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A PSICOLOGIA ESCOLAR E O PREPARO DE PROFESSORES EM GÊNERO E

SEXUALIDADE.

Autor(es): Beatriz Garcia dos Santos


Leonardo Almada Alonso Aguirrezabal
Leticia Teixeira da Silva Costa
Paula Ferreira Cabral

Instituição: Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação

Período: 8º

Turma: Estágio Básico em Processos Educativos

Turno: Manhã

Campus: Botafogo

Supervisora: Prof. Ms. Rita de Cássia Frechette Calvão Gonçalves

Resumo

Este projeto apresenta uma proposta de intervenção voltada à atuação de


professores, no ambiente escolar, ao lidar com questões ligadas à identidade de
gênero apresentadas por alunos. O despreparo para abordar a situação e a falta de
conhecimento a respeito de conceitos e nomenclaturas por parte de professores se
mostram como alguns dos principais motivos para que alunos que estão passando
pelo momento de busca e descoberta de sua identidade sofram e optem por não
buscar apoio. A presença de posturas e discursos heteronormativos e que tentam
atribuir o gênero a fatores biológicos faz com que alunos passem por situações de
constrangimento, discriminação e rejeição. Sendo assim, o projeto aqui apresentado
propõe a conceitualização, instrumentalização e sensibilização para que professores
possam acolher melhor seus alunos, além de fortalecer a relação aluno-professor.
Para que essas propostas possam ser realizadas, serão realizados 5 encontros com
dinâmicas, apresentação de documentários e a presença de outros profissionais, a
fim de construir o processo de solidificação de conceitos e instrumentalização. Com
isso, espera-se criar um ambiente escolar diverso e inclusivo, onde alunos
sintam-se confortáveis e em que professores possam ter maior facilidade e
sensibilidade ao orientar e acolher esses alunos.

Palavras-chave: Psicologia escolar; formação professores; gênero.


Sumário

1 Introdução …………………………………………………………………..4

2 Problema…………………………………………………………………….5

3 Justificativa…………………………………………………………...……..5

4 Objetivos……………………………………………………………………..6

4.1 Objetivo geral…………………………………………………..6

4.2 Objetivos específicos………………………………………….7

5 Revisão de Literatura……………………………………………………….7

6 Metodologia………………………………………………………………….11

7 Cronograma………………………………………………………………….14

8 Recursos necessários………………………………………………………15

9 Resultados esperados………………………………………………………15

10 Referências bibliográficas………………………………………………...16

11 Anexos……………………………………………………………………….17
Introdução

Quando uma criança nasce, é atribuído um gênero com base nas


características de seus genitais. Dizemos que uma pessoa é cisgênero (ou apenas
cis) quando se identifica com o gênero que lhe foi atribuído, assim, passa a ser
considerado transgênero (ou trans) quando se identifica de forma diferente. As
possibilidades de identificação transcendem o dualismo do homem ou da mulher e
essa visão centrada de uma só sexualidade, a heterossexualidade e identidade.

Hoje, as escolas são reconhecidas como ambientes que promovem a


diversidade e abraçam a diferença. Portanto, entender as questões transgêneros no
contexto educacional é crucial. A construção de gênero que muita gente ainda não
conhece é parte integrante da identidade do sujeito. Do ponto de vista de gênero, o
determinismo biológico não se aplica, mas exige a desconstrução da mera
representação de papéis socialmente normativos.

Por meio deste trabalho, espera-se contribuir para que a escola se torne um
espaço onde a criança descubra mais sobre si mesma. Portanto, a identidade de
gênero que ela constrói precisa ser compreendida e aceita, idealmente sempre
expressa em sala de aula, a partir de suas experiências no ambiente doméstico e
escolar ou em outros grupos sociais dos quais faz parte.

É daí que surge a justificativa para tal trabalho nas escolas, pois
trabalhando com novos olhares e perspectivas com essas crianças, poderemos
evitar estereótipos e visões predispostas de preconceito e discriminação.

Quebrar paradigmas, engajar outros membros da comunidade escolar,


chamar a atenção para a indiferença e, principalmente, respeitar a sexualidade de
todos é o objetivo principal e mais ousado deste trabalho, para que a escola se
torne um lugar de convivência social, um ambiente agradável para se consolidar
como lugar de aprendizado intelectual.
Problema

No decorrer do processo histórico da sociedade, o espaço educativo vem


colaborando para a construção do conhecimento, transitando entre uma educação
que aponta a consolidação da hegemonia dominante e uma educação que visa a
transformação social.
É muito importante que exista o desenvolvimento de uma consciência
crítica e de práticas pautadas pelo respeito à diversidade e aos direitos humanos.
Porém, a escola faz parte da sociedade em que estamos inseridos. E, assim
sendo, nela existem os preconceitos e discriminação presentes nos demais
lugares da sociedade.
A falta de preparo dos professores no manejo em lidar com questões
sobre sexualidade-gênero no cotidiano escolar provoca desigualdades e
violências, gerando o grande problema de exclusão e evasão do cenário
educacional pela população Transgênera. Considerando a importância do
professor como agente principal no ensino educativo e inclusivo, nasce o presente
Projeto de Intervenção, como produto educacional elaborado a partir de contextos
das práticas educativas excludentes.
Desta forma, a ausência de reflexões e preparo do corpo docente sobre
gênero e sexualidade no espaço educacional favorece a instalação de um
ambiente hostil, preconceituoso e violento de um público invisibilizado.

Justificativa

Atualmente há um intenso debate quanto à possibilidade de a Psicologia


Escolar intervir no trabalho de educação sexual nas escolas. Diversos estudos
reafirmam a relevância de intervir com subsídios teóricos-metodológicos voltados à
formação de professores para o trabalho da educação sexual.
Os professores têm mostrado dificuldade quando se veem diante do desafio
de inserir a questão da sexualidade em suas atividades docentes. De acordo com
estudos, a produção das posturas docentes diante do gênero e sexualidade não
passa somente pelo crivo dos conteúdos escolares, das técnicas pedagógicas e das
prescrições oficiais. Partindo da afirmação de que gênero e sexualidade devem ser
objetos de estudo, pesquisa e intervenção nas escolas, foi identificado que os
discursos sobre relações de gênero e sexualidade ainda encontram respaldo nas
diferenças biológicas como características inerentes ao masculino e feminino, como
também a heterossexualidade como única possibilidade de viver os desejos e
práticas sexuais.
Diante destas situações, aponta-se a necessidade de um processo de
formação de professores onde possam refletir sobre os subsídios que ancoram as
políticas educacionais voltadas ao gênero e sexualidade.
Destaca-se a relevância de a Psicologia Escolar contribuir com o trabalho
de formação continuada de professores sob um ponto de vista ético e político de
sexualidade, considerando esse tema na perspectiva dos direitos humanos.
A Psicologia Escolar pode contribuir com o trabalho de formação de
professores no campo de gênero e sexualidade, dando oportunidade para que estes
passem por um processo de reflexão, aprendizado e também uma revisão dos
próprios valores.
É importante essa intervenção da psicologia escolar no preparo dos
professores para inserir em suas aulas o tema abordado, até mesmo pela
dificuldade em discutir o tema em sala de aula ou ajudar um aluno que precise.
A ajuda de um profissional de Psicologia nesse ambiente é essencial, pois
pode aprofundar e ampliar as questões relativas a sentimentos, sentidos e
percepção sobre o que diz respeito ao tema abordado e orientados da melhor
maneira, o corpo docente estará preparado para esclarecer dúvidas que surgem
tanto dos alunos como na família dos mesmos.

Objetivos gerais

Através deste projeto, pretende-se intervir na atuação de professores ao


lidar com questões relacionadas a temáticas de identidade de gênero trazidas por
alunos, procurando preparar esses professores por meio de uma série de encontros,
visando um melhor acolhimento dos alunos LGBTQIAPN+ e almejando a criação de
um ambiente escolar seguro e confortável para todos.
Objetivos específicos

-Desconstruir concepções equivocadas acerca de sexualidade e gênero e


estabelecer conceitos e nomenclaturas, a fim de fazer com que o profissional se
torne um meio confiável e seguro para o aluno apresentar suas questões;

- Sensibilizar os profissionais acerca das possíveis questões que acompanham o


desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero, a fim de gerar uma
postura mais empática no momento da abordagem com o aluno;

- Instrumentalizar os profissionais, a fim de possibilitar futuras ações e intervenções


voltadas para prevenir e/ou resolver situações problemáticas que possam surgir;

- Reforçar os conceitos, estratégias e métodos apresentados através de dinâmicas,


a fim de consolidar a aprendizagem e averiguar a compreensão dos profissionais
acerca dos temas, além de testar suas capacidades.

Revisão de literatura

1 Cidadania e diversidade – garantia dos direitos

De acordo com os organizadores da Cartilha de Direitos das Pessoas Trans


do Estado de Mato Grosso do Sul, a busca por direitos sociais se intensificou
principalmente no Estado Democrático de Direito, através de lutas deflagradas por
povos, grupos nos mais diversos âmbitos da vida, na busca por dignidade. Ao longo
desse caminhar, as lutas por conquistas se organizam e conquistam espaços na
institucionalidade jurídica, através do enfrentamento e do embate, sempre
buscando, não tratamentos especiais, mas a igualdade e a não discriminação em
relação ao padrão social existente que estabelece corpos e comportamentos.
Para os organizadores da cartilha, a Constituição Federal de 1988,
solidificou muitos destes movimentos sociais e suas conquistas conforme trata o
art,1º, inciso III, através do qual estabelece a dignidade da pessoa humana como
fundamento de validade do Estado Democrático de Direito e constitui como um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem de todos,
sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação de acordo com o artigo 3º, inciso IV.
Conforme os organizadores desse trabalho, a Constituição Federal e a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impedem qualquer tipo de discriminação
seja por identidade de gênero ou orientação sexual. O Supremo Tribunal Federal
(STF) contribuiu também, em junho de 2019, com a criminalização da homofobia e
transfobia, tal decisão, enquadra atos preconceituosos contra homossexuais e
transexuais no crime de racismo, sujeito a pena de um a três anos, podendo chegar
a cinco anos nos casos mais graves.
Os organizadores informam ainda que o Governo do Estado do Mato
Grosso do Sul, vem se destacando como pioneiro na implantação e implementação
de políticas públicas responsáveis pela deflagração de uma série de ações
objetivando o enfrentamento do preconceito, da discriminação e demais formas de
violência. Em 2017, foi criada a Subsecretaria de Políticas Públicas de Mato Grosso
do Sul – SUBLGBT/MS – a primeira do país – dando visibilidade a discussões
referentes a essa parcela tão importante da população sul-mato-grossense. Tais
conquistas avançam para que essas pessoas possam acessá-las e desfrutá-las,
como cidadãs, sem medo, a partir da elaboração de uma cartilha a fim de contribuir
para o acesso aos direitos das pessoas trans e travestis, principalmente no que diz
respeito à autodeterminação e dignidade. A criação da Subsecretaria também
possibilita a veiculação de informações sobre o tema para os servidores públicos,
operadores do direito e demais setores de Mato Grosso do Sul, para que o público
alvo seja atendido em suas necessidades com o merecido respeito (Governo do
Estado do Mato Grosso do Sul, SECID/MS, 2021)
A Constituição Federal de 1988, assegura a todos, brasileiras e brasileiros,
direitos que se correlacionam com a prerrogativa da utilização do nome social, o
fundamento da dignidade da pessoa humana e a promoção do bem de todos, sem
discriminação, assim como a prevalência dos direitos humanos, a paz, a igualdade,
a inviolabilidade da honra e da imagem (CRFB, 1988).
Em relação aos direitos à educação, a Constituição Federal de 1988,
também garante em seu artigo 205 que “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”. E ainda o inciso I do artigo 206, que
prevê a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” (CRFB,
1988).
Essas garantias ainda são confirmadas em Leis Complementares como por
exemplo, Princípios de Yogyakarta – Tratado internacional ratificado pelo governo
brasileiro, inserido no sistema jurídico na condição de norma constitucional em
2007, Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96, Estatuto da Criança e
do Adolescente – Lei 8.069/90, Estatuto da Juventude – Lei 12.852/13 etc.

2 Diversidade no âmbito escolar


O estudo elaborado por Damasceno et al, através da Cartilha “Comunidade
LGBTQIAP+ em Âmbito Escolar: intolerância, reconhecimento e políticas públicas
de acesso” – traz conceitos importantes para a compreensão da temática a fim de
que o conhecimento supere o preconceito em relação à diversidade sexual. A
sexualidade humana é formada através de uma combinação de fatores biológicos,
psicológicos e sociais e é composta basicamente por três elementos: a) sexo
biológico (genitália e a combinação de cromossomos – macho, intersexual e fêmea);
b) orientação sexual (é por quem se sente atração – homossexual, bissexual e
heterossexual); e c) identidade de gênero (é a maneira como se enxerga e se
identifica – homem cisgênero, mulher cisgênero, homem transgênero e mulher
transgênero) (Damasceno et al, 2021).
De acordo com os esclarecimentos contidos no estudo de Damasceno et al,
o ambiente escolar como um agente educacional, por vezes é influenciado por
valores sociais e religiosos, reproduzindo heteronormalidade, revelando um discurso
segregador institucionalizado, mesmo que implicitamente, para dentro da sala de
aula. O silenciamento da escola através de práticas pedagógicas e a ausência de
políticas públicas que minimizem ou combatam os efeitos da LGBTfobia no
ambiente escolar, potencializam a institucionalização de uma violência que tem sido
cada vez mais visível, sobretudo por parte de quem é o alvo principal. Por isso, a
escola é um espaço de todos, todas e todes, deve estar aberta e disposta ao
diálogo, incentivando o pensamento crítico e a reflexão sobre a realidade social na
qual está inserida e deve agregar a todos os setores sociais nas mais diversas
discussões, como uma comunidade realmente democrática. A escola precisa
discutir todas as formas de preconceito para os que fazem parte desse ambiente
escolar acolhendo suas diferenças. Evitar a discussão da temática LGBTfobia na
escola fortalece a cultura do preconceito, independente da percepção ou da
existência de casos dentro das instituições, omitir as discussões e o diálogo,
contribui para o fortalecimento da ignorância e preservação do preconceito além da
perpetuação da invisibilidade (Damasceno et al, 2021).
A pesquisa de Nunes, “Vivências reais de crianças e adolescentes
transgêneres dentro do sistema educacional brasileiro” ajuda a diminuir o estigma, o
preconceito, a discriminação e a violência contra as pessoas trans, para que vivam
plenamente o espírito do artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e o artigo 5º da
Constituição Federal em relação as pessoas trans: “Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza” (Nunes, 2021).
Nunes em seu estudo, compreende que cabem às instituições educacionais
dois papéis fundamentais na sociedade que são: 1- socializar e democratizar o
acesso ao conhecimento; 2- promover a construção moral e ética nos estudantes,
uma vez que as crianças e adolescentes passam um longo tempo dentro das
escolas. Juntamente com a sociedade e as famílias, a escola precisa ser uma aliada
na formação do indivíduo. É também nas escolas que os estudantes vivenciam
padrões sociais, aprendem a criar vínculos e adquirir valores, consciência crítica e
entendimento do que é normativo, possível e correto perante a sociedade. A
pesquisa também traz contribuições importantes para a compreensão da qualidade
de vida que os estudantes trans possuem dentro das instituições educacionais, bem
como a identificação de práticas como o bullying, abuso e preconceito,
possibilitando a construção de uma base de dados que oriente os fundamentos das
mudanças tão necessárias e esperadas no sistema de ensino brasileiro, permitindo
a qualidade do ensino integral aos estudantes transgêneres e proporcionando uma
vivência saudável com a comunidade escolar (Nunes, 2021).
Nunes relata que embora as discussões sobre diversidade no ambiente
escolar tenham avançado e ocupado novos espaços na mídia, os estudos científicos
abordando a temática ainda são poucos no cenário brasileiro. É importante
estabelecer no ambiente escolar um lugar inclusivo, seguro e responsável para
qualquer estudante, inclusive crianças e adolescentes trans. Onde não haja
situações de violência, desrespeito, humilhações praticadas por quem quer que
seja. Onde o uso da estrutura física, como banheiros e vestiários, aulas de
Educação Física e outros eventos, não estabeleçam normas sociais e binárias de
gênero, pois são baseados em um funcionamento patriarcal da sociedade
perpetuando a desigualdade. São reflexões necessárias para impedir que
estereótipos desencadeiam questões que estão além de variabilidade de gênero,
reflexões que desconstroem preconcepções e tragam novas dinâmicas
organizacionais, proporcionando uma sociedade e um funcionamento coletivo mais
justo (Nunes, 2021).

Metodologia

O projeto de intervenção tem como finalidade o de promover uma reflexão,


desconstrução de estereótipos para tornar claro conceitos de sexo e gênero e
questões éticas com o intuito de salientar o que de direito pertence a essa
comunidade pois falar sobre identidade de gênero abrange não somente o sexo
biológico mas também o sexo psicológico como no caso dos transsexuais, que
nasceram com um sexo biológico, mas o psicológico pertence a outro sexo. A
proposta é oferecer um espaço de diálogo, conhecimento e esclarecimento a
respeito das diferenças diante da sexualidade para professores do Ensino
Fundamental 2 e Médio, onde observou-se um número crescente de dificuldades
enfrentadas pelos mesmos em relação à diversidade de gênero e sexual.

O projeto do primeiro encontro será de promover uma dinâmica entre os


professores através de uma roda de conversa para abrir espaço para reflexão da
identidade de gênero de forma que eles possam descobrir sozinhos o que é
cisgenero, gênero fluido, homem/mulher não binário, homem/mulher trans, gênero,
entre outros através de papéis recortados como uma espécie de glossário de
gênero para que eles construam por si só o seu próprio saber com o intuito de
proporcionar o exercício da reflexão e conhecimento de forma a ser atravessado por
isso. Além também de discutir a atuação social da escola diante dos obstáculos
comportamentais existentes considerando a importância do papel do
professor-pedagogo a respeito da identidade de gênero e saúde sexual dos jovens
de forma a garantir o exercício da cidadania no contexto da escola daqueles que
sofrem ou sofreram preconceito por sua orientação sexual e/ou comportamento.
O encontro seguinte será a exibição de documentários brasileiros com o
intuito de explorar mais uma vez a reflexão e conscientização sobre gênero e
sexualidade dentro e fora de uma instituição de ensino. O foco de trazer o
curta-metragem como mais uma forma de conhecimento tem por finalidade mostrar
como sua visão baseada em sua própria crença altera o modo de lidar e entender o
tema em questão e gerar novas ideias e ações para mudar a percepção
marginalizada do sujeito Lgbtqiap+. O planejamento é a exibição de três
documentários em uma sala com os professores reunidos onde a transmissão será
da seguinte maneira: O primeiro é "Depois da tempestade – a LGBTfobia na escola"
um curta produzido no Paraná e o objetivo é pensar sobre como as escolas ainda
não estão preparadas para acolher a diferença mostrando como é e pode ser
desafiador frequentar a sala de aula para estudantes LGBTQIAP+. Retrata também
como durante o percurso educacional questões como corpo, sexualidade e
afetividade começam a aflorar, gerando uma série de conflitos. E ao final trazer um
questionamento para que haja um debate e um reflexão entre os professores
durante a pause para a exibição do próximo documentário:“Qual é o espaço na
escola para aqueles que não se encaixam no padrão heterossexual e cisgênero?”;
Após a pausa, a retomada para a exibição da série "Maria Clara – a história
incompleta de Brenda e de outras mulheres", o vídeo faz parte do projeto Mulheres:
o nascer é comprido onde mulheres trans lêem um livro sobre suas vidas. Se
reveem, se recontam e problematizam as formas de representação, o objetivo é
trazer um outro olhar para os professores de fora da escola e por último “Paloma"
uma mulher trans, sertaneja, que vive uma luta diária na construção de sua
identidade e que sonha em se casar na igreja e é baseado em uma história real. O
jeito sonhador de Paloma dá o tom de um filme que, embora romântico, não
esconde a violência e intolerância que há 13 anos coloca o Brasil no topo da lista de
países que mais matam pessoas trans e travestis. O longa estimula a reflexão sobre
diferentes aspectos da vida de uma pessoa trans – das relações de trabalho ao
prazer sexual, passando por casamento, maternidade e direito à família, palavra tão
citada no atual momento político brasileiro.

No 3º encontro, a ação proposta é de instrumentalização “Como trabalhar a


diversidade nas escolas?” para que seja discutido meios de elaborar, organizar e
preparar materiais didáticos e conteúdo, por parte do professor, na qual se tornarão
parte da produção didática a ser implementada na escola, dado que, segundo nos
relata Canen (2001, p.213)

“A escola é um dos ambientes de sociabilidade e formação individual


em que são produzidos e reproduzidos os preconceitos e a discriminação. Há
evidências de que os agentes da educação reproduzem, em suas práticas, as
diversas formas de preconceito e discriminação existentes na sociedade, o que
acaba por reforçar e legitimar a exclusão de grupos cujos padrões (étnico-raciais, de
identidade de gênero ou de orientação sexual) não correspondam aos dominantes.”

O 4º encontro será apresentado um minidicionário ou um miniguia da


linguagem inclusiva contendo explicações sobre a diversidade e termos com uma
linguagem simples expressões como “ideologia de gênero”, “identidade de gênero”,
"cisgenero" entre outros e o que é considerado discriminatório, sua funcionalidade e
sua representatividade. A proposta é auxiliar os professores na sua aprendizagem e
em situações futuras na escola de forma a poder lidar melhor com termos sobre
diversidade.

O objetivo não é somente de ampliar o vocabulário em direção a essa


inclusão, mas mostrar a importância de ter um olhar plural sobre formas de ser,
configurações familiares etc. A explicação é importante porque ajuda a desconstruir
equívocos e visões preconceituosas acerca dos temas. Além disso, ajuda os
professores a como abordar a diversidade em sala de aula promovendo rodas de
conversa, jogos, entre outros, sendo uma forma de quebrar tabus e debater temas
contemporâneos de uma forma dialógica.

Finalmente, o 5º e último encontro apresenta o fechamento, um momento


para proporcionar diálogo e divulgação de resultados observados, ou seja, um
momento crucial para perceber onde significados individuais eram permeados por
dilemas morais ou éticos entre o pedagógico e o pessoal, e a partir disso, poderão
agregar boas práticas para mediação, resolução de conflitos, com capacidade para
estabelecer uma comunicação não-violenta, ter uma escuta empática e atenta e um
ambiente inclusivo e respeitoso.
Cronograma

1º 2º 3º 4º 5º
mês mês mês
Ações mês mês
DEZ JAN FEV
MAR ABR

Revisão de literatura e planejamento das


palestras.
X

Negociação de um espaço dentro da escola


para as reuniões e exibição de vídeos.
X

Aquisição e instalação dos equipamentos


necessários para a realização do projeto.
X

Realização das reuniões, exposição dos


vídeos com o corpo docente.
X X

Elaboração do minidicionário.

Avaliação e finalização do projeto.


X
Recursos necessários

A. Infraestrutura:
Espaço adequado na escola com cadeiras, projetor, microfone, notebook,
podendo ser um auditório, pátio ou uma sala grande.

B. Financeiro:
Orçamento para coffee break, pagamento da equipe do projeto, produção
do minidicionário (designer, revisão…).

3. Equipe:
● um especialistx de entidade da causa;
● um psicólogx trans;
● quatro membres elaboradores do projeto;
● uma pessoa para apoio em tecnologia e infraestrutura.

Resultados esperados

Espera-se que a proposta do projeto de intervenção traga sensibilização e


conscientização, multiplicando informações que favoreçam o ambiente escolar,
alinhada com os valores e/ou propósitos defendidos pela instituição, visando:

1. Criação de um ambiente escolar diverso, inclusivo e seguro.


2. Promover um espaço de convivência capaz de acolher e respeitar a
todes.
3. Aprofundar o conhecimento de docentes, a partir de uma formação
continuada, capaz de gerar um ambiente inclusivo e respeitoso.
4. Realizar encontros com professores, entendendo suas demandas,
mostrando a importância de construir um ambiente saudável e acolhedor.
5. Criação de um minidicionário, como instrumento de apoio para que as
intervenções apresentadas sejam consolidadas pela instituição.
Acreditamos que as propostas contidas no projeto de intervenção,
proporcionem futuramente outras mudanças, adaptações e contribuições, como
legado de todo conhecimento produzido e compartilhado por meio desse trabalho.

Por exemplo:

Facilitar a introjeção de valores para o amadurecimento da cultura escolar.

Adaptações no ambiente escolar favorecendo o bem-estar dos alunxs, tais


como: mudanças nas normas de vestimenta/uniforme, adotando um modelo
confortável para todes.
Facultar o uso do nome social ou pronome que lhe agradar.
Respeitar o tempo de cada alunx, auxiliando em seu bem-estar frente às
mudanças.

Referências bibliográficas

BRASIL, Conferência Yogyakarta. Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da


Legislação Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e
Identidade de Gênero. 2006. Disponível
em:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/principios_yogyakarta.
pdf

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CERGDS/DEDI/SEED, Equipe Pedagógica da Coordenação da Educação das


Relações de Gênero e Diversidade Sexual, Departamento da Diversidade. Nome
Social na Escola – Travestis e Transexuais e o Direito à Educação. Curitiba, PR,
2017.

DAMASCENO, Marli F.C. et al. Cartilha Comunidade LGBTQIAP+ em Âmbito


Escolar: intolerância, reconhecimento e políticas públicas de acesso. Projeto
Integrador IV do Bacharelado em Administração. Instituto Federal do Piauí. 2021.
Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Subsecretaria de políticas públicas
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<Subsecretaria de Políticas Públicas LGBT – Subsecretaria Especial de Cidadania
(SECID/MS) (secic.ms.gov.br)>. Acesso em 21/09/2022.

INCLUSÃO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2022.


Disponível em: <https://www.dicio.com.br/inclusao//>. Acesso em: 21/09/2022.

NUNES, Thamirys (Org). Ensaios sobre vivências reais de crianças e adolescentes


transgêneres dentro do sistema educacional brasileiro. Livro eletrônico. IBDSEX.
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ROCHA, A.P.Q., MENDES, M.A.C. Cidadania e diversidade: dialogando com as


transformações. 1ª Edição. Montes Claros: IFNMG, 2020.

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