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RESUMO
UNIVERSIDADE POSITIVO.
3 Docente da Escola de Direito e Ciências Sociais da Universidade Positivo (EDCS/UP).
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ABSTRACT
Social networks play an important role in society and business. Currently, many
professionals use networks to publicize the work they carry out, inserting content about
their area of expertise, in different formats. In law, this is no different. And one of the
social networks that has been used by legal professionals is TikTok, which has been
gaining more and more public attention in recent years, due to its interactive way of
presenting content in videos. The Chinese social network, which is still aimed at a
younger audience, ranging from 16 to 24 years old, has been gaining more followers
and is often used to mirror content for dissemination among more social networks,
such as Instagram. That is, the contents are created on the TikTok network and
mirrored on other social networks by the professional himself. People all over the world
watch Tik Tok. The social network introduced in society in 2020, has more than 1 billion
registered users, including lawyers, politicians, nutritionists, doctors, personal trainers,
children and young people who are just doing dances or dubbing in front of the camera.
That is a platform that exposes different styles of content. Thus, TikTok delivers videos
posted by person X, to person Y or Z, without them knowing each other. Lawyers from
all over Brazil have been using the social network to disseminate content about their
practice area. The problem that this article aims to report is that legal professionals
have a Code of Professional Ethics, Statute and Provisions, which specify what is
allowed or not in relation to professional disclosure or marketing. In this context, we
have noticed, including through examples that will be discussed here, that many
professionals in the legal area are not following the instructions and provisions of the
Brazilian Lawyers Ethical Code.
Keywords: Brazilian Lawyers Ethical Code. Lawyers. Social Networks. TikTok. Legal
Marketing. Professional Ethic.
1 INTRODUÇÃO
Ética (do grego ethikós, pelo latim ethicu, que significa costume) é o estudo
dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, em determinada sociedade.
É, portanto, a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.
(CRETELLA JÚNIOR; CRETELLA NETO, 2005, p.127).
ser seguidas.
Assim, não resta dúvida de que essas regulamentações devem ser seguidas,
para que também a advocacia seja respeitada pela sociedade e pelos próprios
profissionais que nela atuam. A publicidade na advocacia é regulada pelo Código de
Ética da OAB, e possui um capítulo próprio para tratar do tema. Ainda, está em
sinergia com o mais recente provimento da OAB que aborda a publicidade no meio
jurídico, divulgado no ano de 2021, e com ele o desenvolvimento de uma cartilha
denominada “Marketing e Publicidade na Advocacia - Novo Provimento”, disponível
em formato online para todos os advogados e advogadas do país.
A cartilha inicia o seu conteúdo com a seguinte frase: “um dos assuntos mais
polêmicos enfrentados no meio jurídico é o Marketing na advocacia”. O tema
realmente vem sendo cada vez mais debatido, já que as divulgações dos profissionais
da área só crescem com o avanço das plataformas de comunicação e marketing.
O último provimento era de mais de 20 anos, com publicação realizada pela
entidade de representação de classe no ano 2000, sendo revogado pelo Provimento
205/2021, do Conselho Federal da OAB. A cartilha é fruto do trabalho conjunto das
Comissões de Sociedades de Advogados e de Gestão e Inovação.
Um dos artigos que vale destacar no conjunto trazido pelo referido capítulo é o
artigo nº42, que traz exatamente o que é vedado pelo Código de Ética ao advogado,
em relação à publicidade. No inciso I tem-se que é vedado “responder com
habitualidade a consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação social” e
no inciso III, que é vedado “abordar tema de modo a comprometer a dignidade da
profissão e da instituição que o congrega”. (BRASIL, 2015).
Destacados os artigos do Código de Ética e Disciplina da OAB, importante
salientar os aspectos do Provimento nº205/2021, da Ordem dos Advogados do Brasil,
que aprofunda mais sobre o marketing na advocacia, justamente pela necessidade de
atualização do tema, com as mudanças rápidas trazidas pela internet e pelas redes
sociais. O provimento já aborda, em seu artigo 1º, que é “permitido o marketing
jurídico, desde que exercido de forma compatível com os preceitos éticos e
respeitadas as limitações impostas pelo Estatuto da Advocacia, Regulamento Geral,
Código de Ética e Disciplina e por este Provimento”. (BRASIL, 2015).
Ou seja, o próprio Provimento faz menção às regulamentações já citadas neste
artigo, sendo necessário então seguir os preceitos em todos eles e não em apenas
um ou outro. Estão relacionados, e não podem ser seguidos separados pelos
profissionais da advocacia.
O novo Provimento, publicado no ano passado (2021), ou seja, bem recente,
fez-se necessário pela mudança que vem acontecendo na divulgação da advocacia,
em especial nas redes sociais e na internet. Assim, em seu artigo nº 3, o provimento
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continua em sinergia com o Código de Ética da OAB, ao tratar a publicidade com “deve
ter caráter meramente informativo e primar pela discrição e sobriedade, não podendo
configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão”. (BRASIL, 2021). E
neste mesmo artigo veda as seguintes situações:
Ainda, o Provimento nº205/2021, traz em anexo único, outras questões que são
de extrema importância quando o assunto é o tratamento da publicidade para o
exercício da advocacia e apresenta um quadro com variadas orientações entre elas
sobre aplicativos para responder consultas jurídicas. Não específica ou dá exemplos
sobre quais são, mas descreve que não podem ser realizadas consultas jurídicas para
não clientes destacando que:
4 METODOLOGIA
Ademais, ressalta-se que os perfis dos descritivos dos vídeos aqui expostos
serão mantidos em sigilo no presente artigo, uma vez que pretende-se exemplificar o
teor do conteúdo que infringe as regulamentações da publicidade na advocacia na
rede social, em especial no TikTok, e não expor o profissional da área jurídica,
cabendo essa questão aos órgãos competentes de fiscalização profissional.
Provimento. Sem contar a violação sob aspectos do Código de Ética da OAB no que
tange ao exercício da profissão, ao passar uma orientação de tal natureza, para
seguidores em uma rede social, ao incitar violência e ainda relacioná-la com penas
punitivas. Resta claro que não existe aqui nenhum caráter meramente informativo,
mas preocupante, com discurso violento e capaz de expor de forma danosa a
profissão da advocacia.
Exemplo nº 2
Outro exemplo de resposta inapropriada aos seguidores das redes sociais e
que foge do que é permitido nas regulamentações de publicidade para advogados(as),
é o de uma advogada que publicou um “reels” na rede social Instagram - vídeo
espelhado na rede social TikTok -, onde enfatiza: “pare agora de implorar pela pensão.
Na separação o genitor combina de pagar um valor e você TOLA acredita que não
precisa formalizar porque ele vai pagar, mas aí chega no dia do pagamento e o que
acontece? Você tem que pedir e ficar implorando para ele pagar a pensão, mas agora
chega, a pensão é direito do seu filho, a partir de hoje você não vai implorar por
pensão, você vai fazer diferente, vai procurar um advogado de sua confiança, vai
ingressar com ação de alimentos para nunca mais precisar pedir algo que não é ajuda,
é responsabilidade” (VÍDEO INSTAGRAM, 2022).
Nota-se que no exemplo acima, é usada a expressão “tola”, de forma grosseira,
para com a pergunta realizada pelo seguidor. Além de caracterizar uma consulta,
respondendo a uma pergunta de seguidor, ainda utiliza expressão inadequada.
Novamente, mais um exemplo no qual o caráter informativo deixa de existir, para dar
espaço a uma linguagem grosseira, com expressão de xingamento na rede social.
Já no segundo exemplo, por mais que a autora tenha apresentado esse vídeo
com um caráter informativo, ela ultrapassou os limites impostos pelo código de ética
da OAB, uma vez que ofendeu a seguidora que lhe fez a pergunta, a chamando de
“TOLA” por acreditar que o marido iria cumprir um contrato verbal.
Nada obstante, além da falta de ética dos advogados ao passarem informação
aos telespectadores, é válido ressaltar que muitos não sabem o limite do “caráter
informativo” proposto pelo Código de Ética e Disciplina, uma vez que não está explícito
de fato o teto aceito pela Ordem dos Advogados do Brasil.
Sendo assim, Mariana França Nobre Pinto (2019, p.2.) elucida em seu artigo:
A Ética e disciplina dos advogados nas mídias sociais” que: “sabemos que,
atualmente, com as mídias sociais, há falta de informação dos advogados
quanto ao limite e a forma de publicidade pelos profissionais. Registra-se que
a publicidade, nos parâmetros do Código de Ética, tem como finalidade a
informação e proibição de mercantilização da profissão.
Assim sendo, tendo em vista esta breve explicação a respeito das sanções
disciplinares impostas às infrações disciplinares dos advogados, é possível entender
como o Tribunal de Ética e Disciplina irá punir o profissional da advocacia que infringir
algum dos incisos citados no art. 34, nos permitindo passar às análises das posições
passadas do Tribunal aqui responsável.
Apesar da comunicação realizada pela OAB ser direta e sem grandes detalhes
sobre o Comitê de Marketing Jurídico, não apresentando quem o compõe, e não
trazendo mais informações de como será essa unificação nos tribunais de ética e
disciplina, ou ainda se o site é apenas um canal de dúvida ou tem caráter de denúncia,
nota-se que já é percebido a necessidade de atualização do Provimento nº205/2021
e suas interpretações por parte da Ordem dos Advogados do Brasil.
Resta acompanhar os canais de comunicação da OAB para obter atualizações
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jurídico, com uma comunicação clara e objetiva da existência do mesmo. Mas como
fazer esse canal, sem antes atualizar e detalhar o Provimento nº205/2021? Então,
outra urgência que surge com o avanço das redes sociais além da atualização da
regulamentação, são campanhas de orientação e conscientização da importância da
tríade Estatuto da Advocacia, Código de Ética e Disciplina e Provimento nº205/2021.
Em recente divulgação da Ordem dos Advogados do Brasil (Novembro de
2022) em rede social Instagram, o Comitê de Marketing Jurídico abriu um canal de
dúvidas e apresentou um descritivo da função do Comitê, entre elas a de atualização
e interpretação das normas. Nota-se que o tema está no alerta dos órgãos
competentes, mas que também é necessário um agir mais rápido, visto que, como
apresentou-se no presente trabalho, o último provimento foi publicado há mais de 20
anos.
Desta forma, diante do exposto, entende-se que é fundamental que os
advogados(as) se atentem para as regulamentações existentes e que independente
do meio que escolham para a divulgação de seus trabalhos, que as normas da
profissão sejam respeitadas para uma boa reputação que a advocacia sempre exigiu
e sempre seguiu, diante da função social que exerce na sociedade.
Os profissionais do ramo jurídico, como bem cita a Carta Magna, a Constituição
Federal do Brasil, em seu artigo nº133, exercem “função indispensável à
administração da justiça”. O advogado(a) está a serviço da sociedade e é fundamental
na manutenção do Estado Democrática de Direito. Sendo assim, zelar pela boa
reputação profissional, seguindo preceitos éticos e respeitando as normas de
regulamentação, continuará possibilitando a prática de uma advocacia que está a
serviço da sociedade e em prol do desenvolvimento do país.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado de Santa Catarina Tribunal
de Ética e Disciplina. Processo de Representação nº 537/2019. Relator: Pablo de
Oliveira. Tribunal de Ética Santa Catarina, SC, 2022. Disponível em: https://www.oab-
sc.org.br/ted-ementarios#conteudo.
BRASIL. Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Espírito Santo Tribunal
de Ética e Disciplina. Processo (COn) n.º 130512020-0. Relator: Bruno Richa
Menegatti. Tribunal de Ética, Vitória, 25 mar. 2020. Disponível em:
https://www.oabes.org.br/arquivos/3_-_Julgamento_em_ambiente_virtual_-
_Proc._n.A_130512020-0_-_Consulta_-_Voto-Ementa-AcoIrdaIo.pdf. Acesso em 17
nov. 2022
OAB PARANÁ. PRADO, Flávio Augusto Dumont; VIANNA, Maria Amélia Mastrorosa;
DANTAS, Rafaela Vialle Strobel; GOMES, Rhodrigo Deda. Marketing & Publicidade
na Advocacia - Novo Provimento. Disponível em: https://www.oabpr.org.br/wp-
content/uploads/2021/09/marketing-e-publicidade-na-advocacia-novo-provimento.pdf
. Acesso em: 11 nov 2022.
PINTO, Mariana de França Nobre. A Ética e disciplina dos advogados nas mídias
sociais. Revista Eletrônica OAB/RJ. Rio de Janeiro, v. 30, n. 1, Jul./Dez. 2019.
Disponível em: https://revistaeletronica.oabrj.org.br/. Acesso em: 17 nov. 2022