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SUPERINTENDÊNCIA DE ENSINO
COORDENADORIA DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA NAVAL - HNV
DISCIPLINA DE HISTÓRIA NAVAL - HNV
GRUPO 5:
IM-405 ASSIS;
IM-411 LUCAS MIRANDA;
IM-417 HOTTZ;
IM-423 SOARES COSTA;e
IM-429 MACIEL.
RIO DE JANEIRO,
2021
SCHAUB, Jean-Frédéric1. A Europa da Expansão medieval (Séc. XIII a XV). In:
FRAGOSO, João Luís. GOUVÊA, Maria de Fátima. O Brasil Colonial. Vol. 1. 1 ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017, p. 84-95.
Quando o autor faz referência à expressão de Le Goff, ele traz uma análise complexa
ao seu texto, pois com o período de descobrimento os Europeus deixam de ser medievais. As
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Jean-Frédéric Schaub nasceu em Paris em 1963. É Doutor em História da École des Hautes Études de Paris e é
Professor Titular nessa Universidade em Ciências Sociais. Eleito professor da EHESS em 1996, integrou o grupo
de investigação hispânica liderado por Bernard Vincent no Centro de Investigação Histórica, assumindo a
gestão do Centro de Estudos Portugueses. Em 2004, foi eleito diretor de estudos que chamou de "A Instituição
das Autoridades. Histórias comparativas ”. Ingressou no American Worlds Laboratory e no Center for Research
on Colonial and Contemporary Brazil em 2011 e atua no conselho do laboratório desde 2012. A partir de
janeiro de 2014, é co-responsável com Aliocha Maldavsky (ESNA-Paris Ouest) do eixo 4 do laboratório
"Abordagens sociopolíticas ao fato colonial e imperial: instituições, processos, transformações". A sua
investigação centra-se nos processos de mudança ocorridos nas estruturas políticas da Europa Ocidental nos
tempos modernos, a partir dos casos dos países ibéricos. O ponto de partida de toda a sua obra foi a crítica da
historiografia política, da qual foi pioneira António Manuel Hespanha.
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crenças de que a linha do horizonte era um abismo, o mar era repleto de criaturas místicas
começam a mudar. Eles conseguiram desbravar esse medo e chegar ao outro continente.
Entram em contato com outros povos e outras regiões até então desconhecidos. Entretanto, ao
mesmo tempo que em 1500 está muito próximo da queda de Constantinopla, não pode ainda
ser dito que o povo Europeu deixou por completo suas características medievais. Portanto, os
europeus estão em um processo de transição entre ser e deixar de ser medieval. Para provar
isso o autor faz contrapontos de fatos históricos que no imaginário popular é puramente
medieval com outro fato que é mais avançado, do período moderno, pós Idade Média.
Ninguém associa as navegações ao período medieval, porém quando o autor mostra que o
contato dos marinheiros genoveses e portugueses com o arquipélago das Canárias aconteceu
dezesseis anos antes do início da guerra dos cem anos, que é um fato histórico puramente
medieval ou quando ele cita que a Navegação Oceânica do Atlântico Norte conduziu os
portugueses a ilha da madeira, aconteceu treze anos antes da execução de Joana d’Arc que foi
um período puramente medieval. O autor constrói o pensamento que não houve uma ruptura
abrupta entre a Idade Média e a Idade Moderna. O processo foi gradual e, nesse momento,
tinha-se características do período medieval e do período moderno ocorrendo
concomitantemente. Assim, de um lado está a tomada da Ilha da Madeira e do outro – treze
anos depois – a execução de Joana D’Arc. Desenhando, portanto, a grande pergunta: o
pensamento medieval influenciou o processo de colonização Europeu? E de que maneira?
A Igreja passa então a tolerar comunidades não cristãs, como é o caso dos
mulçumanos após a conquista dos territórios na Sicília. Os fiéis da Lei Mosaica, lei
proveniente de Moisés, dissertam sobre a reconciliação com Deus através de Cristo, porém
essa vida religiosa se dá através de um monitoramento constante da Igreja Romana, que deixa
explícito o que é permitido e o que não é permitido. Nessa perspectiva pode-se notar que há
uma concorrência pelo comando da sociedade, principalmente entre o Papado e os Monarcas,
disputando pela maior influência no controle da sociedade.
Apesar dessa extrema expansão social e territorial da Igreja, os últimos três séculos da
Idade Média podem ser considerados como um período de retração territorial da fé cristã
devido a inúmeras invasões territoriais por povos adjacentes. O que acaba gerando uma perda
substancial do controle absoluto da Igreja sobre o modo de vida dos indivíduos.
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Os séculos XII e XIV foram intensos ao apresentar-se de um modo tão incisivo na
jornada política e religiosa, marcado, principalmente, pelo avanço mongol na Ásia Central
que ameaçou a hegemonia islâmica. A Igreja tentou até mesmo uma aliança com os mongóis,
porém essa aliança não se estabeleceu e. posteriormente, o islamismo prevaleceu nessas
terras. A necessidade da sobreposição ao mundo islâmico por parte da Igreja se dá na
manutenção do controle das rotas ocidentais exploradas pelo navegador Cristóvão Colombo.
O autor também busca explicar esse fenômeno pelo âmbito religioso e político. Para
justificar o primeiro, diz que o apetite de deslocamento corresponde a dados culturais e
espirituais, mostrando que de um lado a viagem empreendida pelo fiel é uma reiteração da
concepção da vida terrestre, como caminho que conduz a outra vida, e do outro, revelando
uma característica única da experiência europeia cristã, que além de ser privada de uma língua
sacra, também não tem um lugar santo como Jerusalém, com exceção dos dois séculos os
quais a igreja manteve sobre seu controle esta cidade por meio das cruzadas. Porém, o autor
faz uma comparação ao islã, que exerce domínio sobre seus lugares santos e mesmo assim
busca expandir seu território, com isso, ele mostra que os motivos da expansão vão além dos
religiosos.
Atitudes que podem ser consideradas como uma forma de acordo político para ampliar
a influência de famílias da alta aristocracia são mencionadas pelo autor. Ele usa como
exemplo o sistema de alianças matrimoniais. Esse sistema tinha, além de tudo, o objetivo de
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ampliar a distância que uma família poderia exercer sua influência pois, apesar de as cortes
reais serem itinerantes, seu deslocamento tinha um raio limitado. O autor também dá exemplo
das ordens militares que ficaram como herdeiras das cruzadas do século XII, as quais
tornavam seguras a prática de peregrinação e, “coincidentemente”, as rotas comercias da
altura das altas planícies de Castela até a ilha de Chipre.
Apesar de todo o esforço dos poderosos de expandir seu território e suas áreas de
influência, tanto a peregrinação quanto as cruzadas dão exemplos que a circulação para
lugares distantes não foi privilégio dos mais poderosos. Houve, por exemplo, políticas
voluntárias de povoamento para os territórios os quais determinadas nações se expandiram, e
nesses movimentos os camponeses e lavradores eram os voluntariados. Com isso, o autor
busca mostrar que a movimentação das populações não envolveu apenas alguns
representantes das classes mais altas da sociedade, mas também pessoas comuns que compõe
as classes mais baixas da mesma.
“Naturalmente, não é por acaso que os reis e papas citados com mais frequência (a propósito
da perseguição) são os que mais firmemente se identificaram com uma inovação vigorosa e
imaginosa nas artes de governo” (SCHAUB apud MOORE, p. 92, 2014)
Esse cenário foi àquele responsável pelo contexto do desenvolvimento das Grandes
Navegações e a dinâmica social do ambiente colonial do Novo Mundo. As relações medievais
cruzam o estereótipo de uma ausência de diálogos entre o que é moderno e o que é dito como
“Idade das Trevas”, inserindo-se na formação das sociedades crioulas e mestiças não mais
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num contexto de imobilidade e segregação de classes. A redescoberta dos tempos medievos
mostram que essas sociedades apresentavam contextos dicotômicos socioculturais que
imperavam ao mesmo tempo, sendo traduzidos pela intolerância crescente entre diferentes
povos e também por relações extraconjugais e comerciais entre os mesmos.
Merece destaque, ainda, o papel das ordens de cavalaria que formavam a elite militar
dos reinos europeus na organização e cristianização da vida social nos territórios europeus. A
atuação da ordem teutônica foi importante nesse sentido, garantindo ao rei da Hungria à
Transilvânia durante algum tempo, bem como a conquista da Prússia pagã a pedido do Duque
polonês Conrado de Mazóvia. Entretanto, o movimento de expansão dos ducados, condados e
reinados modifica todo o panorama das heranças políticas dos reinados europeus. Com isso,
das quinze monarquias reais, cinco são da casa de Capeto e sete descendem diretamente do
reinado francês ou da Lotaríngia e Borgonha. Isso mostra uma concentração de coroas nas
principais “casas” das nobrezas europeias até que a dominação Habsburga herde, por Carlos
V, grande parte do continente, formando o Sacro Império Romano Germânico. Corroborando
essa ideia, Schaub aponta que:
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Desse modo, o surgimento das famílias de senhores anglo-normandos com mulheres
irlandesas formando uma população chamada “Old English” é espelhado pelo fenômeno da
América ibérica conhecido como crioulização e hibridização. Com o tempo, a vinculação ao
país de origem vai sendo cortado, gerando uma nova aristocracia que não se identifica com
sua descendência. Parafraseando o autor, é inevitável a mestiçagem. Processos como a
evolução das línguas e a formação de categorias raciais mostram também essa constatação,
sendo observado nas zonas colonizadas um plurilinguismo peculiar explicitado, por exemplo,
na produção literária.