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Orientações para o

Psicólogo Escolar
Psicologia Escolar
CREPOP -
2019
Educação como direito (CF88)
EIXO 1
DIMENSÃO Escola como espaço amplo de
ÉTICO- socialização → experiências e a
POLÍTICA produção de conhecimento, assim
produz e reproduz as
contradições da sociedade na
qual se insere, e nem sempre
assegura uma cidadania ativa
Escola inserida num contexto político, econômico e social

1. Políticas educacionais orientam atuações, concepções e modelos de gestão


pedagógica → que refletem a produção capitalista vigente

2.Isso dificulta um projeto político-pedagógico focado na inserção social


emancipadora → e a subjetivação funciona na lógica da acumulação do capital
→ reforçando o sistema de classes → Liberalismo reforça esse movimento

3.Investimento do Banco Mundial na Educação Brasileira para atender aos


projetos de educação para todos→ mas o que vemos é que a educação virou
mercadoria e não direito de todos.
Objetivos do fazer psicológico na Educação

→Conhecer as direções éticas e políticas que norteiam o cotidiano escolar,


responder a si: “escola pra quem?” e “escola pra quê?”
→Contribuir para um projeto político-pedagógico emancipador junto a
comunidade e demais profissionais da escola;
→Propiciar a participação gradativa de todos os profissionais da escola, da
comunidade, das famílias e das crianças;
→Fomentar discussões que respeitem o processo de aprendizagem de
todos, principalmente de quem precisa de atendimento especializado,
estudantes indígenas, de quem cumpre medidas socioeducativas;
→Ter como pautas a valorização do trabalho do professor; as relações
escolares democráticas; o enfrentamento da medicalização, da
patologização; da exclusão e estigmatiza social.
Papel político do psicólogo na Educação

→ Ver a Escola como espaço privilegiado para reflexões sobre


relações de gênero, sexualidade e relações étnico-raciais, afirmando
as contribuições do trabalho da psicologia na desconstrução de
violências

É necessário que as(os) profissionais da psicologia se envolvam


também no controle social das políticas públicas de educação como,
participando dos conselhos municipais e estaduais, visando a garantia
dos recursos fundamentais para o direito à uma educação de
qualidade.
EIXO 2: A PSICOLOGIA E A ESCOLA

O que vemos hoje é que a escola se constitui num mercado de serviços, projetos e produtos →e avaliamos
os produtos para controle de qualidade e otimização dos processos (diagnósticos) → medicalização
A escola enquanto organização é atravessada por instituições, práticas e valores, e gera
referenciais de normalidade, de certo e errado.
→ Mas pouco falamos disso na escola!
Mas, e quando nos deparamos com o que escapa à norma?
“Quem é o especialista que vai fazer a mágica de transformar o diverso em homogêneo?”

O desafio é deslocar as demandas existentes e produzir novas demandas, criar novos


espaços de discussão e compreensão da realidade que povoa o espaço intraescolar.
Prática do Psicologia Escolar

• Partir do pressuposto que todos, professores e especialistas, sofrem por estarem


muitas vezes em uma estrutura rígida.
• Não são as respostas bem sucedidas que te fará melhor psicólogo, você só
reforçara os mesmos padrões de normalidade, mas buscar na onde se insere a
constituição do impasse, propor um caminho argumentativo e de
experimentação.
• O trabalho é coletivo: todos propõe alternativas, professor tem que ser valorizado,
os pais necessitam ser ouvidos.

Assim estaremos inserindo no nosso território o conceito de democracia,


entendendo-o como política pública, coletivo, de ação de todos.
A diferença como igualdade

O especialista só entra em cena quando a escola se cristaliza em uma


pluralidade de leis e abandona o enfrentamento do coletivo nas suas
divergências → Psicólogo tem papel importante, principalmente em
relação a questão da diferença.

[...] diferença não é antônimo de igualdade. Nós queremos a


igualdade, mas ao mesmo tempo nós queremos manter as diferenças.
O contrário de diferença é a mesmice, o contrário de igualdade é a
desigualdade.
Tornar público - coletivizar

Prevalência do privado sobre o pública → sala de professores virou corredor de


passagem ou mais uma sala de aula, o tempo do recreio diminuiu, etc.

Se vivemos mal o espaço público, as misturas, as diferenças, como trabalhar com


coletivos? Tornar público o que se faz, são as trocas que fazem circular ideias e
potencializam outras práticas. Diferenças não são características, mas efeitos de
diferenciação, envolvem outro modo de pensar e de fazer formação

O que vemos atualmente é que diante da falta de tempo, as cenas se repetem e a


rotina é passar o problema adiante (encaminhamento), culpabilizar (a si próprio, às
crianças, aos familiares, ao sistema), lamentar-se (sofrer, adoecer, licenciar-se).
EIXO 3: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DA (O)
PSICÓLOGA (O) NA EDUCAÇÃO BÁSICA
É fundamental que a educação atue no processo de humanização, contribuindo para a
apropriação dos conhecimentos produzidos na sociedade. A escola tem como objetivo
socializar os conteúdos e também os instrumentos necessários para o acesso ao saber.

A função da(o) psicóloga(o) pode se encaminhar para a transformação ou para a


manutenção da sociedade. Ele(a) pode focar sua atenção em determinadas áreas de
intervenção e desenvolver um trabalho envolvendo toda a comunidade escolar -
professores, pais, funcionários, estudantes. Sempre efetivando um trabalho a partir da
coletividade, visando a o bem de todos e todas.
Participação no projeto político-pedagógico

As escolas desenvolvem sua prática a partir de um projeto político-pedagógico

É função da(o) psicóloga(o) participar do trabalho de elaboração, avaliação e


reformulação do projeto, destacando a dimensão psicológica ou subjetiva da realidade
escolar.

Planos de intervenção devem levar em conta a estrutura e o funcionamento da escola


(número de estudantes, turmas, professores, serviços prestados à comunidade, reuniões que estão planejadas; índice de
aprovação, reprovação e evasão; membros das equipes pedagógicas, administrativas e de prestação de serviços gerais; o perfil
socioeconômico da comunidade escolar; informações sobre características do território em que a escola está localizada, bem como
sua história. É importante ainda conhecer o corpo docente e equipe pedagógica, considerando sua formação acadêmico-
profissional, salários e condições de trabalho, carga horária; informações sobre o trabalho pedagógico, enfocando como ocorre a
prática pedagógica incluindo a metodologia, recursos, conteúdos).
Intervenção no processo de ensino aprendizagem

➢ Oferecer práticas que conduza a criança e o jovem a descobrir o seu potencial de


aprendizagem, auxiliando na utilização de mediadores culturais (música, teatro, desenho,
dança, literatura, cinema, grafite, e tantas outras formas de expressão artísticas);
➢ No caso da avaliação das dificuldades no processo de escolarização, é fundamental avaliar o
aluno prospectivamente, naquilo que ele pode se desenvolver;
➢ Com pais, familiares ou responsáveis pode refletir sobre o papel social da escola e da família;
➢ Avaliar o que está no nível do desenvolvimento proximal, que requer ajuda de mediadores;
➢ Desenvolver ações que contribuam para uma compreensão das dimensões subjetivas e
objetivas, coletivas e singulares da aprendizagem, e fortalecer o papel do professor como
agente principal do processo de ensino e aprendizagem.
EIXO 4: DESAFIOS
1.Psicologia Escolar crítica e contextualizada, a ser legitimada por psicólogos de
outros equipamentos também (Saúde, Assistência Social, etc.);
2.Ações extramuros: além da criação de estratégias que favoreçam a coletivização
das práticas cotidianas; realização de grupo com professores, pais e estudantes;
análise dos documentos e dos registros escolares; é importante a articulação com
outras instituições que constituem a rede de cuidados da comunidade.

3.Editais de contratação que enfatizam a clínica → LDB de 1996 afirma no art.67:


“são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e
especialistas em educação no desempenho de atividades educativas”
EIXO 4: DESAFIOS
4. Participação da Psicologia Escolar no plano das políticas públicas em Educação;
5.Compreender o processo de precarização da escola pública e das condições de trabalho, que
adoecem professores(as);
6.Retorno da visão medicalizante/patologizante: embora recursos na área da saúde e da
biologia sejam fundamentais na compreensão de determinados processos humanos, quando
aplicados na educação, retomam a lógica da escolarização sendo avaliado individualmente;
7. A violência em suas diversas formas.

A finalidade da psicologia escolar deve se pautar no compromisso com a luta


por uma escola democrática, de qualidade, que garanta os direitos de
cidadania. Esse compromisso é político e envolve a construção de uma escola
participativa que possa se apropriar dos conflitos nela existentes.
Educação
Inclusiva
Psicologia
Escolar

INCLUSÃO
“Entendemos que, se a história da humanidade tem sido
marcada pela violência e pelo sofrimento e,
simultaneamente, por grande avanço material e técnico, é
Escola e Sociedade
porque, no percurso do progresso, o desenvolvimento
tecnológico e material não se voltou principalmente para a
felicidade e a liberdade humanas.
Com o avanço tecnológico, pessoas não deveriam mais
sofrer em razão da miséria que ainda aflige boa parte da
população mundial, e, de alguma forma, tais experiências
nos dão os indícios de que as nossas instituições formativas
têm fracassado em sua missão primeira: o processo de
humanização.”
Aspecto social importante para melhor entendimento da
educação inclusiva: impacto da divisão de classes sociais na
Pedagogia das competências
educação, trazendo consigo a pedagogia das competências, que
evidencia dois propósitos.

1 “reordenar conceitualmente a compreensão da relação trabalho-


educação”.
2“institucionalizar novas formas de educar/formar os
trabalhadores e de gerir o trabalho (...)”.
Um outro conceito apresentado para caracterização das
contradições e os limites sociais da educação inclusiva é o de
Neoliberalismo (e o capacitismo ideológico)
que a ideologia que imputa às competências individuais a
justificativas de sua riqueza ou pobreza. O neoliberalismo é a
ideologia contemporânea que tem destacado e que apesar de
sua ideia central representar a noção de um estado mínimo e de
livre concorrência, apenas oculta a existência de uma sociedade
administrada. Essa sociedade administrada só integra
desintegrando, porque exige adaptação dos indivíduos, que
apenas aceitam as forças que são impostas sem Resistencia.
Embora a formação para a adaptação social seja necessária,
Neoliberalismo
não pode ser (e o supervalorizada
capacitismo ideológico)
a ponto de suplantar a
identificação com aqueles que não conseguem desenvolver
determinadas habilidades.

"a educação escolar torna-se útil à lógica do capital,


afastando-se de seu objetivo fim: o de promover o
desenvolvimento humano..."
Algumas tentativas de promover a inclusão dentro das escolas,
acabam se tornando ações exclusivas → A educação deveria
Inclusão como
assumir Exclusão
o papel estratégico visando superar a exclusão dos
indivíduos considerados desiguais, através de uma mudança
estrutural em todos os membros da sociedade, para que eles
possam enxergar a inclusão do ponto de vista do excluído.

“A democracia encobre a desigualdade social e a


supremacia da técnica auxilia a reproduzir essa
Desigualdade”
Inclusão ainda é tratada pelas escolas como algo
“especial” e não “essencial”
Inclusão como Exclusão

“educamos, sobretudo, para adaptação social e, para


isso, fazem-se necessárias a competição e a
desvalorização do perdedor, sendo essa forma de
educação fruto de uma sociedade desigual que, por
meio dessa educação, tenta se reproduzir, não sendo
possível a educação inclusiva, mas somente a
inclusão em uma escola que exclui”.
Porém, a educação inclusiva, assim como toda forma de
inclusão, somente
Dificuldades será possível com a superação das
estruturais
contradições próprias a uma sociedade violenta.

Não existe uma alteração significativa nas escolas nos aspectos de


acessibilidade arquitetônica, curricular e recursos pedagógicos
que são disponibilizados em salas de aulas regulares para os
alunos considerados em situação de inclusão → educação
inclusiva apenas como matrícula compulsória.
De acordo com o artigo 26 da declaração universal dos direitos
Declaração Universal dos DH (1948)
humanos:

“Todos os seres humanos têm direito à educação. A educação


será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A
educação elementar será obrigatória. A educação técnica-
profissional será acessível a todos, bem como a educação
superior, está baseada no
mérito.”
“as propostas de democratização e de universalização do acesso
à educação e seus nexos com as condições para uma educação
Constituição Federal e Educação para Todos
inclusiva, se são importantes para a inclusão social, podem atuar
para seu oposto por se situarem em uma sociedade com
tendência imanente à exclusão. ”

Lógica de Mercado: “O que está posto não são os direitos civis de


cidadãos, tampouco a equidade ou justiça, mas o quanto poderão ser
explorados pelo capital, seja vendendo sua força de trabalho, seja
como consumidores”
O principal ponto da educação inclusiva é sobre romper a exclusão
emEducação inclusiva que incentiva a competição e desvaloriza os
uma sociedade
perdedores, assim como para a educação escolar em geral, seus
limites devem ser conhecidos para que possam ser pensadas as
condições que os determinam, com o propósito de serem superados.

A medida que a educação inclusiva visa defender uma


sociedade igualitária, um ensino crítico, sua implementação se
torna um desafio justamente por ir contra a organização do
estado
“a proposta da educação inclusiva é mais propícia à
liberdade do que a educação segregada, pois
permite o convívio necessário para que a estranheza
inicial, gerada pela diferença, possa ser
incorporada, pelos alunos, ao conceito de
humanidade, mesmo porque, segundo Adorno
(2015), a essência está na diferença.”

As políticas e práticas da educação inclusiva são


fundamentais na luta por uma sociedade justa e
igualitária!
Escolas Especiais – escuro
Escolar Regulares – claro
A educação tem como papel
Direitos civis, políticos, principal oferecer as
econômicos e sociais condições necessárias para
que as pessoas se
desenvolvam enquanto
Direitos sujeitos com pensamento
humanos crítico e cientes da
importância da justiça social.

Educação Área específica


Inclusiva

Público específico

Educação - Deficiência intelectual


- Deficiência auditiva
Especial - Deficiência visual
- Deficiência física
- TGD (Transtornos globais do desenvolvimento)
- Altas habilidades e superdotação
LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista

§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista
aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais,


manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para
interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter
relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,


manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência,


para todos os efeitos legais.
Portador de necessidade especial, pessoa
deficiente? Qual o termo adequado?

Hoje, recomenda-se o uso da expressão "pessoa com


deficiência". Ela é adotada pela Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006),
principal referência internacional sobre esse assunto…
e no Brasil a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008.
Exclusão Inclusão

Pessoa com deficiência

Significado das palavras variam de acordo com o tempo e espaço

Conceitos são históricos, culturais, sociais


MODELO SOCIAL DE ENTENDIMENTO DA DEFICIÊNCIA

É UMA INTERAÇÃO
Barreiras
Pessoa com ambientais e
deficiência comportamentais
que afetam a
ação da pessoa
Conceito de deficiência:
- Dinâmico
- Multifuncional
- Complexo
- Questionável
ARQUITETÔNICAS

ATITUDINAIS

BARREIRAS
NAS COMUNICAÇÕES E NA INFORMAÇÃO

URBANÍSTICAS

TRANSPORTES

TECNOLÓGICAS
Função do atendimento educacional especializado (AEE)

[…] identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de


acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação
dos estudantes, considerando suas necessidades específicas.
As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula
comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento
complementa e/ou suplementa a formação dos estudantes com
vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL,
2008)

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008


Na escola e em relação à Educação Inclusiva:

Não deixar que as


Na escola, em É necessário levar diferenças se
relação à Educação em conta a constituam em
Inclusiva diversidade desigualdades
educacionais.
A inclusão, que é uma prática
social, não busca a adaptação
do indivíduo aos padrões
hegemônicos da sociedade.

É necessário que existam


intervenções tanto em relação
ao grupo de pessoas que tem
uma necessidade específica,
quanto com a sociedade em
geral, a qual deve se ajustar
para a convivência com a
diversidade.

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