Você está na página 1de 10

Edson de Castro Milima

Egídio Ernesto Paulino Awelo

O papel da família na identidade sexual

(Licenciatura em Gestão de Empresas)

Universidade Rovuma

Lichinga

2023
Edson de Castro Milima

Egídio Ernesto Paulino Awelo

O papel da família na identidade sexual

Trabalho de carácter avaliativo da


disciplina de Tema Transversal II, a
ser, entregue ao departamento de
ciências económicas e empresarias.
Lecionado pelo MSc: Francisco
Fulco Fabião Mʹmanga

Universidade Rovuma

Lichinga

2023
1. Introdução

Falar sobre o papel da família na esfera social especialmente na identidade sexual torna-se cada
vez mais emergente porque a família é uma base de construção do carácter social da sociedade.
Neste texto faz-se uma abordagem que problematiza o que se constrói realimente, uma simples
orientação sexual ou níveis de desigualdade com base no sexo. Essa reflexão pretende suscitar
dos nossos leitores e críticos uma visão acomoda sobre a realidade social da família na
identidade sexual dos actores sociais. A família como agente de Socialização constitui uma
forma de mediação, instrumento de inserção na vida social, será outro dos conceitos subjacentes
no presente trabalho, onde se procurou reunir algumas observações sobre determinadas
características e aspectos evolutivos dos papéis sociais de idade e sexo, condicionantes dos
papéis sociais familiares.

1.1. Objectivos

1.1.2 Objectivo Geral

 Compreender o papel da família na identidade.

1.1.3. Objectivos Especiais

 Descrever o papel da família na identidade;


 Analisar o papel da família na identidade;
 Estudar o papel da família na identidade.

1.3. Metodologia

Para Realização desse trabalho nós como grupos optamos em fazer uma análise e revisão de
várias obras literárias.
O PAPEL DA FAMÍLIA NA IDENTIDADE SEXUAL
Sentido de Identidade Sexual

Segundo Castells, (1999; p. 22), “entende-se por identidade a fonte de toda experiência do
povo”. E a identidade social se faz pela transmissão de crenças religiosas, práticas morais,
tradições nacionais, tradições profissionais, opiniões colectivas que se transmitem de uma
geração a outra. Esta transmissão metódica, como enfatiza Durkheim, diz respeito à infância e
acaba com a iniciação considerada como um segundo nascimento, aquele do ser social.

Tal como a identidade social a sexual constrói-se pela transmissão de crenças religiosas,
praticas morais, tradições nacionais, profissionais, opiniões colectivas sobre a orientação sexual
da geração mais experiente a geração menos experiente.

Formas Como a Família Constrói Identidade Sexual

Os indivíduos são educados para que venham a continuar biológicas e socialmente a estrutura
familiar. Ao realizar seu projecto de reprodução social, a família participa do mesmo projecto
global, referente à sociedade na qual está inserida. É por isso que ela também ensina a seus
membros como se comportar fora das relações familiares em toda e qualquer situação. A família
é, pois, a formadora do cidadão.

Portanto, a família como agente de socialização remete ao pensamento da promoção de valores


sociais, não só para os seus membros mais próximos mas, para além dela (vizinhos, amigos,
colegas entre outros), dependendo do papel que o actor como membro de uma família
desempenha.

Família Desempenha na Construção da Identidade Sexual.

Ainda na família e no processo de promoção dos valores morais socialmente aceites ou


refutados os membros mais velhos ensinam os mais novos os papéis e funções ligados ao sexo,
ainda que ensinem simultaneamente sobre a partilha de tais papéis a um certo nível. Com base
nestes aprendizados vão se fundamentando as identidades de sexo nas sociedades desde as
sociedades mais arcaicas até as modernas e pós-modernas. Onde mesmo com o
homossexualismo os papéis dos indivíduos que assumem género contrário ao seu sexo
desempenham os papéis do sexo a que eles representam.

Um outro aspecto a prestar atenção é o potencial da lei moral sobre os indivíduos. Porque para
família transmitir tais valores não é de bel-prazer mas, porque a lei moral que permite a
integração social coage os pais até os filhos seja consciente ou inconscientemente.

Função da Família na Construção da Identidade Sexual dos Membros

Dias (1998) nos chama atenção sobre como o modelo de família foi se alterando conforme as
transformações decorrentes da organização da sociedade, sendo factor relevante a Revolução
Industrial, que gerou um aumento na mão-de-obra contribuindo para o ingresso das mulheres
no mercado de trabalho, assim assumindo parte da responsabilidade do sustento familiar. Essas
mudanças acabaram por gerar também um afastamento da mulher do lar, e de maneira forçada
aproximou o homem dos filhos contribuindo também para a divisão de algumas tarefas do lar.

Quando os padrões de conduta se alteram a construção dos valores identitários ficam


em jogo, dai que pode-se observar em dias contemporâneos mudanças de funções na família e
sua consequência na estrutura social. O mais racional já pensado é que a família tem uma função
própria relativamente aos membros mais velhos aos novos. Essa função não é simplesmente de
interiorizar os valores mas também, perpetuar tais valores de acordo com a lei moral de
orientação colectiva nas sociedades.

A notabilidade disto caracteriza-se na decisão de muitos jovens para se casar. A escolha da


mulher ou do homem com quem se casar vai além de um puro sentimentalismo e carrega o
valor ideológico e social do qual ele pertence. Não é que não pode se dar o contrário pois este
seria sancionado pelos restantes membros do seu grupo social ou então a família toda. Esta
função de orientar as escolhas dos filhos quanto ao parceiro embora esteja a passar na moda é
ainda emergente nos dias contemporâneos a quanto a ordem moral vigente.

A família pode construir desigualdades sociais quando a transmissão desses valores


estiver sendo feita como base na consciência de classe social como se os indivíduos que
possuem sexo masculino têm maior importância em relação aos do sexo feminino. Também,
pode na mesma proporção desconstruir tais níveis de desigualdades.

O papel dos Pais na Construção da Identidade Sexual dos Filhos

Os pais como membro de uma família possuem um papel indispensável na estrutura social e
sexual dos filhos. O veículo que se usa para transmissão dos valores sexuais que permitem a
sua construção identitária é a interacção social com que os membros de uma família se munem.
Isto é, se o nível de interacção numa família é baixa comparada a conflito torna difícil falar de
algo “profundo” como a identidade sexual dos pais aos filhos e vice-versa.

Estudos mostram que a falta de comunicação dos assuntos que tem a ver com a identidade
sexual dos filhos na família causa grandes problemas na estrutura identitária; caso que suscita
estudos sociológicos dos níveis de interacção da família.

Portanto, o ambiente familiar constitui o alicerce fundamental que dá suporte ao que


somos e ao que fazemos, nele experiencia-se a elaboração e a aprendizagem de dimensões
significativas da interacção (linguagem, comunicação, contacto corporal, sentimento de
filiação, fraternidade, amor, relações interpessoais). (Capelo e Carinhas, 2011).

Qualidade do ambiente familiar é um dos factores com maior peso na mediação do nível de
desempenho do autoconceito das habilidades, grau de dificuldade da tarefa e expectativas por
parte dos filhos. Os pais exercem um papel preponderante na mediação destas variáveis, no
percurso académico dos filhos e na orientação vocacional e sexual. (Fleming, 2010).

Os pais tornam-se a base de toda experiencia dos filhos onde buscam exemplo de orientação
sexual e social, desta feita, o destorcimento deste papel na estrutura familiar traz consequência
proporcionais na estrutura sexual dos filhos de uma família.

O papel sexual, que é definido primeiro pelo treinamento prematuro da criança na família, é,
em casos bem-sucedidos, grandemente reforçado pelos controles de tipificação sexual a que ela
é sujeita mais tarde. «Em seu grupo lúdico, na escola, nas organizações em que participa, a
criança ganha prestígio se aprende o código sexual apropriado, com os seus ritos e metas; mas
enfrenta grande castigo social (e, às vezes, físico), se o não faz».

Família Versus Mídias Canais de Identidade Sexual

A identidade de género e a orientação sexual de uma pessoa reportam-se sempre a um


processo sobre o qual, ainda hoje, a ciência não possui um esclarecimento cabal. São inúmeras
as investigações que procuraram as causas da sua origem e os factores do seu desenvolvimento,
sem que alguma convictamente as tenha conseguido alcançar. Concordante com as conclusões
de vários investigadores a identidade de género, elemento fundamental da identidade geral,
definida como a identificação do sujeito como homem ou mulher, a convicção básica do
indivíduo acerca do seu sexo biológico, a consciência pessoal e a convicção do indivíduo a
respeito do sexo ao qual acredita pertencer; a orientação sexual, que se refere à escolha que o
sujeito faz de parceiro sexual, podendo ser homo, hétero ou bissexual.

Bauman afirma que a identidade é uma das maiores questões dos indivíduos líquidos modernos
e está “colocada no topo de seus debates existenciais”. A identidade própria, o que define o ser
humano como pessoa única, por assim dizer, é definida pelo teórico como “a rejeição daquilo
que os outros querem que você seja”. É necessário entender o que torna o indivíduo único, o
que lhe define como ser humano. Porém, num mundo globalizado e líquido, cheio de
identidades mutáveis, fica difícil entender o que exactamente faz de um indivíduo único (se é
que tal coisa é possível). (Bauman, 2004 p.30).

Bauman faz referência ao mundo em que as transformações ocorrem de forma muito


rápida e as vezes inconscientes. Para este autor o que permite esta rápida transformação de
valores são os múltiplos meios de transmissão de tais valores, nos nossos as midias ocupam o
lugar na construção da identidade sexual dos adolescentes e jovens muito mais quando estes
não são orientados a partir dos seus pais ou encarregados de educação.

Tal como a família é um meio de transmissão de princípios morais (Interacção), a Internet,


redes sociais e programas televisivos também proporcionam a interacção social versando sobre
diversos assuntos onde a questão de sexualidade é foco se a família não desempenho o seu
exacto papel nesse tópico ou noutro a midia faz sendo útil para a sociedade ou não mas,
acontece.
Conclusão
Depois das abordagens feitas em torno deste tema o papel da família na identidade sexual torna-
se relevante considerar alguns aspectos. Primeiramente a família tem um papel indispensável
na construção da identidade sexual, ademais a isso acresce-se no seu valor a capacidade que ela
tem e construir ou desconstruir as desigualdades com base no sexo. Desta forma, este assunto
torna-se cada vez mais interessante no contexto social Macua onde a passagem dos valores
sexuais só passados para terceiras pessoas (ritos e iniciação) para além dos próprios pais; porem
em nossa abordagem teve uma limitação natural (isto é, temos consciência de que não podemos
falar d tudo sobre o assunto) sugere-se aos futuros pesquisadores usarem outras lentes que os
permita desvendar outros aspectos que não foram levantados aqui.
Referência Bibliográfica

ARON, Raymond. As etapas do pensamento Sociológico; editora Martins Fontes; São Paulo,
1999.

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro:
Zahar, 2004.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade; editora paz e terra; São Paulo, 1999.

CAPELO, V. & CARINHAS, V. Espaço da Família – Um programa de Formação Parental.


Em D. Sampaio, H. Cruz & M. J. L. Carvalho (Coord.). Crianças e Jovens em Risco; Cascais:
Principia, 2011.

DIAS, M. de F. Homossexualidade em Winnicott: uma visão da homossexualidade à luz da


teoria do amadurecimento pessoal. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1998.

FLEMING, M. Entre o Medo e o Desejo de Crescer. Psicologia da Adolescência. Porto:


Afrontamento, 2010.

HEILBORN, Maria Luiza. Dois é par – género e identidade sexual em contexto igualitário,
editora Garamond, Rio de Janeiro: 2004.

VYGOTSKY,L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Você também pode gostar