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Nutrição

materno infantil
Unidade 2
Nutrição da mulher no puerpério
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
CAROLINA LANE ALVES FARIAS
AUTORIA
Carolina Lane Alves Farias
Olá. Sou formada em Nutrição pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Realizei uma pós-graduação em Terapia Nutricional com
Treinamento em Serviço pela mesma instituição, onde atuei no Hospital
de Clínicas da UFPR e uma segunda pós-graduação em Nutrição em
Oncologia pela Faculdade Unyleya. Além disso, sou mestre em Ciências-
Bioquímica pela UFPR e Doutora em Ciências Médico-Cirúrgicas Aplicadas
pela Universidade de Roma Tor Vergata (Itália). Possuo ampla experiência
técnico-profissional na área de nutrição clínica com 12 anos de atuação. Já
trabalhei em diversos hospitais, além de laboratórios de pesquisa e atuação
com auditoria hospitalar. Sou apaixonada pela Nutrição e meu objetivo é
transmitir o meu conhecimento e minha experiência profissionais àqueles
que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Aleitamento materno - aspectos fisiológicos .................................10
Alterações fisiológicas no puerpério.................................................................................10

Atenção à mulher no puerpério............................................................................................ 15

Atenção ao recém-nascido...................................................................................................... 16

Aleitamento materno - aspectos epidemiológicos...................... 20


Os benefícios da amamentação.......................................................................................... 20

Políticas públicas de aleitamento materno.................................................................. 22

Anatomia da mama e lactogênese.....................................................................................23

Tipos de leite e composição do leite materno.......................................26

Alimentação da nutriz e efeitos da dieta na composição do


leite ....................................................................................................................31
Práticas para a amamentação................................................................................................ 31

Principais problemas durante a amamentação.........................................................34

Bebê que não suga.....................................................................................................34

Demora da “descida do leite”...............................................................................35

Ingurgitamento mamário.........................................................................................35

Fissuras/lesões nos mamilos..............................................................................37

Candidíase e monilíase.............................................................................................37

Mastite...................................................................................................................................37

Abcesso mamário........................................................................................................ 39

Recomendações nutricionais durante a lactação.........................41


Avaliação nutricional da nutriz................................................................................................ 41

Necessidades nutricionais da nutriz..................................................................................43

Mitos e crenças alimentares durante a lactação......................................................47

Drogas durante a lactação....................................................................................................... 48


Nutrição materno infantil 7

02
UNIDADE
8 Nutrição materno infantil

INTRODUÇÃO
Assim como ocorre durante a gestação, o período pós-parto
também é marcado por alterações fisiológicas no corpo da mulher que
são responsáveis pelo retorno ao estado pré-gravídico e o preparo do
corpo para a amamentação. O período pós-parto, conhecido como
puerpério, demanda especial atenção a fim de orientar a nutriz em
relação ao aleitamento materno, prática esta recomendada de modo
exclusivo até o 6º mês de vida da criança.

O aleitamento materno traz inúmeros benefícios para a mãe e


para o bebê. Algumas condições podem dificultar a amamentação
e, cabe ao profissional de saúde, saber identifica-las e manejá-las
corretamente. O acompanhamento nutricional no período pós-parto
tem como objetivo garantir uma adequada perda de peso e acompanhar
as alterações na composição corporal e consumo alimentar, com
atenção especial aos nutrientes com recomendação elevada durante
esse período, devido ao processo de lactação. Entendeu? Ao longo
desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Nutrição materno infantil 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Entender e compreender o puerpério.

2. Conhecer os aspectos fisiológicos e epidemiológicos do


aleitamento materno.

3. Compreender a interferência da alimentação da mãe na


composição do leite materno.

4. Planificar a alimentação da nutriz e conhecer as recomendações


específicas de nutrientes neste período.
10 Nutrição materno infantil

Aleitamento materno - aspectos fisiológicos


OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender as
alterações fisiológicas no período pós-parto, conhecido
como puerpério. Além dos cuidados da saúde da mulher e
do recém-nascido neste período, saberá classificar o recém-
nascido com base no seu peso ao nascer e com base na
sua idade gestacional ao nascer. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Alterações fisiológicas no puerpério


Com o término do parto e o secundamento placentário (saída da
placenta), inicia-se o período denominado puerpério, cuja duração é de
seis a oito semanas. Tal período também é chamado de período pós-
parto, sobreparto, quarentena ou resguardo. Nesta fase, as alterações
fisiológicas ocorridas durante a gestação involuem, as lesões decorrentes
do parto cicatrizam e a mulher se transforma em nutriz.

Assim como durante a gestação, nessa fase também ocorrem


mudanças anatômicas, hormonais, metabólicas e psíquicas.
Didaticamente, o puerpério é dividido em três fases principais:

• Puerpério imediato: do 1º ao 10º dia.

• Puerpério tardio: do 10º ao 45º dia.

• Puerpério remoto: seu tempo de duração é impreciso, geralmente


inicia-se após o 45º dia e se estende até o retorno dos ciclos
menstruais e a completa recuperação das alterações causadas
pela gestação e pelo parto.

Nas mulheres que não amamentam, o período do puerpério remoto


é mais curto, podendo perdurar entre 50 e 60 dias. Nas mulheres lactantes,
este período poderá ser maior, dependendo da duração da lactação.
Nutrição materno infantil 11

No período pós-parto é importante acompanhar as modificações


do organismo materno relacionadas aos fenômenos involutivos pós-parto.
O útero é um dos órgãos que mais se expande e se modifica durante a
gestação. Dentro de quatro semanas, o útero retorna ao seu tamanho pré-
gestação. Imediatamente após o secundamento, iniciam-se contrações
no corpo uterino, responsáveis pela hemostasia da ferida placentária. Ao
mesmo tempo, observa-se o fechamento do colo uterino.

Nesse período é comum a mulher sentir dores do tipo cólica,


especialmente durante a amamentação em decorrência da liberação
do hormônio ocitocina. A velocidade do processo involutivo do útero
pode ser mais lenta em situações onde ocorreram grandes distensões
abdominais durante a gestação, como é o caso de gestação gelar, ou
então em mulheres que tiveram parto cesárea, mulheres não lactantes e
na presença de quadros infecciosos.

O endométrio sofre processo cicatricial. O colo uterino também


vai retornando ao seu estado pré-gestação, reduzindo a dilação e
aumentando a espessura. Por volta do 10º dia pós-parto o colo uterino
encontra-se fechado. A vagina apresenta-se edemaciada, congesta e
atrófica, iniciando sua recuperação após o 25º dia de puerpério, mais
tardia nas mulheres que amamentam.

O processo de laqueação deve ser observado. Consiste na


liberação dos lóquios, secreções que escoam pelo trato vaginal após o
parto. Eles podem ser resultantes da ferida placentária, do colo uterino ou
da vagina e variam em quantidade e características. Os lóquios podem ser
classificados conforme demonstrado no Quadro 1.
12 Nutrição materno infantil

Quadro 1 – Classificação do lóquios no período do puerpério

Lóquio Característica Período de tempo

Sangue vermelho intenso


Vermelho ou Presente até o 3º ou 4º dia
contendo tecido decidual
sanguinolento pós-parto.
necrosado e células epiteliais.

Apresenta coloração rósea/


acastanhada, resultante de
alterações da hemoglobina, Presente do 4º ao 10º dia
Serosanguinolento
diminuição do número de pós-parto.
hemácias e elevação dos
leucócitos.

Presentes após o 10º dia e


Serosos Coloração amarela ou branca. podendo permanecer até a 5ª
ou 6ª semana após o parto.

Fonte: Adaptado de Aldrigui (2013).

Quando não houver a liberação dos lóquios, ou for apresentada


alteração na quantidade, cor e no odor, esses fatores podem ser sinais de
alguma complicação.

A bexiga urinária sofre hipotonia, que pode permanecer por cerca


de duas a oito semanas e, em alguns casos, por até três meses. Neste
período pode ocorrer retenção urinária, sensação de esvaziamento
incompleto, presença de refluxo ureteral, sobredistensão vesical e, como
consequência, maior risco de infecção urinária. Os possíveis traumas
locais do trabalho de parto também contribuem para a alteração da
funcionalidade do trato urinário. Cabe ressaltar que é normal ocorrer
redução do volume de diurese no primeiro dia pós-parto em decorrências
das perdas sanguíneas.

A função ovulatória normalmente retorna em cerca de seis a oito


semanas em mulheres que não amamentam. Já para as mulheres que
amamentam, ocorre a supressão da liberação do hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo, levando à supressão da ovulação,
processo esse chamado de amenorreia lactacional.

As mamas sofrem intensas modificações no período gestacional e


no puerpério. Na primeira metade da gestação ocorre proliferação dos
alvéolos, a formação de novos ductos e desenvolvimento da arquitetura
lobular. Ao final da gestação, ocorre um aumento mamário, conhecido
Nutrição materno infantil 13

como mamogênese. No momento do parto e nos primeiros dias do


puerpério ocorre a liberação do colostro produzido ao longo da gestação.
Entre os três primeiros dias pós-parto observa-se a apojadura (saída do
leite) associada ao ingurgitamento mamário (aumento mamário). Como
será demonstrado ao longo da unidade, a lactogênese se inicia após o
parto e o secundamento.

Durante o exame físico da puérpera, pode ser observada a elevação


da temperatura corporal nas primeiras 24 horas do pós-parto. Da mesma
forma, calafrios podem estar presentes. É a chamada febre do leite e é
considerada fisiológica, desde que não ultrapasse 48 horas. Caso contrário,
um possível quadro infeccioso pode estar presente, especialmente no trato
geniturinário. Vale lembrar que não deve ser aferida a temperatura axilar
pela proximidade do tecido glandular mamário, local de grande afluxo
sanguíneo. É preferível realizar a aferição da temperatura na cavidade oral.
Valor superior a 38 ºC é considerado febre. Os principais sítios de infecção
no puerpério são: a cavidade uterina (endometrite), infecção do sítio
cirúrgico (cicatriz da cesariana, lacerações perineais e episiotomia), mastite
ou abcesso mamário, infecção do trato urinário, tromboflebite séptica
pélvica e complicações da anestesia (pneumonia e broncoaspiração).

Na avaliação bioquímica, é comum encontrar leucocitose durante


a primeira semana do puerpério. Valores de até 25.000 leucócitos/ml3
são considerados normais. Se não houver perda sanguínea excessiva, a
série vermelha do sangue (eritrócitos) não deve sofrer grandes variações
nos seus valores. O volume normal de sangramento no período pós-parto
encontra-se entre 200 e 500 mL após parto vaginal e até 1.000 mL após
parto cesariana.

Hemodinamicamente, observa-se um aumento do débito cardíaco


no puerpério imediato em função da saída da placenta e tende a
normalizar-se após a segunda semana pós-parto. O volume plasmático
aumenta cerca de 10% devido à redistribuição de líquidos corporais com
regressão do edema gravídico. Com a eliminação da placenta há retorno
da resistência vascular periférica para os padrões pré-gestacionais. Além
disso, ocorre melhora do retorno venoso com redução do edema de
membros inferiores.
14 Nutrição materno infantil

O retorno das vísceras abdominais à sua posição original, somado


à descompressão do estômago, promovem um melhor esvaziamento
gástrico. O esforço realizado no período do parto pode agravar situações
de hemorroidas já existentes. Tal situação causa dor e desconforto e
impede o esvaziamento intestinal adequado. Mulheres que tiveram parto
cesárea apresentam no período pós-parto o íleo paralítico, devido à
manipulação da cavidade abdominal, o que compromete ainda mais o
esvaziamento intestinal.

Em decorrência das alterações hormonais e do ciclo circadiano, o


humor é comumente alterado, de modo transitório. A disforia pós-parto
ocorre em mais de 50% das mulheres, apresentando choro fácil e tristeza,
mas, ao mesmo tempo, boa relação com o recém-nascido com vontade
de amamentar, característica essa que distingue da depressão pós-parto.
O apoio da família e o apoio psicológico são essenciais para o manejo
desta disforia pós-parto que, normalmente, desaparece por volta da
segunda semana. As alterações emocionais no puerpério manifestam-se
da seguinte forma:

• Materno ou baby blues – forma mais comum, acometendo cerca de


50 a 70% das puérperas. Definido como estado depressivo mais
brando e transitório, com duração aproximada de duas semanas.
Caracteriza-se por fragilidade, hipermotividade, alterações do
humor e sentimento de incapacidade.

• Depressão pós-parto – acomete cerca de 10 a 15% das puérperas,


e os sintomas estão associados a alterações do apetite, do sono,
decréscimo de energia, sentimento de culpa, ideação suicida e
rejeição do bebê.

• Lutos vividos na transição entre a gravidez e a maternidade.

• Perda do corpo gravídico e não retorno imediato do corpo pré-


gestacional.

• Separação entre mãe e bebê.


Nutrição materno infantil 15

Atenção à mulher no puerpério


A puérpera necessita de cuidados específicos para enfrentar essa
etapa de intensas alterações orgânicas. Nesse período surge o risco
de complicações, como hemorragias, infecções, depressão pós-parto
e intercorrências mamárias advindas da lactação. A fase do puerpério
imediato é o período de maiores complicações, especialmente nas
primeiras 48 horas, o que demanda uma atenção especial. Na ausência
de complicações pós-parto, a puérpera recebe alta hospitalar em torno
de 48 horas.

A atenção à mulher e ao recém-nascido no pós-parto imediato e


nas primeiras semanas após o parto é essencial para a saúde materna e
neonatal. Os objetivos do acompanhamento no puerpério são:

• Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido.

• Orientar e apoiar a família para a prática da amamentação.

• Orientar os cuidados com o recém-nascido.

• Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido.

• Identificar situações de risco ou intercorrências e manejá-las


corretamente.

• Orientar o planejamento familiar.

Do ponto de vista nutricional, o período do puerpério não requer um


seguimento de uma dieta específica. Normalmente, a mulher no período
puerperal costuma apresentar aumento da sede e do apetite, além de
mudanças nas preferências alimentares. Deve-se estimular a alimentação
saudável, com alimentos de fácil digestão, hiperproteicos e com bom
teor calórico. O consumo hídrico deve ser estimulado, especialmente em
função do aleitamento materno. Especialmente na primeira semana pós-
parto, devem ser evitadas dietas constipantes.
16 Nutrição materno infantil

SAIBA MAIS:
O Programa chamado Rede Cegonha foi lançado em 2011
pelo Governo Federal, de acordo com as portarias nº 1.459,
de 24 de julho de 2011, e nº 2.351, de 5 de outubro de 2011,
e consiste em uma rede de cuidados que visa assegurar, à
mulher e à criança, o direito à atenção humanizada durante
o pré-natal, parto/nascimento, puerpério e atenção infantil
em todos os serviços de saúde do Sistema Único de
Saúde (SUS). Você pode conhecer mais sobre o programa
acessando o material aqui.

Um dos objetivos do acompanhamento durante o puerpério é


também o acompanhamento da perda de peso adequada da mulher.
Imediatamente após o parto, a mulher perde cerca de quatro a cinco
quilos referentes à saída do bebê, da placenta, do líquido amniótico e
do sangue. Ao longo de seis semanas, outros 1 quilo e meio a três quilos
serão eliminados. Esse peso é referente à perda de líquidos que foram
acumulados ao longo da gestação. O restante do peso acumulado na
gestação leva cerca de três meses para ser eliminado, no entanto sofrerá
influência da alimentação da mãe, da prática ou não da amamentação,
das atividades diárias e do funcionamento do corpo, que variam de
mulher para mulher.

Atenção ao recém-nascido
A classificação do recém-nascido pode ser feita com base na
idade gestacional e com base no peso ao nascer. De acordo com a idade
gestacional, podemos classificar o recém-nascido em:

• Recém-nascido pré-termo: nascimento com menos de 37 semanas


de gestação.

• Recém-nascido a termo: nascimento entre 37 e 42 semanas de


gestação.

• Recém-nascido pós-termo: nascimento após 42 semanas de


gestação.
Nutrição materno infantil 17

A classificação do recém-nascido a partir do seu peso ao nascer,


independentemente da idade gestacional, é feita conforme segue:

• Recém-nascido com peso adequado: peso ao nascer entre 3.000g


e 4.000g.

• Recém-nascido com baixo peso ao nascer: peso ao nascer menor


que 2.500g.

• Recém-nascido com muito baixo peso ao nascer: peso ao nascer


menor que 1.500g.

• Recém-nascido com extremo baixo peso ao nascer: peso ao


nascer menor que 1.000g.

Durante o puerpério devem ser avaliados recém-nascidos de risco.


Dentre os critérios de avaliação de recém-nascido de risco, destacam-
se: criança residente em área de risco; baixo peso ao nascer (menor
que 2.500g); prematuridade (nascimento com menos de 37 semanas de
gestação); recém-nascido que permaneceu internado por intercorrências
após o nascimento; história de morte de crianças < 5 anos na família;
recém-nascido de mãe HIV positivo ou de mãe adolescente.

Durante a atenção ao recém-nascido, é importante o


acompanhamento do seu desenvolvimento por meio da avaliação
antropométrica. Os parâmetros antropométricos constituem importantes
indicadores do crescimento e desenvolvimento da criança e devem ser
acompanhados por meio de gráficos. A avaliação antropométrica do
recém-nascido é feita com base no perímetro cefálico, no perímetro
torácico, no peso e no comprimento. Detalhes da avaliação nutricional e
antropométrica da criança serão vistos ao longo da disciplina.

Durante este período, é essencial também o cuidado com o coto


umbilical. Normalmente, o coto umbilical desaparece por volta do 8º até o
15º dia após o nascimento. Logo após o nascimento, o coto tem coloração
branca-azulada e é úmido e brilhante. A partir do 2º dia o coto apresenta-se
com coloração escura e permanece até o seu desprendimento e queda.
Sinais de infecção do coto umbilical devem ser observados, como, por
exemplo, vermelhidão e calor no local, pele brilhante, odor desagradável
e secreção purulenta.
18 Nutrição materno infantil

Figura 1 – Teste do pezinho como ferramenta de triagem do recém-nascido

Fonte: Freepik

O teste do pezinho deve ser realizado entre o 3º e o 5º dia após o


nascimento. O teste do pezinho é um exame de triagem, que possibilita a
detecção precoce de doenças importantes, como:

• Hipotireoidismo.

• Fibrose cística.

• Deficiência de biotinidase.

• Anemia falciforme.

• Fenilcetonúria.

• Hiperplasia adrenal congênita.

ACESSE:
O teste do pezinho é garantido pelo Programa Nacional de
Triagem Neonatal (PNTN) por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS) e permite o diagnóstico precoce, o tratamento
e acompanhamento de uma série de doenças metabólicas.
Para conhecer mais sobre o teste do pezinho, acesse a
página da Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional
(FEPE), Clique aqui. Você também pode consultar o Manual
de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa
Nacional de Triagem Neonatal clicando aqui.
Nutrição materno infantil 19

De acordo com o Programa de Imunização brasileiro, o recém-


nascido deve receber a primeira dose da vacina para hepatite B nas
primeiras 12 horas de vida, preferencialmente ainda na maternidade. O
esquema de imunização para Hepatite B deve ser completado com a
vacina Pentavalente aos quatro e seis meses de vida. Ainda a vacina BCG,
importante para proteção contra formas graves de tuberculose, também
deve ser aplicada ainda na maternidade ou o mais breve possível.

RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o período pós-parto conhecido como puerpério é
marcado por intensas modificações fisiológicas, orgânicas
e hormonais no organismo da mulher, relacionados aos
fenômenos involutivos desse período e retorno do corpo
materno ao estado pré-gravídico. Além disso, uma cascata
de hormônios atuando em conjunto são responsáveis pelo
processo de lactogênese, ou seja, a produção do leite
materno, para que ocorra a amamentação. Os cuidados
no puerpério devem garantir a saúde da mãe e do bebê.
A classificação do recém-nascido pode ser feita pela
idade gestacional ao nascimento ou então pelo peso ao
nascer. Dentre os cuidados essenciais ao recém-nascido,
destacam-se os programas de imunização e o teste do
pezinho como método de triagem para diversas doenças
metabólicas, como exemplo, a fenilcetonúria. Gostou do
que estudou? No próximo capítulo você conhecerá um
pouco sobre aleitamento materno. Não perca esse capitulo.
20 Nutrição materno infantil

Aleitamento materno - aspectos


epidemiológicos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender
o processo de lactogênese, ou seja, a produção do
leite materno, bem como seus benefícios para a mãe,
criança e sociedade. Além disso, você conhecerá os
principais programas de saúde pública voltados para o
acompanhamento e incentivo ao aleitamento materno. Por
fim, você será capaz de compreender a composição do
leite materno e as diferenças nutricionais entre os diferentes
tipos de leite materno. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Os benefícios da amamentação
A prática da amamentação traz benefícios para a saúde da mãe,
do bebê e para a sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de
vida e, após este período, completada com uma alimentação saudável
por dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos
complementares antes de seis meses, podendo até mesmo trazer
prejuízos à saúde da criança, uma vez que a introdução precoce de outros
alimentos está associada à maior frequência de diarreia; maior frequência
de hospitalização por doenças respiratórias; maior risco de desnutrição;
menor absorção de nutrientes presentes no leite materno; menor eficácia
da amamentação como método anticoncepcional e menor duração do
aleitamento materno. Após os dois anos de vida, o aleitamento materno
continua sendo importante fonte de nutrientes, além de proteger a criança
contra doenças infecciosas.

A oferta da amamentação é capaz de reduzir a mortalidade e


morbidade das crianças, graças aos inúmeros fatores de proteção
existentes no leite materno. O risco de morte reduz em até 50% quando
comparada com crianças não amamentadas na faixa etária de seis
Nutrição materno infantil 21

a 23 meses. Além disso, reduz a frequência de infecções, como as


respiratórias e diarreia, reduzindo desta forma o número de internações.
Crianças não amamentadas apresentam um risco três vezes maior de
terem desidratação e morrerem por diarreia quando comparadas com
crianças amamentadas. Ainda protege a criança de alergias, neoplasias
e desnutrição. Estima-se que a prática do aleitamento materno poderia
evitar 13% das mortes em crianças menores de cinco anos em todo o
mundo.

Os benefícios da amamentação se estendem ao longo das fases


da vida do indivíduo. Crianças amamentadas apresentam risco reduzido
em desenvolver sobrepeso e obesidade ao longo da vida. Doenças
metabólicas, como diabetes mellitus tipo 2, também estão reduzidas em
indivíduos que foram amamentados. Há evidências de que o aleitamento
materno contribui para o desenvolvimento cognitivo, embora seu
mecanismo ainda não seja claro. Crianças amamentadas apresentam
maior nível de Quociente de Inteligência (QI) quando comparadas com
crianças não amamentadas.

A amamentação contribui para uma correta oclusão dentária, além


de ser importante para o equilíbrio emocional, proporcionando uma boa
relação mãe/filho. Acredita-se que a amamentação traga benefícios
psicológicos para a criança e para a mãe.

Os benefícios do aleitamento materno se estendem para a


saúde da mulher. A amamentação reduz em até 15% a incidência de
diabetes mellitus tipo 2 para cada ano de lactação, além de reduzir a
prevalência de câncer de mama em 4,3% a cada ano de amamentação. A
amamentação constitui-se de um método anticoncepcional nos primeiros
seis meses pós-parto, contribuindo para um maior espaçamento entre o
nascimento dos filhos e, dessa forma, contribuindo para o planejamento
familiar. A amamentação também reduz o risco de câncer de ovário e de
útero, hipertensão, doença coronariana, obesidade, doença metabólica,
depressão pós-parto e osteoporose.

Somam-se aos benefícios à criança e à mãe, os benefícios


socioeconômicos do aleitamento materno. A prática da amamentação
não apresenta custos, diferente da compra de fórmulas infantis que,
22 Nutrição materno infantil

especialmente em famílias de baixa renda, representam uma parcela


significativa do orçamento familiar. Somado aos custos da compra da
fórmula, temos também o custo com mamadeiras, bicos e gás de cozinha,
além de custos com possíveis tratamentos de doenças que a criança
pode vir a desenvolver.

É importante conhecer os tipos de aleitamento materno, bem como


a nomenclatura recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dessa forma, o aleitamento materno pode ser classificado em:

• Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe


somente o leite materno, ou leite humano de outra forma, sem
a adição de outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas
de xarope, sais de reidratação oral, suplementos de minerais ou
medicamentos.

• Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe


o leite materno e outros líquidos como água ou bebidas à base de
água (chás e infusões) e sucos de frutas.

• Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe


além do leite materno, outros tipos de leite.

Políticas públicas de aleitamento materno


O Brasil possui um forte programa de incentivo ao aleitamento
materno. A promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno no Brasil
se iniciou na década de 1980. Em 1981 foi lançado pelo Ministério da
Saúde (MS) o Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM).
Atualmente, o Brasil possui a coordenação nacional para as ações
voltadas à promoção do aleitamento materno, sob responsabilidade da
Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (CGSCAM),
vinculada ao Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da
Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (DAPES/SAS).

Em 2006, por meio da Portaria n. 618/GM/MS, foi instituído o


Comitê Nacional de Aleitamento Materno (CNAM), que possui como
objetivo assessorar ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno no Brasil. Desde a criação do primeiro programa de incentivo
Nutrição materno infantil 23

à amamentação em 1981, a prática de amamentação vem crescendo ao


longo dos anos. Dentre as crianças brasileiras, 95% iniciam a amamentação,
no entanto a prática é abandonada precocemente, especialmente devido
ao retorno da mãe ao trabalho.

As ações de promoção, proteção e incentivo ao aleitamento


materno no Brasil fazem parte da Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Criança (PNAISC) e vêm sendo desenvolvidas nas três esferas
de governo (federal, estadual e municipal) de gestão do SUS e estão
organizadas por eixos estratégicos:

• Na atenção primária com a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil


(EAAB) e a Rede Cegonha.

• Na atenção hospitalar, com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança


(IHAC), a Rede de Bancos de Leite Humano (BLH) e o Método
Canguru.

• Em ações intersetoriais com a Estratégia Mulher Trabalhadora que


Amamenta (MTA) e Norma Brasileira para a Comercialização de
Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos,
Chupetas e Mamadeiras (NBCAL).

• Nas mobilizações sociais como o Dia de Doação de Leite Humano


e a Semana Mundial da Amamentação (SMAM).

SAIBA MAIS:
Criado em 2012, a Estratégia Amamenta e Alimenta
Brasil (EAAB) tem o objetivo de estimular a promoção do
aleitamento materno e da alimentação saudável para
crianças menores de dois anos no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). Você poderá conhecer mais sobre o
programa acessando a página do Ministério da Saúde aqui.

Anatomia da mama e lactogênese


A principal função da glândula mamária é a produção de leite.
Durante o período gestacional e a lactação, a glândula mamária atinge seu
24 Nutrição materno infantil

pleno desenvolvimento. A mama é composta por células mioepiteliais,


células alveolares, alvéolo, ductos lactíferos, tecido de sustentação,
mamilo, aréola e glândula de Montgomery (Figura 2). Uma mulher adulta
possui, em cada mama, entre 15 a 25 lobos mamários, que são glândulas
túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Os lóbulos,
por sua vez, são formados por 10 a 100 alvéolos.
Figura 2 – Anatomia da mama

Alvéolos

Mamilo

Ductos
lactíferos
Vasos
sanguíneos

Fonte: Freepik

O leite produzido é armazenado nos alvéolos e nos ductos no


período entre as mamadas. As células epiteliais dos alvéolos sintetizam
alguns componentes do leite e retiram outros do plasma sanguíneo. Cada
célula alveolar é capaz de produzir leite com todos os seus constituintes.
O preparo da mama para a produção de leite se inicia durante a gestação,
no último trimestre (lactogênese fase 1) por ação de diferentes hormônios.
O estrogênio é responsável pela ramificação dos ductos lactíferos,
enquanto a progesterona é responsável pela formação dos lóbulos. Além
destes, outros hormônios como o lactogênio placentário, a prolactina e a
gonadotrofina coriônica também contribuem para o crescimento mamário.

Após a saída fetal e da placenta, o que leva a uma importante queda


dos hormônios esteroides com consequente redução do bloqueio da
mama ao estímulo da prolactina, que assim passa a estimular a produção
Nutrição materno infantil 25

de leite marcando lactogênese fase 2 e a apojadura (descida do leite).


Após a apojadura, inicia-se a lactogênese fase 3, também denominada
como galactopoiese, e se mantém por toda a lactação. Para que ocorra
a produção de leite materno, é necessário nível adequado de ocitocina
e prolactina. A manutenção da produção láctea depende da sucção feita
pelo lactente, a qual estimula impulsos sensoriais que são enviados ao
cérebro e, consequentemente, libera ocitocina e prolactina no sangue,
com consequente ejeção láctea.

A ocitocina possui um papel de ação antes e durante a mamada,


estimulando o leite a descer. É o hormônio que determina a contração
dos ductos lactíferos, promovendo a ejeção do leite. Além disso, está
relacionada com o fortalecimento da relação mãe-filho, à libido, ao alívio
do estresse e ansiedade e à indução do sono.

Por outro lado, a prolactina é produzida durante a mamada, após


cerca de 20 a 30 minutos de sucção ou ordenha e seu efeito continua após
o termino da mamada. É o hormônio responsável pela produção de leite
para a próxima mamada e manutenção láctea. A liberação da prolactina
é estimulada com a pega adequada, amamentação de livre demanda e a
amamentação noturna, período de maior pico de produção da prolactina.

No hipotálamo, encontram-se fatores estimulantes e inibidores da


produção de prolactina. A ação inibidora é regulada pelo PIF (Prolactin
Inhibiting Factor) que atua sobre as células lactotróficas da hipófise
anterior, inibindo a produção da prolactina. Os fatores estimulantes da
prolactina são o TRH (Thyrotropin Releasing Hormone), o VIP (Vasoactive
Intestinal Peptide) e a angiotensina II.

A produção de leite materno sofre influência do estado nutricional


da mãe. Sentir-se segura, ouvir os sons do bebê e olhá-lo são fatores que
auxiliam no reflexo de ocitocina e, consequentemente, na produção de
leite. Por outro lado, estresse, dor e dúvidas bloqueiam esse reflexo. Além
disso, é importante realizar o esvaziamento da mama para a manutenção
da amamentação, pois caso esteja muito cheia poderá produzir um fator
inibidor para a produção de leite.
26 Nutrição materno infantil

Tipos de leite e composição do leite materno


A composição do leite humano pode variar de acordo com a idade
gestacional ao nascimento, ou seja, crianças nascidas a termo ou pré-
termo, com as fases da lactação e com a duração da mamada. Dessa
forma, temos basicamente os seguintes tipos de leite:

• Colostro.

• Leite de transição.

• Leite maduro.

• Leite de pré-termo.

O colostro é o primeiro leite produzido e caracteriza-se por um


fluido espesso produzido a partir do 2º semestre de gestação e pode
permanecer até o 7º dia após o parto. O colostro é composto por
grande quantidade de gorduras e imunoglobulinas, especialmente IgA,
lactoferrina e macrófagos, fatores protetores para o bebê. Sua cor é
amarelada devido a altas concentrações de betacaroteno. O volume de
colostro produzido pode variar de 2 a 20 ml por mamada.

O leite de transição é secretado entre 7 a 14 dias após o


parto e apresenta mudança na sua composição. A concentração de
imunoglobulinas e proteínas diminui à medida que a concentração de
calorias, gorduras e lactose aumentam. O volume médio de produção do
leite de transição é de 500 ml/dia.

O leite maduro é produzido a partir do 15º dia após o parto e


sua composição pode variar ao longo do dia, além de sofrer variações
individuais, de acordo com a idade gestacional e até mesmo ao longo da
mamada. Sua coloração é branca, opaca e com sabor levemente doce.
O volume médio de produção do leite maduro é de 700 a 900 ml/dia.
Sua composição é completa, sendo constituído de água, carboidratos,
gorduras, proteínas, vitaminas e minerais.

O leite de pré-termo está presente em mulheres que tiveram seus


filhos prematuros. É um leite com maior teor de gordura, proteínas, calorias
e menor teor de lactose. Além disso possui maior concentração de fatores
Nutrição materno infantil 27

protetores para o bebê, especialmente lactoferrina e IgA. Este tipo de leite


não supre as necessidades diárias de cálcio e fósforo de crianças nascidas
com menos de 1.500g.

Veja na Tabela 1 as diferenças nutricionais entre o colostro e o leite


maduro de mães que tiveram crianças a termo e pré-termo, além das
diferenças quando comparados ao leite de vaca.
Tabela 1 – Composição do colostro, do leite materno maduro e do leite de vaca

Colostro Leite maduro


Leite de
Nutriente
vaca
A termo Pré-termo A termo Pré-termo

Calorias (Kcal/dL) 48 58 62 70 69

Lipídios (g/dL) 1,8 3,0 3,0 4,1 3,7

Proteínas (g/dL) 1,9 2,1 1,3 1,4 3,3

Lactose (g/dL) 5,1 5,0 6,5 6,0 4,8

Fonte: Brasil (2005).

Por volta do terceiro ou quarto dia de pós-parto, ocorre a descida do


leite ou apojadura, caracterizado como um período de intensa produção
de leite. É comum as mamas ficarem cheias, densas e pesadas. A criança
pode ter dificuldade de fazer a pega adequada, sendo necessário realizar
a retirada manual do leite para aliviar a tensão e permitir a pega correta.

O leite materno é composto basicamente por água, vitaminas (A e


E), minerais (cloro, sódio, cálcio, fósforo, potássio e ferro), aminoácidos
(cistina, taurina, glutamina, fenilalanina, tirosina e metionina), colesterol,
ácidos graxos poli-insaturados, fosfolipídios e fatores de proteção. O leite
ao final da mamada é mais rico em gordura, por isso, é tão importante
aguardar que o bebê sugue uma mama inteira antes de passar para a
outra mama. Do ponto de vista proteico, o leite materno é constituído na
sua maior parte por lactoalbumina (60% das proteínas), diferentemente
do leite de vaca que é composto preferencialmente por caseína (80%
das proteínas). O leite materno também possui caseína, no entanto em
menor quantidade em uma configuração química de mais fácil digestão.
As proteínas do soro do leite humano consistem principalmente em
β-lactoalbumina, diferentemente do leite de vaca que é composto por
28 Nutrição materno infantil

β-lactoalbumina. A taurina é elevada no leite humano e é necessária


para a conjugação dos sais biliares e absorção de gorduras, além de
possuir papel importante como neurotransmissor e neuromodulador no
desenvolvimento do sistema nervoso central da criança.

Dentre os carboidratos, o leite humano possui na sua maioria a


lactose. No colostro, a concentração de lactose é de 4% e aumenta
para 7% no leite maduro. Além disso, também estão presentes menores
quantidades de galactose, frutose e outros oligossacarídeos. Já os lipídeos
são as principais fontes energéticas para o recém-nascido, uma vez que
suprem 40 a 50% das calorias necessárias para o seu desenvolvimento. Os
ácidos graxos têm suas concentrações variando de acordo com o estado
da lactação e da dieta materna. A concentração de gordura no leite no
final da mamada chega a ser quatro a cinco vezes maior que o leite inicial.

A composição de vitaminas do colostro e do leite humano maduro


pode ser visualizada na Tabela 2.
Tabela 2 – Composição de vitaminas por 100 mL de leite no colostro e leite maduro

Vitaminas Colostro (μg) Leite Maduro (μg)

Vitamina A 189 60

Beta Caroteno 112 23

Vitamina E 1280 315

Vitamina D 0 0,05

Ácido ascórbico 4,4 4,0

Tiamina 1,5 14

Riboflavina 25 35

Niacina 75 150

Ácido fólico 0 8,5

Vitamina B6 12 18

Biotina 0,1 0,6

Ácido Pantotênico 183 240

Vitamina B12 200 45

Fonte: Rego (2015).


Nutrição materno infantil 29

A composição de minerais e os elementos de traços do colostro e


do leite humano maduro podem ser visualizados na tabela a seguir.
Tabela 3 – Composição de minerais e elementos de traços
por 100 mL de leite no colostro e leite maduro

Minerais Colostro Leite Maduro

Cálcio 23 mg 28 mg

Fósforo 14 mg 15 mg

Sódio 48 mg 18 mg

Magnésio 3,4 mg 3,0 mg

Potássio 74 mg 58 mg

Elementos Traços

Ferro 45 μg 40 μg

Iodo 12 μg 11 μg

Selênio 0 μg 2,0 μg

Zinco 540 μg 120 μg

Fonte: Rego (2015).

O leite materno apresenta numerosos fatores imunológicos que


protegem a criança contra infecções. O principal anticorpo presente no
leite materno é a IgA secretória, que protege contra microrganismos
presentes nas mucosas. Além de IgA, o leite materno é rico em outros
fatores de proteção como anticorpos IgG e IgM, macrófagos, neutrófilos,
linfócitos B e T, lactoferrina e lisozima. O fator bífido também está presente
no leite materno, fator este que favorece o crescimento de Lactobacilus
bifidus, uma bactéria não patogênica que protege o bebê contra bactérias
que causam diarreia, como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. Alguns
desses fatores de proteção são destruídos pelo calor. Dessa forma, o leite
humano pasteurizado não possui o mesmo valor biológico que o leite cru.
30 Nutrição materno infantil

RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve
ter aprendido a importância e os diversos benefícios do
aleitamento materno para a saúde da criança, da mulher
e da sociedade, além de conhecer as políticas públicas
que incentivam a prática da amamentação no país. Você
aprendeu como ocorre o processo de formação do leite,
conhecido como lactogênese e os hormônios envolvidos
durante a amamentação. Foi demonstrado também os três
diferentes tipos de aleitamento materno, além das principais
diferenças na composição nutricional dos diferentes tipos
de leite materno, cada um adequado para a idade da
criança. Você pode aprender também o quanto o leite de
vaca é diferente, em termos de composição nutricional, do
leite materno e, por isso, não deve ser a primeira escolha de
alimentação da criança. Por fim, você aprendeu a identificar
as possíveis situações em que o aleitamento materno é
contraindicado. Gostou do que estudou?
Nutrição materno infantil 31

Alimentação da nutriz e efeitos da dieta


na composição do leite
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de aprender
os cuidados com a mulher e o bebê durante o período de
amamentação, de modo a garantir sucesso no aleitamento
materno. Além disso, você irá aprender a identificar e
manejar os principais e mais comuns problemas que
podem ocorrer neste período e que prejudicarão a prática
da amamentação. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Práticas para a amamentação


O contato pele a pele na primeira hora de vida é recomendado pela
OMS. O recém-nascido deve ser colocado em cima da mãe imediatamente
após o parto, de bruços, com a pele em contato com a da mãe, sem
roupas entre eles. Tal prática não deve limitar-se a sala de parto. O contato
pele a pele deve ser praticado frequentemente nos primeiros dias de
vida para manter a temperatura da criança, promover a amamentação e
fortalecer o vínculo mãe e filho.

É importante que a amamentação seja em livre demanda,


respeitando a vontade do bebê. É importante que a mãe observe sinais
de fome do bebê, como a procura pela mama, a fim de não esperar o
choro do bebê para fornecer a amamentação, uma vez que o choro pode
deixar mãe e bebê estressados e ansiosos, bloqueando a descida do leite.
Nas primeiras semanas pós-parto, normalmente a amamentação ocorre
entre oito a doze vezes ao dia. Com o tempo, as mamadas se tornam mais
espaçadas. Recém-nascidos tendem a ter uma mamada mais longa, com
duração de cerca de 40 minutos ou mais. À medida que vão crescendo,
os bebês mamam quantidades menores de leite e por um período menor.

Não é aconselhado oferecer mamadeira ou chupeta à criança.


Tal prática pode trazer prejuízos, tais como: sucção incorreta na hora
32 Nutrição materno infantil

de mamar no peito; o bebê se atrapalha na hora de sugar o peito e não


consegue fazer a pega corretamente; não há estímulo para os reflexos de
produção e de descida do leite; a mãe passa a acreditar que não tem leite
suficiente; entre outros fatores.

SAIBA MAIS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram a cartilha
com os 10 passos para aumentar o apoio ao aleitamento
materno nas unidades de saúde que prestam serviços de
maternidade para recém-nascidos. A cartilha “10 passos
para a amamentação bem-sucedida” pode ser visualizada
clicando aqui.

É importante estar atento ao posicionamento correto na mamada.


Antes da mamada, a mãe deve lavar as mãos e realizar movimentos
circulares e firmes ao redor das mamas para estimular a descida do leite.
Caso a mama encontre-se muito cheia e rígida, será necessário retirar
um pouco de leite para que o bebê consiga realizar a pega adequada. O
bebê deve ser posicionado de frente, contato barriga-barriga. Para uma
pega adequada é importante que o bebê abocanhe parte da aréola e
não somente o mamilo. O queixo do bebê deve estar próximo ou junto à
mama, os lábios virados para fora e bochechas arredondadas. A cabeça e
tronco do bebê devem estar alinhados e o bebê bem apoiado (Figura 3).

Além de dificultar a retirada do leite, a má pega machuca os mamilos,


podendo ocorrer fissuras mamilares. Os seguintes sinais são indicativos de
técnica inadequada de amamentação: bochechas do bebê encovadas a
cada sucção; ruídos da língua; mama aparentando estar esticada durante
a mamada; mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou
achatadas quando o bebê solta a mama e dor durante a amamentação.
Nutrição materno infantil 33

Figura 3 – Posicionamento correto do bebê para a amamentação

Fonte: Freepick

Muitas vezes pode ser necessário realizar a ordenha de alívio para


aliviar o ingurgitamento mamário, a tensão da região mamilo-areolar,
manter a lactação em casos de doença da mãe ou do bebê, fornecer o
leite materno quando a mãe precisa de afastar ou, então, para a prevenção
de mastite ou doação de leite ao banco de leite humano. A retirada do
leite, ou ordenha, pode ser feito manualmente ou com o auxílio de bomba
manual ou elétrica.

Resumidamente, podemos destacar a seguir os quatro pontos-


chave propostos pela Organização Mundial da Saúde que caracterizam o
posicionamento e a pega adequada durante a amamentação.

Pontos-chave do posicionamento adequado:

1. Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz na altura do


mamilo.

2. Corpo do bebê próximo ao da mãe.

3. Bebê com a cabeça e tronco alinhados.

4. Bebê bem apoiado.


34 Nutrição materno infantil

Pontos-chave da pega adequada:

1. Mais aréola visível acima da boca do bebê.

2. Boca bem aberta.

3. Lábio inferior virado para fora.

4. Queixo tocando a mama.

Principais problemas durante a


amamentação
Durante a prática da amamentação, as nutrizes podem enfrentar
alguns problemas que, se não identificados e tratados precocemente,
podem constituir causa da interrupção do aleitamento materno. A seguir
serão abordados os principais problemas enfrentados pelas mulheres
durante a amamentação.

Bebê que não suga


Alguns bebês podem não conseguir realizar uma correta sucção
por estarem mal posicionados, por não abrirem a boca suficiente ou
ainda por fazerem uso de chupetas e/ou mamadeiras que, por sua
vez, provocam um certo grau de rejeição ao peito materno. Além disso,
em casos em que a mama se encontra muito densa, o bebê pode ter
dificuldades em abocanhar a mama. Da mesma forma, em casos de
mamilos invertidos ou planos, a sucção do bebê também pode estar
prejudicada. Nessas situações as mães devem ser orientadas a estimular
a sua mama regularmente (no mínimo, cinco vezes ao dia) por meio de
ordenha manual ou por bomba de sucção.

Um recurso que se utiliza para fazer o bebê mamar a mama


recusada é o uso da posição “jogador de futebol americano”, onde o bebê
é apoiado no braço do mesmo lado da mama a ser oferecida, com a mão
da mãe apoiando a cabeça da criança e o corpo da criança mantido na
lateral abaixo da axila.
Nutrição materno infantil 35

Figura 4 – Representação ilustrativa de bebê com dificuldade de amamentação

Fonte: Freepick

Demora da “descida do leite”


Algumas mulheres podem apresentam a “descida do leite”,
chamado de apojadura, que só ocorre alguns dias após o parto. Nessas
situações o profissional de saúde deve orientar a mãe a estimular a mama
com frequência, com sucção frequente do bebê e ordenha manual. Em
alguns casos pode ser necessário o uso de um sistema suplementar de
nutrição, conhecido como translactação, onde é colocado um recipiente
contendo leite (preferencialmente leite humano pausterizado) entre as
mamas da mãe e conectado ao mamilo por meio de uma sonda. A criança
ao sugar o mamilo receberá este leite. Dessa forma, o bebê continuará a
estimular o seio da mãe e se sente saciado.

Ingurgitamento mamário
Um discreto ingurgitamento mamário pode ocorrer de modo
fisiológico e representa um sinal de que o leite está descendo, não
devendo ser causa de preocupação. Por outro lado, no ingurgitamento
patológico a mama fica extremamente distendida, causando dor e
36 Nutrição materno infantil

desconforto e pode ser acompanhada de febre e mal-estar. Nesses casos,


há três componentes: a congestão/aumento da vascularização da mama;
a retenção de leite nos alvéolos e o edema decorrente da congestão e
obstrução da drenagem do sistema linfático. Como resultado, ocorre uma
compressão dos ductos lactíferos, dificultando ou, até mesmo, impedindo
a saída do leite dos alvéolos.

O leite acumulado na mama torna-se mais viscoso, por esse motivo


popularmente se diz “leite empedrado”. Em casos em que não ocorre o
alívio desse ingurgitamento mamário pode ocorrer a parada da produção
de leite. Visualmente, as mamas apresentam-se com áreas avermelhadas,
edemaciadas e brilhantes. Os mamilos tornam-se achatados, dificultando
a pega do bebê. Alguns fatores favorecem o desenvolvimento do
ingurgitamento mamário, entre eles: início tardio da amamentação, leite
em abundância, mamadas infrequentes, mamadas rápidas e sucção
ineficaz do bebê.

Para o manejo desta situação recomenda-se:

• Ordenha manual da aréola antes da mamada.

• Amamentação com livre demanda e sem horários pré-


estabelecidos.

• Massagens com movimentos circulares nas mamas, especialmente


nas regiões de engurgitamento.

• Uso de analgésicos/anti-inflamatórios com prescrição médica.

• Uso ininterrupto de sutiãs com alças largas para garantir o suporte


adequado das mamas, aliviando a dor e mantendo os ductos em
posição anatômica.

• Compressas de gelo no local. A temperatura fria no local provoca


vasoconstrição temporária o que leva à redução do edema,
aumento da drenagem linfática e menor produção de leite.

• Ordenha manual das mamas em caso de o bebê não sugar. Deve


garantir o esvaziamento completo da mama a fim de proporcionar
alivio para a mãe e reduzir a pressão dos alvéolos.
Nutrição materno infantil 37

Fissuras/lesões nos mamilos


Mau posicionamento ou pega inadequada do bebê podem provocar
lesões nos mamilos que causarão dores à mãe, além de serem porta de
entrada para bactérias. Outras causas incluem mamilos curtos, planos ou
invertidos, disfunções orais no bebê, freio de língua curto, uso inadequado
de bombas de sucção, reações alérgicas a cremes e óleos utilizados nos
mamilos, umidade e uso de protetores de mamilo. Caracteriza-se trauma
mamilar a presença de vermelhidão, edema, fissuras, bolhas, hematomas
ou equimoses e marcas brancas, amarelas ou escuras. O trauma mamilar
é uma das causas de interrupção precoce do aleitamento materno.

Candidíase e monilíase
É bastante comum a infecção dos mamilos por Candida sp. A
infecção pode atingir a pele do mamilo e aréola ou os ductos lactíferos.
Os fatores de risco incluem a umidade, lesões nos mamilos e uso de
antibiótico, contraceptivos e esteroides. Os sintomas da infecção por
Candida sp são coceira, sensação de queimadura e dor nos mamilos
que persistem após a mamada. A pele dos mamilos e aréolas podem
estar avermelhadas, brilhantes ou irritadas. Como medida preventiva
recomenda-se manter os mamilos sempre secos e arejados. Em casos de
infecção, mãe e bebê devem ser tratadas juntos com antifúngicos tópicos
ou orais, a depender da gravidade.

Mastite
Mastite é o processo inflamatório de um ou mais segmentos
da mama, geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma
infecção bacteriana. A mastite inicia-se com a parada do leite nos
ductos, aumentando a pressão intraductal que, por sua vez, leva ao
achatamento das células alveolares e formação de espaço entre as
células. Nesses espaços se instala um processo inflamatório. A infecção
normalmente ocorre por Staphylococcus aureus e Staphylococcus albus
e, menos frequente, por Escherichia coli (Figura 5). Como mencionado
anteriormente, as lesões mamilares, muitas vezes, são a porta de
38 Nutrição materno infantil

entrada para essas bactérias. Qualquer fator que favorece a estase do


leite materno são fatores predisponentes para a mastite, como, por
exemplo, mamadas irregulares, redução do número de mamadas, falta
de mamadas no período noturno, uso de chupetas e mamadeiras, criança
com sucção fraca ou pega inadequada, produção excessiva de leite e
desmame abrupto. Pelo exame físico, observa-se a mama dolorosa,
vermelha, edemaciada e quente. Em casos de infecção, mal-estar, febre
alta (acima de 38 ºC) e calafrios costumam estar presentes.

Em casos de mastite, pode ocorrer a rejeição do leite materno por


parte do bebê devido à alteração de sabor do leite. Este torna-se mais
salgada em função do aumento do sódio e redução da lactose. As medidas
preventivas são as mesmas daquelas demonstradas para o ingurgitamento
mamário. A presença de mastite não é uma contraindicação para a
manutenção do aleitamento materno. O tratamento deve ser iniciado o
mais precoce possível, pois a mastite pode evoluir para quadros graves
de abcesso mamário.

Inicialmente recomenda-se identificar a causa da estagnação do


leite materno; realizar o esvaziamento adequado da mama (pelo bebê
ou manualmente); uso de antibióticos em casos graves e com orientação
médica; suporte emocional; repouso da mãe; uso de analgésicos e anti-
inflamatórios.
Figura 5 – Demonstração ilustrativa de uma mulher com mastite

Staphylococcus aureus

Inflamação

Fonte: Freepik
Nutrição materno infantil 39

A comparação entre as principais características clínicas do


ingurgitamento mamário e da mastite podem ser visualizados no Quadro 2.
Quadro 2 – Características clínicas do ingurgitamento mamário e mastite

Características Ingurgitamento mamário Mastite

Início Gradual/ pós-parto imediato Súbito/depois de 10 dias

Local Bilateral Unilateral

Calor/edema Generalizado Localizado/intenso/edemaciado

Dor Generalizado Localizado/intensa

Temperatura <38,4ºC >38,4ºC

Fonte: Rego (2015).

Abcesso mamário
Normalmente provocado por quadros de mastite não tratados ou
tratamento ineficaz. Caracteriza-se por dor intensa na região das mamas,
febre, mal-estar, calafrios e presença de áreas de flutuação à palpação
no local afetado. O abcesso pode ser confirmado por ultrassonografia.
As medidas preventivas são as mesmas para mastite. O tratamento
inclui a drenagem cirúrgica, uso de antibióticos e esvaziamento correto
das mamas. Na ausência de tratamento, os abcessos mamários podem
evoluir para drenagem espontânea, necrose e perda do tecido mamário.

SAIBA MAIS:
Você poderá obter mais informações sobre o aleitamento
materno com a leitura do Caderno de Atenção Básica –
Saúde da Criança Aleitamento Materno e Alimentação
Complementar, 2ª edição, disponibilizado pelo Ministério
da Saúde. Clique aqui para acessá-lo. Além disso, para um
maior aprofundamento sobre este tema recomenda-se a
leitura do livro: REGO, J. D. Aleitamento materno. 3. ed. São
Paulo: Editora Atheneu, 2015.
40 Nutrição materno infantil

RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que é essencial o acompanhamento e o apoio à mulher
durante o período da lactação de modo a garantir sucesso
no aleitamento materno. Neste sentido, é essencial orientar
a mãe em relação ao correto posicionamento seu e do
bebê durante a mamada, bem como a observar sinais
de uma correta pega e sucção. Uma pega incorreta do
bebê, além de não garantir o aleitamento eficaz à criança,
pode trazer complicações à saúde da mãe, como fissuras
mamilares ou casos mais graves, como mastites e abcessos
mamários, que tornarão a prática da amamentação um
período doloroso e estressante tanto para a mãe quanto
para a criança. Da mesma forma, outras complicações
e dificuldades podem surgir neste período, devendo o
profissional de saúde saber identificá-las precocemente e
manejá-las corretamente a fim de garantir a continuidade
do aleitamento materno.
Nutrição materno infantil 41

Recomendações nutricionais durante a


lactação
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de realizar
o acompanhamento nutricional da nutriz, com base na
avaliação dietética, no cálculo das necessidades nutricionais
e avaliação antropométrica, compreendendo as alterações
da composição corporal que acontecem neste período.
Ainda você será capaz de orientar corretamente a nutriz
em relação a mitos e crenças voltados para o aleitamento
materno, de modo a garantir uma alimentação saudável
e uma perda ponderal segura. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Avaliação nutricional da nutriz


Durante o período de lactação, o principal objetivo da avaliação
nutricional é garantir a evolução do retorno do peso da nutriz aos
parâmetros pré-gestacionais. Essa perda ponderal deve acontecer de
modo saudável.

A retenção do peso adquirido durante a gestação deve ser


considerada após o primeiro mês do pós-parto, isso porque logo
após o parto a mulher ainda está se reequilibrando do ponto de vista
hidroeletrolítico, com a redução do edema e retenção hídrica, comuns ao
final da gestação. É esperada uma perda de peso gradual de 0,6 a 0,8 Kg/
mês nos primeiros seis meses pós-parto de modo fisiológico.

A recomendação para redução de peso após o parto pode ser


visualizada na Tabela 4.
42 Nutrição materno infantil

Tabela 4 – Recomendação para redução de peso


pós-parto de acordo com o estado nutricional da mulher

IMC (Kg/m2) Meta Recomendação (Kg/mês)

<18,5 Alcance de um IMC saudável 0,0

Manutenção do peso dentro


18,5 a 24,9 0,8
da faixa de eutrofia

Perda de peso até atingir IMC


25 a 29,9 0,5 a 1,0
dentro da faixa de eutrofia

Perda de peso até atingir IMC


>30 0,5 a 2,0
dentro da faixa de eutrofia

Fonte: Rossi (2015).

A perda de peso superior a 2 Kg por mês para mulheres com IMC


pré-gestacional eutrófico é desfavorável à saúde materna, podendo
comprometer o estado nutricional da mãe e o aleitamento materno. A
perda de peso deve ser realizada com uma alimentação saudável e prática
de atividade física, e não com dietas restritivas, visando não prejudicar
a produção de leite materno. A prática de atividade física moderada, ou
seja, 45 minutos diários em quatro dias na semana, é capaz de contribuir
para a perda de peso sem prejudicar a lactação. O aleitamento materno
exclusivo até o 6º mês de vida da criança também é um dos fatores que
mais contribui para a perda de peso de modo saudável.

Uma vez que não existe pontos de referências para nutrizes dos
parâmetros antropométricos, a avaliação nutricional deve basear-se na
comparação dos parâmetros da própria nutriz do decorrer do tempo. Além
do acompanhamento do peso, medidas como circunferências e pregas
cutâneas também podem ser realizadas ao longo das consultas a fim de
avaliar alterações na composição corporal. As mudanças na composição
corporal durante a lactação são reflexos de uma sequência de estímulos
neuroendócrinos e bioquímicos, além de sofrerem influência dos fatores
ambientais. Durante a lactação, ocorre redistribuição do tecido adiposo,
com mobilização dos estoques localizados na região inferior do corpo.
Durante a gestação, ocorre um armazenamento de cerca de 2 a 4 Kg de
gordura corporal, que podem ser mobilizados para suprir uma parte da
energia requerida para a lactação.
Nutrição materno infantil 43

Uma vez que ocorre aumento do volume plasmático durante a


gestação e que permanece até a sexta semana pós-parto, a utilização
de indicadores bioquímicos do estado nutricional não é indicada durante
a lactação. No entanto, sugere-se o monitoramento de anemias (micro e
macrocíticas) que podem estar presentes neste período.

Para a avaliação dietética da nutriz se utilizam os métodos adotados


para a população em geral, ou seja, o recordatório 24 horas, o questionário
de frequência alimentar, entre outros. Atenção especial deve ser dada ao
consumo de energia e a qualidade dos lipídios consumidos, o consumo
de cálcio, ferro, zinco, magnésio, folato, vitaminas do complexo B, vitamina
A, C e D.

Necessidades nutricionais da nutriz


A mulher no período da lactação tem necessidades nutricionais
alteradas devido às alterações fisiológicas no organismo durante esse
período e também para a adequada produção de leite materno. Esse é o
período com maior necessidade de nutrientes dentro do ciclo reprodutivo
da mulher.

O aumento da necessidade energética para a produção de


leite materno pode chegar a 500 Kcal/dia. Sendo assim, o cálculo da
necessidade energética da nutriz deve ser feito com base nas fórmulas
preditivas de necessidade energética pré-gestacional adicionada de 500
calorias para a produção de leite e subtraída de 170 calorias referentes
à normalização do peso. Observa-se a nutriz, um aumento de 4 a 5%
na taxa de metabolismo basal em razão do gasto energético adicional
para a síntese de leite. Estima-se que 85 Kcal a mais sejam necessárias
para produzir 100 mL de leite. As fórmulas para o cálculo da necessidade
energética podem ser visualizadas na Tabela 5.
44 Nutrição materno infantil

Tabela 5 – Cálculo das necessidades energéticas da nutriz

Nível de atividade física (NAF)


Faixa etária
(anos)
Sedentária Leve Moderada Intensa

<19 1,0 1,16 1,31 1,56

>19 1,0 1,12 1,27 1,45

EER pré-gestacional

9-18 135,3 - 30,8 x I + NAF x (10 x P + 934 x A)

>19 354 - 6,91 x I + NAF x (9,36 x P + 726 x A)

EER nutriz

EER pré-gestacional + 500 Kcal -170 Kcal

Onde: I = idade em anos; P = peso em Kg; A = altura em metros; EER = necessidade estimada
de energia. Considera-se NAF sedentário a prática de atividade física <3h/semana; leve
>3h/semana; moderada >2h/dia e intensa >6h/dia.

Fonte: Rossi (2015).

A escolha do peso a ser aplicado na equação depende do estado


nutricional da lactante, ou seja:

• Para lactantes com estado nutricional normal utiliza-se o peso


pré-gestacional.

• Para lactantes obesas utiliza-se o peso pré-gestacional visando ao


restabelecimento do estado nutricional.

• Para lactantes com baixo peso utiliza-se o peso desejável


calculado por meio do IMC ideal.

Não são aconselhadas dietas com valor energético inferior a 1.500


kcal/dia devido ao risco de carências nutricionais maternas. De modo
geral, uma dieta contendo no mínimo 1.800 Kcal/dia é capaz de garantir
a quantidade adequada de nutrientes para a mãe e para o bebê em
aleitamento materno. Recomenda-se a distribuição dos macronutrientes
da seguinte forma:

• 45 a 60% de carboidratos.

• 20 a 35% de lipídios.
Nutrição materno infantil 45

• 10 a 35% de proteínas; ou então 1,1g/Kg/dia acrescido de 19g/dia


durante o 1º semestre após o parto e de 12,5 g/dia no 2º semestre.

Como já mencionado ao longo desta unidade, o perfil lipídico do


leite materno depende da ingestão lipídica da nutriz. Os ácidos graxos
são essenciais para o metabolismo cerebral da criança, bem como para
o transporte de vitaminas lipossolúveis e hormônios. Se a mãe possui
uma dieta com predominância no consumo de gordura animal, os ácidos
graxos presentes no leite materno serão preferencialmente ácidos graxos
saturados. Por outro lado, se a nutriz possui maior consumo de gorduras
vegetais, o leite materno terá maior quantidade de ácidos graxos poli-
insaturados, entre eles ácido linoleico e seus derivados. O consumo de
ácidos graxos ômega 3 deve estar presente na dieta da nutriz, uma vez
que é essencial para o desenvolvimento cognitivo e cerebral do bebê e
possuir ação anti-inflamatória.

As recomendações de macronutrientes para nutrizes pode ser


visualizada na Tabela 6.
Tabela 6 – Recomendação de macronutrientes para
nutrizes menores de 18 anos e maiores de 18 anos

Percentual sobre a recomendação energética


Macronutriente
4 a 18 anos >18 anos

Gorduras Totais 25 a 35% 25 a 35%

Gordura saturada <10% <10%

Ácido linoleico 5 a 10% 5 a 10%

Ácido linolênico 0,6 a 1,2% 0,6 a 1,2%

Carboidrato 45 a 65% 45 a 65%

Proteína 10 a 30% 10 a 35%

Fonte: Rossi (2015).

Devido à transferência de vitaminas e minerais da dieta materna


para o leite materno, a necessidade de micronutrientes está aumentada
durante a lactação. Alguns micronutrientes merecem maior atenção
devido a sua importância para a saúde materno-infantil e o aumento
do seu requerimento durante a lactação. Dentre esses micronutrientes,
46 Nutrição materno infantil

podemos citar a vitamina A, que possui papel essencial no sistema


imunológico, na diferenciação celular e na saúde dos olhos. A vitamina
D é outra vitamina que merece destaque uma vez que sua deficiência é
comum. A vitamina D possui papel central na absorção do cálcio, mineral
essencial para a lactação. Recomenda-se a exposição solar tanto da mãe
quanto do bebê e, em casos de deficiência, a suplementação nutricional
com vitamina D. As vitaminas do complexo B também possuem seu
requerimento aumentado durante a lactação. Elas atuam principalmente
no crescimento e na multiplicação celular da criança. Mulheres veganas
estão mais suscetíveis a desenvolverem carências das vitaminas do
complexo B e, consequentemente, níveis reduzidos dessas vitaminas no
leite materno.

O requerimento diário de vitaminas durante a lactação pode ser


visualizado na Tabela 7.
Tabela 7 – Necessidades nutricionais de vitaminas durante a lactação

Vitamina Recomendação diária

Vitamina A (μg) 1.300

Vitamina D (μg) 15

Vitamina E (mg) 15

Vitamina C (mg) 120

Tiamina (mg) 1,4

Riboflavina (mg) 1,6

Niacina (mg) 17

Vitamina B6 (mg) 2,0

Vitamina B12 (μg) 2,8

Folato (μg) 500

Fonte: Rossi (2015).

As necessidades nutricionais de alguns minerais também estão


aumentadas durante a lactação, como é o caso do ferro, zinco, iodo e
selênio. A necessidade elevada de ferro ocorre devido à perda sanguínea
durante o parto. Além disso, recomenda-se a suplementação de ferro até
Nutrição materno infantil 47

o terceiro mês pós-parto. O iodo atua na manutenção do metabolismo


materno e no suprimento das necessidades da criança. As concentrações
de iodo no leite materno são dependentes da dieta materna. A
recomendação de micronutrientes para as nutrizes pode ser visualizada
na Tabela 8.
Tabela 8 – Necessidades nutricionais de minerais durante a lactação

Mineral Recomendação diária

Cálcio (mg) 1.000

Fósforo (mg) 700

Ferro (mg) 9

Zinco (mg) 12

Iodo (μg) 290

Selênio (mg) 70

Fonte: Rossi (2015).

A necessidade hídrica está aumentada durante a lactação devido à


produção de leite. A recomendação diária para garantir as necessidades
da mãe e a produção adequada de leite é de 3,8 litros.

SAIBA MAIS:
O Ministério da Saúde instituiu, em 2005, o Programa
Nacional de Suplementação de Vitamina A, visando reduzir
e erradicar a deficiência nutricional de vitamina A em
crianças de 6 a 59 meses de idade e mulheres no pós-parto
imediato. O documento está disponível para leitura aqui.

Mitos e crenças alimentares durante a


lactação
Existem diversas crenças populares em relação ao consumo
alimentar durante o período de lactação, com práticas que proíbem ou
incentivam o consumo de alimentos específicos, visando, especialmente,
a produção de leite materno.
48 Nutrição materno infantil

Entre os alimentos ditos como estimuladores da produção de leite,


podemos citar a canja de galinha, canjica, leite e preparações com fubá.
No entanto, cabe ressaltar que não existe nenhuma evidência científica
da sua eficácia.

Muitas mulheres são incentivadas a ingerir cerveja preta na tentativa


de estimular a produção de leite materno, por se tratar de outra crença
popular bastante difundida. Ressalta-se que o consumo de álcool não é
recomendado durante a lactação. O consumo de álcool está relacionado
com menor resposta da ocitocina à sucção do bebê, podendo inibir a
lactação. Além disso, é importante lembrar que o álcool é excretado no
leite materno nas mesmas concentrações dos níveis séricos da nutriz.

Muitas vezes, associa-se o consumo alimentar da nutriz com


a ocorrência de cólicas no bebê. As cólicas são comuns nos primeiros
meses de vida e não existem evidências de que a alimentação da mãe
possa reduzir ou piorar o quadro. No entanto, sugere-se testar a exclusão
de alguns alimentos alergênicos, como leite e derivados, ovos, amendoim,
nozes, soja e peixe.

Drogas durante a lactação


Constantemente, a nutriz está exposta a uma grande variedade de
substâncias não nutricionais que podem ser transferidas para o bebê por
meio do leite materno.

Ao ingerir um medicamento, a quantidade que será transferida ao


leite materno irá depender da dose consumida, da biodisponibilidade e
características bioquímicas do fármaco, o grau de solubilidade em lipídios,
o tempo de ação da droga, a frequência das mamadas, o intervalo entre o
consumo do medicamento e a amamentação e a idade da criança.

Dentre os medicamentos contraindicados na lactação destacam-


se a anfetamina, ciclosporina, quimioterápicos como doxorrubicina,
metotrexato e ciclofosfamida, cocaína, heroína e maconha.
Nutrição materno infantil 49

Dentre os medicamentos compatíveis com a amamentação


encontram-se a amoxicilina, betametasona, cafeína, dexametasona,
dipirona, diclofenaco, ibuprofeno, paracetamol, prednisona, entre outros.

SAIBA MAIS:
Para ter acesso à lista completa de medicamentos durante
a lactação, consulte o material Uso de medicamentos e
outras substâncias pela mulher durante a amamentação
disponibilizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria aqui.

Em relação ao consumo de álcool durante a lactação, sabe-se que


doses superiores a 0,5g/Kg de peso materno ao dia pode inibir o reflexo
de ejeção do leite. Além disso, a presença do álcool altera o sabor do
leite materno, o que pode causar rejeição por parte do bebê. Os efeitos
negativos da presença do álcool no leite materno incluem distúrbios do
sono e do desenvolvimento motor grosso do lactente.

A cafeína também pode ser excretada no leite materno. O uso


excessivo de cafeína está associado à maior irritabilidade e distúrbios do
sono no lactente. Além disso, a excreção de cafeína pelo bebê é lenta,
o que leva ao seu acúmulo no organismo e potenciais efeitos tóxicos. É
conhecido que a cafeína reduz a biodisponibilidade do ferro, aumentando
o risco de anemia tanto na mãe quanto na criança.

O tabagismo provoca um efeito inibitório sobre os níveis de


prolactina e ocitocina e, consequentemente, reduz o volume de leite
produzido. A nicotina pode ser transmitida à criança por meio do leite
materno, podendo causar apatia, vômitos, recusa de sucção, retenção de
urina e fezes.
50 Nutrição materno infantil

RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o acompanhamento nutricional da nutriz tem como
principais objetivos garantir uma perda de peso adequada
e uma alimentação saudável a fim de garantir o consumo
de todos os nutrientes necessários para a lactação e para o
bebê. Você aprendeu que, no período de lactação, a mulher
possui necessidade aumentada de praticamente todos os
macros e micronutrientes. Esta necessidade aumentada
visa garantir uma correta produção de leite materno, bem
como a fornecer todos os nutrientes necessários para o
bebê. Ainda durante este período, a mulher sofre alteração
na sua composição corporal, marcada principalmente pela
redistribuição de tecido adiposo, a fim de garantir energia
suficiente para a lactação. Por fim, você pode aprender
que muitos mitos e crenças acompanham a prática da
amamentação em diferentes culturas, bem como o uso
de alguns medicamentos são contraindicados enquanto a
mulher estiver amamentando, a fim de não trazer riscos à
saúde do bebê.
Nutrição materno infantil 51

REFERÊNCIAS
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obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Editora Cultura Médica, 2002.

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e avanços na propedêutica, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro:
Editora Atheneu, 2013.

CABRAL, A. C. V. Guia de bolso de obstetrícia. Rio de Janeiro:


Editora Atheneu, 2017.

MIWA, M. T. Nutrição e dietoterapia obstétrica e pediátrica.


Londrina: Editora e distribuidora Educacional S.A., 2018.

MONTENEGRO, C. A. B; REZENDE FILHO, J. Obstetrícia fundamental.


13. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2014.

NETTO, H. C; SÁ, R. A. M.; OLIVEIRA, C. A. Manual de condutas em


obstetrícia. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2011.

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Atheneu, 2015.

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Janeiro: Editora Atheneu, 2015.

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Paulo: Editora Contentus, 2012.

VITOLO, M. R. Nutrição da Gestação à Adolescência. Rio de Janeiro:


Atheneu, 2008.

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