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RESUMO DE TEMA
O vírus da parvovirose canina pertence ao gênero Parvovirus e à família
Parvoviridae. Os vírus dessa família são caracterizados por serem
pequenos, com diâmetro de aproximadamente 18 a 26 nm, terem forma
esférica, não possuírem envelope e apresentarem um capsídeo
icosaédrico10,13. O genoma do vírus consiste em uma molécula de DNA
linear de fita simples, contendo aproximadamente 500 bases10,16.
Uma característica fundamental dos parvovírus é que sua replicação requer
a presença de células na fase S do ciclo celular13. Essa exigência ocorre
devido à necessidade da maquinaria celular para a síntese de DNA e Figura 1: Coração marcadamente globoso e difusamente pálido (Fonte:
replicação viral5,13. SOUTO, E.P.F. et al.).
Após o processo de infecção, o CPV-2 é predominantemente encontrado
no trato gastrointestinal (incluindo língua, esôfago e intestino delgado), A lesão primária envolve necrose multifocal dos cardiomiócitos, com
nos tecidos linfoides (como timo, nódulos linfáticos e placas de Peyer) e infiltrado inflamatório de intensidade variável. Os corpúsculos de
na medula óssea. No caso de fetos dentro do útero materno ou em cães com inclusões virais intranucleares basofílicos em cardiomiócitos são
menos de 8 semanas de vida, o vírus demonstra uma afinidade maior pelo características marcantes14 e são observados com mais frequência na fase
miocárdio, levando à ocorrência de miocardite e, por conseguinte, à aguda da doença (Fig. 2). À medida que o processo patológico se torna
falência cardíaca8,17. crônico, a fibrose predomina7 (Fig. 3).
A vacinação das cadelas ou sua exposição natural ao agente patogênico
permite o desenvolvimento de níveis elevados de anticorpos. Esses
anticorpos podem ser transferidos aos filhotes, seja através da placenta
durante a gestação ou pelo colostro após o nascimento, o que confere
proteção durante o período neonatal, quando estes são mais suscetíveis à
infecção9.
Portanto, essa forma da doença é relatada como ocorrendo apenas
esporadicamente, geralmente em neonatos ou filhotes que não receberam
imunidade passiva, ou que nasceram de cadelas que não foram
vacinadas3,9. Contudo, quando ocorre miocardite necrosante em filhotes, a
consequência é uma alta taxa de mortalidade ou a progressão para lesões
cardíacas graves2,6. A variante miocárdica dessa doença pode levar à perda
total da ninhada, pois é comum que todos os filhotes sejam infectados3,7.
Alguns pesquisadores sugerem que o CPV-2 pode ser uma causa
subestimada de miocardite, lesões cardíacas e fibrose em cães jovens. Em
um estudo retrospectivo, o DNA foi extraído de tecidos cardíacos
preservados em parafina e fixados em formol de 40 casos de necrose, Figura 2: Corpúsculo de inclusão viral intranuclear basofílico em
inflamação ou necrose miocárdica, e de 41 casos controle, todos com cardiomiócito (seta). In set, observa-se inclusão intranuclear (Fonte:
menos de dois anos de idade. O DNA do CPV-2 foi detectado em 30% SOUTO, E.P.F. et al.).
XII Colóquio Técnico Científico de Saúde Única,
Ciências Agrárias e Meio Ambiente
5 FLORES, Eduardo Furtado. Virologia Veterinária. Santa Maria: Editora
UFSM, 2007.
6FORD, J. et al. Parvovirus infection is associated with myocarditis
and myocardial fibrosis in young dogs. Vet Pathol, v. 54, n. 6, p. 964–
971, 2017.
7 LENGHAUS C.; STUDDERT M.J. 1984. Acute and chronic viral
myocarditis. Acute diffuse nonsuppurative myocarditis and residual
myocardial scarring following infection with canine parvovirus. Am.
J. Pathol. 115(2): 316-319.
8MCCAW, D.L.; HOSKINS, J.D. (2006). Canine Viral Enteritis. In:
C.E. Greene (Ed.) Infectious Diseases of the Dog and Cat. 3 a ed.
Philadelphia, PA, U.S.A.: Saunders Elsevier, 2006. p. 63-70.
Figura 3: Tecido conjuntivo fibroso substituindo as fibras cardíacas.
(Fonte: SOUTO, E.P.F. et al.). 9 MEUNIER P.C. et al. 1984. Experimental viral myocarditis: parvoviral