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ERLIQUIOSE CANINA

INTRODUÇÃO (STEFANI ok)

A erliquiose canina é uma das principais doenças infectocontagiosas que


acometem os cães, como o próprio nome já faz referência. É causada por um
hemoparasita do Gênero Ehrlichia sp., pertencente a ordem Rickettsiales.
Estes hemoparasitas são encontrados nas células hematopoiéticas maduras ou
imaturas do organismo, além de serem parasitas intracelulares obrigatórios.
Sua transmissão ocorre mediante a artrópode –carrapato-. Quanto sua
epidemiologia, pode-se inferir, mediante a artigos e revisões bibliográficas, que
sua incidência está aumentando significativamente nos últimos anos, a nível de
Brasil principalmente.

Diante disso, objetiva-se esclarecer dúvidas sobre a doença, abordar sua


etiologia, sua forma de transmissão, sua sintomatologia, epidemiologia, bem
como o tratamento e profilaxia da mesma. É importante também esclarecer
sobre as formas de diagnóstico da Erliquiose, haja vista que seus sinais
clínicos são muito inespecíficos.

ETIOLOGIA (LAYNA)

EPIDEMIOLOGIA (STEFANI ok)

A Erliquiose canis tem ocorrência em regiões de clima temperado, tropical e


subtropical, sua distribuição é mundial, pois coincide com a prevalência do
vetor Rhipicephalus sanguineus (ALMOSNY, 2002). A sua ocorrência ocorre
principalmente no sudeste da Ásia, a África, a Europa, a Índia, a América
Central e a América do Norte.
Dentre os fatores que podem afetar nos níveis de prevalência do vetor no
Brasil, principalmente, são: condições climáticas, população submetida aos
estudos realizados, comportamento e habita do animal. Mediante a estudos,
sabe-se que a maior prevalência está no Nordeste, e a menor no Sul do país.
(Dagnone et al., 2001), (Brito, 2006). O grau da doença irá depender da idade,
sexo e raça do animal, bem como de doenças que podem, por ventura, estar
ocorrendo concomitantes (SILVA, 2001; SILVA et al., 2010). Estudos indicam
que a Erliquiose pode ser mais grave nas raças Pastor Alemão, Dobermans, e
Pinchers (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). É válido ressaltar que os cães da
raça Pastor Alemão, com erliquiose, apresentam distúrbios hemorrágicos
devido à depressão da imunidade mediada por suas células (SILVA, 2001).

PATOGENIA (STEFANI ok)

A contaminação do cão sadio se dá no momento do repasto do carrapato,


após o período de encubação que vai de 8 a 20 dias, o agente da erliquiose
canina irá se multiplicar nos órgão linfoides, do sistema fagocítico mononuclear,
como fígado, baço e linfonodos (GREGORY et al., 1990).
Diante disso, divide-se a doença em três fases: a fase aguda, subclínica e
crônica. Na fase aguda o agente irá se multiplicar no interior das células
mononucleares circulantes, bem como dos tecidos fagocitários mononucleares
do baço, fígado e linfonodos, como dito anteriormente. Devido à essa invasão
celular tem-se a linfadenomegalia e hiperplasia linforeticular dos órgão acima.
Estas células, já infectadas, serão transportadas através do sangue para
demais órgãos, principalmente para os pulmões e rins, o que leva a uma
vasculite e infecção tecidual subendotelial (ALMOSNY, 2002; ETTINGER e
FELDMAN, 2004).
Na fase subclínica a E. canis permanece no hospedeiro, promovendo
aumento nos níveis de anticorpos. A fase em questão pode permanecer por
muitos anos, e irá acarretar pequenas alterações no sangue, como
trombocitopenia, anemia leucopenia, e não há sintomas evidentes (DAVOUST
et al., 1991). Alguns cães infectados eliminam os microrganismos, entretanto, o
mesmo permanece de forma intracelular, e isso resulta na fase crônica
(Lappin,2001). Esta ocorre quando o organismo do animal não é capaz de
eliminar o agente. Essa fase é marcada pelo aparecimento de hipoplasia
medular levando a monocitose, linfocitose, entre outros (GREGORY et al.,
1990).

SINAIS CLÍNICOS (LAYNA)


DIAGNÓSTICO (STEFANI)

A Erliquiose canina tem um diagnóstico difícil devido a sua sintomatologia


se confundir a outras doenças, bem como suas características serem atípicas,
as quais vem sendo notadas em cães afetados espontaneamente, e isto
dificulta, assim, o diagnóstico clínico (ANDEREG; PASSOS, 1999; ALMOSNY,
2002).
O diagnóstico para erliquiose pode ser feito mediante a sorologia (como a
imunofluorescência indireta), a partir de associações dos sinais clínicos,
exames laboratoriais (como trombocitopenia), assim como achados citológicos,
sendo mais recente a reação em cadeia da polimerase incorporada ao plano
diagnóstico (NEER; HARRUS, 2006). O exame laboratorial mais utilizado é
feito através de um esfregaço de sangue periférico, na ponta da orelha onde
iremos realizar buscas para saber se há presença de mórula no citoplasma das
células mononucleares do sangue (ALMOSNY, 2002).

TRATAMENTO (Raquel)
PROFILAXIA ( PRISCILA ok)

O carrapato R. sanguineus tem comportamento endofílico, ou seja, utiliza


o interior das casas para abrigo e alimentação do sangue do animal. Além
disso, por apresentarem geotropismo negativo, é comum observar carrapatos
caminhando sobre as paredes e móveis 1. Dessa maneira, a eliminação de
forma eficiente da população de carrapatos utiliza estratégias de controle físico
e químico tanto no animal como no ambiente 2.
O controle físico do ambiente pode ser feito por meio da mudança do
habitat como realização do corte periódico da grama e selagem de rachaduras
que são esconderijos potenciais para os carrapatos. Recomenda-se também
que o proprietário examine, localize e remova os carrapatos manualmente de
seus cães de forma periódica 2. É importante salientar que R. sanguineus
transmite o agente etiológico causador da febre maculosa 3 portanto deve-se
utilizar luvas durante o processo de remoção para evitar contato com fluidos do
parasita a fim de evitar risco de infecção2.
A prevenção química pode ser feita utilizando medicamentos acaricidas
com os princípios ativos fipronil 4,5, imidacloprid, permethrin6, amitraz e (S)-
metopreno5 que são frequentemente administrados no animal para controle da
população de R. sanguineus e estão disponíveis em diversas formulações
como em coleiras, sprays, shampoos2 e pour-on7.
O uso de acaricidas no ambiente também é necessário já que
aproximadamente 5% dos carrapatos estão nos animais e 95% no ambiente. A
eficácia da estratégia depende das condições ambientais, do efeito residual do
acaricida, além do nível de infestação ambiental e presença ou não de
infestações em áreas próximas da área tratada. No entanto, deve-se usar com
cautela já que o uso inapropriado pode promover poluição ambiental e
toxicidade em humanos e outros organismos que não são alvo da ação do
medicamento2.
Até o momento, não há vacina disponível no mercado para a doença,
porém tem-se indícios de que o uso de estirpe atenuada de Ehrlichia canis
pode ser potencialmente utilizada como vacina contra erliquiose canina
segundo estudo experimental8.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

1. Paz GF, Labruna MB, Fugisaki EYM, Pinter AS, Freitas CMV e Leite RC.
2001. Ritmo de queda de Rhipicephalus sanguineus (ACARI: IXODIDAE) de
cães. Revista Brasileira de Patologia. 37(suppl.): 234.

2. Torres FD. The brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806)
(Acari: Ixodidae): From taxonomy to control. Veterinary Parasitology 152 (2008)
173–185.

3. Cunha NC, Fonseca AH, Rezende J, Rozental t, Favacho ARM, Barreira JD,
et al. 2009. First identification of natural infection of Rickettsia rickettsii in the
Rhipicephalus sanguineus tick, in the State of Rio de Janeiro. Pesquisa
Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro , v. 29, n. 2, p. 105-108.

4. Davoust B, Marié JL, Mercier S, Boni M, Vandeweghe A, Parzy D e Beugnet


F. 2003. Assay of fipronil efficacy to prevent canine monocytic ehrlichiosis in
endemic areas. Veterinary Parasitology, 112, 91-100.

5. Fourie JJ, Ollagnier C, Beugnet F, Luus HG, Jongejanc F. 2013b. Prevention


of transmission of Ehrlichia canis by Rhipicephalus sanguineus ticks to dogs
treated with a combination of fipronil, amitraz and (S)-methoprene
(CERTIFECT®). Veterinary Parasitology, 193. 223–228

6. Fourie JJ, Luus G, Stanneck D e Jongejan F. 2013a. The efficacy of Advantix


to prevent transmission of Ehrlichia canis to dogs by Rhipicephalus sanguineus
ticks. Parasite, 20-36.
7. Oliveira PR, Calligaris IB, Roma GC, Bechara GH, Pizano MA e Mathias
MIC. 2012. Potential of the insect growth regulator, fluazuron, in the control of
Rhipicephalus sanguineus nymphs Latreille, 1806 (Acari: Ixodidae):
Determination of the LD95 and LD50. Experimental parasitology. 131:35-39.

8. Rudoler N, Baneth G, Eyal O, Van Straten M, Harrus S. 2012. Evaluation of


an attenuated strain of Ehrlichia canis as a vaccine for canine monocytic
ehrlichiosis. Vaccine; 31: 226-233.

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