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1.

INTRODUÇÃO

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2. CÓDIGOS ZOOSANITÁRIOS

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3. AGÊNCIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE SAÚDE ANIMAL

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4. CLAMIDIOSE

A bactéria Chlamydophila psittaci é uma bactéria Gram negativa intracelular


obrigatória altamente infecciosa que causa a clamidiose em aves e a psitacose em
humanos. Embora tenha sido detectada em quase 470 espécies de aves, a doença
é de ocorrência mais frequente em Psittaciformes e Columbiformes. É uma das
principais zoonoses transmitidas por aves silvestres, sendo a maioria dos casos
humanos decorrente do contato com aves de estimação (CUBAS et al, 2006).
A clamidiose tem se tornado uma preocupação na medicina aviária em função
das características biológicas e infecciosas do microorganismo associadas à
diversidade e patogenicidade dos sorotipos. O quadro varia de acordo com a
espécie envolvida, a idade da ave, o status imune, as condições de manejo e o
sorotipo, observando-se desde infecção inaparente ou subclínica até doença
sistêmica grave com elevada mortalidade. Na clamidiose há a eliminação do agente
nas excreções por longos períodos de tempo, o que ocorre mesmo em aves sem os
sinais clínicos da enfermidade (CUBAS et al, 2006).
A ordem Chlamydiales alberga ao menos quatro grupos familiares distintos:
Chlamydiaceae, Simkaniaceae, Waddliaceae e Parachlamydiaceae. Dentre estes,
Chlamydiaceae é composta por um grupo de bactérias distribuídas mundialmente
que podem infectar tanto humanos como animais. Esse grupo foi recentemente
reclassificado em dois gêneros e nove espécies. Os novos gêneros Chlamydia e
Chlamydophila correlacionam-se com as antigas espécies Chlamydia trachomatis e
C. psittaci. Com a reclassificação o gênero Chlamydia passou a incluir as espécies
C. trachomatis, C. suis e C. muridarum, enquanto que Chlamydophila spp. incluiu C.
psittaci, C. felis, C. abortus, C. caviae, C. pneumoniae e C. pecorum. Chlamydophila
psittaci pode ser altamente contagiosa e gerar Clamidiose tanto em animais como
em humanos (VASCONCELOS et al, 2013).
No Brasil, as principais espécies reconhecidas como portadoras pertencem às
ordens Columbiformes e Psittaciformes, porém poucas pesquisas foram realizadas
em aves de outras ordens. Altos títulos de anticorpos contra C.psittaci foram
verificados em indivíduos adultos assintomáticos de Amazona aestiva (papagaio-
verdadeiro) e Ara ararauna (arara-canindé) no estado de São Paulo. Nesse mesmo
estudo, é relatado surto em filhotes de A. aestiva com clínica inespecífica e alta

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mortalidade, oriundos do tráfico de animais silvestres, sendo tal diagnóstico
realizado por semi-nested PCR a partir de tecidos. (VASCONCELOS et al, 2013).
Apesar da ocorrência em aves selvagens, poucos são os relatos de
mortalidade por C. psittaci em ambientes naturais, tendo sido descritos óbitos
ocasionais em pombos, tordos e gaivotas. A presença da infecção sem sinais
clínicos da doença sugere uma relação estável entre parasita e hospedeiro. Todavia,
quando aves são capturadas e retiradas do seu habitat natural, esse equilíbrio é
alterado por diferentes fatores, principalmente condições inadequadas de higiene,
alimentação e superpopulação durante o comércio ilegal. Aves em cativeiro são
mais susceptíveis à infecção e as infecções latentes podem se tornar aparentes.
Consequentemente, altas taxas de mortalidade são ocasionalmente observadas em
aves selvagens recentemente capturadas e mantidas em cativeiro (VASCONCELOS
et al, 2013).

4.1 TRANSMISSÃO

A C. psittaci é excretada nas fezes e nas secreções de aves infectadas.


Dessa maneira, a transmissão entre aves ocorre principalmente pela inalação de
partículas em aerosol provenientes nas fezes, secreções ou penas contaminadas ,
bem como, por ingestão ou contato direito. A infecção também pode ocorrer no
ninho, quando os pais regurgitam para os filhotes alimentos contendo células
infectadas. Provenientes de descamação do epitélio do inglúvio ou pela presença de
fezes ou exsudatos no ninho. A transmissão pelo ovo ainda não foi comprovada.
Ectoparasitos também podem contribuir para transmissão do agente atuando como
vetores mecânicos. Secreções cloacais e respiratórioas de aves infectadas podem
apresentar altas concentrações do agente. (CUBAS et al, 2006).
A eliminação fecal ocorre de maneira intermitente e pode ser ativada sob
estresse causado por deficiências nutricionais, transporte prolongado,
superpopulação, frio, reprodução, postura e manejo (VASCONCELOS et al, 2013).
Tais condições somadas à supressão imune aumentam a susceptibilidade à
infecção e ativação de doença latente. É provável que esses fatores levem ao
surgimento de doença clínica em portador assintomático com subsequente
disseminação para outras aves. O período de excreção bacteriana durante a
infecção natural pode variar dependendo da virulência da linhagem, da dose

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infectante e do estado de imunidade do hospedeiro, podendo ocorrer por muitos
meses, mesmo em aves assintomáticas (VASCONCELOS et al, 2013).

4.2 MORBIDADE E MORTALIDADE

A taxa de morbidade é elevada. O percentual de psitacídeos portadores


inaparentes tem sido estimado entre 10% a 40% nos EUA, chegando a 100% em
alguns locais. Dados semelhantes foram observados em criadores brasileiros. A taxa
de mortalidade é muito variável pois alguns sorotipos que causam doença na forma
sub-clinica ou inaparente em determinadas espécies podem determinar elevada
mortalidade em outras (CUBAS et al, 2006).

4.3 SINAIS CLÍNICOS

Os sinais clínicos são inespecíficos e variam em função de vários fatores tais


como: espécie, estado imunológico da ave, via de transmissão, dose infectante,
virulência do sorotipo envolvido, fatores de estresse e tipo de tratamento (CUBAS et
al, 2006).
A doença é classificada como superaguda, aguda, crônica ou inaparente. A
forma superaguda ocorre principalmente em aves jovens, ocorrendo a morte em
poucas horas, sem sinais clínicos. Na forma aguda as manifestações clinicas são
inespecíficas, podendo-se observar letargia (Figura 1), anorexia, penas eriçadas,
desidratação, blefarite, conjuntivite (Figuras 2), alterações respiratórias (secreção
nasal, rinite, sinusite, dispneia), digestórias (diarréia), urinárias (excreções de uratos
amarelo-esverdeados) e reprodutivas (infertilidade, mortalidade embrionária). Nos
estágios terminais pode apresentar alterações neurológicas (tremores e convulsões).
As alterações hematológicas revelam anemia com leucocitose caracterizada por
heterofilia e monocitose. Os ácidos biliares, a aspartati amino transferase, a lactato
desidrogenase e o ácido úrico podem estar elevados (CUBAS et al, 2006).

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Figura 1. Nymphicus hollandicus (calopsita) em estado letárgico – Setor de Animais
Selvagens – Universidade Federal Fluminense (VASCONCELOS et al, 2013)

Figura 2. Conjuntivite moderada em Nymphicus hollandicus (calopsita) – Setor de


Animais Selvagens – Universidade Federal Fluminense (VASCONCELOS et al,
2013).

Na forma cônica os sinais clínicos podem passar despercebidos, podendo


ocorrer emagrecimento progressivo, conjuntivite branda e discretas alterações
respiratórias. Na forma inaparente não há sinais evidentes e é comum em aves
adultas expostas a sorotipos de média e baixa virulência. Nessas condições as aves
permanecem portadoras eliminando o agente por vários meses. Pode ainda
apresentar alterações inespecíficas como perda de peso, deficiência no
empenamento e infecções bacterianas oportunistas (CUBAS et al, 2006).
Em humanos os sintomas são: febre (dura de duas a três semanas), cefaléia,
arrepio, perda de apetite, cansaço, acessos de tosse que, inicialmente, é seca, e
depois se apresenta na forma de um muco esverdeado. Ainda pode apresentar
hemorragia nasal e aumento do volume do baço, quadro clinico semelhante ao de
pneumonia atípica (ZAPPA, 2013).

4.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico é obtido pelo isolamento e/ou pela detecção do agente


etiológico. O método de isolamento pode ser realizado em cultura de células ou no
saco vitelino de ovos embrionados, com posterior identificação da C. psittaci por

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meio das colorações. Testes de reações em cadeia pela polimerase por sua vez,
tem sido aplicado no diagnóstico laboratorial de Chlamydiaceae em humanos, aves
e diversas outras espécies de animais. A complexa infecção por C. psittaci em aves,
tem um diagnóstico confirmatório difícil. Uma combinação de testes pode não ser o
suficiente para determinar se uma ave está ou não infectada (CUBAS et al, 2006).
Constitui o tratamento oficialmente aprovado em aves o antibiótico tetraciclina
ou rações com clortetraciclina (comercialmente disponíveis).Durante todo o
tratamento as aves devem ser monitoradas e a medicação reduzida ou suspensa
caso sejam detectados sinais de hepatotoxicidade. No caso de regurgitação do
medicamento, deve ser substituído à outra formulação. Recomendado por 45 dias,
nenhum garante um tratamento efetivo ou completa eliminação da C. psittaci em
aves. A antibioticoterapia inibe a eliminação do agente pela ave, mas ela ainda
continua suscetível a reinfeccções pelo mesmo sorotipo ou por sorotipos diferentes.
Paralelo ao tratamento, a ave deve receber suplementação da dieta, fluidoterapia e
permanecer em ambiente isolado. (ZAPPA, 2013).

4.5 PREVENÇÃO E CONTROLE

O significado em Saúde Pública da Clamidiose aviária se dá pelo convívio de


seres humanos com aves de companhia, pelo risco ocupacional de trabalhadores
que lidam com aves domésticas ou silvestres e pela exposição de pessoas ao
agente em lugares com presença de seus excrementos. O ser humano pode se
infectar principalmente por inalação do agente, quando a urina, secreções
respiratórias ou oculares ou fezes secas de aves infectadas são dispersas no ar
como aerossóis (VASCONCELOS et al, 2013).
A clamidiose aviária é uma doença que deve ser obrigatoriamente notificada
aos órgãos de saúde pública em diversos países. Durante o manejo ou o manuseio
das aves, o uso do avental, máscara, luvas e óculos são medidas para evitar a
inalação de partículas infecciosas pelos funcionários. As necropsias devem ser
realizadas com cautela, em alguns casos devem ser feitas em cabines de segurança
biológica. Vacinas para prevenção da clamidiose têm sido testadas, e ainda não
estão disponíveis no mercado (ZAPPA, 2013).

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Recomendam-se diversas medidas de controle e vigilância sanitária, entre
elas precauções com relação à quarentena, à fronteira e ao tratamento do plantel
suspeito (CUBAS et al, 2006).
A psitacose é uma das principais zoonoses de origem aviária; uma importante
doença ocupacional com risco para a população envolvida na criação, no comércio e
no abate de aves. Surtos de psitacose em funcionários ou proprietários de
criadouros e lojas são relatados, com freqüência psitacídeos são identificados como
fonte de infecção. No campo da avicultura comercial, observa-se a ocorrência de
surtos de psitacose em funcionários de abatedouros e de granjas. Relata-se também
a ocorrência de pequenos surtos em veterinários que trabalham com aves silvestres
e em escolas veterinárias. A ausência de um tratamento especifico pode resultar em
óbito. Após o tratamento especifico, a recuperação é rápida, mas a reinfecção é
possível. A hospitalização se faz necessária na maioria dos casos (ZAPPA, 2013).

5. TUBERCULOSE

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6. ZOONOSE:

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7. CONCLUSÃO

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO – DIAS, J. L. Clamidiose. Tratado de


animais selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: ROCCA. 2006. p. 760 –
766.

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VASCONCELOS, T. C. B.; NOGUEIRA, D. M.; PEREIRA, V. L. A.; NASCIMENTO,
E. R.; BRUNO, S. F. Chlamydhophila psittaci em aves silvestres e exóticas: uma
revisão com ênfase em saúde pública. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico
Conhecer. Goiânia, v.9, n.16, p. 2462-2477, 2013.

ZAPPA, V. Clamidiose – Revisão de literatura. Revista científica eletrônica de


Medicina Veterinária. Ano XI, n.21, p.1-8, 2013

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