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André Luciano Baitello — Mestre em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (EPM). Doutor
em Medicina pela Faculdade Estadual de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp). Médico
Assistente do Departamento de Cirurgia Hospital de Base da Famerp. Instrutor do ATLS. Presidente
da Abramurgem/Regional São Paulo.
■■ INTRODUÇÃO
O trauma é uma lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrios fisiológicos
decorrentes da exposição aguda a várias formas de energia mecânica, térmica, elétrica, química
e irradiações em quantidades acima ou abaixo do limiar de tolerância humana.1 Trauma também
pode ser definido como qualquer dano à saúde causado por fatores externos, como2
■■ acidente automobilístico;
■■ agressão física;
■■ ferimento por arma de fogo e arma branca;
■■ queda;
■■ acidente de trabalho.
■■ ao trânsito;
■■ ao trabalho;
■■ a quedas;
■■ a envenenamentos;
10
■■ a afogamentos.
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
O trauma é uma das principais causas de mortalidade global.6 Em todo o mundo, as lesões causadas
pelo trânsito são a principal causa de morte entre indivíduos de 18 a 29 anos de idade, enquanto,
nos Estados Unidos da América (EUA), o trauma é a principal causa de morte em adultos jovens
e representa 10% de todas as mortes entre homens e mulheres. Mais de 45 milhões de pessoas
sofrem algum tipo de sequela moderada a grave a cada ano relacionada com o trauma.6 Somente
nos EUA, mais de 50 milhões de pacientes recebem anualmente algum tipo de assistência médica
relacionada com o trauma, e os traumatizados são responsáveis por aproximadamente 30% de
todas as internações na unidade de terapia intensiva (UTI).7,8
Na década de 1980, no Brasil, as mortes por acidentes e violência passaram a responder pela
segunda causa de óbitos no quadro de mortalidade geral, ensejando a discussão de que se
tratava de um dos mais graves problemas de saúde pública a ser enfrentado no país. A partir
de então, essas mortes representam cerca de 15% dos óbitos registrados no país. É a principal
causa de morte em pessoas de 1 a 44 anos de idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), as lesões causadas pelo trânsito foram responsáveis por 1,25 milhão de mortes em 2014,
e espera-se que o trauma chegue à terceira causa de incapacidade em todo o mundo até 2030.6
■■ Primeiro pico de morte: ocorre imediatamente após o evento traumático, muitas vezes na cena
do acidente. Decorrem de lesões não compatíveis com a vida.
■■ Segundo pico de morte: é constatado após 2 a 4 horas do evento. Deve-se à evolução de
lesões que determinam alterações relacionadas com insuficiência respiratória (por exemplo,
pneumotórax hipertensivo) e evento hemorrágico em evolução (por exemplo, ruptura de órgãos
parenquimatosos, como o fígado e o baço, fraturas de bacia e de múltiplos ossos, entre outros),
ou mesmo lesões expansivas intracranianas (por exemplo, hematoma extradural, subdural, entre
outros). O reconhecimento e o tratamento imediato desses problemas, associados a uma eficiente
organização no atendimento de emergência, podem melhorar a sobrevida desses pacientes e
reduzir significativamente os óbitos (definidos com a designação de “mortes evitáveis”).
■■ Terceiro pico de morte: ocorre dias ou semanas após o trauma e é devido a complicações
sépticas e falência de múltiplos órgãos.
Enquanto as causas mais comuns de morte por trauma consistem em hemorragia, traumatismo
craniencefálico (TCE) e síndrome de disfunção de múltiplos órgãos,14 as causas mais comuns de
morbidade evitáveis são13
■■ extubação acidental;
■■ falhas técnicas cirúrgicas;
■■ lesões despercebidas;
■■ complicações relacionadas com o cateter intravascular.
A equipe hospitalar, nos grandes centros de atendimento ao trauma, envolve várias especialidades
médicas, recursos de diagnóstico de alta densidade tecnológica e se constitui em um recurso
limitado e de alto custo para o Sistema Único de Saúde (SUS). A rede de trauma, portanto, deverá
estar submetida ao controle da regulação médica, que racionaliza e estabelece as prioridades de
atendimento.12
1. prevenção;
2. pré-hospitalar fixo e móvel;
3. hospitalar;
4. reabilitação.
Os traumatizados apresentam lesões que podem variar de traumas isolados em segmentos corporais
específicos a lesões complexas, envolvendo múltiplos sistemas orgânicos. Todos os pacientes
traumatizados também exigem uma abordagem sistematizada, seguindo protocolos assistenciais,
com o objetivo final de diminuição da mortalidade e redução da possibilidade da não identificação
de lesões na avaliação inicial.9,10
12
■■ OBJETIVOS
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
Manutenção da permeabilidade
das vias aéreas e proteção da
coluna cervical
Ventilação e respiração
Avaliação primária e reanimação Estabilização circulatória
e controle da hemorragia
Avaliação neurológica
Exposição: despir o paciente
e evitar a hipotermia
Procedimentos auxiliares à
avaliação primária e reanimação
História clínica
Cinemática do trauma
Avaliação secundária
Exame físico
e cinemática do trauma
Exame neurológico
Exame do dorso
Procedimentos auxiliares
à avaliação secundária
Consideração da necessidade
de transferência do paciente
e tratamento definitivo
Caso clínico 1
Caso clínico 2
Caso clínico 3
Caso clínico 4
Casos clínicos Caso clínico 5
Caso clínico 6
Caso clínico 7
Caso clínico 8
Caso clínico 9
Conclusão
14
■■ ATENDIMENTO INICIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO:
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
PROTOCOLOS ASSISTENCIAIS
Os protocolos assistenciais ao traumatizado, com base em medidas de reanimação e
estabilização do paciente em obediência a prioridades pré-definidas, mostram fortes
evidências de que reduzem a mortalidade, sendo em nosso meio o mais divulgado o
Advanced Trauma Life Support, (ATLS), que, traduzido para o português, significa Suporte
Avançado de Vida no Trauma.14
Independentemente da configuração das equipes de atendimento, que podem ser muito variáveis,
dependendo da estrutura das unidades de saúde, elas devem ter um líder claramente designado,
que determine o plano de cuidados e atribua as tarefas específicas a cada membro da equipe.
Enquanto os líderes de equipes menores podem ter a necessidade de realizar procedimentos para
cuidar efetivamente de seus pacientes, os líderes de equipes maiores devem evitar a realização de
procedimentos. Isso permite que o líder permaneça focado em suas responsabilidades de supervisão
e em possíveis mudanças na condição do paciente ao longo do atendimento.
LEMBRAR
O atendimento ideal ao traumatizado requer, além de trabalho em equipe, comunicação
eficaz. O bom atendimento começa com instruções antes da chegada da vítima e
atribuição de funções gerais e tarefas específicas, durante toda a avaliação e realização
dos procedimentos, na medida em que a equipe se comunica em circuito fechado
e mantém uma visão comum do plano de cuidado. Também é importante informar
ao paciente e aos seus familiares a gravidade do caso, a evolução e a estratégia de
cuidados que estão sendo prestados e as mudanças que porventura sejam necessárias.14
Essa sequência pode ser mudada nos diversos cenários de atendimento (pré-hospitalar fixo e
móvel, hospitais), porém, a filosofia e a metodologia são as mesmas, independentemente do local
de atendimento. Pode-se observar, na Figura 1, o fluxograma da abordagem sistematizada em
fases do traumatizado.
Traumatizado Tratamento
definitivo/
transferência
Avaliação Procedimentos
primária auxiliares
Otimizar estado
do doente
Reanimação
Avaliação
Reavaliação secundária Reavaliação
Procedimentos
auxiliares
■■ tratar primeiro a maior ameaça à vida, aplicando a sequência “ABCDE” para a avaliação por
prioridades de manutenção da vida das vítimas de trauma;
■■ identificado um problema, este deve ser imediatamente tratado;
■■ a falta de um diagnóstico definitivo não impede a aplicação do tratamento imediato;
■■ uma história detalhada não é essencial para iniciar a avaliação do traumatizado.
O paciente deve ser frequentemente avaliado e monitorado de maneira contínua durante todas as
fases do atendimento.11 A avaliação terciária ao traumatizado é considerada essencial no atendimento
ao traumatizado, para identificar lesões não percebidas nos primeiros momentos de avaliação.14
16
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
ATIVIDADE
■■ A (Airway maintenance with cervical spine control) — manutenção da permeabilidade das vias
aéreas e estabilização da coluna cervical;
■■ B (Breathing and ventilation) — manutenção da respiração e ventilação;
■■ C (Circulation with hemorrhage control) — estabilização circulatória com controle da hemorragia;
■■ D (Disability — neurological status) — avaliação neurológica;
■■ E (Exposure/environment) — exposição, despir completamente a vítima e evitar a hipotermia.
■ Taquicardia
■ Alteração do nível de consciência
■ Cor da pele, temperatura
■ Enchimento capilar, PA
■ Débito urinário
Passo 5:
Remover todas
as roupas
do paciente e
o proteger da
hipotermia
E Cobertores
aquecidos
Fluidos
aquecidos
Quarto aquecido
Passo 6:
Lista de
procedimentos
auxiliares
■ Descompressão gástrica
■ Sonda vesical
■ ECG e monitor
■ Oximetria de pulso
■ Raio X de tórax/pélvico
■ FAST/LPD
CERVICAL
A permeabilidade das vias aéreas tem a máxima prioridade e deve ser avaliada e garantida
de imediato. Toda vítima de trauma, sobretudo na vigência de lesões situadas acima da
clavícula, deve ser considerada como portadora de lesão da coluna cervical. A mobilização
inadequada da coluna cervical pode agravar uma fratura sem repercussão neurológica
inicial, acarretando dano grave da medula espinhal.15
O exame neurológico inicial nem sempre exclui lesões medulares. Portanto, a cabeça e o
pescoço devem permanecer alinhados e imobilizados, protegidos, durante toda a abordagem
inicial, sem flexão ou extensão da coluna cervical; exceto em pacientes com trauma penetrante
com sangramento ativo no pescoço, sem alterações neurológicas.15 O uso do colar cervical não
é recomendado nesses casos.
A obstrução das vias aéreas é uma das principais causas de morte imediatamente após o trauma.13
A via aérea pode ser obstruída
■■ pela língua;
■■ por corpo estranho;
■■ por material aspirado;
■■ por edema tecidual;
■■ por hematoma em expansão.
A principal causa de obstrução das vias aéreas nos pacientes inconscientes é a queda da base da
língua sobre a hipofaringe. A elevação da língua e a remoção de corpos estranhos usualmente
solucionam o problema.2,10
19
As manobras básicas de elevação do mento (chin lift) e de tração da mandíbula (jaw
Caso ocorram vômitos, o paciente deve ser virado para o decúbito lateral. A manobra deve ser
executada por três pessoas: uma estabilizando a cabeça e o pescoço, outra, o tronco e os membros
superiores, e a terceira, os membros inferiores, girando o paciente em bloco.14
Os problemas relacionados com a via aérea são causas frequentes de morte nos traumatizados. A
obstrução das vias aéreas pode apresentar uma evolução aguda, insidiosa, progressiva ou recorrente.
Isso requer monitoração contínua em toda a fase inicial do atendimento. A decisão de intubar o
paciente na sala de emergência é baseada principalmente em dados clínicos:12,13
Não existe diretriz definitiva para intubação orotraqueal. No caso de dúvida, em geral, é melhor
realizar a intubação precocemente, sobretudo em pacientes instáveis hemodinamicamente ou
quando existir lesões graves na face e no pescoço.12,13 Uma via aérea definitiva com tubo traqueal
com balonete insuflado e conectado a uma fonte de oxigênio pode ser conseguida pela intubação
orotraqueal ou nasotraqueal, ou pela cricotireoidostomia cirúrgica.16–18
A traqueostomia deve ser reservada para os casos de lesão da laringe e executada por
mãos experientes. Uma vez obtida uma via aérea definitiva, ela deve ser frequentemente
reavaliada para diagnosticar possíveis deslocamentos durante o transporte do paciente.
A extubação não intencional é uma causa evitável de morbidade no traumatizado.16–18
20
Vários estudos sugerem que listas de verificação (a implementação de checklists de preparação
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
A cricotiroidostomia está indicada como uma via aérea cirúrgica de emergência quando não se
obtém sucesso na realização da intubação oral ou nasotraqueal. Nessas situações, quando o médico
assistente não promove a intubação e não oxigena adequadamente o paciente, deve-se obter uma
via aérea cirúrgica, com o objetivo de se evitar uma situação de hipoxia grave e morte.20,21 Pode-se
observar, na Figura 4, o procedimento de cricotiroidostomia.
A via aérea difícil é definida como a situação clínica em que anestesiologista treinado
convencionalmente experimenta dificuldade com ventilação com máscara facial das
vias áreas superiores, dificuldade para intubação traqueal ou ambos.30
21
A avaliação da via aérea difícil em pacientes começa com história abrangente e exame físico —
O método de avaliação LEMON (acrônimo) utiliza cada um dos critérios apresentados a seguir.31
■■ L- Look Externally — Procure por características que levem a dificuldades na intubação, como
trauma facial, barba ou bigode, língua grande.
■■ E- Evaluate — examine as distâncias com a regra 3–3–2. A distância entre os dentes incisivos
deve ser de pelo menos três dedos. A distância entre o osso hioide e o mento deve ser de pelo
menos três dedos. A distância entre a proeminência tireoideana e o assoalho da boca deve ser
de pelo menos dois dedos.
■■ M- Mallampati — Pontuação de Mallampati.
■■ O- Obstruction — Qualquer condição que leve à obstrução da via aérea, como epiglotite,
abscesso peritonsilar, trauma.
■■ N- Neck Mobility — Mobilidade do pescoço. Doentes com colar cervical não podem movimentar
o pescoço e, por esse motivo, são mais difíceis de intubar.
Na preparação, deve-se proteger a coluna cervical. Se disponível, deve-se obter a caixa de materiais
específicos para o manejo de via aérea difícil: aspirador rígido, oxigênio, tubos orofaríngeos e
nasofaríngeos, laringoscópios, dispositivos bolsa/válvula/máscara, introdutor para intubação (bougie),
tubo endotraqueal, oxímetro de pulso, detector de gás carbônico. Deve-se sempre possuir um plano
de ação alternativo e chamar ajuda de profissionais mais experientes.
Na etapa de pré-oxigenação, se houver impossibilidade de ventilação, deve-se optar por uma via
aérea definitiva/cirúrgica. Quanto à realização de intubação com ou sem utilização de fármacos,
procede-se desta maneira: se ocorrer o insucesso, deve-se avaliar a utilização de dispositivos
auxiliares — bougie, máscara laríngea, tubo laríngeo, intubação com paciente acordado ou via
aérea definitiva/cirúrgica.
VENTILAÇÃO E RESPIRAÇÃO
A ventilação tem como objetivo final garantir o aporte adequado de oxigênio para os
tecidos. Todo traumatizado grave deve receber oxigênio suplementar com um fluxo de
10 a 12 litros/minuto.
É importante lembrar que a ventilação mecânica com pressão positiva nos pulmões pode
resultar em pneumotórax por barotrauma ou converter um pneumotórax sem tensão em
pneumotórax hipertensivo.14
A permeabilidade das vias aéreas não é por si só garantia de ventilação efetiva. Outras situações
comprometem a respiração, devendo ser identificadas e tratadas imediatamente:14
■■ pneumotórax hipertensivo;
22
■■ pneumotórax aberto;
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
■■ tórax instável;
■■ hemotórax maciço.
O trauma torácico é responsável por 20 a 25% das mortes relacionadas com traumas, devido aos
seus efeitos nocivos sobre a oxigenação e a ventilação.14
Pneumotórax hipertensivo
O pneumotórax hipertensivo é potencialmente letal em questão de minutos, e sua identificação
deve ser rápida e baseada nos achados clínicos, prescindindo de exames radiológicos. O quadro
clínico inclui14
■■ dificuldade respiratória;
■■ desvio da traqueia;
■■ hipertimpanismo;
■■ ausência de murmúrio respiratório no hemitórax afetado.
No traumatizado, após seccionados os planos da parede torácica, deve-se introduzir o dedo indicador
na cavidade pleural, na tentativa de palpar alguma víscera em posição anômala (por exemplo,
órgão abdominal que ocupa o tórax em consequência de ruptura diafragmática), além de desfazer
possíveis aderências. Após a palpação, insere-se o dreno em direção posterossuperior.10–14
Pneumotórax aberto
O pneumotórax aberto resulta de solução de continuidade da parede torácica. Pequenos orifícios
tendem a ser ocluídos espontaneamente pela musculatura do tórax. Caso a perfuração da parede
torácica tenha diâmetro igual ou superior a dois terços do diâmetro da traqueia, o ar tende a penetrar
pelo ferimento, ocasionando dificuldade respiratória.9
O ferimento é prontamente ocluído por meio de curativo semioclusivo de três lados, e a cavidade
pleural deve ser drenada em um ponto distante em relação ao local da perfuração.9
Tórax instável
O tórax flácido ou instável decorre de múltiplas fraturas de arcos costais, quando pelo menos dois
arcos costais são fraturados em dois pontos diferentes do mesmo arco costal. Como resultado
dessas fraturas, pode-se observar respiração paradoxal (retração de parte da parede torácica
fraturada durante a inspiração).
23
Hemotórax maciço
A presença de 20 a 30mL/kg ou mais de sangue na cavidade pleural é definida como hemotórax
maciço. O paciente apresenta-se em estado grave, com hipotensão arterial e dificuldade respiratória,
com murmúrio vesicular abolido no hemitórax afetado. As veias do pescoço podem estar ingurgitadas
ou em colapso.6,14
LEMBRAR
A hemorragia é a principal causa de morte evitável no ambiente hospitalar nas primeiras
horas após o incidente traumático. Todo esforço deve ser realizado com o objetivo de
parar o sangramento externo o mais rapidamente possível.
A presença de sinais de choque deve ser considerada de causa hemorrágica até que se prove o
contrário. A presença de hipotensão arterial é um sinal que pode ser tardio, aparecendo somente
quando essa perda sanguínea for maior que 30% da volemia.14,22
Uma rápida avaliação do estado circulatório pode ser inicialmente obtida pela análise do estado
de consciência: pacientes conscientes e orientados têm perfusão cerebral adequada. Por outro
lado, a má perfusão e a má oxigenação do encéfalo são a causa mais comum de inconsciência, e
mesmo episódios isolados de hipotensão arterial em pacientes com TCE podem agravar a lesão
cerebral primária.14 Outros parâmetros para a avaliação clínica são
pela PA sistólica, é facilmente aplicável,32 e têm se mostrado que valores maiores que 1 são bons
preditores de aumento de morbidade e mortalidade, assim como de necessidade de protocolos de
transfusão maciça e admissão em UTIs.33
Enquanto a circulação é avaliada, a punção deve ser realizada com cateter intravenoso de grosso
calibre (abocath ou gelco 16 ou mais calibroso), na maioria das vezes, na fossa antecubital de cada
braço, e uma amostra de sangue deve ser coletada para exames. Sendo inviável a cateterização
venosa em veia periférica, a tendência atual é optar pela punção intraóssea. Em tais circunstâncias,
a punção intraóssea para a infusão de volume (geralmente executada na face anterior da tíbia, 2
a 3cm abaixo do platô tibial) é um procedimento de extremo valor.
O acesso venoso pela via intraóssea vem se tornando uma opção quando existe impossibilidade de
acesso venoso por veia periférica. Dispositivos e agulhas mais modernas mostrarão que o método é
seguro e efetivo para reposição volêmica. A via intraóssea deve ser obtida quando o acesso venoso
não for rapidamente estabelecido. Nos casos de impossibilidade desses acessos, dá-se preferência
à flebotomia (a dissecção da veia safena magna ao nível do maléolo medial é o local de escolha).23
No ambiente hospitalar, depois de obtido o acesso venoso, coletam-se amostras de sangue, além
de outros exames que se fizerem necessários, como24
■■ tipagem sanguínea;
■■ prova cruzada e determinação do hematócrito;
■■ lactato e déficit de base.
25
Hemorragias externas devem ser identificadas e controladas por compressão direta da ferida.
■■ infarto do miocárdio;
■■ arritmia;
■■ marca-passo defeituoso.
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
LEMBRAR
O TCE é, depois da hemorragia, a principal causa de morte durante a abordagem
inicial.9,13
Uma breve avaliação neurológica funcional pode ser obtida pela ECG e a análise do
diâmetro e reatividade pupilar. A avaliação da ECG deve ser realizada sistematicamente
pelo estado de consciência (paciente alerta ou não) e pela resposta verbal e motora a
comandos verbais ou estímulos sob a pressão nas regiões supraorbitária ou ungueal
por 10 segundos.14
■■ inconsciência;
■■ resposta motora lateralizada;
■■ vômitos incoercíveis;
■■ crises convulsivas;
■■ alteração da função pupilar.
27
Evitar a lesão cerebral secundária (hipoxia e hipotensão) é princípio fundamental a ser seguido no
■■ couro cabeludo;
■■ dobras axilares;
■■ períneo;
■■ dobras abdominais (em pacientes obesos).
ATIVIDADES
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do capítulo
3. Assinale a alternativa que apresenta, após traumatismo torácico, qual deve ser a
primeira manobra para melhorar a oxigenação.
A) Intubar o paciente.
B) Avaliar os gases sanguíneos arteriais.
C) Administrar oxigênio suplementar.
D) Avaliar a necessidade de drenagem torácica.
Resposta no final do capítulo
28
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
A) V—V—F—F
B) F—F—V—F
C) V—V—F—F
D) V—V—V—F
Resposta no final do capítulo
Lesões uretrais contraindicam a cateterização vesical. A introdução do cateter deve ser precedida
de exame do períneo e toque retal. Uretrorragia, hematomas e equimoses perineais, e desvios de
posição da próstata sugerem lesão de uretra. Nessas circunstâncias, está indicada a realização
de uretrocistografia antes da realização da sondagem vesical.
A monitoração da oximetria de pulso deve ser iniciada nessa fase inicial. O oxímetro de pulso
mede a saturação de oxigênio. Níveis adequados de oxigenação traduzem algum grau de eficiência
das vias aéreas, da respiração e da circulação (A, B e C).10 O eletrocardiograma deve ser
cuidadosamente monitorado em toda vítima de traumatismo, pois, à contusão miocárdica, pode
apresentar os seguintes sintomas:10,14
■■ taquicardia inexplicada;
■■ arritmias;
■■ alterações do segmento ST;
■■ extrassístoles ventriculares;
■■ fibrilação atrial.
30
Os exames de imagem, se possível, devem ser realizados à beira do leito, na sala de
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
A precisão e o papel da US-FAST podem ser mais limitados em pacientes com fraturas pélvicas, pois
ela mostra-se menos sensível para detectar sangramento pélvico e pode não diferenciar sangue de
urina. O sangramento retroperitoneal também não é visualizado de maneira confiável com a USG.
O modo E-FAST inclui, além do exame abdominal, o exame da cavidade torácica à procura de
hemotórax e pneumotórax. Estudos preliminares sugerem que a precocidade e a sensibilidade do
E-FAST são melhores do que as da radiografia simples para essas lesões.14 Pacientes traumatizados
considerados hemodinamicamente instáveis durante a avaliação primária são ressuscitados enquanto
os médicos tentam determinar as causas mais prováveis de sua instabilidade.10
A realização de exames de imagens não deve atrasar a transferência nas situações em que os
pacientes necessitem de níveis mais elevados de cuidados do que os fornecidos na instalação de
saúde inicial. Se a transferência for necessária, o processo deve ser iniciado o mais precocemente
possível (em alguns casos, imediatamente após a chegada e avaliação primária do paciente). Se a
TC for necessária, e puder ser realizada com segurança e sem atrasar a transferência, ela poderá
ser obtida.10,27,28
Em casos raros, os pacientes podem ter alergias conhecidas e potencialmente letais ao contraste
utilizado na TC. Nesses casos, quando a estabilidade do paciente e os recursos da instituição
permitirem, as opções de avaliação incluem12
■■ TC sem contraste;
■■ USG;
31
■■ cirurgia exploradora;
O lavado peritoneal diagnóstico (LPD) têm um papel semelhante ao do modo FAST no paciente
instável para a avaliação de um foco de sangramento abdominal.23 Pode ser realizado para detectar
sangue intraperitoneal quando o modo FAST está indisponível ou indeterminado em pacientes com
instabilidade hemodinâmica, para determinar o tipo de líquido intraperitoneal quando é importante
fazê-lo (por exemplo, sangue versus urina no contexto de uma fratura pélvica).26
ATIVIDADES
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do capítulo
10. Assinale a alternativa que apresenta os sintomas que indicam lesão na uretra.
A) LPD.
B) Raio X de abdome.
C) Cateterização vesical.
D) TC.
Resposta no final do capítulo
HISTÓRIA CLÍNICA
É desejável a obtenção de uma história ampla, avaliando todas as circunstâncias que envolveram
o trauma, pois as lesões apresentadas são influenciadas pelo tipo de cinética envolvida no acidente.
Os traumas fechados resultam de acidentes com veículos motorizados, quedas e agressões
interpessoais. Nos acidentes com veículos automotores, alguns achados são importantes e
aumentam o risco de gravidade dos envolvidos, como9
Nos ferimentos penetrantes (arma branca e arma de fogo), são relevantes os dados quanto
■■ ao calibre da arma;
■■ à trajetória e à velocidade do projétil;
■■ à distância e ao número de disparos;
■■ à perda sanguínea na cena do acidente;
■■ ao comprimento e ao tipo de arma branca.
33
As queimaduras podem ser associadas a explosões e inalação de gases tóxicos. Por outro lado,
■■ alergias;
■■ medicação em uso;
■■ última refeição;
■■ antecedentes mórbidos.
CINEMÁTICA DO TRAUMA
Mecanismos de trauma específicos predispõem os pacientes a lesões específicas. É importante
reconhecer os padrões de lesões relacionados com os mecanismos de trauma. Certos mecanismos
de alto risco têm sido associados a maior morbidade e mortalidade, incluindo9
EXAME FÍSICO
Objetos estranhos encravados em qualquer parte do corpo devem ser mantidos no local e só
podem ser removidos com segurança em ambiente de centro cirúrgico.
Cabeça e pescoço
Todo o couro cabeludo e o crânio devem ser cuidadosamente examinados, em busca de fraturas
e lacerações. Os olhos devem ser reexaminados quanto10
As lacerações do couro cabeludo são facilmente não reconhecidas visualmente, mas com
frequência encontradas pela palpação. Deve-se estar atento para corpos estranhos, como vidro no
couro cabeludo após um acidente de carro. A posição da traqueia deve ser avaliada. Desvios da
traqueia da posição mediana podem estar relacionados com pneumotórax hipertensivo.10
34
Desde que não resultem em obstrução da via aérea e hemorragia profusa, os traumas maxilofaciais
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
devem ser tratados por especialista, após a estabilização completa do paciente; portanto, tais casos
deverão ser encaminhados para os hospitais de referência.10
■■ tamponamento cardíaco;
■■ hemotórax maciço;
■■ pneumotórax hipertensivo — entretanto, na vigência de hipovolemia crítica, geralmente as veias
estão colabadas.
Pacientes com traumas do crânio e maxilofacial devem ser considerados como portadores
de trauma da coluna cervical, sendo o pescoço mantido imobilizado até que toda lesão
seja avaliada com segurança por meio da clínica e, se necessário, exame de imagem
apropriado. A ausência de manifestações neurológicas com déficit motores ou sensitivos
e a radiografia normal não excluem trauma vertebromedular.14
Tórax
As paredes torácicas anterior e posterior devem ser inspecionadas para identificar:
■■ movimentos paradoxais;
■■ feridas penetrantes;
■■ contusões;
■■ crepitações;
■■ hematomas.
A ausculta do tórax pode trazer informações valiosas. Os achados devem ser comparativos
em relação aos dois hemitórax, e o exame clínico é sensível para identificar as lesões letais ou
potencialmente graves que podem pôr em risco a vida do traumatizado. No paciente estável, deve
ser realizada radiografia de tórax. “Abafamento” das bulhas e achatamento da pressão de pulso
podem indicar tamponamento cardíaco.10,14 Abolição do murmúrio vesicular e choque podem ser
os únicos indícios de pneumotórax hipertensivo, ou hemotórax maciço, e da necessidade de
descompressão imediata do tórax.18
35
Abdome
Pacientes com comprometimento do estado de consciência, hipotensão arterial sem causa aparente
e exame físico duvidoso ou não confiável são candidatos a LPD ou à US-FAST.14 Em pacientes
estáveis, com trauma contuso, sem sinais de irritação peritoneal, recomenda-se a avaliação
clínica seriada, que, associada à realização de exames de imagem como a US-FAST e a TC de
abdome, garante a possibilidade de tratamento não operatório (conservador) para a maioria dos
casos atendidos nos hospitais de referência, que dispõem das condições adequadas de avaliação
e monitoramento.10
O exame do períneo deve ser realizado antes da passagem da sonda vesical. Tradicionalmente,
o toque retal é considerado uma parte essencial do exame físico para todos os pacientes com
trauma. Entretanto, a sensibilidade do toque retal para lesões da medula espinhal, da pelve e do
intestino é baixa, e resultados falso-positivos e falso-negativos são comuns. O exame é justificado
nos casos em que há suspeita de lesão uretral ou lesão retal penetrante.14
Se o exame do períneo for realizado, deve-se verificar a presença de sangue vivo (sinal de lesão
intestinal), uma próstata alta (sinal de lesão uretral), um tônus esfincteriano anormal (sinal de lesão
da medula espinhal) e presença de fragmentos ósseos (sinal de fratura pélvica). Na mulher, o exame
do períneo deve incluir o toque vaginal, à procura de hemorragia vaginal ou lacerações da vagina.14
Recomenda-se a execução sistemática de testes de gravidez em toda mulher traumatizada em
idade fértil.14
Em pacientes com estabilidade hemodinâmica, nos casos de ferimentos penetrantes do abdome por
arma branca (faca, estilete, entre outras), a localização do ferimento na parede abdominal determina
a conduta específica.10 Em pacientes com ferimentos na transição toracoabdominal, deve-se
considerar que qualquer ferida penetrante do tórax ou abdome envolve ambos os compartimentos
até que se prove o contrário.14
36
Sistema musculoesquelético
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
A compressão, com as palmas das mãos, das espinhas ilíacas anteriores e da sínfise púbica possibilita
o diagnóstico de instabilidade pélvica, ação que deve ser realizada apenas uma vez, para evitar
uma possível reagudização do sangramento pelo deslocamento de coágulo no foco de fratura.26
Todos os pulsos periféricos devem ser palpados. Outras lesões importantes das extremidades
podem ser detectadas no exame físico. A instabilidade articular pode ser secundária à ruptura
de ligamentos. A perda da contração voluntária de grupos musculares deve-se à lesão nervosa
periférica ou à isquemia, incluindo a decorrente da síndrome compartimental de extremidades. Essa
síndrome é uma das sequelas do trauma frequentemente despercebida, sobretudo nos pacientes
inconscientes. O tratamento definitivo da síndrome compartimental de extremidade é a fasciotomia
da extremidade afetada.9,10
Fraturas da coluna torácica e lombar podem ser “mascaradas” por outros sinas e sintomas.
Convém manter o paciente inconsciente completamente imobilizado até que um ortopedista
ou neurocirurgião seja consultado, e os exames de imagem apropriados sejam obtidos.9
EXAME NEUROLÓGICO
O exame neurológico consiste na reavaliação dos reflexos e do diâmetro pupilares e das respostas
verbal e motora. A determinação da ECG é de grande valia para a detecção precoce de alterações
do estado neurológico. Portanto, o exame deve ser repetido em pequenos intervalos, sendo que12
O valor da ECG é amplamente utilizado e pode ser empregado para acompanhar o estado neurológico
do paciente. Entretanto, vários estudos sugerem que o escore inicial da ECG não é preditivo de
desfecho em pacientes com lesão cerebral grave que foram submetidos à intubação traqueal,
fizeram uso de sedativos ou estão sob efeitos de álcool ou outras drogas que podem interferir na
sua aplicação.9 Outras situações indicativas de trauma do encéfalo e que necessitam de TC e
avaliação especializada são28
37
■■ anisocoria;
EXAME DO DORSO
As faces posteriores do tronco e membros podem sediar lesões importantes. É, necessário que o
paciente seja rodado em bloco (com o auxílio de três pessoas) para possibilitar uma segura inspeção
dessa parte do corpo pelo examinador.
ATIVIDADES
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............................................................................................................................................
Resposta no final do capítulo
I — É um índice funcional.
II — Pode ser avaliada pelos paramédicos.
III — Analisa três variáveis.
IV — ECG abaixo de 10 é considerado TCE grave.
A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Resposta no final do capítulo
A) Hematoma escrotal.
B) Sangue na luz retal.
C) Sangue no meato uretral externo.
D) Próstata deslocada para cima ao exame retal.
Resposta no final do capítulo
38
15. Quais radiografias estão indicadas rotineiramente no politraumatizado estável?
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
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Resposta no final do capítulo
■■ coluna cervical em perfil — os membros superiores devem ser tracionados no sentido caudal,
para permitir a observação das sete vértebras cervicais e da primeira torácica;
■■ tórax — anteroposterior;
■■ pelve.
Por outro lado, os pacientes com trauma contuso de menor gravidade devem ser submetidos a
exames de imagem com radiografias simples somente se os achados clínicos sugerirem a presença
de lesão.20 Outros exames serão solicitados, de acordo com
■■ a história clínica;
■■ o mecanismo do trauma;
■■ o exame físico;
■■ os exames radiológicos iniciais;
■■ o LPD ou a US-FAST realizados.
Outros exames, como a arteriografia, estão indicados em lesões de bacia, com instabilidade
hemodinâmica e lesões de vísceras maciças abdominais, como trauma de fígado, rim e outros,
pois, além de auxiliarem o diagnóstico, permitem realizar preciosas angioembolizações.23
39
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Resposta no final do capítulo
Quanto a pacientes que apresentem sinais de choque, não é fácil estimar a quantidade
total de fluidos a ser reposta durante a fase inicial. O excesso de cristaloides deve ser
evitado no paciente com grande hemorragia. Contudo, é de fundamental importância que a
resposta circulatória à infusão de volume seja permanentemente avaliada. A normalização
da PA e da FC é sinal de tendência de estabilização hemodinâmica.
O volume urinário dá uma ideia aproximada do fluxo sanguíneo renal e, por extensão, dos demais
órgãos periféricos. Tais parâmetros clínicos auxiliam na avaliação da perfusão dos tecidos periféricos.
As decisões terapêuticas subsequentes, na sala de emergência, são tomadas com base na resposta
à reposição volêmica inicial. Deve-se executar a monitoração contínua29
■■ da oximetria de pulso;
■■ da PA;
■■ da FC;
■■ do débito urinário.
AVALIAÇÃO TERCIÁRIA
Com o intuito de minimizar a ocorrência de lesões despercebidas, vem sendo difundida a avaliação
terciária, que consiste na reavaliação sistematizada do paciente, no ambiente hospitalar, 24 horas
após sua internação ou no momento que antecede a sua alta, com
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
■■ anamnese completa;
■■ exame físico detalhado;
■■ revisão dos exames subsidiários;
■■ complementação diagnóstica, se houver necessidade.
Todos os dados relacionados com a história do trauma e as avaliações primária e secundária devem
ser informados ao médico que receberá o traumatizado. Durante o transporte, o paciente grave ou
potencialmente grave deverá ser, de preferência, acompanhado por médico, tendo suas condições
clínicas continuamente controladas.12 Comunicação permanente deve ser mantida entre o pessoal
que transporta — atendimento pré-hospitalar móvel —, a Central de Regulação Médica e a equipe
do hospital para o qual o traumatizado está sendo encaminhado.12
ATIVIDADES
17. Assinale a alternativa que apresenta quais regiões devem ser exploradas nas
radiografias de pacientes politraumatizados.
19. Assinale a alternativa que apresenta em quais unidades de saúde a maioria dos
pacientes traumatizados de baixa complexidade, atendidos na rede de urgência e
emergência podem ser inicialmente avaliados e completamente tratados.
■■ CASOS CLÍNICOS
Para auxiliar no aprendizado e na memorização do conteúdo abordado neste capítulo, serão
apresentados, a seguir, nove casos clínicos.
CASO CLÍNICO 1
Uma jovem sofre TCE grave em decorrência de colisão de carros. Apresenta escore de
6 na ECG, PA de 140x90mmHg, FC de 80bpm. Está intubada e em ventilação mecânica.
As pupilas têm 3mm de diâmetro e reagem à luz de forma simétrica. Aparentemente,
não há outras lesões.
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
ATIVIDADE
20. Conforme exposto no caso clínico 1, indique o princípio mais importante a ser seguido
no tratamento inicial do TCE desta paciente.
CASO CLÍNICO 2
Um adolescente de 15 anos de idade caiu do telhado após ser baleado em região
abdominal. Ao exame físico, apresenta-se corado, com ECG de 13, PA de 110x80mmHg
e orifício de entrada do projétil em região epigástrica e saída em região dorsal esquerda.
ATIVIDADE
21. Conforme exposto no caso clínico 2, indique a conduta mais adequada a seguir.
CASO CLÍNICO 3
Um homem de 64 anos de idade, envolvido em uma colisão automobilística em alta
velocidade, foi inicialmente reanimado em uma UPA com recursos limitados. Teve trauma
de crânio, com escore de 13 na ECG. Na radiografia de tórax, o mediastino está alargado
e há fraturas da segunda à quarta costelas, à esquerda, mas sem pneumotórax.
22. Conforme exposto no caso clínico 3, assinale a alternativa que apresenta o que o
médico deve fazer antes de transferir o paciente.
CASO CLÍNICO 4
Um jovem de 20 anos de idade, vítima de acidente de trânsito há 15 minutos, chega à
emergência com queixa de dispneia, dor torácica e ausculta respiratória diminuída à
direita. Sua saturação de oxigênio é de 97%.
ATIVIDADE
23. Conforme exposto no caso clínico 4, assinale a alternativa que apresenta a conduta
inicial neste paciente.
A) Radiografia torácica.
B) Intubação orotraqueal.
C) Punção torácica à direita.
D) Drenagem torácica à direita.
Resposta no final do capítulo
CASO CLÍNICO 5
Um homem de 60 anos de idade é vítima de ferimento por arma branca na face anterior
do tórax, à esquerda, em uma tentativa de assalto. Na chegada ao pronto-socorro, está
ansioso e apresenta sudorese profusa.
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
ATIVIDADE
24. Conforme exposto no caso clínico 5, analise as afirmativas a seguir, que apresentam
achados que podem significar que a causa do choque é hipovolemia.
I — Taquicardia.
II — Distensão das veias do pescoço.
III — Diminuição da pressão de pulso.
IV — Pele fria.
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I, a II e a III.
C) Apenas a III e a IV.
D) A I, a II, a III e a IV.
Resposta no final do capítulo
CASO CLÍNICO 6
Um homem de 20 anos de idade caiu de uma altura de 6 metros, de um poste de telefone
em que estava trabalhando. No pronto-socorro, apresenta uma deformidade evidente da
perna esquerda e uma laceração de 3cm na face medial da raiz da coxa, com sangramento
profuso. Sua PA é de 80x60mmHg e a FC é de 130bpm.
ATIVIDADE
25. Conforme exposto no caso clínico 6, o atendimento imediato deste paciente deve
incluir
A) arteriografia de urgência.
B) compressão do ferimento sangrante.
C) instalação de tala de tração no membro lesado.
D) redução cruenta e fixação interna da fratura.
Resposta no final do capítulo
45
CASO CLÍNICO 7
ATIVIDADE
26. Conforme exposto no caso clínico 7, assinale a alternativa que apresenta a conduta
mais correta em relação ao paciente.
CASO CLÍNICO 8
Paciente de 22 anos de idade, vítima de ferimento por arma branca em hemotórax direito
há 30 minutos é trazido pelo Samu. Na emergência, apresenta PA de 80x60mmHg, pulso
de 120bpm, FR de 36ipm. No exame físico, apresenta bulhas rítmicas e normofonéticas
sem sopros em 2T; murmúrio vesicular presente em hemitórax esquerdo e ausente em
hemitórax direito; hipertimpanismo desse lado.
ATIVIDADE
27. Conforme exposto no caso clínico 8, assinale a alternativa que apresenta a melhor
hipótese diagnóstica.
A) Tamponamento cardíaco.
B) Hemotórax maciço.
C) Choque neurogênico.
D) Pneumotórax hipertensivo.
Resposta no final do capítulo
46
CASO CLÍNICO 9
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
ATIVIDADE
28. Conforme exposto no caso clínico 9, assinale a alternativa que apresenta a melhor
conduta terapêutica.
A) Fasciotomia.
B) Amputação do membro abaixo do joelho.
C) Heparinização associada a diuréticos.
D) Aquecimento e elevação do membro.
Resposta no final do capítulo
■■ CONCLUSÃO
Todo traumatizado atendido pelo atendimento pré-hospitalar móvel e fixo deverá ser submetido
à avaliação primária, à reanimação e aos procedimentos auxiliares dessa avaliação. Todos os
pacientes traumatizados exigem uma abordagem sistematizada para uma conduta adequada, a
fim de maximizar os resultados e reduzir o risco de lesões não percebidas. O cuidado ideal requer
comunicação eficaz e eficiente e trabalho em equipe entre os profissionais envolvidos.
Atividade 2
Resposta: A principal causa de obstrução das vias aéreas nos pacientes inconscientes é a queda
da base da língua sobre a hipofaringe.
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: As alternativas A, B e D estão incorretas, pois a ventilação tem como objetivo final
garantir o aporte adequado de oxigênio para os tecidos. Todo traumatizado grave deve receber
oxigênio suplementar com um fluxo de 10 a 12L/minuto como primeira manobra para melhorar a
oxigenação.
Atividade 4
Resposta: D
Comentário: As alternativas A, B e C estão incorretas, pois a presença de 20 a 30mL/kg ou mais de
sangue na cavidade pleural é definida como hemotórax maciço. O paciente apresenta-se em estado
grave, com hipotensão arterial, dificuldade respiratória e murmúrio vesicular abolido no hemitórax
afetado. As veias do pescoço podem estar ingurgitadas ou em colapso. O tratamento inicial consiste
em drenagem torácica e reposição volêmica vigorosa. O sangue coletado da cavidade pleural pode
ser infundido por via venosa (autotransfusão). A drenagem de volume sanguíneo superior a 2–3mL/
kg por hora, nas horas subsequentes à drenagem, indica a toracotomia exploradora.
Atividade 5
Resposta: D
Comentário: A quarta afirmativa é falsa, pois se suspeita de tamponamento cardíaco no paciente com
trauma torácico na vigência de hipotensão arterial, abafamento de bulhas cardíacas e ingurgitamento
das jugulares na ausência de pneumotórax hipertensivo. O uso da US (FAST SCAN) também está
indicado nessa situação.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois, na década de 1980, no Brasil, as mortes
por acidentes e violências passaram a responder pela segunda causa de óbitos no quadro de
mortalidade geral, ensejando a discussão de que se tratava de um dos mais graves problemas de
saúde pública a ser enfrentado no país. A partir de então, essas mortes representam cerca de 15%
dos óbitos registrados no país. É a principal causa de morte em pessoas de 1 a 44 anos de idade. A
mortalidade no trauma vem sendo dividida, classicamente, em três picos sucessivos de incidência, e
o terceiro pico de morte ocorre dias ou semanas após o trauma e deve-se a complicações sépticas
e à falência de múltiplos órgãos.
Atividade 7
48
Resposta: C
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
Comentário: A afirmativa II está incorreta, pois os sinais de fratura de base de crânio são equimose
periorbital (sinal do guaxinim), sangramento e saída de líquor pelo conduto auditivo ou pelo nariz,
hemotímpano e o sinal de Battle (hematoma na região da mastoide).
Atividade 8
Resposta: A US-FAST é menos sensível a lesões em traumas penetrantes do que o trauma fechado,
e os resultados dos exames de USG em pacientes com trauma penetrante, particularmente os
negativos, devem ser interpretados com cautela.
Atividade 9
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois lesões uretrais contraindicam a
cateterização vesical. A introdução do cateter deve ser precedida de exame do períneo e toque retal.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, C e D estão incorretas, pois uretrorragia, hematomas e equimoses
perineais e desvios de posição da próstata sugerem lesão de uretra.
Atividade 11
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois o LPD tem um papel semelhante ao do
modo FAST no paciente instável, para a avaliação de um foco de sangramento abdominal.
Atividade 12
Resposta: Recomenda-se o exame minucioso das extremidades. As fraturas e as luxações podem
ser diagnosticadas pela palpação cuidadosa de todos os ossos e articulações. Deve-se imobilizar e
obter radiografias de qualquer área suspeita de fratura, assim como das articulações acima e abaixo
das lesões suspeitas. Observar todas as feridas penetrantes, especialmente aquelas associadas a
suspeitas de fraturas, indicando uma possível fratura exposta.
Atividade 13
Resposta: A
Comentário: A afirmativa IV está incorreta, pois uma avaliação neurológica funcional do traumatizado
pode ser obtida pela ECG e pela análise do diâmetro e da reatividade pupilar. A avaliação da ECG
deve ser realizada sistematicamente pelo estado de consciência (paciente alerta ou não) e pela
resposta verbal e motora a comandos verbais ou estímulos como a pressão nas regiões supraorbitária
ou ungueal. O valor de ECG abaixo ou igual a 8 é considerado TCE grave.
Atividade 14
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, B e C estão incorretas, pois os sinais clínicos indicativos de lesão de
uretra são a presença de sangue vivo no meato uretral, hematoma de bolsa escrotal, uma próstata
alta ou não palpável.
Atividade 15
49
Resposta: É recomendada, em todos os politraumatizados estáveis, a realização de, no mínimo,
Atividade 16
Resposta: Com o intuito de minimizar a ocorrência de lesões despercebidas, vem sendo difundida a
avaliação terciária, que consiste na reavaliação sistematizada do paciente, no ambiente hospitalar,
24 horas após sua internação ou no momento que antecede a sua alta, com anamnese completa,
exame físico detalhado e revisão dos exames subsidiários.
Atividade 17
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois as regiões a serem exploradas nas
radiografias em pacientes politraumatizados são a coluna cervical em perfil, o tórax e a pelve.
Atividade 18
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, C e D estão incorretas, pois a adequação da reposição volêmica,
após as medidas iniciais adotadas na sala de emergência, é realizada por meio da dosagem e
clearance do lactato sérico.
Atividade 19
Resposta: C
Comentário: As alternativas A, B e D estão incorretas, pois aproximadamente 70% dos traumatizados
atendidos na rede de urgência e emergência podem ser inicialmente avaliados e completamente
tratados nas UBSs, UPAs e hospitais de baixa complexidade.
Atividade 20
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, C e D estão incorretas, pois o princípio fundamental a ser seguido
no atendimento inicial do portador de TCE deve ser evitar a lesão cerebral secundária (hipoxia e
hipotensão), que agrava consideravelmente a lesão cerebral traumática e aumenta as taxas de
mortalidade.
Atividade 21
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, C e D estão incorretas, pois os casos de trauma penetrante por arma
de fogo, nos quais há estabilidade hemodinâmica e alto potencial de destruição, atingindo qualquer
região do abdome, devem ser submetidos à laparotomia na grande maioria das vezes. Todo paciente
com ECG igual ou inferior a 14 deve ser submetido à TC de crânio e avaliação neurocirúrgica.
Atividade 22
Resposta: A
50
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois antes do encaminhamento, o paciente
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
Atividade 23
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois a ausculta do tórax pode trazer informações
valiosas. Os achados devem ser comparativos em relação aos dois hemitórax, e o exame clínico é
sensível para identificar as lesões letais ou potencialmente graves que podem pôr em risco a vida
do traumatizado. No paciente estável, deve ser realizada a radiografia de tórax.
Atividade 24
Resposta: B
Comentário: Em pacientes adultos traumatizados, as causas de choque não hemorrágico incluem
tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo. Essas lesões são mais bem detectadas pelo
exame físico e pela avaliação ultrassonográfica (E-FAST). Dos achados apresentados, aquele não
compatível com choque hemorrágico é a distensão das veias do pescoço.
Atividade 25
Resposta: B
Comentário: As alternativas A, C e D estão incorretas, pois hemorragias externas devem ser
identificadas e controladas por compressão direta da ferida. O pinçamento dos vasos sangrantes
durante o atendimento inicial é procedimento perigoso, podendo resultar em agravamento das
lesões vasculares e trauma de tecidos vizinhos. O uso de torniquete pode ser indicado em casos
de amputação traumática, vistos mais frequentemente em nosso meio em ferimentos com máquinas
agrícolas e acidentes com derrapagem de motocicletas.
Atividade 26
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois, durante o período de observação, podem
surgir novos sinais e sintomas, ou a situação clínica ser agravada. Toda vez que isso acontecer, o
médico deverá reiniciar a avaliação primária e verificar todos os procedimentos realizados.
Atividade 27
Resposta: D
51
Comentário: As alternativas A, B e C estão incorretas, pois o pneumotórax hipertensivo é poten-
Atividade 28
Resposta: A
Comentário: As alternativas B, C e D estão incorretas, pois a perda da contração voluntária de
grupos musculares é decorrente da lesão nervosa periférica ou da isquemia, incluindo a decorrente
da síndrome compartimental de extremidades. Essa síndrome é uma das sequelas do trauma
frequentemente despercebidas, sobretudo nos pacientes inconscientes. O tratamento definitivo da
síndrome compartimental de extremidade é a fasciotomia da extremidade afetada.
■■ REFERÊNCIAS
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ATUALIZAÇÃO NO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
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