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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

RESUMO DA PARTE II DO CAPÍTULO III DO LIVRO RELAÇÕES SOCIAIS


E SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Beatriz Gama de Alencar

MANAUS
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

RESUMO DA PARTE II DO CAPÍTULO III DO LIVRO RELAÇÕES SOCIAIS


E SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Resumo elaborado pelas acadêmicas do curso de


Serviço Social sob a orientação da Professora
Mayara do Departamento de Serviço Social, da
Universidade Federal do Amazonas, para obtenção
de nota parcial na disciplina Fundamentos Teórico-
Metodológicos de Serviço Social I.

MANAUS
2013
RESUMO

Em 1937, ocorre o golpe de estado por Getúlio Vargas; sua política econômica estava
voltada ao incentivo da industrialização, apoio à capitalização e a acumulação deste
setor. O estado volta-se ao incremento da infra estrutura básico à implantação do parque
industrial. É através do modelo corporativista e por uma nítida política industrialista que
se inicia uma nova fase após o período de transição iniciada na Revolução de 30. Com o
crescimento da população urbana o Estado começa a instituir representantes através de
suas entidades que têm por finalidade planejar e implementar políticas públicas. É com
a pressão de setores emergentes, que há uma necessidade de absorver e controlar esses
novos setores que só crescem com a expansão da industrialização.

“A pressão pela a ampliação da cidadania social torna necessário algo como uma
renegociação periódica de um Contrato Social, através do qual o Estado procura a
integração e mobilização controladas dos trabalhadores urbanos pela incorporação
progressiva e falsificação burocrática de suas reivindicações e aspirações. A paz social
do Estado corporativo pressupõe, assim, o surgimento constante de novas instituições
[...] que aparecem em conjunturas determinadas como respostas ao desenvolvimento
real ou potencial das contradições geradas pelo o aprofundamento do modo de produção
que atinjam o equilíbrio das relações de força.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto,
1995 – Cap. III p.245).

As características principais dessas instituições serão o de propiciar benefícios


assistenciais indiretos aos trabalhadores ativos, e manter uma parcela dos trabalhadores
fora dos camp os de trabalho. É dessa forma que o capitalismo mantém a exploração e
ao mesmo tempo mantém o crescimento acelerado, trazendo por consequência a
redução da capacidade de reivindicação da classe trabalhadora.
A desestruturação dos sindicatos faz com que a as primeiras instituições do serviço
social venham a surgir.

[...] “A primeira referencia explicita na Legislação Federal com respeito a Serviços


Sociais consta na Carta Constitucional de 1934, também o Decreto Lei nº 525, de 1-7-
1938, estatui a organização nacional do Serviço Social. [...] A primeira grande
instituição nacional de assistência social, a Legião Brasileira de assistência, é
organizada em sequência ao engajamento do país na Segunda Guerra Mundial.”
(Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.256).

A adesão do Serviço Social por parte do SENAI (serviço nacional de aprendizagem


industrial, criado em 1942) surgiu como consequência da implantação da LBA, num
primeiro momento apresentando-se como parte de um processo de expansão somente
quantitativo do volume de assistência visando à distribuição e organização dessa
assistência de uma forma mais política. O SENAI como grande empreendimento de
qualificação da força de trabalho está englobado dentre as grandes instituições
assistenciais surgindo como medida emergencial num contexto em que o país sofria
economicamente os reflexos da segunda crise mundial expressando a carência de força
de trabalho qualificada que atendesse a demanda do mercado nacional.

O Estado, frente a essa problemática que abalava o equilíbrio da acumulação capitalista,


articula-se com a burguesia industrial a fim de dividirem as tarefas tendo em vista fazer
a manutenção do mercado, atuando na educação da população propiciando futuros
benefícios que atendem o interesse de ambos. Nesse sentido o SENAI representa um
instrumento de atuação da classe dominante com o objetivo de adequar a Força de
Trabalho as necessidades da produção para o seu próprio beneficio, pois os
investimentos feitos pelo empresariado retorna para eles através do modo de produção
capitalista. As políticas assistenciais tomam uma forma mais qualitativa para atender as
necessidades geradas pelo aprofundamento do capitalismo, nesse contexto o SENAI
aparece como elemento constitutivo desse processo. Frente ao desgaste da força de
trabalho foram propiciadas medidas assistenciais e melhores condições de higiene,
nutrição, habitação como resposta ao operariado visando desenvolver o “bem-estar”
entre empregados e empregadores, sobretudo para “conter os ânimos” e manter tudo
sobre controle, afinal sabe-se que o Estado tem o papel de promover o bem-estar social,
mas na verdade, age para manter a ordem e o progresso social da classe vigente.

O Serviço Social nesse período firmou-se significativamente enquanto profissão,


substituindo a prática assistencialista e incorporando a lógica capitalista (discurso
individualista e determinante da divisão de classes). Enquanto o assistente social exercia
a missão que lhe foi incumbida de ajustar e preparar o profissional aos moldes do
sistema capitalista, ele também toma a consciência de que se encaixa dentro desse
perfil, percebendo-se mais critico e capacitado, sendo esse um processo de grande
importância para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da profissão.
O SENAI aparece enquanto instituição social, claramente determinado por aquela
conjuntura tendo como adequação da força de trabalho o sistema industrial que se
revestira de dois aspectos principais; o atendimento objetivo ao mercado de trabalho, e a
produção da força de trabalho ajustada psicossocialmente ao estágio de
desenvolvimento capitalista.

O Assistente Social aparece como produtor de serviços e tem como particularidade sua
o fato de coordenar a instituição e atuará através da seleção e encaminhamento no
sentido de minimizar o seu custo facilitando o aumento do trabalho excedente.
O desenvolvimento capitalista traz consigo o agravamento da questão social isso
permitirá á formação cristã-humanista do assistente social pondo-o a serviço das
instituições que atuam segundo esse novo sentido.

Com isso temos o Serviço Social da Indústria (SESI) que foi oficializado em 1946,
portanto seus considerados partem da constatação das dificuldades do pós-guerra e da
premissa do dever do Estado em concorrer, incentivar e estimular o bem-estar.
Portanto será atribuído ao SESI estudar, planejar e executar medidas que contribuem
para o bem-estar do trabalhador na indústria, contudo este se enquadra num processo
marcado pela organização do empresariado que busca homogeneizar uma série de
posições que se relacionam à nova situação internacional tanto a nível econômico como
político. Nesse momento observa-se a existência de modificações no pensamento social
da Igreja Católica e com isso o Serviço Social será reafirmado como elemento essencial
para a harmonização entre capital e trabalho, atuando no sentido de conscientizar o
patronato e preparar uma elite de trabalhadores que viabilizasse aquele tipo de
comunhão.

O SESI é caracterizado por suas praticas sociais, que tem como base radicalizar a
utilização da contraposição e a organização da classe operaria na luta política
anticomunista com isso, este aparece como resposta à nova conjuntura de forças que
surgem com a desagregação do Estado Novo e a liberação do regime, favorecendo o
crescimento do movimento operário, isto aponta um dos extremos que o compõe; seu
funcionamento declarado e explicito como instrumento político-repressivo.

A fundação Leão XIII tem a função de executar as políticas públicas e assistenciais no


Estado do Rio de Janeiro afim, de organizar, gerenciar e coordenar os programas e
projetos. Nesse momento o partido comunista vem se fortificando e tornando-se força
política para eleições 1946. Junto à fundação, a Igreja Católica e o Estado trabalham em
parceria para desenvolver os serviços assistenciais.

O Serviço Social além de desempenhar todas essas funções, também vem empregar o
Serviço social de grupo a partir dos centros de ação social, valendo ressaltar que esse
período aonde forças trabalhista vinham se movimentando.

O Serviço Social faz uso da educação popular visando o levantamento da autoestima


das populações de favelas, face dessa a população marginalizada tentando generalizá-la.
O seguro social foi desenvolvido no final da república velha, a partir da Lei Eloy
Chaves de 1923, tendo como base as futuras políticas de seguro social. Nesse período
houve a tentativa da introdução do serviço social na previdência e, 1943 surgem a
Consolidação das Leis Trabalhista (CLT). Nesse ano havia influência do plano
Beveridge, tendo uma visão de modernizar e ampliar o seguro social.
A primeira experiência oficial de implantação do serviço social na estrutura do seguro
social ocorreu 1942, quando é organizada o Instituto de Pensões e Aposentadoria dos
Comerciários e a seção de estudos e assistência social.

“A humanização do serviço social não deveria resultar apenas na tão necessária


aproximação e integração entre os institutos e a massa segurada [...] o interesse do
serviço social por todos os aspectos da vida do contribuinte, é situado não apenas como
fator de ajustamento social, mas também na diminuição dos riscos de seguro” [...]
(Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.303).

“As seções ou turmas de serviço social apenas começam a generalizar-se pelas


delegacias regionais das instituições previdenciárias no decorrer da década de 1950. [...]
A organização das delegacias regionais e a interiorização dessas instituições [...]
começará a estabilizar-se no início da década de 1940. [...] Apenas após a primeira fase
de estabilização, as instituições previdenciárias começarão a desenvolver e ampliar os
chamados serviços assistências.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III
pp.303 e 304).

“O que se nota, nesse sentido, é que as instituições previdenciárias desde cedo sentem a
necessidade de um tipo de funcionário especializado para o trato com os usuários. [...]
Em 1945 são organizados cursos intensivos de serviço social para os funcionários de
diversos institutos e caixas. [...] Estes constituirão a base humana que permitirá no
início da década de 1950 a generalização das turmas e seções de serviço social.”
“Isso é visto como resposta a uma necessidade política relacionada à eficiência dessas
instituições.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.305).

“Teorização e prática institucional que terão por base [...] os métodos e técnicas
tradicionais adaptados para o que rapidamente se transformará num atendimento "em
massa" dos usuários.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.306).

“Quando os problemas apresentados fogem às possibilidades de atendimento normal da


instituição, é o momento em que o serviço social "torna-se uma necessidade real",
procurando dar aos mesmos uma "solução satisfatória", a partir dos recursos da
comunidade.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.307).

“Partindo de que o serviço social é o setor apto para atender o segurado [...] serão
reclamados funções e programas a partir da educação social [...] das técnicas de
entrevistas [...] distribuição de auxilio [...] casos de fiscalização ou conflito.” (Relações
Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III pp.308 e 309).

“O seguro social, orientado para a absorção de conflitos de classe [...] passa a ser ele
próprio palco da luta de classes, transformando-se em campo de luta.” (Relações Sociais
no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.310).

“Coloca-se aí a questão central da humanização do seguro social [...] vinculando-se ou


não a serviços assistenciais [...] toma relevo sua ação ideológica, que tem por objetivo
atingir o modo de pensar e viver da população cliente.” (Relações Sociais no Brasil,
Iamamoto, 1995 Cap. III pp.310 e 311).

“Dessa forma, a nova racionalidade no atendimento da "questão social" aparece no fato


de que serviços assistenciais, fornecidos a determinada parcela da população,
especialmente aquela engajada no processo produtivo, torna-se consumo produtivo para
o capital e para o Estado” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.313).

“O estimulo à cooperação de classes, o ajustamento psicossocial do trabalhador, são,


entre outros, elementos básicos na ação de impor a aceitação e interiorização das
relações vigentes, a aceitação da hegemonia social do capital.” (Relações Sociais no
Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.314).

“Nesse sentido, o processo de institucionalização do serviço social será também o


processo de profissionalização dos assistentes sociais formados nas escolas
especializadas.” (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap. III p.315).

O Serviço Social deixa de basear-se nas práticas assistencialistas gerenciadas pela


Igreja, que eram legitimadas pela classe dominante (burguesia) e de uma lógica
institucional do Estado. Com a especialização da formação dos Assistentes Sociais e
seus métodos de intervenção social, passa a constituir-se uma profissão remunerada, que
teria como base solucionar os conflitos das classes subalternas, deixando de lado o
assistencialismo para dar base a prática institucionalizada, engrenando a execução das
políticas sociais do Estado e corporações empresariais.

O Serviço Social é incorporado a instituições, cujo atuava em diversas práticas materiais


como a medicina curativa e preventiva, assessoria jurídica, conjunto habitacionais entre
outros. Esses setores eram definidos como setores populares e como a classe mais
miserável e carente, desviada de um padrão definido como normal e acessível ao
equipamento social e assistencial.

"O caráter necessário e "racionalizador" das práticas subsidiárias desenvolvidas pelo


Serviço Social deriva, em parte substantiva, do conteúdo de classe - dos interesses das
classes dominantes embutidos nas políticas sociais do Estado - que preside e determina
a ação das instituições assistenciais." (Relações Sociais no Brasil, Iamamoto, 1995 Cap.
III p 319).

A ideologia e a lógica capitalista promovem o Serviço Social para os limites da


contradição. Com a burocratização institucional, o Serviço Social como legitimador dos
direitos das classes pobres, posiciona-se como mediador das neutralizações,
reivindicações e dos conflitos sociais que vão contra lógica da produção capital e
exploração da força de trabalho. Esta burocracia interrompe e dificulta a acessibilidade
do direito e do benefício ao indivíduo. O Serviço Social deverá facilitar e agilizar este
acesso, proporcionando maior rapidez e seguridade, para que não seja refém da
intransigência funcionalista e da institucionalização. Neste processo passam a
desenvolver múltiplas atividades para o Serviço Social, orientando uma reestruturação
nas suas formas de intervenção. A partir de então, tem-se uma profissão legitimada pelo
Estado.

Uma dessas reformas foi à criação de uma equipe multidisciplinar, que tinha como
característica formular programas preventistas e educativos, integrando diversos
serviços e instituições assistenciais e sociais para assistir as populações em riscos.
Abrindo uma importância e firmação para uma perspectiva de um status e consolidando
da profissão, que proporcionou um grande impulso ao ensino especializado,
experimentando novos métodos, teorias, práticas e instrumentos para intervenção mais
eficaz do agente social. Já consolidado, o Serviço Social separava-se cada vez mais dos
estigmas da profissão, que o tinha como práticas assistencialistas e burocráticas. Agora
detentor de um conjunto de especificidades e técnicas, intermediava para combater as
questões sociais refracionadas pelo capitalismo para assegurar a universalização dos
direitos.

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