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SEMINÁRIO DE DOENÇAS PARASITÁRIAS

Parasitas pulmonares de felinos: Aelurostrongilose felina; Paragonimíase;


Platinosomose.

Aelurostrongilose felina
Etiologia
Filo: Nematoda;
Classe: Secernentea;
Ordem: Strongylida;
Superfamília: Metastrongyloidea;
Família: Angiostrongylidae.
Gênero: Aelurostrongylus sp.
Unica espécie do gênero: Aelurostrongylus abstrusus.
Os vermes, com cerca de 1,0 cm de comprimento, são delgados e frágeis, L1
característica, que possui uma espinha subterminal com formato de S na cauda. A bolsa do
macho é curta e os lobos são indistintos. As espículas apresentam morfologia simples
(TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Ciclo evolutivo
O ciclo evolutivo é indireto. Os vermes são ovovivíparos e a L1 é excretada nas fezes. Estas
larvas penetram no molusco, hospedeiro intermediário, e se desenvolvem até L3 infectantes
e, durante esta fase, os hospedeiros paratênicos, como aves e roedores, podem ingerir os
moluscos. O gato geralmente se infecta após ingestão destes hospedeiros paratênicos e,
menos frequentemente, pela ingestão de hospedeiro intermediário. A L3 liberada no trato
digestório se desloca até os pulmões, pela via linfática ou sanguínea. Após a muda final, os
adultos se instalam nos ductos alveolares e nos bronquíolos terminais. O período
pré-patente varia de 4 a 6 semanas e o período patente cerca de 4 meses, ainda que
alguns vermes possam sobreviver nos pulmões durante vários anos, apesar da ausência de
larvas nas fezes (TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Epidemiologia
Presumivelmente cosmopolita. A infecção por Aelurostrongylus é disseminada,
parcialmente em razão da sua habilidade quase indiscriminada de se desenvolver em
lesmas e caramujos, e parcialmente em razão da sua ampla variedade de hospedeiros
paratênicos. Até o momento, todos os levantamentos mostraram prevalências maiores que
5% (TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Patogenia
Os vermes, em geral, apresentam baixa patogenicidade, e a maioria das infecções é
descoberta apenas acidentalmente no exame post mortem como múltiplos focos pequenos
acinzentados ou como granulomas consolidados maiores nos pulmões (TAYLOR; COOP;
WALL, 2017).

Sinais clínicos
Os sinais clínicos dependem da carga parasitária, da idade do animal, da resposta
imunitária e da presença ou não de doenças concomitantes. É importante ressaltar que,
embora a infecção seja bastante comum, a maior parte dos gatos permanece assintomática
Quando sintomático o animal pode apresentar: tosse em baixa intensidade, sibilos
pulmonares graves, angústia respiratória, espirros, dispnéia e taquipnéia (BALBINOT et al.,
2021).

Diagnóstico
Coproparasitológico, técnica de flutuação Willis Mollay, ou Baermann (mais sensível).
Lavado broncoalveolar, radiografia, e PCR (BALBINOT et al., 2021).

Tratamento
Benzimidazóis e Lactonas macrocíclicas, como o Febendazol, terapia de suporte para a
tosse como a oxigenoterapia, corticosteróides e broncodilatadores (BALBINOT et al., 2021).

Paragonimíase felina
Filo: Platyhelminthes;
Classe: Trematoda;
Ordem: Plagiorchida;
Família: Paragonimidae;
Gênero: Paragonimus;
Os trematódeos desta família apresentam, principalmente, corpo polpudo achatado e
tegumento revestido com espinhos. A ventosa bucal é subterminal e a ventosa ventral está
localizada próximo ao meio do corpo. O poro genital situa-se logo abaixo da ventosa central.

Ciclo evolutivo
O ciclo evolutivo envolve um anfíbio ou uma lesma aquática e um lagostim ou um
caranguejo de água doce. As lesmas dos gêneros Melania, Ampullaria e Pomatiopsis são
infectadas por miracídios, nas quais ocorre desenvolvimento adicional em esporocistos,
rédias e cercárias. Após sair da lesma, as cercárias nadam e, em contato com o caranguejo
de água doce ou lagostim, nele penetram e encistam. Caranguejos e lagostins também
podem se alimentar de lesmas infectadas por cercária. A infecção do hospedeiro final
ocorre após a ingestão de metacercárias presentes no fígado ou no músculo do crustáceo.
A infecção também pode ser adquirida por meio do consumo de hospedeiros paratênicos
que se alimentaram de caranguejo ou de lagostim infectados. Os parasitos jovens migram
até os pulmões, onde são encapsuladas por cistos fibrosos conectados aos bronquíolos por
meio de fístulas, de modo a facilitar a excreção dos ovos. Os ovos passam dos pulmões a
saliva, que geralmente é deglutida pelo animal e, então, são excretados nas fezes. O
período pré-patente varia de 5 a 6 semanas.

Epidemiologia
Distribuição: Ásia, América do Norte e África do Sul, A infecção é mantida em áreas
endêmicas nas quais os hospedeiros intermediários são abundantes.

Patogenia
Os parasitos nos pulmões normalmente não são de grande importância, mas alguns podem
se alojar no cérebro ou em outros órgãos, causando lesões mais graves. Os sinais
pulmonares são comparativamente raros em gatos ou em cães, e o interesse veterinário
reside no seu papel como reservatório potencial para a infecção em humanos. Infecções
extrapulmonares podem produzir a formação de abscessos na pele e em vísceras. O
envolvimento do cérebro e da medula espinal pode levar a convulsões, paraplegia e,
ocasionalmente, mortes.

Sinais clínicos
Nas infecções pulmonares, pode haver tosse e os ovos podem ser encontrados em grandes
números na saliva.

Diagnóstico
O diagnóstico é pela identificação da presença de ovos na saliva e nas fezes.

Tratamento
Doses altas de albendazol, fembendazol e niclofolan por um período de tempo prolongado
podem ser efetivos no controle. Praziquantel administrado três vezes por um período de 3
dias também remove os parasitos dos pulmões (TAYLOR; COOP; WALL, 2017)

Platinosomose
Filo: Platyhelminthes,
Classe: Trematoda;
Ordem: Plagiorchida,
Família; Dicrocoeliidae,
Gênero: Platynosomum fastosum, P. concinnum, e P. illiciens.
Estes trematódeos são pequenas fascíolas que se assemelham a lancetas, encontrados
nos ductos biliares e pancreáticos de vertebrados, A fascíola adulta é lanceolada e mede 4
a 8 mm de comprimento e 1,5 a 2,5 mm de largura. Os testículos situam-se obliquamente,
em posição horizontal.

(TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Ciclo evolutivo
Os ovos operculados saem do poro genital do trematódeo e chegam ao ambiente pelas
fezes. Os ovos em contato com a água liberam os miracídios, que penetram o primeiro
hospedeiro intermediário que são moluscos (Subulina octona e Bradybaena similaris), neles
o parasito se desenvolve em esporocisto, rédia e cercária, a cercária sai do primeiro
hospedeiro e vai para um segundo hospedeiro intermediário que são isópodes terrestres,
no caso crustáceos, e lá se transformam em metacercária, para ocorrer o contágio do
terceiro hospedeiro, que podem ser lagartixas (Anolis spp.), sapos ou rãs, é preciso a
ingestão dos isópodes terrestres com as metacercárias em seu organismo. Após a sua
ingestão, nos pequenos vertebrados, as metacercárias vão para o ducto e vesícula biliar, e
se convertem em cistos para aguardar o hospedeiro definitivo.
Para a conclusão do ciclo de vida do Platynosomum spp. o gato ingere a lagartixa com a
metacercária encistada em seu organismo, e em poucas horas, elas deslocam-se para a
papila duodenal inserindo-se no ducto biliar. Já no sistema hepático do gato, dentro de
quatro a cinco semanas as metacercárias conseguem se transformar para trematódeo
adulto sexuado. Finalizando assim o seu ciclo de vida e começando a doença no gato
(ALMEIDA, 2021).
Epidemiologia
Distribuição geográfica. América do Sul, Caribe, sul dos EUA, Havaí, África ocidental,
Malásia e ilhas do Pacífico.. A infecção é mantida em regiões endêmicas nas quais os
hospedeiros intermediários e os lagartos são abundantes (TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Patogenia
A maioria das infecções é bem tolerada por gatos, causando apenas inapetência branda,
mas em infecções intensas, as chamadas “intoxicações por lagartos”, foram relatadas
cirrose e icterícia, com diarreia, vômito em casos terminais (TAYLOR; COOP; WALL, 2017).

Sinais clínicos
Os sintomas mais comuns que são manifestados são icterícia, vômito e anorexia. Porém, o
aparecimento de mais ou desses sintomas vão variar de acordo com a gravidade e o tempo
da patologia, em sua maioria não apresentam manifestações clínicas. Outros sintomas
associados ao trematódeo podem ser: letargia, perda de peso, hepatomegalia, distensão
abdominal, depressão, anorexia e vômito. Em casos mais graves os sintomas podem ser
icterícia, alteração nas características das fezes podendo ter presença de mucos e é nesse
período onde as maiorias dos gatos não resistem (TAYLOR; COOP; WALL, 2017;
ALMEIDA, 2021).

Diagnóstico
No hemograma: eosinofilia.
No bioquímico: aumento das ALT e AST.
Em exame de análise de urina pode-se observar bilirrubinúria
Em exame ultrassonográfico é possível investigar a presença de colelitíase obstrutiva. No
exame podemos observar distensão da vesícula biliar, dilatação dos ductos biliares.
O exame coproparasitológico: a detecção é melhor dependendo da carga parasitária do
animal, por ser tratar de ovos pesados a técnica indicada é a de Dennis, Stone & Swanson
por ser uma técnica de sedimentação, é possível também usar a técnica de flutuação com
sulfato de zinco por ter maior densidade.
Mas vale ressaltar que também se pode ter o diagnóstico definitivo na necropsia através da
obstrução completa do ducto biliar devido à fibrose e caso seja encontrado o trematódeo
adulto (TAYLOR; COOP; WALL, 2017; ALMEIDA, 2021).

Tratamento
O anti-helmíntico escolhido para o tratamento do Platynosomum spp. é o Praziquantel,
utilizado na dose de 20mg/kg por via oral, sendo recomendado a sua administração de 3 a 5
dias consecutivos, mesmo que apenas uma dose seja eficaz em alguns animais.
Em caso de colangites o uso de corticóides pode ser bastante eficaz devido ao seu auxílio
no fluxo da bile. A utilização de antibióticos será necessária para evitar infecções
secundárias ou em caso o animal esteja com colangite supurativa correlacionada ao
trematódeo.
É possível realizar uma intervenção cirúrgica quando há extravasamento de bile e obstrução
biliar, sendo considerado de urgência nesses casos (TAYLOR; COOP; WALL, 2017;
ALMEIDA, 2021)
Controle e Profilaxia no geral
A castração dos animais, impedir acesso a rua e que tenha contato com possíveis
hospedeiros intermediários, se possível realizar exames coproparasitológicos periódicos
nos animais.

Referências bibliográficas
TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Parasitologia Veterinária. 4. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

ALMEIDA, E. K. C. Platinosomose em felinos. 2021. 17 f. Monografia (Graduação


em Medicina Veterinária) - Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos
Santos, Gama, 2021.

BALBINOT, A. P. A.; MACHADO, B. S.; ROSA, L. D. Aelurostrongylus abstrusus:


O parasita pulmonar mais comum dos gatos ainda é subestimado. Boletim
Veterinário UNICRUZ, Porto Alegre, V. 3, N. 1, 2021.

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