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incluindo o Sistema Nervoso Central,

tornando-se neurotrópico. Por esse motivo,

FACULDADE DE CIÊNCIAS DO a doença pode se manifestar de diferentes


TOCANTINS maneiras, dependendo do estado
CAMPUS II LUÍS PIRES - CURSO DE imunológico e da idade do animal,
MEDICINA VETERINÁRIA podendo apresentar formas agudas,
subagudas ou crônicas. Os sintomas
podem afetar os sistemas gastrointestinal,
CINOMOSE CANINA:
emocional e emocional (Silva et al., 2009).
UMA BREVE REVISÃO COM
Os sinais clínicos da cinomose são
FOCO EM ESTUDOS
inespecíficos e têm uma natureza aguda a
EPIDEMIOLÓGICOS.
subaguda, manifestando-se através de
Acadêmica: Ádila Panta Campos sintomas gastrointestinais, transmitidos e
imunológicos. O tratamento é
essencialmente sintomático e deve ser
INTRODUÇÃO
adaptado de acordo com a evolução da
Uma doença altamente contagiosa doença (Crivellentin & Borin-Crivelletin,
denominada cinomose é causada por um 2015). Estima-se que a incidência seja
vírus pertencente à família Morbillivirus maior em períodos de comprometimento
Paramyxoviridae. Possui distribuição do sistema imunológico, o que permite a
global e causa uma alta taxa de infecção em qualquer idade, além de
mortalidade. Afeta principalmente animais ocorrer uma queda nos níveis de
da ordem carnívora, como cães, raposas, mortalidade materna, geralmente em
guaxinins, furões, hienas, leões, tigres, animais com idade entre 60 e 90 dias
pandas vermelhos, focas, entre outros (Brito et al., 2016).
(Cubas et al., 2014; Jericó; Kogika;
Os métodos de diagnóstico incluem
Andrade Neto, 2015).
a análise do histórico do animal, a técnica
Freire e Moraes (2019) destacam de RT-PCR, imunofluorescência indireta,
que a cinomose é causada por um agente ELISA, exame histopatológico, ensaios
infeccioso que possui diversas variantes, imunohistoquímicos e observação dos
algumas das quais são mais contagiosas do corpúsculos de inclusão (corpúsculos de
que outras. Além disso, o vírus pode afetar Lentz) em amostra de sangue periférico,
diferentes partes do corpo do animal, que são característicos da cinomose. Além
disso, os corpúsculos de inclusão viral al., 2014). Isso é evidenciado pela
podem estar presentes em tecidos como quantidade significativa de animais
pelve renal, insuficiência cardíaca, ameaçados, sendo comumente observado
conjuntiva, coxins digitais e estômago em animais da ordem Carnívora, como
(Jericó; Kogika; Andrade Neto, 2015). cães, raposas, guaxinins, furões, hienas,
Esses corpúsculos de Lentz são restos da leões, tigres, pandas vermelhos, focas e
replicação viral depositados dentro das outras espécies (Cubas et al., 2014). No
células, apresentando uma coloração entanto, também foram relatados casos em
eosinofílica distinta (Silva et al., 2017). espécies não carnívoras, incluindo
Assim, destaca-se a importância da primatas não humanos, o que representa
prevenção como uma forma de controlar a um risco de infecção e extinção para
doença, por meio da vacinação e da animais selvagens (Carvalho, 2019). A
adoção de medidas ambientais adotadas doença geralmente afeta animais jovens
(Jericó; Kogika; Andrade Neto, 2015). que não foram vacinados, manifestando-se
de forma aguda e com sintomas clínicos
inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico
CADEIA EPIDEMIOLÓGICA precoce (Tozato et al., 2016; Jericó;

De acordo com Budaszewski et al. Kogika; Andrade Neto, 2015).

(2014), o vírus da cinomose canina é um


dos principais agentes patogênicos que
acomete cães domésticos e animais
selvagens, apresentando uma destaque
mundial devido à sua alta taxa de
morbidade e mortalidade. Essa doença tem
a capacidade de afetar uma ampla
variedade de espécies animais (Carvalho,
2019). Quando considerados como Figura 1. Os animais podem apresentar sinais
sistêmicos, gastroentéricos, dermatológicos,
doenças que mataram o sistema nervoso oftálmicos, pulmonares e/ou neurológicos. A)
Hipoplasia de esmalte dentário; B) Blefarite,
central em cães, o vírus da cinomose alopecia periocular, ceratoconjuntivite seca e
canina é classificado como a segunda hiperqueratose em plano nasal; C) Hiperqueratose
em plano nasal, blefarite e dermatite ulcerativa;
maior causa de letalidade, ficando atrás D) Ulceração corneana por ceratoconjuntivite
seca; E) Dermatite pustular em abdômen. Fonte:
apenas da raiva canina, em termos de Brito et al., 2016.

gravidade para os animais (Budaszewski et


De acordo com Quinn et al. (2005), sobrevivência do vírus no ambiente
a infecção pelo VCC pode ser adquirida externo. Além disso, a cinomose tem
tanto pelo contato direto com secreções maior incidência em animais com 60 a 90
corporais (fezes, urina, saliva e secreções dias de vida, período em que ocorre uma
respiratórias), como pela inalação de redução na taxa de mortalidade materna
aerossóis emitidos por animais infectados. (Brito et al., 2016).
O cão doméstico é considerado o principal
O vírus tem a capacidade de se
portador do vírus e, consequentemente, o
reproduzir nos tecidos linfoides, nervosos
principal agente de transmissão. Locais
e epiteliais, sendo detectado e eliminados
onde cães são tolerados em grupos, como
em amostras de fezes, urina, saliva,
canis, clínicas veterinárias e lojas de
conteúdo protegido e exsudatos
animais, representam as maiores
conjuntivais por um período de 60 a 90
oportunidades de disseminação da
dias após a infecção (Nelson & Couto,
cinomose (Santos et al., 2016). Salles,
2015). A disseminação ocorre através do
Pedrotti e França (2015) destacam que a
contato direto com secreções que
eliminação viral ocorre principalmente
infectaram o vírus, como aerossóis,
durante a fase aguda da doença,
secreções oronasais, urina e fezes (Tozato
geralmente entre a primeira e a segunda
et al., 2016).
semana após a infecção. O vírus entra mais
comumente pelo sistema rastreado, por
meio de aerossóis e gotículas expelidas por CONCLUSÃO
animais infectados, embora também possa
Para controlar e prevenir a disseminação
ser adquirido pelas vias digestiva ou
da cinomose, é essencial focar na quebra
conjuntival. Os autores ressaltaram que,
da cadeia epidemiológica. Medidas como a
embora a infecção pela via digestiva seja
vacinação regular, higiene adequada,
possível, o VCC é inativado em ambientes
isolamento de animais infectados e
com pH ácido, tornando a disseminação da
restrição de movimento de cães suspeitos
doença por meio da ingestão de excreções.
são fundamentais para interromper a
Não há preferência por raça ou transmissão do vírus. Além disso,
sexo do animal na infecção pelo VCC, conscientizar os proprietários sobre os
porém, a doença apresenta uma maior sinais clínicos, a importância do
incidência durante o inverno devido às diagnóstico precoce e o manejo adequado
temperaturas mais baixas, que favorecem a da doença é crucial para reduzir sua
propagação. Com uma abordagem Enfermidades Infecciosas em Neonatos.
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