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O DESENVOLVIMENTO DO

SERVIÇO SOCIAL
O ensino do Serviço Social

Se o nascimento do Serviço Social foi


determinado por um contexto histórico
específico em que, como vimos, se combinaram
elementos como a emergência do capitalismo
industrial c a expansão das doutrinas
económicas liberais,
a verdade é que o desenvolvimento e afirmação
do Serviço Social foram, também eles, feitos
em função da evolução dos contextos sociais,
económicos e políticos, em diferentes
momentos históricos.
Susana Garcia Salord (1990) associa o
desenvolvimento do Serviço Social a três
elementos específicos: em primeiro lugar, à
institucionalização (no sentido do seu
reconhecimento e legitimação social) da
beneficência privada; em segundo lugar, à
ampliação das funções do Estado e à
implementação de políticas sociais;
finalmente, em terceiro lugar, ao
desenvolvimento das várias ciências sociais,
cujo contributo teórico e metodológico se
revelou determinante para o Serviço Social.
Antes de mais, o Serviço Social consubstanciou,
desde a sua génese, uma posição ideológica de
alguns segmentos sociais, relativamente à
degradação das condições de vida, à pobreza e
à exploração dos trabalhadores, gerada pelo
liberalismo e pela ordem capitalista.
Tratou-se, assim, de um movimento social,
desencadeado por uma certa elite burguesa
que espelhava um novo tipo de posicionamento
político, ideológico e de intervenção social e
cívica, e que, por isso, não passava
imediatamente pelo Estado.
Realmente, o Serviço Social enquanto movimento,
não reclamou, de início e nos seus princípios
fundacionais, o modelo do Estado protector,
considerando, ao invés, que qualquer acção
protectora por parte do Estado deveria ser
desencadeada apenas in extremis, ou seja, quando o
indivíduo, a família e a sociedade se revelavam
incapazes de fornecer uma solução eficaz.
De igual modo, embora o Serviço Social seja
contemporâneo com a génese clos movimentos de
luta proletários e por eles pareça ter sido inspirado e
influenciado, a verdade é que não se filia, também,
nesses movimentos, justamente por não tomar como
referência primordial o sujeito colectivo ou as
soluções totalitárias, preconizadas no ideário da luta
do proletariado.
Neste sentido, o desenvolvimento do Serviço Social
parece ter-se dado, essencialmente, como uma
opção pessoal dos filantropos, no sentido de fazer
evoluir, sistematizando-as, organizando-as e
profissionalizando-as, as acções que,
tradicionalmente, já desenvolviam, só que de forma
assistemática e voluntária, isto é, a caridade e a
filantropia (Montano, 2007:27).
Esta teorização acerca da origem e do
desenvolvimento do Serviço Social, reflectindo
uma perspectiva de continuidade entre a
assistência social e o Serviço Social profissional,
como já tivemos oportunidade de referir, não é
consensual entre os diferentes autores.
De facto, e se do ponto de vista cronológico
não se evidenciam diferenças substanciais, com
ambas as correntes a fazerem coincidir o
nascimento do Serviço Social com o
fortalecimento e a consagração da hegemonia
do capitalismo industrial,
já no que toca aos fundamentos que
subjazeram à profissionalização do Serviço
Social, as divergências são marcadas e delas
podem ser retiradas ilações a respeito da
própria fundamentação do Serviço Social
profissional.
Segundo a tese que Montaño designa por
histórico-crítica (e que se opõe à perspectiva
endogenista ou de continuidade), a
profissionalização do Serviço Social não surge
como uma consequência natural da evolução
das práticas filantrópicas, mas antes como
resultado de "projectos político-económicos
que operam no desenvolvimento histórico,
onde se reproduz material e ideologicamente a
fracção de classe hegemónica, quando no
contexto do capitalismo na sua idade
monopolista, o Estado toma para si as respostas
à questão social (Montaño, 2007:30).
Os defensores desta tese admitem, quando
muito, a possibilidade de existência de
semelhanças, no plano da prática quotidiana,
entre as formas anteriores de ajuda —
consubstanciadas na filantropia Serviço Social, e
sugerem que estas semelhanças, e só elas,
podem fazer crer nessa trajectória de
continuidade que temos vindo a explorar.
Todavia, e como facilmente se conclui das
palavras de Montaño, a diferença, única,
profunda e inconciliável, entre as práticas
caritativas e filantrópicas e o Serviço Social
profissional, reside no seu significado social, ou
seja, nos respectivos quadro de referências e
inserção institucional.
Nesta perspectiva, o Serviço Social surge, ele
mesmo, como fruto da nova divisão social do
trabalho, gerada pela ordem capitalista, o que
não deixa de ser paradoxal com o facto de
grande parte dos fundamentos da sua acção
serem, justamente, orientados para os efeitos
que esta nova ordem provocava no tecido social.
Compreende-se, por isso, que os
desenvolvimentos posteriores se tenham
tornado, esses sim, produtos da constante
tensão entre o liberalismo económico e o
centralismo estatal, podendo realmente dizer-
se que o Serviço Social se desenvolveu entre a
iniciativa individual e o Estado protector.
Assim, coube ao Serviço social, neste seu
processo de desenvolvimento, estabelecer o
compromisso entre uma visão liberal da
filantropia, de acção e iniciativa privadas e
desreguladas, e uma visão socialista do Estado
omnipresente, com total responsabilidade sobre
as necessidades das pessoas (Parton e O'Byrne,
2000).
E é justamente este Estado protector que,
progressivamente, se constituiu como principal
empregador do Serviço Social (o que não pode
deixar de ter influência na formação da identidade
profissional), conferindo-lhe a responsabilidade de
atenuar os efeitos de uma crise social instalada
desde as últimas décadas do século XIX e cuja face
mais óbvia veio a ser a Grande Depressão de 1929.
O Serviço Social passou, então, a ser
projectado, também, como uma forma
institucionalizada de enfrentar, conter e
regular a conflitualidade social,
crescentemente alimentada pela organização
popular de base sindical.
Daqui resulta uma ambivalência na própria
identidade do Serviço Social, consubstanciada no
confronto entre o seu compromisso fundacional
com a promoção da liberdade e da igualdade
para as populações mais desfavorecidas, e as
práticas de controlo e disciplina preconizadas
pelo Estado e justificadas pela manutenção da
ordem social.
Simultaneamente, e do ponto de vista da
prática profissional, o trabalhador social vai
sendo progressivamente assimilado à condição
de funcionário público "cuja funcionalidade se
expressa na execução terminal das políticas
sociais" (Montaño, 2007:104).
Esta assimilação à condição de funcionário público,
que marcou parte significativa da segunda metade
do século XX, reflectiu-se na prática profissional dos
trabalhadores sociais, colocando-os na dependência
"de normas burocráticas e subordinando-os,
hierarquicamente, segundo estratos político-
institucionais, não necessariamente técnico-
políticos" (Montaño, 2007:105).
Só nas últimas décadas do século XX se começou a
romper esta relação de exclusividade do Serviço
Social com o empregador Estado, tendo-se
assistido a uma progressiva diversificação das
áreas de emprego dos trabalhadores sociais, que
passou pela sua inserção nas empresas sociais, nas
instituições particulares de solidariedade social e
nas organizações não-governamentais.
Esta diversificação dos espaços profissionais do Serviço Social
está estreitamente ligada à crescente relevância das
organizações sociais, de Terceiro Sector, num quadro de
acentuação da crise do Estado Providência, evidente desde as
últimas décadas do século XX, e produto da combinação de
factores como a mudança na estrutura demográfica (aumento
da esperança de vida e baixa da natalidade), a crise
económica, o não-emprego, a burocratização dos processos e
o questionamento dos próprios fundamentos do modelo de
solidariedade que alicerça o sistema.
A relação com o Estado Providência e as
políticas sociais

O debate acerca das responsabilidades


públicas em matéria de protecção social que
marcou as primeiras décadas de existência do
Serviço Social, conheceu o seu grande
incremento no pós-Segunda Guerra Mundial.
Com efeito, a exploração filosófica das questões
da justiça social e da universalidade dos direitos
sociais feita por William Beveridge, no seu
Relatório Social Insurance and Allied Services e
apresentado ao Parlamento inglês em 1942, ainda
durante o conflito, veio dar uma nova centralidade
à discussão acerca da relação entre Serviço Social,
políticas sociais e Estado de Bem-Estar.
Na análise ao Estado Providência e às políticas sociais,
uma questão frequentemente colocada pela literatura
prende-se com a consideração de
descontinuidade/descontinuidade, do ponto de vista dos
fundamentos e da prática, entre o Welfare Statq surgido
no pós-II Guerra europeu, e as diferentes formas de
protecção social de base estatal que o precederam, e
que compreendem um longo período histórico, que vai
das primeiras iniciativas públicas de assistência, no
século XVI, até à primeira metade do século XX.
Numa perspectiva de continuidade duas teses
parecem prevalecer. A primeira, tomando corno
elemento de análise o conceito de protecção
social, postula a legitimidade de considerar um
processo evolutivo desde as Poor Law inglesas
dos séculos XVI e XVII até ao relatório
Beveridge.
A segunda tese, também de continuidade, toma como
base o conceito de política social e, nessa medida,
defende que só pode pensar-se uma evolução, a partir
daquela que é considerada a primeira grande iniciativa
de política social, ou seja, o sistema de seguros sociais
obrigatórios na Alemanha de Bismarck. E neste sistema
de seguros sociais que se encontra a raiz de um processo
evolutivo que conduz, posteriormente, à consagração dos
Estados Providência, na Europa do pós-Guerra.
Em oposição, e numa tese que postula a ruptura com
as formas de protecção social pública anteriores,
defende-se que o que se designou como Welfare State
constituiu um modelo totalmente novo, que é, na sua
natureza e fundamentos, diferente de qualquer das
realidades que historicamente o antecederam, não
fazendo, por isso, sentido procurar traços evolutivos
face aos modelos precedentes.
Assim, mesmo admitindo que as teses centrais de
Lord Beveridge possam ter sido, em larga
medida, resultado de toda uma evolução na
procura de maior justiça social e de um princípio
de universalidade em matéria de direitos sociais,
que tinha sido iniciada havia muitas décadas o
que parece ser inquestionável é que foi,
efectivamente,
o Relatório Beveridge a marcar a afirmação do
papel do Estado Providência, no fornecimento de
serviços sociais, na gestão dos riscos sociais e na
promoção da coesão e igualdade, assentes num
sistema de redistribuição da riqueza e alicerçado
em dois princípios fundamentais: o princípio da
solidariedade, entre os indivíduos; e o princípio da
subsidiariedade, entre o Estado e os indivíduos.
Para prossecução dos seus objectivos de
protecção e promoção sociais, o Estado
Providência chama a si a responsabilidade pela
criação e manutenção de vários sistemas, como
a segurança social universal, a saúde, a
educação, o sistema de transferências sociais e
a assistência social (Mozzicafredo, 2000).
Com forte inspiração do Relatório Beveridge
estabeleceu-se, então, todo um sistema
nacional, universal e independente de
contratualização, que rompeu com a tradição das
políticas públicas de natureza social que, até
então, tinham predominado e que se traduziu na
aprovação de medidas legislativas concretas
como
o National Health Semice Act de 1946
(consequência directa do Plano Beveridge), o
Welfare Services Act de 1947, o Children Act,
de 1948 ou o National Assistance Act, também
de 1948, apenas para referir as primeiras
iniciativas de protecção aprovadas em
Inglaterra.
Toda a década subsequente à II Guerra Mundial
correspondeu à concepção e instauração do
modelo do Welfare State (ainda que em
diferentes formulações) na generalidade dos
países europeus, gerandose, nas décadas
seguintes, uma produção legislativa
absolutamente sem precedentes, em matéria de
protecção e segurança social (Adams, 2002).
Se o Relatório Beveridge influenciou,
inequivocamente, a generalização dos regimes
de Bem-Estar, a verdade é que outros factores
contribuíram também, e de forma igualmente
decisiva, para esta realidade.
Claus Offe (1984), na sua reflexão acerca do
Estado de Bem-Estar e sua relação com a época
de ouro do capitalismo, defende que as raízes
do Welfare State têm que ser procuradas na
combinação de uma multiplicidade de factores,
de natureza social, económica e política.
Assim, do ponto de vista dos factores materiais e
económicos, Offe refere a influência da generalização do
fordismo, o consenso acerca dos objectivos de
crescimento económico e de pleno emprego, a aceitação
das medidas keynesianas, o clima económico favorável
criado pelos Acordos de Bretton Woods e, finalmente, o
ritmo de crescimento económico, forte e sem
precedentes, que permitiu a obtenção das receitas
essenciais ao suporte das políticas sociais.
Quanto aos factores sociais e políticos, Offe
sublinha a importância do cenário de solidariedade
nacional no pós-guerra, que é também inspirador
do aparecimento duma solidariedade
supranacional, no novo quadro da Guerra Fria,
bem como do fortalecimento das democracias
partidárias em que a própria concorrência eleitoral
favorece a força das reivindicações populares.
Factores determinantes na génese do Welfare State:

Factores económicos:
• Generalização do fordismo;
Teorizações keynesianas;
• Forte crescimento económico,
Factores Sociais:
• Clima de solidariedade do pós-
guerra.
• Fortalecimento da classe média.

Factores políticos:
• Fortalecimento das democracias partidárias.
Apesar do fenómeno de generalização de uma
nova filosofia, em matéria de responsabilidade
social dos Estados, é de salientar que o processo
de concepção e instauração dos Estados
Providência foi profundamente diferente nos
vários países, diferenças que se manifestaram
quer no plano formal, quer no plano dos
fundamentos e da universalidade.
Como consequência das diferentes feições
assumidas pelo Estado Providência e pelas
políticas sociais, nos vários países, foram
surgindo tentativas de identificação de algumas
tipologias de Welfare State, definidas em função
das visões, mais ou menos abrangentes, acerca
da própria natureza do estado de Bem-Estar e da
protecção social nele implícita.
Assim, encontram-se desde as visões mais
restritivas que o entendem, exclusivamente,
como a prestação de assistência aos mais
necessitados, a visões amplas que o percebem
como uma responsabilidade colectiva, perante
necessidades sociais universais (Titmuss, 1981).
As tipologias mais comummente citadas a este
nível são a tipologia de políticas sociais de
Titmuss e a tipologia dos regimes de welfare de
Esping-Andersen.
Relativamente às políticas sociais, Titmuss
considera-as o resultado das diferentes
concepções acerca da natureza e dos
fundamentos do estado de Bem-Estar,
ressalvando no entanto que, não obstante as
diferenças na sua formulação,
as políticas sociais possuem sempre três
características essenciais: a primeira é a de
terem como objectivo conceder ajudas que
aumentem o bem-estar dos cidadãos; a segunda
é a de possuírem finalidades de carácter
económico e extra-económico; finalmente, a
terceira que é a de implicarem sempre uma
dimensão de redistribuição dos rendimentos.
Tipologia das políticas sociais (segundo TitmussO:
Modelo residual: • Garantia dc mínimos de sobrevivência;
• Protecção paliativa;
• Subsidiário da protecção informal;
• Dirigido a grupos restritos e de extrema vulnerabilidade.

Modelo particularista: Fundado na responsabilidade individual; Associado ao pleno


emprego;
Assente no mercado; Intervenção pública correctora de disfunções.

Modelo redistributivo: Produção e distribuição pública de serviços sociais;


Universalidade de acesso; Fundado na redistribuição da riqueza;
Valorização da solidariedade social.
Na sequência desta formulação conceptual,
Titmuss definiu a sua tipologia de políticas
sociais, em que defende a existência de três
modelos ou padrões: em primeiro lugar, o modelo
residual, assente numa intervenção do Estado
limitada à garantia de sobrevivência, para os
indivíduos que não têm forma de a conseguir por
eles mesmos.
Trata-se de uma protecção social de carácter paliativo
e meramente subsidiário da protecção familiar e
informal. Fundado numa lógica de contenção de gastos
com despesas sociais, os beneficiários das funções
sociais do Estado restringem-se a grupos perfeitamente
identificáveis, como os idosos, as crianças e outros
que, comprovadamente, não consigam, pelos seus
meios (individuais e familiares), prover às necessidades
de subsistência.
O segundo dos modelos identificados é o modelo
particularista e consiste num modelo de mercado,
fundado na responsabilidade individual. Assenta
num princípio de pleno emprego que permite aos
trabalhadores e empregadores,
através das suas contribuições, garantir a
protecção perante determinadas
eventualidades, como a doença, a invalidez, o
desemprego ou a velhice. Neste modelo, a
política social só intervém para corrigir
disfunções do mercado, ou seja, assume-se
como complementar a esse mesmo mercado.
O último dos modelos referidos na classificação de Titmuss
é o modelo institucional e redistributivo, assente na
produção e distribuição de serviços sociais públicos e
extra-mercado, garantindo, dessa forma, universalidade de
acesso a todos os cidadãos. Considerando que o bem-estar
constitui uma aspiração legítima de todos os indivíduos, o
Estado cria mecanismos de solidariedade social e de
redistribuição da riqueza, que permitem o
desenvolvimento de respostas socialmente satisfatórias.
Já no que respeita à tipologia dos regimes de
bem-estar de Esping-Andersen, é fundada na
análise das formas pelas quais a produção de
bem-estar se reparte entre o Estado, o Mercado e
as Famílias .
A dimensão relativa ao mercado é, aliás, de tal modo
relevante na definição da sua tipologia que Esping-
Andersen que o conceito central é, exactamente, o de
"desmercadorização", com o qual pretende analisar a
capacidade de os Estados Providência garantirem aos
indivíduos a manutenção de um nível de vida
socialmente aceitável, independentemente da sua
participação no mercado (Esping-Andersen, 1990).
Neste sentido, a definição dos diferentes modelos
é feita a partir dos seguintes elementos: "os
efeitos da cidadania social na posição dos
indivíduos perante o mercado de trabalho; o
sistema de estratificação social que daí resulta; e
a relação que se estabelece entre estado,
mercado e família na provisão social" (Silva, 2002:
26).
Tipologia das Regimes de Bem-
Estaf (segundo Esping-flndersea):
Social-democrata:
• Países Escandinavos;
• Protecção Social: o Universal; o Igualitária; o Independente do Mercado; o Garantida
pelo Estado; o Assente na Redistribuição da Riqueza.

Liberal:
• Inglaterra e Irlanda; Coexistência público/privado; Protecção Social:
• Contratualizada no Mercado (grupos de maiores rendimentos); o Pública (grupos de
menores rendimentos).

Corporativo:
Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Holanda, Luxemburgo;
• Protecção Social:
• Contratualização de base profissional; o Acção subsidiária do Estado (limitada às
situações de ausência de cobertura)
Na sua análise Esping-Andersen (1990) identificou três regimes de
Estado de Bem-Estar:

O primeiro regime, que designa por social-democrata e cuja


configuração típica é representada pelos países escandinavos,
assenta na garantia pelo Estado, e independente relativamente ao
Mercado, dum conjunto de benefícios sociais universais, com
prestações igualitárias, de base claramente redistributiva e não
dependentes das contribuições individuais. A promoção do emprego
é a grande garantia de sustentação deste regime e o seu objectivo
final consiste na potenciação das capacidades de todos indivíduos.
O segundo regime é designado por liberal e é o modelo próprio de
países anglo-saxónicos como a Inglaterra ou a Irlanda. Caracteriza-
se pela coexistência entre segurança social privada e assistência
pública. Assim, enquanto a primeira é contratada numa base de
Mercado pelos segmentos sociais com possibilidades de rendimento
para tal, a segunda consubstancia-se nos benefícios, atribuídos
pelo Estado, aos grupos de menores rendimentos. Este é um
regime assente em prestações sujeitas a condição de recursos e em
que o sector privado detém um importante peso, nomeadamente
em matéria de pensões e cuidados de saúde.
O terceiro regime, identificado por Esping-Andersen é aquele
que o autor designou como corporativo ou continental,
identificável em países como a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, a
França, a Holanda e o Luxemburgo. Neste regime, os benefícios
sociais decorrem, maioritariamente, da solidariedade e
responsabilidade de base profissional e são contratados em
função do estatuto socioprofissional dos indivíduos. Neste
regime, o Estado limita a sua acção, em matéria de riscos
sociais, às situações para as quais os indivíduos e as famílias não
possuem capacidade de cobertura desses mesmos riscos.
Após a apresentação desta tipologia, e perante as críticas de
que foi objecto, e que passavam pelo carácter algo redutor da
sua tipologia, nomeadamente, e em primeiro lugar, por não
valorizar devidamente a dimensão relativa ao papel da família
na provisão de bem-estar, cuja centralidade seria
inequivocamente determinante para o surgimento dos
diferentes perfis de protecção social e, em segundo lugar, por
excluir os países do sul da Europa, cuja pretensa inclusão no
modelo corporativo foi amplamente questionada e contestada.
Como resultado destas críticas, Esping-Andersen
apresentou uma teorização complementar (1999),
desenvolvendo o conceito de familismo, para
caracterizar o regime específico dos países do Sul
da Europa em que as funções de bem-estar estão,
predominantemente, acometidas à família, com
intervenção residual tanto do Estado quanto do
mercado.
Esta centralidade da solidariedade de base familiar nas
sociedades do Sul radica em elementos de natureza
histórica em que se poderão destacar: uma marcada
segregação de género na divisão social do trabalho; uma
forte influência da Igreja Católica (em Itália, Espanha e
Portugal), marcados traços de ruralidade na organização,
estratificação e mobilidade social; e, ainda, processos
políticos de natureza muito semelhante, designadamente,
durante o século XX
Face às peculiaridades dos países do Sul da Europa, a análise ao
sistema de protecção social nesses países, deve sempre ter por
referencial essas mesmas peculiaridades. Foi com base nesta
premissa que Ferrera realizou o seu levantamento de
características dos países do Sul europeu, concluindo que os seus
esquemas de protecção, são de carácter dualista com sectores
sobreprotegidos (os sectores centrais da força de trabalho) e
outros sectores subprotegidos (trabalhadores irregulares e
economia informal) — e assimétrica, com uma distribuição
desequilibrada da protecção segundo os riscos.
Protecção social nos países do Sul (segundo Ferrem):

Espanha, Grécia, Itália e Portugal; Marcada por uma tradição cultural, económica e social comum;
Essencialmente assente na família; Dualista:
o Sectores sobreprotegidos (sectores centrais da força de trabalho); o Sectores subprotegidos
(trabalhadores irregulares, sector informal);
Assimétrica;
Indefinição acerca das funções; Percepção de ineficiência do sistema;
Insatisfação de utentes e beneficiários.
Constatou ainda fortes diferenças entre o tipo de
filosofia subjacente à protecção na área da saúde e à
protecção na área da segurança social. Assim, no caso
da saúde, o sistema organiza-se segundo a tradição
instaurada pelo relatório Beveridge, ou seja, numa
lógica universalista, enquanto em matéria de segurança
social, a lógica subjacente ao sistema parece derivar da
tradição bismarckiana dos seguros sociais.
Finalmente, como característica igualmente
determinante da protecção social nestes países,
Ferrera aponta a indefinição latente acerca das
funções dos vários actores, públicos e privados,
geradora de uma percepção de ineficiência do
sistema e, consequentemente, de insatisfação por
parte dos utentes e beneficiários (Ferrera, 1996;
Ferrera et al, 2000).
Do exposto resulta que, claramente, o bem-estar
social não assumiu (nem assume) as mesmas
feições nos diferentes países, tendo-se sempre
verificado diferenças substanciais, quer quanto ao
conjunto de direitos universalmente garantidos
pelo Estado, quer quanto ao próprio carácter
dessa "universalidade".
Refira-se, aliás, que o bem-estar, do ponto de vista
conceptual, representa um valor desejável e
relacionado tanto com o desenvolvimento pessoal (de
cada indivíduo numa sociedade) quanto com o
desenvolvimento social e económico, de âmbito geral.
Daí ser comum encontrar diferentes acepções para uma
mesma terminologia: bem-estar individual, bem-estar
social, políticas de bem-estar, serviços de bem-estar...
Não obstante as diferenças que, como referimos,
estão muito para além da terminologia, emerge
um elemento essencial à compreensão da filosofia
de bem-estar, e este elemento tem a ver com o
seu enquadramento numa perspectiva mais ampla
dos direitos e do desenvolvimento humanos, ou
seja, na procura da melhoria do bem-estar social
de todos os indivíduos.
A relação estreita entre bem-estar, direitos
humanos e desenvolvimento constitui,
justamente, uma dimensão fundamental para o
Serviço Social e para a sua relação com as
políticas sociais.
De facto, e como é hoje plenamente reconhecido,
o desenvolvimento humano alicerça-se na
promoção das capacidades e da liberdade de todos
os indivíduos. Neste sentido, faz parte desse
processo de desenvolvimento, o alargamento das
opções pessoais e a garantia de um nível de vida
adequado, o que consubstancia o próprio conceito
de bem-estar.
Assim, pode dizer-se que existe bem-estar
sempre que as condições de vida, numa
determinada sociedade, permitem a todos
indivíduos, quaisquer que sejam as suas
circunstâncias, o pleno desenvolvimento
enquanto pessoa, concretizando, desse modo, o
princípio da igualdade de oportunidades.
E neste quadro que o Serviço Social assume um
contributo profundo na promoção dos direitos
humanos e da justiça social, o que configura a
assumpção de uma dimensão sociopolítica do
Serviço Social, que faz coincidir os seus próprios
objectivos com os objectivos das políticas sociais,
na medida em que visam, ambos, a promoção e o
desenvolvimento da cidadania plena.
Na sua relação com as políticas sociais cumpre ao
Serviço Social identificar áreas de necessidade e,
ao mesmo tempo, analisar as consequências das
políticas sociais (e das suas lacunas).
A investigação e a sistematização, resultantes da
própria prática do Serviço Social, permitem-lhe
um conhecimento amplo e ímpar da realidade
que deve ser posto ao serviço da concepção de
políticas sociais.
Assim, e em vez de funcionar apenas como
"executo?' das políticas sociais, o Serviço Social,
com esse seu conhecimento privilegiado da
realidade social, deve ser contemplado no
momento da formulação dessas políticas.
Dessa forma, estar-se-á, também, a promover uma
verdadeira participação dos cidadãos nas políticas
públicas rompendo-se alguma tradição unívoca e
vertical, que parte do Estado (enquanto autor das
políticas públicas) e chega aos cidadãos (enquanto
destinatários dessas políticas), e em que o Serviço
Social actua como simples mediador.
Figura 5.1: Políticas Sociais e Serviço Social

Políticas Sociais Políticas Sociais

Trabalhador Social
Trabalhador Social

Cidadãos
Cidadãos
Do ponto de vista da análise da relação entre Serviço
Social, Estado Providência e políticas sociais, não
podemos ignorar que a instauração da crise do Estado
Providência, a que aludimos anteriormente, teve
implicações profundas em domínios estreitamente
ligados com os próprios fundamentos do Serviço Social,
designadamente, na medida em que deu origem: ao
questionamento de certos tipos de direitos sociais (tidos
por adquiridos);
à substituição progressiva do princípio de welfare pelo de
workfare .com um eventual retorno à distinção entre
merecedores vs. não merecedores, como no modelo da Lei
dos Pobres); e à mcdonaldização do bem-estar (o bem-
estar como produto comercial) que transforma o que antes
era uma relação de benefício (entre os cidadãos e o
Estado), numa relação de mercado (entre o
cidadão/consumidor e as entidades fornecedoras), gerando
novos e acentuados processos de exclusão.
Com efeito, a crise do Estado Providência constitui
para muitos teóricos, factor de questionamento do
próprio Serviço Social, ao identificá-la como um
dos três elementos que, na contemporaneidade,
comprometem a integridade do Serviço Social, a
par com a mercadorização do social e a lógica
dominante da racionalidade económica.
Como resultado da combinação destes três
elementos, existe o risco de, ao Serviço Social, ser
progressivamente exigida uma ênfase nas
competências técnicas (enquanto produtoras de
resultados quantificáveis), em detrimento da
ênfase na relação, estabelecendo aquilo que
identificam como o domínio do pragmatismo sobre
o humanismo.
A evolução conceptual

A conceptualização do Serviço Social reveste-se de


particular dificuldade, dada a diversidade que o
caracteriza nos mais diversos planos,
designadamente, nas populações-alvo, nas práticas
adoptadas, nas áreas de intervenção e nas
organizações de enquadramento (Banks, 2001).
Esta diversidade, a par da ambivalência
identitária a que aludimos em ponto anterior,
parece constituir-se, hoje, como um dos
principais elementos definidores da própria
essência do Serviço Social.
Segundo Deslauriers e Hurtubise (2000), a conceptualização do
Serviço Social tem que ser sustentada num conjunto de elementos
fundamentais, designadamente:

• Nas dimensões epistemológica e científica que subjazem à


formação e ao exercício profissional;

• Na orientação prioritária para os estratos sociais mais


desfavorecidos;

• Na compreensão do indivíduo no seu contexto específico e nas


diversas formas e espaços de intervenção;

• Na dimensão organizacional em que se desenvolve.


Os desenvolvimentos históricos do Serviço
Social, que analisámos em pontos prévios,
determinaram toda uma evolução conceptual
em torno do seu objecto, funções e identidade,
com etapas perfeitamente distintas e
identificáveis.
Formas de acção social
e ajuda;

Situações de necessidade cobertas pelo Estado;

Evolução

Conceptual
Valores relativos à

condição humana;

Desenvolvimentos nas
Ciências Sociais.
Esta evolução conceptual é, em si mesma, o
resultado do conjunto de mudanças e
transformações sociais, económicas e políticas que,
historicamente, se foram sucedendo e enformando
as expectativas que rodeiam o Serviço Social, quer
do ponto de vista dos seus clientes, quer do dos
seus profissionais, quer, ainda, do das instituições
que o enquadram.
De facto, a tese construcionista parece ser a única
capaz de ilustrar o processo de evolução do Serviço
Social. Enquanto profissão, o Serviço Social é uma
realidade social e historicamente construída a partir
de múltiplas especificidades locais e temporais, dado
que, nas suas diferentes fases evolutivas, o Serviço
Social sofreu influências teóricas diversas e
desenvolveu estratégias próprias reflectindo, na sua
prática, o espírito de uma época.
Por se nos afigurar uma análise de particular
clareza, seguiremos Vega (1993), na sua
identificação dos factores centrais que
presidem à conceptualização do Serviço Social,
e cuja evolução conduz à possibilidade de
diferenciação de sucessivas etapas nesta
matéria.
Segundo a autora, esses factores são: as formas
dominantes de assistência social; os valores
prevalecentes a respeito da pessoa humana; as
formas de necessidade/dificuldade cobertas pela
protecção pública; e, finalmente, os
desenvolvimentos nas várias ciências sociais, e,
mais especificamente, os seus contributos teóricos
e metodológicos para o Serviço Social.
Com base nas transformações e nas dinâmicas
que se produzem entre os factores atrás
referidos, Vega identifica as grandes etapas
conceptuais na história do Serviço Social.
A primeira dessas etapas situa-se, cronologicamente, no
período entre 1920 e a II Guerra Mundial. Do ponto de
vista da prática profissional, esta etapa é marcada pelos
esforços de ultrapassagem da tradição filantrópica na
prestação da ajuda que, claramente, se encontrava ainda
muito associada ao Serviço Social. De facto, a década de
1920 correspondeu, na maioria dos países, ao momento do
reconhecimento efectivo do Serviço Social, enquanto
profissão.
Em 1928, na I Conferência Internacional de Serviço
Social, que teve lugar em Paris, e que marcou a
criação da Associação Internacional de Escolas de
Serviço Social, René Sand propôs uma definição
para esta actividade profissional que, claramente,
ilustra esta preocupação em ir além da tradição
filantrópica, ainda muito ligada à imagem do
Serviço Social:
A expressão Serviço Social compreende todo o esforço tendente a

aliviar os sofrimentos que provêm da miséria (assistência paliativa)

e a devolver aos indivíduos e às famílias as condições normais de

existência (assistência curativa), a prevenir os males sociais

(assistência preventiva), a melhorar as condições sociais e a elevar

o nível geral de existência (assistência construtiva), seja através do

Serviço Social de casos individuais, através de serviços sociais

colectivos, através da acção legislativa e administrativa ou através

de investigações e inquéritos sociais (citado por De Robertis, 2003:

45).
Simultaneamente, a afirmação, pelo Estado, do
modelo intervencionista na assistência social,
conduziu ao desenvolvimento da assistência
social pública, entendida como garantia do
direito, universal e de cidadania, à protecção
social, perante determinadas eventualidades da
existência.
Criou-se, como consequência, a necessidade de
qualificação dos profissionais encarregues dessa
assistência, de forma a torná-los capazes de ultrapassar
as metodologias herdadas da filantropia, e de realizar
intervenções e abordagens inovadoras que, para além de
actuarem sobre os efeitos das situações de carência, que
afectavam os indivíduos, contemplassem, igualmente, as
causas subjacentes aos diferentes problemas sociais.
A segunda etapa foi muito marcada por todo
um conjunto de desenvolvimentos nas ciências
sociais, que tiveram forte impacto quer na
teoria quer na prática do Serviço Social.
Destaca-se, sobretudo, a enorme influência dos
conceitos e das explicações do âmbito da
Psicologia que, sobretudo a partir da década de
1940, se reflectiram numa exaltação das
dimensões humanista e ética no Serviço Social.
O triângulo pessoa, situação, meio social, converteu-se
no eixo, em torno do qual se multiplicaram formulações
teóricas, orientadas sempre para a fundamentação de
uma intervenção sistematizada e qualificada.

Prosseguiu assim, nesta fase, a preocupação com o


desenvolvimento de uma metodologia própria do
Serviço Social, enquadrada por padrões de
conhecimento científico.
A terceira etapa teve início em finais da década
de 50, do século passado, e foi marcada pelo
esforço de afirmação da identidade profissional
e profissionalizante do Serviço Social, de que é
representativa a Resolução 16/76 do comité
Ministerial do Conselho da Europa, que define o
Serviço Social como:
Uma actividade profissional específica que
procura favorecer uma melhor adaptação das
pessoas, famílias e grupos, ao meio social em
que vivem, desenvolvendo o sentido de
dignidade e responsabilidade dos indivíduos e
mobilizando as pessoas, as relações
interpessoais e os recursos da comunidade.
Na mesma linha, poderemos recorrer à definição
de Serviço Social proposta por Boehm, em finais
da década de 1950, segundo a qual "o Serviço
Social visa potenciar o desempenho social dos
indivíduos, isoladamente ou em grupo,
concentrando-se nas interacções entre os
indivíduos e a sua envolvente" (Boehm, 1958:18).
Em finais da década de 1960, e por influência dos diversos
movimentos sociais que, à época, começaram a questionar
a ordem social estabelecida, iniciou-se uma nova etapa,
num movimento comummente conhecido como de
reconceptualização do Serviço Social, com claras
influências neo-marxistas e apoiado na pedagogia de Paulo
Freire, onde se destacaram os contributos teóricos dos
autores latino-amerlcanos, como Ezequiel Ander-Fgg ou
Natálio Kisnerman.
Neste movimento de reconceptualização,
reclamava-se um estatuto científico de pleno
direito para o Serviço Social, a par com a
exaltação da sua função transformadora da
realidade social.
Todavia, ao propor uma mudança de paradigma
para o Serviço Social, em que o trabalhador social
se converte no aliado dos segmentos socialmente
oprimidos face ao Estado, para prossecução dos
objectivos de mudança e desenvolvimento das
comunidades, num quadro que sendo apropriado à
realidade latino-americana,
dificilmente se adapta às reais condições dos
países europeus e norte americanos, a
reconceptualização do Serviço Social acabou
por negligenciar a relevância e o potencial de
transformação do Serviço Social, nas suas áreas
mais tradicionais e circunscritas de intervenção
(Deslauriers e Hurtubise, 2007).
Como consequência, o final da década de 1980 e a
década de 1990, foram cenário de novas reflexões
acerca dos fundamentos e missão do Serviço Social,
em relação com a mudança social acelerada, com os
novos perfis dos problemas sociais ou com a crise dos
Estados Previdência, mas também em relação com o
próprio estatuto científico do Serviço Social e com a
identidade profissional dos trabalhadores sociais.
Desta reflexão, assim como de toda a
trajectória de evolução conceptual que
acabámos de resumir resulta o conceito de
Serviço Social, apresentado pela Federação
Internacional de Trabalhadores Sociais e pela
Associação Internacional de Escolas de Serviço
Social, em 2001:
A profissão de trabalhador social promove a mudança
social, a resolução de problemas nas relações humanas, o
empowerment e a liberdade dos indivíduos, com vista ao
incremento do bem-estar. Recorrendo a teorias acerca do
comportamento humano e dos sistemas sociais, o
trabalhador social intervém nas interacções entre os
indivíduos e o meio, sempre por referência aos princípios
de direitos humanos e justiça social, fundamentais para o
Serviço Social.
Destacam-se, neste conceito, a sua dimensão
relacional e a produção de transformações na
realidade social, cuja finalidade é a da construção
de uma sociedade em que cada indivíduo possa
desenvolver-se e realizar-se, ao máximo, enquanto
pessoa, o que implica quer a potenciação das
capacidades individuais do cliente, quer a
neutralização de impedimentos sociais.
A transformação da sociedade, procurada pelo Serviço
Social, tem, por isso, uma dupla dimensão: por um lado,
procura assistir os grupos socialmente mais
desfavorecidos, garantindo as condições para a sua
subsistência e exercendo, dessa forma, uma função de
regulação social. Por outro lado, procura criar condições
para o exercício pleno da cidadania, garantindo condições
universais de participação, no exercício daquilo que é uma
função de orientação social.
Serviço Social e transformação social

Assistência a
Transformação
segmentos Criação de
Social
sociais oportunidades desfavorecidos para o exercício da
cidadania

Finalidade de
Finalidade
Subsistência de
Participação

Função de
Regulação Social Função de
Orientação Social
Fonte: Autoria própria

36
Definição aprovada pela Federação Internacional de Trabalhadores Sociais (IFSW),
consultado em www.ifsw.org, em 11/06/2007.

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