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Introdução
A primeira descrição do tifo aviário data de 1888. Na ocasião, a enfermidade acometeu 400
aves,
matando 200 em dois meses e foi confundida com a cólera aviária. Klein, em 1889, ao isolar o
observada uma enterite de caráter infeccioso, com inflamação da mucosa e serosa intestinal e
diarréia amarelo esverdeada. O baço e o fígado estavam aumentados. Klein isolou os bacilos
do
sangue de aves doentes. Eles eram Gram-negativos, imóveis e facilmente cultiváveis. As aves
inoculadas por via subcutânea, adoeciam em cinco a seis dias e morriam dois a três dias
depois. A
enfermidade foi observada em vários países da Europa, nos Estados Unidos da América e
África.
A denominação de tifo aviário deveu-se à sua similaridade com a febre tifóide humana e para
diferenciá-la da cólera aviária. No Brasil, os primeiros registros do tifo aviário da- tam de 1919
Distribuição e ocorrência
É uma enfermidade de distribuição mundial, que tem estado sob controle em países da Europa
e
da América do Norte. O tifo aviário tem sido descrito em países cuja avicultura industrial está
em
desenvolvimento e naqueles onde encontram-se aves criadas livremente. Mesmo assim, esta
doença tem ocorrido em países da Europa como Alemanha e Dinamarca. Na América do Sul,
ocorre em vários países, entre os quais Argentina e Brasil. Neste último, tem ocorrido em
alguns
períodos com maior intensidade, como aconte- ceu nos anos 80 e início dos anos 90 do século
passado. O tifo aviário é mais comum em gran- jas de postura comercial, embora possa ocorrer
entre aves reprodutoras (para corte e postura comercial). Os mais recentes relatos de
isolamento
Córeia e Nepal.
Etiologia
Salmonella Gallinarum é o agente do tifo aviá- rio. Trata-se de uma Salmonella imóvel, com ca-
antígenos somáticos 1, 9 e 12. Neste caso, não se conhece variação de antígenos como
acontece
Patogenia e epidemiologia
Hospedeiros naturais
As galinhas são os hospedeiros naturais do agente do tifo aviário. Mas outros galináceos tam-
bém
são considerados susceptíveis, bem como ou- tras espécies de aves. Palmípedes e pombos
pare-
cem ser resistentes. As linhagens leves são conside- radas mais resistentes enquanto as semi-
pesadas e as pesadas são consideradas susceptíveis à doença. Aves de linhagens leves podem
desenvolver a en- fermidade clínica. Na ausência da enfermidade, essas aves podem albergar a
bactéria.
Embora seja mais comumente descrito em aves adultas, o tifo aviário pode acometer aves em
qual- quer idade da vida. Quando acomete aves jovens, a doença pode ser confundida com a
pulorose.
Salmonella Gallinarum, natural ou experimen- talmente, já foi isolada de outros animais como
Transmissão
todo o corpo do animal, durante a fase da doença, principalmente, na fase final, quando a ave
está
indo a óbito. O contato entre ave doente e ave sa- dia, canibalismo e presença de aves mortas
na
gran- ja são fatores importantes na transmissão do tifo aviário. Falta de higiene, falta de
limpeza, a
pre- sença de moscas, pássaros, urubus, roedores, entre outros, podem contribuir para
disseminar
o agente da doença em propriedades avícolas. Veículos que transportam aves, esterco e ovos,
que entram em várias granjas sem lavagem e desinfecção prévia. Pessoal que trabalha em
granjas
ou que transita em propriedades avícolas podem atuar com elemen- tos de disseminação do
agente
do tifo aviário.
Sinais clínicos
As manifestações clínicas, geralmente, são observadas em aves adultas. As aves ficam quietas,
esverdeada, observa-se queda de postura e em poucos dias podem morrer. O curso da doença
é de
cinco a sete dias, mas pode ser mais longo. A morbidade e a mortalidade podem ser altas. A
mortalidade varia de 10 a 80% (ou até mais). Em lotes acometidos pelo tifo aviário,
amortalidade não ocorre de uma só vez. No início, algumas aves fi- cam doentes e entre essas,
algumas morrem. A seguir, este quadro se repete várias vezes, de modo que grande parte do
lote
Quando a enfermidade acomete aves jovens, se confunde com a pulorose, sendo diferenciado
so-
Alterações anatomopatológicas
O tifo aviário é uma enfermidade com caracte- rísticas de septicemia e toxemia. Observa-se
con-
gestão dos órgãos internos e anemia provocada pela destruição de hemácias pelo sistema
retículo-
endotelial. Nos quadros agudos, as alterações não são muito proeminentes. O fígado e o baço
aumen- tam de tamanho, três a quatro vezes. O fígado tor- na-se friável, esverdeado, amarelo-
aparecem no baço e no coração. No baço, nota-se ainda pontos de hemor- ragia. Nos casos em
que
o curso da enfermidade é mais longo pode se observar hidropericardio e tam- bém a presença
de
pulorose, em coração, baço, pulmões, rins, moela, pâncreas, duodeno e cecos. O processo in-
flamatório no coração poderá atingir o pericárdio que se tornará opaco, assim como o líquido
do
saco pericárdico. Os rins poderão estar amarelados e o ovário, atrofiado ou com os folículos
ovarianos hemorrágicos, murchos, congestos, císticos, disfor- mes, contendo material caseoso
ou
As aves, de linhagens leves, que são conside- radas resistentes ao tifo aviário, podem
apresentar a
enfermidade clínica. De um modo geral, poucas seriam as aves, em um lote, que adoeceriam e
Imunidade
No tifo aviário, a presença de aglutininas não significa proteção. Embora os anticorpos devam
principalmente, da imunidade celular. Este controle tem sido atribuído à ação conjunta entre o
sistema retículo-endotelial (SRE) e as células T. A S. Gallinarum, por não possuir flagelos, induz
uma pobre resposta imune intestinal inicial (imunidade inata), com pouca produção de
presentes na SPI-2 e dos genes spv, presentes na S. Gallinarum, também ajudaria a inibir a
ação
De acordo com a literatura, durante a fase aguda do tifo aviário, ocorre acelerada
multiplicação
de S. Gallinarum no interior dos fagócitos. O que resulta em lise celular com liberação da
bactéria
hipersensibilidade), provocando sintomatologia e morte. Este raciocínio foi usado para explicar
o
quadro de anemia das aves no tifo aviário. A des- truição da bactéria pela lise do LPS,
culminaria
no seqüestro dos fragmentos pelas hemácias e, estas, seriam destruídas pelo SRE
(macrófagos).
Em um estudo com aves jovens experimentalmente inocu- ladas com S. Gallinarum foi
descritauma significa- tiva redução dos leucócitos circulantes no quinto dia após a infecção.
Esse achado
estava correlacionado com o pico de mortalidade das aves. Assim, pressu- põe-se que o efeito
citopático do LPS bacteriano também seria responsável pela lise dos leucócitos.
Diagnóstico
O diagnóstico do tifo aviário é feito com base nos achados clínico, anátomo-patológico e
exames
anticorpos anti-S. Gallinarum. Os resultados são passíveis de confusão com aves infectadas por
S.
Pullorum ou por outra salmonela que possua antígenos em comum, como aquelas do grupo D.
Um
teste imunoenzimático (ELISA) pode apresentar resultados mais específicos, mas sem
diferenciar
a resposta entre aves infectadas por S. Gallinarum e S. Pullorum. Entretanto, para a definição
do
muito similar. Ambas produzem colônias pequenas em meios seletivos em ágar (S. Pullorum
produz colônias menores ainda que S. Gallinarum) e produzem pouco ou quase nada de H2S
em
ágar TSI. Os órgãos de eleição para pesquisa do agente, também são os mesmos inspecionados
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito com relação às outras salmoneloses. Mesmo conside-
rando-se que o quadro seja o tifo aviário, a definição só poderá ser confirmada com o
isolamento
micoplasmoses e doença de Marek, podem ser confundidas com o tifo aviá- rio. Esta confusão
Tratamento
ta da enfermidade ser mais comum em aves adul- tas e a mortalidade poder persistir por
períodos
pro- longados, é preciso tomar cuidado para não intoxi- car as aves com a administração
de aves mortas.
Prevenção e controle
como: cuidados com dejetos, evitar água parada, destino correto e rápido de animais mortos,
cuidado com veículos que transportam aves, ração e suas maté- rias primas, fezes (cama) e
ovos,
entre outros. Evitar pássaros, roedores, mosquitos, outras espécies de aves, outros animais.
Evitar
Segundo a literatura, o tifo aviário pode ser trans- mitido verticalmente. Neste caso, as normas
adotadas para o controle da pulorose seriam úteis para evitar esta via.Além das medidas de
ordem geral, que são imprescindíveis para o controle do tifo aviário e da
pulorose, estão disponíveis vacinas vivas e inativadas (bacterinas) contra o tifo aviário. Dentre
as
vacinas vivas, a mais conhecida é a 9R. Merece ser lembrado que o programa de vacinação não
substitui as medidas gerais de controle e que, em alguns casos, a vacinação utilizando a cepa
9R