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SÍNTESE DO TEXTO: RAÍZES DO BRASIL

Neste livro, Sérgio Buarque discute o choque entre a tradição e a


modernidade na sociedade brasileira. Sérgio Buarque, busca nas raízes desta
sociedade uma explicação para o atraso social existente no país, produzindo
hipóteses para uma possível superação deste retrocesso.

Sérgio Buarque vai interpretar o nosso Brasil a partir do olhar de uma


sociologia compressiva, o mesmo usa comparações entre os português e os
espanhóis.

Segundo ele, a formação do Brasil está diretamente ligada às origens da


sociedade brasileira, ou seja, está atrelada à colonização e ao seu legado cultural,
político e institucional. Assim, o tradicionalismo, patriarcalismo vem de seu passado
ibérico.

Sérgio Buarque usa um conceito para explicar a sociedade através de suas


origens é a cultura da personalidade ou personalismo. Uma característica peculiar à
península ibérica. Para ele, a cultura da personalidade é a frouxidão de laços
sociais que atribui valor ao indivíduo autônomo e não à organização espontânea ,
formada pela coesão social. O mesmo aborda que as relações em Portugal não
advêm do mérito, mas sim do privilégio, do status.

A segunda característica usada para o entendimento da sociedade através de


suas raízes é a ética da aventura. É através deste princípio que ele exibe a figura do
aventureiro e do trabalhador, pra ideal de conceitos antagônicos formulado pelo
autor através de concepções weberianas. Para Sérgio, a colonização do Brasil foi
promovida pelo espírito do português aventureiro, que exibe a mobilidade e
adaptabilidade, que nega a estabilidade e o planejamento, que se distingue do tipo
trabalhador, e de sua ética do trabalho, que preza pelo esforço. Também é através
dessa negação de trabalho que soma a falta de planejamento. Ao comparar as
cidades portuguesas com as espanholas, define que o espanhol é um ladrilhador,
que constrói suas cidades de forma racional, pensada. Ao contrário do português
que é apenas um semeador.
A estrutura da sociedade colonial tem raízes rurais e até hoje percebemos
sua influência na sociedade brasileira. Seguindo no livro, a terceira característica
encontrada é o ruralismo. É nesta característica que aparece outro grande
componente da sociedade brasileira, a família patriarcal. Sérgio Buarque comenta
como a mentalidade escravocrata e aventureira impediu a industrialização do Brasil
ao longo do século XIX. Assim, conclui o autor, não estranha que o Brasil só tenha
abolido a escravidão em 1888 e que o modo de vida rural tenha invadido a cidade.
A partir da herança ibérica, que o Sérgio propõe a quarta consideração sobre
o tradicionalismo brasileiro, o homem cordial. A palavra “cordial” é geralmente usada
no sentido de ser cortês. Desta maneira, muitos pensavam que Sérgio Buarque a
usava como um elogio, afirmando que o brasileiro era educado por natureza. O
cordial seria o ser humano que se deixava levar pela emoção. Ao contrário de outros
povos que se guiavam pela razão, o brasileiro seria governado pelas paixões.
Outros estudiosos afirma que Sérgio Buarque de Holanda estava sendo irônico, pois
de cordial (educado e cortês) o brasileiro não teria nada. Por sua vez, este é o
símbolo da relação social informal, que leva a vida pública a vida privada, ao propor
acesso a existência política através de relações sociais de afetividade. Essa
cordialidade não pressupõe bondade, mas apenas identifica que o homem cordial
não se guia pela razão, e sim pelas suas emoções.

Através das busca das raízes da sociedade brasileira, que Sérgio exibe a
origem do tradicionalismo, do conservadorismo que impede a modernização do
Brasil através da constituição de um Estado Liberal. É através destas origens
sociais, que ele insere sua argumentação crítica e propõe uma revolução pautada
pela reforma política, pela busca da meritocracia, pelo planejamento, pó resultado
em longo prazo, ou seja, pela criação de algo que atendia as necessidades
modernizados da nação.

A abolição da escravidão é vista como um marco, pois separa o Brasil rural do


Brasil urbano. Os latifundiários perderam sua influência no governo, segundo o
autor. Os modelos políticos do passado se adaptam aos novos tempos. Isso é
possível através da combinação não harmoniosa entre leis formalmente perfeitas e
uma organização administrativa ideal com o mais extremo personalismo. A Abolição
tornou inviável a velha sociedade agrária, o que foi o início da “nossa revolução”.
Trata-se de superar o passado, adotar o ritmo urbano e propiciar, ao mesmo tempo,
a ruptura do predomínio das oligarquias e a emergência das camadas oprimidas da
população, únicas com capacidade para revitalizar a sociedade, tornando viável uma
vida democrática no Brasil. Sérgio Buarque diz que o Brasil só terá democracia
plena quando houver uma revolução feita de baixo para cima. Também será preciso
aceitar a impessoalidade da democracia e que direitos e deveres são para todos.

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