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Parasitologia

Edinéia Bonin

Unidade 3

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autor
EDINÉIA BONIN
A AUTORA
Edinéia Bonin
Olá. Meu nome é Edinéia Bonin. Sou Analista de Alimentos, Mestre
em Ciência de Alimentos e Doutorando em Ciência de Alimentos pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM), com uma experiência técnico-
profissional na área de Microbiologia de mais de 5 anos. Passei por
empresas multinacional onde desenvolvi experiência em análises de
laboratório físico-química e microbiológicas. Sou apaixonada pela leitura
e pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora
TeleSapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Leishmania e Leishmaniases: Os Parasitos....................................... 10
Leishmania braziliensis ou as leishmaníase tegumentares americanas.10

Leishmania mexicana e as leishmaníase cutânea das


Américas ............................................................................................................................ 16

Leishmania donovani ou leishmaníase visceral .................................... 18

Flagelados das vias digestivas e geniturinárias: tricomoníase e


giardíase.......................................................................................................... 23
Trichomonas urogenital...............................................................................................................23

Trichomonas tenax e Trichomonas hominis ............................................ 30

Giardíase..............................................................................................................................33

Platyhelminthes Parasitos do Homem .............................................. 37


Introdução aos Platyhelminthes...........................................................................................37

Schistosoma mansoni e esquistossomose: O parasite e


doença................................................................................................................................. 40

Schistosoma e esquistossomose: epidemiologia e controle ......44

Infecção pela Fascíola e Ciclo de Vida ..............................................49


Classe Trematoda........................................................................................................................... 49

Fascíola hepática e fasciolíase ......................................................................... 50

Teníase e Cisticercose...............................................................................................53

Echinococcus granulosus e hidatidose ..................................................... 58

Hymenolepis nana e Himenolepíase............................................................................... 60


Parasitologia 7

03
UNIDADE
8 Parasitologia

INTRODUÇÃO
O aprendizado faz com que você conheça e forme um pensamento
crítico de novas descobertas, de buscar um material que auxilie e te ajude
a compreender com mais facilidade os desafios do estudo. Conheça o
gênero da Leishmania, parasita protozoário que causa 2 milhões de novos
casos de leishmaniose a cada ano, infectando 12 milhões de pessoas, é
a segunda principal causa de morte por infecção parasitária e a 12° no
mundo, perdendo posto apenas para malária, sua forma de manifestação
clínica pode ser cutânea, mucocutânea e visceral. Outro conhecimento
abordado nesta unidade vai ser o grupo dos Trichomonas que são
protozoários flagelados com três a cinco flagelos anteriores, outras
organelas e uma membrana ondular, que habitam vários ambientes,
entre os quais parasitas e comensais. As quatro espécies de Trichomonas
que colonizam o ser humano são: T. vaginalis encontrados no trato
geniturinário ambos os sexos, T. tenax na cavidade bucal, T. hominis
no intestino, e a Giardia lamblia que causa a infecção denominada de
giardíase. O grupo dos Platyhelminthes consistindo de trematódeos e
cestóides, dentre dos Trematoda temos o Schistosoma manso, que causa
a esquistossomose, e as infecção causadas Fascíola hepática (fasciolose),
Taenia Solium (cisticercose) e saginata (teníase), Echinococcus granulosus
(hidatidose) e Hymenolepis nana (himenolepíase). Aos futuros profissionais
e estudantes, sejam bem-vindos a conhecer e entender a Leishmania e
os Platyhelminthes que infectam o homem, e seus graves saúde pública,
sejam multiplicadores de boas ações o “conhecimento”.
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar a doença leishmaníase e gênero da Leishmania;

2. Observar os problemas relacionados ao gênero das Trichomonas


e Giardia lamblia;

3. Identificar os Platyhelminthes que parasitam o homem;

4. Entender o ciclo de vida das Tênias.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
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Leishmania e Leishmaniases: Os
Parasitos
INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


que o protozoário do gênero Leishmania, de localização
intracelular, caracterizada por lesões cutâneas, mucosas
e viscerais, transmitida pela picada do inseto díptero da
família Phlebotomus e Lutzomyia. São encontrados em
reservatório domésticos e silvestres, podemos considerar
como zoonose. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Leishmania braziliensis ou as leishmaníase


tegumentares americanas
O parasita protozoário Leishmania causa 2 milhões de novos
casos de leishmaniose por ano, atinge 12 milhões de pessoas a qualquer
momento e é um grande problema de saúde em todo o mundo. O gênero
Leishmania, por Ross 1903, envolve agentes que causam no homem e
nos animais doenças com amplo espectro (BRASILa, 2019).

VOCÊ SABIA?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a leishmaniose é


a segunda principal causa de morte por infecção parasitária
e a 12ª principal causa de morte por doenças infecciosas
em todo o mundo.

Além disso, a incidência de leishmaniose está aumentando devido


ao desenvolvimento em áreas de floresta e devido a mudanças na
população devido conflitos.

As leishmanioses são um grupo de doenças causadas por


protozoários flagelados do gênero Leishmania transmitidas pela picada
de flebotomíneos, na qual podem variar de úlceras localizadas a doença
sistêmica. O gênero Leishmania é composto por várias espécies e
Parasitologia 11

subespécies de protozoários flagelados, que são agrupados por mais de


20 espécies de protozoários unicelulares, digenéticos, encontradas nas
formas promastígotas e amastigotas.

As espécies de Leishmania que infectam seres humanos podem


manifestar-se em três formas clínicas diferentes: cutânea, mucocutânea
e visceral, as duas formas principais: visceral (a forma mais séria da
doença) e tegumentar (na forma cutânea ou mucocutânea). A doença
afeta com mais frequência, as pessoas mais pobres e está associada à
desnutrição, moradia, sistema imunológico do indivíduo e a condições
sociais e econômicas. A leishmaniose também está associada a mudanças
ambientais como o desmatamento, construção de barragens, sistemas
de irrigação e a urbanização.

A principal forma de transmissão do parasita para o homem e outros


hospedeiros mamíferos é através da picada de fêmeas de dípteros da
família Psychodidae, Gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como
mosquito palha. Os cães são os principais reservatórios domésticos de
Leishmania, sendo o principal responsável pela manutenção desse agente
na área urbana. Os cães infectados, especialmente os assintomáticos, são
potenciais fontes de infecções para o vetor.

A morfologia entre as diferentes espécies do gênero Leishmania


é muito semelhante. Portanto, a taxonomia é baseada em múltiplas
características, temos algumas mais relevantes que são através
de: Bioquímicos: através do estudo de isoenzimas (zimodemas);
Imunobiológicos: através do uso de anticorpos monoclonais específicos
(serodemas) para subespécie e hibridação do DNA dos quinetoplastos
(esquizodemas); Comportamento biológico de Leishmania: em animais
experimentais, o vetor ou nos meios de cultura in vitro.

O entendimento da epidemiologia canina é essencial para o


planejamento do controle de infecção humana e canina. Para isso, é
importante saber a intensidade de transmissão entre os cães, a proporção
dos cães em áreas de risco e a diferenciação entre os cães infectados e
sadios para permitir o controle dos animais infectados.
12 Parasitologia

O ciclo biológico pode ser descrito da seguinte forma: A partir


da ingestão da forma amastigota pelas fêmeas do mosquito durante o
repasto sanguíneo. Esses insetos possuem o aparelho bucal curto e rígido
que é capaz de dilacerar tecidos e vasos sanguíneos do hospedeiro, o
que proporciona um misto de sangue, linfa e restos celulares durante a
telmatofagia, que são importantes para a ingestão das formas infectantes.
No hospedeiro invertebrado, o parasito se prolifera por fissão binária no
intestino do inseto e se transforma em flagelado promastígota metacíclica
e que será introduzido através da picada. Ao ser introduzido no hospedeiro
vertebrado, a forma promastígota é englobada por histiócitos: dentro
deles, os protozoários perdem o flagelo e sofrem fissão binária, originando
formas amastigotas nos fagolisossomos da célula hospedeira, onde
alguns são liberados para infectar outras células, e outros juntamente
com os histiócitos são ingeridos por insetos através da picada.

A leishmaniose constitui-se um grave problema de saúde pública


no mundo e também um importante problema veterinário. De acordo
com a Organização Mundial de Saúde, mais de um bilhão de pessoas
estão vivendo em áreas endêmicas de risco de infecção. Estima-se que
ocorra de 700.000 a 1.000.000 de novos casos por ano e que 20.000 a
30.000 casos irão ao óbito anualmente. A leishmaniose é frequentemente
encontrada em pacientes em estados imunossuprimidos por HIV,
transplantes de órgãos, tumores e pacientes que fazem quimioterapia.
Quadro 1 - Espécie e subespécie de leishmania de importância para o homem.

Subgênero Subgênero
Viannia Leishmania
Espécies do complexo Espécies do complexo donovani:
braziliensis:
Leishmania braziliensis Leishmania chagasi
Leishmania guayanensis Leishmania chagasi
Leishmania paramensis Espécie mexicana:
Leishmania peruviana Leishmania mexicana
Leishmania lainsonai Leishmania amazonenses
Leishmania pifanoi
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Leishmania venezuelense
Fonte: Atias (1998, p.244)

L. braziliensis provoca no homem lesões denominada de úlcera-


de-Bauru caracterizada por feridas, aparece lesões únicas e pequeno
número, porém o número aumenta com formação de graves lesões, com
infecções crônicas, Figura 1. Este tipo de Leishmania é responsável pelas
lesões mais destrutivas.

No Pará o vetor da L. braziliensis é a Lu. Wellcomei (flebotomíneos


que compõem uma subfamília de insetos), o homem adquire a infecção
durante todo período estacional das chuvas, durante o dia. O vetor
não possui hábitos domiciliares, assim o homem adquire o mesmo na
mata. Em outros estados a doença é causada pelo desmatamento e
mudança no meio ambiente. Na região de Minas Gerais e Espírito Santo,
a transmissão da doença ocorre em áreas de mata secundária, e a maior
incidência é moradores jovens e adultos das áreas rurais, as regiões do
corpo mais afetadas são as expostas (braços, membros inferiores, cabeça
e face), porém em plantação de banana próximo das residências já foram
registrado casos, e com isso é considerado que no Brasil os vetores da
Leishmania, estão tanto no ambiente silvestre quanto no peridomicílio.
Animais domésticos como cavalos, burros e cães, são infectados, acredita-
se que estes animais são reservatórios domésticos da Leishmania, os
dados não são claros sobre estes estudos (NASCIMENTO, 2013).
Figura 1 - L. braziliensis isolada de leishmaniose cutânea

Fonte: Wikimedia Commons


14 Parasitologia

A Leishmaniose tegumentar americana, é uma enfermidade


infecciosa, não contagiosa, que acomete pele e mucosas e apresenta
uma cadeia complexa de transmissão, estando sujeita em uma mesma
região a diversos determinantes tais como: desequilíbrio ecológico
produzido pela invasão do homem aos nichos naturais da doença,
variações sazonais e a susceptibilidade da população. Na América, são
reconhecidas onze espécies dermotrópicas de Leishmania causadoras de
doença humana e oito espécies somente em animais. No Brasil já foram
identificadas 7 espécies, sendo seis do subgênero Viannia e uma do
subgênero Leishmania. As três principais são L. braziliensis, L. guyanensis,
L. amazonensis, e mais recentemente as espécies L. lainsoni, L. naiffi, L.
lindenberg, L. shawi foram identificadas em estados da região Norte e
Nordeste.

A L. tegumentar americana no Brasil até a 1940 estava intimamente


relacionada com a penetração do homem em zonas de florestas em
desbravamento, pois a derrubada de mata para o plantio, a construção de
estradas, ferrovias, hidrelétricas e a implantação de povoados favoreciam
o contato do homem com os reservatórios e vetores. Na região amazônica,
ainda hoje observa-se o padrão epidemiológico de transmissão no
ciclo silvestre. É uma doença endêmica em vários estados brasileiros,
somando 134.571 de casos confirmados entre 2010 e 2015, preocupa
os órgãos responsáveis pela saúde, principalmente pela possibilidade
do desenvolvimento de lesões mutilantes envolvendo a mucosa nasal,
bucal e faríngea. Foi adotado um programa de controle da leishmaniose
centrado nas seguintes medidas: diminuir a densidade populacional do
vetor, identificação e o sacrifício dos cães infectados, e o tratamento das
pessoas doentes. A literatura relata associação de leishmaniose e câncer
em humanos (MANO-SOUSA, GOMES & BUSATTI, 2019).

O ciclo de transmissão é geralmente complexo e geralmente há


especificidade entre reservatórios e vetores de cada subespécie de
Leishmania. Os vetores parasitas são espécies do gênero Lutzomyia,
demonstrado na Figura 2, que geralmente têm habitat em áreas rurais,
com fêmeas hematófagas transmitindo a infecção. Os mosquitos vivem
em locais escuros e úmidos, como cavidades de árvores, cavernas,
rachaduras entre pedras. É importante conhecer os hábitos dos vetores
Parasitologia 15

para a implementação de medidas de controle e prevenção desse


parasitismo.
Figura 2 - Mosquito da espécie do gênero Lutzomyia.

Fonte:Wikimedia Commons

A transmissão depende do contato humano. O padrão de


transmissão depende de onde a picada ocorre e pode ser: intra-
domicílio, quando o vetor entra no domicílio das pessoas, peridomiciliar,
quando o contato homem-vizinho ocorre em torno do endereço rural,
onde as pessoas são expostas à picada do vetor quando entram na
floresta ou realizam atividades (geralmente agrícolas) em lugares, onde
estão localizados os reservatórios dos parasitas (foco de transmissão).
Tanto na transmissão intra quanto na peridomiciliar, ambos os sexos são
afetados em proporções semelhantes (no entanto, quando a transmissão
é basicamente intra domiciliar, crianças menores de quatro anos são as
mais afetadas, na transmissão rural, adultos e especialmente homens são
afetados.

Os reservatórios naturais do parasita são os vertebrados selvagens


(principalmente roedores), e os animais domésticos têm um papel
menor (reservatórios secundários). Os animais naturalmente infectados
geralmente não apresentam lesões óbvias na pele, sendo necessárias
biópsias e culturas para testes parasitológicos. Todas as leishmanias de
importância médica produzem lesões na pele e algumas delas têm a
capacidade de produzir lesões mucosas.
16 Parasitologia

O diagnóstico definitivo requer demonstração do parasita.


O diagnóstico clínico baseia-se nas características mencionadas
anteriormente, sendo as mais importantes: lesão com duração superior
a quatro semanas, não dolorosa, com fundo granulomatoso espesso e
bordas violetas endurecidas, o contexto epidemiológico. Obviamente, de
acordo com as características climáticas e ecológicas da área, é importante
diferenciar de outras lesões cutâneas, como lesões pirogênicas, feridas
contaminadas, ulcerações varicosas, micoses cutâneas. O diagnóstico de
lesões mucosas deve ser diferenciado de micose, neoplasias da cavidade
orais, linfomas, sífilis. O diagnóstico parasitológico requer a demonstração
de amastigotas no esfregaço da lesão, promastigotas através dos meios
de cultura in vitro. A coleta de amostras para investigação da doença
ocorre com esfregaço da lesão, biopsia, cultivos e testes sorológicos.

Diagnóstico e tratamento precoces, combate a vetores e


reservatórios, gestão ambiental, educação, participação da comunidade
e proteção pessoal. A proteção individual é baseada no uso de repelentes
ou impregnação de vestidos com permetrina, que estabelecem uma
barreira entre o sujeito e o vetor, impedindo a mordida. É recomendável
para turistas ou pessoas que entram em áreas endêmicas por curtos
períodos de tempo. O controle vetorial geralmente é feito com o uso
de inseticidas residuais, seu efeito é temporário e só será eficiente se a
transmissão for intra residencial.

Leishmania mexicana e as leishmaníase cutânea


das Américas
Leishmania mexicana, é o agente causal da leishmaniose cutânea
no México e na América Central, parasita protozoário intracelular
obrigatório que causa a forma cutânea da leishmaniose. Esta espécie de
Leishmania é encontrada na América. A infecção por L. mexicana ocorre
quando um indivíduo é picado por um flebotomíneo infectado que injeta
promastigotas infecciosas, que são transportadas nas glândulas salivares
e expulsas pela probóscide, diretamente para a pele.

O ciclo de vida desta e de outras espécies de Leishmania,


apresentado na Figura 3, começa quando um flebotomíneo infectado
Parasitologia 17

infecta a promastigotas na pele do hospedeiro mamífero. Esses


promastigotas são englobados por células fagocíticas, como macrófagos
e células dendríticas. Os parasitas são mantidos dentro de um vacúolo
parasitóforo, então eles se transformam em amastigotas e se dividem até
chegar a membrana celular. Eles são liberados para infectar novas células
como estágio amastigotas. Quando uma mosca da areia não infectada
morde um reservatório de mamífero infectado, a mosca da areia ingere
os amastigotas, portanto eles se transformam em promastigotas e se
dividem no intestino médio da mosca, essas promastigotas migram para
a probóscide e são capazes de produzir a doença de Leishmaniose. Não
ocorre estágio sanguíneo no ciclo biológico da L. mexicana.
Figura 3 - Ciclo de vida da Leishmania.

Fonte: Wikimedia Commons.

L. mexicana pode induzir manifestações clínicas cutâneas e difusas


em humanos. O tipo cutâneo desenvolve uma úlcera no local da picada,
onde os amastigotas não se espalham e as úlceras tornam-se visíveis
alguns dias ou vários meses após a picada inicial. O tipo cutâneo difuso
começa quando o amastigota se difunde pela pele e se transforma
em metástase para outro tecido. Este tipo não produz úlceras e não
há tratamento. O tratamento da leishmaniose causada por L. mexicana
consiste em antimoniais pentavalentes, injetado diretamente na úlcera ou
intramuscular.
18 Parasitologia

A leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmaniose


e provoca lesões na pele, formação de úlceras únicas ou múltiplas, em
locais exposto do corpo, nas quais deixam cicatrizes permanentes e
deficiências graves. Cerca de 95% dos casos ocorrem na América, no
mediterrâneo, Oriente Médio e na Ásia, sendo a maior parte nos países
Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, Irã e Síria, como ilustrado na Figura
4.
Figura 4 - Característica de leishmaniose cutânea

Fonte: Wikimedia Commons

Estima-se que um milhão de novos casos ocorram mundialmente


por ano. A leishmaniose mucocutânea é compreendida como a destruição
parcial ou total da membrana da mucosa do nariz, boca e garganta. Cerca
de 90% dos casos ocorrem no Brasil, Bolívia, Etiópia e Peru.

Leishmania donovani ou leishmaníase visceral


A leishmaniose é uma doença grave geograficamente disseminada,
como já descrito aqui anteriormente, é uma incidência crescente de dois
milhões de casos por ano e 350 milhões de pessoas de 88 países em
risco. Os agentes causadores são espécies de Leishmania, um protozoário
flagelado. A Leishmaniose visceral, forma mais grave da doença, letal se
não tratada, é causada por espécies do complexo Leishmania donovani.

A Leishmaniose visceral é popularmente conhecida de calazar


(significa “doença negra”) é uma zoonose que acomete os humanos,
Parasitologia 19

canídeos domésticos (Figura 5), e animais silvestre, cuja a apresentação


clínica varia de formas assintomáticas até o quadro clássico da parasitose.
Se deixada sem tratamento, a doença é fatal em 95% dos casos dentro
de 2 anos após o início da doença. O quadro clássico da parasitose é
evidenciado pela presença de febre, anemia, hepatoesplenomegalia,
tosse seca, leucopenia e hipergamaglobulinemia. Com a progressão da
doença, outras manifestações clinicas se desenvolvem, em especial a
diarreia, icterícia, vômito e o edema periférico. Esses sintomas dificultam
o diagnóstico diferencial com outras patologias, retardando sua
identificação. As espécies causadoras são pertencentes ao complexo
Leishmania donovani. No Brasil, o agente etiológico encontrado é a
Leishmania chagasi, espécie semelhante a L. infantum encontrada no
Mediterrâneo e da Ásia.
Figura 5 - Leishmaniose visceral lesões em cães.

Fonte:Wikimedia Commons

Os flebotomíneos as fêmeas precisam de sangue para a reprodução,


por isso infectam homens ou animais. As fêmeas infectadas, são as
responsáveis por transmitir a doença quando os promastigotas inoculam
os hospedeiros suscetíveis. Nos mamíferos, os promastigotos entram
em monócitos ou macrófagos através de receptores específicos, onde
tornam-se amastigotas, e multiplicam-se apenas dentro dessas células
do sistema retículo-endotelial. No intestino do mosquito, o amastigotos
se tornam promastigotas, e são divididos por fissão binária.
20 Parasitologia

A lesão de porta de entrada do parasita, existem histiócitos com


amastigotas em seu interior. Os órgãos mais afetados são reticuloendotelial,
como baço, fígado, medula óssea e gânglios linfáticos. O baço aumenta
consideravelmente de tamanho, é nodular e em casos crônicos, há fibrose.
A hepatomegalia é causada por hiperplasia reticuloendotelial e infiltrado
linfomonocitário dos espaços portais. Na medula óssea há presença de
amastigotas intracelulares e depressão das séries vermelha e branca. Os
nós mesentéricos são os mais comprometidos. Outros órgãos, como rins
e pulmões, também podem ser alterados. A pele geralmente apresenta
nódulos, ulcerações por hiperpigmentação ou despigmentação.

Nas áreas endêmicas, a maioria das pessoas infectadas não


apresenta sintomas (varia entre 30-100%). O período médio de
incubação é de 2 a 4 meses. Caracterizada por: febre crônica, perda de
peso, hepatoesplenomegalia (predominantemente esplenomegalia),
pancitopenia (anemia, hemorragia, infecções intercorrentes). Nas
áreas endêmicas, alguns indivíduos podem desenvolver doença oligo
sintomática, caracterizada por tosse, diarréia, febre baixa ou leve, ausência
de visceromegalia e perda de peso. Alguns sinais podem aparecer mais
tarde, como viscerais como hemorragias nasais, gengivais intestinal,
bem como hepatoesplenomegalia, micropoliadenopatia e edema em
membros inferiores, em alguns casos existem desconfortos digestivos:
vômitos, dores epigástricas, perda de apetite, o que leva à perda de
peso, nas crianças pode comprometer o crescimento. Nos casos graves
pode levar ao comprometimento das defesas do organismo e infecções
como tuberculose, pneumonia, disenteria, sarampo podendo levar à
morte. Os sinais cutâneos mais frequentes são aparecimento de nódulos
subcutâneos, ulcerações cutâneas e mudanças de cor.

L. visceral é uma doença de preocupação mundial, pois é uma


doença crônica grave que afeta mais de 300.000 pessoas anualmente,
sendo responsável por 20 mil mortes anualmente. Estima-se que sejam
diagnosticados 50 a 90 mil casos por ano em todo o mundo. A OMS afirma
que 90% dos novos casos reportados em 2015 estão localizados em 7
países: Brasil, Etiópia, Índia, Quênia, Somália, Sudão e no Sudão do Sul. No
Brasil, a LV apresenta ampla distribuição geográfica, além de possuir alta
letalidade, quando não iniciado o tratamento adequado em tempo hábil.
Parasitologia 21

O período de 2010 a 2015 houve 22.044 casos novos confirmados no país,


sendo 3.770 de casos apenas em 2015. A pouca iniciativa de campanhas
de combate ao vetor e medidas de profilaxia, a escassez de recursos
e a atual falta de infraestrutura dos serviços de saúde, em especial no
que concerne ao diagnóstico da infecção por Leishmania, na população
canina e humana, tornam as atuais medidas de controle pouco efetivas.

As medidas de controle são múltiplas e devem ser integradas.


Inclui ações de diagnóstico e eliminação de cães infectados, combate a
vetores, através da aplicação de inseticidas de ação residual, diagnóstico
e tratamento precoce de pessoas infectadas (África e Índia, tratamento
de pacientes que foram infectados leishmaniose dérmica). As ações de
controle também envolvem atividades educacionais e participação da
comunidade.

IMPORTANTE:

As terapias medicamentosas para a leishmaniose, como


drogas antimoniais pentavalente e anfotericina B, são
tóxicas e a resistência a medicamentos está aumentando
para muitas espécies de Leishmania. Para aumentar esse
problema, não existem vacinas altamente eficazes para
a infecção ou, sem dúvida, para qualquer outro parasita
protozoário.
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RESUMINDO:

O parasita protozoário Leishmania causa 2 milhões de


novos casos de leishmaniose por ano, atinge 12 milhões de
pessoas a qualquer momento e é um grande problema de
saúde em todo o mundo. A principal forma de transmissão
do parasita para o homem e outros hospedeiros mamíferos
é através da picada de fêmeas de dípteros da família
Psychodidae, Gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente
como mosquito palha. O ciclo biológico pode ser descrito
da seguinte forma: A partir da ingestão da forma amastigota
pelas fêmeas do mosquito durante o repasto sanguíneo. O
ciclo de transmissão é geralmente complexo e geralmente
há especificidade entre reservatórios e vetores de cada
subespécie de Leishmania. Os vetores parasitas são
espécies do gênero Lutzomyia, que geralmente têm habitat
em áreas rurais, com fêmeas hematófagas transmitindo a
infecção. L. visceral é uma doença de preocupação mundial,
pois é uma doença crônica grave que afeta mais de 300.000
pessoas anualmente, sendo responsável por 20 mil mortes
anualmente. Estima-se que sejam diagnosticados 50 a 90
mil casos por ano em todo o mundo.
Parasitologia 23

Flagelados das vias digestivas e


geniturinárias: tricomoníase e giardíase
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo você aluno vai entender um pouco mais


sobre as espécies do gênero Trichomonas que são
parasitas do homem, são encontrados no trato geniturinário,
cavidade bucal e no intestino, e nenhum deles produz
cistos, são conhecidos apenas em seu estado de trofozoíto,
e também sobre os flagelados intestinais Giardia lamblia,
vamos entender as formas de contágio, ciclo de biológico
e meios de transmissão.

Trichomonas apresentam as seguintes características morfológicas:


um citosoma, um grupo de flagelos anteriores gratuitos, um flagelo
adicional sobre a margem externa de uma membrana ondulada e um
axostyle proeminente que geralmente emerge da extremidade traseira do
corpo. Todas as espécies do gênero Trichomonas são parasitas e nenhum
deles produz cistos, portanto, são conhecidos apenas em seu estado
de trofozoíto, multiplicam-se de maneira assexuada por fissão binária
longitudinal, iniciada pela divisão do núcleo seguida pela separação do
citoplasma em dois organismos. O ser humano é colonizado por bactérias,
fungos e protozoários específicos. Entre os microrganismos, encontra-se
os Trichomonas que são protozoários flagelados com três a cinco flagelos
anteriores, outras organelas e uma membrana ondular, que habitam vários
ambientes, entre os quais parasitas e comensais. As quatro espécies de
Trichomonas que colonizam o ser humano são: T. vaginalis encontrados
no trato geniturinário ambos os sexos, T. tenax na cavidade bucal, T.
hominis no intestino.

Trichomonas urogenital
Trichomonas vaginalis, protozoário flagelado unicelular e
cosmopolita, encontrado no trato geniturinário de homens e mulheres,
em todo o mundo. Possui forma de pêra, com membrana ondulante curta
revestida de flagelos, mede 7 a 23 µm de comprimento por 5 a 12 µm de
24 Parasitologia

largura, é maior que um leucócito polimorfonuclear, mas menor que as


células epiteliais maduras. Movimenta-se por rotação e oscilação. Os T.
hominis, T. tenax e T. vaginalis não são caracteristicamente distinguíveis
(MACIEL, TASCA; DE CARLI, 2004).

Possui um axostyle espesso com mais grânulos siderofílicos ao seu


redor e um citosoma muito pouco evidente. O complexo blefaroplástico
é único, está localizado no polo anterior do corpo e é composto por
um núcleo cinetônico e um corpúsculo basal de onde emergem os
flagelos. A membrana indutora é uma extensão protoplásmica que
ocupa os dois terços anteriores do corpo; em sua borda livre é o flagelo
posterior e, em sua base, lacosta ou filamento fibrilar. O corpo parabasal
(aparelho de Golgi) é uma formação de piriforme, vizinha ao núcleo. O
núcleo encavalado, cariosoma com cromatina granular e subcentral
uniformemente distribuído. O citoplasma possui uma estrutura granular
fina, com grande quantidade de grânulos e vacúolos siderofílicos
digestivo, contrátil e excretora. É dividido por fissão binária longitudinal e
não forma cistos. O parasita viaja facilmente em todas as direções, com
movimentos de rotação e balanço pelos flagelos ou pseudópodes.

Embora a infecção durante o banho seja altamente improvável.


Ocasionalmente, pode ser contratado entre adultos, de ou através de
piscinas, águas termais e pelo uso compartilhado de roupas íntimas,
toalhas, Habita a vagina e a uretra da mulher e na próstata, vesículas e
uretra do homem. A infecção por T. vaginalis, necessariamente transmitida
pelo trofozoíto, tem como principal mecanismo de transmissão o contato
sexual. Essa fonte de transmissão intravenosa foi invocada em meninas e
mulheres virgens. Não é incomum observar a propagação da infecção de
mães infectadas para suas filhas. O trofozoíto é muito lábil e é facilmente
destruído no ambiente, principalmente na ausência de umidade,
temperatura e condições de pH adequadas. Os Trichomonas sucumbem
rapidamente a temperaturas acima de 40 °C ou contra a ação da luz solar
direta e 35 a 40 minutos em água. No entanto, eles podem sobreviver
em esponjas molhadas por várias horas, sendo capazes de obter culturas
positivas em amostras de coletadas a partir de roupas molhadas até 24
horas após a inoculação, indicando a possibilidade de transmissão por
esse mecanismo. Na urina, o Trichomonas é capaz de sobreviver por
Parasitologia 25

mais de 24 horas, sendo comum encontrá-lo na urina sedimentada ou


centrifugada de homens e mulheres, onde pode permanecer ativo por
horas, com ondulações progressivas e movimentos pseudópodes. Pode
sobreviver até cinco horas em águas entre 18 e 29 °C e com um pH de 4,9
a 7,5.

Trichomonas alimentam-se de bactérias, leucócitos e exsudatos


celulares. Na mulher, os parasitas alimentam-se da superfície mucosa da
vagina, ingerindo bactérias e leucócitos e as vezes por fagocitose ou por
monócitos de macrófagos, característica da T. vaginalis ilustrado na Figura
6.
Figura 6 - Trichomonas vaginalis

Fonte: Wikimedia Commons

Epidemiologia: a prevalência atual de tricomoníase na população


em geral é desconhecida, porque a doença não é notificada e devido
à baixa sensibilidade relativa dos métodos de diagnóstico comumente
usados. Entretanto, sua prevalência em grupos específicos de pacientes,
varia dependendo do nível de atividade sexual, composição racial de
população estudada e métodos de diagnóstico utilizados. A tricomoníase
é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns, com uma
incidência anual estimada em 108 milhões de mulheres em todo o mundo
e 2,5 a 3 milhões de casos por ano nos Estados Unidos.
26 Parasitologia

Mulheres sexualmente ativas têm alto risco de ter tricomoníases.


A incidência mais alta ocorre entre os 20 e os 49 anos, período de maior
atividade sexual.

A infecção é de maior prevalência em pacientes com múltiplos


parceiros sexuais, e entre as prostitutas, T. vaginalis estão presentes entre
50 a 75% destas mulheres. Cerca de 13 a 25% das mulheres atendidas
em consultas ginecológicas apresentam tricomoníase. Nas mulheres
assintomáticas, a prevalência de culturas positivas é de 3 a 15% (MACIEL,
TASCA & DE CARLI, 2004).
Figura 7 - Ciclo de vida da T. vaginalis que ocasiona a infecção Tricomoníases

Fonte: Wikimedia Commons


Parasitologia 27

A ocorrência simultânea de mais de uma doença sexualmente


transmissível é frequente e é encontrada em altas taxas de incidência em
populações de alto risco para outras doenças sexualmente transmissíveis.
A infecção concomitante por Neisseria gonorrhoeae está entre 20 e 50%.
No entanto as infecções fúngicas são detectadas com menos frequência
entre mulheres com tricomoníase. Os mecanismos de antagonismo entre
as duas infecções não são conhecidos, mas o T. vaginalis é encontrado
em um meio relativamente alcalino, enquanto os fungos requerem um
pH vaginal mais ácido. Nas mulheres grávidas, o T. vaginalis, pode ser
encontrado em 20 a 30%, embora apenas 5 a 10% seja acompanhado por
sintomas.

A incidência de infecção nos homens é menor que nas mulheres


e geralmente é assintomática. 100% dos parceiros sexuais de homens
com tricomoníase têm a infecção, confirmando sua importância
na disseminação. A prevalência de T. vaginalis está entre homens
assintomáticos, entre 3 e 10%, enquanto em pacientes com uretrite e
prostatite inespecífica é de 1 a 20%. A tricomoníase é mais frequente entre
as mulheres negras. O motivo dessa diferença racial é desconhecido, mas
pode estar relacionado a fatores socioeconômicos, como educação e
renda, condições de vida e unidades de saúde.

Patologia: T. vaginalis não pode viver naturalmente sem uma


estreita associação com o tecido vaginal, uretra ou próstata. Alguns dias
após a chegada à vagina, a proliferação de colônias flageladas causa
degeneração e descamação do epitélio vaginal, com infiltração de
leucócitos, aumentou as secreções vaginal que tornou-se abundante
e com características especiais (NEVES, 2005), (líquidas, verdes ou
amarelas), com grande número de tricomoníases e leucócitos.

O orifício uretral, glândulas vestibulares e clitóris, estão intensamente


inflamados. Quando a infecção aguda muda para o estado crônico, que
geralmente, ocorre uma atenuação dos sintomas, a secreção perde sua
aparência purulenta devido à diminuição do número de tricomoníases e
leucócitos, e o aumento das células epiteliais e ao estabelecimento de
uma flora bacteriana mista.
28 Parasitologia

Nos homens, a infecção é geralmente assintomática, embora possa


causar uretrite ou prostatite irritativa. É necessário um grande número de
parasitas para causar sintomas. Ocasionalmente, um pequeno número de
tricomoníases pode ser encontrado em uma paciente sem sintomas, com
pH vaginal normal e flora vaginal, que pode ser interpretada como um
estado portador. Nas mulheres, o estabelecimento ou desenvolvimento
de T. vaginalis é influenciado por fatores gerais, como o nível de estrogênio
circulante, uma vez que a produção depende deles de glicogênio pelas
células vaginais.

Nos estágios pré-púbere, lactação e pós-menopausa, a estimulação


vaginal da produção de estrogênio é perdida, o pH é anormalmente alto e
a flora normal pode ser substituída por flora mista. Nessas circunstâncias,
a vagina não favorece a infecção, apesar do efeito da diminuição da
acidez; no entanto, a administração tópica ou sistêmica de estrogênio
pode causar uma infecção subclínica que se tornará sintomática. Altos
níveis de esteróides sexuais, como ocorre durante a gravidez, parecem
promover o desenvolvimento de sintomas refratários. Na paciente grávida,
o corrimento vaginal aumenta devido à secreção de muco devido a um
colo uterino hiperativo e hiperativo.

A baixa acidez vaginal causada por sangue menstrual, mucorréia


cervical, sêmen e infecções concomitantes como Gardnerella vaginalis,
favorece o estabelecimento de Trichomonas.

Sintomas: é mais frequente e importante no sexo feminino, no


homem, causa pouco ou nenhum sintoma, uma vez que, no trato
urogenital masculino, o parasita não encontra condições favoráveis ao seu
desenvolvimento. As variadas formas clínicas da doença provavelmente
dependem do número e virulência do parasita e da resistência do
hospedeiro. A presença ou a ausência de sintomas está aparentemente
associada à quantidade de Trichomonas e ao valor do pH no trato vaginal,
pois quando há sintomas e mais valores de pH alcalino, há um número
maior de parasitas.

A infecção assintomática não tem uma prevalência definida. No


entanto, vários estudos mostraram que 10 a 50% das mulheres infectadas
com T. vaginalis não apresentam sintomas. Aproximadamente apenas
Parasitologia 29

25% deles são detectados por exame direto, uma vez que, em geral,
apresentam menor número de parasitas. A importância de conhecer o
grupo de indivíduos assintomáticos é que eles servem como portadores
“saudáveis”, não suspeitos, e podem transmitir o parasita sexualmente
a outro indivíduo, o que pode desenvolver infecção sintomática e, por
outro lado, os sintomas podem aparecer em alguns casos. momento
no hospedeiro previamente assintomático. Nas mulheres, existem três
formas de apresentação clínica: assintomática, subclínica e vulvovaginite.

A manifestação clínica mais frequente é a vulvovaginite de evolução


aguda ou crônica. T. vaginalis é a causa de 20 a 25% de vulvovaginite. O
período de incubação varia de 4 a 28 dias e os sintomas e sinais comuns
são leucorreia, vulvite, prurido vulvar e disúria. O quadro clínico clássico
descrito na tricomoníase com presença de leucorreia purulenta e
espumosa e irritação vaginal como características está presente em uma
minoria de mulheres e tem sido questionado em sua sensibilidade e
especificidade.

O corrimento vaginal é o sintoma mais frequente e é descrito apenas


em metade dos pacientes com tricomoníase e na maioria deles (70%), é de
apresentação aguda, com duração inferior a trinta anos dias. No entanto,
pelo exame físico, a leucorreia é encontrada em aproximadamente 80%
das mulheres infectadas.

A qualidade da leucorreia ocasionalmente sugere o possível


diagnóstico de tricomoníase, embora T. vaginalis possa ser encontrado
com qualquer tipo de descarga. A leucorreia pode ser variável em
quantidade, amarelada, esverdeada ou cinza, manchada de sangue,
com espuma, odor inodoro ou forte. Outros sintomas são pruridos vulvar,
queimação e irritação genital, doloroso, que pode causar dispareunia
intensa.

No exame ginecológico, a presença de um colo uterino alterado


com aparência edemacia, eritematosa e friável, com áreas pontuais de
exsudato, é patognomônica, mas sua prevalência de 2 a 3% não ajuda
no diagnóstico frequente. O exsudato inflamatório também pode cobrir
a mucosa vaginal e a vulvite é marcada pela presença de eritema, dor e
30 Parasitologia

edema. As manifestações clínicas são inespecíficas e qualquer causa de


cervicite e vulvovaginite pode simular a causada por T. vaginalis.

Em relação aos sinais e sintomas subjetivos, entre as mulheres com


e sem tricomoníase, existem apenas diferenças significativas em relação à
presença de leucorreia espumosa, mas não em relação a outros sintomas
como disúria, secreção total (aguda ou crônica), qualidade e quantidade de
corrimento, leucorreia e prurido vulvar. Além disso, nenhuma das seguintes
variáveis clínicas ou epidemiológicas foi associada significativamente ao
diagnóstico de tricomoníase: idade, frequência da relação sexual, data
da última relação sexual, dia do ciclo menstrual em que: a paciente foi
examinada e utilizada de antibióticos recentes.

No homem, a tricomoníase pode ser responsável pela morbidade,


mas geralmente é assintomática. Pode causar uretrite, prostatite, cistite,
epidemite, raramente, esterilidade reversível. A infecção pode ser latente
e, portanto, essencialmente pouco sintomática ou pode ser responsável
por irritação persistente ou uretrite recorrente. Na uretrite específica, T.
vaginalis foi detectado em 10 a 20% dos indivíduos. O envolvimento da
próstata é frequente no estágio crônico da infecção.

SAIBA MAIS:

sobre o agente etiológico tricomoníase e quais os principais


diagnósticos. O artigo de revisão de Maciel, Tasca & Carli,
(2004), Aspectos clínicos, patogênese e diagnóstico de
Trichomonas vaginalis. Disponível em: https://bit.ly/3lFI0tm.
Acesso em: 11 fev. 2020.

Trichomonas tenax e Trichomonas hominis


Trichomonas tenax, é conhecido como um parasita anaeróbico
comum da cavidade oral e também encontrado nas glândulas sub
maxilares. Causa a infecção tricomoníase, é comumente encontrado
na cavidade oral e em pacientes com falta de higiene bucal e doença
periodontal envolvida (MACIEL, TASCA; DE CARLI, 2004). A ocorrência
de T. tenax depende da idade do hospedeiro. Diferentes fatores são
responsáveis pela transmissão do parasita, que inclui incidência pela
Parasitologia 31

saliva através do beijo ou aplicação de pratos poluídos e água potável.


Dependendo do estado de saúde bucal, o nível de contaminação é
relatado entre 0 e 25%.
Figura 8 - Característica da Trichomonas tenax

Fonte: Wikimedia Commons

Conforme Figura 8, sua aparência piriforme flagelada, com 5-16


µm de comprimento e 2-15 µm de largura, com quatro flagelos livres de
comprimento aproximadamente igual e um quinto na membrana ondulada,
que não atinge a extremidade posterior do corpo. Possui um citossoma
próximo à extremidade anterior e no lado oposto da membrana ondulante,
um axostil espesso que se estende por uma distância considerável atrás
do corpo, possui núcleo ovóide com poucos grânulos de cromatina e
cariossoma excêntrico, e seu citoplasma é finamente granular. T. tenax só
pode viver na cavidade bucal e aparentemente não sobrevive à passagem
pelo trato digestivo. Eles são protozoários comensais inofensivo, que se
alimentam de microrganismos e detrito celular, sendo mais abundante em
indivíduos com falta de higiene bucal, estando entre dentes e gengivas,
em cavidades de cárie dentária e criptas tonsilares (PESSOA, 1942).

A transmissão do T. tenax de um indivíduo para outro é direta, através


do beijo e do uso comum de alimentos e bebidas contaminados. Este
organismo é muito resistente às mudanças de temperatura e sobrevive
várias horas na água, sendo a infecção amplamente distribuída no mundo,
com uma prevalência que varia entre 0 e 25%. O diagnóstico é feito pela
32 Parasitologia

descoberta de Trichomonas, a partir de amostras obtidas do tártaro


entre os dentes, das margens gengivais das gengivas ou das criptas das
amígdalas, por exame direto ou por cultura em meios especiais. Não é
necessário tratamento específico, é indicado apenas melhorar a higiene
bucal do paciente, para reduzir ou eliminar a infecção. Ultimamente, T.
tenax tem sido identificado como um agente causador de infecção
pulmonar e é considerado uma infecção oportunista em pacientes com
câncer, abscesso. Embora a questão de sua possível patogenicidade seja
resolvida, as infecções devem ser tratadas com metronidazol. A prevenção
é alcançada através da higiene adequada da cavidade oral e evitando a
exposição a infecção.

Trichomonas hominis ou Pentatrichomonas hominis, organismo foi


designado como uma espécie do gênero Pentatrichomonas, por possuir
cinco flagelos anteriores, diferentemente do gênero Trichomonas que
têm quatro flagelos, organismo comensal do trato intestinal do homem,
outros primatas e vários animais domésticos. Em sua morfologia, difere
em alguns aspectos da Trichomonas: seu tamanho é de 8 a 20 µm de
comprimento e 3 a 14 µm de largura (Figura 9), um dos flagelos acima se
origina e se move independentemente dos outros e apresenta um sexto,
ao longo da membrana ondulante, que continua como um longo flagelo
livre.
Figura 9: Trichomonas hominis ou Pentatrichomonas hominis

Fonte: Wikimedia Commons


Parasitologia 33

Habita exclusivamente no lúmen do intestino grosso e na região


do apêndice cecal, sobrevivendo às condições ácidas do estômago.
A transmissão de trofozoítos ocorre pelo consumo de alimentos ou
água potável contaminada por depoimentos ou por vetores mecânicos.
Sua prevalência está relacionada às más condições sanitárias do meio
ambiente, com números até 14%. A infecção é encontrada com mais
frequência em climas quentes e em crianças menores de dez anos. O
diagnóstico depende da identificação do parasita móvel em amostras
de fezes frescas. Nas fezes formadas, o organismo é difícil de identificar,
porque arredonda e não exibe os movimentos característicos do estado
ativo. A prevenção depende do saneamento comunitário e da higiene
pessoal.

Giardíase
A este flagelado intestinal possui vários nomes, porém o nome
correto Giardia lamblia, um protozoário patogênico que se encontra no
duodeno e no jejuno, responsável pela giardíase em seres humanos,
Figura 10. Foi descoberta por Leeuwenhoek (1681), que analisou suas
próprias fezes. Esse protozoário tem como característica a forma de
coração, de 10 a 20 µm de comprimento, apresenta quatro pares de
flagelos, dois núcleos com cariossomos centrais e dois axóstilos, a
formação de trofozoíto geralmente aderido na mucosa do duodeno, com
simetria bilateral e também formam cistos que são encontrados nas fezes.
Possuem movimento de oscilação ou dança inconfundível (MEIRELES,
2007).
34 Parasitologia

Figura 10 - Giardia lamblia responsável pela giardíase em seres humanos

Fonte:Wikimedia Commons

A G. lamblia é anaeróbica e vive em pH 6,0 a 7,0, com este pH os


trofozoítos reproduzem-se e multiplicam-se assexuadamente por divisão
binária longitudinal. Durante a fase aguda da doença, ocorre a diarréia
crônica, em alguns casos graves, acompanhada de dor abdominal difusa,
meteorismo e náusea.

O ciclo biológico é do tipo monoxênico, quando ocorre a


contaminação humana através da água ou alimentos contaminados,
ocorre a ingestão de cistos maduros, ocorre o desencistamento com o
ácido do estômago, e completado no duodeno. Depois deste processo
os trofozoítos (giárdia), começam a colonização por divisão, com poucos
dias há a formação de milhares de trofozoítos que formam um tapete no
duodeno, continuando o ciclo, este depreende do duodeno e segue junto
com o bolo alimentar, chegando no jejuno e depois no ceco.

Os trofozoítos iniciam-se o processo de encistamento, ficando em


formato arredondado, ocorre divisão dos núcleos e perda do flagelo, em
torno de si forma uma membrana cística resistente, como se fosse uma
Parasitologia 35

casca dura, dando ao parasito a forma oval, Figura 11. A liberação dos
cistos pelas fezes dos pacientes depende muito do paciente. O cisto em
contato com a água pode permanecer viável até dois meses. Os cistos
podem ser estudados em laboratório passando por meio ácido similar ao
do estômago, em temperatura de 37 °C (COURA, 2013).
Figura 11 - Ciclo vida Giardia lamblia

Fonte: Wikimedia Commons

A giardíase é formada a partir da colonização de 100 cistos em uma


pessoa, levando 10 dias para incubação e de 10 a 30 dias para manifestar a
infecção. Todo ano 58 milhões de casos de diarréia que ocorre em crianças
são devido a protozoários, e a Giárdia é responsável pela metade desses
casos, a Giardíase foi incluída na Iniciativa de Doenças Negligenciadas por
prejudicar o potencial para o desenvolvimento e melhoria socioeconômica
de seres humanos. Porém, alguns pacientes são assintomáticos e está
evoluindo para cura, pelo sistema imunológico protetor.
36 Parasitologia

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir Entre os microrganismos, encontra-se
os Trichomonas que são protozoários flagelados com
três a cinco flagelos anteriores. As quatro espécies de
Trichomonas que colonizam o ser humano são: T. vaginalis
encontrados no trato geniturinário ambos os sexos, T. tenax
na cavidade bucal, T. hominis no intestino. T. vaginalis: habita
a vagina e a uretra da mulher e na próstata, vesículas e uretra
do homem. A infecção por T. vaginalis, necessariamente
transmitida pelo trofozoíto, tem como principal mecanismo
de transmissão o contato sexual. A infecção é de maior
prevalência em pacientes com múltiplos parceiros sexuais.
O T. tenax é comumente encontrado na cavidade oral e em
pacientes com falta de higiene bucal e doença periodontal
envolvida. A transmissão de trofozoítos ocorre pelo
consumo de alimentos ou água potável contaminada por
depoimentos ou por vetores mecânicos. Giardia lamblia,
um protozoário patogênico que se encontra no duodeno
e no jejuno, responsável pela giardíase em seres humanos.
Porém, alguns pacientes são assintomáticos e está
evoluindo para cura, pelo sistema imunológico protetor.
Parasitologia 37

Platyhelminthes Parasitos do Homem


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender,


classe dos helmintos constituem, um grupo muito
numeroso, com três filos: Platyhelminthes, Aschelminthes
e Acanthocephala, incluindo espécies de vida livre
e parasitárias. Principalmente Platyhelminthes têm
características achatadas, nematódea são vermes como
corpo cilíndrico e Acanthocephala são distinguidos, vamos
apreender sobre estes grupos de parasitas.

Introdução aos Platyhelminthes


Consistindo de trematódeos e cestódeos, os Platyhelminthes são
caracterizados por sua aparência achatada ou cilíndrica, com simetria
bilateral, sem cavidade celomática. Com exceção de alguns plenários,
todos são parasitas. A superfície do corpo é coberta pelo tegumento,
consistindo de uma camada citoplasmática sincicial contínua, com núcleos
celulares localizados profundamente abaixo da camada muscular. Sua
principal função é a absorção metabólica das trocas eletrônicas. O sistema
muscular é organizado em uma camada superficial colocada abaixo do
tegumento, que cobre o corpo em toda a sua extensão, nos trematódeos
essa camada muscular é única e nos cestóides pode haver outra camada
muscular profunda. As ventosas e a faringe têm uma musculatura muito
poderosa. O sistema digestivo, ausente nos cestódeos, nos trematódeos,
é constituído por uma boca, uma faringe e um intestino que termina no
fundo do saco. O sistema nervoso é do tipo ganglionar cefálico, com
troncos nervosos longitudinais e comissuras transversais com funções
molares. O sistema excretor, além de sua função excretora, atua como um
sistema osmorregulador e termorregulador.

O sistema reprodutivo é extremamente complexo, mas segue um


esquema comum: todos os cestóides e quase todos os trematódeos
(com exceção dos esquistossomos) são hermafroditas. O sistema
reprodutivo macho, é constituído pelos testículos, um sistema de túbulos
38 Parasitologia

nos quais algumas glândulas fluem e órgão copulador retrátil. O sistema


reprodutivo das femêas consiste em um ovário, está conectado ao oótipo,
onde os ovos são produzidos. Além disso, existem algumas glândulas,
como as glândulas vitelinas, de aparência ramificada, que secretam seus
produtos no oviduto. Os vermes planos são caracterizados por apresentar
ciclos evolutivos complexos, com estágios larvais morfologicamente e
funcionalmente muito diferentes dos estágios adultos.
Figura 12 - Grupo dos Platyhelminthes

Fonte: Wikimedia Commons

A classe Trematoda: os vermes adultos não possuem epiderme e


cílios externos, corpo recoberto por uma cutícula, com ventosas, presença
de tubo digestivo, não possui anus, hermafrodita ou não, geralmente tem
o corpo achatado, não possuem sistema circulatório, Figura 13. O ovo
tem coloração clara ou marrom escura, oval, em algumas espécies como
Schistosoma o ovo ao ser eliminado já contém uma larva (miracídio), nas
espécies de Fascíola, Eurytrema o ovo é liberado sem estar embrionado, a
larva é formada com o ovo está no meio externo. Para dar continuidade no
ciclo de vida as larvas necessitam de molusco, quando a larva for liberada
na água (Schistosoma e Fascíola) ocorre a penetração no molusco
Parasitologia 39

aquático e quando a larva permanecer no ovo este tem que ser ingerido
por um molusco para dar continuidade ao ciclo (HORNINK et al., 2013).
Figura 13 - Classe dos Trematoda

Fonte: Wikimedia Commons

Classe dos Cestoda: são endoparasitas não contém epiderme,


cavidade geral e sistema digestivo, os órgãos de localização estão
localizados na extremidade anterior, corpo alongado e formado de
segmento, recobertos por uma cutícula. O cestódeo possui três regiões
característica: escólice onde localiza-se os órgãos de fixação, pescoço
que sustenta o escólice e por último estróbilo. Os Cyclophyllidea onde
é encontrada as espécies de parasitas de maior importância para a
parasitologia humana, onde são encontradas os Cysticercus e a Taenia
(COURA, 2013).

Classe Nematoda: corpo cilíndrico e alongado, desprovidos de


células, sem revestimento epitelial, tamanho de mm ou cm, sexos em
40 Parasitologia

geral separados (dioicos), sendo o macho menor que a fêmea, nos


machos o alongamento da cauda pode formar a bolsa copuladora. Nas
Ascaris e Ancylostoma o embrião se desenvolve dentro do ovo no meio
externo (COURA, 2013).

Schistosoma mansoni e esquistossomose: O parasite


e doença
Na classe Trematoda encontra-se a família Schistomatidae,
apresenta sexo separado, são parasitas de vasos sanguíneos de
mamíferos e aves. A denominação de Schistosoma mansoni por
Sambon em 1907. Das cinco espécies que causam doença ao homem
(Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum, Schistosoma
mekongi e Schistosoma intercalatum) apenas o Schistosoma mansoni é
nativo das Américas.

No ciclo da esquistossomose estão envolvidos dois hospedeiros:

• Hospedeiro definitivo: o homem é o principal hospedeiro


definitivo. Nele, o parasita desenvolve a forma adulta e reproduz-
se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no
ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas
naturais (córregos, riachos, lagoas) ou artificiais (valetas de
irrigação, açudes e outros).

• Hospedeiro intermediário: o ciclo biológico do S. mansoni


depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente.
Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família
Planorbidae e gênero Biomphalaria, são os organismos que
possibilitam a reprodução assexuada do parasita (SOUSA ET AL.,
2011).

No Brasil a doença é popularmente conhecida de barriga d´agua ou


mal-do-caramujo, atinge um milhão de pessoas, sendo considerado uma
região endêmica. Esta é dividida em duas fases inicial e tardia.

Fase inicial assintomática o hospedeiro tem contato na infância com


o parasita, a doença pode ser confundida com outras pelo hospedeiro ser
Parasitologia 41

assintomático, e sintomática o hospedeiro apresenta dermatite cercariana


e outros sintomas característico da doença.

Fase tardia é caracterizada pela forma crônica: inicia com seis


meses após a infecção e pode durar anos. Hepatointestinal: a descoberta
da doença ocorre acidentalmente, pois a pessoa não apresenta sintomas,
com exame das fezes e descoberta de ovos. Hepática: alteração no
tamanho do fígado e endurecimento. Hepatoesplênica compensada:
aparecimento de varizes no esôfago, aumento do baço, sintomas como
aumento de pressão no sistema de veias que leva o sangue dos órgãos
abdominais para o fígado, hemorragia digestiva, sintomas que acometem
mais jovens e adolescentes. Hepatoesplênica descompensada: estado
mais grave da doença responsável pela morte, perda de funcionalidade
do fígado, surte de hemorragia digestiva, o diagnóstico precoce previne
este quadro.

Em contato com a água e sob condições favoráveis de temperatura,


luminosidade e salinidade, os ovos são rompidos, deixando livre as larvas
ou miracídeos. Esta larva ciliada, que possui aproximadamente 24 horas
de vida livre, nada ativamente em busca de seu hospedeiro intermediário,
um caracol, que penetra através de suas partes nuas, preferencialmente
as bases das antenas ou do pé. Após a penetração, o miracídeo é
transformado em um esporocisto primário. A partir do décimo quarto dia,
formam-se esporocistos secundários, que posteriormente migram para
alojar-se no hepatopâncreas do molusco.

Na glândula digestiva, sofrem modificações acentuadas e formam-


se as cercárias de colabifurcados, por meio da estimulação da luz e do
calor, são eliminadas na água. As cercárias, podem sobreviver entre 24 e
48 horas e encontrar o hospedeiro definitivo, homem ou outros animais,
vertebrados, a penetram ativamente através a pele ou membranas
mucosas. Durante a penetração, eles perdem a cauda e se tornam
esquistossomose. Através da circulação sanguínea, essas larvas atingem o
coração, pulmões e fígado, para finalmente alojar, a partir do trigésimo dia,
nas veias mesentéricas do sistema portal, onde amadurecer sexualmente
e começar a postura de ovos A fêmea vive no canal ginecóforo do macho,
42 Parasitologia

Schistosoma significa fenda do corpo, ambos possuem duas ventosas


oral e ventral, ilustrado na Figura 14.
Figura 14- Schistosoma mansoni a fêmea vive no canal ginecóforo do macho

Fonte: Wikimedia Commons

O macho apresenta o tegumento com tubérculos, que variam em


aparência nas diferentes espécies. A fêmea, depois de fertilizada, vai para
os capilares e vênulas da parede intestinal, onde libera seus ovos. Cada
fêmea produz entre 300 e 1000 ovos diariamente, imaturos e precisam de
6 a 7 dias para se tornarem ovos viáveis e maduros, que constituem 95%
dos ovos eliminado pelas fezes do homem.

A doença ocasionada pelo Schistosoma, a patogenicidade depende


da carga parasitaria adquirida, idade, nutrição e resposta imunológica da
pessoa. A chamada dermatite do nadador ocorre quando o Schistosoma
penetra na pele do homem, ocorre erupção, comichão, edema e dor.
Após a penetração das cercarias na pele, os esquistossomos se instalam
no pulmão, após alguns dias são encontrados nos vasos do fígado.
Parasitologia 43

VOCÊ SABIA?

A patogenicidade da esquistossomose depende dos ovos,


um pequeno número de ovos quando conseguem chegar
na luz intestinal, causam penas lesões que são reparadas
pelo sistema imunológico, porém uma grande quantidade
de ovos podem provocar hemorragias, formação de
pequenas ulceras, edema na submucosa, já os ovos que
chegam até o fígado causam alterações graves.

Os ovos produzem e liberam pelos poros um antígeno que forma


inflamações granulomatosa, estas são responsáveis por variações clinicas
e complicações digestivas e circulatórias.

Fase aguda ocorre infecção com duração de 50 a 120 dias,


acompanhada de calafrios, sudorese, perda de peso, febre, cólicas,
desinteria, dor de cabeça, tosse, pois no pulmão ocorre simulação
de tuberculose. Fase crônica: o paciente apresenta quadro de diarréia
mucosanguinolenta, fibrose da alça retossigmóide, tonturas, sensação
de plenitude gástrica, prurido (coceira) anal, palpitações, impotência,
emagrecimento, fezes sanguinolentas são ocasionadas pela passagem
de muitos ovos para a luz intestinal, ocasionado hemorragia e edema, o
fígado apresenta aumento de volume e endurecimento com numerosos
granulomas, desenvolvimento de varizes nas região do umbigo, inguinal
e esôfago. Nos casos mais crônicos ocorre o aumento do fígado e baço
ou forma hepatoesplênica, hemorragia digestiva, hipertensão pulmonar
e morte desenvolvida pela doença esquistossomose, ocasiona a ascite
(barriga d´agua), exemplo Figura 15.
44 Parasitologia

Figura 15 - Ascite ou barriga d´agua ocasionada pelo Schistosoma mansoni

Fonte: Wikimedia Commons

Schistosoma e esquistossomose: epidemiologia e


controle
A esquistossomose mansoni é uma doença de ocorrência tropical,
registrada em 54 países, principalmente na África e Leste do Mediterrâneo,
atinge as regiões do Delta do Nilo e países como Egito e Sudão. Atinge
a América do Sul, destacando-se a região do Caribe, Venezuela e Brasil
(BRASIL, 2019b).

Estima-se que haja um total de duzentos milhões de pessoas


parasitadas e, destas, 60 milhões estão infectadas por S. mansoni e
entre 500 e 600 milhões de pessoas estão expostas à infecção devido a
Parasitologia 45

condições de pobreza, ignorância, moradia precária, práticas higiênicas


precárias e disponibilidade limitada ou inexistente de serviços de saúde.
A explicação mais aceita para o início da esquistossomose na América é
que ela foi trazida por escravos africanos.

As populações africanas imigrantes teriam sido infectadas por S.


mansoni e S. haematobium. Para a manutenção deste último, é necessária
a presença de caracóis do gênero Bulinus, para o primeiro, os caracóis do
gênero Biomphalaria são muito extensos. Este gênero é representado por
mais de vinte espécies na América, mas existem três espécies principais
que servem como hospedeiros intermediários: B. glabra, B. lenagophila e
B. straminea.

A expansão da esquistossomose ameaça especialmente para


as ilhas do Caribe, Argentina, Paraguai e Uruguai. Por esse motivo, a
implementação de medidas de controle para impedir a introdução desta
doença é muito importante. Estima-se que cerca de 1,5 milhões de
pessoas vivem em áreas sob o risco de contrair a doença. Os estados das
regiões Nordeste e Sudeste são os mais afetados sendo que a ocorrência
está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores.

• Atualmente, a doença é detectada em todas as regiões do país.


As áreas endêmicas e focais abrangem os Estados de Alagoas,
Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba,
Sergipe, Espírito Santo e Minas Gerais (predominantemente no
Norte e Nordeste do Estado). No Pará, Maranhão, Piauí, Ceará,
Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do
Sul, Goiás e no Distrito Federal, a transmissão é focal. No Brasil,
as espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea
e Biomphalaria tenagophila de caracóis estão envolvidas na
disseminação da esquistossomose. Há registros da distribuição
geográfica das principais espécies em 24 estados, localizados,
principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
46 Parasitologia

Figura 16 - Distribuição da esquistossomose na área endêmica, por município no Brasil


dados de 2009 – 2017.

Fonte: Ministério da Saúde

Os fatores que favorecem a instalação ou disseminação da


parasitose são migrações (internas e externas), construção de sistemas
de irrigação e grandes reservas de água, falta de condições básicas de
saneamento, ausência de água potável e esgoto, operações agrícolas
e assim por diante. A esquistossomose é uma doença cuja transmissão
ocorre em área rural e nas periferias das cidades relacionada ao déficit
no saneamento e defecação em locais inadequados. Há evidências de
que as crianças não têm imunidade concomitante, pois estão adquirindo
novas cargas parasitárias em cada contato com o parasita, em vez disso,
os adultos têm esse tipo de imunidade.

A forma intestinal é a mais frequente e seus sinais e sintomas mais


comuns são diarréia mucosa ou mucossanguinolento, alternando ou não
com constipação, cólicas abdominais. Durante o exame físico, a dor é
sentida na palpação do caminho das cólicas, especialmente no sigmoide.
O fígado, quando aumentado, é palpado sob a flange costal, que
caracteriza a forma hepatointestinal (que se assemelha à forma intestinal
em todo o reto). Na maioria dos casos, é indolor, de consistência normal
ou ligeiramente aumentada.
Parasitologia 47

Os exames laboratoriais revelam uma contagem global normal de


glóbulos brancos, com eosinofilia discreta e testes normais da função
hepática. O diagnóstico, é obtido pelo achado dos ovos S. mansoni nas
fezes, uma vez que a sintomatologia é difícil diferenciá-la de outras
parasitoses intestinais, embora a presença de fezes com sangue seja mais
comum na esquistossomose. A biópsia hepática ou exame patológico
demonstra granulomas nas fases produtivas e, nos casos mais antigos, na
fase de cicatrização por fibrose.

A forma hepatoesplênica é considerada sinônimo de gravidade e é


caracterizada pelo crescimento do fígado e do baço. Pode ser apresentado
de três formas: compensado, descompensado ou complicado. A forma
hepatoesplênica compensada assemelha-se em sua sintomatologia à
forma intestinal ou hepatointestinal. O exame físico revela um aumento
especialmente no lobo esquerdo do fígado, palpável sob a crista
costal, e é duro e com nódulo. O baço também cresce, mas não muito,
o que o diferencia da malária ou da leishmaniose visceral. Na forma
hepatoesplênica descompensada, o paciente apresenta juba, ascite, e
no exame físico a condição geral é muito comprometida, com palidez,
afinamento, abdome globular, bases torácicas alongadas e presença de
circulação colateral.

O estudo patológico revela uma formação reativa hiperplásica ao


redor dos ovos de S. mansoni. Os ovos de S. mansoni são encontrados em
praticamente todos os tecidos e órgãos do corpo humano. Associações
mórbidas comuns com esquistossomose, apresentando concomitância
com Salmonellose e outras enterobactérias do vírus da hepatite B,
mascarando e confundindo o quadro clínico e patológico.

Controle da esquistossomose deve ser abordado sob dois


pontos de vista: controle da transmissão e controle da doença. O
controle da transmissão envolve a redução da infecção humana e do
caracol a esses níveis, o que permite interromper o ciclo evolutivo
e, assim, impedir a transmissão da parasitose. Controle de doenças
significa reduzir a morbidade, principalmente tentando interromper o
aparecimento de formas hepatoesplênica. Para resolver esse objetivo,
a quimioterapia parece ser a primeira opção. Após os tratamentos com
48 Parasitologia

esquistossomicidas, a prevalência da doença diminui significativamente e


o quadro clínico melhora rapidamente, mesmo com involução dos casos
da forma hepatoesplênica inicial. Também foi demonstrado que, apesar
da persistência de reinfecções, o aparecimento de novos casos de forma
hepatoesplênica diminui consideravelmente.

RESUMINDO:

Trematódeos e cestódeos, os Platyhelminthes são


caracterizados por sua aparência achatada ou cilíndrica,
com simetria bilateral, sem cavidade celomática. O
sistema reprodutivo é extremamente complexo, mas
segue um esquema comum: todos os cestóides e quase
todos os trematódeos são hermafroditas. Trematoda
encontra-se seis espécies que causam doença ao homem
Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum,
Schistosoma mekongi e Schistosoma intercalatum) apenas
o Schistosoma mansoni é nativo das Américas, homem é o
principal hospedeiro definitivo e hospedeiro intermediário é
o caramujo, infecção Ascite ou barriga d´agua ocasionada
pelo Schistosoma mansoni, desenvolvendo a doença
esquistossomose.
Parasitologia 49

Infecção pela Fascíola e Ciclo de Vida


INTRODUÇÃO:

Neste capítulo você vai apreender sobre as doenças


parasitárias produzidas por Trematoda, Fascíola hepática,
em cujo ciclo participam como hospedeiros animais
herbívoros definitivos e humanos e, como hospedeiro
intermediário, um pequeno caracol de água doce. Migração
de parasitas no homem e sua localização superior nas vias
biliares determina um quadro clínico caracterizado por um
estado de hipersensibilidade e sintomas hepatobiliares.

Classe Trematoda
A classe Trematoda possui diferentes famílias e espécies que
parasitam humanos, em diferentes regiões do mundo, dependendo
exclusivamente do hábito alimentar das populações. A Fasciola hepática
foi descrita por Lineu em 1758, é um parasita de canais biliares de caprinos,
ovinos, bovinos e suínos e outros mamíferos silvestres. São encontradas
em áreas alagadas, úmidas, locais que ocorre inundação. No Brasil a
incidência da Fasciola hepática foi registrada pela primeira vez em 1918,
em ovinos e bovinos no estado do Rio Grande do Sul, um ano depois
já foi encontrado em outros estados. Quando a ocorrência em animais
é alta, os parasitas podem infectar o homem. Este parasita é conhecido
como baratinha do fígado entre os criadores de animais, Figura 17, fígado
infectado por parasita hepático.
50 Parasitologia

Figura 17 - Fígado de ovelha com vesícula biliar inflamada e ducto biliar infectado por
parasita hepático adultos, Fasciola hepática

Fonte: Wikimedia Commons

O verme adulto tem formato de folha (foliáceo), cor pardo-


acinzentada, ventosa oral com faringe curta, este parasita é hermafrodita,
as fêmeas possuem ovário ramificado e os machos pois dois testículos
ramificados.

Fascíola hepática e fasciolíase


Fasciola hepática é um Trematoda digenético, com aparência de
folha lanceolada, com cone cefálico fino diferenciada, Figura 18. Mede 2 a
3 cm de comprimento e 1 a 1,5 cm de largura e é marrom esbranquiçado;
Parasitologia 51

seu tegumento é constituído por camada citoplasmática contínua, sem


limites celulares, e cujos núcleos estão abaixo da camada músculo
superficial. É coberto por inúmeros espinhos. Possui duas ventosas
musculares, uma peribucal anterior e outra ventral ou acetábulo. É
hermafrodita e seus órgãos sexuais estão na porção central do parasita.
Tem um intestino muito ramificado. O parasita adulto está localizado
nos ductos biliares de ovelhas, gado ou porcos e, acidentalmente, no
homem. Ele se move através de movimentos de replantação e coloca
apenas algumas centenas de ovos marrom amarelado, devido aos quais
possuem pigmentos biliares, e com um opérculo visível em um de seus
polos. Os ovos chegam através da bile para o intestino e de lá para fora
com as fezes do hospedeiro.
Figura 18 - Característica da Fasciola hepática

Fonte: .Wikimedia Commons.

Eles apenas continuam a desenvolver os ovos que caem na água


de bacias hidrográficas ou valas com poucas substâncias orgânicas em
decomposição. Dependendo da temperatura (1 ° e 30 °C), dentro de duas
a três semanas, os ovos dão origem a um primeiro estado miracídio, oval
e coberto de cílios, que medem cerca de 130 a 180 µm, escapando do
ovo através do opérculo. O miracídio nada livremente sendo estimulado
pela luz, para encontrar seu hospedeiro caracol de água doce do gênero
Lymnaea columela e L. viatrix, a larva é atraída pela substancia expelida
pelo caracol, formando um esporocisto, no interior do mesmo.
52 Parasitologia

VOCÊ SABIA?

As cercas são arredondadas com uma cauda longa e fina


não bifurcada. Essas larvas ativamente deixam o caracol
e nadam em direção às plantas que crescem na água,
para aderir em suas folhas, ocorre a perda do rabo. Possui
uma grande vitalidade e constitui a forma infecciosa para
os hospedeiros definitivos, as metacercária contida na
grama ou em alguns vegetais, especialmente o agrião,
são ingeridas pelos animais e homem continua seu
desenvolvimento no trato digestivo, onde seu envelope
se dissolve e forma a larva jovem, este desloca-se até a
parede intestinal, depois de 3 a 15 dias forma a capsula de
Glisson, migrando para penetrar no fígado, posteriormente
atinge a forma adulta, após dois meses da infecção.

A fascíolose é um processo inflamatório crônico do fígado e


dutos biliares, ocorre de duas formas: lesões provocadas pela migração
de formas imaturas no parênquima hepático e lesões nas vias biliares
causada pelo verme adulto. É uma zoonose na qual a forma de infecção
para o homem, são através de larvas derivadas de caramujos, infectados
por ovos expelidos com as fezes de ovinos e bovinos, contaminados.
Transmissão ocorre através da água e verduras contaminadas com a
metacercária (TESSELE, BRUM & BARROS, 2013).
Parasitologia 53

Figura 19 - Ciclo de vida da Fascíola hepática

Fonte: Wikimedia Commons.

Teníase e Cisticercose
Na família da Taeniidae, temos duas espécies de cestódeo que
tem o homem com hospedeiro definitivo e obrigatório, são denominadas
popularmente com solitárias, são a Taenia solium e a Taenia saginata, e
tem os bovinos e suínos como hospedeiro intermediário, onde causam a
cisticercose. Os casos clínicos são ocasionados pelo número e tamanho,
das larvas ou cisticerco (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

A teníase e a cisticercose são causadas pela mesma espécie, porém


em diferente fase. A teníase é causada pela forma adulta da Taenia solium
ou da Taenia saginata, estas habitam o intestino delgado do homem. Já a
cisticercose é causada pela presença de larva nos tecidos ou carne dos
hospedeiros intermediários como suíno e bovino. Em 1786 a 1789 Werner
54 Parasitologia

e Goeze, verificaram que a forma do suíno e homem são iguais, e em 1758,


Linnaeus identifica a Taenia e o gênero Cysticercus foi descrito por Zeder
em 1800.
Figura 20 - Ilustração da Taenia solium (A, C) - Taenia saginata (B,D)

Fonte: Wikimedia Commons

As Taenia são divididas em cabeça ou escólex, colo ou pescoço


e corpo. A cabeça é responsável pela fixação do parasita na mucosa do
intestino delgado, possui quatro ventosas arredondadas, a Taenia solium
têm um rostro armado contendo 25 a 50 acúleos. O colo é a zona de
crescimento de proglotes jovens, suas células estão em constante
reprodução.

O corpo é formado por vários proglotes ou anéis interligados,


podendo atingir três metros na Taenia solium e oito metros na Taenia
saginata, as proglotes são divididas em jovens, velhas e grávidas. Cada
Parasitologia 55

proglotes tem sua forma de nutrição e reprodução individual. O tegumento


é responsável pela nutrição, as proglotes jovens exibem o início da
genitária masculina e são mais curtas, isso permite a fecundação com a
mesma proglotes, pois o órgão feminino aparece mais tarde. A proglotes
mais velha possui os dois órgãos masculino e feminino, apto para
fecundação, já as proglotes grávidas, contem em seu corpo útero cheio
de ovos, maduros e férteis, imaturos e inférteis, Figura 21, característica de
uma Taenia grávida (COURA,2013).
Figura 21 - Característica morfológica da proglote de uma Taenia grávida

Fonte:Wikimedia Commons.

A proglote da T. solium é quadrangular, com útero ramificado por 12


pares de dendrítica, podem armazenar 80 mil ovos, e a T. saginata tem o
formato retangular, 26 ramificações e 160 mil ovos. Taênias possuem ovos
esféricos e medem 30 µm, não tem diferença entre as duas espécies,
embrióforo é a casca de proteção.

Cysticercus cellulosae é a larva da T. solium, constituído de cabeça,


quatro ventosa, rostro, colo e vesícula contendo liquido em seu corpo.
Cysticercus bovis é a larva da T. saginata, diferencia-se apenas na ausência
de rostro.
56 Parasitologia

O ciclo biológico ocorre da seguinte forma o homem libera no meio


ambiente as proglotes grávidas, ou com o rompimento da proglote no
intestino pode liberar os ovos para o meio externo. Os ovos inseridos no
solo o hospedeiro intermediário: suíno para T. solium e bovino para T.
saginata, se alimentam e ingerem os ovos que no estômago a casca sofre
ação da pepsina, e no intestino os sais biliares, atuam para ativação, estas
penetram no intestino, posteriormente chegam a corrente circulatória e
por vias sanguíneas chegam a todos os tecidos e órgãos.

Os cisticercos se desenvolvem nos tecidos da pele, musculo


esquelético e do coração, olhos e cérebro e também músculos com
maior movimento como língua, coração e cérebro. A transmissão para o
homem ocorre devido a ingestão de carne crua ou malcozida de suíno ou
boi infectados.

Quando o cisticerco é ingerido este sofre ação do suco gástrico, e


fixa-se com o auxílio da cabeça na mucosa do intestino delgado, onde
obtém nutrição até forma em uma tênia adulta, após três meses ocorre a
liberação das proglotes grávidas, para iniciar um novo ciclo.
Figura 22 - Ilustração do ciclo biológico da T. solium e T. saginata

Fonte: Wikimedia Commons


Parasitologia 57

A infecção ocasionada pela tênia, pode provocar alergia através


de substâncias excretadas, hemorragia, destruição do epitélio e
inflamações, a competição entre o parasita e o hospedeiro por alimento,
gera consequências para a saúde do hospedeiro, como tontura, astenia,
aumento do apetite, náuseas, dores abdominais, vômitos e perda de
peso, devido a infecção. Porém, a cisticercose que causa lesões graves,
isso depende da localização e do número de parasitas, o cisticerco pode
se instalar na medula espinhal e no cérebro, após a infecção e o mesmo
estiver maduro, este morre e desenvolve inflamação e calcificação do
mesmo, o paciente que tiver o cisticerco na cabeça, pode ter dor de
cabeça, vômitos, confusões metais, alucinações, delírios e hipertensão
intracraniana podendo afetar a visão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010b).

Quando a cisticerco instala-se no coração pode levar a batimentos


irregulares, cisticercose ocular pode ocorrer o deslocamento da retina
ou perfuração desta, podendo levar a perda total ou parcial da visão, os
cisticercos ao se instalar no musculo esquelético ocorre fadiga e caibras,
com muita dor.

Características epidemiológicas: as tênias são encontradas em toda


parte do mundo, principalmente em populações que tem o hábito de
comer carne crua ou malpassada, em locais onde não se sabe a origem
e as condições de higiene das mesmas. A América Latina é considerada
uma área de prevalência elevada de neurocisticercose, em 18 países
latino-americanos, com uma estimativa de 350.000 pacientes. A situação
da cisticercose suína nas Américas não está bem documentada. O
abate clandestino de suínos, sem inspeção e controle sanitário, é muito
elevado na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a causa
fundamental da falta de notificação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010b).

Na Ásia, os cães são o meio de transmissão, pois a população tem


o hábito do consumo da carne dos mesmos, na Inglaterra as gaivotas
disseminam ovo de tênia levando a uma epidemia de cisticercose bovina.

No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada,


principal mente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia
e neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos. Nas regiões
norte e nordeste, a baixa ocorrência é devido a não notificação dos casos,
58 Parasitologia

o Ministério da Saúde registrou um total de 937 óbitos por cisticercose no


período de 1980 a 1989. Há falta de dados recentes sobre a incidência da
doença em animais.

A aplicação prática dos princípios básicos de higiene pessoal e o


conhecimento dos principais meios de contaminação, inspeção sanitária
da carne, fiscalização de produtos de origem vegetal, cuidados na
suinocultura, criar suínos em local adequado, desinfecção concorrente,
identificar hospedeiros com liberação de ovos ou proglotes grávidas da
teníase/cisticercose, realizar tratamento para os indivíduos próximos.

Echinococcus granulosus e hidatidose


O Echinococcus granulosus é um helminto pertencente ao filo
Platyhelminthes, a classe Cestoda, a ordem Cyclophyllidea e a Família
Taeniidae, é o agente da infecção hidatidose é uma infecção muito
antiga, porém apenas em 1780 foi identificado vesículas cheias de água
em humanos e animais como carneiros, no Brasil o primeiro registro da
doença foi no século XX, no estado do Rio Grande do Sul.

Este cestóide é uma das menores espécies de tenídeos conhecidas.


O escólex é subglobuloso e apresenta um rostro com dupla coroa de
acúleos grandes e pequenos, seu corpo abriga três a quatro proglotes
(ALMEIDA, SPIGOLON & NEGRÃO, 2008).

O ciclo biológico é tipo heteroxeno, os ovos contaminam o meio


externo, quando ingerido ocorre a formação de larva (cisto hidático),
no tecido do hospedeiro intermediário (ovino) ou acidental (homem) se
contamina ao ingerir os ovos liberados no ambiente pelo cão (hospedeiro
definitivo, elimina nas fezes os proglotes contendo ovos), no cão ocorre
a contaminação pela ingestão das vísceras do hospedeiro intermediário,
como os ovinos. No hospedeiro intermediário incluído o homem, os ovos
se rompem no intestino e liberam a larva, que perfura a mucosa e atinge
a circulação sanguínea, chegando ao fígado. Em 70% dos casos, forma
um cisto nesse local, mas pode invadir o tecido pulmonar ou ainda outros
órgãos como cérebro e rins. O ciclo no homem termina com a formação
do cisto hidático no fígado ou pulmão e não há eliminação de formas de
contágio.
Parasitologia 59

No homem, a transmissão ocorre através da ingestão de ovos


eliminados pelos cães infectados, as crianças o contágio corre pelo contato
com os cães, pois estes quando infectados, apresentam o pelo cheio de
ovos. Na fase larval a contaminação dos hospedeiros intermediários se dá
através da ingestão de ovos liberados com as fezes dos cães junto com
seus alimentos.
Figura 23 - Ciclo biológico do Echinococcus granulosus

Fonte:Wikimedia Commons

Na maioria dos casos a doença hidatose no homem evolui em modo


silencioso, assim o individuo pode ter o cisto durante do a vida sem saber.
O contágio ocorre no período da infância e a infecção por ser silenciosa,
só vai ocorrer a manifestação na idade adulta.
60 Parasitologia

VOCÊ SABIA?

Geralmente, os parasitas atingem o pulmão pela corrente


sanguínea, outras vezes entram no sistema respiratório por
via linfática. Os parasitas podem ficar temporariamente no
pulmão ou penetrá-lo, causando sintomas de intensidade
variável que simulam outras doenças, testando a
capacidade do médico e forçando-o a indicar diferentes
testes para chegar ao diagnóstico.

Embora o E. granulosus tenha sido encontrado em vários carnívoros


silvestres na América do Sul, o cão é o principal responsável pela
disseminação da infecção hidática para os demais animais domésticos e
para o homem, a ocorre da doença está diretamente ligada a epidemia de
cães na região. No Brasil, o Rio Grande do Sul é o estado que apresenta
as maiores taxas da infecção hidática, um total de 470 casos de hidatidose
cística foram reportados no período de doze anos (1973-1984) neste
estado.

A hidatidose é considerada uma doença rural, mas pode ocorre em


áreas urbanas, devido à migração de cães infectados por E. granulosus
oriundos de áreas endêmicas. Seu método de prevenção é o cozimento
das vísceras de ovinos antes de dar para os cães, tratamento dos cães
infectado com vermífugo.

Hymenolepis nana e Himenolepíase


A Hymenolepis nana ou popularmente conhecida como tênia-
anã é considerada a menor tênia que transmite infecção ao homem, são
encontradas no intestino de ratos e camundongo em diferentes regiões
do mundo, estudos relatam que a mesma espécie parasita tanto homem
como ratos, por isso é também conhecida como tênia dos ratos.

O parasita adulto mede em torno de 3 a 5 cm, contendo de 100 a 200


ovos em sua proglote, possuem genitália masculina e feminina, a cabeça
é composta de quatro ventosa é um rostro contendo ganchos, os ovos
são transparentes e incolor, esféricos, com duas membrana envolvendo a
oncosfera, o ovo é denominado de chapéu de mexicano.
Parasitologia 61

Figura 24 - Ovo de Hymenolepis nana

Fonte: .Wikimedia Commons

O verme adulto é encontrado no intestino delgado do homem, tem


com hospedeiro intermediário pulgas e carunchos de cereais.

A H. nana possui dois ciclos biológicos monoxênico um único


hospedeiro intermediário e heteroxênico em que usa hospedeiros
intermediários com a pulga e carunchos da farinha. No monoxênico: os ovos
são eliminados pelas fezes, estes passam pelo suco gástrico e chegam
ao intestino delgado onde no jejuno e íleo, se instalam e formam a larva
cisticercóide, posteriormente na mucosa intestinal, ocorre o crescimento
para larva adulta, estas têm vida curta morrem e são eliminadas.

Ciclo heteroxênico: os ovos presentes no meio externo são ingeridos


pelas pulgas ou carunchos, e iniciam seu ciclo no intestino destes
hospedeiros, e por modo acidental, ingeridos juntamente com alimentos
e mãos sujas, podem infectar os humanos, por esse motivo esta infecção
é mais frequente em crianças do que adultos.
62 Parasitologia

Figura 25 - Ciclo biológico Hymenolepis nana

Fonte:Wikimedia Commons

As manifestações clínicas são atribuídas as crianças como agitação,


insônia, irritabilidade, diarréia, dor abdominal e convulsão e alguns outros
sintomas.
Parasitologia 63

RESUMINDO:

A Fasciola hepática foi descrita por Lineu em 1758, é um


parasita de canais biliares de caprinos, ovinos, bovinos e
suínos e outros mamíferos silvestres. O verme adulto tem
formato de folha (foliáceo), cor pardo-acinzentada, ventosa
oral com faringe curta, este parasita é hermafrodita, as
fêmeas possuem ovário ramificado e os machos pois
dois testículos ramificados. A fasciolose é um processo
inflamatório crônico do fígado e dutos biliares, ocorre
de duas formas: lesões provocadas pela migração de
formas imaturas no parênquima hepático e lesões nas
vias biliares causada pelo verme adulto, a família da
Taeniidae, temos duas espécies de cestódeo que tem
o homem com hospedeiro definitivo e obrigatório, são
a Taenia solium e a Taenia saginata. A teníase é causada
pela forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata,
estas habitam o intestino delgado do homem. Já a
cisticercose é causada pela presença de larva nos tecidos
ou carne dos hospedeiros intermediários como suíno e
bovino. Echinococcus granulosus, é o agente da infecção
hidatidose, têm o cão como meio de transmissão dos ovos
pelas fezes e pelo. Hymenolepis nana, é considerada a
menor tênia que transmite infecção ao homem, o homem
obtém a infecção através de ovos da tênia, transmitido
pelas pulgas e carunchos da farinha.
64 Parasitologia

REFERÊNCIAS
ATIAS, A. Parasitologia medica. Chile,1998.

ALMEIDA, F., Spigolon, Z., Negrão, A., J. Echinococcus granulosus.


Revista Científica eletrônica de Medicina Veterinária, 11, 2008. Disponível
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Parasitologia

Edinéia Bonin

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