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CAPÍTULO 1

EMERGÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL: CONDIÇÕES HISTÓRICAS E


ESTÍMULOS

O autor começa o primeiro capítulo citando algumas perguntas centrais


em torno da profissão, como: Quando surge a profissão no continente latino
americano? Segundo o autor, essa pergunta e outras parecidas se tornam
difíceis quando se trata de explicar bases centrais da profissão. Mais adiante o
autor destaca uma passagem do livro de Ander Egg, na qual diz que 1925 pode
ser considerado o ano de nascimento do serviço social, em caráter de profissão,
tendo forte influência da Europa e passa assim ser um reflexo desta. Entretanto,
Manrique aponta que embora o Serviço Social tenha grande influência da
Europa, o mesmo não surge apenas dessa influência, pois o Chile tem lá sua
própria realidade.

Barreix explica o mesmo processo de Ander Egg ressaltando outros


elementos. O mesmo aponta que a primeira escola de Serviço social, começa a
funcionar em 1925 no Chile, fundada por Alejandro Del Río; o fato da escola ter
sido fundada por um médico é importante, pois o serviço social é criada como
uma subprofissão. Em contradição, Manrique diz que em 1935 não é marcado
pelo surgimento do Serviço Social e sim pela inauguração de uma nova etapa
dentro da profissão tal como vinha sido exercida, e representa um novo patamar
de institucionalização que se produz com a incorporação do serviço social aos
espectros das profissões de nível superior.

Desencadeando algumas perguntas como: “O surgimento do serviço


social no Chile se dar pelo espírito visionário do Dr. Alejandro Del Río?” “Quais
os elementos contextuais que o Serviço social se profissionaliza?”. As respostas
para tais questões tem de ser buscadas nas relações de forças entre as diversas
classes sociais e no movimento que ocorre quando elas põem em jogo os seus
próprios interesses. Vale lembrar que nos anos 20 o Chile se apresentava uma
nova etapa histórica e decisiva marcada pela emergência de novas classes
sociais sob estímulo de relações de produção embasadas na exploração de força
de trabalho assalariado, entre outras.
Assim as expressões de protesto e os progressos na organização de
classe do proletariado com grande influência socialistas, exigiram que o Estado,
como pilar da hegemonia, formulasse formas de ação para responder às
demandas de uma realidade social nova. É evidente, que nem no Chile nem nos
experimentos históricos de outros países, o confronto de classes se resolveu
moderadamente e em benefício do proletariado. A ação do Estado era destinada
a melhorar as condições da reprodução da força de trabalho e a aprovação de
uma legislação trabalhista. Faz-se necessário uma apresentação das condições
que contextualizaram a criação da primeira escola de serviço social, acentuando
o ritmo do desenvolvimento do capitalismo chileno, que já no último quartel do
século XIX, mostrava seus primeiros indícios industrial. Esse processo, trouxe
toda a sequelas das consequências e males derivados da expansão das
relações capitalistas de produção. O autor leciona alguns fatores como: Miséria;
crescimento urbano caótico etc., estabeleceram o solo fértil e propício para a
emergência e a proliferação de agentes encarregados de trabalhar estes
fenômenos, agentes entre os quais, prontamente, contam-se os assistentes
sociais.

As formas de ação social não emergem ou sucumbem segundo vontades


de seus agentes, ao contrário, são objetivações da situação social dominante,
expressando, à sua maneira, as características da sociedade onde se articulam
novas relações de produção. Sociedades em que se processa a implantação da
rigorosa lógica do capital. Este espectro de alterações e da emergência de novas
formas de ação social se patenteia como uma das várias transformações, no
caso do serviço social. É possível argumentar que o serviço social latino-
americano que exerceu sobre ele à base de influência concreta, correntes de
pensamentos e propostas profissionais européias, até o momento que modificou
a sua perspectiva, um “mero reflexo" de concepções elaboradas no exterior. Se
se registra essa inserção das ideais e propostas européias na América Latina,
nota-se um terreno de vinculações estruturais mantidas entre os dois continentes
ao longo do séculos.

A influência das ideias da Europa na configuração do serviço social latino-


americano explica-se se se compreendem os nexos de subordinação estrutural
(caráter ideológico). Sem está referência, chega se a uma verdade truncado que
permite um entendimento equivocado, denomina-se esse reflexo como se ele
fosse o produto de uma seleção voluntária em face de um leque de alternativas.

Outro elemento voltado para a história do serviço social são as


periodizações e classificações que buscam estabelecer apresentações mais
sistemáticas e ordenadas do processo evolutivo da profissão. Interessando
saber em que medidas tais classificações apanham os momentos da evolução
profissional, arrancando deles as derivações posteriores. As classificações em
si, são recursos metodológicos com que se agrupam, num conjunto, elementos
a que se refere algum tipo de unidade. Entretanto, a classificação não assegura
o êxito da empreitada; ao contrário, esforços classificatórios podem revelar-se
insuficientes na apreensão do jogo dinâmico da sociedade. Essas classificações
são multiplicadas, no caso do serviço social. Ademais, as classificações, na
elaboração da história do serviço social contribuem para que a periodização que
sugerem se arrisque a não dar conta da realidade.

Barreix constrói uma complexa sucessão de etapas. Começa indicando


as formas de ação social, passa à assistência social, depois aos pioneiros, ao
período de Mary Richmond e conclui assimilando as escolas sociológica,
psicológica e eclética e os métodos de grupos e de comunidade. O mesmo
procura dar uma chancela científica à classificação que oferece, batizando a
sucessão de etapas com os termos tese, antítese e síntese.

Para Ander Egg, a evolução do serviço social na América Latina se dá a


cinco momentos, articuladas a três fases. Na primeira da assistência social,
predominariam as concepções beneficentes assistenciais. A segunda fase
comportaria, três momentos sucessivos, delimitados pelo predomínio das
convenções para médica ou para jurídica, asséptico-tecnocrática e
desenvolvimentista. A terceira fase, denominada trabalho social, teria como
suporte uma concepção conscientizadora-revolucionaria.

No caso de Ander Egg, como no de muito outros autores, predominam,


na explicação da história do serviço social, componentes endógenos. Outro autor
que também contribuiu na caracterização do processo histórico da profissão,
Boris Lima, sustenta que a evolução do serviço social conheceu também quatro
etapas: pré-técnica, técnica, pré-científica e científica. Certos períodos são
caracterizados em função da influência alcançada pelas correntes de
pensamentos ou formas de ação, nem sempre coincidentes com a concreta
predominante na profissão e com efeitos qualitativos dessa prática. As práticas
profissionais, quaisquer que sejam, têm que ser inseridas no movimento geral
das relações entre as classes e visualizadas como expressões dos seus
interesses, organizando respostas distintas à contradição que existe entre elas.

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