiril fosse capaz de fugir com Shara após Con a ter
levado ao seu escritório e sabatinado ela por horas.

— Eu estou bem, — disse ela, devorando os tacos em seu prato.

Kiril reclinou na cadeira à sua frente na mesa em seu quarto, e a observou.


As linhas de tensão ao redor dos olhos e da sua boca dizia alguma coisa.
Ela engoliu um pedaço e divertidamente chutou o pé debaixo da mesa. —
Pare com isso. Con tinha perguntas, e estou feliz que pude dar-lhe respostas. Eu
quero ajudar.

— Sim, e eu estou feliz que você quer, mas me recuso a permitir que ele a
interrogue como se você fosse uma prisioneira.

Shara deu de ombros depois que deu outra mordida. Seu olhar disse que
valeu a pena. Kiril, no entanto, pensava diferente. Quanto mais tempo ela estava
com ele, mais protetor se tornou.

Houve uma batida suave na porta, e então a voz de Denae veio através da
madeira. — Kiril? Shara está descansando agora? Gostaríamos muito de conversar
com ela.

— Não ainda, — ele respondeu antes que Shara o fizesse.

Shara deu-lhe um olhar divertido e deixou o último dos seis tacos. — Por
que você está me mantendo longe delas? Você tem vergonha de mim?

— Vergonha? — A palavra dele foi como uma explosão de um tiro quando


ele se empurrou de pé. — Nunca. Eu a mantenho aqui porque quero você só para
mim. O tempo todo na Irlanda eu ansiava por qualquer vislumbre de você que
pudesse receber. Os momentos que fomos capazes de aproveitar eram
exageradamente curtos.

— Eu não estou indo a lugar nenhum. Eu te falei isso.


Ela disse, mas ainda não era suficiente. — Eu não estava brincando mais
cedo. Eu quero você sempre comigo.

— Eu sei, — disse ela com um sorriso. — Eu não estava brincando quando


concordei.

— Eu não acredito que você percebeu minha intenção. Quando digo


sempre, Shara, quero dizer como minha companheira.

— Preciso lembrá-lo que não deu certo entre uma Fae e um Rei antes?

Kiril se levantou e foi atrás de sua cadeira, apoiando as mãos nas costas. —
O mesmo poderia ser dito das dezenas de relacionamentos que os Reis tiveram
com os seres humanos. Por favor, não vá usar isso como um guia. Eu te amo. Eu
te decepcionei na fortaleza de Balladyn por não acreditar em você. Estou
preparado para passar a eternidade fazendo isso por você.

— Você está falando sério, — disse ela suavemente, seus olhos prata
esperançosos.

— Eu não diria isso para você se não fosse sério. Nenhum Rei faz. Eu não
estou completo sem você. Eu não percebia o que estava faltando até que te
encontrei, e então a consciência tornou-se tão evidente que era difícil de passar
através de cada dia.

Seu olhar desviou do seu para a mesa. Ela olhou para sua comida.
Apreensão fez seu sangue gelar. Ele estava preocupado se seria pedir demais
dela, mas ele não podia deixar de perguntar. Se demorasse muito para que ela
consentisse ele permaneceria com ela e continuaria perguntando.

Ele engoliu o nó de emoção na garganta. — Se isso é demais, eu entendo.


Você já esteve sob o domínio da sua família. Você provavelmente precisará de
algum tempo para si mesma. Apenas prometa que vai voltar para mim o mais
rápido que puder.

Seu coração estava em sua garganta enquanto esperava algum tipo de


resposta. Finalmente os olhos dela levantaram para os seus. Ela colocou de lado
seu guardanapo e se levantou. Kiril endireitou suas mãos em punhos ao seu lado
para que não a puxasse contra ele.

— Você me quer? — Ela perguntou com uma voz tão suave que ele teve
que se esforçar para ouvi-la.

— Mais do que qualquer coisa em todo o universo.

Ela deixou cair o rosto entre as mãos. Kiril olhou em volta, sem saber o que
fazer. Ele não tinha ideia do que fazer ou se devia fazer algo. Ela estava feliz?
Atormentada? Irritada? Ela queria seu toque? Que ele saísse?

Cada pergunta percorreu sua mente em rápida sucessão, sem uma única
resposta para ajudá-lo. Ele decidiu permanecer onde estava. Kiril não poderia
imaginá-la afastando-se dele, mas ele não quis arriscar. Isto iria destruí-lo como
nada mais poderia.
Quando levantou a cabeça, suas bochechas estavam manchadas de lágrimas.

— Eu não ousava ter esperança de ouvir tais palavras.

Os ombros de Kiril cederam com alívio quando fechou a distância entre eles
e a puxou contra ele. O rosto dela estava em seu pescoço enquanto lágrimas frescas
embebiam a camisa.

— Isso é um sim? — Ele perguntou esperançosamente.

Ao seu aceno, ele a segurou mais apertado. Ele não sabia como teve tanta
sortede tal mulher ser sua, mas Kiril estava determinado a garantir que ela estivesse
sempre feliz. Não importa o que tinha que fazer, ela era sua prioridade.
Três semanas depois…

Rhys ficou para trás com um copo de uísque na mão, enquanto observava
Kiril e Shara deixarem a caverna após a sua cerimônia de acasalamento.

O sorriso de Kiril tinha uma milha de largura, enquanto olhava com adoração
para Shara, que só tinha olhos para ele. Ela estava linda em um vestido sem alças,
longo e de uma cor laranja profunda. Seus longos cabelos negros caíam com uma
tira de prata puxado para trás com um clipe. Em torno de seu pulso tinha uma
pulseira de esmeraldas de corte raro e entrelaçada com safiras do Sri Lanka14-Um
presente de Con como uma acolhida para o seu mundo.

Na parte superior do braço esquerdo de Shara estava a nova tatuagem de


olho de Dragão que a marcava como uma companheira de um Rei Dragão. Nas
poucas semanas que Shara esteve em Dreagan, ela deu informações sobre os Faes
Escuros.

Henry, amigo humano dos Reis no MI5, iria manter o controle dos
movimentos dos Faes Escuros ao redor do mundo. No pouco tempo que
estiveram a observar, ficou claro que os Escuros estavam tramando algo grande.

14 É um país insular asiático, localizado ao largo da extremidade sul do subcontinente indiano.(Wikipédia)


O olhar de Rhys mudou para Con, que foi o último a sair da caverna. Ele
esteve calmamente assistindo Ulrik todos os dias através de vídeo transmitidos a
partir de Perth, esperando por ele para fazer um movimento errado, mas até agora
Ulrik não fez nada. Rhys se perguntou quanto tempo mais Con iria esperar antes
de ir atrás de Ulrik.

— Outro acasalado, — Con disse quando parou ao lado dele.

Rhys levantou o copo em saudação quando Kiril olhou para ele. Com um
sorriso no rosto dirigido a Kiril, Rhys disse a Con, — É imparável agora. Nós
passamos por milhares de milênios sem acasalamento. Talvez esteja na hora.

— Você será o próximo, então?

Seu sorriso desapareceu quando ele empurrou seu olhar para Con. — Não,
nem mesmo em tom de brincadeira. Isto não é para mim.

— Nem eu, — Con concordou. — No entanto, os outros parecem felizes.

— Vamos esperar que eles continuem assim.— Rhys bebeu o uísque de um


gole só. Ele olhou para Con quando o encontrou olhando. — A dor é mínima hoje
à noite.

— Nós não seremos capazes de mantê-lo de todos por muito mais tempo.

— Nós temos que fazê-lo, — Rhys disse urgentemente. — Eu não quero


que ninguém descubra. Pelo menos não até que saibamos o que está acontecendo.
Os lábios de Con se achataram em uma linha. — Eu estou trabalhando nisso,
apesar de que seria mais fácil se eu pudesse ter outros olhando para isso também.

— É ruim o suficiente que você mencionou isso para Phelan.

Con enfrentou as festividades quando a música começou a soar. Kiril e Shara


estavam nos braços um do outro dançando em círculos lentos sob o luar. — Ele
não vai dizer uma palavra a ninguém. Ele é digno de confiança.

— Eu estou encontrando dificuldade para confiar em alguém, — Rhys


admitiu. — Um Rei fez isso comigo, Con. Eu quero saber quem.

Con severamente o viu desaparecer na noite. — Eu também, meu amigo.

Rhi abriu os olhos apenas para ser cega pela luz solar brilhante,
deslumbrante. Ela piscou contra ela, seus dedos movendo-se nos raios quentes.
Ela rolou de costas e percebeu que estava em sua cabana. Seu lugar privado. Um
lugar que ninguém deveria conhecer - nem mesmo sua rainha.

Rhi se sentou e olhou para baixo para encontrar-se coberta apenas por um
cobertor de cor coral feito da caxemira suave. Sua pele estava limpa e não havia
algemas em seus pulsos. No entanto, ela sabia sem dúvida que esteve na prisão de
Balladyn. Não foi um sonho.

E nem era esse.


Ela experimentou esses ‘sonhos’, enquanto estava acorrentada, e durante
esse tempo horrível, ela foi enganada em acreditar que os sonhos eram reais, mas
agora que estava livre das correntes de Mordare, ela poderia dizer a diferença.

O que ressaltou uma pergunta: quem a trouxe para sua cabana?

Rhi ficou em pé, mantendo cuidadosamente o cobertor enrolado em sua


volta, e saiu de seu quarto à espera de encontrar alguém sentado em seu sofá. Mas
não havia ninguém lá ou na cozinha.

Seu olhar foi até a porta. Ela caminhou silenciosamente para lá e abriu-a
antes que fosse para a varanda e o encontrou sentado na cadeira de balanço.

— Estava na hora de você acordar. Eu estava ficando preocupado, — Ulrik


disse olhando para ela com seu olhar dourado do pequeno pedaço de madeira que
foi esculpido.

Ela atraiu uma respiração instável. — O que você está fazendo aqui?

Ulrik dobrou sua faca e enfiou-a no bolso antes de se levantar e a encarar


com um sorriso. Seu cabelo preto era longo e solto, dando-lhe um olhar perigoso,
que foi acentuado pela camisa preta com uma grande flor-de-lis de prata na frente
e jeans escuro em suas pernas. — A resposta correta é me agradecer.

— Por quê?

Seu sorriso escorregou e uma carranca surgiu. — Você não lembra?

— Eu suponho que você me tirou do Balladyn?


— Interessante, — disse ele, mais para si mesmo do que para ela. Ele
respirou fundo e jogou o pedaço de madeira no ar antes de pegá-lo novamente. —
Você explodiu sua fortaleza.

Rhi fechou os olhos. De novo não. — Entendo.

— Você quebrou as correntes de Mordare com esse pequeno show. Elas


nunca vão ser usadas em qualquer um de novo.

Ela abriu os olhos e olhou em qualquer lugar, menos para ele. Era muito
difícil. — Então, o que tenho que agradecer?

— Eu a tirei fora dos escombros e trouxe você aqui.

— Você? — Perguntou ela com um suspiro. — Você quer que eu acredite


que encontrou o seu caminho por uma porta Fae e apenas aconteceu de estar em
cima de mim?

— Eu estava procurando por você.

Ela manteve o rosto virado. — Você deveria ter me deixado lá.

— Porque é isso que os Fae da Luz fazem? — Ele fez um som na parte de
trás da garganta. — Eu não faria isso. — Ele se moveu na frente dela e ela virou
a cabeça para o outro lado. — Você acha que me ignorando vai funcionar?

— O que você quer?

— Ajudar, — ele disse em uma voz suave.


Rhi puxou o cobertor mais apertado. — Como você sabia deste lugar?

— Eu sempre soube, Rhi.

— Obrigada pelo que você fez, mas não preciso de sua ajuda. — Ela virou-
se e caminhou de volta para a cabana, onde bateu a porta atrás dela.

Ela parou, esperando ouvi-lo sair. Minutos se passaram antes que ela o ouviu
expulsar um sopro alto. Então, sua voz veio através da porta. — Você tem estado
adormecida por algumas semanas. Todo mundo está procurando por você desde
que eu te trouxe de volta.

O som de passos lhe disse que ele estava indo embora, e depois pararam.

— A propósito, — disse Ulrik. — Con me viu levá-la.

— Maravilhoso, — ela sussurrou para si mesma.

Ela esperou até que Ulrik tivesse ido embora antes que soltasse um suspiro
reprimido. Ela olhou para os babados, as coisas ridículas que ela acumulou ao
longo dos anos e raiva tomou conta dela.

Rhi não parou com isso, não a restringiu. Deixou fluir livremente enquanto
foi de cômodo em cômodo destruindo tudo. Nem mesmo os vidros de esmalte de
unhas que meticulosamente ordenou por cores foram poupados.

No momento em que ela terminou, estava respirando com dificuldade


enquanto estava no meio da cabana. Ela já não sabia quem era. Balladyn entrou
em sua mente e obliterou a pessoa que ela foi.
Ela foi destruída, danificada.

Despedaçada.

A Fae da Luz desapareceu.

Quem ela era agora... Bem, teria de descobrir.

Con apoiou os braços na parede de pedra e olhou fora a paisagem chinesa


sob o céu da noite. Ele estava em uma parte da Grande Muralha da China que não
era aberta aos visitantes, como se isso fosse impedi-lo.

Mas ele não veio pelos pontos turísticos. Ele veio para uma reunião.

O clique de saltos nas pedras o fez sorrir. — Você não vai a qualquer lugar
sem os malditos saltos altos?

Usaeil se apoiou na parede ao lado dele e sorriu. — Nunca.

Ela estava de bom humor, e ele odiava desapontá-la, mas não havia nenhum
uso colocando isso para fora. — Eu não ouvi nada sobre Rhi.

— Nós também não. — Usaeil ligou os dedos como se estivesse orando e


olhou para a terra. — Quantas semanas mais teremos que nos preocupar?

— Talvez não muitas no todo.


Ela virou a cabeça para ele. — Ah. Você quer perguntar ao Guerreiro Broc.

— Só se você concordar.

Seus olhos prata Fae o olharam em silêncio por um momento. — Você tem
alguma preocupação sobre envolver Broc?

— Eu tenho. Se Rhi quiser ser encontrada, ela vai. Ela pode precisar de
algum tempo.

— E o fato de que ela está com... Ulrik... não te incomoda?

— Eu não quis dizer isso. Estou apenas apontando que não sabemos a que
tipo de tortura Rhi resistiu. As correntes de Mordare são suficientes para trazer um
Fae de joelhos.

— E Balladyn mexeu com sua mente, — disse Usaeil com um aceno


sombrio. — Eu só quero saber se ela está segura.

Con não poderia dar-lhe isso, porque ele não tinha certeza de si mesmo. Não
quando uma das câmeras que ele teve de assistir do Silver Dragon, o lugar de
negócios do Ulrik em Perth, lhe mostrou ele trazendo Rhi para lá.

Mas onde ele a colocou?

— Eu não sou do tipo paciente, — a Rainha da Luz disse.

Con riu. — Eu sei.


Ela se se desencostou da parede e tirou o pó de suas mãos. — Eu sempre
achei essa tatuagem impressionante, — disse ela e passou o dedo pela sua
tatuagem de Dragão nas costas. — Você voou até aqui.

— De que outra forma você esperava que eu viesse? — Ele perguntou e se


virou para encará-la.

Seu sorriso foi lento e deliberado. — Eu certamente não me importo de ver


isso em sua pele.

Con riu, mas não pegou a oferta em silêncio.

Usaeil lambeu os lábios e deslizou seu olhar para o campo novamente. — Se


Rhi se juntar a Ulrik, poderíamos ter um problema.

— Ela não o fará.

— Você está tão certo dela, — disse a rainha com um aceno de cabeça. —
Eu gostaria de ter a sua confiança.

Con abriu a boca para tranquilizá-la, mas ela desapareceu antes que pudesse.
Ele prendeu a respiração profundamente e liberou lentamente. Ulrik e Rhi eram
apenas um dos muitos problemas que ele tinha. O mais urgente era Rhys.

Ele pulou para o lado da parede e saltou no ar, mudando em forma de


Dragão e voltando para Dreagan e a montanha de inimigos que continuava a
crescer.
Para ler sobre um trecho do próximo livro por Donna GRANT

Em breve a partir de rascunhos de St. Martin!

Laith serviu a cerveja de Keith na frente dele e teve um vislumbre de alguém


fora do canto do olho. Ele se virou com um sorriso, pronto para derramar-lhes
uma bebida, e depois parou congelado.
Seus lábios, eram cheios e tentadores, curvaram em um meio sorriso dando-
lhe um ar de mistério. Cabelo loiro ondulado no comprimento do ombro estava
soprado pelo vento, como se ela tivesse estado caminhando entre as urzes15.

Ela era alta e esbelta, sua blusa branca apenas apertava o suficiente para
agarrar-se a seus seios. Havia uma mancha de sujeira em seu cotovelo como se ela
tivesse estado deitada no chão recentemente.

Seu olhar retornou ao seu rosto enquanto ela reivindicava um banco no bar.
Ela colocou o cabelo atrás da orelha e olhou para o bar antes de voltar seus olhos
cor de café para ele. Sua pele mostrava um brilho dourado, indicando que ela
estivera muitas vezes ao sol.

Laith deu um passo mais perto dela, observando a pitada de sardas sobre o
nariz. — Bem-vinda ao The Fox and The Hound16. O que posso fazer por você?

— Sua melhor cerveja, — disse ela, os lábios se curvando em um sorriso


mais profundo.

Laith foi impotente para responder. Ele devolveu o sorriso e virou-se para
pegar a cerveja. Certamente era um truque da luz ou algo para levá-lo a reagir dessa

15 Designação dada a várias plantas arbustivas da família das ericáceas, geralmente do .gênero Erica

16 "O Cão e a Raposa: Amigos Inimigos" no Brasil e "Papuça e Dentuça" em Portugal é um filme norte-americano de
animação de 1981 produzido pela Walt Disney Pictures e baseado no livro de mesmo nome do autor Daniel P. Mannix.
forma. Uma vez que ele olhasse para ela novamente, veria que ela era como
qualquer outra mulher que entrou em seu pub.

Ele terminou de encher o copo e hesitou por um momento. Laith torceu


para que a recém-chegada não o tivesse afetado, e mais uma vez foi atingido por
seu apelo terroso. Se alguém lhe tivesse perguntado, ele teria a chamado de uma
criança selvagem.

Seu sorriso caiu um pouco enquanto a olhava. Laith serviu a cerveja na frente
dela. Seus olhos se encontraram novamente, e ficaram paralizados. Ele sentiu um
puxão incontrolável, inegável para esta mulher. Era mais do que apenas luxúria.
Este... Sentimento... Estava em outro plano, tudo junto.

— Obrigada, — disse ela e pegou a cerveja.

Seus dedos se tocaram brevemente, mas foi o suficiente para uma corrente
de desejo puro, absoluto que aqueceu seu sangue. Ela puxou a sua mão, provando
que sentiu isso também. Seus olhos correram para a esquerda antes dela patinar de
volta para ele.

— Você é nova aqui, — disse ele, mesmo quando juntou quem ela era em
sua mente. Seu nome era Iona Campbell.

Ela assentiu com a cabeça e tomou um gole da cerveja, quando ele desceu o
copo. — Sim. Sou Iona Campbell.

— Meus pêsames sobre seu pai. Eu gostava muito de John.


— Parece que todo mundo o faz, — ela murmurou com uma pitada de
confusão.

Laith sabia que deveria ir embora, e ainda assim ele encontrou-se


perguntando: — Você pretende permanecer na cidade por muito tempo?

— Na verdade não. Uma vez que tudo estiver terminado estarei de volta ao
trabalho.

— E onde é isso? — Laith não poderia começar a entender por que


continuava a fazer perguntas. Ele disse a si mesmo que era informação para todos
em Dreagan, mas na realidade, ele estava mais do que curioso sobre ela.

Ela riu suavemente, o som foi um disparo direto para seu pênis. Ele olhou
em volta e notou que não era o único que não podia tirar os olhos dela. O resto
dos clientes estava olhando com interesse.

— Sou fotografa. Eu viajo o mundo tirando fotos de pessoas e eventos.

— Estou impressionado. — E ele realmente estava. Não poderia ser uma


vida fácil, mas ela obviamente amava o que fazia. — As artes comandam em sua
família.

Foi a coisa errada a dizer, porque uma pequena carranca se formou em sua
testa e o sorriso desapareceu. Ela correu os dedos ao longo da condensação do
vidro. — Eu acho que sim.
Laith deu um aceno de cabeça e voltou para os seus outros clientes. Várias
vezes a pegou olhando para ele através dos espelhos por trás do bar.

Um pouco mais tarde ele a viu com uma câmera, ela examinava fotos. De
alguma forma, ele conseguiu manter a sua distância até que a sua cerveja estava
quase terminando.

— Quer outra? — Perguntou.

Ela olhou para cima e sorriu. — Por favor.

Serviu-lhe outra cerveja e colocou-a diante dela. Assim que ele se virou para
sair, ela chamou sua atenção. — Um momento, por favor?

— Quão bem você conhecia o meu pai?

Laith deu de ombros. — Muito bem. Ele vinha duas vezes por semana a cada
semana.

— Eu estou tendo um pouco de dificuldade em reconciliar o que eu pensava


que meu pai era com quem ele realmente era.

— Seu pai falou de você muitas vezes.

Um leve rubor manchou suas bochechas. — Quer dizer que você sabia que
eu era uma fotógrafa?

— Eu sabia. John nos mostrou seu trabalho em várias ocasiões. Você é


realmente boa no que faz.
Ela tomou outro gole da cerveja escura. — Você parece saber tanto sobre
mim, e ainda nem sei o seu nome.

— É Laith.

— Laith, — ela repetiu, deixando-o cair lentamente de seus lábios quase


como uma carícia.

Ele estava instantaneamente, dolorosamente duro.

— Um nome incomum.

— É um nome de família.

Suas sobrancelhas subiram. — Você tem família por aqui?

— Não por um longo período de tempo.

— Eu sinto muito. — Ela virou a taça ao redor. — Posso te perguntar uma


coisa?

Ele deu um aceno de cabeça. — Claro.

— Este estabelecimento faz fronteira com Dreagan. O que você sabe deles?

Laith estava completamente surpreso com a pergunta. Ele pensou que ela
poderia perguntar algo sobre seu pai, mas nunca sobre Dreagan. — Eles destilam
o melhor uísque ao redor, e são bons para o povo.

— E o meu pai os conhecia?


— Ele conhecia. John conhecia todo mundo.

Ela prendeu o lábio inferior com os dentes. — É estranho, não é? Pensar


que você conhece alguém, só para descobrir que tudo o que acreditava estava
errado. Escócia não é a minha casa. Não foi há vinte anos. Eu não quero ficar aqui.

— Você não a achou bonita?

Iona sorriu. — Tirei muitas fotos hoje para provar que faço, mas eu não
tenho tempo para cuidar da terra.

— Você herdou as terras de seu pai, — disse ele, colocando inflexão o


suficiente em seu tom para que ela pudesse acreditar que ele apenas adivinhou.

— Eu fiz. Eu quero vendê-las, mas parece que não posso.

A porta para o pub abriu e Sammy entrou, seus olhos azuis enevoados
enrugaram com seu sorriso e seus cabelos cor de areia puxado para trás em um
rabo de cavalo. — Ei, Laith.

— Ei, Sammy, — ele chamou.

Ela veio ao redor do bar e colocou sua bolsa debaixo dele, e depois abriu um
sorriso para Iona. — Olá. Você deve ser a que todo mundo está falando.

— Sou eu, — Iona disse com tristeza, elevando o copo de cerveja.

Sammy estendeu a mão. — Eu sou Sammy. Eu trabalho com Laith.

— Prazer em conhecê-la, — Iona disse enquanto elas apertaram as mãos.


— O mesmo para você. Devemos ter uma...— Sammy começou, mas foi
cortada quando a porta se abriu novamente.

Laith manteve sua conexão com Dreagan de Iona até agora, mas com Tristan
e Ryder entrando, ele não tinha certeza de quanto tempo isso iria durar.

— Espera aí, — disse Sammy e correu ao redor do bar para Tristan que
agarrou-a contra ele para um beijo rápido.

Iona observou a cena antes que virasse a cabeça para Laith. — Quem é
aquele?

— Esse é Tristan, o marido de Sammy, que só acontece de ser uma parte de


Dreagan.

Iona observava o par com cuidado. — Eles parecem realmente cuidar uns
dos outros.

— Eles realmente fazem, — ele disse, incapaz de impedir-se de franzir a


testa para sua escolha de palavras.

Ela se virou para ele. — Eu geralmente estou só comigo mesma. Às vezes


esqueço que digo coisas em voz alta que deveria guardar para mim.

— Não se preocupe com isso aqui. — Ele viu Sammy trazendo Ryder e
Tristan, então balançou a cabeça em sua direção. — Você está prestes a conhecer
mais pessoas.

Iona sentou-se e girou no banco para enfrentar os três.


— Iona, — disse Sammy. — Este é o meu marido, Tristan, e nosso amigo
Ryder.

Iona usava um sorriso amigável quando ela os cumprimentou. — Olá.

Tristan baixou a cabeça, mas Ryder tomou sua mão e lhe deu um sorriso
encantador. Laith não gostou da forma como ela corou em troca.

— Eu estava apenas dizendo a Iona que ela e eu precisávamos tomar uma


bebida em algum momento. — Ela se virou para Iona. — Eu costumava estar
voltada para mim mesma, e então conheci Tristan. Agora, eu não consigo ter
amigos o bastante.

— Você me pegou, amor. É que não sou ‘suficiente’? — Tristan perguntou


a Sammy com uma piscadela.

Sammy puxou seu longo cabelo castanho. — Você sabe que é.

Tristan a puxou contra ele. — Quando você sai do trabalho?

— Não até fechar, — disse Laith com uma risada. — Você vai ter que
esperar para ter algum tempo a sós com sua esposa.

Ryder sentou no banquinho ao lado de Iona. — Você ainda não esteve em


Dreagan?

— Não, — ela disse, e olhou para Laith. — Eu conheci Constantine, no


entanto.
Laith deixou de lado sua toalha. — No funeral.

— Tentamos falar com você, — Ryder disse: — Mas Con pediu-nos para
não oprimi-la.

Iona franziu a testa. — Eu sinto muito. Havia muitas pessoas lá e não me


lembro de muitos deles.

— Ninguém te culpa, — disse Sammy. Ela colocou uma mão reconfortante


no braço de Iona. — É provavelmente melhor que apenas Con se aproximou de
você, em vez de uma série de homens de Dreagan.

Laith assistiu Iona inquietar-se sob seu embaraço antes que perguntou: —
Então, o que cada um de vocês fazem em Dreagan?

— Muitas coisas, — respondeu Tristan.

Ryder levantou uma sobrancelha loira. — Nós não fazemos apenas uísque,
moça. Criamos milhares de ovelhas e gado.

— Eu não tinha ideia, — disse Iona.

— A maior parte dessa terra de Dreagan está sendo usada para a conservação
da natureza, — acrescentou Tristan. — As florestas, as montanhas, e animais são
todos protegidos em seus habitats naturais.

Seu sorriso desapareceu quando ela olhou nos olhos dele. — Isso é bom de
ouvir. Já conheci muitas pessoas que não se importam com a conservação da
natureza.
— Nem todo mundo é uma pessoa ruim, — disse Laith. Embora houvesse
mais deles lá fora do que ela poderia imaginar.

Seus olhos cor de café suavizaram quando olharam para ele. — Não, eles
não são.
Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, organizações e eventos
retratados neste romance ou são produtos da imaginação do autor ou são usados
ficticiamente.

DESEJO ARDENTE

Copyright © 2014 por Donna Grant.

Trecho do Hot Blooded © copyright 2014 por Donna Grant.

Cobertura de crédito da foto © Patricia Schmitt (Picky Me)

Todos os direitos reservados.


New York Timese EUA Hoje autor best-seller Donna Grant foi elogiado por
suas histórias — totalmente viciantes únicas e sensuais. — Ela escreveu mais de
trinta livros que abrangem vários gêneros do romance, incluindo o Best-Seller
histórias dos Rei Escuros, o desejo, o despertar da noite e o desejo de Dawn. Sua
série aclamada, Guerreiros Escuros, apresentam uma combinação emocionante de
druidas, deuses primevos, e Highlanders imortais que são Escuros, perigosos e
irresistíveis. Ela vive com o marido, dois filhos, um cachorro e quatro gatos no
Texas.

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