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Pulorose

Introdução

Inicialmente, a enfermidade causada por Salmonella Pullorum foi chamada de septicemia fatal
dos pintainhos, depois diarréia branca e pos- teriormente diarréia branca bacilar, para
distinguí-la de outras enfermidades denotadas como diarréia branca. Essas denominações
expressavam o quadro apresentado pela enfermidade. O termo pulorose foi usado por volta
de 1930, para diferenciá- la do tifo aviário. Alguns anos depois, a enfermida- de estava
espalhada por todo os Estados Unidos e outros países. A mortalidade podia atingir até 100%
do lote de aves. Já na primeira década do século XX, constatou-se a importância da
transmissão ver- tical do seu agente. A seguir, também constatou-se a persistência da bactéria
em aves sobreviventes. O desenvolvimento do teste de aglutinação em tubos (Jones, 1913),
para detectar portadores deu início ao sucesso na prevenção da pulorose. A pulorose apareceu
em perus nos anos 30 (sé- culo XX), tendo sido devido ao contato de galinhas infectadas com
perus e a incubação conjunta de ovos e pela criação mista destas aves. A enfermidade
mostrou-se severa para perus, provocando enormes perdas. Com a melhoria do teste de
aglutinação, o qual foi adaptado em 1932 para ser realizado em placa e com sangue total, foi
possível aplicá-lo em larga escala. Desse modo, o teste tornou-se prático, podendo ser
aplicado na granja e possibilitando o estabelecimento de um plano de controle da pulorose.
Este teste é realizado até hoje com bastante sucesso, em granjas de aves reprodutoras.
Quando realizado em 100% do plantel, no início da vida reprodutiva, atinge sucesso
praticamente total.

Distribuição e ocorrência

Os conhecimentos a respeito da pulorose começaram nos Estados Unidos da América.

Posteriormente, relatos de sua ocorrência apareceram em muitos outros países, incluindo o

Brasil. Considerando-se que os Estados Unidos exportam aves para diversos países, é possível

supor que esta via tenha favorecido a disseminação de Salmonella Pullorum. Mesmo com todo
o controle aplicado nos Estados Unidos, há re- latos da manifestação da doença neste país.
Recentemente, a pulorose foi diagnosticada em poedeiras de pequenos criatórios do estado
de Iowa. No Brasil, a pulorose tem sido diagnosticada com certa fre- qüência em aves de
exploração

comercial. Os números oficiais sempre foram inexpressivos. Contu- do, entre os anos de 1980
a

2005, houve um acrés- cimo acentuado dos casos de pulorose, demonstran- do que deve ter

ocorrido alguma falha no sistema de controle adotado.

Etiologia

Os microrganismos do gênero Salmonella são bacilos pequenos de 0,7 a 1,5 x 2,5µm, Gram-

negativos, não esporulados, aeróbios ou anaeróbios facultativos, fermentam a glicose e outros

açúcares e descarboxilam aminoácidos. Estas reações bioquímicas são importantes para a

caracterização do gênero e diferenciação de alguns biotipos. Em sua grande maioria, são


móveis
com flagelos peritríquios, embora alguns sorotipos, como S. Pullorum e S. Gallinarum, sejam

imóveis.

As seguintes substâncias são fermentadas com ou sem a produção de gás: arabinose, glicose,

galactose, levulose, manitol, manose, ramnose e xilose. Não são fermentadas: adonitol,
dextrina, dulcitol, eritrol, glicerol, inositol, inulina, lactose, rafinose, sacarose, salicina, sorbitol
e amido. Os aminoácidos lisina e ornitina são descarboxilados. Poderá ocorrer variação de
comportamento bioquímico entre os sorotipos. As salmonelas produzem H2S, mas os
sorotipos Pullorum e Gallinarum o fazem lentamente.

As salmonelas crescem em caldo nutriente sim- ples e nos meios seletivos (ágar) para
enterobac-

térias. Entre estes meios, estão o caldo selenito e o caldo tetrationato e suas modificações.
Para

cultivo em placa, têm-se os meios em ágar: verde brilhan- te, MacConkey, SS, Sulfito de
bismuto

e outros. O crescimento de S. Pullorum é lento e as colônias são pequenas em relação às

salmonelas paratíficas, apresentado diâmetro entre 1 a 3-4 mm. Meios baseados na


pigmentação decorrente de produção de H2S devem ser evitados, pois a produção dessa
substância por S.Pullorum e S. Gallinarum é pequena.

A separação de S. Pullorum e S. Gallinarum pode ser feita através de reações bioquímicas.

Ambos os microrganismos fermentam arabinose, glicose, galactose, manitol, ramnose, manitol


e xilose, produzindo ácido com ou sem gás. Não assimilam lactose, sacarose e salicina. A S.

Gallinarum fermenta dulcitol enquanto a S. Pullorum não. Outra prova importante, seria a

descarboxilação da ornitina por S. Pullorom e não por S. Gallinarum. Contudo, cepas de S.

Pullorum que não descarboxilam a ornitina já foram isoladas de aves de postura comercial.

Dulcitol

não fermenta (-)

não descarboxila (-)

S. Gallinarum

S. Pullorum

descarboxila rapidamente (+)

fermenta (+)

Ornitina (ODC)A Salmonella Pullorum pertence ao grupo D, contendo os antígenos somáticos


12, 9 e 1 e não contém antígenos flagelares. O antígeno 12 apre- senta variações (121, 122,
123). As cepas padrões contêm grande quantidade de antígeno 123 e pouca do122 e são as
melhores para o preparo de antígenos para o teste de Pulorose em placa.

Patogenia e epidemiologia
Hospedeiros naturais

Os hospedeiros naturais para S. Pullorum são as galinhas. No entanto, outras aves já foram
citadas como sendo acometidas pela pulorose. Entre elas estão perus, pássaros como pardal e
canário, faisão, codornas e papagaios. Entre as linhagens de galinhas, as leves são mais
resistentes à enfermida- de que aves semi-pesadas e pesadas. Embora as aves pertencentes a
linhagens leves não desenvolvam a enfermidade como as das linhagens semi- pesadas e
pesadas, elas podem albergar a S. Pullorum durante meses. A susceptibilidade de palmípedes e
pombos é variável, mas estes animais parecem resistentes a este patógeno. Pouco se sabe a
respeito das linhagens resistentes na participação da epidemiologia da pulorose. Existem ainda
raras descrições do isolamento de Salmonella Pullorum de chimpanzés, coelhos, cobaias,
suínos, cachorros, bovinos e ratos selvagens.

Idade de ocorrência

As aves são mais susceptíveis no início da vida. As manifestações clínicas são mais comuns nas

duas a três primeiras semanas de vida. Neste período, a mortalidade pode ser alta. Não é
comum

observar a doença em aves adultas, mas pode ocorrer. Aves jovens, que sobrevivem à doença,

podem se tornar portadoras. Aves susceptíveis que não morrem, mesmo apresentando a
doença no

início da vida, podem crescer dentro dos parâmetros zootécnicos esperados e produzir ovos

contaminados.

Transmissão

A transmissão pode ocorrer por várias vias. A mais importante é a transovariana. Aves
portadoras de S. Pullorum disseminam a bactéria através de ovos durante meses. As aves
podem se infectar pelo contato com aves infectadas, desde o convívio ain- da durante o
nascimento. O programa de desinfecção utilizado no incubatório não consegue deter a
transmissão transovariana. O agente da pulorose pode ser eliminado pelas fezes de aves em
avançado estado enfer- mo. A disseminação pode ocorrer por meio de alimentos, água e cama
contaminados. As aves também podem se infectar com S. Pullorum por via aerógena,
principalmente no incubatório. Outra maneira da bactéria se espalhar seria por meio do
canibalismo de aves infectadas, ingestão de ovos contaminados e por meio de orifícios na pele.
De forma mecânica, as pessoas que visitam ou que tra- balham em granja, aves silvestres,
animais de esti- mação e silvestres e moscas seriam importantes disseminadores desta
Salmonella. A presença de aglutininas pode prevenir a mortalidade embrioná- ria, favorecendo
o estado de portador. O uso de antimicrobianos, nos primeiros dias de vida, pode mascarar o
quadro da doença neste período e favo- recer o estado de portador.

Sinais clínicosA pulorose é considerada uma doença de animais jovens, acometendo as aves
principalmente nos primeiros dias de vida, resultante de transmis- são transovariana. Mesmo
quando a doença é sub- clínica, ela se origina de transmissão através dos ovos. Aves mortas ou
moribundas podem ser observadas no incubatório ou logo após o nascimento. As aves
apresentam sonolência, fraqueza, perda de apetite, retardo no crescimento, amontoamento,
material branco ao redor da cloaca, conseqüência de diarréia branca a branco- amarelada e a
morte viria a seguir. Em alguns casos, não se observa mortalidade antes dos 5-10 dias após o
nascimento. O pico de mortalidade acontece durante a segunda e terceira semana de vida.
Nestas circunstâncias, as aves mostram cansaço, amontoam-se ao redor da fonte de
aquecimento, ficam com as penas arrepiadas, asas caídas e aspecto ruim. O acometimento dos
pulmões torna difícil a respiração. As aves sobreviventes podem apresentar empenamento
ruim e retardo de crescimento. Os animais que passaram pela enfermidade podem apresentar
desenvolvimento abaixo dos padrões considerados

normais. Mas, muitas das aves sobreviventes, de vida longa, conseguem recuperar o

desenvolvimento esperado para os padrões da linhagem. Parte das aves que se recuperam
serão

portadoras e eliminarão a bactéria em seus ovos durante o período de postura. Cegueira,

claudicação, devido inflamação das articulações tíbio-társica e húmero-radial e sinovites são

sintomas menos freqüentes que já foram observados.

Os sintomas em aves adultas nem sempre são evidentes, tornando difícil a suspeita desta
doença.

As aves acometidas podem apresentar postura abaixo da curva para a linhagem. Quando são

poucas as aves acometidas torna-se difícil a suspeita clínica. Surtos em aves adultas iniciam-se

com queda no consumo de ração, penas arrepiadas, crista pálida e retraída. A infecção por S.

Pullorum provoca queda de postura, diminuição na fertilidade e na eclodibilidade. No entanto,


a

percepção desses sinais estará na dependência da quantidade de aves afetadas, podendo


passar

despercebidos. Os animais poderão apresentar diarréia branco-amarelada a amarelo-


esverdeada,

depressão e desidratação.

A mortalidade e a morbidade são muito variá- veis. Dependem do número de animais


acometidos

e poderiam atingir 100% do lote. A doença é mais severa entre aves recém nascidas e é nesta
fase

que a mortalidade seria acentuada. A morbidade será sempre maior que a mortalidade. Aves
que

contraem a infecção após 5-7 dias de vida, apre- sentam sintomatologia clínica, mas podem se

recu- perar posteriormente. Entre aves em crescimento e adultas o quadro seria menos
abrangente

e a taxa de mortalidade, embora baixa, seria indicativa de algum processo patológico.

Alterações anatomopatológicas
Aves jovens – não se nota alterações nas aves nos casos superagudos. Nos casos agudos, nota-
se

aumento de volume e congestão de fígado, baço e rins. O fígado apresenta pontos brancos. O
saco

da gema, nem sempre está alterado. Quando está, nota-se falta de absorção, estando o seu

conteúdo de consistência cremosa ou caseosa. Aves com dificuldade respiratória podem

apresentar nódulos branco-amarelados no pulmão. Estes nódulos também podem ser


encontrados

no trato digestivo, no músculo cardíaco e no pâncreas. No coração, nota-se pontos brancos no

início, podendo crescer de modo a alterar a forma do coração. O pericárdio pode estar
espessado

e conter exsudato amarelado ou fibrinoso. Nódulos similares podem aparecer na musculatura


da

moela e, ocasionalmente, na parede do duodeno e cecos. Os cecos poderão conter material

caseoso no seu interior. Aves com problemas articulares contém fluido viscoso amarelado
naarticulação. Outras alterações seriam congestão dos órgãos internos, a presença de líquido

viscoso no peritôneo, espessamento da parede intestinal e exsudato na câmara anterior do


olho.

Aves adultas - as lesões podem ser mínimas, mas a ave apresenta sorologia positiva. Às vezes,

tem-se apenas pequena regressão dos folículos ovarianos. As alterações mais comuns seriam

alterações nos folículos ovarianos, folículos císticos, hemorrágicos, atrofiados, contorno


irregular

com material caseoso, hemorrágico ou necrosado no seu interior. Poderá ocorrer atrofia de

ovário, presença de massas encapsuladas dentro da cavidade abdominal em conseqüência de

postura intra-ab- dominal. Peritonite fibrinosa e peri-hepatite podem ocorrer sem o


envolvimento

do trato reprodutivo. Pericardite é um achado muito comum. Alterações no pericárdio,


epicárdio e

fluido pericárdico depen- dem da duração da doença. O pericárdio poderá estar levemente
opaco

e o fluido pericárdico au- mentado e turvo. O progresso destas alterações leva ao


espessamento

do pericárdio, aumento do fluido, contendo material exsudativo. Nódulos branco-amarelados,

similarmente ao que acon- tece com os pintainhos, surgirão no músculo car- díaco. Pontos

esbranquiçados ou nódulos ocorrem nos testículos dos machos. Pequenos cistos contendo
material
caseoso, de cor âmbar, podem aparecer em gordura abdominal, moela, intestinos e pâncreas.

Ocasionalmente, pulmões e sacos aéreos apresen- tam granulomas com conteúdo caseoso.

Aves com alterações cardíacas e ovarianas, não precisam, necessariamente, apresentar sinais
de

enfermidade, sendo detectadas somente em progra- mas de monitoria sorológica seguidos de

exame anatomopatológico. A pulorose em lotes de aves adultas pode ser confundida com o
tifo

aviário.

Imunidade

A imunidade às salmoneloses aviárias é pouco conhecida. No caso da pulorose, isto deve-se


em

parte ao grande sucesso do programa de erradicação mediante a detecção e eliminação de

portadores. Segundo a literatura, nas infecções sistêmicas por Salmonella a resposta imune

humoral (altos títulos de IgG) não eliminaria a bactéria do organismo. A produção de IgA
atuaria

apenas na redução da colonização intestinal. Enquanto que somente a imunidade celular


poderia

eliminar a infecção sistêmica. Entretanto, no caso da pulorose a imuni- dade celular,


representada

pelas células T, é inca- paz de destruir todas as bactéria do interior dos macrófagos. Isso se
deve

a expressão de genes presentes na SPI-2 da S. Pullorum, cujos produtos impedem a ação


efetiva

do sistema imune celular, fazendo com que o organismo da ave passe alojar a bactéria, em

pequenas quantidades, no interior dos macrófagos, caracterizando o estado de ave portadora.


Em

períodos de estresse, como o início de postura, foi demonstrado que a alta produção de

corticosteróides pelo organismo da ave inibe a atividade do sistema imune. Tal situação seria a

principal responsável pela transmissão vertical, pois permitiria que a S. Pullorum se


multiplicasse

em altas taxas, infectando o trato reprodutivo e conse- qüentemente o ovo.

Os altos títulos de IgG gerados durante a infec- ção por S. Pullorum são transferidos para o
ovo. A

imunidade passiva (IgG materno) previne a multi- plicação da bactéria no interior do ovo,

permitindo o desenvolvimento embrionário e conseqüentemen- te a eclosão de pintainhos


infectados.

DiagnósticoO diagnóstico deve ser feito com base na associação da anamnese, dos achados
clínicos, anatomo-

patológicos e exames laboratoriais.

A principal suspeita do quadro de pulorose seri- am pintainhos doentes nas segunda e terceira
pri-

meiras semanas de vida. O lote apresentaria, des- de à chegada na granja, animais


encorujados,

arre- piados, com as asas caídas, procurando amontoa- rem-se próximos à fonte de calor,
diarréia

branca a branco-amarelada, morbidade e mortalidade. É possível que haja animais mortos na

caixa de trans- porte. À necropsia se pode notar pequenos pontos brancos no coração e no
fígado.

Em pintainhos, que resistem à morte ou naqueles que sobreviveriam à infecção, as alterações


se

tornarão mais evidentes, com a visualização de nódulos no coração e em outros locais como

intestinos e pulmões, além da possibilidade do aparecimento de quadros de artrite.

Na ave adulta, as alterações poderão ser visualizadas no ovário e também no fígado, baço e

coração.

Aves reagentes em testes sorológicos, (por exemplo, ELISA e soroaglutinação rápida em placa

com antígeno colorido para pulorose), devem ser submetidas a exame bacteriológico.

O material para análise bacteriológica deve ser colhido do baço, fígado, coração, ovário, do

conteú- do intestinal e saco da gema. É importante o exa- me de baço, fígado e ovário. A


amostra

(suabe ou fragmentos) pode ser cultivada diretamente em pla- ca contendo ágar, ou ser
inoculada

em caldo. Os mais comuns são os caldos Rapapport-Vassiliadis, selenito e tetrationato e suas

modificações, acrescidos de novobiocina. Exceto amostra de material fecal, as demais podem


ser

inoculadas em caldo nutriente sem substâncias seletivas. Após incubação a 37 a 42oC por 24

horas, o caldo será plaqueado. Os meios mais comuns para plaquea- mento são ágar verde

brilhante, ágar de Mac Conkey, SS etc. Meios baseados na pigmentação decorrente de


produção

de H2S devem ser evita- dos, pois a produção dessa substância pela S. Pullorum é pequena. A
placa será incubada a 37 a 42oC por 24 horas. Com muita freqüência as colônias são pequenas.
A

seguir procede-se a testes bioquímicos em meios presuntivos como TSI (tríplice açúcar e ferro)
e

LIA (ágar lisina ferro), ou bateria de testes bioquímicos mais completos como o teste API 50 CH

ou similar. Os testes bioquímicos de roti- na, geralmente são executados a 37oC por 24 ho- ras.
A

confirmação do gênero é assegurada por tes- tes complementares com soros polivalentes anti-

antígenos somáticos (O) e anti-antígenos flagelares (H). A definição dos sorotipos e biotipos é

obtida com a realização de provas sorológicas com soros anti-antígenos O e H individuais e

provas bioquímicas complementares.

Como a S. Pullorum e S. Gallinarum são antigenicamente indistinguíveis, a diferenciação é feita

por meio de testes bioquímicos como o teste descarboxilação da ornitina e fermentação do

ducitol. Devido a detecção de cepas de S. Pullorum com comportamento atípico (não

descarboxilam a ornitina), técnicas moleculares com base no estudo dos genes rbfS e fliC têm
sido

sugeridas para dife- renciação de S. Pullorum e S. Gallinarum.

Sorologia

O teste sorológico mais utilizado é a soroaglu- tinação rápida em placa, realizada com antígeno

colorido e sangue total. Este teste é bastante práti- co e pode ser realizado no galpão. Também
po-

dem ser adotados os testes de soroaglutinação len- ta em tubos e de microaglutinação. O


ensaioimunoenzimático (ELISA) detecta portadores de res- posta sorológica ao agente da
pulorose e tifo

aviá- rio. Estes testes podem apresentar respostas falso- positivas ou respostas positivas a
outras

salmonelas, especialmente às do grupo D, que são do mesmo grupo de S. Pullorum e S.

Gallinarum. A resposta sorológica aos agentes da pulorose e do tifo aviário é indistinguível.

Diagnóstico diferencial

A ave, desde o nascimento até a terceira semana de vida, está sujeita a enfermidades como

encefalomielite aviária, aspergilose, colibacilose e outras salmoneloses. A preocupação com as

diver- sas doenças não é tanto por semelhança na sintomatologia, mas deve-se ao período de

ocor- rência. Uma análise mais minuciosa ajudaria a nortear as investigações. A definição do

diagnósti- co obtém-se com os exames laboratoriais, compre- endendo o isolamento e


identificação da Salmonella.

Em aves adultas, o quadro pode ser confundido com a doença de Marek e outras
enfermidades

septicêmicas como tifo aviário, paratifo aviário, pasteurelose e colibacilose. O diagnóstico

definiti- vo deve ser obtido com o isolamento e identifica- ção do agente. A diferenciação do

diagnóstico en- tre as salmoneloses, identificando-se o sorotipo, é fundamental para a


elaboração

do programa de controle e combate.

Tratamento

O tratamento pode reduzir a mortalidade, mas não elimina o portador. Sulfonamidas e


nitrofuranos

são drogas que atuam sobre Salmonella. As sulfonamidas podem reduzir a ingestão de água e

alimento e prejudicar o desenvolvimento da ave e a produção de ovos.

As sulfas incluem sulfadiazina, sulfamerazina, sulfatiazol, sulfamerazina e sulfaquinoxalina. A

utilização de sulfas nos primeiros 5 a 10 dias de vida reduz a mortalidade. Entretanto, a

mortalidade volta a ocorrer após a retirada do medicamento.

Nitrofuranos, assim como as sulfas, reduzem a mortalidade, mas não impedem a sobrevivência
de

aves infectadas. Estes antimicrobianos podem interferir com a resposta sorológica e, portanto,
são

contra-indicados por, pelo menos, seis semanas antes do teste de pulorose.

Vários antibióticos como cloranfenicol, clorte- traciclina e apramicina são indicados para
reduzir

a mortalidade. A pulverização de ovos, antes da in- cubação, com sulfato de neomicina já foi

sugerida para reduzir os efeitos da Pulorose em aves recém- nascidas.

O cloranfenicol e os atimicrobianos da classe dos nitrofuranos foram proibidos em 1998, pelo

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, como aditivos alimentares em rações

animais.

Resistência para todas as drogas mencionadas já foi observada. Assim, a recomendação de


dro-

gas antimicrobianas deveria ser precedida de antibiograma.

Prevenção e controle

Além das medidas gerais de biosseguridade direcionadas a todas as etapas das


operaçõesavícolas, para prevenir a pulorose, é preciso aten- ção com as granjas reprodutoras e
incubatórios. Nestes locais, limpeza, higiene, desinfecção, con- trole de moscas, roedores,

pássaros, destino ade- quado de resíduos e dejetos, são fundamentais. O exame das aves, no
início

do período de postura, por meio do “teste de pulorose”, tem se mostrado instrumento

importantíssimo de prevenção da trans- missão vertical e tem sido considerado o principal

responsável pelo sucesso no controle da pulorose. Este teste deveria ser recomendado em
100%

das aves reprodutoras.

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