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Atendimento ao Politraumatizado
ROTEIRO ❖ 1º pico: mortes que ocorrem imediatamente após
o trauma.
1. Epidemiologia;
Nessas situações a assistência em saúde não traduz
2. Modelo ATLS;
a diminuição dessas mortes. Então, na verdade, você
3. Avaliação primária;
tem que evitar que o agente causador do trauma
4. Avaliação secundária;
ocorra. Aqui entra principalmente os acidentes
5. Tratamento definitivo.
automobilísticos, que é onde o indivíduo vai ter lesões
EPIDEMIOLOGIA vasculares, como as lesões de aorta, e vai acabar
indo ao óbito no local. Nesses casos, medidas de
“O traumatismo (do grego trauma: "ferida") é uma
educação no trânsito tem efeito.
lesão produzida por ação violenta, de natureza
física (arma de fogo) ou química (queimadura), ❖ 2º pico: São aquelas patologias que acontecem
externa ao organismo, sendo o Politraumatizado o após o trauma.
paciente que tem múltiplos traumatismos (exemplo: Nesse caso, a assistência ao atendimento inicial é
em um acidente de carro, pode ter acometimento do decisiva! Se houver uma falha, por exemplo, um
sistema respiratório, circulatório e nervoso).” indivíduo que teve um politrauma e está com um
• EUA: pneumotórax não drenado pode evoluir para um
❖ 60 milhões por ano; pneumotórax hipertensivo e posteriormente evoluir
❖ 145.000 mortes; para PCR. Nesse momento, a capacitação técnica e a
❖ 3,6 milhões de internações; qualificação para o atendimento inicial é um ponto
❖ 100 bilhões de dólares/ano → 40% do importante.
orçamento. ❖ 3º pico: Ele acontece em dias, e está relacionado
• Brasil: a assistência que o indivíduo recebe no
❖ 130.000 mortes; internamento/tratamento da patologia de base
❖ 360.000 sequelados. e definitivo.
O trauma onera o sistema, tanto porque precisa de Isso exige uma demanda de especialistas, estrutura
uma assistência à saúde quanto pelas sequelas, ou física (unidade com exames complementares,
seja, o trauma incapacita um paciente que era medicamentos…). Quando há um pico de óbitos nesse
capacitado para o trabalho e, a partir de então, vai momento demonstra que a qualidade da assistência
depender do Estado. hospitalar é ruim.
• Fechados → 75%; quando não há uma lesão de Com essa distribuição
continuidade cutânea. é possível ter uma
❖ Eventos de trânsito → 70%; noção de como o
❖ Quedas → 20%. trauma mata e como
• Penetrantes → 15%; quando há lesão de exige uma
continuidade. preparação. É
❖ FPAF (ferimentos por armas de fogo) → 60%; necessário prevenir,
❖ FAB (ferimento por arma branca) → 35%. ter uma qualidade de
DISTRIBUIÇÃO TRIMODAL assistência inicial ao
trauma e uma qualidade final, tanto para o ambiente
Em relação as causas de mortes no trauma, foi
hospitalar de insumos quanto de recursos humanos.
estipulado que existe uma distribuição trimodal (3
picos de morte). Prevenção – Qualidade inicial – Qualidade final
Beatriz Machado de Almeida
Emergências cirúrgicas – Aula 1 2
Múltiplas vítimas: O número de vítimas e a formada pelas fossas nasais, faringe (músculo
estriado), laringe, traqueia, brônquios e
gravidade das lesões não excedem a capacidade de
bronquíolos e alvéolos.
atendimento do pessoal e/ou hospital → Serão
atendidos primeiramente os pacientes com risco Ps. Todo músculo esquelético é estriado, mas nem
iminente de vida. todo músculo estriado é esquelético. Todo músculo
estriado tem um controle voluntário. O córtex
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA - ABCDE
cerebral, que é o telencéfalo, onde ficam os corpos
A sistematização do ABCDE é um fluxograma que celulares dos neurônios, vão mandar os axônios que
tentou no profissional deixar um pouco automático a vão formar os nervos periféricos para inervar esses
adoção de medidas, que são avaliação da perviedade músculos. Então, quando tem alguma coisa do córtex,
da via aérea, a avaliação do aparelho respiratório, o por exemplo, um sangramento, vai ter um
combate ao choque e tratamento da hemorragia, a comprometimento desse envio de mensagem. Então
avaliação neurológica e a exposição completa. Devem esse músculo da faringe vai ficar flácido e a língua
ser feitas nessa ordem, mas concomitantemente. (implantada no palato mole; estrutura muscular) vai
perder a sua tonicidade (vai cair), obstruindo a
Isso de ABCDE sinaliza só que não posso me
passagem de ar. Da mesma forma, na letra A pode
preocupar em calcular a escala de Glasgow antes de
combater a obstrução por corpo estanho (exemplo
tratar um pneumotórax na letra B. Isso é feito de
- dentadura).
forma simultânea e várias vezes durante o
atendimento, pois a situação clínica do paciente vai • B → Ventilação e respiração: é o exame físico
mudando. Não pode priorizar a letra E, em detrimento do aparelho respiratório. Inspeção, palpação,
da A, B, C e D. Nessa ordem de atendimento a chance percussão e ausculta, pois, vai diagnosticar as
de você tomar medidas que mantenham a vida do patologias torácicas que são agregadoras de
paciente íntegra é maior. morte no trauma, como um pneumotórax
hipertensivo, hemotórax maciço, pneumotórax
A primeira coisa a ser feita na avaliação primária
aberto e tórax instável.
é perguntar o nome do paciente. Quando chega na
• C → Circulação com controle de hemorragia:
cena é instantâneo. Não é o momento de perguntar o
combater hemorragia, procurando o local e
que aconteceu, mas sim o nome do paciente, pois na
identificar o choque. O choque mais prevalente
hora que o paciente responde o nome dele, isso traduz
no trauma é o hipovolêmico do tipo hemorrágico
para que a via aérea dele está pérvia, que o padrão
(necessita de volume e combate a hemorragia).
ventilatório está normal, que a oxigenação está boa,
Os outros tipos de choques, como o neurogênico,
status neurológico. Então, não há sinais ou sintomas
não agregam morte no momento inicial.
de choque. Choque não significa perda de volume, e
• D → Exames neurológicos (disfunção): Status
sim o estigma da hipoxemia tecidual.
neurológico. Vamos definir medidas como a
Toda avaliação começa com essa pergunta: “Senhor,
proteção da via aérea, uma vez que a letra D
qual o seu nome?”
traduzir que o comprometimento neurológico
XABCDE está elevado. Se o córtex estiver muito
Atualmente, na abordagem do PHTLS, que é o comprometido, essa mensagem não chega aos
isso depende dos músculos intercostais, Associado a isso também tem a cânula de guedel que
diafragma (músculos estriados). Se não tiver mantem a língua na posição anatômica. Elas são
resposta cortical eles não vão funcionar. numeradas (1-7) e essa numeração tem uma cor
• E → Exposição e controle de hipotermia: diferente. Para saber qual tamanho deve ser usado, é
identificar outros agravos preciso fazer uma medida entre a narina e o ângulo
Essa é a ordem de priorização, mas tudo isso é feito da mandíbula. A forma de colocar a cânula de guedel
é com a sua extremidade apontando para o nariz e
ao mesmo tempo. Não pode priorizar a letra E antes
de tratar a D e por aí em diante. dentro da boca é que gira, pois se imediatamente
colocar a cânula na posição final que ela deve ficar,
A – VIA AÉREA E COLUNA CERVICAL acontece que ao introduzir ela acaba empurrando
ainda mais a língua para trás, e em vez de ajudar,
• Manter perviedade;
piora a situação. Então, adentra com a cânula
• Aspirar via aérea com aspirador rígido.
totalmente e só lá dentro que gira 180º graus,
• Fornecer oxigênio
garantindo que a língua fique na posição certa e o ar
com máscara não
passe entre as paredes da cânula. Além de poder
reinalante.: mesmo
ofertar oxigênio pelo conduto, serve também para
que o indivíduo esteja
evitar as mordidas e até o rompimento de um tubo.
respirando bem, pois
isso garante a ventilação máxima possível. Nesse momento, no final da letra A, em que já fez
medidas de elevação, forneceu obrigatoriamente
O2, aspirou, já vai conseguir ter uma noção de como
o paciente está respondendo, pois o paciente estará
monitorizado (visualização da FR, FC, saturação). Se
o paciente tiver com a saturação baixa, com nível
de consciência comprometido, então, nesse momento
tem que definir se vai deixar o paciente só com
suporte de oxigênio ou se vai garantir a via área.
Todo paciente politraumatizado tem um risco e dois no corpo, e esse monobloco garante que o
paciente seja movido lateralmente e posicionado na
eminente de trauma raquimedular e como o principal
sitio de TRM é a coluna cervical, preconiza a prancha de uma vez só. Quando o paciente está
deitado em decúbito ventral a prancha é posicionada
utilização de um colar cervical para
imobilizar/estabilizar a coluna cervical do paciente! na parte posterior e o paciente em monobloco
também é virado.
• Diagnosticar:
paciente. Esse pranchamento tem que ser com uma ❖ Contusão cardíaca;
Algumas escolas advogam que o paciente deve ser você não identifica tais patologias, é uma falha no
mantido na prancha só para transporte (prática), e atendimento inicial e pode haver comprometimento
caso não tenha nenhum sinal neurológico focal, do paciente. Tem que DRENAR O TORÁX NESSE
deformidade ou alteração sensitiva, pode ser tirado MOMENTO e não esperar chegar no hospital.
da prancha. Isso porque a manutenção do paciente • 4 condições que não podem sair da sala de
na prancha aumenta a REMIT (resposta endócrina, emergência sem diagnóstico e conduta:
metabólica e imunológica do trauma), pois o paciente 1. Pneumotórax hipertensivo;
fica submetido a uma situação de estresse muito 2. Hemotórax maciço;
maior. Outra escolas dizem que o paciente só pode 3. Pneumotórax aberto;
ser tirado da prancha quando for excluída qualquer 4. Tórax instável/contusão pulmonar.
lesão após a rotina radiológoca do trauma.
À medida que você negligencia isso aqui, o paciente
pode evoluir de pneumotórax simples para um quadro
de insuficiência respiratória (intubação),
pneumotórax hipertensivo, choque obstrutivo e
morte. Neste momento, além da avaliação, entram as
medidas de ressuscitação, sendo uma delas, a
passagem do dreno do tórax. É diferente de um
paciente que tem um TCE – hematoma subdural,
porque isso não vai ter muita mudança no caso do
paciente. Lá no hospital, sim!
Beatriz Machado de Almeida
Emergências cirúrgicas – Aula 1 6
Onde sangra? Mnemônico do sangue no chão litro de infusão rápida soro ringer lactato, cuja
(teoricamente já combatido na letra X, com osmolaridade é mais semelhante a osmolaridade
torniquete e imobilização na fratura exposta) e nos plasmática ou soro fisiológico aquecido. Após 1 litro
4 locais (locais mais comuns do trauma: tórax, de infusão de soro rápido o paciente pode responder
abdome, retroperitônio e pelve). A pelve óssea bem e ter um controle dos sinais de choque. Se
também é incluída, pois a medula óssea dos ossos necessário, faz mais 1L. Não é o ideal fazer 2L de
plano-chato laminares (calota craniana, costelas, soro imediatamente, pelo fato de o choque ser um
crista ilíaca) são a principal fonte de hematopoiese déficit de oxigenação, e devido ao fato de a
do adulto. Na criança são os ossos longos (tíbia, hemoglobina conduzir oxigênio, ao fazermos a
úmero e fêmur). reposição com mais 2L de soro, a hemoglobina se
de anisocórica quando uma das pupilas está tendo uma via aérea definitiva, pois foi visto que quanto
uma resposta diferente da outra. menor o número/classificação na escala de
Glasgow, maior o comprometimento do córtex.
Então aquela musculatura que está no espaço
intercostal, como o diafragma, estará com sua
inervação comprometida, consequentemente, seu
funcionamento não será adequado, ou seja, não
haverá uma ventilação eficaz, e portanto, o
paciente precisará ser intubado.
• História clínica:
❖ A → Alergias;
❖ M → Medicamentos: uso habitual.
❖ P → Passado médico: ex. paciente grávida.
❖ L → Líquidos e alimentos: noção em relação ao
jejum em casos de necessidade de cirurgia.
❖ A → Ambiente e eventos: mecânica do trauma,
BIBLIOGRAFIA
magnitude e lesão esperada de acordo com o tipo
de trauma ocorrido. • ATLS: Advanced Trauma Life Support for
Doctors. American College of Surgeons. 10 a
• Exame físico: dos pés a cabeça. edição. 2018.
❖ Cabeça e pescoço; • Ferreira, L.M., Odo, L.M. Guia de Cirurgia:
❖ Maxilofacial; Urgências e Emergências, 1 ª edição. São Paulo:
❖ Coluna vertebral; Editora Manole, 2001.
❖ Tórax;
❖ Abdômen;
❖ Períneo.