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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: MICROBIOLOGIA VETERINÁRIA

ANA ISABELLA DA SILVA RIBEIRO

PAPILOMAVÍRUS - PAPILOMATOSE EM BOVINOS

Patos – PB, 2018


1 INTRODUÇÃO

A papilomatose bovina é uma doença infectocontagiosa cosmopolita


frequente que pode acometer diferentes espécies de aves e mamíferos. Conhecida
também como Figueira, Verruga, Verrucose, Fibropapilomatose e Epidelioma
contagioso.
Segundo Silva, 2004 é causada por um vírus de predileção fibroepitelial,
apresentando-se na pele do animal e nas mucosas na forma de projeções
digitiformes. O vírus pertence à família Papillomaviridae, gênero Papillomavirus,
espécie Bovine papillomavirus – BPV.
No início do século XX, o primeiro registro do vírus foi de natureza infecciosa
das verrugas segundo o pesquisador G. Ciuffo que inoculou o vírus em sua mão e
produziu verrugas.
É uma enfermidade que causa danos à saúde do animal e conduzem a
queda da produção leiteira, desvalorização dos animais a serem comercializados e
depreciação do couro (CAMPO, 2002).

2 AGENTE ETIOLÓGICO

O vírus pertence à família Papillomaviridae, gênero Papillomavirus, sendo o


agente etiológico viral causador dessa patologia. Possui 6 tipos diferentes dos vírus
que podem acometer os bovinos e causar a Papilomatose Cutânea Bovina – BPV,
apresentando-se em regiões específicas e características com particularidades
morfológicas. Ainda são divididos em dois grupos: A – tipos 1,2 e 5, originando
fibropapilomas e o B – tipos 3,4 e 6, que originam papilomas epiteliais.
Segundo Cotran, 2000 a papilomatose pode ser definida como hiperplasia do
epitélio de revestimento, com alongamento ou alargamento das cristas
interpapilares que se estendem acima da mucosa de superfície. Algumas espécies
do gênero Papillomavirus são possíveis de transformar células e causar câncer
(TORTORA, 2012).

3 CLASSIFICAÇÃO

A classificação é baseada na proteína L1 do capsídeo e na sequência de


nucleotídeos que a codifica. Então, para bovinos, são definidos 6 tipos de
Papilomavírus bovino. O tipo 1 acomete no teto e pênis com fibropapilomas, o tipo 2
é o fribopapiloma cutâneo na cabeça e pescoço, tipo 3 é o papiloma cutâneo
epitelial, o tipo 4 são papilomas na mucosa do trato digestivo, o tipo 5 são
fibropapilomas no teto e úbere e o tipo 6 é o papiloma epitelial nos tetos (MELO,
1996).
Ainda podem ser classificados de acordo com o tropismo tecidual e quanto ao
carácter histológico das lesões: grupo I – BPV 3 e 6, induz uma neoplasia cutânea;
grupo II – BPV 4, induz hiperplasia do epitélio escamoso não estratificado e o grupo
III – BPV 1,2 e 5, induz um fibropapiloma cutâneo (MURPHY et al., 1999).
4 CARACTERIZAÇÃO

O vírus possui simetria icosaédrica, com 72 capsômeros, sendo formado por


DNA fita dupla e genoma circular. São pequenos com 55 nm, não apresentam
envelope e essa ausência permite sua maior resistência no ambiente. Outra
característica é relacionada a termo- estabilidade do vírus, possui resistência ao pH
ácido, éter e a solventes lipídicos.
Segundo Mayr e Guerreiro, 1988 o vírus conserva-se ativo por 90 dias a 4º C
e por 180 dias à temperatura de - 70ºC. Ainda pode ser mantido ativo se em
glicerina 50% ou liofilizado.

5 PATOGENIA

A replicação viral acontece nas células basais do estrato germinativo que


estão em divisão ocasionando uma acantose e hiperqueratose. O Papilomavírus
leva a uma hiperplasia gerando um aumento da divisão das células basais e um
retardo na maturação das células da camada espinhosa e granulosa.

6 PATOLOGIA

A presença de tumores é múltiplos e com coloração branco ou cinza;


inicialmente são achatados ou lisos, e logo após são negros-acinzentados,
elevados, pedunculados e com superfície queratinizada e podem apresentar odor
putrefeito (CORREA, 1992).
Podem apresentar um aspecto de uma massa grosseira semelhante a uma
couve-flor, variando nas dimensões e na forma irregular, são firmes e dura. Também
há a forma plana, pouco elevada, com hiperqueratose e menor exuberância do
tecido conjuntivo.

7 TRANSMISSÃO

Acomete animais mais debilitados e com queda de imunidade. A transmissão


acontece de forma natural por contato direto ou indireto através de cercas, troncos
ou por injeções com agulhas hipodérmicas contaminadas (MAYR e GUERREIRO,
1988).
Outros meios de transmissão são por utensílios utilizados em castração,
palpação retal e vacinação do gado. O cocho também é pode transmitir para
animais de barbela maior. Através da monta natural, o vírus pode ser adquirido
sexualmente, quando os animais apresentam verrugas genitais (MURPHY et al.,
1999).
A contribuição mais forte para disseminar a doença tem sido o trânsito
intenso de animais entre as diferentes regiões do país.
8 SINAIS CLÍNICOS

Na região cutânea e oral de bovinos, apresenta-se papilomas de um


milímetro a vários centímetros de diâmetro, podendo estar aderido a pele ou
pendurados, parcialmente. A coloração pode variar de tonalidade rosada, cinza
claro ou escuro (DASSIE, 2002).
Já na forma peniana, os fibropapilomas são um sério problema no pênis de
jovens touros, dificultando a monta natural e consequentemente a reprodução. Na
vagina, detecta através do exame semiológico por palpação ou inspeção visual.
Os fribropapilomas interdigitais ainda podem causar claudicação grave,
fazendo com que o animal permaneça em decúbito ventral por um longo tempo.

9 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser de forma simples se a expressão clínica da doença


for apenas por olho nu observando os papilomas no corpo do animal. É
indispensável a realização da biopsia, caso venha ser um tumor maligno.
Entre os testes mais utilizados e importantes confirmatórios para o
diagnóstico da BPV, destacam-se a citopatologia, histopatologia e a microscopia
eletrônica. Também a imunocitoquímica e os testes de detecção do ácido nucléico
viral (MURPHY et al.,1999).

10 TRATAMENTO

De acordo com o caso, recomenda-se a remoção cirúrgica do papiloma,


assim como eletrocirurgia, crioterapia com nitrogênio líquido, administração de
fármacos antivirais e homeopáticos, autohematerapia, aplicação de vacina autógena
e sessões de quimioterapia sistêmica e intralesional (FERNANDES et al., 2009).

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se nesse breve resumo, que a Papilomatose Cutânea Bovina é uma


doença viral que pode apresenta-se em 6 tipos. Não há predileção por idade, raça e
sexo, mas uma vez infectados e queda na imunidade ocorre a reincidência dos
papilomas. Também responsável por perdas econômicas significativas na pecuária
bovina. É uma doença de baixa morbidade, benigna, com grandes chances de
regressão espontânea.
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MONTEIRO; V.L et al. Descrição clínica e histopatológica da papilomatose


cutânea bovina. Ciência Animal Brasileira, v.9, p. 1079-1088, out/dez. 2008.
Recife,PE.

MELO. C.B. Papilomatose bovina. Escola veterinária da UFMG; setembro/1996.

Tortora, Gerard J. Microbiologia [recurso eletrônico] / Gerard J. Tortora, Berdell R.


Funke,Christine L. Case; tradução: Aristóbolo Mendes da Silva ... [et al.]; revisão
técnica: Flávio Guimarães da Fonseca. – 10. ed. – Dados eletrônicos. – Porto
Alegre: Artmed, 2012.
MARINS, Rachel S.Q.S., Epidemiologia da papilomatose cutânea bovina e
avaliação da eficácia de diferentes tratamentos em micro-regiões dos Estados
do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, 2004.

SANTIN, A.P.I; BRITO, L.A.B. Caracterização anatomapatológica da


papilomatose cutânea em bovinos leiteiros. Revista Brasileira de Ciência
Veterinária, v.10, n.3, p.161-165, set/dez. 2003. Goiânia, GO.

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