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silvestre

Clamidiose aviária
em calopsitas (Nymphicus
hollandicus) - relato de caso
Avian chlamydiosis in cockatiels (Nymphicus hollandicus) - Case report
› Raphael de Oliveira Mendonça, Erica Couto,
Marcelo Pires Nogueira de Carvalho

A
clamidiose é uma das principais
zoonoses transmitidas pelas
aves e é causada pela bactéria
intracelular obrigatória Chla-
mydophila psittaci. Em humanos é deno-
minada psitacose, ornitose ou febre dos
papagaios e acomete principalmente pro-
prietários de aves de estimação e profissio-
nais que mantém contato direto com os ani-
mais doentes. A transmissão entre as aves
e humanos acontece predominantemente
por via aerógena e em menor escala pela
digestória, o que é otimizado pelo contato
próximo e contínuo com os animais. Este
artigo relata a infecção por Chlamydophila
psittaci em quatro calopsitas (Nymphicus
hollandicus), diagnosticada pela PCR. Os
animais foram tratados com sucesso com
auxilio de azitromicina. O caso foi devida-
mente notificado ao Centro de Vigilância
Epidemiológica de São Paulo.
Figura 1. Exemplar de calopsitas (Nymphicus hollandicus)
Abstract
Chlamydiosis is one of the main zoonoses as aves podem ser fontes de infecção para al. (2010), constatou-se que 75% (92/123)
transmitted by birds and it is caused by the várias zoonoses9. dentre as aves atendidas sob suspeita de cla-
intracellular bacterium Chlamydophila psit- A Clamidiose Aviária é uma zoonose midiose ou que apresentaram-se positivas
taci. In humans it is called psittacosis, orni- causada pela bactéria Chlamydophila psit- para os testes de detecção de Chlamydophi-
thosis or parrot fever, and occurs especially taci, sendo chamada de psitacose4, ornitose la psittaci através de PCR, eram calopsitas
among pet bird owners and professionals e febre dos papagaios em humanos18. Já foi (Nymphicus hollandicus)20.
in direct contact with birds. Transmission diagnosticada em 465 espécies aviárias de
from birds to humans is primarily airborne 30 ordens diferentes, sendo pelo menos 153 Etiologia
and, on a smaller scale, by digestive route; da ordem Psitaciforme27. Além das aves, A Clamidiose Aviária resulta da infecção
close and continuous contact with birds a doença acomete mamíferos e repteis e pela Chlamydophila psittaci, uma bactéria
increases transmission probability. This representa uma das principais zoonoses de intracelular obrigatória, gram negativa,
article reports the Chlamydophila psittaci origem aviária, tendo grande importância pertencente a família Chlamydiaceae4.
infection in four Cockatiels (Nymphicus em saúde pública2, 10. Apresenta ciclo de desenvolvimento bifá-
hollandicus), diagnosed through a PCR Algumas aves apresentam a bactéria de sico com duas formas morfológicas e fun-
test. The animals have been successfully forma assintomática podendo eliminá-la de cionalmente distintas: o corpo elementar e
treated with Azithromycin, and the case has maneira intermitente por longos períodos4. o corpo reticular8.
been duly reported to the Epidemiological Nestes casos, a doença pode ser desenca- É sensível a desinfetantes comuns, como
Surveillance Center of Sao Paulo. deada por fatores estressantes, geralmente o etanol a 70% e compostos de amônia qua-
associados ao manejo inadequado como ternária, além do calor e radiação solar21.
Introdução má nutrição e excesso populacional6,18. É Antes da reclassificação em 1999, o
As calopsitas (Nymphicus hollandicus) (Fi- muito comum em filhotes de psitacídeos gênero Chlamydia era dividido em ape-
gura 1) se destacam no comércio “pet” em traficados, sujeitos a estresse contínuo nas quatro espécies: C. trachomatis, C.
decorrência de sua beleza, canto e docili- resultando em de imunidade8. pecorum, C. pneumoniae e C. psittaci. Em
dade. Porém, apesar do convívio agradável, Em um estudo realizado por Proença et. 1999, Everett et. al. propôs uma nova

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Fotos: Erica Couto


Figura 2. Presença de caseo em conjuntiva

classificação e a família Chlamydiaceae foi humanos ocorre predominantemente atra- Sinais clínicos em aves
então dividida em dois gêneros, Chlamydia vés da inalação de aerossóis contaminados Os sinais clínicos podem variar conforme o
e Chlamydophila, que abrangem nove espé- provenientes de secreções respiratórias estado imunológico, a espécie hospedeira,
cies diferentes. A espécie Chlamydophila e oculares e da suspensão de partículas a patogenicidade do microrganismo, o grau
psittaci, inclui seis sorovares de origem presentes nas fezes secas de animais do- de exposição ao agente, a via de infecção e a
aviária designados pelas letras A a F, e dois entes ou portadores assintomáticos3. Além presença de doenças concomitantes7.
sorovares isolados de mamíferos (WC e disto, o contato próximo e contínuo como De acordo com a evolução dos sinais
M56)1, 5, 28, 29. o contato direto boca e bico e a falta de clínicos a doença é classificada nas formas
Variedades que causam doença grave cuidados higiênicos adequados no manejo superaguda, aguda, crônica e inaparente2.
em uma espécie aviária podem ser pouco de criações ou de carcaças pode predispor O período de incubação varia de alguns
virulentas ou assintomáticas em outras. Os ao estabelecimento da infecção10, 19. dias a várias semanas, podendo estender-se
seres humanos podem ser infectados por As aves pertencentes às ordens Psitaci- por anos no caso dos portadores inapa-
qualquer uma delas4. fomes, Columbiformes e os perus são con- rentes22. A forma superaguda acontece
sideradas as principais fontes de infecção principalmente em animais jovens, com
Transmissão para o homem22. Calopsitas (Nymphicus óbito em poucas horas e ausência de sinais
A transmissão da Chlamydophila psittaci hollandicus) frequentemente são portadoras clínicos2. Na forma aguda, comumente
entre as aves ocorre principalmente de de Chlamydophila psittaci, podendo excre- verificada em psitacídeos, as manifesta-
forma horizontal através da via aeróge- tar a bactéria por longos períodos após a ções clínicas são inespecíficas, podendo
na4, 11,18, embora possa se dar também infecção ativa21. se observar apatia, sonolência, anorexia,
por transmissão vertical. Infecções neo- Além disto, a transmissão não se limita asas pendentes, desidratação, blefarite,
natais são comuns uma vez que os pais ao contato direto com aves infectadas e conjuntivite (Figura 2) e corrimento nasal.
regurgitam alimento na boca dos filhotes pode estar associada a atividades executa- Também ocorrem rinite, sinusite, dispnéia,
transferindo células infectadas do epitélio das ao ar livre e em ambientes rurais, como diarreia amarelo-esverdeada (Figura 3),
do inglúvio22. jardinagem ou poda de árvores9. Neste poliúria, infertilidade, morte embrionária
Em humanos, as infecções ocorrem sentido, pombos infectados em hábitats e alterações neurológicas. Na forma crônica
principalmente em proprietários de aves, urbanos apresentam grande potencial os sinais são discretos, caracterizados por
funcionários de pet shops, criadores, tra- zoonótico13,16, 30. emagrecimento progressivo, conjuntivite e
tadores, veterinários, biólogos e trabalha- A transmissão da psitacose entre hu- discretas alterações respiratórias.
dores da indústria aviária19. A transmissão manos é possível, mas acredita-se ser um Na forma inaparente, a mais comum
de Chlamydophila psittaci de aves para episódio raro12. em aves adultas submetidas a sorotipos

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por Chlamydophila psittaci é obtido pela

Foto: Erica Couto


identificação e/ou isolamento do microor-
ganismo9, através da detecção de antígeno
por imunofluorescência ou por ELISA, e
o DNA pode ser identificado pelo teste de
reação em cadeia da polimerase – PCR4, 23.
O isolamento através de cultura celular,
considerado método de referência, é feito
apenas em laboratórios especializados e
com biossegurança nível 3, devido a natu-
reza zoonótica do agente3, 4, 6, 18, 22.
O diagnóstico sorológico para detecção
de anticorpos é um procedimento auxiliar
aos testes de detecção de Chlamydophila
psittaci, sendo recomendado associar ao
histórico, sinais clínicos e exames comple-
mentares. Os principais testes sorológicos
para Clamidiose Aviária incluem o teste
de aglutinação dos corpos elementares,
teste da imunofluorescência indireta e
teste de fixação do complemento direto e
modificado18.
A detecção do DNA, através de PCR é
atualmente o único teste disponível comer-
cialmente no Brasil. Porém, a eliminação
intermitente do microorganismo pode
prejudicar o emprego de métodos de de-
tecção do agente, favorecendo a ocorrência
de falsos-negativos20. Amostras de fezes,
swabes de cloaca ou de orofaringe são as
mais utilizadas sugerindo-se a colheita de
material durante dois ou três dias conse-
Figura 3. Diarreia esverdeada
cutivos21.
Em humanos, pneumonia confirmada
de baixa virulência, não se observam si- Eventualmente a Chlamydophila psittaci radiologicamente é encontrada em até 80%
nais clínicos. Nessa condição as aves se pode afetar outros sistemas além do trato dos casos, não existindo características
tornam portadoras, podendo eliminar o respiratório, resultando em endocardite, radiológicas que permitam diferenciar a
agente de forma intermitente por vários miocardite, hepatite, artrite, encefalite e pneumonia por clamidiose da pneumonia
meses e, ainda, apresentar alterações ines- ceratoconjuntivite. Doença grave com in- por outras causas17.
pecíficas como perda de peso, deficiência suficiência respiratória, trombocitopenia e
no empenamento e infecções bacterianas hepatite também foram relatados18. Tratamento
oportunistas9, 22. Além disso, a infecção por Chlamydo- O tratamento de escolha para clamidiose
phila psittaci é muitas vezes complicada aviária consiste do uso de tetraciclinas23,
Sinais clínicos por infecções bacterianas secundárias. O sendo que atualmente a doxiciclina é o
em humanos desenvolvimento da doença depende da fármaco de eleição3, 9, 17, 18, 19, 21, 24. Estes an-
A doença no homem varia de sinais seme- cepa de Chlamydophila psittaci, tratamento tibióticos são bacteriostáticos, presumindo-
lhantes aos da gripe para uma doença sistê- precoce com antibióticos, idade e estado se que atuem apenas durante a fase de
mica grave com possível desenvolvimento imunológico do paciente. É mais grave replicação da bactéria, portanto, protocolos
de pneumonia, embora seja raramente fatal em idosos, jovens, imunossuprimidos e longos (30 a 45 dias) de tratamento são
em pacientes diagnosticados precocemente mulheres grávidas23. necessários. Para a maioria das espécies a
e tratados de maneira correta. Os sinais dose recomendada é de 25-50mg/kg, pela
mais comuns são febre, dor de cabeça, Diagnóstico via oral a cada 24 horas21.
calafrios, mal-estar, dores musculares, O diagnóstico da Clamidiose Aviária é Proença, et. al. (2010) comparou o uso
tosse seca com ou sem sinais de compro- considerado difícil, principalmente na de Azitromicina na dose de 40mg/kg por
metimento respiratório, diarréias, náuseas ausência de sinais clínicos24, não sendo via oral, durante 21 dias em intervalos de
e vômitos9, 17, 18, 24. adequado utilizar apenas um tipo de teste, 24 e 48 horas, concluindo que em ambos
O período de incubação varia de 5 a 14 especialmente quando uma única ave é os casos houve remissão eficaz dos sinais
dias, mas períodos mais longos têm sido avaliada4, 18. clínicos.
relatados. Antes da utilização de agentes O aumento na contagem de leucócitos, O mesmo autor ressalta que o uso de
antimicrobianos, 15% a 20% das pessoas exames radiográficos mostrando aumento doxiciclina diretamente na boca do animal
com infecção por Chlamydophila psittaci de fígado e baço, assim como alterações pode apresentar reações medicamentosas
morriam, porém a letalidade foi extre- em sacos aéreos sugerem infecção por indesejáveis como regurgitação, dispnéia
mamente reduzida desde o advento dos Chlamydophila psittaci14. e cianose.
antibióticos18. O diagnóstico definitivo da infecção A enrofloxacina pode ser usada na

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dose de 5 a 15 mg/kg VO por 30 a 45 dias sexo indeterminado (ave 4), adquiridos de exame de PCR os quais tiveram como
como alternativa aos demais tratamen- em uma loja de animais, sem que se ob- resultado negativo, assim sendo liberados
tos25. SOUSA, F.T. (2007), em seu estudo, servasse qualquer protocolo de medicina as aves do tratamento.
utilizou o protocolo de tratamento à base preventiva.
de enrofloxacina 15mg/kg VO, a cada 24 Em curto período após a chegada os Discussão
horas, durante 45 dias. Após o tratamento novos animais apresentaram apatia e ano- As aves são mantidas há muitos anos em
o autor constatou que houve remissão rexia. Após três dias do início destes sinais cativeiro como animais de estimação, mas
total dos sinais clínicos, além de resultado foram encaminhados ao veterinário onde recentemente nota-se uma importante
negativo em novo exame de PCR. observou-se emaciação, a ave 3 com 44g mudança no comportamento dos proprie-
É fundamental ressaltar que nenhum e a ave 4 com 57g, e fezes sem forma com tários que procuram maior intimidade e
protocolo garante a cura da Clamidiose presença de sangue. Não havia sinais res- proximidade com tais animais. Obviamen-
Aviária22, 25. Da mesma forma, a terapia de piratórios e não foram realizados exames te, este fato pode favorecer a transmissão
suporte é de extrema importância; aqueci- complementares. Neste período as aves interespecífica de patógenos, notadamente
1 e 2 mantinham-se sem qualquer sinal daqueles que tem transmissão por via
clínico sugestivo de doença. Solicitou-se aerógena ou digestória como no caso da
um exame de PCR (Polymerase Chain Chlamydophila psittaci.
Reaction) para Chlamydophila psittaci em Alguns fatores peculiares da história
amostra de fezes do grupo de animais, cujo natural da clamidiose, como a transmis-
A educação dos resultado foi negativo. são vertical e horizontal4, 11,18, a presença
proprietários Posteriormente, após sete dias do
contato inicial, a ave 1 apresentou a con-
de portadores, a eliminação esporádica,
a relativa resistência aos antibióticos
associada a medidas juntiva do olho direito eritematosa, com usualmente utilizados na clínica médica
presença de secreção e lacrimejamento, ca- e a possibilidade de desenvolver quadros
de higiene pessoal, racterizando uma conjuntivite. Em virtude graves, especialmente em pessoas imuno-
isolamento e dos sinais e do histórico foi realizada nova
colheita de fezes para realização de PCR
comprometidas, tornam esta uma das mais
importantes zoonoses aviárias.
tratamento de para detecção de Chlamydophila psittaci. É importante considerar que estes ani-
aves infectadas, Enquanto isso, a ave 2 mantinha-se sem
qualquer alteração clínica perceptível. Por
mais podem eliminar patógenos mesmo
quando não apresentam sinais clínicos e
quarentena para outro lado, as aves 3 e 4 mostravam-se
emaciados, com fezes amolecidas com
assim transmitir para os seres humanos
com os quais mantém contato próximo.
animais recém- presença de sangue. Na ave 3 houve ain- Provavelmente, conforme apontam
adquiridos e manejo da estase de inglúvio enquanto na ave 4
houve presença de placas esbranquiçadas e
diversos autores, a educação dos pro-
prietários associada a medidas de higiene
sanitário são odor de azedo em cavidade oral, sugerindo pessoal, isolamento e tratamento de aves
candidíase. Este último veio a óbito após infectadas, quarentena para animais
fundamentais para 24 horas. Proprietário não autorizou o recém-adquiridos e manejo sanitário são
evitar a disseminação exame necroscópico.
A seguir foram instituídos os seguintes
fundamentais para evitar a disseminação
do agente. Cabe ao médico veterinário
do agente tratamentos: informar as condições que favorecem a
■ Ave 1: colírio a base de dicloflenaco transmissão e instruir a adoção de medidas
sódico – Via tópica no olho direito, três simples como evitar contato íntimo do
vezes ao dia por 5 dias e colírio a base de tipo boca-bico e criar o hábito de lavar
tobramicina – Via tópica bilateral, duas as mãos após higienização da gaiola ou
vezes ao dia, por 7 dias. contato direto com a ave.
mento, fluidoterapia, manejo nutricional ■ Ave 3: tratamento suporte (fluido- De acordo com a portaria Nº104 de 25
adequado e tratamento de complicações se- terapia com solução fisiológica, SC, dose de Janeiro de 2011, anexo II, artigo III,
cundárias bem como o combate ao estresse única, 1mL), metoclopramida (0,5mg/ do Ministério da Saúde, é de notificação
aumentam significativamente a possibilida- kg, IM, duas vezes ao dia, por 4 dias) e compulsória imediata toda doença, morte
de de sobrevida dos indivíduos25. nistatina (300.000UI/kg, duas vezes ao ou evidência de animais com agente etio-
dia, por 21 dias). lógico que podem acarretar a ocorrência
Relato de Caso No retorno, após 8 dias, ave 1 não de doenças em humanos15. Dessa forma,
Em uma residência eram mantidos como apresentava mais o quadro de conjunti- considerando o potencial zoonótico da
animais de estimação duas calopsitas vite, embora manifestasse perda de peso Chlamydophila psittaci, os casos de cla-
(Nymphicus hollandicus), um macho (ave considerável (85g). A ave 2 manteve-se midiose aviária devem obrigatoriamente
1) e uma fêmea (ave 2) com três e seis me- assintomática e a ave 3 mostrou melhora no ser notificados.
ses de idade respectivamente. Os animais quadro geral, inclusive com um importante O caso descrito é bastante interessante,
estavam com os proprietários desde os ganho de peso (67g). uma vez que ilustra diversos aspectos re-
dois meses de vida e submetidas a consulta Os exames de PCR confirmaram a lacionados a transmissão e a necessidade
de rotina não apresentaram qualquer sinal presença de Chlamydophila psittaci nas de adoção de medidas de controle sani-
de agravo à saúde. Cinquenta dias após amostras e o tratamento estabelecido, para tário. Dentre estes pontos destacam-se a
esta avaliação clínica foram introduzidos as três aves, foi Azitromicina 40mg/kg, aquisição de animais sem procedência e a
dois filhotes com trinta e três dias de VO, SID, durante 45 dias. Após os 45 dias introdução dos mesmos sem que se obser-
vida, sendo um macho (ave 3) e outro de de tratamento, foi realizado nova coleta vasse qualquer protocolo de quarentena,

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bem como o fato do primeiro exame para 6. FUDGE, A. M. Avian Chlamydiosis. In: ROS- psittaci em aves de companhia no Distrito Federal.
detecção da Chlamydophila psittaci ter SKOPF, W. J.; WOERPEL, R. W. Diseases of cage Anais do XIII Congresso ABRAVAS, Campos do
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572-585, 1996. 21. PROENÇA, L. M., FAGLIARI, J. J., RASO,
Com relação ao diagnóstico da clami-
7. GERLACH, H. Chlamydia. In: RICHIE, B.W.et T. F. Infecção por C. psittaci: uma revisão com
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vo no início da avaliação clínica, não pode Florida: Wingers, 1994. p.984-996. p.841-847, 2011.
ser considerado definitivo,ma vez que 8. GODOY, S. N., CUBAS, Z. S. Principais do- 22. RASO, T, F. Clamidiose. In: CUBAS, T. F.;
a eliminação é intermitente. Conforme enças bacterianas e fúngicas em Psittaciformes SILVA, J. C. R.; CATÃO DIAS, J. L. Tratado de
sugere PROENÇA et al (2011) o método – revisão. Clínica Veterinária, ano XIV, n. 81, p. animais selvagens. São Paulo: ROCA, Cap. 47, p.
88-98, 2009. 760-767, 2007.
de coleta de fezes seja seriado, ou seja,
9. GRESPAN, A. Clamidiose em calopsitas (Nym- 23. RODOLAKIS, A., MOHAMAD, K. Y. Zoonotic
realizar a coleta de 2 a 3 dias consecutivos, phicus hollandicus): perfil do proprietário e ensaio potential of Chlamydophila. Veterinary Microbio-
assim aumentando a probabilidade de se terapêutico. 2009. 111f. Dissertação (Mestrado em logy, v.140, p. 382-391, 2010.
encontraro patógeno. Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e 24. SCIENTIFIC COMMITTEE ON ANIMAL
O tratamento de eleição para clamidio- Zootecnia, Universidade de São Paulo, 2010. HEALTH AND ANIMAL WELFARE. Avian Chla-
se aviária descrito na literatura é feito com 10. HARKINEZHAD, T., VERMINNEN, K., mydiosis as a zoonotic disease and risk reduction
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o uso de doxiciclina 3, 9, 17, 18, 19, 21, 24, porém
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nas aves do relato, foi utilizado com su- psitacci infections in a human population in con- Maio, 2011.
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com azitromicina, que está entre as drogas Microbiol., v.58, p.1207-1212, 2009. didos em clínica particular entre janeiro e julho
indicadas como tratamentos alternativos, 11. HARKINEZHAD, T., GEENS, T., VANROMPAY, de 2007. São Paulo, SP, 2007. 34f. Trabalho de
citado por PROENÇA et al (2011), junta- D. Chlamydophila psittaci infections in birds: A conclusão de pós graduação em animais silvestres
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mente com as quinolonas. É importante
Veterinary Microbiology, v.135, p. 68-77, 2009. 26. VANROMPAY, D., DUCATELLE R, HAE-
ressaltar que o fato dos exames pós trata- 12. ITO, I., Ishida, T., MISHIMA, M., OSAWA, M., SEBROUCK, F. Chlamydia psittaci infections: a
mento terem sido negativos não significa ARITA, M., HASHIMOTO, T., KISHIMOTO, T. review with emphasis on avian chlamydiosis. Vet.
que o estado de portador foi eliminado e Familial cases of psittacosis: possible person-to- Microbiol, v.45, p. 93–119, 1995.
em virtude disto estes animais, precisam person transmission. Intern. Med, v.41, 580–583, 27. VANROMPAY, D., HARKINEZHAD, T., WAL-
ser acompanhados regularmente. 2002. LE, M., BEECKMAN, D., ROOGENBROECK,
13. LAROUCAU, K., MAHE, A. M. BOUILLIN, C., VERMINNEN, K., LETEN, R., MARTEL, A.,
As peculiaridades da infecção por
C., DEVILLE, M., GANDOUIN, C., TOUATI, F., CAUWERTS, K. Chlamydophila psittaci transmis-
Chlamydophila psittaci suscitam im- GUILLOT, J., BOULOUIS, H. J. Health status of sion from pet birds to humans. Emerg. Infect. Dis,
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