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História Social e

Econômica Moderna
Marcia Marisa
Aula 7
História do tempo presente /
Micro e Macro História;
Formação dos Estados Modernos.
HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

• A história do tempo presente é um campo dos estudos


históricos voltado para a análise das rupturas e
permanências do Passado (1) no Presente (2).
(1) O Passado é contrastado com o presente: relaciona-se com
um aglomerado de eventos que aconteceram num certo ponto
do tempo, dentro do contínuo do espaço-tempo. Esta
concepção está relacionada com a teoria da relatividade de
Albert Einstein. O passado é objeto de vários campos como:
história, arqueologia, cronologia, geologia histórica,
linguística histórica, direito, paleontologia e cosmologia.
HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

(2) O Presente é um termo utilizado para designar o tempo do


agora, sendo o passado e o futuro ao mesmo tempo. Como o
tempo é algo que flui constantemente sem pausas, é
impossível marcar o presente já que a cada intervalo de tempo
que passa o presente vira passado. Assim, o presente é
constante e infinito.
O Passado e o Homem

• Os humanos gravaram o passado desde tempos longínquos.


Uma característica muito importante dos seres humanos é o
fato de eles conseguirem gravar o passado, recordá-lo,
mencioná-lo e confrontá-lo com o estado atual das coisas,
planejando e teorizando o Futuro.
O Passado e o Homem

• A ciência mexe em campos diferentes para descobrir os


conteúdos do Passado. Uma das perguntas que o homem
procura responder ao retornar ao passado é sua própria
origem e o nascimento do universo. As múltiplas teorias
não oferecem certezas e a origem do homem permanece
um mistério. Fatores físicos, substâncias químicas, espaço e
tempestades determinaram nosso presente, e a única certeza
que temos é a de que os fatos dados decorrem de tudo o
que aconteceu antes.
O Passado e o Homem (continuação)

• O que aconteceu no passado é de nosso conhecimento, pois a


informação foi transmitida através da escrita.
• Pela escrita, o homem preserva um conhecimento discreto do
passado.
• A história do homem e do mundo revela uma raça animal
inteligente que dominou o planeta Terra.
• O presente planetário foi causado e determinado pelas ações
passadas da humanidade, além das erosões, dos
envelhecimentos e dos movimentos da terra.
• O presente universal é causado e determinado pelo movimento
cósmico.
História ou Idade Contemporânea

• A História ou Idade Contemporânea, também chamada de


Contemporaneidade, é o período atual da história ocidental,
cujo início remonta à Revolução Francesa (1789).
• Desde os seus primórdios, é marcada pelo iluminismo,
corrente filosófica que defende o primado da razão e o
desenvolvimento da ciência como garantia de progresso
civilizatório para a humanidade.
• A Contemporaneidade distingue-se pelo desenvolvimento e
consolidação do capitalismo no ocidente e, consequentemente,
pelas disputas das grandes potências europeias por territórios,
matérias primas e mercados consumidores.
História ou Idade Contemporânea
(continuação)
• Após as duas grandes guerras mundiais, o ceticismo abala a
crença iluminista de progresso da civilização, aumentando a
percepção de que nações consideradas tão avançadas e
instruídas eram de fato capazes de cometer atrocidades dignas
de bárbaros.
• Daí, decorre o conceito de que a classificação de nações mais
desenvolvidas e nações menos desenvolvidas, ou
subdesenvolvidas, têm limitações de aplicação.
• Atualmente, há uma especulação a respeito de quando essa era
irá acabar e a respeito da validade do modelo europeu de
divisão histórica.
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE

Século XVIII
• Revolução Francesa;
• Guerras Napoleônicas;
• Revolução Industrial.
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE

Século XIX
• Independência da América • Guerras do Ópio;
Espanhola; • Neocolonialismo;
• Independência do Brasil; • Neoimperialismo;
• Restauração (Europa);
• Revolução Haitiana;
• Primavera dos Povos;
• Manifesto Comunista;
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE
(continuação)
Século XIX (continuação) • Unificação da Alemanha;
• Conferência de Berlim; • Comuna de Paris;
• Partilha da África; • Revolta de Haymarket;
• Guerra Civil dos Estados • Guerra Franco-Prussiana.
Unidos da América;
• Rebelião Taiping;
• Restauração Meiji;
• Unificação da Itália;
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE
(continuação)
Século XX
• Belle Époque; • Comunismo;
• Revolução Mexicana; • Assassinatos em massa
sob regimes comunistas;
• Revolução Xinhai;
• Fascismo;
• Primeira Guerra Mundial;
• Nazismo;
• Revolução Russa;
• Guerra Civil Espanhola;
• Crise de 1929;
• Segunda Guerra Mundial;
• Modernismo;
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE
(continuação)
Século XX (continuação)
• Holocausto; • Guerra Fria;
• Conflito árabe-israelense; • Dissolução da URSS;
• Guerra Civil Chinesa; • Descomunização;
• Descolonização da África; • Lustração;
• Descolonização da Ásia e • Consolidação e expansão
da Oceania; da União Europeia;
• Revolução Cubana; • Globalização.
LINHA DO TEMPO DA CONTEMPORANEIDADE
(continuação)
Século XXI

 Atentados de 11 de setembro;  Guerra ao Terror;

• Revolução Digital; • Grande Recessão;

• Crise migratória na Europa;


• Primavera Árabe;
• Eurasianismo.
Micro História

• A história, por muito tempo, deu ênfase aos grandes


heróis e, para alguns historiadores, essa história era vista
de cima para baixo, sendo que os grandes eventos
ocultavam personagens que também possuíam papel de
destaque.
• Essa história, conhecida pelo seu caráter positivista por
ausentar importantes agentes históricos nas páginas dos
livros, vem sendo superada desde o surgimento da Escola
dos Annales.
Micro História

• Carlo Ginzburg e Giovanni Levi são historiadores que


contribuíram para romper com a abordagem tradicional
da história. A partir deles, os historiadores tiveram a
preocupação em analisar os fatos históricos dando
importância também aos agentes tidos, até então, como
figurantes.
Micro História (continuação)

• A Micro História mostra que, dentro da Revolução


Francesa, existiu um determinado camponês importante
dentro do processo de desencadeamento desse fato
histórico. Ou seja, os historiadores da Micro História
ressaltam que não foi somente Napoleão Bonaparte o
“grande herói” desse acontecimento na França.
Micro História (continuação)

• Outro exemplo é o caso da Segunda Guerra Mundial.


Durante esse evento histórico, nomes como Hitler e
Mussolini tornaram-se protagonistas em livros e teses nas
universidades. Porém, após o surgimento da Micro
História, o historiador pôde narrar a Segunda Guerra
Mundial sob a visão de um soldado kamikaze japonês, que
possuía uma visão interna dos pequenos detalhes da guerra.
Assim, o leitor teve acesso a fatos curiosos e interessantes
que, antes da Micro História, dificilmente seriam relatados
nos livros.
Característica da Micro História

• A principal característica da Micro História é analisar os


marginalizados da história: aquele soldado de uma grande
guerra, um determinado policial durante a ditadura militar,
ou a história de uma mulher durante uma greve trabalhista
na Revolução Industrial.
Característica da Micro História

• Para Arruda (2015): “a constatação final a que essa permite


chegar é a de que o panorama no qual a Micro História se
desenvolveu foi marcado por uma série de acontecimentos
externos que tiveram reflexo no campo interno da história;
mas, que, ao mesmo tempo, havia limites internos que se
apresentavam ao ofício e que exigiam uma reflexão mais
pontual e da qual a redução de escala, em nível internacional,
parece ter sido uma saída no momento, não sendo, portanto,
uma manifestação específica da Itália, tão pouco da França,
mas uma resposta que parece ser fruto tanto dos limites
históricos quanto dos limites epistemológicos e da ampliação
dos debates”.
Escola dos Annales

• De acordo com Fernandes (2018): “quando há um grupo de


historiadores, ou mesmo duas ou três gerações de
historiadores que trabalham em torno de uma instituição
específica, tal como uma universidade ou uma revista
universitária especializada, escrevendo sobre temas afins e
com um tipo de abordagem que esteja em sintonia, dá-se a
esse grupo o nome de escola histórica ou escola de
historiografia”.
• No século XX, uma das mais notáveis escolas históricas foi
a chamada Escola dos Annales, cuja atividade começou
em 1929.
Escola dos Annales (continuação)

• Tal nome — Escola dos Annales – ficou conhecido, porque


o grupo se organizou em torno do periódico francês
Annales d’histoire économique et sociale, em português
Anais de história econômica e social, no qual eram
publicados seus principais trabalhos.
• Os dois principais nomes da fundação desse periódico são
Lucien Febvre e Marc Bloch, que tinham como objetivos
principais o combate ao positivismo histórico e o
desenvolvimento de um tipo de História que levasse em
consideração o acréscimo de novas fontes à pesquisa
histórica e realizasse um novo tipo de abordagem.
Escola dos Annales (continuação)

• Fernand Braudel também ficou conhecido, na década de


1940, por desenvolver um tipo de História mesclada com a
Geografia, que levava em conta grandes estruturas
temporais, denominadas por ele de “longa duração”.
• Outro exemplo é o especialista em história medieval
Jacques Le Goff, que, junto a outros historiadores herdeiros
dos Annales, como Pierre Nora, organizou o que ficou
conhecido como História Nova: tipo de História que
alargava ainda mais as possibilidades de pesquisas abertas
pela Escola dos Annales.
História das Mentalidades

• A história é uma disciplina que atravessou, desde o seu


processo de institucionalização como ciência, no século
XIX, inúmeras reformulações, revisões e batalhas teóricas.
• Como vimos anteriormente, na primeira metade do século
XX, entre os historiadores franceses, ocorreu uma
revolução metodológica: a Escola dos Annales, a qual foi o
carro-chefe dessa revolução e por meio da qual nasceu um
dos mais importantes ramos da historiografia do século
XX: a história das mentalidades.
História das Mentalidades

• Muitas camadas do desenvolvimento histórico da


humanidade não sofriam transformações rápidas e nítidas
como outras. Desta forma, as estruturas políticas e sociais
seriam as primeiras nas quais se poderia verificar mudanças
substantivas, enquanto certos comportamentos e formas de
pensamento demorariam significativamente mais para
sofrer alterações.
História das Mentalidades (continuação)

• Assim, pensamentos, ideias, ideologias, segmentos morais,


atmosferas de compreensão científica, entre outros estariam
dentro da esfera das mentalidades, isto é, seriam formas
duradouras de pensamento que caracterizam longos
espaços de tempo.
• Parte dos fundamentos da psicologia moderna,
desenvolvida na virada do século XIX para o século XX,
ajudou Lucien Febvre (1878-1956) a assentar suas teses
sobre a história das mentalidades.
História das Mentalidades (continuação)

• De acordo com Fernandes (2018), “sob influência da


psicologia de Charles Blondel e Henri Wallon, Febvre lança
o que se pode chamar de manifesto da história das
mentalidades, com a publicação, em 1938, do artigo
intitulado “La Phsychologie et L'Histoire” (“A Psicologia da
história”), no tomo VIII da Encyclopédie Française; depois,
em 1941, em Annales d'Histoire Social, um outro artigo,
intitulado “La Sensibilité dans l'Histoire” (“A sensibilidade
na História”), ambos encontrados nos Combates pela
História. Os dois textos dão algumas pistas do que seria o
método de se fazer história das mentalidades”.
Macro História

• Segundo Ravel (2010), no decorrer dos anos de 1990 e


funcionando como um efeito de balanço, a área de história
global pareceu voltar ao primeiro plano, com uma
diversidade de proposições cujos títulos podiam ser
diferentes: World History, Global History, Connected
Histories, Histoires Croisées, até uma Big History, cujos
pressupostos metodológicos e programas não correspondiam
exatamente entre si, mas que tinham em comum o fato de
reivindicar a necessidade de levar em conta os fenômenos
maciços, as longas durações, os espaços vastos.
Macro História

• Então, entende-se a Macro História como um método


histórico, que possui o objetivo de identificar as tendências
gerais ou de longo prazo na história. Tal método está,
normalmente, associado às tradições científicas
estruturalistas, uma vez que esse tipo de análise tem como
principal alternativa metodológica a análise de Micro
História, associada a um gênero historiográfico que põe em
foco recortes específicos de eventos e acontecimentos para
uma compreensão mais densa e profunda em pequena escala.
Macro História (continuação)

• A Macro História seria formada por fatos marcantes que


alteram fortemente nossa maneira de sobrevivência no
planeta. Assim, alterar substancialmente a sobrevivência e o
cumprimento de nossas necessidades básicas afeta a Macro
História: aumento da população, grandes fenômenos naturais
como a queda de um meteorito, algumas bombas atômicas,
mudanças radicais no clima, a visita de Ets, etc.
Macro História (continuação)

• Os movimentos macros criam demandas, tendências, para a


Micro História resolver com ações individuais e coletivas.
Suponhamos que o rápido e acelerado crescimento da
população de um para sete bilhões nos últimos 200 anos
alterou bastante o panorama da civilização. Esta situação
caracteriza um fenômeno Macro Histórico, pois, depois de
estabelecido, algumas mudanças ocorrerão independente da
nossa vontade.
Macro História (continuação)

• Há demandas a serem atendidas sem apelação, sem


possibilidade de serem alteradas. Todos acordamos com
fome e queremos comer; mesmo com as diferenças regionais
e de poder aquisitivo entre as populações, de maneira geral,
amplia-se o problema consumo, que fica mais complexo.
Introdução Sobre o Estado Moderno

• O Estado Moderno foi uma organização política,


econômica e social que garantiu o desenvolvimento da
Espanha, da Inglaterra, da França, de Portugal e,
posteriormente, da Itália, após a fragmentação do período
feudal.
• Nasceu no século XV, com o desenvolvimento do
capitalismo mercantil naqueles quatro países, e passou por
quatro fases principais: o estado moderno, o estado liberal,
a crise no estado liberal e o estado democrático liberal.
Introdução Sobre o Estado Moderno

• A primeira metade do século XV evidenciou, como causa


principal, as revoltas dos camponeses e a evolução do
comércio na Europa. Passava-se a exigir, por parte da
burguesia, a garantia de uma possível evolução social,
econômica e também política.
• Surge, a partir de então, a necessidade de um governo
estável que tivesse a centralização dos serviços à
população.
• Outro importante fator de reivindicação dos burgueses era a
diminuição dos elevados impostos sobre as mercadorias,
além da diversidade de moedas existentes no período.
Introdução Sobre o Estado Moderno (continuação)

• Foram necessários, entretanto, três séculos para que o


Estado Moderno pudesse se estabelecer, o que ocorreu por
meio da centralização do poder na monarquia, denominada
absolutismo monárquico. A partir daí começou o
desenvolvimento das forças armadas, bem como a
estruturação da cobrança de impostos e a estruturação
jurídica. Nesse período, houve ainda a formação da
infraestrutura que viria a permitir a máquina pública,
tornando possível o surgimento do corpo burocrático.
Formação dos Estados Modernos

• Portugal foi o primeiro reino a usar o modelo de Estado


Moderno, centralizando a política em decorrência das
campanhas militares da Guerra da Reconquista. Entretanto,
foi com a Revolução de Avis que o Estado Moderno se
consolidou no país, no ano de 1385, quando, com apoio da
burguesia, o Mestre de Avis, Dom João, venceu Dona
Leonor Teler, detentora do apoio da nobreza portuguesa.
Dom João foi, então, coroado rei de Portugal,
acontecimento decisivo para a expansão marítima europeia.
Formação dos Estados Modernos

• A formação do Estado Moderno na Espanha também


ocorreu a partir da Guerra da Reconquista, bem como em
decorrência da união dos reinos de Aragão e Castela, no
ano de 1469. Tal consolidação, entretanto, aconteceu vários
anos depois, em 1492, quando os mouros foram expulsos
de Granada.
Formação dos Estados Modernos
(continuação)
• Na França, Filipe Augusto, Luís IX e Filipe, o Belo, deram
início à centralização política nos séculos XIII e XIV. Com a
Guerra dos Cem Anos, o nacionalismo francês foi reforçado
por meio da figura de Joana d’Arc, primeira heroína da
França como nação. As guerras religiosas do século XVI
prejudicaram a economia e a política francesas e, em 1598,
com o Edito de Nantes, que dera liberdade de culto aos
protestantes, o rei Henrique IV torna-se forte perante a
nobreza.
Formação dos Estados Modernos
(continuação)
• A centralização política da Inglaterra teve início no século
XII com Henrique II e terminou em 1485 (século XV) com a
Guerra das Duas Rosas, quando Henrique VII subiu ao
trono. No caso inglês, a monarquia teve uma tendência mais
moderada, pois, desde o princípio, a burguesia adquiriu
maior importância e ascendeu socialmente. A Magna Carta
(1215), imposta ao rei João Sem Terra, serviu para controlar
os excessos reais ao dividir o poder do monarca com o
parlamento.
Formação dos Estados Modernos
(continuação)
• Foi na Itália que surgiu o primeiro teórico a refletir sobre a
formação dos Estados Modernos: Nicolau Maquiavel, que,
no início de 1500, afirmou que os Estados Modernos
fundam-se na força.
• Entre as características do Estado Moderno estão:
o Soberania do Estado: não permite que sua autoridade
dependa de nenhuma outra autoridade;
o Território: espaço geográfico que delimita a ação do
Estado;
Formação dos Estados Modernos
(continuação)
o Povo (nacional): pessoas que possuem vínculo jurídico
com o Estado;
o Governo: em um sentindo amplo, este termo era usado
como sinônimo de Estado. No sentido restrito,
corresponde às pessoas que estão no poder executivo do
Estado, ou seja os governantes;
o Distinção entre Estado e Sociedade Civil: evidencia-se
com a ascensão da burguesia no séc. XVII.
Características Gerais do Estado Moderno

• Burocracia administrativa: no início da Idade Moderna, a


burocracia era o grupo de funcionários que exercia cargos na
administração pública e cumpria as ordens dos governantes.
Com a crise do feudalismo, os cargos mais elevados passam
a ser ocupados pela nobreza próxima ao rei e pelos
burgueses mais ricos, que conseguiam comprar títulos de
nobreza.
Características Gerais do Estado Moderno

• Tropas permanentes: foram criadas forças militares do


Estado, como o exército, a marinha e a polícia, que estavam
sempre alerta para manter a ordem interna e defender o
Estado contra possíveis inimigos estrangeiros. Tais forças
militares, que antes obedeciam a cada senhor feudal,
deixaram de existir.
• Unificação das leis e da aplicação da justiça: o governo
monárquico criava leis e as aplicava em todo o território sob
seu domínio do reino.
Características Gerais do Estado Moderno

• Unificação do sistema tributário: manter a burocracia, as


tropas e a justiça custava caro, por isso, os governos criaram
impostos, taxas e tributos obrigatórios em todo o território
para financiar seus gastos. Muitos reinos, nobres e membros
do alto clero, no entanto, continuavam isentos desse
pagamento.
Surgimento das Duas Formas do Estado Moderno

• Enfoque Liberal: constitui-se numa interpretação feita pela


burguesia nos diferentes momentos do desenvolvimento do
capitalismo. Esse enfoque nos mostra que o Estado tem por
objetivo a realização do bem comum e do que é neutro; e,
por ser uma instituição política, está acima dos interesses das
classes sociais e é responsável pelo aperfeiçoamento do
corpo social no seu conjunto.
Surgimento das Duas Formas do Estado Moderno

• Enfoque Marxista: fundamenta-se na existência de uma


sociedade de classe na qual os interesses são antagônicos, o
que inviabiliza a realização do bem comum e a neutralização
do Estado. Sob esse enfoque, o Estado é uma instituição
política controlada por uma classe social dominante e
representa o predomínio dos interesses dessa classe sobre o
conjunto da sociedade, embora esses interesses se
apresentem como universais, de toda a sociedade. O enfoque
marxista foi constituído em cima de uma crítica ao enfoque
liberal de Estado.
Concepção Liberal do Estado

• As transformações ocorridas nos séculos XIV, XV e XVI,


por meio do advento do capitalismo mercantil e da
superação do modo de produção feudal, ocasiona a
redefinição do Estado.
• As mudanças foram profundas nessa nova sociedade, e o
Estado precisou se tornar forte e centralizado. Inicialmente,
surgiu o Estado Absolutista e, em seguida, o Estado
Liberal.
Concepção Liberal do Estado

• O Estado Absolutista era defendido por Thomas Hobbes –


grande representante teórico. Sua teoria procurava as
origens no Estado, sua razão de ser, sua finalidade; somente
o Estado, um poder acima das individualidades, garantiria
segurança a todos.
• O egoísmo, a crueldade e a ambição, próprios de cada
homem, gerariam uma luta sem fim, levando-os à
destruição. Percebendo que desta forma seriam destruídos,
os homens fazem um pacto, um contrato, que impede a sua
ruína e garante o bem geral.
Concepção Liberal do Estado (continuação)

• Com esse contrato, criou-se um Estado Absoluto, de poder


absoluto.
• John Locke é o teórico da Revolução Liberal inglesa e
afirma que o homem é livre no estado natural; porém,
temendo que um homem tentasse submeter o outro a seu
poder absoluto, os homens delegaram poderes a um Estado,
por meio de um contrato social, que assegurasse seus direitos
naturais, assim como a sua propriedade. Ainda, para ele, o
Estado pode ser feito e desfeito como qualquer contrato, caso
o acordo não seja respeitado.
Concepção Liberal do Estado (continuação)

• Para Jean-Jacques Rousseau, fundador da concepção


democrática da sociedade civil, a sociedade também nasce
por um contrato social, no qual os homens não podem
renunciar aos princípios da liberdade e igualdade. O contrato
constitui somente a sociedade, ao povo pertence a soberania.
Ele ressalta que não há liberdade onde não existe igualdade e
vê, no surgimento da propriedade, a origem de todos os
males da humanidade.
O Estado Absolutista e o Estado Liberal

• O absolutismo é a primeira forma de Estado moderno, e a


formação dos Estados absolutistas aconteceu de diferentes
maneiras nos países europeus. Fortes conflitos entre países,
entre burguesia e aristocracia, entre católicos e protestantes,
entre camponeses e senhores, e entre Estado e sociedade
civil marcaram a constituição do mundo capitalista. Em
pouco tempo, quase toda a Europa era absolutista, sendo a
nação francesa aquela que vivenciou o absolutismo em sua
forma mais plena. O principal símbolo do absolutismo na
Europa foi a centralização do poder real.
O Estado Absolutista e o Estado Liberal

• O Estado Liberal se apresenta como desdobramento lógico


da separação entre o público e o privado, ou pessoal. A
revolução da burguesia transformou radicalmente a
sociedade feudal na Europa, exigindo uma nova forma de
Estado que rompeu com a ordem hierárquica das
corporações, dos laços sanguíneos e dos privilégios, criando
uma estrutura de poder político capaz de manter e ampliar
suas conquistas. Em 1787, foi aprovada a primeira
constituição liberal, que tinha como princípios a liberdade, a
igualdade e a fraternidade, lema da Revolução Francesa, de
1789.
Referências bibliográficas:

ARRUDA, Fábio Luiz. A história, a micro História e a


descontinuidade. Revista Eletrônica História em Reflexão,
v. 9 n. 18 – UFGD - Universidade Federal da Grande
Dourados, jul./dez. 2015
SANTOS, Fabrício. Micro História. Disponível em:
https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/o-
que-e-micro-historia.htm. Acesso em: nov. 2018.
FERNANDES, Claudio. Escola dos Annales. Disponível em:
https://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/escola-dos-
annales.htm. Acesso em: nov. 2018.
REVEL, Jacques. Micro História, Macro História: o que as
variações de escala ajudam a pensar em um mundo
globalizado. Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales,
Paris. Tradução Anne-Marie Milon de Oliveira; Verificação
Técnica José G. Gondra. Revista Brasileira de Educação, v.
15 n. 45, set./dez. 2010.

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