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INDICE

1. Introdução............................................................................................................... 04
2. Conceito de Trauma............................................................................................... 04
3. Introdução ao Atendimento de Emergencia........................................................... 06
4. Procedimentos Gerais e Aspectos Legais dos Primeiros Socorros....................... 07
5. Atribuições e Responsabilidades do Socorrista..................................................... 09
6. Crime de Omissão de Socorro............................................................................... 12
7. Reconhecimento do Local da Ocorrência.............................................................. 12
8. Segurança do Local............................................................................................... 13
9. Manejo Psicológico................................................................................................ 15
10. Biossegurança....................................................................................................... 17
11. Cinemática do Trauma.......................................................................................... 19

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1. Introdução

Nossos pacientes não nos escolheram. Nós os escolhemos. Poderíamos ter escolhido
outra profissão, mas não o fizemos. Nós aceitamos a responsabilidade pelo atendimento
ao paciente em algumas das piores situações: quando estamos cansados ou com frio;
quando está chovendo e de noite; quando não podemos prever quais as condições que
iremos encontrar. Nós devemos aceitar esta responsabilidade ou desistir dela. Devemos
dar aos nossos pacientes o melhor cuidado possível – não enquanto estamos distraídos,
não com equipamentos sem verificação, não com suprimentos incompletos, e não com o
conhecimento do passado.

O curso de atendimento pré-hospitalar, fornece uma parte deste conhecimento ao


prestador de socorro, mas, mais importante que isso, em última análise, beneficia a
pessoa que precisa do nosso melhor – o paciente. No final de cada atendimento,
devemos sentir que o paciente recebeu nada menos do que nosso melhor.

Filosofia do APH

O APH fornece uma compreensão da anatomia e fisiologia, a fisiopatologia do trauma,


a avaliação e cuidado ao paciente em trauma, utilizando a abordagem X-ABCDE, e as
habilidades necessárias para prover esse cuidado – nem mais, nem menos.

Pacientes que estão sangrando ou respirando inadequadamente tem uma quantidade


limitada de tempo antes que sua condição resulte em deficiência grave ou torne-se fatal.
Os socorristas que prestam cuidados pré-hospitalares devem ter e utilizar habilidades de
pensamentos críticos para tomar e executaras decisões que irão melhorar a sobrevivência
do paciente de trauma.

Os princípios fundamentais de APH são de que os socorristas de atendimento pré-


hospitalar devem ter uma boa base de conhecimento, devem ter pensamento crítico e ter
as habilidades técnicas necessárias para oferecer atendimento excelente ao paciente,
mesmo em circunstancias que não sejam as ideais.

A chance de sobrevivência do paciente que recebe atendimento excelente ao trauma,


tanto pré-hospitalar quanto hospitalar, é provavelmente maior de que a de qualquer outro
paciente gravemente doente.

2. Conceitos de Trauma

Definição do Trauma

Trauma é hoje definido como um evento nocivo que acontece quando há liberação de formas
especificas de energia física ou quando há barreiras ao fluxo normal de energia.

A energia existe me 5 formas físicas: mecânica, química, térmica, radioativa e elétrica.

 Energia mecânica é a energia que um objeto contém quando está em movimento.


Por exemplo, a energia mecânica, a causa mais comum de lesões, é transferida a
partir de um carro quando o motorista sem cinto de segurança bate contra o para-
brisa durante uma colisão veicular.

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 Energia química é a energia que resulta da interação de um composto químico
com o tecido humano exposto a ele. Por exemplo, a energia química leva a uma
queimadura por meio da exposição a um ácido ou uma base.
 Energia Térmica é a energia associada com o aumento da temperatura e ou
diminuição excessiva do calor. Por exemplo, a energia térmica causa lesões
quando um cozinheiro ao borrifar um líquido inflamável no carvão em brasa em
uma churrasqueira ao ar livre, acaba queimando seu rosto.
 Energia por radiação é qualquer onda eletromagnética que trafega em raios
(como raio-X) e não apresenta massa física. A energia por radiação pode produzir
queimaduras solares em uma adolescente que tentasse ficar com um bronzeado
dourado para o verão.
 Energia elétrica é resultante da movimentação de elétrons entre dois pontos. Ela
está associada tanto ao trauma direto, bem como trauma térmico e, por exemplo,
pode produzir lesões na pele, nervos e vasos sanguíneos de um socorrista que
falha durante a avaliação adequada da cena antes de tocar em um veículo que
bateu em um poste de luz.

Qualquer forma de energia física em quantidade suficiente pode causar danos ao


tecido. O corpo pode tolerar a transferência de energia até certos limites, no entanto,
sempre haverá trauma quando este limiar for excedido.

Morte por trauma é um grande problema de saúde


em todo mundo, resultando em mais de 14.000
mortes diariamente, com colisões automobilísticas
levando aproximadamente 1,3 milhão, suicídios
844.000 e homicídios 600.000 mortes anualmente. Na
maioria dos países, independente do seu nível de
desenvolvimento, o trauma aparece entre as cincos
principais causas de morte. Apesar de as causas de
morte por trauma variarem pouco entre países, existe
grande variabilidade que causa maior impacto sobre
cada faixa etária especifica. Devido a questões econômicas, sociais e de
desenvolvimento, a causa da morte relacionada ao trauma varia de pais para pais e ate
região dentro de um mesmo pais.

Trauma ao Socorrista durante o Atendimento

Os socorristas estão expostos a uma ampla variedade de situações que podem


resultar em traumas. As cenas do incidente são muitas vezes inseguras, apesar dos
melhores esforços dos serviços de emergência médica e dos policiais, pois estas cenas
envolvem pessoas que estão passando por crises emocionais e físicas. A própria
natureza do trabalho de emergência implica riscos de trauma. O simples fato de dirigir ate
a cena de emergência pode ser perigoso.

A privação do sono é um fator importante que afeta claramente o desempenho do


socorrista. Quanto maior o tempo que uma pessoa fica acordada, maior será a fadiga
resultante e a sonolência; maior o efeito sobre o tempo de reação e sobre a avaliação e
tomada de decisão médica; e maior a probabilidade de ocorrerem erros, lesões em si
próprio ou nos outros. E até mesmo fatalidades. A privação do sono é comparada a
intoxicação alcoólica: ficar sem dormir durante 18 horas equivale a uma concentração de
álcool no sangue CAS de 0,05 e ficar sem dormir durante 24 horas se assemelha a uma
CAS de 0,1

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Além disso, a privação do sono pode ter efeitos profundos sobre a saúde do socorrista,
bem como interferir nas relações pessoais e familiares mais importantes. Falta de sono
pode levar a irritabilidade, ansiedade e depressão.

É fundamental que a equipe de serviços de emergência medicas conheça e


compreenda os conceitos de trauma e prevenção do trauma para que os riscos inerentes
ao atendimento médico possam ser identificados e corrigidos.

Prevenção de Trauma para Socorristas

“Quem é a pessoa, mais importante na cena de um incidente? ” Os estudantes dos


serviços de emergência medicas são sempre recebidos com essa pergunta no início do
treinamento para faze-los pensar sobre sua própria segurança. Invariavelmente, um ou
dois alunos irão dizer “o paciente”, que é o que o instrutor quer ouvir. Esta resposta
incorreta proporciona um momento de aprendizado para que o instrutor comece a
orientação ao longo do curso para reforçar que a prevenção de traumas em serviço é o
serviço mais valioso que um socorrista pode proporcionar.

As atividades do dia a dia dos socorristas de oferecerem risco suficiente para traumas
que poderiam acabar com uma carreira ou uma vida. Traça um panorama preciso dos
riscos “normais” dos serviços de emergências medicas.

Socorristas e bombeiros trabalham tanto em ambientes internos quanto ao ar livre, em todos


os tipos de clima. Eles são obrigados a se ajoelhar, a flexionar-se e a levantar bastante peso.
Estes trabalhadores estão sob risco de perda auditiva induzida do barulho das sirenes e de lesão
nas costas por elevação dos pacientes. Além disso socorristas e bombeiros podem ser expostos a
doenças como hepatite B e AIDS, assim como violência de vítimas de overdose de drogas e
pacientes mentalmente instáveis. O trabalho não é só fisicamente cansativo, mas também
mentalmente estressante por envolver situações de vida e morte e por lidar com pacientes que
estão sofrendo.

Socorristas estão em risco significativo de trauma ou morte durante o atendimento,


manejo e remoção de um chamado de emergência médica.

3. Introdução ao Atendimento de Emergência

Por que estudar Primeiros Socorros?

A forma como as pessoas reagem a uma situação de emergência antes da chegada


do socorro especializado ou a forma de atendimento até a chegada no centro de trauma,
costuma determinar como será a recuperação das vítimas e em casos extremos, pode
significar a diferença entre a vida e a morte. Como você pode ser a primeira pessoa a
chegar ao local, você precisa ser capaz de reconhecer e lidar com as emergências de
modo a proteger as vítimas. Este curso irá prepará-lo para tomar as decisões pertinentes
no que se refere aos primeiros socorros e para agir da melhor forma possível de acordo
com o que decidir.

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O que são Primeiros Socorros?

Os primeiros socorros referem-se ao atendimento temporário e imediato de uma


pessoa que está ferida ou que adoece repentinamente. Os primeiros socorros incluem
reconhecer condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para
manter a vítima viva e na melhor condição possível até que se obtenha o atendimento
médico, seja ele no local ou no intra-hospitalar.

4. Procedimentos Gerais e Aspectos Legais dos Primeiros Socorros

Estar envolvido em uma situação de lesão ou doença repentina exige raciocínio rápido
e ação imediata. Neste caso adotamos o seguinte plano de ação:

 Observar o local do acidente à medida que se aproxima.


 Cuidar da sua segurança e da segurança de outras pessoas no local: se
necessário, desviar o trafego do local do acidente, posicionar as sinalizações de
segurança, manter os curiosos numa distância segura, etc.
 Conseguir acesso até a(s) vitima(s) e verifique se há qualquer perigo imediato a
vida.
 Fornecer Suporte Básico de Vida as pessoas que estivem em risco; sempre de
prioridade de atendimento as vítimas mais graves.

De uma forma geral os deveres do socorrista podem ser definidos legalmente da


seguinte maneira:

 O Socorrista não deve interferir nos primeiros socorros administrados por outras
pessoas.
 Se a vítima não quiser receber ajuda. O Socorrista não deve forçá-la a não ser que
a situação seja potencialmente fatal.
 Após o socorrista ter iniciado o atendimento, ele não deve interrompe-lo nem deixar
o local até que seja dispensado por uma pessoa qualificada e responsável que
administre o atendimento em um nível igual ou superior. Caso contrário, sair do
local ou interromper o atendimento será considerado abandono do ponto de vista
legal e o Socorrista estará sujeito a processo judicial.
 O Socorrista deve seguir procedimentos de atendimento de emergência
reconhecidos e aceitos dentro das normas vigentes.
 O Socorrista deve respeitar a privacidade da vítima e revelar informações
confidenciais, como a condição médica da vítima, lesões, condição física ou
medicamentos, apenas para as pessoas que precisam saber por razões médicas.
 Todo Socorrista envolvido com uma vítima na cena de um crime deve documentar
e preservar quaisquer provas, além de obedecer às leis estaduais que exijam a
comunicação de incidentes criminais específicos (como abuso, estupro, FAF, etc.).

Dever de Agir

Dever de agir, significa que existe obrigação legal de prestar socorro ou proporcionar
atendimento de emergência. Esta obrigação legal deve existir nas seguintes situações:

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 Quando houver uma responsabilidade preexistente (Pai-filho, motorista-passageiro,
etc.).
 Quando o emprego exigir. (Bombeiros, policiais, salva vidas, etc.)
 E quando iniciado os procedimentos de primeiros socorros.

Como parte do dever de agir, o Socorrista deve seguir diretrizes de atendimento


padronizados. Na essência, é legalmente esperado que o Socorrista administre o nível e o
tipo de atendimento consistentes com seu treinamento. O Socorrista segue um padrão de
atendimento diferente do de um médico ou de um especialista em medicina emergencial,
por exemplo.

Leis do Bom Samaritano

Como forma de proteger as pessoas que prestam atendimento médicos de urgência e


ou emergência contra processos judiciais. Na essência, essas leis protegem o Socorrista,
a menos que ele seja culpado por negligencia, imprudência ou imperícia. A fim de
determinar que houve processo judicial, o tribunal deve entender que:

 A vítima estava ferida.


 As ações do Socorrista (ou a falta de ação) causaram a lesão ou contribuíram para
ela.
 Ele tinha o dever de agir.
 Ele agiu de maneira incomum, não demonstrou bom senso ou foi imprudente.

Teste do “Bom Senso”

Sua defesa contra uma acusação é o teste do “Bom Senso”, você agiu da mesma
forma que uma pessoa normal e prudente com o mesmo histórico e treinamento que
você, teria agido sob as mesmas circunstancias? Basicamente, o ônus recai sobre a
vítima; você só poderá ser processado se a vítima conseguir provar que você é culpado
por negligencia grave, imprudência, imperícia, conduta infundada ou desonra ou ainda por
haver causado lesão intencional.

Direito de Recusar Atendimento

Um adulto responsável tem o direito de recusar atendimento e/ou transporte de


emergência para ele ou para um menor que necessite de tais cuidados. Se a vítima ou o
responsável se recusar a consentir, você pode não prestar o atendimento de emergência
nem transportar a vítima a força. Caso o faça, você pode ser processado legalmente por
agressão. Geralmente, apenas os oficiais de justiça podem tocar, coibir ou transportar
uma pessoa contra sua vontade. Existem 4 tipos diferentes de consentimento:

1. Consentimento Real. O consentimento deve ser consciente, é necessário explicar


os cuidados que serão prestados. O consentimento oral é valido.
2. Consentimento Implícito. Em uma situação real de emergência, quando houver
risco significativo de morte, invalidez ou danos permanentes, a lei assume que a
vítima teria dado o consentimento.

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3. Consentimento de Menor de Idade. O direito do consentimento normalmente é
dado aos pais ou responsáveis por um menor de idade.
4. Consentimento de Doente Mental. O direito do consentimento normalmente é
dado aos pais, responsáveis ou à pessoa que toma conta do doente mental.

Se a vítima ou o responsável não der o consentimento e você acreditar que haja


ameaça a vida, chame a polícia. Se os ferimentos forem graves, mas não ameaçarem a
vida, explique as possíveis consequências da falta de tratamento e tente convencer a
vítima a consenti-lo, se necessário peça a ajuda de familiares e ou amigos. Se ainda
assim a vítima recusar o atendimento, certifique-se que haja testemunhas que possam
atestar que a vítima recusou os cuidados e preencha o termo de recusa.

5. Atribuições e Responsabilidades do Socorrista

A) Para ser um Socorrista é preciso lidar com o público.

Pessoas que estão doentes ou feridas não se encontram em condições normais. Você
deve ser capaz de superar comportamentos grosseiros ou pedidos descabidos, supondo
que estes pacientes estão agindo assim devido à doença ou ao ferimento presente. Lidar
com as pessoas é uma das mais exigentes tarefas do Socorrista, e dependendo da
situação, agindo de modo profissional deve ser muito útil.

B) O Socorrista deve ser honesto e autentico.

Quando estiver ajudando uma pessoa, você não deve dizer que ela está bem, se na
verdade ela estiver doente ou ferida. Nem dizer que tudo está bem quando você perceber
que algo está errado. Dizer para a pessoa não se preocupar é uma bobagem. Quando
uma emergência acontece, certamente existe algo com que se preocupar.

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C) No local da emergência, você deve ser um profissional altamente
disciplinado.

Observe sua linguagem na presença do paciente e do público. Não faça comentários


sobre o paciente ou sobre a gravidade do acidente. Concentre-se em auxiliar o paciente e
evite distrações desnecessárias. Coisas simples como fumar na ocorrência, mostra
indisciplina e falta de educação.

Atuar como Socorrista exige que você controle seus próprios sentimentos no local da
emergência. Você aprendera a se envolver com a assistência aos pacientes enquanto, ao
mesmo tempo, controla as suas próprias reações emocionais ao enfrentar uma situação
de doença ou ferimentos graves. Os pacientes não necessitam de simpatia ou lagrimas e
sim de um profissional competente e disciplinado.

Atributos e Responsabilidades do Socorrista

Os principais atributos inerentes a função de Socorrista são:

 Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário.


 Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou
exageradas daqueles que estão sob situação de stress.
 Ter capacidade de liderança para dar conforto e segurança ao paciente.

Responsabilidades do Socorrista

As responsabilidades do Socorrista no local da ocorrência incluem o cumprimento das


seguintes atividades:

 Utilizar os equipamentos de proteção (EPI’s);


 Controlar o local do acidente a modo de proteger a si mesmo, sua equipe, o
paciente, e prevenir outros acidentes;
 Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessário para a
situação;
 Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local e da
avaliação do paciente;
 Fazer o melhor possível para dar assistência de acordo com seu treinamento;
 Decidir quando a situação exige mobilização ou a mudança da posição ou local do
paciente. O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou
minimizem os riscos de lesões adicionais.

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 Solicitar, se necessário, auxilio de terceiros presentes no local e coordenar as
atividades.

A responsabilidade profissional é uma obrigação atribuída a toda pessoa que exerce


uma arte ou profissão, ou seja, responder perante a justiça por atos prejudiciais
resultantes de suas atividades inadequadas, portanto, o Socorrista poderá ser processado
e responsabilizado se cometer os seguintes atos:

IMPERICIA – ignorância, inabilidade, inexperiência

Entende-se, no sentindo jurídico, a falta de pratica ou ausência de conhecimentos, que


se mostram necessários para o exercício de uma profissão ou arte qualquer.

A imperícia, assim se revela na ignorância, como na inexperiência e inabilidade


acerca de matéria, que deveria ser conhecida, para que se leve a bom termo ou se
execute com eficiência o encargo ou serviço, que foi confiado a alguém. Evidencia-se,
assim, no erro ou engano de execução de trabalho ou serviço, de cuja, inabilidade se
manifestou. Ou daquele que se diz apto para um serviço e não o faz com a habilidade
necessária, porque lhe falecem os conhecimentos necessários. A imperícia conduz o
agente à culpa, responsabilizando-o, civil e criminalmente, pelos danos que sejam
calculados pelo seu erro ou falta. Ex. são imperitos o Socorrista que utilizar o reanimador
manual, sem executar, corretamente, por ausência de pratica, as técnicas de aberturas de
vias aéreas, durante a reanimação.

IMPRUDENCIA: falta de atenção, imprevidência, descuido.

Resulta da imprevisão do agente ou pessoa, em relação às consequências de seus


atos ou ação, quando podia e devia prevê-las.

Mostra-se falta involuntária, ocorrida na pratica de ação, o que a distingue da


negligencia (omissão faltosa), que se evidencia, precisamente, na imprevisão ou
imprevidência relativa à preocupação que deverá ter na pratica da mesma ação. Funda-
se, pois, na desatenção culpável, em virtude do qual ocorreu um mal, que podia e deveria
ser atendido ou previsto pelo imprudente. Em matéria penal, arguido também de culpado,
é o imprudente responsabilizado, pelo dano ocasionado a vítima, pesando sobre ele a
imputação de um crime culposo. Ex. um motorista que excede a velocidade de uma via.

NEGLIGENCIA: desprezar, desatender, não cuidar

Exprime a desatenção, falta de cuidado ou de precaução com que se executam certos


atos, em virtude dos quais se manifestam resultados maus ou prejudicados, que não
adviriam se mais atenciosamente ou com a devida precaução, aliás, ordenada pela
prudência, fosse executada. A negligencia assim, se evidencia pela falta decorrente de
não se acompanhar o ato com a atenção que deveria.

Nesta razão, a negligencia implica na omissão ou inobservância de dever que


competia ao agente, objetivando nas precauções que lhe eram ordenadas ou
aconselhadas pela prudência, e vistas como necessárias, para evitar males não queridos

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ou evitáveis. Ex. é negligente o Socorrista que deixar de utilizar EPI, num atendimento
onde seu uso seja necessário.

6. Crime de Omissão de Socorro

Art. 135 CP – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e eminente perigo de vida; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública:

Pena – Detenção: De um a seis meses, ou multa.

Parágrafo Único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal


de natureza grave e triplicada se resultar a morte.

Obs.: A Vítima tem direito de recusar atendimento, exceto quando este estiver
inconsciente, gravemente ferido ou for menor de idade, nestes casos o Socorrista tem o
Dever de Agir.

7. Reconhecimento do Local da Ocorrência

O reconhecimento da situação é realizado pelo Socorrista no momento que chega ao


local da ocorrência. O reconhecimento é necessário para que o mesmo possa avaliar a
situação inicial, decidir o que fazer e como fazer.

Para o correto reconhecimento do local da ocorrência, devem ser observados:

Avaliação do Local: o Socorrista devera avaliar o local da ocorrência, observando os


seguintes aspectos:

 A situação;
 Potencial de risco;
 As medidas a serem tomadas.

Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros. Ao chegar no local


de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-se assumir o controle da
situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência. Deve-se tentar obter
o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstâncias de
cada acidente, é importante também:

 Evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens breves,


claras, objetivas e concisas;

 Manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que se
possa trabalhar da melhor maneira possível. Ser ágil e decidido observando
rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o
socorro à proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação
da ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham
perdido o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros.

É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem


estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: fios elétricos
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soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás; máquinas
funcionando.

Devem-se identificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a corrente


elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas da presença de
gás; retirar vítima de afogamento da água, desde que o faça com segurança para quem
está socorrendo; evacuar área em risco iminente de explosão ou desmoronamento.

É preciso tranquilizar o acidentado e transmitir-lhe segurança e conforto. A calma do


acidentado desempenha um papel muito importante na prestação dos primeiros socorros.
O estado geral do acidentado pode se agravar se ela estiver com medo, ansiosa e sem
confiança em quem está cuidando.

Informes do Socorrista: após avaliar o local, o socorrista deverá informar aos meios de
apoio, se solicitado os seguintes itens abaixo:

 Local exato da ocorrência;


 Tipo de ocorrência;
 Riscos potenciais;
 Número de vítimas e idade;
 Gravidade das vítimas;
 Necessidade de recursos adicionais;
 Nome e telefone do solicitante do apoio.

Segurança do Local

Uma das primeiras coisas que você deve fazer no local do acidente é cuidar da
segurança, não apenas da vítima, mas também da sua e da sua equipe, como dos
espectadores que estiverem presentes. Você não conseguirá ajudar ninguém sendo
vítima. Assim que chegar ao local, avalie a situação a uma distância segura. Não se
envolva em uma situação que não ofereça segurança, a não ser que você tenha sido
treinado e possua equipamentos de proteção.

Segurança do Local: consiste na adoção por parte do socorrista para a manutenção da


segurança do local da ocorrência, priorizando:

 Estacionamento adequado da viatura de emergência;


 Sinalização e isolamento do local;
 Gerenciamento dos riscos.

Fogo: Incêndios de qualquer proporção podem fugir do controle, ameaçando vidas e


propriedades. Jamais se aproxime de veículos ou locais em chamas, a menos que tenha
sido especificamente treinado, para fazê-lo, permaneça a uma distância segura até que o
fogo seja contido e evite contato com fumaça e vapores.

Estruturas Instáveis: Define-se estrutura instável como aquela na qual a vítima pode
ficar presa ou se machucar em virtude de pisos e tetos frágeis, paredes parcialmente
desmoronadas, escombros, gases tóxicos no ar ou ameaça de explosão ou incêndio. E a

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instabilidade não está limitada só a edifícios, pode também envolver poços, valas, silos,
barris, fossos e minas, nos quais pode se ficar soterrado ou aprisionado.

Água: Nunca entre na água ou se aventure no gelo para resgatar alguém a menos que
tenha treinamento especifico de resgate aquático, e, mesmo assim faça isso em última
instancia.

Riscos com eletricidade: Procure fios elétricos soltos no local de qualquer acidente com
veículos motorizados, e sempre considere que mesmo os fios soltos estão “ativos”.
Notifique imediatamente a companhia de energia elétrica e espere que uma equipe
treinada desligue a alimentação antes de se aproximar dos fios. Nunca tente mover fios
soltos por conta própria. Nunca toque em veículo, poça d’água ou objeto metálico que
está em contato com fios soltos.

Acidentes com Veículos Motorizados: O fluxo de veículos constitui uma ameaça em


caso de atendimento em vias. Ao parar a viatura coloque os sinalizados de segurança a
distancias seguras. Outras ameaças à segurança no local do acidente incluem vazamento
de gasolina, materiais perigosos e destroços instáveis.

Sinalização

A colocação dos cones de sinalização devem seguir a seguinte proporção:

1 cone para cada 10 km/h da velocidade da via. Ex: se a via for de 40 Km/h deve ser
colocados 4 cones, 60 Km/h = 6 cones, 80 km/h = 8 cones, etc.

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Hostilidade e Violência: Permaneça a uma distância segura de uma vítima hostil
enquanto explica calmamente quem você é e o que deseja fazer para ajudar, se possível,
peça a ajuda de familiares ou amigos para tentar neutralizar a situação. Se a vítima
permanecer hostil recue e busque ajuda. Nunca se aproxime de um grupo hostil, chame a
polícia e espere até que a situação esteja sobre controle. Nunca se aproxime de uma
vítima de violência, mesmo que ela apresente lesões potencialmente fatais, até que você
tenha certeza de que o agressor deixou o local. Também, nunca se aproxime de uma
pessoa armada que esteja ameaçando cometer suicídio. Chame imediatamente a polícia
e espere que eles assegurem a cena, não toque em nada, nem destrua qualquer
evidencia enquanto espera.

9. Manejo Psicológico

Com o acionamento de alarmes, sirenes ou em situações estressantes, o nosso


organismo lança uma descarga de adrenalina em nossa circulação sanguínea fazendo
aumentar o batimento cardíaco e aumentando os reflexos motores. Este é um momento
muito importante para o início da ocorrência. Estamos ansiosos em saber o que vamos
encontrar, pairam dúvidas se o socorrista conseguirá cumprir bem sua missão, estamos
preocupados em cumprir nosso papel da melhor forma possível.
Pesquisas comprovam que após o alarme, os socorristas que se dirigem às suas viaturas
em alta velocidade ou que a abandonam na chegada do evento abruptamente, tendem a
perder o controle emocional mais facilmente, ao contrário daqueles que se deslocam
caminhando, que com passar do tempo adquirem maior confiança e tranquilidade.
Durante um incidente, o estresse influencia a maneira com que o terapeuta
responsável faz seu trabalho. O estresse pode ter um efeito de longo prazo após uma
emergência. Isso é chamado Estresse Pós-Traumático (EPT) podendo afetar qualquer um
que tenha passado por uma experiência traumática.
Duas pessoas não reagem igualmente a um trauma ou catástrofe. Algumas podem ter
emoções como medo, vergonha e raiva por dias, semanas ou até anos após o ocorrido.
Outras podem ser incapazes de esquecer traumas vividos.

O que é o Estresse?

O estresse, seja ele de natureza física, psicológica ou social, é composto de um


conjunto de reações fisiológicas que se exageradas em intensidade ou duração podem
levar a um desequilíbrio no organismo.

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Estressores Ocupacionais

Neste subgrupo foram classificados os estressores de trabalhos relacionados pelas


equipes de emergência...

• Temor do desconhecido;
• Violência das cenas;
• Exigências Organizacionais e pessoais;
• Sentimentos que Permeiam as Situações de Assistência;
• Assistência aos Agravos da Saúde.

Temor do Desconhecido: O toque da sirene, o deslocamento para as ocorrências e o


estar sempre em estado de alerta, são provocadores de tensão e ansiedade. A reação de
alarme, é o primeiro estágio da reação do estresse, faz com que se desenvolva o medo, a
angustia. Apresentamos taquicardia, sudorese, irritabilidade e fadiga

Violência das Cenas: A violência dos casos atendidos, assim como o envolvimento com
crianças, idosos e familiares também aparecem como fatores estressantes. Você pode
apresentar atitudes, crenças e estados emocionais que vão de amor e compaixão a medo
e raiva. Vale relembrar que as respostas frente a estas situações são individuais e o que
um considera estressante pode não ser para o outro.

Exigências Organizacionais e Pessoais: O grande número de ocorrências, a extensa


carga horária, obrigações de serem hábeis e rápidos, insatisfação no trabalho e a busca
do perfeccionismo foram relacionados pelas equipes de emergência, como estressores.

Sentimentos que Permeiam as Situações de Assistência: Os sentimentos de


responsabilidade para com o outro, a impossibilidade de melhor atendimento e o desgaste
emocional foram descritos como emoções percebidas nas situações de assistência às
vítimas em risco eminente de vida, aspectos que denotam grande "peso" da profissão,
principalmente nos casos de insucessos. O grau de responsabilidade para com as
pessoas, vem sendo destacado como estressor no ambiente de trabalho, e a satisfação
no desempenho da profissão tem ação redutora do estresse.

Assistência aos Agravos da Saúde

Vários motivos os levam a procurarem algum tipo de assistência médica, sendo os


problemas no sistema gastrintestinal, sistema renal, sistema cardiovascular, sistema
imunológico, lesões no aparelho locomotor e problemas de ordem psicossocial.
SINTOMAS DO ESTRESSE FÍSICOS PSICOLÓGICOS

- Dores de cabeça - Apatia


- Dores musculares - Memória fraca
- Insônia - Tiques nervosos
- Indigestão - Isolamento
- Taquicardia - Sentimentos de perseguição
- Alergias - Desmotivação
- Insônia - Autoritarismo
- Queda de cabelo - Irritabilidade
- Mudança de apetite - Emotividade acentuada
- Gastrite - Ansiedade
- Esgotamento físico - Vergonha

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10. Biossegurança

Transmissão de doenças infecciosas

Doenças infecciosas ou contagiosas são aquelas que podem passar de uma pessoa
para outra ou serem transmitidas de um animal ou do meio ambiente para a pessoa.
Todos os fluidos corporais devem ser considerados infecciosos, incluindo saliva, sangue,
secreções vaginais, sêmen, líquido amniótico e fluidos que lubrificam o cérebro, coluna
vertebral, os pulmões, o coração, órgãos abdominais, as articulações e os tendões. As
infecções podem ser adquiridas e disseminadas pelo contato físico com sangue e outros
fluidos corporais. Na área do pronto Socorrismo existem 3 formas onde os Socorristas se
expõem ao contato de disseminação de doenças infecciosas:

 Infecção por gotículas de saliva;


 Contato com sangue contaminado;
 Ferimentos abertos/tecidos expostos.

Para que a doença de dissemine, deve haver três condições:

 Os organismos infectantes, como bactérias e vírus, devem sobreviver fora de seu


hospedeiro – uma pessoa ou animal infectado, ou ainda um inseto. Bactérias e
vírus também podem sobreviver em objetos inertes, como superfícies no ambiente
ou agulhas descartadas.
 O organismo infectante deve, então, ser transportado de um lugar ao outro. Alguns
organismos, como o vírus da gripe, só transmitidos com facilidade; outros, como a
bactéria da tuberculose, são relativamente difíceis de serem transmitidos.
 Finalmente, o organismo infectante deve invadir o corpo de uma outra pessoa e
começar a se multiplicar. Dieta inadequada, falta de higiene pessoal, não usar
EPI’s, lugares lotados e pouco limpos e estresse podem aumentar a suscetibilidade
do organismo a infecções.

Doenças que exigem cuidados especiais em uma situação de emergência

Patógenos Hematogênicos

Os Patógenos Hematogênicos, ou doenças causadas por microrganismos


transportados pelo sangue, são motivo de preocupação por parte dos socorristas e das
outras pessoas envolvidas em uma emergência. A exposição a eles ocorre quando se
entra em contato com o sangue da vítima ou qualquer outro fluido corporal que contenha
sangue; pode-se minimizar esse risco utilizando-se equipamento de proteção, como luvas
de látex, para evitar contato com a vítima.

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Três Patógenos Hematogênicos são particularmente preocupantes:

 Hepatite B: o tipo mais comum de hepatite, a Hepatite B, é uma infecção viral do


fígado; os sintomas podem se assemelhar aos da gripe, mas muitas vítimas não
apresentam sintomas.
 Hepatite C: provocada por um vírus diferentes ao da Hepatite B, a Hepatite C
também pode levar a danos permanentes no fígado ou câncer hepático.
 HIV: o vírus HIV suprime o sistema imunológico e interfere na capacidade do corpo
de se defender contra outras doenças.

Várias outras doenças exigem cuidado especial por parte dos socorristas e das outras
pessoas envolvidas em uma emergência, como herpes, tuberculose, meningite, etc.
Protegendo-se do risco de infecção. As diretrizes a seguir irão ajudá-lo a evitar a infecção
pelo contato do sangue, fluido corporais, secreções, feridas, gotículas de saliva e
mordidas.

 Certifique-se que suas vacinas estejam em dia. Os adultos que administram os


primeiros socorros devem ter em dia as vacinas
- MMR (sarampo-caxumba-rubéola),
- Tríplice (difteria-tétano-pertussis [DTP]),
- Contra varicela (catapora),
- Hepatite B
- Gripe.
 Use luvas de látex descartáveis sempre que
entrar em contato com uma vítima. Se houver
extravasamento de algum fluido corporal da
vítima, limpe-o com papel toalha e lave a área
com uma solução de alvejante diluído em água.
Deixe a solução no local por no mínimo 10
minutos e depois limpe com papel toalha limpo.
 Retire pelo avesso uma das luvas
contaminadas, segure o lado de dentro da
segunda luva com a mão oposta, evitando tocar
à superfície contaminada.
 Lave as mãos com água e sabão ou algum agente antibacteriano assim que
concluir o atendimento, mesmo se estiver utilizado luvas, não se esqueça de
escovar embaixo das unhas. Estudos indicam que 9% das luvas de látex e 43%
das luvas de vinil, ocorrem vazamentos.
 Evitar tocar na boca, nariz, olhos ou itens pessoais (chaves, alimentos, pentes)
antes de lavar as mãos.
 Caso apresente quaisquer abrasões ou condições cutâneas, cubra-as com roupa
de proteção e ou outro material.

18
11. Cinemática do Trauma

Introdução

Trauma é uma lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica


resultante da ação de um agente externo que resulta na exposição a uma energia
(mecânica, térmica, elétrica), esta energia pode ter origens bio-físico-químicas.

As mortes ocasionadas por traumas ocupam entre a segunda ou terceira posição


geral na morbidade dos países, (perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e
neoplasias). Porém entre os indivíduos das faixas etárias inferiores há 40 anos é a
principal causa de morte.

Cada vítima de trauma aparenta ter suas próprias apresentações de lesões, mas na
verdade muitos pacientes possuem métodos similares de traumatismos. Os
conhecimentos destes mecanismos de lesões permitirão ao médico e socorrista um
rápido diagnóstico ou pelo menos a suspeita das lesões através de métodos usuais.

No atendimento inicial do traumatizado devemos apreciar criteriosamente os


mecanismos que produziram os ferimentos. Entendendo os mecanismos de trauma e
mantendo um alto grau de suspeita, o socorrista ganha em aptidão para diagnosticar os
ferimentos ocultos e um precioso tempo na instituição do tratamento. Todo ferimento
potencialmente presente deve ser investigado, tendo em vista o mecanismo de trauma em
questão.

“Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após
encontrá-las”

Embora existam vários mecanismos de trauma os mais comuns relacionam-se com o


movimento, respondendo pela maioria das mortes por trauma.

Cinemática do Trauma é, portanto, o processo de análise e avaliação da cena do


acidente, com o escopo de se estabelecer um diagnóstico o mais precoce possível das
lesões resultantes da energia, força e movimentos envolvidos. Através da cinemática do
trauma o socorrista pode informar ao médico intervencionista e/ou regulador dados de
suma importância para o tratamento mais adequado a ser dispensado na fase hospitalar,
e também guiar seu próprio atendimento pré-hospitalar. Esta ciência é baseada em
princípios fundamentais da física:

- Primeira Lei de Newton -"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de


movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por
forças impressas a ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que um carro colida e pare, as
pessoas no seu interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção,
etc.)

Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou lesões?

Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física:

“A energia pode ser transformada de uma forma em outra em um sistema isolado, mas
não pode ser criada ou destruída; a energia total do sistema sempre permanece
constante”.

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Considerando-se o movimento de um carro como uma forma de energia (energia
cinética), quando o carro colide, esta forma de energia é transformada em outras
(mecânica, térmica, elétrica, química).

Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia resultando assim
em maiores danos aos organismos envolvidos.

Para que um objeto em movimento perca velocidade é necessário que sua energia de
movimento seja transmitida a outro objeto. Esta transferência de energia ocorre quando,
por exemplo um objeto em movimento colide contra o corpo humano ou quando o corpo
humano em movimento é lançado contra um objeto parado, os tecidos do corpo humano
são deslocados violentamente para longe do local do impacto pela transmissão de
energia, criando uma cavidade, este fenômeno chama-se cavitação. A avaliação da
extensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração cutânea do que
quando há uma lesão aberta. Por exemplo, um soco desferido no abdome pode deformar
profundamente a parede abdominal sem deixar marcas visíveis externamente, mas com
lesão de órgãos abdominais internos. Por isso é obrigatório pesquisar a história do evento
traumático. Uma cavidade com deformação visível após um impacto é definida como
permanente.

Já uma cavidade (ou deformidade) não visualizada quando o socorrista ou médico


examina a vítima é definida como temporária, na qual o tecido retorna para a sua posição
normal. A diferença entre as duas está relacionada a elasticidade dos tecidos.

20
Analisando o mecanismo de trauma é possível ao socorrista estimar o tamanho da
cavidade no momento do impacto, assim como as demais lesões decorrentes do mesmo.

Fases da Cinemática do Trauma

Na avaliação da cinemática do evento que possa causar traumatismos em um


indivíduo podemos dividir sua evolução em 3 fases: Pré-colisão, Colisão e Pós-colisão.
(Consideremos a colisão não apenas como acidente automobilístico, mas também colisão
de qualquer objeto, corpo ou forma de energia contra o corpo humano).

Pré-colisão: A história do incidente traumatizante começa com a pré-colisão com dados


como ingestão de álcool ou drogas, doenças preexistentes, condições climáticas e ainda
tamanho, peso, idade e sexo da vítima e/ou agressor.

Colisão: A segunda e talvez a mais importante fase na anamnese do trauma é a “fase da


colisão propriamente dita”, fase esta que começa quando um objeto colide com outro e
ocorre uma transmissão de energia entre eles. Os objetos podem estar em movimento ou
um deles estacionado, e qualquer um dos objetos ou ambos, podem ser um corpo
humano. Esta fase começa pelo início das trocas e transformações energéticas entre os
corpos e termina quando a ação energética se extingue ou deixa de atuar sobre o
organismo da vítima.

São considerações importantes para o atendimento:

● A direção na qual a variação de energia ocorreu.

● Quantidade de energia transmitida.

● Forma com que estas forças afetaram o paciente. (Exemplo: altura da queda, calibre da
arma, tamanho da lâmina).

Pós-colisão: As informações conseguidas nas fases anteriores são usadas para melhor
abordagem da vítima na fase pós-colisão, fase esta que inicia tão logo a energia se
extingue ou deixe de atuar sobre o organismo da vítima.

Trauma Contuso x Trauma Penetrante

Está diretamente relacionado ao tamanho da superfície de contato do objeto contra o


corpo no momento do impacto.

Se toda a energia do objeto está concentrada numa pequena área de contato com a
superfície do corpo, se espera que a pele se rompa e o objeto penetre no corpo (trauma
penetrante). Por outro lado, um objeto grande, a energia vai se espalhar por uma grande
área da superfície corporal e a pele pode não ser rompida (trauma contuso). Da mesma
forma podemos concluir que o trauma contuso cria uma cavidade temporária, já no
trauma penetrante a cavidade pode ser temporária ou definitiva.

Por exemplo: um projétil de arma de fogo, rompe e penetra na pele cavidade definitiva
— e no seu trajeto pelo corpo pode provocar deslocamento de tecidos no sentido frontal e
lateral — cavidade temporária.

21
De acordo com o exposto, podemos deduzir que o efeito do conjunto de forças que
resulta em lesões corporais está diretamente relacionado ao conhecimento da anatomia
do corpo humano e das diversas formas de energia.

Considerando-se, portanto, a relevância do movimento nos mecanismos de trauma, é


obrigatória a análise clínica da vítima focada nos aspectos relacionados a cinemática dos
corpos envolvidos na cena do acidente.

O conhecimento da ocorrência de permuta de energia e de suas variáveis pela equipe


de resgate, tem grande importância prática. Isto pode ser evidenciado quando se compara
duas equipes que atendem um motorista que se chocou violentamente contra o volante. A
que conhece cinemática do trauma, mesmo não reconhecendo lesões externas, saberá
que ocorreu uma cavitação temporária e uma grande desaceleração suspeitando de
lesões de órgãos intratorácicos. Com isso, a conduta será mais agressiva, minimizando a
morbimortalidade dos pacientes.

Já a que não tem estes conhecimentos, não suspeitará de lesões de órgãos


intratorácicos, retardando o diagnóstico e conduta das mesmas, influenciando diretamente
na sobrevida dos pacientes.

Mecanismos de Lesão

Acidente Automobilístico – Colisão Frontal

Cabeça e Pescoço: Quando a cabeça colide contra o para-brisa geralmente ocorrem


ferimentos corto-contusos em crânio e face, com possíveis lesões nos olhos, o crânio
pode ser ainda comprimido e fraturado ocorrendo a penetração de fragmentos ósseos no
cérebro. A coluna cervical sofre uma violenta compressão podendo ser angulada além de
seus limites anatômicos, podendo sofrer luxações e/ou rupturas de vértebras com
consequentes lesões aos tecidos moles do
Pescoço e medula espinhal.

Tórax e Abdômen: Durante uma colisão, o movimento do corpo é


suspenso, mas os órgãos da cavidade torácica e abdominal
tendem a continuar o movimento para frente, estando sujeitos a
se romperem no ponto onde estão ligados à parede torácica e
abdominal, como no pedículo vascular de órgãos (aorta
ascendente, rins, baço, intestino delgado e grosso). Outra
situação em consequência da desaceleração é a laceração do
fígado, geralmente pela compressão do abdômen contra o
22
volante. Com o aumento de pressão no abdômen, pode haver ruptura do diafragma.

Joelho: Quando o ocupante do veículo continua o movimento para a frente e para baixo
depois que o carro para, o impacto do joelho contra o painel do veículo resulta em sua
fratura ou luxação, com lesão de vasos que, se não detectada, pode levar até à
amputação da perna. A energia do impacto do joelho contra o painel, se transmitida,
causa fratura de fêmur e/ou fratura e luxação de quadril. Esse tipo de fratura costuma
provocar forte hemorragia, pondo em risco a vida da vítima.

Acidente Automobilístico – Colisão Traseira

Se o veículo parado ou que se desloca lentamente


sofre colisão na parte traseira, a energia do impacto
provoca aceleração rápida e o lança à frente, assim como
tudo o que está em contato com ela. Se não houver apoio
para a cabeça, pode acontecer a hiperextensão do
pescoço e o risco de lesão na medula espinhal.

Geralmente, após a aceleração rápida, o veículo é


obrigado a parar subitamente e seus ocupantes lançados
para a frente, como no mecanismo de colisão frontal.
Como o veículo sofre dois tipos de impacto (frontal e
traseiro), o socorrista ficará atento a essa possibilidade e,
na cena do acidente, buscará as lesões relacionadas aos
dois tipos de situação.

23
Acidente Automobilístico – Colisão Lateral

O veículo sofre colisão na sua lateral, causando


deslocamento no sentido do impacto. Toda a lataria do veículo
é lançada sobre o lado do ocupante, que sofrerá lesões por
duas maneiras:

Pelo movimento do carro – lesão bem-discreta se o


passageiro estiver com o cinto de segurança.

Pela projeção da porta para o interior, comprimindo o


passageiro. Recebendo o impacto no tórax, haveria fratura de
costelas pelo lado da colisão, além de contusão pulmonar,
tórax instável, ruptura de fígado ou baço. A compressão do
ombro contra a clavícula causaria fratura desse osso.

A força lateral aplicada pela porta do veículo sobre a cabeça do fêmur, forçando-o
medialmente, resultaria em sua fratura e em fratura da pelve.

A coluna cervical está sujeita a flexão lateral e rotação pelo impacto lateral, e a
combinação desses dois movimentos é responsável por lesões graves de coluna cervical.

O socorrista também deve estar atento à possibilidade de colisão dos ocupantes do


veículo entre si, principalmente entre cabeças e ombros.

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Acidente Automobilístico – Capotamento

Num capotamento, o carro sofre uma série de impactos em diferentes ângulos, assim
como os ocupantes do veículo e seus órgãos internos. Assim, todos os tipos de
ferimentos mencionados anteriormente podem ser esperados, além da probabilidade de
trauma de coluna vertebral. Se as vítimas forem ejetadas do veículo (por estarem sem
cinto de segurança), a situação geralmente é grave.

Cinto de Segurança

A maior parte das vítimas com as lesões descritas


anteriormente não estava utilizando o cinto de segurança.
Vinte e sete por cento (27%) das mortes que ocorrem nos
acidentes de trânsito se devem ao fato de as vítimas serem
ejetadas do veículo.

Estas têm seis vezes mais chances de morrer. Entre as


vítimas que não vão a óbito, grande parte sofre trauma de
coluna e fica com sequelas graves.

As estatísticas comprovam que o cinto de


segurança realmente salva vidas, considerando-se
mais adequado aquele que cruza tórax e abdômen e
atravessa a pelve (cinto de 3 pontos).

Nos acidentes automobilísticos cujas vítimas


utilizam o cinto de segurança, as lesões geralmente
são poucas e de menor gravidade.

Quando o cinto utilizado apoia somente a pelve, a


energia do impacto é absorvida pelos tecidos moles
da cavidade abdominal, em retroperitônio, predispondo a lesões de
órgãos abdominais internos.

Ainda assim, seguramente, as lesões são menos graves do que


as de quem não usa qualquer cinto de segurança.

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"Airbag"

Bastante útil na colisão frontal, o airbag


absorve a energia lentamente, aumentando a
distância de parada do corpo na desaceleração
rápida, o que amortece o impacto do corpo contra
o interior do veículo.

Não registra grande benefício na colisão lateral,


na colisão traseira, no capotamento e tampouco
numa segunda colisão, visto que ele desinsufla
rapidamente após o impacto.

Acidente Automobilístico – Acidente de Motocicleta

Os acidentes de motocicleta são responsáveis por


grande número de mortes todos os anos. O mecanismo
de trauma é o mesmo da colisão de veículo e segue as
leis da Física.
O uso do capacete previne lesões de face e crânio.

Numa colisão frontal contra um objeto, a moto


inclina-se para a frente e o motociclista é jogado contra o
guidom, esperando-se trauma de cabeça, tórax e
abdômen. Caso pés e pernas permaneçam fixos no
pedal e a coxa colida contra o guidom, pode ocorrer
fratura bilateral de fêmur.

Na colisão lateral do motociclista, geralmente há compressão de membros inferiores


provocando fraturas de tíbia e fíbula.

Nos casos de colisão com ejeção do motociclista, o ponto de impacto determina a


lesão, irradiando-se a energia para o resto do corpo. Como nos automobilísticos,
geralmente as lesões são muito graves nesse tipo de acidente.

Acidente Automobilístico – Atropelamento

Na abordagem de vítima de atropelamento, é importante conhecer sua idade, pois


existem mecanismos distintos de trauma entre adultos e crianças. Quando o adulto
percebe estar prestes a ser atropelado, ele se virar de costas para o veículo, na tentativa
de se proteger; logo, as lesões se localizam nas regiões posterior e lateral do corpo. Por
outro lado, as crianças encaram o veículo atropelador de frente.

Existem três fases no atropelamento:

● Impacto inicial nas pernas, às vezes atingindo coxa e quadril;


● Tronco lançado contra o capô do veículo;
● Vítima caída no asfalto – geralmente o primeiro impacto na cabeça, com possibilidade
de trauma de coluna cervical.

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Concluímos que se espera grande número de lesões em vítima de atropelamento,
conforme análise de cada fase: fraturas de tíbia e fíbula, de pelve e terço superior de
fêmur, trauma de tórax, abdômen e coluna vertebral, traumatismo craniano.

Na avaliação da cena do acidente, o socorrista deve determinar se, após o


atropelamento a vítima não foi atropelada uma segunda vez por veículo que trafegava
próximo.

Na criança, pelo fato de ser menor em altura, o fêmur ou pelve pode sofrer o primeiro
impacto e fraturar já na primeira fase. Seguem trauma de tórax, cabeça e face. Lesões
intratorácicas em crianças inicialmente seriam assintomáticas, devendo o socorrista estar
atento a essa possibilidade.

Quedas

A queda se caracteriza por uma desaceleração vertical


rápida. No atendimento às vítimas de queda, o socorrista deve
conhecer:

● altura da queda;
● tipo de superfície com que a vítima colidiu. Exemplos:
gramado, concreto etc.;
● parte do corpo que sofreu o primeiro impacto.

Como a velocidade na queda aumenta com a altura,


grandes alturas predispõem a lesões mais graves.

Como referência, considera-se grave a queda de altura três


vezes maior que a altura da vítima.

Chamamos de "síndrome de Don Juan" a queda de altura


com aterrissagem pelos pés. Conforme a altura, acontece
fratura bilateral de calcâneos. Após os pés, as pernas são as
próximas partes a absorver a energia - fratura de tornozelos,
ossos longos e quadril. No terceiro momento, verificar fratura
com compressão de coluna torácica e lombar.

27
Se a vítima apoia as mãos na queda, espera-se fratura de punho. Assim, cabe-nos
determinar a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto e, consequentemente, deduzir
as lesões relacionadas.

Lesões por Explosão

Essas lesões, antes relacionadas somente aos períodos de guerra, estão tornando-se
cada vez mais comuns no mundo civilizado, visto acontecerem em refinarias, lojas de
fogos de artifício, estaleiros, indústrias, minas e também em domicílios, pela explosão de
botijões de gás.

A explosão tem três fases:

● Causada pela onda de pressão proveniente da explosão, atinge particularmente órgãos


ocos ou contendo ar, como pulmões e aparelho gastrointestinal. Podem ocorrer
sangramento pulmonar, pneumotórax, perfuração de órgãos do aparelho digestivo. A
onda de pressão rompe a parede de pequenos vasos sanguíneos e também lesa o
sistema nervoso central. A vítima morre sem que se observem lesões externas. O
socorrista, sempre atento a essas possibilidades, pesquisa sinais de queimadura nas
áreas descobertas do corpo.

● Em vítima atingida por estilhaços e outros materiais provenientes da explosão, é


possível encontrar lace rações, fraturas, queimaduras e perfurações.

● Se a vítima é lançada contra um objeto, haverá lesões no ponto do impacto e a força da


explosão se transfere a órgãos do corpo. Elas são aparentes e muito similares àquelas
das vítimas ejetadas de veículos ou que sofrem queda de grandes alturas.

28
Traumas Penetrantes

Ferimentos Por Arma Branca

A gravidade dos ferimentos por arma branca depende das


regiões anatômicas atingidas, da extensão da lâmina e do ângulo
de penetração, lembrando que o ferimento no abdômen superior
pode atingir o tórax, e ferimentos abaixo do quarto espaço
intercostal, podem penetrar o abdômen.

É fundamental, no atendimento pré-hospitalar de ferimentos


por arma branca, cuja lâmina ainda se encontre alojada no corpo,
não remover o objeto e, sim, imobiliário junto ao corpo e
transportar rapidamente a vítima ao hospital.

A lâmina pode estar promovendo compressão das


extremidades vasculares, o que contém hemorragias, só
devendo ser removida em ambiente hospitalar.

Ferimentos Por Arma de Fogo

No atendimento a vítimas de acidentes por arma de fogo, o socorrista tenta informar-


se sobre o tipo da arma, seu calibre e a distância de onde foi disparada.

Calibre - diâmetro interno do tambor, que corresponde ao calibre da munição usada por
aquela arma em particular.

Munição - usualmente projéteis construídos em liga de chumbo sólido que apresentam ou


não uma jaqueta parcial de aço ou cobre; formato arredondado, chato, cônico ou
pontiagudo; extremidade anterior do projétil macio ou côncavo para favorecer expansão e
fragmentação.

Armas de alta e de média velocidade - as que aceleram os projéteis a velocidades


mais baixas são menos letais, incluindo-se aqui todas as armas de mão e alguns rifles.
Ferimentos com essas armas são menos destrutivos que os produzidos por projéteis que
alcançam altas velocidades, embora também causem ferimentos letais, dependendo da
área de impacto.

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Fatores que contribuem para o dano tecidual

Tamanho do projétil - quanto maior o projétil, maior a resistência oferecida pelos tecidos
e maior a lesão produzida por sua penetração.

Deformidade do projétil - projéteis de "extremidade anterior macia" achatam-se na


ocasião do impacto, resultando no comprometimento de superfície maior.

Projétil com jaqueta - a jaqueta se expande e amplia a superfície do projétil.

Giro - o giro do projétil amplia seu poder de destruição.

Desvio - o projétil pode oscilar vertical e horizontalmente ao redor do seu eixo, ampliando
a área de destruição.

Distância do tiro - quanto mais próximo o disparo, maior a lesão produzida.

Densidade dos tecidos atingidos - o dano produzido é proporcional à densidade do


tecido. Órgãos altamente densos, como ossos, músculos e fígado, sofrem mais danos do
que os menos densos, lembrando que, ao percorrer o corpo, a trajetória da bala nem
sempre será retilínea, sofrendo desvios e atingindo órgãos insuspeitados, considerando
os orifícios de entrada e saída.

Ferida de entrada;

Geralmente óbvia, pode não ser identificada se


a vítima não for completamente despida e
examinada.

Ferida de saída; Nem sempre existe (se o projétil


não abandonar o corpo) e pode ser múltipla para
um único projétil, devido à sua fragmentação ou à
de ossos. Geralmente a ferida de saída é mais
larga que a de entrada e apresenta bordos
lacerados.

Feridas internas; Projéteis em baixa velocidade danificam principalmente os tecidos com


os quais entram em contato. A alta velocidade produz prejuízos a distância, lesando tanto
os tecidos com que o projétil faz contato, como transferindo energia cinética aos tecidos
em redor. Nesse caso, a lesão é produzida por ondas de choque e pela formação de uma
cavidade temporária ao redor da bala, com diâmetro trinta a quarenta vezes maior que o
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dela própria, criando imensa pressão nos tecidos. Com relação ao atendimento de
paciente com ferimento por arma de fogo, transportá-lo rapidamente ao hospital,
principalmente se o ferimento atingir cabeça, tórax e abdômen. Mesmo pessoas atingidas
enquanto usavam coletes à prova de bala podem apresentar contusões orgânicas graves,
sendo mais sérias a miocárdica e a pulmonar.

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BIBLIOGRAFIA:

1. Prehospital Trauma Life Support (PHTLS) atendimento pré-hospitalar ao traumatizado, 9ª edição. NAEMT
& ACS. 2019, Editora Elsevier.

2. Joseph J. Mistovich, Keith J.; Karren, Howard A.; Werman, Brent Q. Hafen. Primeiros Socorros para
estudantes, 10th edição. 2013, Manole.

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