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ATIVIDADE AVALIATIVA
MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO NA AMÉRICA LATINA:
CHILE E ARGENTINA
BELÉM/PA
2023
1. MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DO CHILE
A transição ao socialismo no Chile entre 1970 e 1973 é um ponto de partida crucial para
uma compreensão aprofundada da transformação pela qual o Serviço Social passou na
região. Nesse período, o Chile testemunhou um cenário de luta política aberta, enquanto
muitos outros países da América Latina, incluindo o Brasil, estavam sob regimes militares
autoritários. Sob a liderança de Salvador Allende, o governo chileno buscou uma transição
democrática em direção ao socialismo, encontrando resistência acirrada das forças
conservadoras. Essa mobilização política e popular resultou em uma organização sindical
vigorosa, ocupações de terras urbanas e uma reforma agrária significativa. No entanto, as
forças conservadoras, apoiadas pelos Estados Unidos, empreenderam estratégias de
boicote e outras táticas, visando sufocar o governo da Unidade Popular. Este período foi
marcado por um conflito constante entre as forças hegemônicas e um movimento contra-
hegemônico.
O primeiro passo na reestruturação dessas duas escolas foi uma imersão na história
do Chile, com foco na análise da dependência e da dominação no contexto da
transformação. Adotando uma perspectiva marxista, a intenção era compreender a história
e sua totalidade, bem como o papel do Serviço Social nesse processo. Refletir sobre o
Serviço Social significava concebê-lo em seu contexto histórico e em sua relação com a
mobilização política. A proposta da Escuela abalou o objeto e os objetivos do Trabalho
Social, repensando os campos de atuação e a metodologia com uma perspectiva de
transformação da sociedade capitalista. Isso levou à formulação de uma nova
epistemologia para a construção do objeto, afastando-se da resolução de problemas
fragmentados em prol de uma abordagem mais integrada da realidade em constante
mutação.
Neste estudo, investiga-se o Movimento de Reconceituação do Serviço Social na
América Latina, com ênfase na experiência da Escuela de Trabajo Social da Universidad
Central de Venezuela (UCV). Esse movimento marcou uma transformação significativa na
maneira como o Serviço Social era abordado, voltando-se para uma análise crítica das
estruturas sociais e para a promoção de uma ação transformadora em parceria com as
classes trabalhadoras.
A Reconceituação emergiu em um contexto de crescente politização e mobilização
social na América Latina, especialmente na década de 1960. A região estava passando por
mudanças políticas, econômicas e sociais profundas, e o Serviço Social, tradicionalmente
associado a práticas assistencialistas e conservadoras, enfrentava desafios na adaptação
a essa nova realidade. O estudo realça a experiência da UCV, onde a Reconceituação do
Serviço Social se manifestou profundamente. A escola se tornou um espaço de reflexão
crítica, onde a relação entre teoria e prática foi explorada minuciosamente. Estudantes e
docentes se envolveram em atividades de campo que os aproximaram das lutas populares
e das classes trabalhadoras. Essa abordagem promoveu uma compreensão mais
abrangente das dinâmicas sociais e uma valorização do papel central desempenhado pelas
classes trabalhadoras na transformação da sociedade.
A Reconceituação adotou uma abordagem dialética, enfatizando a interconexão entre
totalidade e contradições. Isso implicou que o Serviço Social não poderia ser compreendido
de forma isolada, mas deveria ser compreendido como parte integrante de um sistema
social mais amplo. Essa perspectiva contribuiu para superar abordagens simplistas e
assistencialistas, permitindo uma compreensão mais aprofundada das complexidades
sociais. A escola colaborou de perto com sindicatos, movimentos de trabalhadores,
agricultores e grupos populares urbanos, promovendo a conscientização, a mobilização e
o engajamento político das classes trabalhadoras.
O estudo ressalta a importância de capacitar as pessoas para se tornarem agentes da
mudança, rejeitando a visão de que o Serviço Social era meramente um agente externo
que provia soluções. Além disso, o movimento incentivou uma integração mais estreita
entre teoria e prática. Estudantes e professores se envolveram em atividades de campo
que eram posteriormente analisadas à luz das teorias críticas. Essa abordagem resultou
em uma formação mais sólida e transformadora dos assistentes sociais, capacitando-os
com as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios apresentados pelas classes
trabalhadoras e pelos movimentos sociais.
Contudo, a experiência da UCV evidenciou que a Reconceituação não se resumiu a
uma retórica idealista, mas sim a uma abordagem eficaz que permitiu ao Serviço Social se
envolver de forma significativa na luta contra a dominação e na busca por uma sociedade
mais equitativa. Essa abordagem crítica e dialética fomentou uma compreensão mais
profunda das complexidades sociais, uma colaboração estreita com as classes
trabalhadoras e uma integração eficaz entre teoria e prática. A Reconceituação representa
um marco na história do Serviço Social na região, permitindo que os assistentes sociais
desempenhassem um papel mais significativo na transformação social.
2. MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DA ARGENTINA