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materno infantil
Unidade 2
Nutrição da mulher no puerpério
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
CAROLINA LANE ALVES FARIAS
AUTORIA
Carolina Lane Alves Farias
Olá. Sou formada em Nutrição pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Realizei uma pós-graduação em Terapia Nutricional com
Treinamento em Serviço pela mesma instituição, onde atuei no Hospital
de Clínicas da UFPR e uma segunda pós-graduação em Nutrição em
Oncologia pela Faculdade Unyleya. Além disso, sou mestre em Ciências-
Bioquímica pela UFPR e Doutora em Ciências Médico-Cirúrgicas Aplicadas
pela Universidade de Roma Tor Vergata (Itália). Possuo ampla experiência
técnico-profissional na área de nutrição clínica com 12 anos de atuação. Já
trabalhei em diversos hospitais, além de laboratórios de pesquisa e atuação
com auditoria hospitalar. Sou apaixonada pela Nutrição e meu objetivo é
transmitir o meu conhecimento e minha experiência profissionais àqueles
que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:
OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Aleitamento materno - aspectos fisiológicos .................................10
Alterações fisiológicas no puerpério.................................................................................10
Atenção ao recém-nascido...................................................................................................... 16
Ingurgitamento mamário.........................................................................................35
Candidíase e monilíase.............................................................................................37
Mastite...................................................................................................................................37
Abcesso mamário........................................................................................................ 39
02
UNIDADE
8 Nutrição materno infantil
INTRODUÇÃO
Assim como ocorre durante a gestação, o período pós-parto
também é marcado por alterações fisiológicas no corpo da mulher que
são responsáveis pelo retorno ao estado pré-gravídico e o preparo do
corpo para a amamentação. O período pós-parto, conhecido como
puerpério, demanda especial atenção a fim de orientar a nutriz em
relação ao aleitamento materno, prática esta recomendada de modo
exclusivo até o 6º mês de vida da criança.
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:
SAIBA MAIS:
O Programa chamado Rede Cegonha foi lançado em 2011
pelo Governo Federal, de acordo com as portarias nº 1.459,
de 24 de julho de 2011, e nº 2.351, de 5 de outubro de 2011,
e consiste em uma rede de cuidados que visa assegurar, à
mulher e à criança, o direito à atenção humanizada durante
o pré-natal, parto/nascimento, puerpério e atenção infantil
em todos os serviços de saúde do Sistema Único de
Saúde (SUS). Você pode conhecer mais sobre o programa
acessando o material aqui.
Atenção ao recém-nascido
A classificação do recém-nascido pode ser feita com base na
idade gestacional e com base no peso ao nascer. De acordo com a idade
gestacional, podemos classificar o recém-nascido em:
Fonte: Freepik
• Hipotireoidismo.
• Fibrose cística.
• Deficiência de biotinidase.
• Anemia falciforme.
• Fenilcetonúria.
ACESSE:
O teste do pezinho é garantido pelo Programa Nacional de
Triagem Neonatal (PNTN) por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS) e permite o diagnóstico precoce, o tratamento
e acompanhamento de uma série de doenças metabólicas.
Para conhecer mais sobre o teste do pezinho, acesse a
página da Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional
(FEPE), Clique aqui. Você também pode consultar o Manual
de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa
Nacional de Triagem Neonatal clicando aqui.
Nutrição materno infantil 19
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o período pós-parto conhecido como puerpério é
marcado por intensas modificações fisiológicas, orgânicas
e hormonais no organismo da mulher, relacionados aos
fenômenos involutivos desse período e retorno do corpo
materno ao estado pré-gravídico. Além disso, uma cascata
de hormônios atuando em conjunto são responsáveis pelo
processo de lactogênese, ou seja, a produção do leite
materno, para que ocorra a amamentação. Os cuidados
no puerpério devem garantir a saúde da mãe e do bebê.
A classificação do recém-nascido pode ser feita pela
idade gestacional ao nascimento ou então pelo peso ao
nascer. Dentre os cuidados essenciais ao recém-nascido,
destacam-se os programas de imunização e o teste do
pezinho como método de triagem para diversas doenças
metabólicas, como exemplo, a fenilcetonúria. Gostou do
que estudou? No próximo capítulo você conhecerá um
pouco sobre aleitamento materno. Não perca esse capitulo.
20 Nutrição materno infantil
Os benefícios da amamentação
A prática da amamentação traz benefícios para a saúde da mãe,
do bebê e para a sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de
vida e, após este período, completada com uma alimentação saudável
por dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos
complementares antes de seis meses, podendo até mesmo trazer
prejuízos à saúde da criança, uma vez que a introdução precoce de outros
alimentos está associada à maior frequência de diarreia; maior frequência
de hospitalização por doenças respiratórias; maior risco de desnutrição;
menor absorção de nutrientes presentes no leite materno; menor eficácia
da amamentação como método anticoncepcional e menor duração do
aleitamento materno. Após os dois anos de vida, o aleitamento materno
continua sendo importante fonte de nutrientes, além de proteger a criança
contra doenças infecciosas.
SAIBA MAIS:
Criado em 2012, a Estratégia Amamenta e Alimenta
Brasil (EAAB) tem o objetivo de estimular a promoção do
aleitamento materno e da alimentação saudável para
crianças menores de dois anos no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). Você poderá conhecer mais sobre o
programa acessando a página do Ministério da Saúde aqui.
Alvéolos
Mamilo
Ductos
lactíferos
Vasos
sanguíneos
Fonte: Freepik
• Colostro.
• Leite de transição.
• Leite maduro.
• Leite de pré-termo.
Calorias (Kcal/dL) 48 58 62 70 69
Vitamina A 189 60
Vitamina D 0 0,05
Tiamina 1,5 14
Riboflavina 25 35
Niacina 75 150
Vitamina B6 12 18
Cálcio 23 mg 28 mg
Fósforo 14 mg 15 mg
Sódio 48 mg 18 mg
Potássio 74 mg 58 mg
Elementos Traços
Ferro 45 μg 40 μg
Iodo 12 μg 11 μg
Selênio 0 μg 2,0 μg
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve
ter aprendido a importância e os diversos benefícios do
aleitamento materno para a saúde da criança, da mulher
e da sociedade, além de conhecer as políticas públicas
que incentivam a prática da amamentação no país. Você
aprendeu como ocorre o processo de formação do leite,
conhecido como lactogênese e os hormônios envolvidos
durante a amamentação. Foi demonstrado também os três
diferentes tipos de aleitamento materno, além das principais
diferenças na composição nutricional dos diferentes tipos
de leite materno, cada um adequado para a idade da
criança. Você pode aprender também o quanto o leite de
vaca é diferente, em termos de composição nutricional, do
leite materno e, por isso, não deve ser a primeira escolha de
alimentação da criança. Por fim, você aprendeu a identificar
as possíveis situações em que o aleitamento materno é
contraindicado. Gostou do que estudou?
Nutrição materno infantil 31
SAIBA MAIS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram a cartilha
com os 10 passos para aumentar o apoio ao aleitamento
materno nas unidades de saúde que prestam serviços de
maternidade para recém-nascidos. A cartilha “10 passos
para a amamentação bem-sucedida” pode ser visualizada
clicando aqui.
Fonte: Freepick
Fonte: Freepick
Ingurgitamento mamário
Um discreto ingurgitamento mamário pode ocorrer de modo
fisiológico e representa um sinal de que o leite está descendo, não
devendo ser causa de preocupação. Por outro lado, no ingurgitamento
patológico a mama fica extremamente distendida, causando dor e
36 Nutrição materno infantil
Candidíase e monilíase
É bastante comum a infecção dos mamilos por Candida sp. A
infecção pode atingir a pele do mamilo e aréola ou os ductos lactíferos.
Os fatores de risco incluem a umidade, lesões nos mamilos e uso de
antibiótico, contraceptivos e esteroides. Os sintomas da infecção por
Candida sp são coceira, sensação de queimadura e dor nos mamilos
que persistem após a mamada. A pele dos mamilos e aréolas podem
estar avermelhadas, brilhantes ou irritadas. Como medida preventiva
recomenda-se manter os mamilos sempre secos e arejados. Em casos de
infecção, mãe e bebê devem ser tratadas juntos com antifúngicos tópicos
ou orais, a depender da gravidade.
Mastite
Mastite é o processo inflamatório de um ou mais segmentos
da mama, geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma
infecção bacteriana. A mastite inicia-se com a parada do leite nos
ductos, aumentando a pressão intraductal que, por sua vez, leva ao
achatamento das células alveolares e formação de espaço entre as
células. Nesses espaços se instala um processo inflamatório. A infecção
normalmente ocorre por Staphylococcus aureus e Staphylococcus albus
e, menos frequente, por Escherichia coli (Figura 5). Como mencionado
anteriormente, as lesões mamilares, muitas vezes, são a porta de
38 Nutrição materno infantil
Staphylococcus aureus
Inflamação
Fonte: Freepik
Nutrição materno infantil 39
Abcesso mamário
Normalmente provocado por quadros de mastite não tratados ou
tratamento ineficaz. Caracteriza-se por dor intensa na região das mamas,
febre, mal-estar, calafrios e presença de áreas de flutuação à palpação
no local afetado. O abcesso pode ser confirmado por ultrassonografia.
As medidas preventivas são as mesmas para mastite. O tratamento
inclui a drenagem cirúrgica, uso de antibióticos e esvaziamento correto
das mamas. Na ausência de tratamento, os abcessos mamários podem
evoluir para drenagem espontânea, necrose e perda do tecido mamário.
SAIBA MAIS:
Você poderá obter mais informações sobre o aleitamento
materno com a leitura do Caderno de Atenção Básica –
Saúde da Criança Aleitamento Materno e Alimentação
Complementar, 2ª edição, disponibilizado pelo Ministério
da Saúde. Clique aqui para acessá-lo. Além disso, para um
maior aprofundamento sobre este tema recomenda-se a
leitura do livro: REGO, J. D. Aleitamento materno. 3. ed. São
Paulo: Editora Atheneu, 2015.
40 Nutrição materno infantil
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que é essencial o acompanhamento e o apoio à mulher
durante o período da lactação de modo a garantir sucesso
no aleitamento materno. Neste sentido, é essencial orientar
a mãe em relação ao correto posicionamento seu e do
bebê durante a mamada, bem como a observar sinais
de uma correta pega e sucção. Uma pega incorreta do
bebê, além de não garantir o aleitamento eficaz à criança,
pode trazer complicações à saúde da mãe, como fissuras
mamilares ou casos mais graves, como mastites e abcessos
mamários, que tornarão a prática da amamentação um
período doloroso e estressante tanto para a mãe quanto
para a criança. Da mesma forma, outras complicações
e dificuldades podem surgir neste período, devendo o
profissional de saúde saber identificá-las precocemente e
manejá-las corretamente a fim de garantir a continuidade
do aleitamento materno.
Nutrição materno infantil 41
Uma vez que não existe pontos de referências para nutrizes dos
parâmetros antropométricos, a avaliação nutricional deve basear-se na
comparação dos parâmetros da própria nutriz do decorrer do tempo. Além
do acompanhamento do peso, medidas como circunferências e pregas
cutâneas também podem ser realizadas ao longo das consultas a fim de
avaliar alterações na composição corporal. As mudanças na composição
corporal durante a lactação são reflexos de uma sequência de estímulos
neuroendócrinos e bioquímicos, além de sofrerem influência dos fatores
ambientais. Durante a lactação, ocorre redistribuição do tecido adiposo,
com mobilização dos estoques localizados na região inferior do corpo.
Durante a gestação, ocorre um armazenamento de cerca de 2 a 4 Kg de
gordura corporal, que podem ser mobilizados para suprir uma parte da
energia requerida para a lactação.
Nutrição materno infantil 43
EER pré-gestacional
EER nutriz
Onde: I = idade em anos; P = peso em Kg; A = altura em metros; EER = necessidade estimada
de energia. Considera-se NAF sedentário a prática de atividade física <3h/semana; leve
>3h/semana; moderada >2h/dia e intensa >6h/dia.
• 45 a 60% de carboidratos.
• 20 a 35% de lipídios.
Nutrição materno infantil 45
Vitamina D (μg) 15
Vitamina E (mg) 15
Niacina (mg) 17
Ferro (mg) 9
Zinco (mg) 12
Selênio (mg) 70
SAIBA MAIS:
O Ministério da Saúde instituiu, em 2005, o Programa
Nacional de Suplementação de Vitamina A, visando reduzir
e erradicar a deficiência nutricional de vitamina A em
crianças de 6 a 59 meses de idade e mulheres no pós-parto
imediato. O documento está disponível para leitura aqui.
SAIBA MAIS:
Para ter acesso à lista completa de medicamentos durante
a lactação, consulte o material Uso de medicamentos e
outras substâncias pela mulher durante a amamentação
disponibilizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria aqui.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o acompanhamento nutricional da nutriz tem como
principais objetivos garantir uma perda de peso adequada
e uma alimentação saudável a fim de garantir o consumo
de todos os nutrientes necessários para a lactação e para o
bebê. Você aprendeu que, no período de lactação, a mulher
possui necessidade aumentada de praticamente todos os
macros e micronutrientes. Esta necessidade aumentada
visa garantir uma correta produção de leite materno, bem
como a fornecer todos os nutrientes necessários para o
bebê. Ainda durante este período, a mulher sofre alteração
na sua composição corporal, marcada principalmente pela
redistribuição de tecido adiposo, a fim de garantir energia
suficiente para a lactação. Por fim, você pode aprender
que muitos mitos e crenças acompanham a prática da
amamentação em diferentes culturas, bem como o uso
de alguns medicamentos são contraindicados enquanto a
mulher estiver amamentando, a fim de não trazer riscos à
saúde do bebê.
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REFERÊNCIAS
ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em
obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Editora Cultura Médica, 2002.