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O Serviço Social brasileiro e Marxismo

The brazilian serviçe social and Marxism


RESUMO: Em um mundo cada vez mais interconectado e tecnológico,
indivíduos, famílias e organizações utilizam e confiam nas mídias sociais e outras
tecnologias digitais para localizar serviços de informação, comunicação e acesso.
Enquanto muitos educadores e profissionais confiam nas redes de mídia social para
informar sua prática, os educadores de serviço social normalmente não trazem a mídia
social para sua pedagogia enquanto preparam os alunos para carreiras nas áreas de
serviço social. O marxismo incluído na base do serviço social pretende mudar a
sociedade. Este artigo com base em pesquisa bibliográfica pretende demonstrar a força
dessa teoria no serviço social.
Palavras-chave: Serviço social. Marxismo. Sociedade.

ABSTRACT: In an increasingly interconnected and technological world,


individuals, families and organizations use and trust social media and other digital
technologies to locate information, communication and access services. While many
educators and professionals rely on social media networks to inform their practice,
social work educators typically do not bring social media into their pedagogy as they
prepare students for careers in social work fields. Marxism included in the basis of
social work aims to change society. This article, based on bibliographical research, aims
to demonstrate the strength of this theory in social work.
Keywords: Social work. Marxism. Society.

O serviço Social brasileiro tem sete décadas de desenvolvimento, hoje é uma


profissão bem desenvolvida, que conta com 70 mil profissionais, sendo o maior colégio
da américa latina e o segundo no mundo, perdendo para os Estados Unidos, nas
universidades brasileiras estão a concentração de cursos de mestre e doutores no ramo
do serviço social, que já formou inclusive pessoas de toda a américa latina e Europa.
Para que o serviço social brasileiro chegasse a este patamar, foi devido à muitas
contribuições ao longo do tempo de assistentes sociais, o seu desenvolvimento é
histórico.
O serviço social de forma histórica vem dando assistência e ajudando indivíduos
que sofrem violações de seus direitos, dando assistência principalmente as camadas
mais desfavorecidas da sociedade brasileira, desta forma resultando em aspectos
positivos na vida de seus usuários.
No Brasil o Serviço Social foi criado em meados de 1930, com o
desenvolvimento capitalista e a industrialização, houve um crescimento acentuado da
classe operária e consequentemente um aumento das desigualdades sociais e
explorações no trabalho, desta forma o serviço social veio para garantir que
principalmente as camadas menos favorecidas não tivessem restrição de seus direitos,
dando-lhes qualidade de vida.
A o reconhecimento profissional acontece entre 1930 a 1940 com recursos que
foram mobilizados pelo próprio estado e por instituições católicas, desta forma, junto
com o serviço social começam a crescer também instituições filantrópicas para auxiliar
os mais pobres em suas lutas de classe.
Com a expansão do capital monopolista, evidenciam as contradições da
sociedade burguesa e em meados de 1930 o Estado a passa a fazer uma regulamentação
da classe trabalhadora, , reconhecendo a legitimidade de ações sociais e tentando
enquadrar com respaldo jurídico as relações de trabalho, desta forma então é criada a
CLT que é a consolidação das Leis do Trabalho, regulamentam também o salário
mínimo, desta forma a questão social ao ver estatal passa a ser problemas
administrativos e desta forma desenvolve políticas nesse âmbito.
Então, em 1932 surge em São Paulo o Centro de Estudos e Ação Social, o curso
surgiu após a administração intensiva de formação social, que fora ministrado para
moças, organizado pelas cônegas da Igreja Católica, Melle foi a direto deste curso e a
professora quen ministrava os conteúdos era Adèle de Loneux. Que era professora da
escola católica de serviço social da Bélgica.
O curso era fundamentado por filosofia moral, religião, direito constitucional e
administrativo, e variados elementos de cultura geral. O curso promovia visitas a
instituições beneficentes e após o término do curso, mais ou menos 50 mulheres
fundaram uma associação de ação social, que tinha como supervisora Melle e só então
em 16 de setembro foi eleito a primeira direção que ficara com Odila Cintra Ferreira na
presidência e Eugênia Gama Cerqueira como sua secretária.
Desta forma o CEAS foi instituído durante a revolução paulista, tendo como
ambiente instável e conflituoso, com muitas transformações políticas, desta forma
acontecendo na época um certo desamparo das instituições e suas desagregações.
O CEAS tinha como principal objetivo transpassar a doutrinação católica e ações
sociais, ele começou sem nenhuma ajuda financeira, era mantido com a mensalidade das
próprias sócias e para conseguir uma instalação elas realizaram um acordo com a Liga
de senhoras Católicas, a liga fornecia uma sala e elas efetuavam a organização e a
manter os serviços da biblioteca da Liga.
A Igreja Católica deu apoio a esta iniciativa, pois por detrás disso eles visavam
influenciar na vida social com sua orientação estratégica e propagam sua visão das
diretrizes Rerum Novarum e Quadregesimo, que eram diretrizes totalmente
conservadoras e que se opunham contra o socialismo e tinham aspectos extremamente
conservadores em relação a questão social.
Em 1934 o CEAS organiza a “Semana de ação Católica” com objetivo de
defender os princípios morais e religiosos católicos, e este movimento também estava se
intensificando na Europa e teve sua origem na cidade do Rio de Janeiro sob orientação
do cardeal Dom Leme.
O Ceas criou também quatro centros para atendimento de operários em São
Paulo no ano de 1932, tais centros foram estabelecidos em bairros como Brás, Barra
Funda, desta forma eram ministradas palestras de higiene pessoal e vida social em que
eram denominados “círculos de formação” tais círculos tinham interesses específicos
nas mulheres operárias, afim de conhecer seu modo de viver, conhecendo suas
necessidades, estes centros também tinham como objetivo organizar de forma transitória
a elite operária católica para atuar na perspectiva das massas operárias e mais tarde
abrigaram também a Juventude Operária Católica e posteriormente serviria como uma
instituição de estágio para as estudantes de Serviço Social.
No mesmo ano Maria Kiehl e Albertina Ramos forama cidade de Bruxelas
realizarem o curso de Serviço Social, que tinham como orientador o cardeal Marcier e
da Liga Operária Feminina, Cintra Ferreira expressa o formato ideológico do curso de
Serviço Social, ela expos que na escola não se falava de obras de assistência, eles
achavam algo paliativo, eles visitavam sindicatos, cooperativas, e então em 15 de
Fevereiro de 1936 é fundada a primeira escola de Serviço Social de São Paulo,
mesclando fundamentos belgas e francesas com perspectivas sociais, éticas e técnica da
formação profissional.
Desta forma, as instituições acabam por fazer uma relação com as doutrinas
católicas, colocando a questão social como algo de responsabilidade individual dos
indivíduos e desta forma a contribuição do serviço social na época eram
comportamentais de seus usuários, tendo aspectos moralizadores se concentrando no
indivíduo e na família, tendo como referências os pensamentos sociais da Igreja
Católica, pois a igreja buscava sua aceitação de forma homogênea na sociedade.
O serviço Social brasileiro tem sete décadas de desenvolvimento, hoje é uma
profissão bem desenvolvida, que conta com 70 mil profissionais, sendo o maior colégio
da américa latina e o segundo no mundo, perdendo para os Estados Unidos, nas
universidades brasileiras estão a concentração de cursos de mestre e doutores no ramo
do serviço social, que já formou inclusive pessoas de toda a américa latina e Europa.
Para que o serviço social brasileiro chegasse a este patamar, foi devido à muitas
contribuições ao longo do tempo de assistentes sociais, o seu desenvolvimento é
histórico.
O serviço social de forma histórica vem dando assistência e ajudando indivíduos
que sofrem violações de seus direitos, dando assistência principalmente as camadas
mais desfavorecidas da sociedade brasileira, desta forma resultando em aspectos
positivos na vida de seus usuários.
No Brasil o Serviço Social foi criado em meados de 1930, com o
desenvolvimento capitalista e a industrialização, houve um crescimento acentuado da
classe operária e consequentemente um aumento das desigualdades sociais e
explorações no trabalho, desta forma o serviço social veio para garantir que
principalmente as camadas menos favorecidas não tivessem restrição de seus direitos,
dando-lhes qualidade de vida.
A o reconhecimento profissional acontece entre 1930 a 1940 com recursos que
foram mobilizados pelo próprio estado e por instituições católicas, desta forma, junto
com o serviço social começam a crescer também instituições filantrópicas para auxiliar
os mais pobres em suas lutas de classe.
Desta forma, a escola realizava estágios para inserir seus formandos no mercado
de trabalho, desta forma em 1935 cria-se o departamento de Assistência Social, a
demanda por profissionais do Serviço Social era muito grande e profissionais já
graduados era lhe oferecidos funções de pesquisadores de questões sociais junto ao
Estado.
Em 1938, a escola passa a oferecer o curso para o sexo masculino para atender
ao estado, que para algumas demandas e funções tinham como preferência o sexo
masculino, como viagens, etc. Em 1940 é fundado o Instituto de Serviço Social pelos
graduados, que atendiam ao sexo masculino.
Estela de Faro funda em 1937 a segunda escola de Serviço Social, na cidade do
Rio de Janeiro que foi fundada junto com o curso que tinha como formação o núcleo
familiar do Instituto.
1939 é criada a primeira revista do pais e o CEAS ganha seu reconhecimento
como escola, e em 1940 o trabalho com as camadas mais desfavorecidas da sociedade é
priorizado e o CEAS cria três centros para atender famílias carentes e tais centros
servem também como estágios para as alunas de Serviço Social.
O trabalho com famílias carentes fica explicito em documento do Departamento
de Serviço Social de São Paulo, como sendo uma forma de estudo de famílias carentes
para se entender as questões sociais, dando-lhes amparo e proteção.
Em 1940 a estamparia Santa Rosália pede a indicação de um assistente social,
então desta forma é criado o Serviço Social da Industria, e com a crescente demanda dos
bens e serviços dos trabalhadores, o estado é pressionado a criar ações sociais,
assumindo assim um papel de atender as necessidades sociais da população.
Desta forma o Estado começa a implementar políticas sociais, exigindo uma
reorientação dos profissionais e ao mesmo tempo em que através da ênfase política os
profissionais passam a alcançar novos âmbitos, ampliando suas possibilidades de
trabalhando, saindo da esfera católica.
Em 1937 cria-se uma dualização quanto a previdência social para assegurar os
trabalhadores, garantindo assim uma proteção aos trabalhadores e contribuintes, desta
forma para as classes menos favorecidas são redefinidas no campo da proteção social,
ganhando desta forma mais proteção e assegurando mais qualidade de vida e as
instituições filantrópicas acabam por fazer o trabalho que o estado muitas vezes
negligencia, atender aos mais pobres.
O Estado começa a intervir nas questões sociais através das políticas públicas e o
empresário acaba adentrando ao espírito social e acaba por achar novos mecanismos,
tentando alcançar harmonia entre o trabalho e o capital.
Desta forma, em plena ditadura varguista, o governo cria a LBA (Legião
Brasileira de Assistência) em 1942, sendo a primeira instituição assistencial a nível
nacional, que tinham como objetivo atender as famílias de expedicionários brasileiros
que haviam servido na segunda guerra mundial, nesta mesma época são criados também
as instituições patronais (SESI, SENAIS, SESC) e após terminada a guerra a LBA passa
a atender a infância e a maternidade.
A profissão de Assistente Social acaba por ampliar suas áreas de ações,
assumindi um lugar em executar programas de ações sociais e políticas públicas, desta
forma o Estado acaba por impulsionar a formação de assistentes sociais, diversificando
a população em que se tem acesso e ampliando suas ações pois as políticas públicas
desenvolvidas pelo Estado encontram-se desfragmentadas.
Em 1949 o Serviço Social é reconhecido como profissão liberal pela portaria
nº35 de 19.04.1949, porém seu desempenho ainda está ligado de forma majoritária a
instituições privadas ou públicas, sendo responsável por implementar políticas sociais.
Mesmo após esse reconhecimento, o Serviço Social ainda está atrelado aos
princípios e valores morais da Igreja Católica, em 1947 acontece o I congresso de
Serviço Social, trazendo novas tendências e valorização da profissão e com fortes
influencias dos Estados Unidos e da ONU, a profissão passa a ter como incorporação a
teoria estrutural- funcionalista.
Em 1960, a profissão acaba por se questionar de seus referencias. Assumindo
uma posição política e histórica, assumindo um intenso movimento com profissionais,
intelectuais em defesa de que haja projetos que realmente transforme os âmbitos sociais.
Surge então o movimento de Reconceituação que impõe novos aspectos a
profissão, trazendo renovação profissionais, deste movimento surgiram muitas
vertentes, como: a vertente modernizadora que era caracterizada pela abordagem de
aspectos funcionalistas; vertente inspiradora que foi emergida da metodologia dialógica;
vertente marxista que era inspirada em Karl Marx e sua luta de classes, é nessa época
em que a profissão começa a questionar seu posicionamento na sociedade e busca uma
adaptação social.
A ditadura militar acaba por comprimir todos os direitos do indivíduo,
combatendo os direitos a greve e liberdade de organização, e entre 1960 e 1970 amplia-
se ainda mais a demanda por assistentes sociais e amplia-se a rede de serviços sociais.
Nos anos de 1980 a profissão passa a assumir uma nova posição ideológica, se
atrelando a teoria social de Marx, trazendo muitos debates acadêmicos, sobre os novos
referencias teóricos e os paradigmas do Serviço Social.
Em 1970, é implantando na PUCC- RJ E PUCC – SP mestrado em Serviço
Social, voltado para a formação de docentes e pesquisadores, desta forma amplia-se o
número de profissionais qualificados para ensinar e pesquisar e desta forma surge
parcerias até mesmo interacionais e o aumento da produção cientifica.
Em 1980 a 1990 começa a se observar a maturação da profissão, rompendo desta
forma com o tradicionalismo e com os dogmas católicos, porém esta ruptura não queria
dizer uma total desvinculação do tradicionalismo, pois até os dias de hoje encontramos
traços tradicionalistas na profissão, a maturação foi expressiva nos referencias
ideológicos e na democratização e consideráveis avanços na proteção social, como
ECA, SUS.
Hoje a incorporação de profissionais da Assistência Social vem desafiando
profissionais por todo o Brasil, enfrentando novos desafios, mudanças no curso,
convivendo com a pobreza e a violência.
O trabalho do Assistente Social hoje, acaba por ser contraditório, pela aceleração
e criação de novos âmbitos sociais, pois ainda hoje há muitos desafios para os
profissionais, a desigualdade social é grande, pobreza, problemas sociais, hoje temos
novas questões sociais e a afirmação da profissão é conseguir atuar nessas novas
questões, porém temos uma expansão em políticas sociais como a transferência de
renda. Hoje o Serviço Social se vê envolvido em questões de saúde, proteção dos
direitos da criança, proteção do idoso, defesa do adolescente, assistência a família e a
comunidade, muitos são os desafios, o assistente social deve estar preparado para lidar
com problemas no núcleo familiar, dependência química, exploração de crianças e
adolescentes, entre outros, é de suma importância esta profissão, pela sua luta pelos
direitos dos menos favorecidos, pela sua luta de classe e pela assistência aos que mais
necessitam.
Comentário: A história do Serviço Social brasileiro é muito vasta, cheia de
muitos desafios e lutas, passando por muitas alterações, tendo quase oitenta anos de
existência, os últimos trinta anos acabam por mostrar um grande amadurecimento na
profissão. A ditadura Militar é o marco do início de uma nova visão quanto a profissão,
apresentando-se mais madura e disposta a construir caminhos junto a classe menos
favorecida.
As transformações vividas na história dessa profissão, expõem desafios constantes,
ficando cada dia mais complexos, pois os assistentes em seu cotidiano, precisam
construir estratégias para conseguirem realizar com excelência o seu âmbito
profissional, desta forma um assistente social deve ter uma percepção crítica perante as
questões sociais para conseguir suprir as demandas sociais.
A influência marxista chega na profissão durante o movimento de renovação do
Serviço Social que se dá no contexto da autocracia burguesa, que toca o Serviço Social
em dois níveis: o prático e da formação profissional. Com o golpe de 1º de abril de 1964
dá início o cerceamento dos direitos civis e políticos da sociedade brasileira, com isso
para tentar se legitimar, o regime ditatorial, expande os direitos sociais, aumentando assim
demanda por profissionais do Serviço Social, criando um mercado nacional e novo que
legitima ainda mais o Serviço Social. Buscando uma maior qualificação para atender as
novas demandas impostas pelo ciclo autocrático burguês o curso de Serviço Social que
antes eram ofertados em Escolas, geralmente católicas, passam a ser ofertados por
Universidades. Fato que também é importante para o processo de renovação do Serviço
Social, pois, é com isso que o Serviço Social passa a ter contato com outras áreas de
conhecimento, com as ciências sociais, e passa a ter também contato com a massa crítica
e questionadora formada dentro das universidades com a aproximação do movimento
estudantil, além de intensificar o processo de laicização da profissão. Dentro desse
processo de renovação existiram três principais vertentes: A modernização conservadora (
que mais se adequava com regime autocrático burguês), a reatualização do
conservadorismo ( que foi a vertente que trouxe as formas mais tradicionais da profissão
de volta) e a intenção de ruptura ( que é a vertente hegemônica até os dias atuais). Sendo
assim o processo de renovação foi o conjunto de características novas que no marco das
constrições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à base do rearranjo de suas
tradições e da assunção do contributo de tendência de pensamento social contemporâneo,
procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação
prática, através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e de validação
teórica às teorias e disciplinas sociais.
É dentro da vertente de intenção de ruptura que o Serviço Social começa a se
aproximar da teoria marxista, essa corrente tem três momentos constitutivos como marcos
do seu surgimento, consolidação, e da sua aproximação com a teoria de Marx , sendo o
primeiro a emersão com a formulação do método BH, que foi um método formulado por
professores e estudantes da Universidade Católica de Minas Gerais, entre 1972 e 1975,
que trazia uma aproximação da dialética de Marx, mas nesse momento de emersão da
intenção de ruptura vão acontecer alguns equívocos como a confusão entre método de
conhecimento e método de intervenção trazido no próprio método BH, além do
militantíssimo que vai levar a negação dos espaços sócio ocupacionais e o marxismo sem
Marx, como se refere José Paulo Netto. O segundo momento vai ser a consolidação
acadêmica que se dá através da constituição de uma nova massa crítica no meio
acadêmico que polariza o debate profissional através do avanço na formulação de critico-
históricas mais abrangentes, sendo a Marilda Iamamoto uma das grandes responsáveis por
aproximar, sem confucionismo, o Serviço Social da obra marxiana. O terceiro momento é
o espraiamento, da vertente, para o conjunto da categoria profissional, onde a intenção de
ruptura assume plena cidadania no cenário do Serviço Social no Brasil. Teve como
marcos referenciais o método BH e o III CBAS ( congresso da virada), essa vertente se
caracterizou por pautar a ruptura com o tradicionalismo da profissão se sintonizando as
realidade sociopolíticas e ideoculturais da sociedade brasileira, foi a partir dessa vertente
que o Serviço Social assume seu compromisso com a classe trabalhadora e seu caráter
político. Principais influencias (autores marxistas) Durante o processo de conceituação do
Serviço Social no Brasil, que aconteceu durante a década de 60 em meio à ditadura
militar, surge um questionamento dentro da profissão sobre as atribuições dos assistentes
sociais. Essa inquietação levou os assistentes sociais a tentar definir qual a fundamentação
e o posicionamento teórico que o Serviço Social adotaria enquanto profissão e romper
com suas práticas tradicionais. É com o crescimento do debate sobre a produção
intelectual do Serviço Social brasileiro que se define de forma mais clara as vertentes
(modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção de ruptura) voltadas para a
teorização do curso. Cada uma dessas vertentes tem uma abordagem especifica e matrizes
diferenciadas (positivista, fenomenológica e marxista), porém a intenção de ruptura traz
um marxismo com grande pobreza teórica, “Marxismo sem Marx”, que mesmo com sua
deficiência abriu as portas para a teorização marxista no país. Durante os anos 80 o
Serviço Social procurou formar um novo projeto ideopolítico, que visava romper com
todas as matrizes conservadoras presentes até então. Neste contexto é importante salientar
a presença de alguns autores importantes como Lukács (filósofo húngaro que desenvolveu
seus trabalhos na linha da filosofia clássica alemã), Hobsawm (historiador marxista
britânico, membro do Partido Comunista Britânico que estudava o desenvolvimento das
tradições no contexto do Estado-nação), Thompson (historiador britânico marxista, que
produzia obras vinculadas as questões e aos discursos dos próprios trabalhadores), Heller
(sociologa hugara discipula de Lukács) e Gramsci (filósofo italiano, comunista que
desenvolveu trabalhos sobre a o Estado, a sociedade civil, e as ideias sobre teoria crítica e
educacional como a hegemonia cultural) que entre outros influenciaram várias produções
desta época, possibilitando novas reinterpretações das possibilidades da renovação crítica,
contribuindo assim para a elaboração do Código de ética profissional de 1986, que se
configurou como elemento significativo no processo de ruptura profissional, sobretudo,
nos aspectos político e teórico. Outros autores que influenciaram a conceituação do
Serviço Social no Brasil foram: Leila Lima dos Santos (que exerceu um papel importante
no método de B H. Após ser demitida da escola de Belo Horizonte onde era diretora, ela
atuou no Centro Latino Americano de Trabalho Social (CELATS) até a metade da década
de1980, lá ela fez algumas críticas ao metodo), Ana Maria Queiroga e Vicente de Paula
Faleiros (Dedicou-se a buscar referenciais críticos para a prática cotidiana dos assistentes
sociais analisando as relações entre dinâmica social e institucional e as correlações de
forças). Juntos elaboraram o “Método Belo Horizonte” (conhecido por “Método BH”)
que era um trabalho de crítica ao tradicionalismo. Apesar da repressão militar, essas
ideias de intenção de ruptura se desenvolveram na Escola de Serviço Social mineira da
Universidade Católica de Minas Gerais, entre 1972 a 1975.Também se deve ressaltar a
contribuição da Marilda Villela Iamamoto, que iniciou a sua carreira docente em Belo
Horizonte, mas foi interrompida pela repressão militar. Sua produção teórica influencia os
assistentes sociais e traz a tradição marxiana para a compreensão profissional do Serviço
Social, pois antes dela as pesquisas não eram feitas com base em fontes originais, mas em
autores que tratavam do marxismo, “o marxismo sem marx”, juntamente com Raul de
Carvalho eles produziram a obra publicada em 1985 intitulada “Relações Sociais e
Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica”.
Esta obra sinaliza a consolidação de um novo perfil intelectual dos assistentes
sociais, que com todo esse processo ora apresentado vai resultar na construção de um
novo projeto ético-político profissional, que está diretamente relacionado a um novo
projeto societário, propondo uma nova ordem social voltada à equidade e a justiça social,
numa perspectiva de universalização dos acessos aos bens e serviços relativos às políticas
sociais. Assim a profissão, através do influência desses autores e o seu desenvolvimento
que está baseada na concepção teórico-metodológicas crítica, passou a ter um
compromisso maior e eficaz com a classe trabalhadora.
Contribuições da crítica marxista para o Serviço Social brasileiro
A partir da segunda metade dos anos 60 do século XX, muitos estudantes e profissionais
de Serviço Social, estabeleceram seus primeiros contatos com o marxismo. Essa
aproximação ocorreu através dos movimentos sociais e de resistência à ditadura militar.
Situado no contexto do golpe de 1964, tal fato apresentou-se basicamente em três
momentos históricos que foram de extrema importância para o processo de construção do
Serviço Social no Brasil. São eles: A vertente modernizadora, assinalada pela abordagem
funcionalista, a vertente de reatualização do conservadorismo, de cunho fenomenológico,
e por fim a vertente de intenção de ruptura que tem como base o referencial marxista.
Vale ressaltar que ao longo desse processo, a compreensão da obra de Marx, foi feita de
formas distintas, onde nem sempre era possível encontrar total “fidelidade” à lógica do
autor, o que pode ser identificado como “Marxismo sem Marx”, de forma que o tripé que
sustenta sua obra (dialética materialista, antítese e síntese e a teoria valor trabalho) é
interpretado de forma pragmática e abreviada. Com tudo, é a partir desse referencial
escasso do ponto de vista teórico, que em um primeiro momento, a profissão começa a
questionar sua pratica institucional e seus objetivos enquanto profissão. O primeiro estudo
em nível de Serviço Social mais diretamente aprofundado nas contribuições marxistas foi
publicado na primeira metade dos anos 80 do século XX. Trata-se da obra “ Relações
Sociais e Serviço Social no Brasil”, da autoria da assistente social e professora Marilda
Vilela Iamamoto em parceria com Raul de Carvalho. A grande contribuição dessa obra
está na reabertura acerca da origem e da institucionalização do Serviço Social no Brasil,
sustentadas na proposta urbano-industrial impulsionada pelo Estado brasileiro a partir do
governo de Getúlio Vargas, na modernização do trabalho leigo católico e no
aprofundamento da questão social oriunda das contradições entre capital e trabalho
intensificadas em todo território nacional tendo por base o legado deixado pela economia
agrário-exportadora.
É possível identificar nesse estudo, não só a reafirmação da característica conservadora no
sentido de administrar os conflitos originados na relação capital-trabalho, onde participa
dos mecanismos de dominação e exploração, mas também pela capacidade de dar
resposta as necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora.
Foi sob o conteúdo deixado pela vertente “intenção de ruptura”, que a
aproximação entre o Serviço Social, e as produções de Marx se deram ao longo das
décadas de 80 e 90 do século XX até os dias atuais. Nesse período (décadas de 80 e 90), é
possível observar a ruptura com o tradicional conservadorismo, embora não seja possível
afirmar que o conservadorismo tenha sido superado no interior da categoria profissional.
Porém, a partir daí a pratica e a teoria começam a passar por constantes redefinições que
buscam desvencilhar-se do “compromisso” social historicamente estabelecido com os
interesses da ordem burguesa e direcionando-se na dimensão da classe trabalhadora.
Como consequência dessa “nova consciência”, o Serviço Social passa a levantar
questionamentos de âmbito: político, ideológico, cultura e econômico, o que possibilita o
desenvolvimento de um posicionamento crítico e investigativo. Pode ser afirmado que,
“(..) esse conjunto de mudanças pela maturidade teórica vem se refletindo nas ações
prático- operativas, permitindo a compreensão do Serviço Social na divisão societária do
trabalho e no encaminhamento de ações voltadas à ultrapassagem do discurso e da
denúncia, bem como na formulação de propostas efetivas no âmbito das políticas sociais e
práticas institucionais.” (Yazbek, 1999) De corrente disso, coloca-se como desafio ao
longo da década de 1990, a consolidação do projeto ético-político, teórico metodológico e
operativo, que além da influência marxista, vai agregando valores provenientes de outras
fontes e vertentes. Fato esse, que é pertinente visto o cenário imposto pelo modo de
produção capitalista, onde é necessário responder de maneira efetiva as demandas
originadas da classe trabalhadora. O projeto ético-político do Serviço Social atua num
campo onde encontram-se interesses distintos, num contexto de políticas sociais
regressivas no que diz respeito ao direito do trabalhador, onde o antagonismo de classes
destaca de maneira muito clara a lógica de exploração capitalista. A interlocução entre o
Serviço Social e a obra de Marx, acontece de maneira aceitável, pois trata-se de uma
relação que vem criticar de uma forma muito segura, as relações historicamente
estabelecidas entre o pensamento conservador e o exercício profissional dos assistentes
sociais.

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