O documento discute a história do serviço social na América Latina, destacando que: (1) A primeira escola de serviço social surgiu no Chile em 1925, influenciada pela Europa, mas adaptada à realidade chilena; (2) A Igreja Católica teve forte influência na criação das primeiras escolas, visando controlar os movimentos populares; (3) As escolas iniciais surgiram ligadas ao Estado e Igreja, com objetivo de formar profissionais que atendessem às demandas do capitalismo e mantivessem a ordem social
O documento discute a história do serviço social na América Latina, destacando que: (1) A primeira escola de serviço social surgiu no Chile em 1925, influenciada pela Europa, mas adaptada à realidade chilena; (2) A Igreja Católica teve forte influência na criação das primeiras escolas, visando controlar os movimentos populares; (3) As escolas iniciais surgiram ligadas ao Estado e Igreja, com objetivo de formar profissionais que atendessem às demandas do capitalismo e mantivessem a ordem social
O documento discute a história do serviço social na América Latina, destacando que: (1) A primeira escola de serviço social surgiu no Chile em 1925, influenciada pela Europa, mas adaptada à realidade chilena; (2) A Igreja Católica teve forte influência na criação das primeiras escolas, visando controlar os movimentos populares; (3) As escolas iniciais surgiram ligadas ao Estado e Igreja, com objetivo de formar profissionais que atendessem às demandas do capitalismo e mantivessem a ordem social
O Livro do professor Manrique inicialmente apresenta algumas perguntas centrais a
respeito do Serviço social: Quando surge a profissão no continente latino-americano? Que elementos estão presentes em sua gênese? Que mudanças ocorrem durante o desenvolvimento da profissão? Como o Serviço Social se define em nosso continente? Partindo da compreensão do surgimento do Serviço social, Ander egg vai identificar que a primeira escola de Serviço social surge em 1925, em caráter de profissão, tendo forte influência da Europa e passa assim ser um reflexo desta. Porém, Manrique vai apontar que mesmo o Serviço social tendo influência da Europa, esta não surge apenas dessa influência, pois o Chile tem suas particularidades, ou seja, sua própria realidade. Já Barreix, afirma que a primeira escola de Serviço social, surge em 1925 no Chile, fundada por Alejandro Del Río; porém surge como uma subprofissão, ou seja, como um auxiliar aos médicos. Contudo, Manrique vai dizer que a fundação, no Chile, em 1925, de uma escola de Serviço social inaugura uma etapa nova dentro da profissão e não o surgimento do Serviço social. Isso é desvincular o conjunto de determinações que contextualizam e viabilizam o surgimento do Serviço social, isto é, existe um contexto de surgimento do Serviço social na América Latina. Sendo assim, quais os elementos contextuais que o Serviço social se profissionaliza? É fundamental apresentar as condições que contextualizaram a criação da primeira escola de Serviço social, acentuando o ritmo do desenvolvimento do capitalismo chileno, que já no último quartel do século XIX, mostrava seus primeiros indícios industriais, ou seja, o chile como qualquer outro país vivenciou o processo de industrialização do capitalismo, um sistema que tem em suas características as contradições de riqueza e pobreza, ocasionando assim uma diversidade de desigualdades sociais. Outro elemento voltado para a história do Serviço social são as periodizações e classificações que buscam estabelecer apresentações mais sistemáticas e ordenadas do processo evolutivo da profissão. Podemos notar que seus referenciais metodológicos, na elaboração da história do Serviço social, contribuem para que a periodização que sugerem se arisque a não dar conta da realidade. Em outras palavras os períodos que encontramos sobre o surgimento das escolas de Serviço social, são apenas fatos históricos e não apresentam uma contextualização de surgimento da profissão. Diante disso, o Professor Manrique apresenta os aspectos centrais que contribuem para a gênese do Serviço social e assim traz dois pontos: Qual a função concentra que o Serviço social desenvolve no interior das relações sociais e entre as classes? Pois, os capitalistas instauram sua lógica multiplicando e diversificando os mecanismos de intervenções que propiciem a defesa e a ampliação do capital. O segundo ponto seria: Qual o papel que a Igreja Católica teve durante o período de gênese e de formação do Serviço social? Pois, a Igreja utilizava-se de suas doutrinas cristãs, sendo uma colaboradora junto ao Estado burguês para a reprodução da força de trabalho. A Igreja se baseia em um discurso que elabora a compreensão sobre os problemas e assim se utiliza das encíclicas papais como instrumentos que orientam a sua prática. No período que o Serviço social se insere nas Universidades para um processo de profissionalização duas encíclicas papais tiveram forte influência na formação dos (as) Assistentes sociais, que são: A Rerum Novarum e a Quadragesimo Anno. A Rerum Novarum, tinha uma relação direta com a questão social, com um discurso de que capital não vive sem trabalho e trabalho não vive sem capital e que assim a questão social não estava ligada as questões socioeconômicas, tal discurso permitia a acumulação capitalista, pregava que o direto a propriedade privada é de vontade divina e que a forma como a sociedade é organizada pelo Estado é da vontade de Deus. E que questionar ou não aceitar isso, era ir contra a vontade divina. E dessa forma não existe conflito entre as classes, logo não existiria lutas de classe, ou seja, para haver harmonia, conciliação entre burguesia e proletariado. Isso influenciava diretamente a prática dos Assistentes sociais. Já a Quadragesimo Anno, essa encíclica confirma e atualiza o conteúdo da Rerum Novarum. Em 1925: criação da UCISS (União Católica Internacional de Serviço Social) com o papel de enfatizar a importância do Serviço Social no mundo – estímulo a criação de escolas de Serviço Social. Necessidade de uma formação específica para esses profissionais. A Igreja católica teve um papel decisivo nas primeiras escolas de Serviço social em nosso continente. Mesmo que o capitalismo tivesse suas alterações e mudanças, era notável a influência da Igreja, interferindo no cenário social e sobre as próprias classes, que era influenciada e doutrinada pela Igreja a viverem em harmonia e ordem. A ideologia da conciliação das classes, repudiava qualquer conflito em busca de harmonia e isso repercutia diretamente no curso de lutas de classes e na configuração do proletariado como classe. Vejamos agora como foi a gestação das primeiras escolas de Serviço social e em que contexto e em que lugar e que papel desempenhou a Igreja católica. A primeira escola de Serviço social, fundada em 1925 por Alejandro Del Río tem uma origem mais ligada ao Estado, com o objetivo de completar o trabalho médico. E assim as escolas de Serviço social tem em seus centros de profissionalização dois pontos estratégicos do Estado e da Igreja católica. A Igreja teve muita influência na formação dos assistentes sociais no Chile, pois assim como aconteceu em muitos países a Igreja era a principal promotora das obras de caridade. Assim tivemos a primeira escola católica chilena de Serviço social. A organização da escola Elvira Matte de Cruchaga, a partir de 1929, obedeceu ao interesse da Igreja em criar um centro para formação dos agentes e mais uma vez a Igreja teve influência na formação das escolas de Serviço social. A formação da escola de Elvira Matte de Cruchaga surge pelo interesse da igreja católica que procurava recuperar o seu papel de condutora moral da sociedade. E assim identificamos algumas diferenças da escola fundada por Alejandro Del Río e por Elvira Matte de Cruchaga. A escola fundada por Alejandro tinha como objetivo de tornar o assistente social um subtécnico para um campo mais específico da intervenção profissional e era conduzida por um Médico. Já a escola de Elvira cobri o amplo espaço da questão social. No Peru a escola de Serviço social foi criada em 1937. Na sua gênese, teve papel central esposa do Presidente Oscar A. Benavides, que desde 1934, solicitara a cooperação da Elvira Matte de Cruchaga. Ela surge diretamente vinculada ao Ministério da Saúde Pública, Trabalho e Previdência social. O objetivo era formar profissionais com plena adequação as exigências do Estado e ninguém melhor que a Igreja católica para fazê-lo. Isso resultou da estreita relação entre Estado e Igreja, que em outros aspectos coincidiam na elaboração e uma política estatal de controle sobre o movimento popular. Para as pioneiras da profissão a escolha pelo Serviço social era mais ligado a vocação a profissão. Já no Brasil nos anos ao longo dos anos 20 a Igreja revigorou sua ação para responder aos efeitos de uma crescente perda da hegemonia na sociedade civil e do Estado. O caminho da formação de escolas católicas resultou da reativação do movimento católico para renovar a presença da Igreja no poder. Em 1936 cria-se a primeira escola de Serviço social no Brasil, que foi em São Paulo, sobre forte influência da igreja católica. Logo depois tivemos a escola do Rio de Janeiro, esta juntamente com a de São Paulo, exerceu uma forte influência sobre o aparecimento de outras escolas brasileiras. Enquanto no Chile a primeira escola surge impulsionada a partir da beneficência pública, por um médico, ou seja, a partir do Estado e para auxiliar o exercício da medicina, no Brasil a primeira escola surge no seio do movimento católico e sem estar vinculada a qualquer profissão que lhe atribua um papel tributário. No Rio de Janeiro, a profissão se conecta à Medicina e ao Direito. Nos dois países apesar das diferenças o Serviço social surge como resposta à questão social. Em vários momentos o Serviço social promoveu rupturas com o passado, talvez estimuladas pela sua própria perplexidade, pelas suas ilusões, pretendo criar, a partir de si mesmas, uma etapa nova e distinta.