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São Paulo
2023
Resumo
Introdução
Etiopatogenia
Sinais clínicos
Diversos fatores podem levar a uma variação na manifestação dos sinais clínicos
na cinomose, tais como as condições ambientais, a idade, a cepa viral e o estado
imunológico do hospedeiro. (Freitas-Filho et al., 2014)
Apesar de nenhum sinal clínico ser característica única da cinomose e podendo-se
manifestar de formas isolada, a aparição multissistêmica facilita o diagnóstico da doença
(APPEL & CARMICHAEL, 1979). Alterações neurológicas multifocais acompanhados de
febre, secreções nasais e oculares, diarreia, vômitos, anorexia, hiperqueratose nasal e/ou
dos coxins, mioclonias, coriorretinite e história de não vacinação são indicativos de
cinomose (FARROW & LOVE, 1983; BRAUND, 1994; SUMMERS et al., 1995).
Os animais acometidos acabam demonstrando encefalomielite não supurativa
aguda de forma exacerbada. Logo após, um processo de desmielinização da bainha de
mielina pode ocorrer e causar danos neurológicos que irão causar sequelas irreversíveis
(Jericó et al., 2015; Zachary et al., 2012). Esta encefalite aguda, que ocorre na fase inicial
no decorrer da infecção em animais de até três meses ou não vacinados, é caracterizada por
lesão direta às células do SNC (Mangia et al., 2012). Sendo assim, de acordo com a região
do SNC afetada pelo CDV os sinais neurológicos variam, entretanto, as mioclonias,
convulsões, paralisia dos membros pélvicos, nistagmo, ataxia são os mais decorrentes em
cães com a sintomatologia neurológica da enfermidade (Silva et al., 2005; Amude et al.,
2007; 2012;).
Devido à característica da evolução da doença, podendo ou não causar
sintomatologia neurológica, testes laboratoriais são solicitados para realizar o diferencial
de doenças que possam provocar sinais de dano do sistema nervoso central (Macedo et al.,
2016). Em contrapartida, infecções secundarias podem ser observadas como a parvovirose,
além de infecções bacterianas no TGI e respiratório (Silva et al., 2007).
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Diagnostico
Tratamento
Atualmente não existe nenhuma terapia realmente eficaz que combata o vírus, por
isso a importância do tutor manter a carteira de vacinação em dia. O tratamento é
sintomático e, portanto, deve ser avaliado de acordo com a evolução da doença
(Crivellentin & Borin-Crivelletin, 2015).
O protocolo terapêutico no decorrer da abordagem da doença é de suporte, no qual
inclui fluidoterapia, antibioticoterapia, utilização de vitaminas, imunoestimulantes,
anticonvulsivantes (no caso de convulsões), anti-eméticos em caso de sinais
gastrointestinais e analgésicos (Crivellentin & Borin-Crivelletin, 2015; Greene &
Vandevelde, 2015). Em casos de sinais no TGI, é indicado que alimentos com textura
pastosa e de fácil digestão sejam administrados, sabendo-se que o animal encontra-se
geralmente anoréxico e com episódios de vômitos, será necessário que a alimentação seja
feita por AF (alimentação forçada) e/ou via nasoesofagica/nasogastrica. E para suporte
terapêutico, sugere que seja administrado escopolamina, metoclopramida ou ondasentrona,
sendo que o uso associado de ranitidina ou cimetidina favorece a proteção da mucosa
gástrica. Neste caso, a fluidoterapia deve ser considerada e instituída. O uso de vitaminas
do complexo B visa à estabilidade do metabolismo de neurotransmissores no animal
acometido, além de agir na mielopoiese e estimular o apetite. Em decorrência da formação
de radicais livres, recomenda-se o uso de antioxidantes, tais como vitaminas C e E, para
proteção do sistema nervoso (Azevedo, 2013; Gutiérrez et al., 2015; Spinosa et al., 1999).
Durante os sintomas respiratórios, pode-se utilizar ampicilina (Greene &
Vandevelde, 2015). Estudos apontam a alta taxa de utilização de antimicrobianos de amplo
espectro, tais como ampicilina, cloranfenicol, ceftiofur, fluorquinolonas, amoxicilina
associada ao ácido clavulânico, cefalosporinas, e aminoglicosídeos e recomenda que a
nebulização ou o uso de expectorantes, como Acetilcisteina e bromexina, sejam associados
(Mangia & Paes (2008) e Azevedo (2013). A ribavirina é um antiviral utilizado durante o
tratamento. Acredita-se que seu mecanismo de ação atua interferindo na síntese de mRNA
viral e inibe a formação de inosina monofosfato. Seu uso pode provocar aumento de
bilirrubina, ferro e ácido úrico (Spinosa et al., 1999). Animais com ribavirina em seu
protocolo apresentaram queda acentuada na concentração de hemoglobina. Atualmente a
ribavirina tem sido associada ao uso do dimetil-sulfóxido (DMSO) de forma intravenosa,
diluído em solução de cloreto de sódio (NaCl) a 0,9%, ambos por 15 dias, sendo que desta
forma, permite que ocorra maior difusão tecidual do fármaco, além de potencializar a ação
antiviral da ribavirina (Torres & Ribeiro, 2012; Viana & Teixeira, 2015).
A acupuntura e fisioterapia são uma das mais antigas formas de tratamento
clínico, e vem sendo empregadas para melhora da qualidade de vida dos animais
acometidos pelo CDV, sendo assim, se é indicado principalmente para o tratamento de
sequelas neurológicas que podem permanecer após o animal se recuperar da infecção
(MORAES,2013).
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Prevenção
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