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III Curso de Preparação TEM:

MGF1
MÓDULO 22: URGÊNCIA CIRÚRGICA
Dra. Célia Maia
Revisora científica: Dra. Filomena Soares
Declaração de Conflito de Interesses
Estrutura
1) Abordagem ao Politraumatizado
2) Feridas e Suturas
3) Abdómen agudo
4) Patologia ano-retal aguda
1) Abordagem ao Politraumatizado
1) Abordagem ao Politraumatizado
CONTEÚDOS

• Trauma
o Mecanismos de lesão

• Avaliação Primária
o Preservar a vida – ABCDE
o Pesquisar, reconhecer, estratificar e tratar situações de risco imediato de vida

• Avaliação Secundária
o Pesquisar, reconhecer, estratificar e tratar situações potencialmente fatais na evolução do traumatizado

A avaliação é realizada de acordo com o ATLS


(Advanced Trauma Lie Support of Doctors), tendo como foco a
avaliação primária - ABCDE
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.1) Abordagem ao Politraumatizado – TRAUMA (mecanismos)

TRAUMA PENETRANTE

• Corresponde a 4% do trauma na Europa


o Arma branca ou de fogo
o Entrada de objetos no corpo

• Consequências clínicas dependem da energia transferida e local da lesão

• Transferência de alta energia (projétil) – tecidos circundantes são afastados do trajeto → CAVITAÇÃO
o Destruição mecânica e funcional dos tecidos
o Leva pedaços de roupa e outros materiais para a profundidade da ferida
o Orifício de saída é geralmente maior que o da entrada

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.1) Abordagem ao Politraumatizado - TRAUMA
TRAUMA FECHADO

• Na Europa:
o 55% são acidentes de viação
▪ Impacto frontal Apesar de cada um destes padrões ter variações, a
▪ Impacto traseiro identificação precisa do tipo de impacto ocorrido
fornece informação essencial para poder
▪ Impacto lateral identificar eventuais lesões resultantes do evento
▪ Impacto rotacional traumático.

▪ Capotamento

o 17% são quedas


o 22% diversos (acidentes desportivos)
o 6% são agressões
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.1) Abordagem ao Politraumatizado – TRAUMA (mecanismos)
IMPACTO FRONTAL Para cima e sobre

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado – TRAUMA (mecanismos)
Para cima e sobre

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado - TRAUMA (mecanismos)
Para baixo e sob

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado - TRAUMA (mecanismos)

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado – TRAUMA (mecanismos)
IMPACTO TRASEIRO

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado – TRAUMA (mecanismos)
IMPACTO LATERAL

• Fratura da bacia
• Fraturas da clavícula • Fratura de costelas • Lesões do baço ( ++ condutor)
• Fratura de costelas • Contusão pulmonar • Lesões do fígado (++ passageiro)
• Compressão de órgãos sólidos • Fratura e luxações vertebrais
(pneumotórax, laceração aorta) (e/ou medulares)
• Lesões Crânio

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


1.1) Abordagem ao Politraumatizado – LESÃO OCULTA

• A lesão oculta, que pode não ser óbvia em termos de exame primário, deve ser procurada baseando-se no
mecanismo de trauma e/ou a história associada fortemente sugestiva.

• População com alto risco para lesão oculta:


o Abuso de álcool
o Abuso de drogas
o População idosa
o Vítimas sob terapêutica anti-coagulante ou coagulopatia
o Défices neurológicos ou doença psiquiátrica

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.1) Abordagem ao Politraumatizado
• A abordagem inicial da vítima pressupõe:
1. Preparação (a caminho do local de ocorrência –após o acionamento do meio de emergência do CODU)
2. Avaliação do local e segurança
o 1ª preocupação: segurança da vítima, da equipa e/ou terceiros
o Vítima de doença súbita ou vítima de trauma
▪ Ex. carro parado na estrada, sinais de trauma; vítima com hipoglicemia
3. Avaliação Primária
4. Avaliação Secundária → fazem parte os MCDT’s, na avaliação hospitalar
5. Transporte
o O mais precocemente possível
▪ Maioria da mortalidade no trauma acontece em 3 momentos
▪ Imediatamente a seguir à lesão
▪ Na hora seguinte → Golden Hour
▪ Semanas após (também influenciada pela eficácia da abordagem inicial)
o Reavaliar a vítima, regularmente, seguindo o esquema ABCDE INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.1) Abordagem ao Politraumatizado

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• Qualquer condição com risco de vida deve ser
Airway imediatamente abordada e, se possível, resolvida
antes de continuar o processo de avaliação
Via aérea com controlo cervical
(avaliação vertical).
Breathing
Ventilação e oxigenação • Não deverá avançar para o passe seguinte sem
antes resolver a condição que põe em risco a vida.
Circulation o EXCEÇÃO: hemorragia exsanguinante →A
Circulação com controlo da hemorragia externa prioridade é o controlo imediato através da
Disability compressão manual direta ou com uso de
garrote, caso a primeira se revele ineficaz
Estado neurológico
Exposure • Avaliação inicial deve demorar apenas 60-
Exposição com controlo da temperatura 90segundos

VÍTIMA CRÍTICA ou NÃO CRÍTICA


INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• Em TRAUMA, a decisão de categorizar a vítima como crítica deverá ter por base não só a avaliação ABCDE, mas também
o mecanismo de lesão.

• Os seguintes mecanismos podem potenciar e/ou aconselhar a que a vítima seja abordada como crítica:
o Impacto violento na cabeça, pescoço, tronco ou pélvis;
o Incidente de aceleração e/ou desaceleração súbita (colisões, explosões e outros, sobretudo se resultante desse
incidente existir alguma vítima cadáver);
o Queda superior a 3x a altura da vítima;
o Queda que envolva impacto com a cabeça;
o Projeção ou queda de qualquer meio de transporte motorizado ou a propulsão;
o Acidentes de mergulho em águas rasas.

VÍTIMA CRÍTICA INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• Assegurar permeabilidade da Via aérea
Airway o Imobilização cervical
Via aérea com controlo cervical ▪ Colar cervical – alinhamento anatómico, tração e
Breathing imobilização da coluna cervical após exame da região.
Ventilação e oxigenação
o Subluxação da mandíbula (se suspeita de lesão medular)
Circulation
Circulação com controlo da hemorragia externa o Aspiração da orofaringe, extração de corpos estranhos
Disability o Tubo de Guedel (orofaríngeo)/Tubo endotraqueal
Estado neurológico ▪ Sem colar mas com imobilização manual da cabeça e
Exposure pescoço;
Exposição com controlo da temperatura ▪ CI: intubação nasotraqueal (fratura da base do crânio)

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• VOS – ver, ouvir, sentir (se inconsciente)
Airway
Via aérea com controlo cervical • Manutenção da oxigenação adequada
Breathing o Garantir SatO2> 95% (no doente crítico, aceita-se >92%)
o Se grávida, SatO2>97%
Ventilação e oxigenação
Circulation • Avaliação seriada
Circulação com controlo da hemorragia externa o Inspeção
o Auscultação
D isability o Percussão
Estado neurológico o Palpação (dor, enfisema SC)
Exposure • Avaliação para excluir situações potencialmente fatais:
Exposição com controlo da temperatura
obstrução da via aérea, pneumotórax, hemotórax, retalho costal,
lesão diafragmática com herniação.
• Dreno torácico se identificado pneumotórax
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• Avaliação
o Pulso
A irway ▪ taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
Via aérea com controlo cervical o Temperatura e coloração da pele
▪ hipotermia, sudorese e palidez
Breathing o Preenchimento capilar
Ventilação e oxigenação ▪ leito ungueal
Circulation o Pressão Arterial
Circulação com controlo da hemorragia externa o Estado de consciência
▪ Agitação como sinal de hipovolemia
D isability
Estado neurológico • Pesquisar hemorragias + controlo hemorragia
Exposure • Assegurar acessos venosos
Exposição com controlo da temperatura
• Perfundir líquidos
• Colher sangue para tipagem + estudos analíticos
• Transfundir
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INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária
• Escala Coma Glasgow
• Exame pupilar
Airway o Tamanho
Via aérea com controlo cervical o Simetria
o Reatividade à luz
Breathing
Ventilação e oxigenação • Função motora (lateralização da resposta)
Circulation
Circulação com controlo da hemorragia externa • Se trauma vertebro-medular → avaliar nível de lesão
Disability • Imobilização
Estado neurológico o Colar cervical (retirar SÓ quando chegar à sala de Radiologia)
o Imobilizadores laterais da cabeça
Exposure o Plano duro
Exposição com controlo da temperatura ▪ Doente pode ser retirado se estiver consciente e sem
suspeita de lesões da coluna (risco de úlceras de
Colar cervical pode ser retirado perante uma vítima pressão)
consciente e sem défices neurológicos/cognitivos ▪ São necessários 8 elementos para retirar o plano duro
com EO negativo.
▪ Inspecionar dorso
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.2) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária

Airway
Via aérea com controlo cervical
Breathing • Expor a totalidade da superfície corporal, sem esquecer a
Ventilação e oxigenação dignidade do doentes
Circulation • Procurar lesões que tenham passado despercebidas
Circulação com controlo da hemorragia externa
Disability • Evitar hipotermia
Estado neurológico
Exposure
Exposição com controlo da temperatura

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Secundária
• A avaliação secundária só deve iniciar-se após conclusão da avaliação primária, em vítimas estáveis demonstrando
normalização de sinais vitais (quando alterações de ventilação e hipovolemia controladas).
• Inclui:
o Parâmetros vitais
o Recolha de informação - CHAMU
o C- Circunstâncias do acidente
o H- Hx anterior de doenças e/ou gravidez
o A – Alergias
o M – Medicação habitual
o U – Última refeição

o Observação geral e sistematizada


▪ Cabeça e pescoço
▪ Tórax
▪ Abdómen
▪ Bacia e períneo
▪ Membros superiores e inferiores
▪ Dorso e superfícies posteriores

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Secundária

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Secundária

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Secundária

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Secundária

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma Crânio-encefálico (TCE)

• As lesões que podem estar presentes nos TCE são:


o Hematomas do couro cabeludo
o Feridas no couro cabeludo
o Fraturas do crânio com ou sem afundamento
o Perfurações intracranianas
o Hemorragias intracranianas
o Edema cerebral

• Nos TCE, a administração de O2 é MANDATÓRIA (risco de hipoxia)

• A presença de traumatismos associados, nomeadamente acima da clavícula, deve fazer suspeita de TCE!

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma Crânio-encefálico (TCE)
• Abordar a vítima, imobilizando a cabeça em posição neutra e assumindo sempre a possibilidade de coexistir TVM

• No caso particular do TCE, deve ser rapidamente verificada a existência de feridas cranianas, hematomas peri-orbitários
e perdas de líquor (LCR), massa encefálica ou hemorragias pelos ouvidos ou nariz

• Permeabilizar a via aérea com estabilização cervical (através da subluxação ou elevação do maxilar inferior na vítima
inconsciente)

• Fraturas com afundamento e hemorragia associada: NÃO EXERCER pressão na zona do afundamento.

• Exposição de massa encefálica: cobrir suavemente (sem comprimir) com compressas secas. Os objetos empalados não
devem ser removidos.

• Estar preparado para a ocorrência de convulsões.

• Sinais de Hipertensão Intra-Craniana:


• alterações do estado de consciência, cefaleia, náusea, vómito, ventilação irregular, bradicardia, HTA

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma Crânio-encefálico (TCE)
• Segundo Protocolo Nacional de Trauma, deve ser pedido TC crâneo-encefálico:

o Lesões major (afundamento/otorragia/perdas de líquor)


o Mais 65 anos
o Epilepsia
o Hipocoagulação
o Alterações do estado de consciência
▪ Perda de conhecimento, alterações na fala, consumo de álcool/estupefacientes
o Sintomas neurológicos
▪ Cefaleia, náuseas/vómitos, alterações sensitivas/motoras
1.3) Avaliação Secundária – Trauma Vertebro-Medular (TVM)
• Maioria resulta de acidentes de viação (~50%)
o Quedas, lesões penetrantes (arma branca), lesões desportivas

• Todas as vítimas inconscientes após acidente deverão ser tratadas como traumatizados vertebro-medulares.

• Em lesões cervicais, pode ocorrer paragem respiratória, mesmo algum tempo após o acidente, porque o edema, que se
vai instalando progressivamente, pode afetar zonas mais altas que as atingidas diretamente pelo traumatismo.

• OBJETIVO PRINCIPAL: impedir que a vítima se mova, mantendo um perfeito alinhamento da coluna (segundo o eixo
nariz, umbigo e pés).

• Garantir estabilização, alinhamento e imobilização!! → COLAR CERVICAL é fundamental!!!

o Estas vítimas nunca devem ser mobilizadas sem que estejam totalmente imobilizadas (colete de extração, plano
duro com imobilizadores laterais da cabeça), exceto se houver perigo de vida no local onde se encontram, ou se
houver necessidade de iniciar manobras de suporte de vida.

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma torácico
• As fraturas das últimas costelas ou indícios de traumatismo na base do tórax devem levantar a suspeita de existência
de lesões intra-abdominais, particularmente a nível do baço e fígado.

Orifício de entrada
Armas de fogo Orifício de saída
Aberto (maior)
Nunca tentar a
Objecto empalado
remoção
Marcas
Fechado 85% Equimoses
Abrasões

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma torácico
• Situações potencialmente fatais → Crucial identificar
o Pneumotórax aberto
▪ Na inspeção: constata-se ferida que produz um ruído característico (aspiração) que acompanha os movimentos
respiratórios
▪ Selar imediatamente a ferida com penso estéril que impeça a passagem de ar.
▪ Introduzir dreno torácico ipsilateral, mas noutro espaço intercostal
▪ Em poucos minutos pode evoluir para pneumotórax hipertensivo
o Pneumotórax hipertensivo
▪ Diagnóstico clínico e impõe ação imediata
▪ Dispneia + desvio da traqueia + choque + distensão das veias do pescoço + cianose que evoluem
rapidamente
▪ Descompressão imediata com agulha14 ou 16G, montada em seringa, inserida na perpendicular à parede
torácica ao nível do 2º EIC na linha médio-clavicular
o Hemotórax maciço
▪ Tratamento inicial: reposição de volume e descompressão da cavidade torácica com introdução de um dreno
pleural no 5º EIC entre a linha axilar anterior e média
▪ Toracotomia
o Tamponamento cardíaco
▪ Resulta mais frequentemente de ferida penetrante no pré-córdio
▪ Tratamento inicial deve ser a toracotomia
INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS
INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma torácico
• Situações potencialmente fatas → Crucial identificar

o Vollet costal (retalho costal móvel)


▪ Fratura de > 1 costela em > 1 ponto (segmento não têm continuidade óssea com o resto da caixa torácica)
▪ Movimento paradoxal: para dentro durante a inspiração e para fora na expiração, patognomónico desta lesão.
▪ A gravidade desta situação geralmente não resulta deste movimento paradoxal mas sim da contusão pulmonar
subjacente, que condiciona hipóxia.
▪ Estabilizar o retalho costal: posicionar a vítima em decúbito lateral sobre o lado afetado, caso seja possível;
também pode ser tentada a imobilização com a aplicacão de pressão manual firme e constante

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma Abdominal
• Dificuldade em controlar hemorragia em contexto pré-hospitalar

• O mais importante é estabilizar sinais vitais e transporte rápido para o hospital.

• Dois tipos de trauma:


o Fechado
▪ Contusões e equimoses na base do tronco a esq, especialmente se hipotensão → Pensar em rutura do baço.
o Aberto
▪ Objetos empalados
▪ Nunca devem ser retirados
▪ Evisceração
▪ Tentar manter a vitima calma de forma a evitar o aumento da pressão abdominal
▪ Aplicar sobre o conteúdo eviscerado compressas esterilizadas humedecidas, preferencialmente com soro
aquecido
▪ Não tentar reintroduzir as vísceras na cavidade abdominal

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma da Bacia
• Fraturas da bacia podem ser graves devido às elevadas perdas hemorrágicas→ pode haver choque hipovolémico
sem foco externo de hemorragia.

• A imobilização destas fraturas deve ser feita em maca de vácuo e o transporte até ao hospital deve ser o mais suave
possível.

• Técnicas de levantamento em plano duro e não rolamento!!

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Hemorragias
• Em todas as hemorragias devem ser tomadas medidas decisivas e rápidas.

• Métodos para controlar hemorragias:


o Pressão direta (no local da hemorragia)
▪ Não aplicar em zonas de fratura ou se objetos empalados na zona da hemorragia
▪ Nunca retirar as primeiras compressas → colocar mais por cima
o Garrote (tratamento de 2ª linha: sem pressão direta não funciona – garrotar);
o Métodos de 3ª linha (caso os anteriores não estejam a resolver a situação):
▪ Elevação do membro (contraindicado, se trauma associado)
▪ Pressão indireta (compressão à distância)

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Fraturas
• Identificar e controlar hemorragias associadas

• Efetuar uma estimativa aproximada das perdas de sangue associadas a fraturas fechadas
o Úmero: - 0,5 a 1L
o Ossos da perna: 0,5 a 1L
o Fémur: 1 a 2,5L
o Bacia até 5L

• Imobilizar membro com fratura (s):


o Na sequência:
▪ 1ª tracionar
▪ 2º alinhar
▪ 3ª imobilizar
o Se fratura exposta: lavar ferida abundantemente com soro fisiológico antes de imobilizar fratura

• Avaliar repetidamente a perfusão do membro imobilizado.

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
1.3) Avaliação Secundária – Trauma ocular
• Se o corpo estranho se aloja no globo ocular, NÃO SE DEVE tentar retirar o objeto.
• Deve-se evitar que o penso faça compressão no globo ocular
• Tapar também o outro olho (mais cómodo; mantém os dois olhos em repouso)

INEM: Emergências, Trauma – Manual TAS


INEM: Abordagem à vítima – Manual TAS/TAT
2) Feridas e suturas
2.1)Fios de sutura - características

• Orgânicos
Natureza • Sintéticos

• Monofilamentar
Configuração • Multifilamentar

Reação tecidual
Propriedades
inerentes
Força tensil
• Memória
Manuseabilidade • Elasticidade
• Tensão de nós

Absorbilidade • Absorvível
• Não Absorvível

Princípios básicos em Cirurgia: fios de sutura; Ata Médica Portuguesa 2011; Port 2011; 24(S4): 1051-1056
2.1)Fios de sutura - características
PROPRIEDADES INERENTES – CONFIGURAÇÃO (nº de camadas que compõem o fio)

• MONOFILAMENTOS
o Menor risco de infeção
o Menor traumatismo tecidular
o Manuseamento e nós devem ser realizados com cuidado → danificação do fio pode conduzir a falência da
sutura

• MULTIFILAMENTOS
o Maior força tênsil
o Mais flexíveis
o Mais fáceis de manusear
o Maior capacidade → Risco de infeção aumentado
o Frequentemente revestidos para diminuir risco de infeção e traumatismo tecidular

Princípios básicos em Cirurgia: fios de sutura; Ata Médica Portuguesa 2011; Port 2011; 24(S4): 1051-1056
2.1)Fios de sutura - características
ABSORVÍVEL vs NÃO ABSORVÍVEL
• NÃO ABSORVÍVEL
o Mantém a sua força de tensão após os primeiros 60 dias
o Reação tecidular de encapsulamento do fio por fibroblastos → se encerramento da pele, pontos devem
ser retirados antes da re-epitelização da pele (7-10 dias)
▪ Caso não sejam removidos atempadamente, cosmética da ferida será inferior

• ABSORVÍVEL
o Perde a maioria da sua força de tensão nos primeiros 60 dias → providenciam suporte temporário até a
ferida conseguir suportar o stress normal
o Hidrólise (fios sintéticos) ou proteólise (fios orgânicos)
o Taxa de absorção ≠ Perda de força de tensão
o Revestimentos químicos (ex.: sais crómio) podem diminuir a taxa de absorção

A remoção dos pontos de sutura depende da região encerrada:


o Cabeça e pescoço: 5-7 dias
o Restantes zonas: 10-14 dias (depende da tensão e evolução cicatricial)

Princípios básicos em Cirurgia: fios de sutura; Ata Médica Portuguesa 2011; Port 2011; 24(S4): 1051-1056
2.1)Fios de sutura - características

FIOS ABSORVÍVEIS
Natureza / Força tensão Reação Duração
Material Configuração previsível Memória tecidular média Utilização
(dias)
Poliglecapro Encerramento subcuticular, tecidos
21 a 28 dias 90 a 120
na 25 profundos contaminados
(Monocryl*
Sintético
Monofilamentar
Polidiaxanona
Até 180 Tecidos moles (profundos)
(PDS II*)
60 a 90 dias
Baixa Baixa
Poliglacti Tecidos moles prof, laqueações vasos,
Sintético 56 a 70
na 910 leito ungueal, cavid. oral
(Vycril*) Multifilamentar 28 a 35 dias
2.1)Fios de sutura - características

FIOS NÃO ABSORVÍVEIS MONOFILAMENTARES

Natureza e Força Reação


Material Memória Elasticida Utilização
configuração tensão tecidular
de
previsível
Nylon
(Ethilon*, Alta Pele
Dermalon* Sintéticos,
Polipropileno monofilamentares Elevada Elevada Baixa Pele, feridas
(Prolene*, Elevada contaminadas/ infetadas,
Surgilene*) minimiza extrusão da
sutura

Prolene®
Útil para a maior parte das feridas ligeiras que
possam surgir no Centro de Saúde
2.1)Fios de sutura - características

FIOS NÃO-REABSORVÍVEIS MULTIFILAMENTARES


Natureza e Força tensão Reação
Material Memória Elasticidade Utilização
configuração previsível tecidular
Seda Orgânicos, Baixa, pouco
(Seda*, Baixa Elevada Pouco usada, melhor manuseabilidade
Mersilk*)
Multifilamentares previsível
(couro cabeludo)
Poliéster
revestido c Sintéticos, Colocação de material protésico
Superior
polibutilato Multifilamentares Baixa (próteses abdominais p.e.)
(Ethibond*)
2.1)Fios de sutura – Calibre do fio

Quantos mais zeros, menor o diâmetro do fio!


2.1)Fios de sutura – Calibre/ Localização / Retirar pontos
Localização Fio Calibre Retirar pontos
Monofilamento
Face 4-5/0; 5-6/0 5 dias
Abs/não absorv
Mono/multifilamento
Couro cabeludo 3-4/0 7-14 dias
Abs/ não absorv
Mono/multifilamento
Tronco 3-4/0 10-14 dias
Abs/ não absorv
Monofilamento
Membro superior 3-4/0 7 dias
Abs/não absorv

Monofilamento
Mão 4-6/0 Rever em 5-7 dias
Abs/não absorv

Mono/multifilamento
Membro inferior 3-4/0 8-10 dias
Abs/ não absorv
Mono/multifilamento
Abdómen 2-4/0 10-14 dias
Abs/ não absorv
2.2)Fios de sutura – ALTERNATIVAS
• AGRAFOS
✓ Não esmagam os tecidos (microcirculação)
✓ Encerramento da derme – economia de tempo + boa força de tensão
✓ Reação tecidular mínima
✓ Baixo risco infecioso
✓ Bons para feridas grandes no couro cabeludo (não deixam “peladas”)

x Encerramento menos preciso – eversão dos bordos


x Mais dispendiosos

• FITAS (Steri-strips®, Proxi-strip®) - Fitas adesivas cirúrgicas com microporos reforçadas


✓ Suporte extra para feridas lineares
✓ Podem ser colocadas sobre as suturas após a sua remoção (diminuir diâmetro da cicatriz)
✓ Usadas com conjunto com colas

x Descolam facilmente – apenas feridas de baixa tensão


x Raramente usadas no encerramento primário de feridas
2.2) Fios de sutura – ALTERNATIVAS

• COLAS
o Contém acrilatos (mais usado: 2-octilcianoacrilato, Dermabond®)
o Utilizados no encerramento de feridas pediátricas (sem sutura), colheita de veias safenas para bypass
coronário e bleferoplastia
o Uso pela dermatologia – em estudo

✓ Encerramento rápido de feridas superficiais – evita hemorragia e promove coaptação dos bordos
✓ Efeito bacteriostático
✓ Aplicação fácil e indolor
✓ Ausência de marcas de sutura
✓ Não necessitam de remoção

x Menos força de tensão que a sutura


x Mais dispendiosos
x Não devem ser usados em feridas sangrantes ou profundas – pouco eficazes
2.3) AGULHAS

• CARACTERÍSTICAS
o Força (resistência à deformação)
o Ductilidade (resistência à quebra)
o Aguçamento (capacidade de penetrar tecidos)
o Clamping moment (estabilidade da agulha no porta-agulhas)

o Para a pele são preferidas as agulhas cortantes.


2.4) TIPOS DE SUTURA
• Interrompidos/ pontos separados
• Contínua
o Ponto simples
o Contínua simples (Kurshner)
o Ponto invertido
o Sutura de Lembert
o Donatti (ponto em U vertical)
Suturas de inversão
o Sutura de Cushing
o Wolff (ponto em U horizontal) (intra-abdominais)
o Sutura de Connell
o Ponto em X horizontal
o Intradérmica
Simples Donatti o Circular/ “bolsa de tabaco” (cerclage)

Intradérmica
2.4) TIPOS DE SUTURA – Suturas interrompidas
• Ponto simples
o Mais comum, mais usado, mais versátil.
o Pode ajustar-se diferentes tensões mediante necessidade da ferida
o Bordos podem ser ajustados mediante necessidade → se bordos invertidos, maior dificuldade técnica

• Ponto Donatti (em U vertical)


o Feridas sob tensão, com bordos com tendência a inverter
o Encerramento profundo e superficial em simultâneo
o A largura do ponto deve ser proporcional à tensão da ferida
2.4) TIPOS DE SUTURA – Suturas interrompidas

• Pontos invertidos (Derme)


o Utilizados em feridas profundas quando o encerramento da pele deixaria espaço morto (risco de formação de
abcesso ou hematoma) OU quando a aproximação da derme diminui o nível de tensão da pele.
o Aproxima a derme na junção dermo-epidérmica – melhor resultado estético
o Usar fio absorvível!!
2.5) Anestesia local para suturas
• DICAS:
o Lidocaína é o anestésico local mais utilizado.
o Associação Lidocaína + Adrenalina
▪ Efeito vasoconstritor
▪ Deve ser evitado nas extremidades (mãos, pés, nariz, orelhas, pénis)
▪ Mais usado para exérese de lesões
o A aplicação da lidocaína deve ser Subcutânea, se ferida não muito profunda

Na drenagem de abcessos (como o ambiente


o Dose Máxima de lidocaína: 4,5 mg/Kg (max. 300mg) é ácido) o efeito da lidocaína é menor –
menor eficácia.
▪ Volume máximo de lidocaína depende da concentração
Poderá ser associado o bicarbonato para
▪ Ex: lidocaína a 1%, doente com 10 kg → 45/10mg/mL → 4,5mL alcalinização do ambiente e melhor efeito
anestésico.

Iowa Head and Neck Protocols; Univsersity Iowa Health Care; Maximum Recomended Doses and duration of local anesthetics
2.6) TIPOS DE FERIDA – quanto o mecanismo lesional

Caracterização dos instrumentos vulnerantes Lesões tipicamente geradas Instrumentos típicos

Prego, alfinete, picador de gelo,


Perfurantes Lesão perfurante
garfo, caneta
Cortantes Lesão incisa ou cortante Navalha, bisturi, lâminas
Martelo, bastão, pedra, socos e
Contundentes Lesão contusa
pontapés
Cortocontundentes Lesão cortocontusa Machado, foice, dentes, unhas
Perfurocontundentes Lesão perfurocontusa Projétil de arma de fogo, setas
Perfurocortantes Lesão perfurocortante Faca, espada
2.7) MORDEDURAS – cão/gato

• Cuidados gerais
o Remover corpos estranhos Encerramento com sutura:
o Irrigar abundantemente a alta pressão com NaCl a 0,9% ou iodopovidona • Mordedura de cão na face,
o Deixar ferida aberta (cicatrização por 2ª intenção), nos seguintes casos: (tronco, braços ou pernas)
▪ Lesões por esmagamento • Mordedura de gato na face
▪ Lesões punctiformes
▪ Mordedura de gato (exceto se na face) (Se feridas grandes, sangrantes ou
muito desalinhadas, podem ser
▪ Feridas envolvendo mãos e pés aproximadas com pontos bem
separados mantendo áreas para
▪ Feridas com ≥12 horas (com ≥24 horas, se face) drenagem e irrigação)
▪ Feridas em imunocomprometidos (incluindo diabéticos)
▪ Feridas em doentes com estase venosa
o Reavaliar diariamente: irrigação copiosa + avaliar sinais de infeção

UPTODATE: Animal bites (dogs, cats, and other animals): Evaluation and management., 2021
2.7) MORDEDURAS – cão/gato
• Profilaxia
o Vacina tétano, se <3doses ou desconhecida (de acordo com PNV)
o Vacina VHB e Ig → agressor AgHbs ou AgHbe +
o Profilaxia VIH, se mordedor exposto ao sangue de uma vítima VIH + (articular com Infeciologia)
▪ Necessidade de avaliar se risco alto de exposição a VIH*
o Vacina e Ig Raiva, se epidemiologia sugestiva (articular com Infeciologia/Saúde Pública)

o Profilaxia com amox/clav (875/125mg 2x/dia), 3-5 dias


▪ TODAS as feridas com encerramento com sutura
▪ Feridas na face, mãos ou região genital
▪ Feridas próximas de osso ou articulações (incluindo próteses articulares)
▪ Feridas em áreas com compromisso vascular ou linfático
▪ Imunocomprometidos (incluindo DM)
▪ Feridas punctiformes profundas ou lacerações
▪ Feridas associadas a esmagamento

UPTODATE: Animal bites (dogs, cats, and other animals): Evaluation and management, 2021
UPTODATE: Human bites: Evaluation and management, 2021
*UPTODATE: Management of nonoccupational exposures to HIV and hepatitis B and C in adults,2021
2.7) MORDEDURAS – cão/gato
• Profilaxia

Plano Nacional Vacinação, 2020; DGS


2.7) MORDEDURAS

Tratamento das Mordeduras Animais e/ou Humanas Infetadas → 5-14 dias


Antibiótico Adultos Crianças Se alergia Penicilina
ADULTO:
doxiciclina 100mg 2x/dia
OU TMO-SMX
OU ciprofloxacina 500 12/12H/
20 mg/kg/dose
levofloxacina 750mg/dia
(amox, até máx.
MAIS metronidazol (500mg 3x/dia)
875mg); 12/12 horas
Amoxicilina/ac. 875/125mg
(aumentar dose para
Clavulânico 12/12horas CRIANÇA:
45 mg/kg se sinais
TMO-SMX 4-6mg/kg (trimetropim) 2x/dia
infeciosos
(máx 160mg/dose)
exuberantes)
OU cefalosporina (cefuroxime: 10 to 15
mg/kg 2x/dia (max 500mg/dose)
MAIS clindamicina 7.5 to 10 mg/kg 3x/dia –
)max 600mg/Dose)

UPTODATE: Animal bites (dogs, cats, and other animals): Evaluation and management., 2021
UPTODATE: Human bites: Evaluation and management.
2.7) MORDEDURAS

Tratamento das Mordeduras Animais e/ou Humanas Infetadas → 5-14 dias


Antibiótico Adultos Crianças Se alergia Penicilina
ADULTO:
doxiciclina 100mg 2x/dia
OU TMO-SMX
OU ciprofloxacina 500 12/12H/
20 mg/kg/dose
levofloxacina 750mg/dia
(amox, até máx.
MAIS metronidazol (500mg 3x/dia)
875mg); 12/12 horas
Amoxicilina/ac. 875/125mg
(aumentar dose para
Clavulânico 12/12horas CRIANÇA:
45 mg/kg se sinais
TMO-SMX 4-6mg/kg (trimetropim) 2x/dia
infeciosos
(máx 160mg/dose)
exuberantes)
OU cefalosporina (cefuroxime: 10 to 15
mg/kg 2x/dia (max 500mg/dose)
MAIS clindamicina 7.5 to 10 mg/kg 3x/dia –
)max 600mg/Dose)

UPTODATE: Animal bites (dogs, cats, and other animals): Evaluation and management., 2021
UPTODATE: Human bites: Evaluation and management.
3) Abdómen agudo
3) Abdómen Agudo
CONTEÚDOS

• Fisiopatologia da dor abdominal


• Abordagem da dor abdominal
• Causas de dor abdominal que obrigam a intervenção imediata
• Causas mais comuns de dor abdominal aguda

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.1) Abdómen agudo - Fisiopatologia
• Componente Visceral
o Inervação pelo sistema nervoso autónomo
o Inervação bilateral
o Dor visceral vaga e mediana (relacionada com a origem embriogénica)
o Dor “surda”, profunda, mal localizada, estabelecimento lento, região central do abdómen
o Fibras C viscerais aferentes localizadas na parede das vísceras ocas e nas cápsulas dos órgãos sólidos

• Componente Parietal/Somática
o Inervação pelos nervos somáticos que suprem a parede abdominal
o Inervação unilateral via nervos somáticos espinhais
o Dor mais localizada e intensa; dor aguda e súbita
o Fibras C e A delta
o Irritação direta do peritoneu parietal (pús; bilis; sangue; urina; conteúdo gastro-intestinal→ sinais de irritação
peritoneal)

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.1) Abdómen agudo - Fisiopatologia
• Dor referida/irradiação da dor
o Dor sentida numa localização distante do órgão que é responsável pela origem da dor.
o Tem origem numa estrutura visceral profunda mas é percebida superficialmente.
o Confluência no mesmo corno posterior da medula de fibras nervosas aferentes provenientes de diferentes áreas

• Cólica biliar Rutura do baço Cólica Pancreatite aguda Rutura de


• Colecistite ureteral/renal aneurisma
aguda

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.1) Abdómen agudo - Fisiopatologia
• Dor migratória
o Migra de uma localização para outra ao longo da evolução do quadro clínico
o Por norma, o local da dor inicial é diferente do local da dor à apresentação

Apendicite Úlcera perfurada

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3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• CARACTERIZAÇÃO DA DOR
o Início (súbito, gradual) / Tempo de evolução da dor
▪ Dor com mais de 6h de evolução, de intensidade moderada e com agravamento progressivo →
probabilidade de necessitar de tratamento cirúrgico
▪ Dor que diminui após algumas horas→ diminui probabilidade de necessitar de tx cirúrgico
o Fatores de alívio e fatores agravantes
▪ Úlcera duodenal: dor alivia com ingestão de alimentos/anti-ácidos
▪ Cólica biliar: agrava após as refeições
▪ Peritonite: agrava com mobilização, tosse, movimentos respiratórios
▪ Pancreatite: decúbito dorsal (posição agravamento) vs prece maometana (posição alívio)
o Qualidade da dor (cólica; afiada; paroxismos)
o Irradiação
o Localização da dor (quadrante específico ou difusa)
o Sintomas associados à dor

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal

• CARACTERIZAÇÃO DA DOR
o Qualidade da dor (cólica; afiada; paroxismos)
▪ Dor em queimor → associada a úlcera
▪ Dor dilacerante → dissecção da aorta
▪ Dor em cólica → distensão de tubo oco (distensão intestinal)
▪ Dor afiada → desenvolve-se quando há inflamação/estímulo nocivo (sangue, ácido gástrico, conteúdo
intestinal) contacta com peritoneu parietal

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• CARACTERIZAÇÃO DA DOR
o Localização da dor (quadrante específico ou difusa)

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• CARACTERIZAÇÃO DA DOR
o Sintomas associados à dor → ajudam a estreitar o diagnóstico, especialmente se causas extra-abdominais
▪ Vómitos/náuseas
▪ Pouco específicos, mas a ordem de apresentação dos sintomas pode ajudar
▪ Vómitos surgem após o início da dor → Abdómen agudo (ex: obstrução intestinal)
▪ Vómitos antes da dor → processo “mais médico”
▪ Vómitos auto-limitados → causa mais benigna
▪ Tipos de vómitos
▪ Entéricos/fecaloides → obstrução intestinal
▪ Borra de café ou hematémese → ulcera péptica; varizes
▪ Biliar → inespecífico
▪ Diarreia
▪ Aquosa e copiosa → GEA
▪ Sanguinolenta → DII; colite isquémica, disenteria
▪ Obstrução intestinal incompleta; obstrução cólica (mecanismo de overflow)

▪ Paragem de emissão de gases e fezes


▪ Obstrução mecânica; Ileus paralítico
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3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• CARACTERIZAÇÃO DA DOR
o Sintomas associados à dor → ajudam a estreitar o diagnóstico, especialmente se causas extra-abdominais
▪ Sintomas genito-urinários
▪ Hemorragia vaginal ou corrimento; Alterações recentes na menstruação
▪ Corrimento peniano; edema ou dor escrotal
▪ Disúria, polaquiúria, retenção urinária
▪ Colúria, icterícia, acolia
▪ Causas de hiperbilirrubinemia conjugada/não conjugada

A apresentação e características da dor


abdominal pode ser MUITO diferente nos idosos.

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3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• HISTÓRIA CLÍNICA SUMÁRIA
o Idade
▪ Idosos com doença grave podem apresentar sintomas atípicos
▪ Risco de certas doenças aumentado quando >50 anos (rutura AAA; EAM atípico; cancro colo-retal)
o Sexo
▪ Na mulher em idade fértil → gravidez deve sempre ser excluída
o Cirurgias prévias (bridas, aderências)
o Antecedentes Médicos
▪ Doença CV → aumenta risco de isquemia mesentérica ou de AAA
▪ IC ou FA → aumenta risco de isquemia mesentérica por embolo
▪ VIH → maior risco de pancreatite ou cólica renal
▪ Uso de AINE’s → úlcera péptica
▪ Uso frequente de antibioterapia → Colite por C.difficile
o Medicação habitual
▪ Corticoides (podem mascarar sintomas)
o Consumo de álcool → pancreatite; hepatite; cirrose; PBE

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3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Sinais Vitais
▪ Tensão Arterial/ Frequência Cardíaca
▪ Temperatura
▪ Hipotensão + taquicardia +pulso filiforme
▪ Febre baixa/moderada
▪ Diverticulite aguda
▪ Apendicite Aguda
▪ Colecistite Aguda ▪ Pensar em doença avançada com peritonite
▪ Febre elevada generalizada → REFERENCIAR AO SU
▪ Pneumonia
▪ Pielonefrite
▪ Colangite
▪ Peritonite avançada
▪ Hipotermia
▪ Choque

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3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal

• EXAME FÍSICO
o Inspeção
▪ Doente agitado, enrolado → cólica
▪ Doente deitado na cama com joelhos fletidos; doente imóvel; marcha cuidadosa → ponderar peritonite
▪ Sinais de cirurgias prévias; massas pulsáteis; sinais de doença sistémica
o Auscultação:
▪ Ouvir ruídos intestinais durante ~2 minutos (N: 2-12 borborigmos médios por minuto)
▪ Ausência de ruídos → pensar em peritonite ; ileus; oclusão intestinal (embora na fase inicial da oclusão
os RHA são de frequência aumentada e timbre metálico)
▪ Hiperatividade de ruídos → inflamação no trato GI – GEA
▪ Timbre metálico → obstrução mecânica

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Inspeção

Sinal de Cullen:
Equimose na região peri-umbilical → Sinal de Grey-Turner
Hemorragia retroperitoneal Equimose nos flancos→ Pancreatite aguda grave
(pancreatite aguda grave; rutura de gravidez (demora 24-48h a aparecer; taxa de mortalidade
ectópica) considerável)

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Percussão:
▪ Ressonância ou Timpanismo
▪ Distensão gasosa – gástrica ou intestinal
▪ Sinal de Jobert – perfuração de víscera oca (desaparecimento da macicez hepática por hipertimpanismo)
▪ Macicez nos flancos/mudança na área de macicez
▪ Líquido livre intra-abdominal
▪ Se desperta dor → sinal de irritação peritoneal

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal

• EXAME FÍSICO
o Palpação:
▪ Doente em decúbito dorsal, com joelhos fletidos
▪ Deve ser feita no sentido dos ponteiros do relógio
▪ Superficial
▪ Profunda
▪ Pesquisa de defesa ou rigidez → quando um área com dor é localizada, realizar manobras para esclarecer a origem
▪ Dor à descompressão

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Sinais específicos
▪ Apendicite Aguda

Sinal de Blumberg: Sinal de Rovsing:


Dor piora à descompressão do ponto Palpação do QIE → causa dor no QID
de McBurney

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Sinais específicos
▪ Apendicite Aguda
Sinal do obturador:
Rotação interna e passiva da coxa
Sinal do Psoas:
direita fletida
Dor à extensão passiva da coxa
direita, enquanto o observador aplica
contraresistência na anca

• Apendicite retrocecal • Apendicite pélvico


• Abcesso em contacto com o músculo psoas • Abcesso pélvico

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO ▪ Litíase renal
o Sinais específicos
▪ Litíase ureteral
▪ Colecistite Aguda
▪ Pielonefrite aguda
Murphy Vesicular
Murphy renal
Quando doente pára subitamente a inspiração
Dor à percussão da região dorso-lombar
profunda durante a palpação do QSD

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.2) Abdómen agudo – Abordagem da dor abdominal
• EXAME FÍSICO
o Pesquisa de orifícios herniários (hérnias são causa frequente de oclusão intestinal que muitas vezes passa despercebida)
▪ Anéis inguinais e femorais devem ser pesquisados em ambos os sexos
o Exame retal
▪ Inspeção
▪ Fissuras; abcessos; corrimentos; sinais de hemorragia
▪ Palpação
▪ Massa retal → neoplasia
▪ Fecalomas
▪ Dedo da luva
▪ Sangue, melenas
▪ Sensibilidade dolorosa
o Exame Ginecológico / avaliação testicular

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3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente

• Aneurisma da Aorta abdominal


• Isquemia Mesentérica (50% por embolia arterial)
• Perfuração do Trato GI
• Obstrução intestinal aguda
• Vólvulo
• Gravidez ectópica
• Placenta abrupta
• EAM
o Apresentação atípica de EAM muito comum mulheres >65 anos, diabéticos
o Dor abdominal presente em 1/3 dos casos dos EAM atípicos
• Rutura Esplénica (ex: secundário a EBV; leucemia; trauma)

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3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Aneurisma da Aorta abdominal
o Rutura: causa hemorragia profusa, hipotensão instável;
o Hemorragia pode ser no retroperitoneu → doente pode permanecer normotenso, inicialmente
o Pode apresentar-se com dor lombar e hematúria e confundir-se com nefrolitíase

• Isquemia Mesentérica (50% por embolia arterial)


o Associada a alta mortalidade
o Início agudo de dor periumbilical severa, com aumento progressivo, sem fatores de alívio;
o Dor desproporcional aos achados do EO
o Naúseas e vómitos são comuns; sudorese; hemorragia digestiva baixa
o Fatores de risco: FRCV; DRC; FA

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Perfuração do Trato GI
o Doença ulcerosa é a causa mais comum! (outras: apendicite, diverticulite, isquemia intestinal, ca. Colon)
o Dor inicial de acordo com origem da perfuração → progressão para dor generalizada, intensa, sem fatores de
alívio
o Naúseas/vómitos; sudorese; febre
o Taquicardia; aumento da PA; febre; abdómen com sinais de ventre agudo
o Fatores de risco: história de úlcera péptica; abuso de AINE’s

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Obstrução Intestinal Aguda
o A maioria das obstruções intestinais envolvem o intestino delgado.
o Causas mais frequentes: aderências (50-70%); hérnias encarceradas (15%); neoplasias (15%); Doença de Crohn
muitas vezes apresenta-se com quadros obstrutivos
o Mortalidade depende da rapidez da cirurgia (varia de 8% se cx antes das 36h a 25% se cx após as 36h).
o OBSTRUÇÃO ALTA (delgado)
▪ Dor insidiosa, generalizada.
▪ Nauseas/vómitos, diminuição do transito intestinal
▪ Antec: cirurgias prévias; úlcera péptica; hérnias
▪ EO: abdómen distendido, doloroso, com RHA metálicos; Pesquisar hérnias
o OBSTRUÇÃO BAIXA (cólon)
▪ Dor insidiosa, aumento progressivo
▪ Distensão abdominal, naúseas e vómitos (fecaloides), diminuição do transito intestinal
▪ Antec.: cirurgias prévias; hérnias
▪ EO: abdómen distendido, timpanizado, doloroso; RHA metálicos; FAZER toque retal; Pesquisar hérnias

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Obstrução Intestinal Aguda
o OBSTRUÇÃO ALTA OBSTRUÇÃO BAIXA
▪ MCDT’S: ▪ MCDT’S:
▪ Rx abdominal: distensão de ansas do delgado; ▪ Rx abdominal: distensão de ansas do
SEM ansas do colon visíveis; níveis HA delgado (pode não haver) E do colon
visíveis; níveis HA

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Vólvulo (torção de víscera oca em torno do seu ponto de inserção)
o Vólvulo sigmoide é o mais frequente.
o Dor abdominal intensa, contínua;
o Náusea; obstipação; Vómitos é pouco frequente!!
o Fatores de risco: uso excessivo de laxantes; tranquilizantes; anti-colinérgicos; anti-parkinsónicos
o RX: sinal de U invertido; sinal de Grão de café
o Tx endoscópico (desrotação)
▪ 1ª linha se ausência
de gravidade

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3.3) Abdómen agudo – Causas de dor abdominal emergente
• Gravidez ectópica
o Sintomas clássicos: dor abdominal + amenorreia + hemorragia vaginal
▪ >30% dos casos sem hemorragia vaginal
o Exame ginecológico não é diagnóstico → Necessidade de eco ginecológica + beta-HCG
o Fatores de risco: DIP; gravidez tubar prévia; cirurgia tubar prévia; endometriose, uso de DIU.

• Placenta abruta
o Hemorragia vaginal + dor abdominal ou dor lombar + contrações uterinas
o Quantidade de hemorragia não correlacionada com grau de separação da placenta
o TODAS as mulheres com contrações uterinas + dor abdominal → SU Obstetricia

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
Gastrointestinal Genito-urinária Trauma Extra-abdominal Outras

Apendicite ITU/pielonefrite Rutura esplénica Cetoacidose diabética Fármacos


Colecistite/doença biliar Nefrolitíase Lesão diafragmática Cetoacidose alcoólica Drogas
Doença ulcerosa péptica Torsão anexial -- Pneumonia Neoplasias
Pancreatite Rutura quisto ovárico TEP Porfiria
• Lesões de trauma
Doença diverticular Pré-eclampsia podem não Herpes zoster Angioedema
manifestar-se
Hérnia encarcerada DIP durante dias a LES
semanas após o
GEA Abcesso tubo-ovárico trauma!! Feocromocitoma
• Importância de
Origem alimentar Endometriose …..
questionar antec.
de trauma;
Dça Inflamatória intestinal Torsão testicular
• TC abdominal
Hepatite Torsão anexial importante no
PBE trauma!!

Síndrome intestino irritável

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• APENDICITE
o Urgência cirúrgica mais comum no mundo
o Mais frequente em homens
o A causa mais comum é a obstrução por um apendicolito, mas também por tumores, linfadenite mesentérica,
parasitas e sementes
o CLÍNICA:
▪ Sintomas inespecíficos são a apresentação inicial (mal-estar; alterações dos hábitos intestinais)
▪ Anorexia (muito comum) seguida de DOR
▪ Inicialmente peri-umbilical vaga e cólica moderadamente severa e que MIGRA para o ponto de
Mcburney em 4-6horas (torna-se mais aguda e localizada)
▪ Manobras específicas: sinal de Blumberg; Sinal de Rovsing; sinal de psoas; sinal do obturador
▪ Febre baixa e taquicardia
▪ Vómitos (náuseas e vómitos seguem-se à dor abdominal→ permite o dx diferencial de GEA)

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• APENDICITE
o MCDT’s:
▪ Estudo analítico (são uteis no diagnóstico diferencial)
▪ Leucocitose + PCR elevada
▪ Ecografia abdominal
▪ Muito útil em mulheres e crianças (sem radiação)
▪ Revela achados sugestivos MAS operador dependente
▪ TC abdominal
▪ Muito útil quando diagnóstico está em dúvida
▪ DIAGNÓSTICO:

Dor umbilical que Sinais de irritação Leucocitose com neutrofilia


migra para QID peritoneal PCR elevada

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• COLECISTITE
o 60-70% relatam crises precedentes que resolveram espontaneamente

Agravamento progressivo
Cólica Biliar
(1-5horas) Colecistite

o Cólica biliar:
▪ Vários locais de dor máxima + irradiação (ombro ou escápula direitos; região interescapular)
o Colecistite Aguda:
▪ CLÍNICA:
▪ Dor constante no QSD (mais intensa que cólica) – também pode ter irradiação
▪ Febre baixa (arrepios são comuns)
▪ Anorexia, náuseas/vómitos
▪ Murphy vesicular positivo → acuidade aumenta com ecografia

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• COLECISTITE
o Colecistite Aguda:
▪ MCDT’s:
▪ Estudo analítico (aumento dos Parâmetros inflamatórios + aumento ligeiro das transaminases)
▪ Ecografia
▪ Deteta cálculos em 90% dos casos; distensão, edema + estratificação da parede vesicular; líquido livre
▪ DIAGNÓSTICO

Hipersensibilidade
Febre Leucocitose
no QDS

o Colecistite Enfisematosa:
▪ Rara; Começa por colecistite aguda → isquemia e gangrena → infeção por bactérias produtoras de gás
▪ Mais comum em homens idosos e diabéticos!!

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3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
o CLÍNICA:
▪ Dor epigástrica intermitente que agrava com as refeições
▪ Sintomas de refluxo (pirose, regurgitação); naúseas; anorexia
▪ EO pode ser norma
o MCDT’S
▪ EDA (avaliação endoscópica com biópsias + pesquisa H.pylori)
o TRATAMENTO:
▪ Importância de evitar alimentos ácidos
▪ Evitar AINE’s
▪ Tratar infeção por H.pylori

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
o TRATAMENTO:
▪ Tratar infeção por H.pylori
▪ Pylera® - 1ª escolha (associar omeprazol 20 2id, 10 dias)

Bismuto 140mg
Metronidazol 125mg
Tetraciclina 125mg 10 DIAS
3cp 4x/dia

▪ Terapêutica quadrupla concomitante (14 dias)


▪ IBP dose standard, 2 id + Amoxicilina 1g 2id + claritromicina 500 2id + metronidazol 500 2id

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• PANCREATITE
o CLÍNICA:
▪ Dor intensa nos quadrantes superiores do abdómen (++QSD) com irradiação dorsal, em barra, contínua;
agrava com as refeições
▪ Náuseas/vómitos; anorexia
▪ Antec: alcoolismo; litíase vesicular; hipertrigliceridemia
▪ EO: Abdómen doloroso no HD e no epigastro
o MCDT’S
▪ Estudo analítico: aumento PCR; leucocitose; aumento da lípase e amílase
▪ Ecografia abdominal
o TRATAMENTO:
▪ Internamento: pausa alimentar + fluidoterapia

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• COLANGITE AGUDA:
o CAUSAS:
▪ Cálculos (Nos doentes com cálculos biliares, 6-12% tem coledocolitíase) Guidelines de Tokyo:
▪ Estenoses (tumores – via biliar, vesícula biliar, duodeno, pâncreas) Atualmente, usadas para
▪ Pós-CPRE; pós-cirúrgica diagnóstico e estratificação
o CLÍNICA da gravidade da colangite.

▪ Varia de ligeira a auto-limitada a fulminante/fatal


▪ 2/3 dos doentes têm TRÍADA DE CHARCOT: febre (arrepios) + dor no QSD + icterícia → clássico; pouco usada,
atualmente, na prática clínica
▪ PENTADA DE REYNOLDS: tríade de charcot + alteração do estado mental + hipotensão → doença grave
o MCDT’S
▪ Estudo analítico: leucocitose + FA aumentada + Bilirrubina aumentada ; ligeiro aumento de TGO, TGP e GGT
▪ Eco abdominal: avalia litíase e dilatação das vias biliares
o TRATAMENTO:
▪ Internamento: antibioterapia, CPRE; cirurgia, quando necessário

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
3.4) Abdómen agudo – Causas mais comuns
• DIVERTICULITE:
o CLÍNICA
▪ Dor constante (mais no QIE), de agravamento progressivo;
▪ Muitos doentes com episódios prévios semelhantes
▪ Naúseas, anorexia, diarreia, febre
▪ EO: dor no QIE, com defesa; febre
▪ Antec. de colonoscopia com divertículos.
o MCDT’S
▪ Estudo analítico: leucocitose + PCR aumentada
▪ Ecografia: espessamento da gordura + líquido
▪ TC abdominal: é o gold-standard (diagnóstico e complicações)
▪ Colonoscopia: não urgente/ não realizada na fase aguda (risco de perfuração)
▪ Realizar 3-4 semanas após, se não houver colonoscopia recente (exclusão de CCR)
o TRATAMENTO:
▪ Não complicada → ambulatório
▪ Complicada (estratificada em graus – Classificação de Hinchey)

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
4) PATOLOGIA ANO-RETAL AGUDA
4) Patologia Ano-retal aguda
CONTEÚDOS

• Doença Hemorroidária
• Fissura Anal
• Fístula Anal
• Abcesso perianal

UPTODATE: Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency departement; jan/2021
4.1) Doença Hemorroidária
• As hemorróidas são estruturas normais do canal anal. São “almofadas” fribromusculares submucosas
• Responsáveis pelo mecanismo de continência; proteção dos esfíncteres anais
• Dividem-se
o Internas: acima da linha pectínea
o Externas: abaixo da linha pectínea
• Localização habitual:

• EPIDEMIOLOGIA:
o Cerca de 5% da população apresenta pelo menos um episódio de DH durante a vida
o Incidência similar entre géneros; pico entre 45-65 anos
Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020
4.1) Doença Hemorroidária
• CLÍNICA:
o Avaliar duração e gravidade de:
▪ Retorragias
▪ Prolapso
▪ Prurido anal (dor, por vezes)
o Hábitos intestinais (obstipação; uso de opioides)
o História alimentar (obesidade, ingestão de fibras e água)
o História familiar de adenoma, cancro coloretal ou DII
o EXAME FÍSICO
▪ Numa avaliação inicial, o doente deve ser observado simulando o esforço defecatório
▪ Inspeção ano-perineal
Posição decúbito lateral esq –
▪ Toque retal altamente recomendável
▪ Anuscopia /retoscopia (Para a Cirurgia Geral)
Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020
4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroides Internas
• ETIOLOGIA:
o Esforço defecatório → ingurgitamento hemorroidário!

• CLASSIFICAÇÃO: A de Galigher é a mais usada:


o Grau 1 → prolapso apenas demonstrado na retoscopia
o Grau 2 → prolapso com o esforço e redução espontânea
o Grau 3 → o prolapso com o esforço necessita de redução manual
o Grau 4 → proplaso permanente e irredutível

Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroides Internas
• COMO ESTUDAR?
o A avaliação completa do colon (por colonoscopia) deve ser considerada em:
▪ >50 anos, sem estudo cólico prévio
▪ >40 anos ou 10 anos antes do caso índice de:
▪ Um familiar em 1ºgrau com CCR ou adenoma avançado em idade >60anos
▪ 2 familiares de 1ºgrau ou adenoma avançado
▪ PSOF positiva
▪ Pesquisa de DNA fecal positiva (teste imunoquímico)
▪ Suspeita clínica de neoplasia ou DII

o SE <50anos, SEM os critérios anteriores:


▪ Realizar retossigmoidoscopia flexível (para excluir formações polípodes, colites)

Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroidas Internas
• TRATAMENTO:
o Medidas higiéno-dietéticas:
▪ Prevenir obstipação → aumentar aporte hídrico + dieta rica em fibras
o Tratamento médico:
▪ Medicamentos Flebotónicos
▪ Efeito benéfico (estatisticamente signif.) nos sintomas de prurido, retorragias, escorrência
▪ Ex: Daflon 1000®
▪ Medicamentos analgésicos + AINE’s
▪ Indicados se trombose hemorroidária, principalmente se edema associado
▪ Tópicos
▪ Anestésicos locais, corticoides, bismuto, agentes vasoconstritores
▪ Podem ser úteis no alívio sintomático de desconforto e da dor; sem qualquer ação sobre o prolapso ou
retorragias
▪ Uso prolongado é desaconselhado → dermite tóxica Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020
4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroidas Internas
• TRATAMENTO:
o Tratamento médico:
▪ Tópicos
▪ Nupercainal® (cloridrato de cinchocaína)
▪ Serti-Preparação H® (extrato de células de levedura + óleo de fígado de tubarão)
▪ Proctolog®
▪ Faktu® (policresuleno + cinchocaina)
▪ Scheriproct® (prednisolona + cinchocaína)
▪ Emoflon®
▪ Procto-Glyvenol® (lidocaína)
▪ ….

Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroidas Internas
• TRATAMENTO:
o Tratamento não cirúrgico (tratamento instrumental): Contra-indicações:
▪ Escleroterapia • Hemorroides circulares grau III
• Hemorroides grau IV
▪ Fotocoagulação por Infra-vermelhos • Hemorroides com trombose
▪ Laqueação elástica • Associação a fissura anal, processos
supurativos, dor anal ou proctopatia rádica
▪ Crioterapia

o Tratamento cirúrgico
▪ Hemorroides grau III/IV
▪ Doentes em que o tratamento médico conservador e/ou instrumental não determinaram resultados adequados

Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.1) Doença Hemorroidária – Hemorroides Externas
• CLÍNICA:
o Assintomáticas, por norma
▪ Trombose: dor intensa nas primeiras 48-72 horas
• ETIOLOGIA
o Esforço defecatório, atividade física violenta

• TRATAMENTO:
o Até 72 horas → excisão em gomo
o Após 72 horas → tratamento conservador

Doença Hemorroidária – recomendações (guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.2) Fissura Anal
• Ulceração linear da anoderme do canal anal que se estende da linha pectínea à margem do ânus.
• Patologia benigna, MAS poderá ter um percurso arrastado, com atraso da cicatrização, múltiplas tentativas
terapêuticas e recorrências
• É a causa mais comum de DOR anal; um dos motivos de consulta mais frequentes em Proctologia.
• Mais habitual em adultos jovens; afeta de igual modo os sexos.

• LOCALIZAÇÃO:
o As fissuras anais típicas localizam-se na linha média do canal anal (90% na comissura posterior; 10% na anterior)
o Atípicas (1%): apresentação múltipla ou localização lateral → são suspeitas
▪ Excluir: doença de Chron; colite ulcerosa; neoplasia; VIH; DST’s; tuberculose

Recomendações do tratamento da fissura anal(guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.2) Fissura Anal
• De acordo com a EVOLUÇÃO TEMPORAL:
o AGUDAS → evolução até 6-8semanas; laceração linear simples que cicatriza com medidas simples em até 60%
dos casos
o CRÓNICAS → evolução > 6-8 semanas; leito escavado, exposição das fibras do esfíncter anal interno, fibrose,
edema e bordos elevados ; pode apresentar também uma marisca cutânea sentinela
• ETIOLOGIA:
o Trauma da anoderme (obstipação, diarreia, pós-parto, penetração anal)
o Hipertonicidade do esfíncter anal interno
o Hipoperfusão das comissuras anterior e posterior
• CLÍNICA:
o Dor associada à defecação, tipo corte ou rasgar, muito intensa (~90% dos doentes)
o Retorragias, pequena quantidade (sangue vermelho vivo na sanita ou no papel higiénico
• O diagnóstico é clínico, confirma-se através de exame proctológico:
o Com inspeção perianal e anal + Toque retal (nem sempre necessário)
Recomendações do tratamento da fissura anal(guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020
4.2) Fissura Anal
• TRATAMENTO:
o Tratamento médico não específico reduzir trauma local + amolecimento das fezes
▪ Aumentar ingestão hídrica
▪ Dieta rica em fibras
▪ Laxantes: podem ser usados, MAS usar com cautela para evitar diarreia
▪ Banhos de assento: alívio sintomático; água norma durante 5-10 minutos, 2x/Dia e após cada dejeção
▪ Anestésicos locais com lidocaína, vitaminas ou corticoides (Hemofissural®; Scheriproct®…)
▪ Não mostraram ser superiores ao placebo na cicatrização da fissura
▪ Podem ser considerados para alivio sintomático: Máx, 7 dias (para evitar sensibilização cutânea)

Recomendações do tratamento da fissura anal(guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.2) Fissura Anal
• TRATAMENTO:
o Tratamento médico específico: objetivo é o relaxamento do EAI
▪ 2ª linha no tx da fissura anal aguda; 1ª linha no tx da fissura anal crónica
▪ Alguns autores defendem este tx 1ª linha na fissura anal aguda
▪ Aplicação tópica de:
▪ Nitroglicerina 0,1% ou 0,2%: 2-3x/dia, durante 8 semanas (Retogesic®)
▪ Bloq. Canais de cálcio (diltiazem e nifedipina): 2-3x/dia, durante 8 semanas (Anotrit®)
▪ Toxina Botulínica
o Tratamento Cirúrgico:
▪ Fissura anal aguda incapacitante e com intratabilidade clínica
▪ Fissura anal complicada Recorrência elevada!!

▪ Fissural anal atípica


▪ Fissura anal crónica refratária ao tx médico
Recomendações do tratamento da fissura anal(guidelines), Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020
4.4) Abcesso anoretal
• ETIOLOGIA:
o Infeção com origem nas glândulas que rodeiam o canal anal e se abrem nas criptas anais na linha pectínea
o Obstrução dos ductos por trauma ou fezes → infeção
o Corpos estranhos, perfurações por ossos/espinhas de peixe
• CLÍNICA
o Dor perianal intensa
o Febre; mal-estar
• EXAME OBJETIVO:
o Abcesso perianal ou isquioretal
▪ Área perianal eritematosa e flutuante
o Abcesso interesfinteriano ou supraelevador
▪ Sem alterações externas
▪ Massa palpável ao toque retal
▪ TC pélvica quando há duvida diagnóstica
• Os de localização perianal são os mais comuns

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.4) Abcesso anoretal
• TRATAMENTO:
o Drenagem adequada é o tratamento recomendado!
▪ NUNCA drenar abcessos perianais sob anestesia local
▪ Drenagem no bloco operatório
▪ Abcessos complexos ou recidivados
▪ Imunodeprimidos
▪ Interesfinteriano ou supraelevador
o Se drenagem adequada → sem indicação para antibiótico
o Analgesia, laxantes, banhos de assento

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


Depois de um abcesso…
• 3 coisas podem acontecer:

1. Cicatrização completa sem recorrência de sintomas

2. O abcesso pode recidivar no futuro mas sem fístula

3. Fístula perianal

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.5) Fístula Anal

• Trajeto anómalo que estabelece comunicação entre o reto/canal anal e um orifício externo na região perianal.
• As fístulas perianais originam-se após drenagem espontânea ou cirúrgica dos abcessos perianais
• 90% tem origem criptoglandular
• Abcesso → Fístula (35-50%)
• Outras causas (10%): DII; sífilis; tuberculose; neoplasia; trauma.
• CLÍNICA:
o Apresentação insidiosa; podem ter drenagem parcial e intermitente
o Dor, tumefação, hemorragia e diarreia
o Abcessos recorrentes ao nível da pele da região perianal.
o Maceração perineal (drenagem que contacta com a pele perianal)

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.5) Fístula Anal

• EXAME OBJETIVO:
o Procurar identificar e caracterizar:
▪ Orifício interno e externo da fístula
▪ Trajeto fistuloso
▪ Deformidades do ânus secundárias a cicatrizes de doença supurativa perianal ou cirurgias anteriores
o Avaliar tonicidade esfincteriana e grau de continência esfincteriana

• MCDT’s:
o RMN: Gold-standard
o Colonoscopia, manometria anoretal, ecoendoscopia (consoante suspeita diagnóstica)

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


4.5) Fístula Anal
• CLASSIFICAÇÃO de Parks: (importante para decidir o seu tratamento cirúrgico)
o 4 tipos de fístulas de acordo com a relação do trajeto primário com o aparelho esfincteriano.
▪ Fístulas interesfinterianas (45%)
▪ Fístulas transesfinterianas (30%)
▪ Fístulas supraesfinterianas (20%)
▪ Fístulas extraesfinterianas (5%)

• TRATAMENTO:
o Cirúrgico

Abcessos e fístulas perianais – recomendações, Revista Portuguesa de Coloproctologia; jan-abril/2020


Questões
Questões
1. A Escala de Coma de Glasgow valoriza:
A. Abertura da boca
B. Hipóxia
C. Resposta motora
D. Resposta sensitiva
Questões
1. A Escala de Coma de Glasgow valoriza:
A. Abertura da boca
B. Hipóxia
C. Resposta motora
D. Resposta sensitiva
Questões
2. Qual dos seguintes compõem a Tríade de Charcot?
A. Febre, dor no QSD, icterícia
B. Febre, icterícia, vómitos
C. Febre, icterícia, obstipação
D. Febre, dor no QSD, vómitos
Questões
2. Qual dos seguintes compõem a Tríade de Charcot?
A. Febre, dor no QSD, icterícia
B. Febre, icterícia, vómitos
C. Febre, icterícia, obstipação
D. Febre, dor no QSD, vómitos
Questões
3. Homem 65 anos. Entra no SU com queixas de dor abdominal generalizada, náuseas, vómitos com cheiro fétido.
Sem transito GI há 2 dias. No EO: deteta hérnia abdominal volumosa.
Qual o MCDT que permite confirmar a sua suspeita diagnóstica?
A. Ecografia abdominal
B. Rx abdominal simples de pé
C. TC abdominal
D. Estudo analítico
Questões
3. Homem 65 anos. Entra no SU com queixas de dor abdominal generalizada, náuseas, vómitos com cheiro fétido.
Sem transito GI há 2 dias. No EO: deteta hérnia abdominal volumosa.
Qual o MCDT que permite confirmar a sua suspeita diagnóstica?
A. Ecografia abdominal
B. Rx abdominal simples de pé
C. TC abdominal
D. Estudo analítico
Questões
4. Mulher, 62 anos, obesa e hipertensa. Recorre a consulta Aberta por dor abdominal intensa desde ontem.
Costuma ter dor nos QS’s do abdómen após as refeições mais pesadas, que alivia depois de algumas horas. Mas
desta vez a dor piorou (agora é constante), localizando-se na região epigástrica e com irradiação para o dorso de
ambos os lados. A dor piora quando se deita e alivia se se sentar inclinada para a frente. Também vomitou, está
nauseada e com alguma distensão abdominal.
Palpação: dor nos QS’s, com defesa. Qual o diagnóstico mais provável?

A. Colecistite Aguda
B. Pancreatite Aguda
C. Cólica renal
D. Aneurisma da Aorta abdominal
Questões
4. Mulher, 62 anos, obesa e hipertensa. Recorre a consulta Aberta por dor abdominal intensa desde ontem.
Costuma ter dor nos QS’s do abdómen após as refeições mais pesadas, que alivia depois de algumas horas. Mas
desta vez a dor piorou (agora é constante), localizando-se na região epigástrica e com irradiação para o dorso de
ambos os lados. A dor piora quando se deita e alivia se se sentar inclinada para a frente. Também vomitou, está
nauseada e com alguma distensão abdominal.
Palpação: dor nos QS’s, com defesa. Qual o diagnóstico mais provável?

A. Colecistite Aguda
B. Pancreatite Aguda
C. Cólica renal
D. Aneurisma da Aorta abdominal
Questões
5. Enquanto se deslocava para a USF, presencia um acidente automóvel grave: um atropelamento de um jovem
adulto numa passadeira. Decide tentar ajudar. Qual o primeiro passo a avaliar?
A. Condições de segurança
B. Movimentos respiratórios
C. Pulso central
D. Via aérea
Questões
5. Enquanto se deslocava para a USF, presencia um acidente automóvel grave: um atropelamento de um jovem
adulto numa passadeira. Decide tentar ajudar. Qual o primeiro passo a avaliar?
A. Condições de segurança
B. Movimentos respiratórios
C. Pulso central
D. Via aérea
Questões
6. Mulher, 67 anos. Obstipação crónica. Recorre à consulta por dor intensa na fossa ilíaca esquerda com 3 horas
de evolução. Apresenta dor à pressão da FIE, com defesa e agravamento à descompressão.
Tax – 37,8ºC. Qual é o diagnóstico mais provável perante a história clínica?

A. Apendicite aguda
B. Diverticulite aguda
C. Oclusão intestinal
D. Síndrome do intestino irritável
Questões
6. Mulher, 67 anos. Obstipação crónica. Recorre à consulta por dor intensa na fossa ilíaca esquerda com 3 horas
de evolução. Apresenta dor à pressão da FIE, com defesa e agravamento à descompressão.
Tax – 37,8ºC. Qual é o diagnóstico mais provável perante a história clínica?

A. Apendicite aguda
B. Diverticulite aguda
C. Oclusão intestinal
D. Síndrome do intestino irritável
Questões
7. Perante um quadro sugestivo de cólica biliar, qual é o exame de imagem de 1ª linha para o diagnóstico de
colelitíase?

A. Ecografia abdominal
B. Rx simples do abdómen
C. RMN abdominal
D. TC abdominal
Questões
7. Perante um quadro sugestivo de cólica biliar, qual é o exame de imagem de 1ª linha para o diagnóstico de
colelitíase?

A. Ecografia abdominal
B. Rx simples do abdómen
C. RMN abdominal
D. TC abdominal
Questões
8. Sr. Vasco, 50 anos.
Refere vómitos e dor epigástrica violenta, em barra, com irradiação para as costas, com 8 horas de evolução e
agravamento progressivo. Diz que comeu francesinha e bebeu 6 cervejas no jantar do dia anterior.
Teve vómito alimentar, mas vómito não aliviou a dor. Sem outras queixas,
A dor alivia ligeiramente com a flexão anterior do torax. Sem outros antecedentes de relevo, exceto consumo
delevado de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana.
Qual o dx mais provável?

A. Apendicite aguda
B. Pancreatite aguda
C. Pielonefrite
D. Pseudoquisto da cabeça do pâncreas
Questões
8. Sr. Vasco, 50 anos.
Refere vómitos e dor epigástrica violenta, em barra, com irradiação para as costas, com 8 horas de evolução e
agravamento progressivo. Diz que comeu francesinha e bebeu 6 cervejas no jantar do dia anterior.
Teve vómito alimentar, mas vómito não aliviou a dor. Sem outras queixas,
A dor alivia ligeiramente com a flexão anterior do torax. Sem outros antecedentes de relevo, exceto consumo
delevado de bebidas alcoólicas ao fim-de-semana.
Qual o dx mais provável?

A. Apendicite aguda
B. Pancreatite aguda
C. Pielonefrite
D. Pseudoquisto da cabeça do pâncreas
Questões
9. Nas suturas da pele, qual a característica que determina a seleção do fio de sutura a usar?
A. Espessura do fio
B. O preço
C. Ser ou não absorvível
D. Ser mono ou multifilamento
Questões
9. Nas suturas da pele, qual a característica que determina a seleção do fio de sutura a usar?
A. Espessura do fio
B. O preço
C. Ser ou não absorvível
D. Ser mono ou multifilamento
Questões
10. Nas suturas na urgência de cirurgia, a anestesia mais frequentemente usada é a lidocaína a 1%, não devendo
ser usada em associação com a adrenalina em que local?
A. Couro cabeludo
B. Face interna da coxa
C. Nariz
D. Sobrancelha
Questões
10. Nas suturas na urgência de cirurgia, a anestesia mais frequentemente usada é a lidocaína a 1%, não devendo
ser usada em associação com a adrenalina em que local?
A. Couro cabeludo
B. Face interna da coxa
C. Nariz
D. Sobrancelha
Questões
11. Sr. Costa vem a consulta Aberta. Tem 62 anos, fumador 20UMA, perturbação do uso do álcool, obesidade, DM
2 e hipertrigliceridemia. Não cumpre medicação habitual. Refere dor abdominal difusa, com início há cerca de
48 horas, que foi progressivamente aumentando de intensidade, referindo que, neste momento, a intensidade
da dor é de 9/10. Tem hipersudorese, refere náuseas e teve dois episódios de vómitos. No EO, tem Tax 36,9ºC,
FC 120/min, PA 110/80mmHg, pele fria e pálida, sudorética. Adota posição antálgica com o tronco fletido.
Abdómen timpânico, sem organomegalias, doloroso a palpação profunda do epigastro e mesogastro. Sinal de
Jobert e Murphy ausentes.
Qual o diagnóstico provável?

A. Disseção da aorta
B. Oclusão intestinal
C. Pancreatite aguda
D. Trombose mesentérica
Questões
11. Sr. Costa vem a consulta Aberta. Tem 62 anos, fumador 20UMA, perturbação do uso do álcool, obesidade, DM
2 e hipertrigliceridemia. Não cumpre medicação habitual. Refere dor abdominal difusa, com início há cerca de
48 horas, que foi progressivamente aumentando de intensidade, referindo que, neste momento, a intensidade
da dor é de 9/10. Tem hipersudorese, refere náuseas e teve dois episódios de vómitos. No EO, tem Tax 36,9ºC,
FC 120/min, PA 110/80mmHg, pele fria e pálida, sudorética. Adota posição antálgica com o tronco fletido.
Abdómen timpânico, sem organomegalias, doloroso a palpação profunda do epigastro e mesogastro. Sinal de
Jobert e Murphy ausentes.
Qual o diagnóstico provável?

A. Disseção da aorta
B. Oclusão intestinal
C. Pancreatite aguda
D. Trombose mesentérica
Questões
12. Homem, 75 anos, recorre ao SU por dor abdominal de inicio súbito, difusa e com cerca de 2h de evolução.
Ao EO: apirético, com abdómen mole e depressível, sem defesa. Qual o diagnóstico mais provável?

A. Apendicite aguda
B. Colecistite
C. Diverticulite
D. Isquemia mesentérica aguda
Questões
12. Homem, 75 anos, recorre ao SU por dor abdominal de inicio súbito, difusa e com cerca de 2h de evolução.
Ao EO: apirético, com abdómen mole e depressível, sem defesa. Qual o diagnóstico mais provável?

A. Apendicite aguda
B. Colecistite
C. Diverticulite
D. Isquemia mesentérica aguda
Questões
13. Numa vítima de trauma, o atendimento inicial obedece à sequência ABCDE.
O que significam as siglas?

A. “A” corresponde a via áerea; “B” a batimentos cardíacos e C a circulação


B. B corresponde a batimento cardíaco; C a circulação e D a disfunção neurológica
C. C corresponde a circulação e D a aparelho digestivo e E a exposição
D. D corresponde a disfunção neurológica, E a exposição e A a via aérea
Questões
13. Numa vítima de trauma, o atendimento inicial obedece à sequência ABCDE.
O que significam as siglas?

A. “A” corresponde a via áerea; “B” a batimentos cardíacos e C a circulação


B. B corresponde a batimento cardíaco; C a circulação e D a disfunção neurológica
C. C corresponde a circulação e D a aparelho digestivo e E a exposição
D. D corresponde a disfunção neurológica, E a exposição e A a via aérea
Questões
14. Raul, 53 anos; trabalha na construção civil. Recorre a consulta não programada.
Relata tumefação na virilha direita, de tamanho variável (max. 3cm quando faz esforço) com desconforto
intermitente desde há vários meses. Desde o dia anterior, com dor muito intensa e obstipação, que não é habitual.
Qual a abordagem adequada?

A. Analgesia e referenciar a Consulta de Cirurgia Geral


B. Analgesia e referenciar ao SU
C. Analgesia e vigilância de sintomas em ambulatório
D. Analgesia e vigilância na sala de tratamento da USF
Questões
14. Raul, 53 anos; trabalha na construção civil. Recorre a consulta não programada.
Relata tumefação na virilha direita, de tamanho variável (max. 3cm quando faz esforço) com desconforto
intermitente desde há vários meses. Desde o dia anterior, com dor muito intensa e obstipação, que não é habitual.
Qual a abordagem adequada?

A. Analgesia e referenciar a Consulta de Cirurgia Geral


B. Analgesia e referenciar ao SU
C. Analgesia e vigilância de sintomas em ambulatório
D. Analgesia e vigilância na sala de tratamento da USF
Dúvidas
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