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Desenvolvimento de Projeto

Educativo na Comunidade
Margarete Gonçalves Macedo de Carvalho
Edilomar Leonart
Vânia Carla Camargo

Curitiba-PR
2016
Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

© INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.

Elio de Almeida Cordeiro Edilomart Leonart


Reitor pro tempore Diretora Geral do Câmpus Colombo

Izaias Costa Filho Maria Lúcia Tozetto


Chefe de Gabinete Coordenadora do Curso

Ezequiel Westphal Carmen Sílvia da Costa


Pró-Reitor de Ensino – PROENS Coordenadora de Tecnologias Educacionais EaD

Evandro Cherubini Rolin Darlan Martins


Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Lídia Emi Ogura Fujikawa
Institucional – PROPLAN Wanderlane Gurgel do Amaral
Designers Instrucionais
Rubens Felipe Ribeiro
Pró-Reitor de Administração – PROAD Diego Windmöller
Fabiola Penso
Valdinei Henrique da Costa Hilton Thiago Preisni
Pró-Reitor de Gestão de Pessoas Diagramadores
– PROGEPE
Linda Marchi
Ezequiel Burkarter Revisora
Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação –
PROEPI Monique Mika
Ilustradora

Fernando Roberto Amorim de Souza e-Tec/MEC


Diretor de Educação da Distância Projeto Gráfico

Eduardo Fofonca
Diretor de Ensino e Desenvolvimento de
Recursos Educacionais EaD

Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná


Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,

Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando
caminho de o acesso mais rápido ao emprego.

É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.

A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande


diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.

A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do


país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma
formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições
de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas
sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.

Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional


qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Novembro de 2011

Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
e-Tec Brasil
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes


desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVA e outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

e-Tec Brasil
Palavra dos professores-autores

Seja bem-vindo à disciplina de Desenvolvimento de Projeto Educativo na Co-


munidade. Por meio dela vamos aprender como modificar para melhorar o
nível de saúde de uma população através da educação em saúde.

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um componente essencial para que


essa mudança aconteça.

Nosso objetivo neste livro é ajudá-lo a construir seu caminho como educador
em saúde na comunidade na qual irá trabalhar. Assim, você verá que tra-
balhar educação em saúde com as pessoas é gratificante e recompensador,
pois quando ajudamos nossos semelhantes a se promover como seres huma-
nos, orientando-os para as mudanças de hábitos saudáveis e contribuindo
para que a saúde e a vida deles melhorem nos sentimos parte do sucesso
dessas pessoas e vitoriosos junto com elas.

Ótimos estudos para você!

Margarete Gonçalves Macedo de Carvalho


Edilomar Leonart
Vânia Carla Camargo

e-Tec Brasil
Sumário

Aula 1 – Conceitos básicos de educação.................................1


1.1 Conceitos sobre educação..............................................1

Aula 2 – Conceitos de saúde e doença....................................7


2.1 Saúde............................................................................7
2.2 Doenças.........................................................................9

Aula 3 – Como as pessoas entendem


a forma de adoecer...................................................................13
3.1 Como adoecemos..........................................................13
3.1 Fase da magia...............................................................14
3.2 Fase físico-química (miasmas).........................................14
3.3 Fase biológica ou microbiológica....................................14
3.4 Causalidades múltiplas...................................................15
3.5 Fase atual de fatores biopsicossociais.............................16

Aula 4 – Como as doenças se desenvolvem............................19


4.1 Formas de contágio........................................................19

Aula 5 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da


população - parte I...................................................................25
5.1 Entendendo a epidemiologia..........................................25
5.2 Vigilância epidemiológica...............................................31

Aula 6 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da


população - parte II...................................................................35
6.1 Sistemas de vigilância epidemiológica.............................35

Aula 7 – Como obter dados da minha população..................45


7.1 O território do agente comunitário de saúde..................45

Aula 8 – Pesquisa em saúde: descobrindo as necessidades de


uma população por meio da problematização (estabelecimento
de tema, problema e justificativa)...........................................53
8.1 Descobrindo o problema da minha população................53

e-Tec Brasil
Aula 9 – Pesquisa em saúde: objetivos e metodologia..........57

Aula 10 – Pesquisa em saúde: resultados


esperados e cronograma..........................................................63

Aula 11 – Aprendendo a ensinar - parte I ..............................67


11.1 O que significa ensinar?...............................................68
11.2 Por que ensinar?..........................................................71

Aula 12 – Aprendendo a ensinar - parte II .............................73

Aula 13 – Estratégias de ensino...............................................79

Aula 14 - Recursos educacionais: material


informativo impresso – parte I.................................................83

Aula 15 – Recursos educacionais: visuais para


apresentação -parte II...............................................................89
15.1 Flanelógrafo.................................................................90
15.2 Cartaz..........................................................................95

Aula 16 – Recursos educacionais: contar


histórias – parte III....................................................................104
16.1 Um pouco da história da contação de história..............104
16.2 O poder da contação de histórias.................................105
16.3 Como contar histórias: três aspectos principais.............106

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro


de fantoches – parte IV.............................................................112
17.1 Planejamento, confecção e uso dos fantoches..............112
17.2 Tipos e confecção de fantoches....................................120

Aula 18 – Recursos educacionais:


música – parte V.....................................................................128
18.1 Música: instrumento de interação e aprendizado..........128
18.2 Explorando as paródias.................................................131

Aula 19 – Recursos educacionais:


teatro – parte VI......................................................................134
19.1 Vamos conhecer um pouco sobre o teatro?..................134
19.2 Teatro educativo ou pedagógico...................................136

Aula 20 – Recursos educacionais: rodas


de conversa e de leitura Parte VII..........................................138

e-Tec Brasil
20.1 Aprendizagem em grupo..............................................138
20.2 Roda de conversa.........................................................139
20.3 Rodas de leitura...........................................................140

Aula 21 – Recursos educacionais:


TV e vídeo – parte VIII............................................................144
21.1 TV e o vídeo como recursos educacionais.....................144
21.1.1 Formas de utilizar a TV e o vídeo em
projetos educativos..............................................................146

Aula 22 – Recursos educacionais:


jogos educativos - parte IX....................................................148
22.1 O que são jogos educativos..........................................148
22.2 As contribuições dos jogos educativos..........................149

Aula 23 – Recursos educacionais:


jogos educativos - parte X.....................................................152
23.1 Tipos de jogos..............................................................152

Aula 24 – Recursos educacionais:


informática - parte XI.............................................................158
24.1 A informática como recurso educacional na saúde.......158
24.2 O pacote Office............................................................159
24.3 A internet e as redes sociais.........................................160

Aula 25 – Recursos educacionais:


materiais alternativos.............................................................164
25.1 Recursos naturais e recicláveis......................................164
25.2 Mural didático..............................................................165
25.3 Álbum seriado ou blocão ............................................166
25.4 Histórias em quadrinhos e tirinhas................................168

Aula 26 – Construindo um projeto


educativo – parte I..................................................................172
26.1 O que é um projeto......................................................173
26.2 O que é um projeto bem-sucedido...............................174
26.3 Estrutura básica de um projeto.....................................174

Aula 27 – Construindo um projeto


educativo – parte II.................................................................177
27.1 Projeto educativo passo a passo...................................177

e-Tec Brasil
27.2 Plano de ação..............................................................182

Aula 28 – Avaliando a ação educativa ....................................185


28.1 O que significa avaliar um projeto................................185
28.2 Maneiras de avaliar um projeto....................................186

Aula 29 – Modelos de projetos educativos ...........................191


29.1 Projeto "Sem saúde não há vida".................................191
29.2 Projeto “Ação de saúde”
(Feiras de saúde em Ubá, MG)..............................................196
29.4 Projeto “Saúde e qualidade de vida do idoso”..............198
29.5 Projeto “Mulher, saúde e bem-estar”...........................199

Aula 30 – Produzindo o relatório final ..................................205


30.1 Roteiro para a elaboração do relatório final .................206

Referências................................................................................211

Currículo dos professores-autores...........................................221

e-Tec Brasil
Aula 1 – Conceitos básicos de educação

Nesta aula, você conhecerá o significado da palavra educação,


os principais pensadores e educadores do nosso país e, principal-
mente, o papel que você exercerá dentro da profissão de agente
comunitário de saúde. Como início dessa construção do conhe-
cimento sobre como desenvolver projetos educativos em sua co-
munidade, em nossa primeira aula, trabalharemos os conceitos
básicos de educação.

Quando paramos para pensar o que significa “educação”, o que nos vêm
à mente? Talvez uma pessoa gentil cedendo a vez para uma pessoa idosa
sentar-se no ônibus. Alguém usando as palavras, “por favor”, “com licença”
e muito obrigado”. Não está errado pensar assim, mas o que queremos con-
versar com você é algo mais profundo sobre esse tema “educação”. Vamos lá?

1.1 Conceitos sobre educação


Quando queremos entender um pouco mais sobre uma alguma palavra e
seu significado, nada melhor do que a procurarmos, em primeiro lugar, no
dicionário. No dicionário Michaelis (2009), a palavra “educação” vem expli-
cada da seguinte maneira:

a) Ato ou efeito de educar. b) Aperfeiçoamento das faculdades físicas


intelectuais e morais do ser humano; disci¬pli¬na¬mento, instrução,
ensino. c) Processo pelo qual uma função se desenvolve e se aperfeiçoa
pelo próprio exercício [...] d) Formação consciente das novas gerações
segundo os ideais de cultura de cada povo... e) Civilidade. f) Delicade-
za. g) Cortesia [...].

Que interessante! A palavra “educação” tem como um de seus significados


o aperfeiçoamento dos nossos movimentos físicos, do nosso pensamento e
da nossa moral. E aperfeiçoar é tornar algo que já existe, melhor do que ele
já é.

1 e-Tec Brasil
Exemplos:

• Se toco violão, aperfeiçoar-me é treinar para tocar melhor do que já toco.

• Se sou estudante, aperfeiçoar-me é me empenhar ainda mais nos estu-


dos para me tornar um estudante melhor do que já sou.

• Se sou uma pessoa bondosa, aperfeiçoar-me é procurar desenvolver ain-


da mais esta virtude, com mais atitudes bondosas para com o mundo à
minha volta.

Seguindo esta linha de raciocínio, podemos dizer que a educação é o aper-


feiçoamento da pessoa como um todo. Ora, se educação é a forma de tor-
nar uma pessoa melhor do que ela já é, é através dela que podemos modifi-
car as pessoas e o mundo. Podemos pensar nisso quando vemos o seguinte
exemplo que aconteceu com o povo da Coreia do Sul, país da Ásia Oriental.

Figura 1.1: Coreia do Sul (no mapa-múndi)


Fonte: © Ksiom / Wikipedia, 2009.

e-Tec Brasil 2 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Veja esta reportagem sobre o desenvolvimento da Coreia do Sul.

Coreia do Sul: apaixonados pela Educação

Os melhores alunos do mundo. Não são superdotados. Deram a sorte de


estar na melhor escola do país que tem o melhor ensino básico do planeta
(a Coreia do Sul). [...]

Tudo isso num país que nos anos 50 estava destruído por uma guerra civil
que dividiu a Coreia ao meio, deixou um milhão de mortos e a maior parte
da população na miséria. Um em cada três coreanos era analfabeto. Hoje,
oito em cada dez chegam à universidade. [...]

O fato é que logo depois da reforma da Educação, a economia da Coreia


começou a crescer rápido, em média 9% ao ano durante mais de três
décadas. E hoje, graças à multidão de cientistas que o país forma todos os
anos, a Coreia está pronta para entrar no primeiro mundo, tendo como
cartão de visitas uma incrível capacidade de inovação tecnológica. Desde
a área de computação até na genética. Fonte: Reportagem de Sônia Bridi
e Paulo Zero, 2005. Jornal Nacional.

Disponível em: <http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1053187-3579-366718-6257,00.html >.


Acesso em: 12 dez. 2015.

Se tomarmos como exemplo vivo a Coreia do Sul, que era um país onde exis-
tia grande pobreza, analfabetismo e doenças, e após grandes investimentos
do governo no país, dentre elas na educação, a economia mudou e hou-
ve progresso para o povo. Portanto, podemos crer que educar pessoas é
uma das melhores formas de obter reais mudanças de comportamen-
to para o bem, e, com isso, trazer saúde, prosperidade, segurança e
desenvolvimento pessoal e para a comunidade.

Esse deve ser um dos objetivos do agente comunitário de saúde: educar as


pessoas para se aperfeiçoarem naquilo que elas já são, tornando-se melho-
res: pais, filhos, estudantes, profissionais, cidadãos, seres humanos.

Quem tem educação é uma pessoa autônoma, livre.

Aula 1 – Conceitos básicos de educação 3 e-Tec Brasil


Figura 1.2: Pensamento de Paulo Freire
Fonte: © João Guató, 2011.

Segundo Zatti (2007), a educação deve ter como objetivo fazer com que o
indivíduo se posicione diante da própria vida, no sentido de transformá-la, e
que com isso promova a si mesmo e modifique as condições que bloqueiam
seu crescimento. Porém, é importante lembrar que antes de alguém buscar
ajudar o outro a aperfeiçoar-se, a promover-se, é necessário investir no seu
próprio aperfeiçoamento.

Para isso é preciso uma mudança na forma de ver a vida. É necessário in-
conformar-se com a própria condição atual e buscar a autossuperação. Para
aquele que quer mudar sua própria vida, seja em que área for (material,
física, mental), é necessário mudar a forma de pensar, de encarar as coisas, e
essa construção pessoal para o aperfeiçoamento nada mais é do que educar-
Para conhecer um pouco mais -se. Buscar estudar, ler livros, jornais, revistas, assistir a filmes, documen-
sobre este fantástico educador tários, reportagens, conversar com outras pessoas sobre os mais diversos
brasileiro, Paulo Freire, e sobre
o nosso tema “educação”, você assuntos, participar de grupos (seja na Igreja, na Unidade de Saúde, na Pre-
pode acessar gratuitamente
um de seus livros chamado
feitura, em atividades sociais), ouvir músicas diferentes, enfim, obter novas
“Paulo Freire para educadores”, informações e trocar outras com familiares, amigos e colegas. Assim todos
disponível no link:
<http://books.google.com.br/ ganham, todos crescem, todos se aperfeiçoam.
books?hl=en&lr=&id=8m6
RXzWakwcC&oi=fnd&pg=P
A5&dq=entrevista+com+pa Paulo Freire (2000), grande educador brasileiro, disse: “É uma contradição
ulo+freire+&ots=hUS20gRfI
Z&sig=I0IjSU7glbwxbvbUkL
um ser consciente de seu inacabamento não buscar o futuro com esperança,
1u_Ox9c 2w#v=onepage&q não sonhar com a transformação, enfim, não buscar a construção de um
=entrevista%20com%20
paulo%20freire&f=false>. mundo onde todos possam realizar-se com autonomia”.

e-Tec Brasil 4 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Concluímos, a partir das discussões desta primeira aula, que educar pessoas
é uma das melhores formas de obter reais mudanças de comportamento
para o bem, e com isso trazer saúde, prosperidade, segurança e desenvolvi-
mento pessoal e para a comunidade. Podemos concluir também que a trans-
formação começa quando o indivíduo não se conforma com sua situação
atual, e sim torna-se sujeito da sua própria história.

Resumo
Nesta aula, você teve a possibilidade de conhecer o significado da palavra edu-
cação e a importância de aperfeiçoar-se como forma de crescimento pessoal.

Atividades de aprendizagem
1. A seguir temos a letra da música composta por Serginho Meriti, e inter-
pretada por Zeca Pagodinho, cujo nome é “Deixa a vida me levar”. Leia
a letra da música com atenção procurando analisá-la.

Eu já passei
Por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez
Confesso que sou
Guarida
De origem pobre Abrigo, refúgio, proteção.
Mas meu coração é nobre
Foi assim que Deus me fez...

E deixa a vida me levar


(Vida leva eu!) 5X

Sou feliz e agradeço


Por tudo que Deus me deu...
Só posso levantar
As mãos pro céu
Agradecer e ser fiel
Ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho lá vou eu...
Se a coisa não sai
Do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos
Lá vou eu!
E sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu...
Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!) 5X

Aula 1 – Conceitos básicos de educação 5 e-Tec Brasil


Analise e marque a alternativa que corresponde à interpretação correta do
significado da letra dessa música.

a) A letra da música fala de alguém que não aceita as condições de pobreza


em que se encontra e que luta para mudar seu destino.

b) A letra da música fala de uma pessoa inconformada com a vida, rebelde


com tudo, ingrata com Deus, mas que também não faz nada para mudar
sua condição ruim.

c) A letra da música fala de alguém que aceita tudo que acontece com ele
de forma passiva, achando que foi Deus que quis que ele fosse pobre e
não fará nada para mudar deixando as coisas como estão.

d) A letra da música fala de uma pessoa que nasceu numa família pobre,
mas que está investindo em sua educação, se promovendo e aperfeiço-
ando-se para melhorar de vida.

Anotações

e-Tec Brasil 6 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 2 – Conceitos de saúde e doença

Vamos falar agora sobre o bem pessoal mais precioso que uma
pessoa pode ter: a saúde. Nesta, você aprenderá sobre os aspec-
tos mais importantes da saúde e sobre o bem-estar que o ajudará
a entender e trabalhar com as necessidades das pessoas nesta
área.

2.1 Saúde
Quando falamos de saúde, talvez a imagem que nos vem à mente é de
uma pessoa sorrindo, alegre, em equilíbrio, de bem com a vida. Realmente,
quando uma pessoa tem saúde, seu semblante tende a ser assim mesmo. A
saúde nos dá condições de trabalhar com vigor e disposição, para vivermos
bem. Ela nos dá condições de cuidarmos de nós e dos outros, de irmos atrás
de nossos objetivos, e nos dá energia para seguir adiante.

Figura 2.1: Pessoas saudáveis


Fonte © jaumescar / visualhunt

Todos os seres precisam de saúde para poder viver com plenitude e qualida-
de de vida. Mas, afinal de contas, o que é saúde? No dicionário Michaelis
(2015), ela é definida como:

7 e-Tec Brasil
1. Bom estado do organismo, cujas funções fisiológicas se vão fazendo
regularmente e sem estorvos de qualquer espécie. 2. Qualidade do que
é sadio ou são. 3. Vigor. 4. Força, robustez. 5. Disposição física, estado
das funções orgânicas do indivíduo. 6. Disposição ou estado moral do
indivíduo. 7. Bem-estar físico, econômico, psíquico e social (conceito
moderno).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como "um estado


dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não ape-
nas a ausência de doença ou enfermidade" (WHO, 1998, p. 2-23 - tradução
nossa).

Vamos analisar esta incrível definição detalhadamente, acompanhe:

• Estado dinâmico – que se altera de tempos em tempos, que não é es-


tático;

• Completo bem-estar – situação totalmente agradável do corpo ou do


espírito; conforto, tranquilidade;

• Completo bem-estar físico – que seu corpo esteja em total equilíbrio


com suas funções fisiológicas e funcionando dentro do esperado para a
sua idade;

• Completo bem-estar mental – é quando a capacidade mental encon-


tra-se em equilíbrio, ou seja, as capacidades de pensar, refletir, sentir,
amar, ter raiva, indignar-se, discernir, escolher, julgar, decidir, de dizer
sim-não, estão preservadas;

• Completo bem-estar espiritual – é quando a pessoa encontra-se em


equilíbrio com aquilo que crê, não necessariamente em relação a ques-
tões religiosas, mas de crenças pessoais, de filosofia de vida, de estado de
felicidade, satisfação, de colocar-se e viver conforme o que ela acredita
ser ético e bom.

• Completo bem-estar social – é quando o indivíduo encontra-se em


harmonia para com seus semelhantes e com o meio em que vive. Ele
possui os recursos necessários para viver (trabalho, justiça, alimentação,
vestuário, moradia, lazer, etc.).

e-Tec Brasil 8 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 2.2: Bem-estar
Fonte: © Paolo Margari / visualhunt

Agora, reflita: de acordo com a definição que detalhamos, você acredita que
tem saúde? Falta adquirir bem-estar em algum setor da sua vida?

Reflita também sobre a comunidade onde você vive. As pessoas desta co-
munidade têm saúde? Analisando como um Agente Comunitário de Saúde,
o que crê faltar a elas para desfrutarem de um completo bem-estar físico,
mental, espiritual e social?

Assista uma reportagem sobre


2.2 Doenças os hábitos saudáveis de vida
que levam seu organismo a
Muito bem, agora precisamos falar sobre o que nos faz não termos saúde: sempre estar forte para manter
uma boa saúde, disponível
as doenças! em: <http://g1.globo.com/
globoreporter/0,,MUL1035187-
16619,00-ARACAJU+E+CAM
Doença é uma alteração do estado normal de saúde de um ser, que se ma- PEA+EM+QUALIDADE+DE+VI
DA.html>.
nifesta por sinais e sintomas, que podem ser perceptíveis ou não. De forma
geral, a doença é o oposto da saúde. Ela causa uma alteração, um dese-
quilíbrio na pessoa, seja no nível corporal, mental, emocional, espiritual ou
social. Este desequilíbrio gera o mau funcionamento (doença) no organismo
como um todo. Esse mau funcionamento é a doença.

Figura 2.3: O organismo em desequilíbrio gera a doença


Fonte: © takebackyourhealthconference / visual hunt

Aula 2 – Conceitos de saúde e doença 9 e-Tec Brasil


As doenças podem ser causadas por vários motivos. Podem ser pegas por
contágio, desenvolvidas por mau funcionamento dos órgãos do corpo, por
questões genéticas, pelo envelhecimento, pelo próprio meio ambiente e por
hábitos de vida e higiene. Seja qual for o motivo, a doença sempre traz mal-
-estar ao ser humano, prejudicando sua qualidade de vida, sua produtivida-
de e felicidade.

Você já esteve doente, certo? Sabe como é ruim ficar acamado ou mes-
mo num hospital. Assim como é igualmente debilitante passar por um
momento de estresse emocional. O estresse atrapalha nossas atividades
diárias, nosso lazer e descanso, chegando ao ponto de fazer mal física e
psicologicamente.

Qual é a diferença entre estar doente e estar enfermo? Estas duas palavras
parecem sinônimas, não é mesmo?

Embora ambas retratem um desequilíbrio no organismo, utilizamos a ex-


pressão “estar doente” quando nos referimos a uma pessoa que por causa
de seu estado ruim de saúde sente dor, sofre perturbação com isso. Essa
expressão deriva do latim dolentia de dolens e significa perturbação em que
existe dor. A mesma deriva da palavra grega algos que quer dizer algema. A
palavra algema levou a palavra algia, que quer dizer dor.

Já a expressão "estar enfermo" deriva do latim infirmita, infirmitatis que


significa fraqueza, debilidade. É a incapacidade de realizar algo habitual por
motivo de uma deficiência, de falta de energia e vitalidade relacionada ao
estado doentio.

Portanto, quem está doente está sentindo dor por causa da doença; e quem
está enfermo está debilitado, enfraquecido pela doença. Na próxima aula
veremos como as doenças se desenvolvem no organismo.

Neste site você encontra a Ao término desta aula concluímos que viver com saúde não se limita ao
forma como as doenças são
classificadas no Brasil e no bem-estar físico, mas um bem-estar que envolva todas as dimensões da nos-
mundo: <http://concla.ibge. sa vida. E que, quando uma dessas dimensões está em desequilíbrio, ficamos
gov.br/classificacoes/por-tema/
saude/cid-10.html>. doentes.

e-Tec Brasil 10 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Resumo
Nesta aula você viu como a Organização Mundial da Saúde conceitua saúde
e que o desequilíbrio do nosso organismo gera a doença. Viu também a
diferença entre 'estar doente' e 'estar enfermo'.

Atividades de aprendizagem
1. Cite, para cada aspecto do ser humano, uma situação que pode indicar
adoecimento:

Aspecto físico:________________________________________________________________.

Aspecto mental:_______________________________________________________________.

Aspecto social:________________________________________________________________.

Aspecto espiritual:____________________________________________________________.

Anotações

Aula 2 – Conceitos de saúde e doença 11 e-Tec Brasil


Aula 3 – Como as pessoas entendem
a forma de adoecer

Na aula passada vimos que as doenças são decorrentes do


desequilíbrio do nosso organismo. Nesta aula vamos iniciar a
compreensão de como as doenças se desenvolvem no organis-
mo humano. Para isso precisamos entender primeiro como as
pessoas entendem a forma de adoecer. É interessante que nós
conheçamos um pouco da história da humanidade, da maneira
como ela entende as formas de adoecer, enfim, de onde se acre-
ditava virem as doenças.

3.1 Como adoecemos


Que saúde! Vamos imaginar uma pessoa saudável, cheia de vigor. Passados
alguns dias, ela começa a sentir dores pelo corpo, dificuldade de respirar,
cansaço e mal-estar geral. Indo ao médico, descobre que está com uma
doença que nunca teve antes. O que levou esta pessoa sadia a estar doente
agora? Por que uma doença se desenvolve?

Vamos ver agora como a humanidade entendeu a forma de as doenças se


desenvolverem no organismo, através dos milhares de séculos de sua exis-
tência. De forma geral, a humanidade passou por cinco fases no processo
de entender como as doenças se desenvolvem no organismo das pessoas
(LIMA; SILVA; TRALDI, 2008). São elas:

− Fase da magia;
− Fase físico-química;
− Fase microbiológica;
− Fase de múltiplas causas;
− Fase atual de fatores biopsicossociais.

Vamos ver com detalhes cada uma dessas fases. Acompanhe a seguir!

13 e-Tec Brasil
3.2 Fase da magia
No início da humanidade, convivendo em sociedade, acreditava-se que as
doenças vinham de forças sobrenaturais, de deuses ou forças do mal. A do-
ença era considerada um castigo das forças sobrenaturais sobre o indivíduo.
Purificação de crimes ou
faltas cometidas - Depois, na era cristã, passou a ser considerada uma forma de expiação dos
meio usado para expiar(-
se); penitência, castigo,
pecados, e se a pessoa fosse de outra orientação religiosa, a doença era
cumprimento de pena; considerada possessão demoníaca.
sofrimento compensatório
de culpa.

3.3 Fase físico-química (miasmas)


Nessa segunda fase, a humanidade acreditava que as doenças eram uma
emanação do solo ou do ar, de nuvens nocivas que ficavam pelos cantos da
casa de um doente ou próximo a lagos, florestas e lixo: eram os miasmas.
Emanação - 1. Ato de
emanar; efluência. 2. Aquilo Acreditavam que se você entrasse em contato com essas “nuvens de doen-
que emana; eflúvio. 3.
Desprendimento de
ça”, ficaria doente.
substâncias voláteis dos
corpos que as contêm.

Figura 3.1: Crença popular sobre a existência de miasmas


Fonte: © TahtiG / visualhunt

3.4 Fase biológica ou microbiológica


A humanidade desconhecia a forma científica de contágio das doenças. Não
se tinha conhecimento de que existiam micro-organismos que, quando leva-
dos de uma pessoa a outra, provocava o adoecimento. Porém, em 1590, os

e-Tec Brasil 14 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


irmãos holandeses Francis e Zacharias Janssens construíram o primeiro mi-
croscópio óptico composto. Após este invento há relatos de que o holandês
Antonie Van Leeuwenhoek (1632-1723) foi quem descobriu a existência dos
micróbios que, hoje, são chamados de micro-organismos.

A partir dessa descoberta, os cientistas passaram a pesquisar cada vez mais o


mundo microscópico e descobriram inúmeras formas de vida sobre as quais
não se tinha conhecimento, como as bactérias, os protozoários, fungos, etc.
Também observaram a forma como eles degradavam a saúde do ser vivo.

Figura 3.2: Microscópio que Robert Hook


desenvolveu baseado no microscópio
dos irmãos Janssens
Fonte: © Internet Archive Book Images / visualhunt

3.5 Causalidades múltiplas


Aqui há uma visão um pouco mais moderna sobre o processo de adoecer.
Ficou entendido que a doença é resultado de vários fatores que, juntos, con-
tribuem para o seu aparecimento. Percebeu-se que a interação do homem
com elementos biológicos, químicos e físicos criam as circunstâncias para o
desenvolvimento de doenças. Exemplo: uma pessoa que fica exposta, res-
pirando fumaças de substâncias químicas nocivas, desenvolve doenças no
pulmão.

Aula 3 – Como as pessoas entendem a forma de adoecer 15 e-Tec Brasil


Na China, em dezembro de
2015, escolas foram fechadas
e houve proibição de trabalhos
ao ar livre. O país vive níveis
máximos de poluição. Assista!
<http://g1.globo.com/natureza/
noticia/2015/12/pequim-
vive-primeiro-dia-de-alerta-
vermelho-por-poluicao.html>

Figura 3.3: Fumaças tóxicas podem provocar doenças respiratórias


Fonte: © United Nations Photo / visualhunt

3.6 Fase atual de fatores biopsicossociais


Esta é a fase que estamos vivendo hoje. Com todo o avanço da ciência,
entendemos que o desenvolvimento das doenças vai além de fatores bioló-
gicos, químicos e físicos. Entendemos o adoecer como um processo comple-
xo, que envolve inúmeros, dentre eles as questões sociais, econômicas e de
políticas públicas de saúde para a população.

Ou seja, a saúde e a doença estão interligadas num processo dinâmico, inter-


dependente que, quando desequilibrado, leva o indivíduo a um estado não
favorável de satisfação orgânica, o qual chamamos de doença (FORATTINI,
1996).

Figura 3.4: Condições de moradia favoráveis ao desenvolvimento de doenças


Fonte: © mckaysavage / visualhunt

e-Tec Brasil 16 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Compreender como as pessoas entendem a ocorrência das doenças é muito
importante para sabermos como trabalhar as questões de educação em saú-
de com a população. Somente se conhecermos o que elas sabem e creem
sobre saúde e doença é que saberemos como incentivá-las a mudar hábitos
Assista ao filme “Bakhita, a
de vida para que a população tenha saúde. Santa”. Esse filme mostra a
Itália entre 1870 e 1950. Nele,
pode-se observar a forma como
Na próxima aula veremos como as doenças se desenvolvem. o povo italiano encarava as
doenças físicas e mentais da
população. É muito interessante,
Observamos que em cada momento histórico a sociedade compreendeu a você pode acessar gratuitamente
este filme, acessando o link a
origem das doenças de maneiras diferentes, partindo de uma compreensão seguir: <http://it.wikipedia.org/
mística, na antiguidade, até os dias de hoje, que entende o adoecer de for- wiki/Giuseppina_Bakhita>

ma complexa, que envolve não só o físico como aspectos sociais e psicológi-


cos também. Finalmente, vimos que é preciso conhecer o que a população
pensa sobre este tema para que possa ser auxiliada com eficácia, na sua
prevenção.

Resumo
Nesta aula, você viu como a humanidade entendeu a forma de adoecer das
pessoas. Viu que esse entendimento foi composto por cinco fases, e que é
importante conhecermos o senso comum sobre o processo de adoecimento
para entendermos as pessoas e a doença em si. Esse conhecimento facilita
saber como auxiliar o indivíduo para mudanças em seus hábitos de vida que
geram as doenças.

Atividade de aprendizagem
1. Explique com suas palavras como a sociedade atual compreende a ori-
gem das doenças.

Aula 3 – Como as pessoas entendem a forma de adoecer 17 e-Tec Brasil


Aula 4 – Como as doenças se desenvolvem

Nesta aula vamos conhecer os fatores que determinam o desen-


volvimento das diversas doenças, e entender que elas vão muito
além das condições físicas de cada pessoa. Assim, você, ACS,
estará atento a todos os fatores, para melhor auxiliar a comuni-
dade na educação em saúde.

4.1 Formas de contágio


Como as doenças se desenvolvem? Se você fizer esta pergunta a dez pesso-
as, provavelmente obterá dez respostas diferentes! Cada pessoa tem uma
explicação para essa pergunta. Mas, para entendermos como as doenças
realmente se desenvolvem vamos relembrar alguns conceitos sobre saúde
que vimos em aulas passadas.

Como vimos, saúde é “um estado dinâmico de completo bem-estar  físi-


co, mental, espiritual e social, e não apenas a ausência de doença ou en-
fermidade” (WHO, 98). Vimos também que a doença é uma alteração do
estado normal de saúde de um ser.

Pois bem, para sabermos como as doenças se desenvolvem, devemos fazer


a seguinte pergunta: o que faz com que o estado normal de saúde se altere?
Ou seja, o que faz com desenvolva uma doença?

Segundo a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ, 2001), a doença acontece


para uma pessoa ou comunidade quando existe desequilíbrio entre os fa-
tores que proporcionam saúde às pessoas. Esses fatores são chamados de
determinantes e condicionantes da saúde, conforme o modelo de Dahlgren
e Whitehead, que apresenta os determinantes sociais da saúde (DSS) “dis-
postos em diferentes camadas, desde uma camada mais próxima dos deter-
minantes individuais até uma camada distal, onde se situam os macrodeter-
minantes” (BUSS & FILHO, 2007, 83).

19 e-Tec Brasil
Figura 4.1: Modelo de Dahlgren e Whitehead: influência em camadas
Fonte: © DSS Brasil

Os fatores determinantes/ou macrodeterminantes são:

− Idade, gênero e fatores hereditários


− Estilo de vida
− Redes sociais e comunitárias, e condições de vida e trabalho
− Condições socioeconômicas, culturais e ambientais
–– Vamos ver com mais detalhes cada um deles? Acompanhe a seguir!

Idade
Sistema imune - é o
mecanismo que um organismo
usa para se defender de
invasores externos (bactérias,
A idade de uma pessoa pode deixá-la mais vulnerável ao desenvolvimento de
vírus, fungos, venenos, etc.). Em certas doenças. Por exemplo, os bebês e os idosos têm seu sistema imune
outras palavras, é o exército do
corpo, defendendo-o contra os mais frágil, portanto, com mais facilidade de “pegar” doenças infecciosas.
inimigos que vêm de fora.

Gênero

Existem certas doenças que são próprias de cada gênero. Por exemplo: ten-
são pré-menstrual (TPM), eclampsia, câncer de colo do útero são questões
específicas das mulheres. O câncer de próstata, por sua vez, é uma questão

e-Tec Brasil 20 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


específica do homem. Porém, certas doenças atingem mais um dos gêneros,
como, por exemplo, as doenças do coração, que atingem mais os homens
do que as mulheres (se ambos estiverem com menos de 50 anos).

Fatores hereditários

Carregamos em nosso corpo uma memória genética que traz as doenças


que nossos pais e avós, bisavós tiveram como uma espécie de herança para
nós. Ou seja, somos mais propensos a ter as mesmas doenças que nossos
ancestrais tiveram. Por exemplo: filhos de pais que desenvolveram diabetes
têm mais probabilidade de desenvolverem diabetes também.

Estilo de vida

A forma como uma pessoa leva sua vida influencia nas condições de sua
saúde. Uma pessoa que não tem uma alimentação saudável, que faz uso de
álcool e drogas, fuma, não pratica exercícios físicos, ou seja, que leva uma
vida desregrada, desenvolve mais facilmente certas doenças, pois o organis-
mo ficou fragilizado pelos maus hábitos do estilo de vida. Câncer de pulmão
Etilista - pessoa que faz uso
entre fumantes, doenças do coração entre os obesos e cirrose hepática entre frequente de bebidas alcoólicas.
os etilistas são algumas das consequentes doenças do estilo de vida.

Redes sociais e comunitárias

Pode-se verificar que são vários os mecanismos que determinam as condi-


ções de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem
como suas vivências em saúde e doença. Entre os inúmeros fatores determi-
nantes da condição de saúde, incluem-se os seguintes condicionantes:

• biológicos (idade, gênero, características pessoais eventualmente deter-


minadas pela herança genética);

• físicos (condições geográficas, características da ocupação humana, fon-


tes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos,
condições de habitação);

• socioeconômicos e culturais (expressa os níveis de ocupação e renda,


o acesso à educação formal e ao lazer, os graus de liberdade, hábitos
e formas de relacionamento interpessoal, a possibilidade de acesso aos
serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde e a qualidade
da atenção por eles prestada).

Aula 4 – Como as doenças se desenvolvem 21 e-Tec Brasil


As redes sociais e comunitárias, de acordo com Buss e Filho (2007, p. 86)
têm a ver com “os laços de coesão social e as relações de solidariedade e
confiança entre pessoas e grupos”, que “são fundamentais para a promo-
ção e proteção da saúde individual e coletiva”. Sociedades que apresentam
menores índices de desigualdade social, isto é, as mais igualitárias, segundo
os autores, são as que possuem melhores níveis de saúde.

Condições socioeconômicas, culturais e ambientais

De acordo com a Fiocruz (2001), as condições socioeconômicas, culturais


e ambientais de uma população estão relacionadas às condições de vida e
trabalho de seus indivíduos, como moradia, saneamento, ambiente de tra-
balho, serviços de saúde e educação, como também ao contexto das redes
sociais e comunitárias.

Portanto, a educação em saúde só atingirá seus objetivos quando conscien-


tizar a população sobre seu direito à saúde movê-la a buscar uma compre-
ensão permanente de seus determinantes e habilitá-la a utilizar práticas e
desenvolver hábitos que visem à promoção da saúde e à prevenção às doen-
ças, sejam elas de que origem forem (MEC/SEB, 2007).

Para isso, é importante que todos sejam educados, de forma a:

• Entender que a saúde é um direito de todos e uma questão fundamental


para que o ser humano cresça e se desenvolva plenamente.

• Perceber que o estado de saúde é determinado nas relações com o am-


biente físico, econômico e sociocultural, para, dessa maneira, identificar
os fatores de risco à saúde pessoal e coletiva presentes no ambiente em
que vivem.

• Tomar conhecimento e fazer uso das formas de intervenção individual e


coletiva sobre os fatores contrários à saúde.

• Atuar com responsabilidade em relação à sua saúde e a da comunida-


de, na busca por recursos para a comunidade, levando em consideração
as possibilidades de utilização dos serviços voltados para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, além de passar a adotar hábitos de
autocuidado, respeitando as possibilidades e os limites do próprio corpo.

e-Tec Brasil 22 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Pense nisso

As iniquidades em saúde causam sofrimento desnecessário; são frutos


de condições sociais adversas ou de políticas públicas que não estão dan-
do certo. Essas iniquidades indicam a presença dos mesmos fatores que
prejudicam o desenvolvimento, a sustentabilidade ambiental, o bem-estar
das sociedades e a capacidade dessas de oferecer condições iguais para
Iniquidade - injustiça, parciali-
todos (KIENY, 2012). dade, crime, pecado, maldade,
crueldade.

Podemos dizer que o processo de desenvolvimento das doenças é mais com-


plexo do que parece, e que, portanto, preocuparmo-nos exclusivamente
com a população mais exposta aos fatores de risco, pois tentar minimizar a
ocorrência de certas doenças em uma população é pouco eficaz, visto que a
causa delas, em nível populacional, comumente, relaciona-se a determinan-
tes sociais que exigem intervenções populacionais (FIOCRUZ, 2001).

Resumo
Nesta aula, refletimos sobre os fatores que determinam o desenvolvimento
das diversas doenças, e entendemos que eles vão muito além das condições
Incidência - qualidade daquilo
físicas de cada pessoa, individualmente. Compreendemos ainda que existem que afeta ou produz efeitos
determinantes e condicionantes sociais que influenciam na incidência e na sobre algo ou alguém.
Prevalência - condição ou
prevalência de problemas de saúde da população. estado do que é superior em
relação aos demais.

Atividades de aprendizagem
1. Para cada um desses fatores condicionantes ou determinantes da saúde,
cite dois exemplos de doenças possíveis de serem desenvolvidas:

Idade:___________________________________________________________

Gênero:__________________________________________________________

Fatores hereditários:_______________________________________________

Estilo de vida:____________________________________________________

Condições de trabalho:____________________________________________

Condições ambientais:_____________________________________________

Aula 4 – Como as doenças se desenvolvem 23 e-Tec Brasil


Aula 5 – Epidemiologia: principais
problemas de saúde da
população - parte I

Você sabe o que é epidemiologia, o que essa ciência estuda e


como ela colabora na saúde da população? O objetivo desta
aula é trazer essas respostas para você! Além disso, vamos co-
nhecer também as variáveis que permitem o estudo das doenças
e qual é o órgão responsável por monitorar e gerir as questões
relacionadas à epidemiologia.

5.1 Entendendo a epidemiologia


A epidemiologia pode ser conceituada como a ciência que estuda o pro-
cesso saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e
os fatores determinantes das enfermidades, os danos à saúde, os eventos
associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam
de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde
(ROUQUAYROL, 2013).

Figura 5.1: Epidemiologia


Fonte: © CDC Global Health / visualhunt

25 e-Tec Brasil
A epidemiologia tem por objetivo:

• Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas po-


pulações humanas.

• Conhecer dados essenciais para o planejamento, a execução e a avalia-


ção das ações de prevenção e promoção da saúde, o controle e o trata-
mento das doenças, estabelecendo prioridades para melhorar cada vez
mais o nível de saúde da população.

• Identificar os fatores etiológicos das doenças.

Na epidemiologia, para explicar o processo saúde-doença é necessário um


sistema de pensamentos, como este do esquema a seguir:

Figura 5.2: Sistema de pensamentos


Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Assim, na epidemiologia, para se obter respostas, é preciso fazer os seguin-


tes questionamentos:

• Onde ocorreram os agravos?

• Quem adoeceu?

• Quando adoeceu?

• Há grupos especiais mais expostos?

• Há regiões mais atingidas?

e-Tec Brasil 26 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Há alguma faixa etária mais atingida?

• Há uma classe social de maior ou menor risco?

• Algum elemento hipotético determina o seu surgimento?

Portanto, a epidemiologia estuda a distribuição de frequência das doenças


e agravos à saúde coletiva, em função de variáveis ligadas ao tempo, ao
Um caso significativo
espaço – ambientais e populacionais – e às pessoas, possibilitando o de- relacionado às perguntas a
talhamento do perfil epidemiológico (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2011). serem feitas na epidemiologia
que pode ser usado como
ilustração, é o surto epidêmico
de microcefalia e a sua relação
a) As variáveis relativas à pessoas: com a falta de controle do
mosquito Aedes aegypti,
transmissor do zika vírus. Leia a
reportagem, acessando o link:
• Gênero • Composição familiar <http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2015/12/
especialistas-explicam-ligacao-
do-zika-virus-microcefalia.
• Idade • Ordem de nascimento html>

• Estado civil • Peso e peso ao nascer

• Grupo étnico • Altura

• Religião • Grupo sanguíneo

• Renda • Tipo de comportamento

• Ocupação • Estilo de vida

• Educação • Hábito de fumar

• Classe social • Fonte de água, leite, comida

• Paridade • Imunização

• História familiar • Contato com pessoas doentes

Na epidemiologia, é importante a divisão dos subgrupos populacionais para


que se possa compreender os problemas mais comuns em cada uma delas e,
assim, buscar formas de controle e erradicação de agravos.

Aula 5 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte I 27 e-Tec Brasil


Figura 5.3: Subgrupos populacionais
Fonte: © mrlins / visualhunt

A divisão geralmente ocorre conforme abaixo:

Figura 5.4: Quadro dos subgrupos populacionais


Fonte: elaborada pela autora (2015)

e-Tec Brasil 28 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


b) As variáveis relativas ao tempo

1. Estudo da distribuição das doenças no tempo

• Compreensão da epidemiologia de uma doença.

• Previsão de ocorrência da doença.

• Busca etiológica (distribuição temporal + fatores de risco etiologia).

• Prevenção e diagnóstico precoce de doenças.

• Avaliação do impacto de intervenções em saúde.

2. Análise do acompanhamento temporal das doenças

• Registrar a história do evento ao longo do tempo (variação da frequência


num dado intervalo).

• Estudar a tendência secular do agravo.

• Mostrar o tipo de variação do agravo (atípica, cíclica, sazonal).

• Estudar a forma de ocorrência dos agravos (casos esporádicos, endemias,


epidemias, surtos).

Apresentamos, na sequência, exemplo de estudo de uma doença conside-


rando o tempo:

Figura 5.5: Gráfico sobre dengue


Fonte: © Luna Dente / SESA/SVS/Sala de Situação da Dengue

Aula 5 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte I 29 e-Tec Brasil


c) Variáveis relativas ao lugar

• País

• Região

• Estado

• Município

• Distrito

• Bairro

• Rua

• Residência

• Instituição

• Edifício

• Urbano-rural

• Código postal (CEP)

• Tamanho da comunidade

• Latitude e longitude

As variáveis relacionadas a lugar permitem, na epidemiologia, os estudos da


variação espacial de eventos como estes:

• Indicar riscos a que a população está exposta

Ex.: risco de malária na região amazônica

• Acompanhar a disseminação de eventos

Ex.: cólera na América Latina

e-Tec Brasil 30 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Fornecer subsídios para explicações causais

Ex.: consumo de pescado e doença coronariana

• Definir as prioridades de intervenção

Ex.: comparação coeficientes de mortalidade infantil

• Avaliar o impacto das intervenções

ex.: controle da esquistossomose

• Fazer comparações geográficas

Ex.: melanoma na Europa e na América do Sul.

5.2 Vigilância epidemiológica


Para que a epidemiologia obtenha dados e possa buscar as soluções para os
problemas de saúde que afetam a população, os serviços de saúde públicos
têm em sua estrutura funcional a Vigilância Epidemiológica, a qual está re-
gulamentada pelas seguintes legislações:

• Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975 – Dispõe sobre a organização


das ações de Vigilância Epidemiológica, e estabelece normas relativas à
notificação compulsória de doenças, e dá outras providências.

• Decreto n. 78.231, de 12 de agosto de 1976 – Regulamenta a Lei n.


6.259 de 30/10/1975.

• Constituição Federal de 1988.

• Lei n 8.080, de 16 de setembro de 1990 – Dispõe sobre as condições


para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências.

• Portaria n. 5, de 21 de fevereiro de 2006 – Define a relação das Doenças


de Notificação Compulsória para todo o território nacional.

Aula 5 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte I 31 e-Tec Brasil


• Portaria n. 1.378, de 9 de julho de 2013 – Regulamenta as responsabi-
lidades e define diretrizes para a execução e o financiamento das ações
de Vigilância em Saúde pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e
pelos Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

De acordo com a Lei n. 8.080/90, Vigilância Epidemiológica é assim concei-


tuada:

Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou


prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicio-
nantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar
e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

Os objetivos da vigilância epidemiológica são:

• Acompanhar o comportamento epidemiológico das doenças sob vigilân-


cia.

• Detectar surtos e epidemias.

• Propiciar a adoção oportuna de medidas de controle.

• Aprofundar o conhecimento sobre as doenças.

• Avaliar as medidas, os programas, as intervenções de prevenção, o con-


trole e a erradicação.

As etapas da vigilância epidemiológica são:

• Detecção de casos.

• Investigação epidemiológica.

• Produção, consolidação e análise de informações.

• Recomendação e implementação de medidas de controle.

• Retroalimentação do sistema.

e-Tec Brasil 32 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Divulgação de informações.

• Avaliação das atividades.

Verificamos a importância da epidemiologia no controle do avanço das do-


enças. A epidemiologia é uma ciência que estuda a incidência de doenças
coletivas, tendo como variáveis o tempo, espaço, ambiente e as populações,
em toda a sua diversidade.

Resumo
Nesta aula, vimos um pouco mais sobre conceito de epidemiologia, seus ob-
jetivos, o que é preciso conhecer, quais as variáveis que permitem o estudo
das doenças (pessoa, tempo e lugar) e o conceito de vigilância epidemio-
lógica, a qual tem como objetivos acompanhar o comportamento epide-
miológico das doenças sob vigilância, detectar surtos e epidemias, propiciar
a adoção oportuna de medidas de controle e aprofundar o conhecimento
sobre as doenças.

Atividades de Aprendizagem
1. A partir do que você estudou, descreva quais são os objetivos da epide-
miologia.

2. Cite dois objetivos e duas etapas da vigilância epidemiológica.

Aula 5 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte I 33 e-Tec Brasil


Aula 6 – Epidemiologia: principais
problemas de saúde da
população - parte II

Nesta aula, veremos como são notificadas as doenças e como


elas são divididas para o seu controle. Também veremos outras
doenças responsáveis por morbimortalidades no Brasil, e que
conhecê-las é de extrema importância para seu controle e sua
prevenção.

6.1 Sistemas de vigilância epidemiológica


Em um país tão grande como o Brasil, com uma diversidade de realidades
socioculturais e econômicas, e uma enorme variação climática, entre outras
variáveis, um dos grandes desafios em relação à saúde é saber o que se pas-
sa com a população, conseguindo identificar as doenças mais comuns que
afetam as comunidades. Diante disso, são criados mecanismos que visam
aprimorar e aperfeiçoar a coleta de dados sobre as diversas doenças.

O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi desenvolvido


entre 1990 e 1993, visando sanar as dificuldades do Sistema de Notificação
Compulsória de Doenças (SNCD) e tinha também como objetivo substituir
esse sistema, haja vista o razoável grau de informatização disponível no país.

O Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) foi criado pelo Centro


Nacional de Epidemiologia, com o apoio técnico do DATASUS e da Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte, para ser operado a partir das unidades de saú-
de, considerando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de
notificação em todo o território nacional, desde o nível local.

A seleção dos agravos é feita seguindo estes critérios:

• Magnitude – elevada frequência.

• Potencial de disseminação – elevado poder de transmissão.

• Transcendência – severidade, relevância social e econômica.

• Vulnerabilidade – disponibilidade de instrumentos específicos de pre-


venção e controle.

35 e-Tec Brasil
• Compromissos internacionais – controle, eliminação ou erradicação
de doença.

• Regulamento sanitário internacional.

• Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde – si-


tuações emergenciais.

a) Conforme Portaria n. 5, de 21 de fevereiro de 2006, as Doenças de Noti-


ficação Compulsória Nacional (DNCN) são:

• Acidentes por animais peçonhentos

• Atendimento antirrábico

• Botulismo

• Carbúnculo ou Antraz

• Cólera

• Coqueluche

• Dengue

• Difteria

• Doença de Creutzfeldt-Jakob

• Doença meningocócica e outras meningites

• Doença de Chagas aguda

• Esquistossomose

• Eventos adversos pós-vacinação

• Febre amarela

• Febre do Nilo Ocidental

e-Tec Brasil 36 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Febre maculosa

• Febre tifoide

• Hanseníase

• Hantavirose

• Hepatites virais

• Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em gestantes e


crianças expostas ao risco de transmissão vertical

• Influenza humana por novo subtipo

• Intoxicações exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos,


gases tóxicos e metais pesados)

• Leishmaniose tegumentar americana

• Leishmaniose visceral

• Leptospirose

• Malária

• Paralisia flácida aguda

• Peste

• Poliomielite

• Raiva humana

• Rubéola

• Sarampo

• Sífilis adquirida

Aula 6 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte II 37 e-Tec Brasil


• Sífilis congênita

• Sífilis em gestante

• Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)

• Síndrome da rubéola congênita

• Síndrome do corrimento uretral masculino

• Síndrome respiratória aguda grave associada ao corona vírus (SARS-CoV)

• Tétano

• Tuberculose

• Tularemia

• Varíola

• Violência doméstica, sexual e/ou outras violências

b) Doenças de Notificação Compulsória Imediata são os casos suspeitos ou


confirmados de:

• Botulismo

• Carbúnculo ou Antraz

• Cólera

• Dengue nas seguintes situações:

–– Dengue com complicações (DCC)


–– Síndrome do Choque da Dengue (SCD)
–– Febre Hemorrágica da Dengue (FHD)
–– Óbito por dengue

–– Dengue pelo sorotipo DENV4 nos estados sem transmissão endêmica
desse sorotipo
–– Doença de Chagas aguda

e-Tec Brasil 38 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


c) Doenças de Notificação Compulsória em Unidades Sentinelas:

• Acidente com exposição a material biológico relacionado ao trabalho

• Acidente de trabalho com mutilações

• Acidente de trabalho em crianças e adolescentes

• Acidente de trabalho fatal

• Câncer relacionado ao trabalho

• Dermatoses ocupacionais

• Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)

• Influenza humana

• Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) relacionada ao trabalho

• Pneumoconioses relacionadas ao trabalho

• Pneumonias

• Rotavírus Toxoplasmose adquirida na gestação e congênita

• Transtornos mentais relacionados ao trabalho

No entanto, a ocorrência de agravo inusitado à saúde, independente de


constar das doenças acima citadas, deverá também ser notificado imediata-
mente às autoridades sanitárias. Além dessas doenças, que são de notifica-
ção obrigatória, existem algumas que são problemas de interesse nacional,
tais como:

• Acidentes por animais peçonhentos

• Atendimento antirrábico humano

• Doenças sexualmente transmissíveis

Aula 6 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte II 39 e-Tec Brasil


A notificação de doenças pelo SINAN é feita mesmo que o município não
disponha de microcomputadores em suas unidades. Os instrumentos deste
sistema são preenchidos neste nível, e o processamento eletrônico é feito
nos níveis centrais das secretarias municipais de saúde (SMS), regional ou
secretarias estaduais (SES). No SINAN, a entrada de dados ocorre pela utili-
zação de alguns formulários padronizados.

O fluxo de notificação das doenças acontece conforme a figura 6.2:

Unidades ambulatoriais de saúde Hospitais Outras fontes

Secretaria Municipal de Saúde Municipal

Além da ficha de notificação,


existem outras fichas para Regional de Saúde
a notificação de algumas Estadual
doenças. Você pode encontrar
mais informações em <http:// Secretaria Estadual de Saúde
dtr2004.saude.gov.br/
sinanweb/>
Ministério da Saúde Nacional

Figura 6.1: Fluxo de notificação


Fonte: adaptado de Sinan (2007) / Medicinanet.

d) Outros problemas de saúde que afetam a população

Até agora estudamos as doenças de notificação compulsória de caráter obri-


gatório, para que ocorram ações voltadas ao controle ou à erradicação das
mesmas. No entanto, existem outros agravos que são tão importantes quan-
tos os demais, mas que não precisam de notificação compulsória.

Esses agravos devem, também, ser conhecidos para que possam ser expan-
didas atuações do Sistema de Saúde e, assim, permitir o controle e a preven-
ção desses agravos epidemiologicamente relevantes, tanto no que se refere
às enfermidades que têm origem na escassez e na pobreza absoluta, quanto
àquelas associadas ao processo de “modernização” da sociedade, como as
neoplasias, as doenças cardíacas e as causas externas.

Nesse contexto estão as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), causa


de cerca de 74% de mortes no Brasil (WORLD, 2014). Isso configura uma
mudança nas cargas de doenças, e se apresenta como um novo desafio para
os gestores de saúde. Ainda mais pelo forte impacto das DCNT na qualidade

e-Tec Brasil 40 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


de vida dos indivíduos afetados, a maior possibilidade de morte prematura
e os efeitos econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedade
em geral.

As DCNT são doenças resultantes de diversos fatores, determinantes sociais


e condicionantes, além de fatores de risco individuais, conforme figura a
seguir:

Figura 6.2: DCNT – Fatores de riscos individuais


Fonte: elaborada pela autora (2015)

Elas estão agrupadas em: doenças do aparelho circulatório; diabetes, câncer


e doenças do aparelho respiratório. Vamos ver cada uma delas em detalhes.
Acompanhe!

Doenças do aparelho circulatório


Sabe-se que a hipertensão, o colesterol alto, o excesso de peso, a inatividade
física, o tabagismo e o alcoolismo estão entre os principais fatores de risco
para a maior parte de problemas de saúde. O ritmo acelerado e o estresse
da vida nas grandes cidades, as tensões do mundo do trabalho – competi-
tividade acirrada, subemprego e desemprego – e as barreiras econômicas e
culturais para uma alimentação equilibrada têm tornado inquestionável a
tendência de crescimento das doenças não infecciosas no país, sinalizando
um quadro de difícil enfrentamento.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, em 2004, o principal grupo

Aula 6 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte II 41 e-Tec Brasil


de causas de morte no Brasil, em todas as regiões e para ambos os gêneros,
foram as doenças do aparelho circulatório, compostas por:

• Doenças hipertensivas

• Doenças cerebrovasculares

• Doenças isquêmicas do coração

• Infarto agudo do miocárdio

de tumores geralmente associados a condições sociais menos favorecidas – colo do útero, estômago, cabeça
ABC DO CÂNCER - Abordagens Básicas para o Controle do Câncer

• Doenças reumáticas
e pescoço.
SAIBA MAIS
• Demais doenças circulatórias
Breve introdução :à epidemiologia: http//w ww.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/index.html
Análise da situação da
: saúde: http//w ww.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/02_01.html

Neoplasias
O câncer está entre as doenças não transmissíveis responsáveis pela mudan-
3. O Nú MERO DE
ça do CASOS
perfil NOVOSdaDE
de adoecimento CÂNCER
população NO OBRASIL
brasileira. número de casos
novos de câncer cresce a cada ano. Para 2011, a estimativa do Instituto
O número de casos novos de câncer cresce a cada ano. Para 2011,
a a estim tiva do INCA é a ocorrência
Nacional do Câncer (INCA) era ocorrência de 489.270 casos novos de cân-
de 489.270 casos novos de câncer no Brasil.a
cer
A estim tiva deno Brasil.
casos novosEsta estimativa
de câncer podepode ser analisada
ser analisada sob diferentes
sob diferentes aspectos,aspectos. No
conforme descrito
a seguir. gráfico a seguir é possível verificar os tipos de câncer mais incidentes, exceto
o câncer de pele do tipo não melanoma, por localização primária e gênero,
a) Por localização primáriapara
esperados do tumor e sexo
2010/2011, no Brasil:
O câncer de estômago tem sido,
há 25 anos, a principal causa
Como você pode observar na Figura 12 e na Tabela 2, os tip
de morte por câncer masculino, o s de câncer mais incidentes (exceto pele
porém atualmente observa-se
• Homens – próstata, pulmão e estômago
não melanoma), por localização primária e gênero, esperados para 2010/2011, no Brasil, são:
a sua diminuição, tanto para
• Homens
os homens quanto para as – próstata, pulmão e estômago.
• Mulheres – mama, colo do útero e cólon e reto
• Mulheres – mama, colo do útero e cólon e reto.
mulheres.

60.000
Feminino
Masculino
50.000

40.000

Número
30.000
de casos

20.000

10.000

0
Mama Próstata Traqueia, Cólon Estômago Colo do Cavidade Esôfago Leucemias Pele
Feminina Bronquio e e Reto Útero Oral Melanoma
Pulmão

Figura 12 - Tipos de câncer


a mais estimdos par a 2010/2011, exceto pele não melanoma, na população brasileira
Fonte: INCA, 2009 Figura 6.3: Tipos de câncer mais incidentes esperados para 2010/2011.
Fonte: adaptado de INCA (2009).
38

e-Tec Brasil 42 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Causas externas
Atualmente, o impacto da morbimortalidade por causas externas (violências
e acidentes) constitui um dos maiores desafios no âmbito da Saúde Pública
mundial. No ano de 2011, no Brasil, as causas externas representaram 8,6%
do total de internações no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), ocu-
pando a quinta posição entre as principais causas.

As maiores taxas de internações por essas causas ocorreram entre homens


de 20 a 39 anos (89,7 por 10 mil homens) e entre as mulheres de 60 e mais
anos de idade (74,3 por 10 mil mulheres). No período entre 2002 e 2011,
verificou-se incremento de 19,3% na taxa de internação por agressões (BRA-
SIL, 2011).

O coeficiente de mortalidade por causas externas no Brasil variou de 69,3


óbitos por 100 mil habitantes, em 2001, a 75,1 óbitos por 100 mil habi-
tantes, em 2010 (aumento de 8,4%), quando ocupavam a terceira posição
entre as mortes da população total, e a primeira posição entre óbitos de
adolescentes (10 a 19 anos) e adultos jovens (20 a 39 anos). As mortes por
agressões e acidentes de transporte terrestre foram responsáveis por cerca
de 67% dos óbitos por causas externas (BRASIL, 2011).

A seguir, apresentamos a distribuição proporcional das notificações de vio-


lência doméstica, sexual e outras violências, segundo a faixa etária.

Figura 6.4: Distribuição das notificações de violência doméstica, sexual e outras vio-
lências, por faixa etária.
Fonte: Ministério da Saúde (2011).

Vimos que o trabalho do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SI-


NAN) é de fundamental importância para todo o Sistema Único de Saúde,

Aula 6 – Epidemiologia: principais problemas de saúde da população - parte II 43 e-Tec Brasil


para que seja possível identificar as doenças que atingem as populações e se
possam traçar estratégias para seu controle e prevenção.

Resumo
Nesta aula, vimos como são notificadas as doenças e como elas são divididas
para se obter controle. O Sistema Único de Saúde criou o SINAN para rece-
ber e controlar os dados referentes às notificações de agravos e doenças.
Existe uma relação de doenças de Notificação Compulsória, outra de Noti-
ficação Imediata e, ainda outra, de Notificação Compulsória em Unidades
Sentinelas.

Além dessas doenças, também existem outros problemas responsáveis pela


morbimortalidade no Brasil e que são de extrema importância para a epide-
miologia, pois conhecê-las pode permitir o seu controle e a sua prevenção.
Essas doenças são agrupadas em doenças crônicas não transmissíveis, além
das causas externas que têm contribuído com alto índice para a mortalidade
nas diversas faixas etárias.

Atividades de Aprendizagem
1. Descreva o que você entendeu sobre os demais problemas de saúde que
acometem a população e são importantes para a epidemiologia.

e-Tec Brasil 44 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 7 – Como obter dados da minha
população

O trabalho do ACS depende de diversas informações para que


possam ser repassadas à equipe e, assim, realizar o planejamen-
to das atividades. Para isso, é preciso que o ACS conheça o terri-
tório da sua área de atuação. O objetivo desta aula é reconhecer
os recursos utilizados no Brasil para coletar essas informações.

7.1 O território do agente comunitário de


saúde
O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo a lógica da saú-
de, não é apenas um espaço delimitado geograficamente, mas sim um espa-
ço onde as pessoas vivem, estabelecem relações sociais, trabalham, cultivam
suas crenças e cultura. Trabalhar com território implica processo de coleta e
sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, políticos-culturais,
epidemiológicos e sanitários, identificados por meio do cadastramento, que
devem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe.

Figura 7.1: Território do ACS


Fonte: © MEC/SAS/DAB (2015)

É importante a elaboração de um mapa que retrate esse território, com a


identificação de seus limites, sua população, número de famílias e outras
características. As informações sobre a população que estão na área, ou ter-
ritório, de atuação do ACS podem ser obtidas, dentre outras, das seguintes
formas:

45 e-Tec Brasil
• Mapa inteligente

• Visita domiciliar

• e-SUS

• SINANIBGE

• SIAB

Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas formas!

a) Mapa inteligente

Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar conhecimentos


sobre a comunidade. O mapa é um desenho que representa, no papel, o
que existe naquela localidade: ruas, casas, escolas, serviços de saúde, pon-
tes, córregos e outras coisas importantes. O mapa deve ser uma ferramenta

indispensável para seu trabalho. É o desenho de toda sua área/território


de atuação.

Não é preciso ser um bom desenhista. Pode-se representar o que existe por
símbolos fáceis de desenhar, utilizando sua criatividade. Lembre-se de que é
importante que toda a equipe ajude nesse processo.

O conjunto dos mapas feito pelos ACS formará um grande mapa da área de
atuação da equipe de Saúde da Família (eSF). Esse mapa mais abrangente,
feito com todas as informações sobre a área de atuação, pode dar origem a
outros mais específicos. É possível fazer mapas de territórios manualmente,
com auxílio da comunidade, e fotos de territórios, utilizando recursos de
informática ou internet.

Podem-se destacar as informações das ruas, os caminhos e as linhas de ôni-

e-Tec Brasil 46 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


bus de uma comunidade, desenhando um mapa específico. Em uma região
Entende-se por microárea de
que chove muito, por exemplo, é importante conhecer bem os rios, açudes, risco aqueles espaços dentro de
um território que apresentam
lagos, lagoas da região e locais propensos à inundação. É necessário ainda condições mais favoráveis
identificar no território de sua equipe os riscos da sua microárea. ao aparecimento de doenças
e acidentes. Ex.: área mais
propensa à inundação, próximas
de encostas, com esgoto a céu
aberto, etc.

Figura 7.2: Microáreas


Fonte: © hadsie / visualhunt

b) Visita domiciliar

É a atividade mais importante do processo de trabalho do agente comuni-


tário de saúde. Ao entrar na casa de uma família, o ACS entra não somente
no espaço físico, mas em tudo o que esse espaço representa. Nessa casa vive
uma família, com seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e
sua própria história.

Aula 7 – Como obter dados da minha população 47 e-Tec Brasil


A sensibilidade ou capacidade de compreender o momento certo e a ma-
neira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação de confiança é
uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso ajudará a construir o
vínculo necessário ao desenvolvimento das ações de promoção, preven-

ção, controle, cura e recuperação.

A permissão de entrada em uma casa representa algo muito significativo,


que envolve confiança no ACS, e merece todo o respeito. É o que poderia ser
chamado de “procedimento de alta complexidade” ou de “alta delicadeza”.

Por ocasião da primeira visita, é importante que o ACS se apresente, dizendo


seu nome, falando sobre o seu trabalho, sobre o motivo da visita e, principal-
mente, perguntar se pode ser recebido naquele momento. Também, devem-
-se respeitar as diferenças entre as pessoas e adotar uma postura de escuta,
tolerância aos princípios e às crenças e valores dos outros.

Após a realização da visita, deve-se verificar se o objetivo da mesma foi


atingido, e se as informações foram dadas e colhidas corretamente. Enfim, é
preciso avaliar e ajustar possíveis falhas. Esse é um passo muito importante,
pois permitirá planejar as próximas visitas. Da mesma forma, deve-se parti-
lhar com o restante da equipe essa avaliação, expondo as casuais dúvidas, os
anseios, os problemas sentidos e os acertos.

É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunidade que o


Agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos, as crenças,
isto é, a dinâmica de vida das famílias de sua área de atuação. A visita
domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que se aprende no cotidia-
no, mas pode e deve se basear em algumas condutas que demonstrem
respeito, atenção, valorização, compromisso e ética. (MS, 2009).

c) e-SUS Atenção Básica

É uma estratégia do Departamento de Atenção Básica para reestruturar as


informações da Atenção Básica, em nível nacional. Esta ação está alinhada
com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação
em Saúde do Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação da gestão
da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à
população.

e-Tec Brasil 48 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


A estratégia e-SUS faz referência ao processo de informatização qualificada
do SUS em busca de um SUS eletrônico. 

Figura 7.3: e-SUS


Fonte © DAB (2015)

d) Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

O SINAN tem como objetivo o registro e processamento dos dados sobre


agravos de notificação em todo território nacional, fornecendo informações
para análise do perfil da morbidade, e contribuindo, desta forma, para a
tomada de decisões em nível municipal, estadual e federal.

Esse sistema é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação


de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças
de notificação compulsória, conforme Portaria n. 1.271, de 06 de junho de
2014, mas é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de
saúde importantes em sua região, como, por exemplo, varicela, no estado de
Minas Gerais, ou difilobotríase, no município de São Paulo.

Os dados podem, também, ser coletados a partir da Ficha Individual de In-


vestigação (FII), que é um roteiro de investigação que possibilita a identifica-
ção da fonte de infecção e os mecanismos de transmissão da doença.

Principais variáveis

• Notificação: mês, ano, estado e município.

• Paciente: gênero, escolaridade, raça, área residencial (urbano e rural),


estado e município de residência.

Aula 7 – Como obter dados da minha população 49 e-Tec Brasil


• Agravo: data dos primeiros sintomas, município, estado e país de infec-
ção.

Outras variáveis são coletadas, dependendo do tipo de agravo.

Mais informações sobre o SINAN


podem ser conseguidas a seguir: e) Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)
<http://dtr2004.saude.gov.br/
sinanweb/>
<http://ces.ibge.gov.br/ O SIAB foi implantado em 1998, em substituição ao Sistema de Informação
base-de-dados/metadados/
ministerio-da-saude/sistema- do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (SIPACS), para o acompa-
de-informacoes-de-agravos-de- nhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes 
notificacao-sinan>
do Programa Saúde da Família (PSF).

Esse sistema foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas


Locais de Saúde e agregou em sua formulação conceitos como: território,
problema e responsabilidade sanitária, inteiramente inserido no contexto de
reorganização do SUS no país, o que fez com que assumisse características
distintas dos demais sistemas existentes.

Tais atributos significaram progressos concretos no campo da informação


em saúde.  Esses progressos foram:

• Microespacialização de problemas de saúde e de avaliação de interven-


ções.

• Utilização mais ágil e oportuna da informação.

• Produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de organização


das ações de saúde a partir da identificação de problemas.

• Consolidação progressiva da informação, partindo de níveis menos agre-


gados para mais agregados.

O SIAB fornece informações sobre cadastros de famílias, condições de mo-


radia e saneamento, situação de saúde, produção e composição das equipes
de saúde.

f) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O IBGE é uma fundação pública da administração federal brasileira, criada


em 1934 e instalada, em 1936, com o nome de Instituto Nacional de Esta-

e-Tec Brasil 50 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


tística. Em 1938 foi alterado para a atual sigla e sua sede fica localizada na
cidade do Rio de Janeiro.

Foi constituído na forma de fundação pública pelo Decreto n. 161, de 13 de


fevereiro de 1967, e está atrelado ao Ministério do Planejamento, Orçamen-
to e Gestão.

O IBGE mantém as seguintes pesquisas permanentes:

• Produção Agrícola Municipal (PAM)

• Pesquisa Pecuária Municipal (PPM)

• Pesquisa Extração Vegetal e Silvicultura (PEVS)

• Pesquisa Anual da Indústria (modelo completo) (PIA-C)

• Pesquisa Anual da Indústria (modelo simplificado) (PIA-S)

• Pesquisa Anual da Indústria (produto) (PIA-Prod)

• Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic)

• Pesquisa Anual do Comércio (modelo simplificado) (PAC-S)

• Pesquisa Anual do Comércio (modelo completo) (PAC-C)

• Pesquisa Anual dos Serviços (PAS)

• Pesquisa nacional de Amostras de Domicilio Continuada (PNADC)

• Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF)

• Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

Além das pesquisas, o IBGE divulga índices econômicos como, por exem-
plo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional da Construção
Civil (INCC). Também realiza vários censos, sendo o mais conhecido o censo
demográfico, que é o conjunto de dados estatísticos sobre a população de
um país.

Aula 7 – Como obter dados da minha população 51 e-Tec Brasil


O agente comunitário de saúde tem papel importante no planejamento das
intervenções e políticas públicas na área da saúde, pois é ele quem está em
contato direto com a população de seu território. Para cumprir sua atribuição
de coletar os dados sobre a qualidade de vida e os problemas de saúde da co-
munidade, existem alguns recursos à sua disposição, e o ACS precisa conhecê-
-los para utilizá-los da melhor maneira possível em seu trabalho diário.

Resumo
Nesta aula, você conheceu alguns recursos que o ajudaram a obter informa-
ções sobre a área de atuação do ACS. Conheceu ainda que o território é a
base do trabalho do ACS e que permite a coleta e sistematização de dados.
Nesse sentido, existem algumas formas de coleta de informações sobre a
população, tais como mapa inteligente, visita domiciliar, dentre outras.

Atividades de Aprendizagem
1. A partir dos conhecimentos que você adquiriu nesta aula, desenhe um
mapa inteligente do seu bairro, destacando todas as características que
considerar importantes para retratar e aumentar os conhecimentos sobre
aquela localidade.

e-Tec Brasil 52 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 8 – Pesquisa em saúde: descobrindo as
necessidades de uma população por meio
da problematização (estabelecimento de
tema, problema e justificativa)

Nesta aula, veremos como dar os primeiros passos para descobrir


as necessidades de sua população, utilizando-se de um projeto
de pesquisa, por meio da delimitação do tema e do problema de
pesquisa, assim como dos motivos que justificam sua realização.

8.1 Descobrindo o problema da minha


população
Quando pensamos em realizar uma atividade educativa para nossa comu-
nidade, temos que ter como objetivo atender a uma necessidade dela. Por
exemplo: se a comunidade está tendo muitos casos de diarreia entre as
crianças, uma atividade educativa interessante a se fazer com eles é sobre a
conscientização da lavagem das mãos antes das refeições, após a troca das
fraldas, ao preparar alimentos, a importância da água tratada, etc.

Mas, como descobrir quais as necessidades da sua comunidade? Identifican-


do o problema pelo qual ela passa!

Figura 8.1: Quem não sabe aonde vai, não chega a lugar algum!
Fonte: © Amöbe / visualhunt.

Toda discussão de o que desenvolver numa comunidade deve surgir com


base em um problema, para o qual se deve oferecer uma solução provisória.

53 e-Tec Brasil
É uma questão não resolvida, é algo para o qual se vai buscar resposta por
meio de uma pesquisa.

Muitas vezes, temos uma suposição ou uma hipótese sobre quais são as
causas dos problemas de saúde na comunidade onde trabalhamos. Mas, ao
utilizarmos os critérios corretos para investigá-los, podemos descobrir que
nossa hipótese não estava correta, ou seja, ela não foi confirmada pelos
resultados da pesquisa.

Encontramos os problemas de uma comunidade, realizando uma pesquisa


diagnóstica junto a essa comunidade. Para realizar uma pesquisa, você pre-
cisa passar por algumas etapas:

Figura 8.2: Primeiras etapas da pesquisa


Fonte: elaborada pela autora (2015).

Primeiramente, você precisará estabelecer um tema. Este deve demonstrar


o assunto sobre o qual sua pesquisa tratará. Para estabelecê-lo, você deve se
perguntar: “Sobre o que realmente quero pesquisar?”. Por exemplo:

Tema da pesquisa: o surto de diarreia nas crianças de 0 a 5 anos na co-


munidade XX.

Em seguida, você fará para si a seguinte pergunta: o que quero descobrir


sobre o surto de diarreia nas crianças de 0 a 5 anos na minha comunidade?

Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual
se quer buscar a resposta. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta
para alguma coisa (GERHARDT & SOUZA, 2009).

e-Tec Brasil 54 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


A resposta a essa pergunta será o problema da sua pesquisa. Digamos
que você queira descobrir o que está causando esse surto, então podemos
assim formular o problema:

Problema de pesquisa: quais são as causas do surto de diarreia que vem


ocorrendo nas crianças de 0 a 5 anos na comunidade TAL, no ano TAL?

Agora que você conseguiu definir o que quer descobrir com sua pesquisa,
pode escrever algumas linhas sobre esse surto de diarreia que vem ocorren-
do nas crianças de sua comunidade e sua(s) hipótese(s) sobre o que pode
estar provocando esse problema.

Você pode discorrer brevemente sobre suas observações, como ACS, a res-
peito das condições de moradia, saneamento e alimentação das crianças
mais atingidas, por exemplo. Isso é o que chamamos de problematização!

Para não se perder em meio a muitas informações e situações que surgem


no decorrer da pesquisa, é importante que você escreva algumas perguntas,
ou seja, “questionamentos elaborados para serem respondidos pelos resul-
tados da pesquisa” (HENDGES & MOTTA-ROTH, 2010). Por exemplo:

• O bairro tem saneamento básico?

• A água que as famílias consomem vem de onde?

• O ambiente doméstico é limpo?

• Quais são os principais hábitos de higiene das famílias?

Ok! Agora que já está bem claro para você o que pretende descobrir por
meio de sua pesquisa, é hora de você justificá-la. Sim! É fundamental que
você demonstre a importância de fazer essa pesquisa, para que, depois, en-
tão, seja desenvolvido um Projeto Educativo para diminuir a incidência de
diarreia entre as crianças da comunidade.

Veja alguns exemplos de como iniciar a justificativa:

Pesquisar sobre o surto de diarreia nas crianças de 0 a 5 anos na comu-


nidade TAL é muito importante, pois sabemos que um de seus princi-
pais riscos é a desidratação. [...]”.

Aula 8 – Pesquisa em saúde: descobrindo as necessidades de uma população por meio


da problematização (estabelecimento de tema, problema e justificativa) 55 e-Tec Brasil
Os surtos de diarreia nas crianças entre 0 e 5 anos de idade, têm se
tornado muito frequentes. Diante disso, verificamos a necessidade de
investigar quais são as causas que prevalecem em nossa população [...].

O objetivo da justificativa, segundo Hendges e Motta-Roth (2010), é “con-


vencer o leitor da importância de ter o projeto implementado”, isto é, quais
benefícios resultarão dessa pesquisa que você pretende fazer.

Para auxiliar a população a resolver seus problemas relacionados à saúde,


não bastam suposições, é preciso que se faça uma pesquisa diagnóstica para
identificá-los com segurança, e o passo fundamental do seu projeto de pes-
quisa é o estabelecimento do problema, isto é, da pergunta para a qual você
buscará a resposta.

Resumo
Nesta aula, você ficou sabendo que, antes de planejar projetos educativos
para a sua comunidade, é necessário descobrir, por meio de uma pesquisa,
quais são suas reais necessidades e seus reais problemas. Aprendeu também
que o primeiro passo, num universo de necessidades que se apresentam, é
selecionar uma delas, e a partir daí estabelecer o problema que se pretende
investigar, justificando, então, por que sua pesquisa deve ser realizada.

Atividades de aprendizagem
1. Escolha e circule uma das três doenças listadas abaixo, criando a partir
dela um tema de pesquisa, um problema sobre ele a ser investigado na
comunidade e um pequeno texto que justifique a investigação (pesquisa):

Tema:__________________________________________________________

Problema:_______________________________________________________

Justificativa: _____________________________________________________

e-Tec Brasil 56 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 9 – Pesquisa em saúde: objetivos
e metodologia

Nesta aula você irá aprender a definir os objetivos de sua pesqui-


sa, de maneira clara e prática. Também aprofundará seus conhe-
cimentos sobre como deve descrever os passos de sua pesquisa
por meio da metodologia, dando assim validade e confiabilida-
de às suas descobertas.

“Uma pesquisa é um conjunto de ações determinadas para o propósito de


se investigar, analisar e [criticamente] avaliar determinada questão ou pro-
blema [...]”. (HENDGES & MOTTA-ROTH, 2010)

Quando nos deparamos com a variedade e quantidade de problemas de saú-


de presentes na comunidade em que trabalhamos, podemos ficar confusos
no momento de planejar a pesquisa que iremos desenvolver. A tendência é
tentarmos resolver ou identificar questões muito diferentes umas das outras.
É como se tentássemos investigar “Deus e sua obra” em uma só pesquisa!
Assim, o trabalho fica impraticável!

Figura 9.1: Objetivos


Fonte:© HikingArtist.com / visualhunt

57 e-Tec Brasil
Por isso, é importante que o ACS saiba elaborar os objetivos de sua pes-
quisa em saúde, de tal forma que fique bem claro, não só para ele, mas
para qualquer pessoa que leia ou ouça sobre ela, o que se pretende com a
pesquisa, ou seja, qual a finalidade dela.

Vamos pensar um pouquinho, primeiramente, sobre o que é um objetivo.

Figura 9.2: Significado de objetivo


Fonte: IFPR (2015)

Viu só! É isso que deve ficar claro: o que você e sua equipe (quando houver)
querem com a pesquisa. Qual é o propósito dela? Esse passo é muito im-
portante para que se possa decidir sobre a metodologia a ser utilizada para
realizar a pesquisa. Afinal, é preciso saber o que queremos fazer, para depois
definirmos como chegaremos aos resultados desejados (GONÇALVES, 2008).

Em um projeto de pesquisa, seja ele em saúde ou outra área qualquer, é


preciso definir, em primeiro lugar, o objetivo geral, isto é, “o que se espera
conseguir com a realização da pesquisa” e depois, quais são os específicos,
ou seja, aqueles que vão “esclarecer o conteúdo do objetivo geral” (HEND-
GES & MOTTA-ROTH, 2010).

Está confuso? Veja um exemplo baseado no problema de surto de diarreia


em crianças:

Objetivo geral: identificar as causas do surto de diarreia que vem ocor-


rendo nas crianças de 0 a 5 anos na comunidade Tal, no ano Tal?

Objetivos específicos:

• Verificar os problemas de saneamento básico presentes na comu-


nidade.

e-Tec Brasil 58 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Identificar a origem da água que as famílias consomem.

Sobre os verbos utilizados na


• Investigar quais são os principais hábitos de higiene das famílias. elaboração dos objetivos, acesse:
<http://www.aureliano.com.br/
downloads/didatica/verbos.pdf>

Bem, agora que já discutimos um pouco sobre a finalidade dos objetivos


na elaboração de um projeto de pesquisa em saúde, podemos partir para a
metodologia.

O que o dicionário tem a nos dizer sobre isso?

Figura 9.3: Significado de metodologia


Fonte: IFPR (2016)

A metodologia é aquela parte do projeto onde deverão estar descritos, de-


talhadamente, a abordagem, o tipo e o método de pesquisa, além dos pro-
cedimentos que serão realizados para encontrar as respostas que ela busca.
Esse é um item importante, pois não só organiza a forma como a pesquisa
será realizada, mas também porque garante a validade e a confiabilidade de
seus resultados (HENDGES & MOTTA-ROTH, 2010).

Seu objetivo é apresentar, em forma de narrativa e cronologicamente, as


ações desenvolvidas na pesquisa, ou seja, quem serão os participantes e
Narrativa: narração; o modo de
quais serão os instrumentos e procedimentos de coleta e análise dos narrar; conto, história.
Cronológico: relativo ou per-
dados. tencente à cronologia; ordenado
segundo a sucessão no tempo
(MICHAELIS, 2015).
Basicamente, você deverá responder às seguintes questões:

O que vou coletar?

• Que informações preciso obter?

Aula 9 – Pesquisa em saúde: objetivos e metodologia 59 e-Tec Brasil


Com quem (participantes) vou coletar?

• Quem participará da pesquisa, em termos de idade, escolaridade, gêne-


ro, local de residência, entre outras?

• Quantas pessoas serão pesquisadas?

Como vou coletar os dados?

• Em que período de tempo a pesquisa será realizada?

• Quais instrumentos serão utilizados para coletar as informações? (entre-


vista, questionário, relatório de observação, outros)

Do que vou precisar para realizar a pesquisa?

• Recursos humanos

• Recursos materiais

• Equipamentos

• Recursos financeiros

Como os dados coletados serão analisados?


Conheça a Plataforma Brasil
- um sistema eletrônico
desenvolvido pelo Governo • Como as informações serão classificadas, organizadas e registradas?
Federal para gerenciar o
recebimento dos projetos de
pesquisa que envolvem seres
humanos nos Comitês de Ética • Uma vez que os dados foram coletados, trata-se de verificar se essas in-
em todo o país. Disponível em: formações correspondem às hipóteses?
<http://aplicacao.saude.gov.
br/plataformabrasil/login.jsf;j
sessionid=3DA9AD08D83125 • Os resultados observados correspondem aos resultados esperados pelas
1F6B3AEF569BE4063F.server-
plataformabrasil-srvjpdf132> hipóteses?

Todo projeto de pesquisa envolvendo seres humanos deverá atender à Reso-


lução n. 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde.
Para conhecê-la na íntegra, acesse o link: <http://conselho.saude.gov.br/
resolucoes/2012/Reso466.pdf>

e-Tec Brasil 60 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Percebemos que não é possível obter um bom resultado em uma pesquisa
em saúde se os objetivos não forem claros, precisos e relevantes, e que, além
deles é fundamental elaborar uma boa metodologia, por meio da qual seja
descrito, em detalhes, como será realizada cada etapa da pesquisa.

Resumo
Nesta aula, você aprendeu como elaborar os objetivos de sua pesquisa, tanto
o geral como os específicos. Também pôde compreender melhor como orga-
nizar o desenvolvimento da pesquisa ao construir a metodologia, ou seja, o
desenho da sua investigação.

Atividade de aprendizagem

Pedro é um ACS muito preocupado com o aumento do número de diabéti-


cos na comunidade em que trabalha. Ele resolveu propor à sua chefia ime-
diata a realização de uma pesquisa para descobrir o motivo do avanço dessa
doença nessa população.

Ajude-o a estabelecer os objetivos de sua pesquisa e também a responder


as perguntas que o auxiliarão a organizar sua metodologia, preenchendo a
tabela abaixo:

Objetivo geral:
1)
Objetivos específicos: 2)
3)
O que vou coletar? Quais informações?
Com quem vou coletar os dados (participantes)
Como vou coletar os dados?
O que vou precisar para realizar a pesquisa?
Como os dados coletados serão analisados?

Aula 9 – Pesquisa em saúde: objetivos e metodologia 61 e-Tec Brasil


Aula 10 – Pesquisa em saúde: resultados
esperados e cronograma

Nesta aula, você entenderá a importância de identificar clara-


mente os resultados esperados ao final da pesquisa em saúde.
Também aprenderá como montar um cronograma das ativida-
des dessa pesquisa, organizadas por etapa.

“[...] a pesquisa pra mim é um estudo, um levantamento de dados, que


se transformarão em informações preciosas para contribuir para a me-
lhoria da saúde da população...”.

Para quem se propõe a fazer uma pesquisa, parece óbvio quais serão os re-
sultados esperados ao final dela. Tão óbvio que não seria necessário escrever
sobre eles!

Na elaboração de um projeto de pesquisa não é possível trabalhar com resul-


tados, pois esses ainda não foram obtidos, de forma que o que se tem é uma
meta, um resultado esperado que deve ser alcançado, cumprindo-se todas
as etapas descritas no projeto (SEVERINO, 2000).

Mas, não se engane sobre sua importância, pois esta parte do projeto não
só visa “convencer o leitor de que os resultados e/ou impactos esperados na
pesquisa serão benéficos, importantes, úteis, enfim, de relevância social [..]”
(GERHARDT & SILVEIRA, 2009), como servirão para deixar claro para você
mesmo porque sua pesquisa merece ir para frente!

Não existe um modelo predeterminado para a elaboração da escrita da se-


ção de resultados esperados. No entanto, o que você deve ter em mente é
que nela devem ficar claros quais são os efeitos da pesquisa, o que vai resul-
tar dos dados coletados e analisados, das descobertas feitas por meio deles.
Claro, que sempre visando obter progressos em relação à situação anterior
à pesquisa (JUNG, 2009).

Veja alguns exemplos de como iniciar a escrita dos resultados esperados:

63 e-Tec Brasil
“Ao término da execução do projeto de pesquisa esperamos identificar
[...]:” (ou)

“Esperamos que, por meio dos dados que serão coletados nesta pesquisa,
seja possível identificar [...]”:

–– ...os fatores globais que influenciam a saúde do grupo X, na comu-


nidade;
–– ...as principais causas do surto de...
–– ...as principais causas do aumento da incidência de...
–– ...o que o grupo X precisa para ser e permanecer saudável;
–– ...as ações educativas necessárias para orientar a comunidade a res-
peito da prevenção e do tratamento da doença X.

Depois de ver todas as possibilidades de investigação e de descobertas que


se pode fazer através de uma pesquisa em saúde, você já deve estar anima-
do para pôr a mão na massa! Mas, calma! Ainda falta o último item do seu
projeto para ser conhecido: o cronograma!

Para finalizar o projeto, as atividades relativas a ele precisam ser listadas,


respeitando uma ordem, de acordo com as etapas de execução dele. Além
disso, prazos precisam ser estabelecidos para o cumprimento de cada etapa
(GERHARDT & SILVEIRA, 2009).

Uma boa forma de visualizar claramente cada etapa da pesquisa com seu
respectivo prazo de cumprimento é criar um quadro, como no exemplo a
seguir.

Lembre-se de prever uma margem de tempo para os casos de imprevisto!

Quadro 10.1 - Cronograma


MESES / TAREFA Janeiro/201X Fevereiro/201X Março/201X Abril/201X
Definição do tema, do problema e
X
da justificativa da pesquisa
Cronograma - representação
gráfica da previsão das etapas e Criação do instrumento de coleta
X
dos prazos para a execução de de dados
um trabalho (AULETE, 2015).
Coleta dos dados X X
Organização dos dados coletados X
Interpretação dos resultados X
Redação das conclusões da
X
pesquisa (relatório final)
Fonte: elaborado pela autora (2015)

e-Tec Brasil 64 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


O estabelecimento e o registro dos resultados esperados com a pesquisa são
de fundamental importância para seus proponentes e para os executores.
Outro item igualmente importante é o cronograma, pois ajuda a visualizar
em que momento será realizada cada uma das fases do projeto de pesquisa
em saúde.

Resumo
Nesta aula, você aprendeu que na construção de um projeto de pesquisa
em saúde, existe uma seção onde precisam ser mencionados os resultados
esperados ao seu término. Também pode ter uma noção de como criar um
cronograma das atividades, organizadas por etapa, com seus respectivos
prazos de realização.

Atividades de aprendizagem
• No seu dia a dia na comunidade, você observa uma série de problemas
de saúde na população. Atuando com ACS, você tem a oportunidade
de investigar, a partir de critérios científicos, os fatores que podem estar
contribuindo para agravar esses problemas. Pare e pense: se pudesse
fazer uma pesquisa, o que você gostaria de investigar e quais resultados
esperaria obter ao final dela? Escreva suas reflexões.

Aula 10 – Pesquisa em saúde: resultados esperados e cronograma 65 e-Tec Brasil


Aula 11 – Aprendendo a ensinar - parte I

Esta aula visa aprofundar sua compreensão sobre o significado


de ensinar e aprender. Você verá que existem diferentes ma-
neiras de compreender essas duas palavras, e isso faz com que
distintas práticas de ensino influenciem na qualidade do apren-
dizado das pessoas. Você também entenderá porque ensinar é
uma prática fundamental para sua futura profissão.

Em seu cotidiano de trabalho, você estará, constantemente, mediando a


construção de novos saberes junto à comunidade. Por isso, a educação
é parte tão importante das suas atribuições como agente comunitário de
saúde.

Figura 11.1: O que significa ensinar?


Fonte: IFPR (2016)

Ser um profissional educador, apesar de ser um grande desafio, não deve


ser um motivo de preocupação para você! Afinal, ensinar um grupo, uma
população ou, até mesmo uma pessoa a cuidar da saúde e a viver de manei-
ra mais sadia é um grande privilégio da sua profissão, e você receberá aqui,
muitas dicas e instruções de como fazer isso!

Primeiramente, você precisa compreender bem o que significa ensinar, para


que o faça da melhor maneira possível, alcançando o resultado esperado,
que é o aprendizado daqueles com quem irá trabalhar.

67 e-Tec Brasil
Antes de continuar, tente fazer o seguinte exercício: explique para alguém o
que significa ensinar!

Ok! Agora vamos lá!

11.1 O que significa ensinar?


O Dicionário Michaelis (2008) traz como uma das definições de ensinar, o
ato de “transmitir conhecimento”. O dicionário Aulete (2015) define o mes-
mo verbo como “1.  Dar orientação ou educação a; 2.  Fazer adquirir ou
adotar, por ensinamento ou por experiência 3. Indicar, mostrar”. Os mesmos
dicionários definem aprender como: “ficar sabendo; reter na memória; to-
mar conhecimento de algo” (MICHAELIS, 2008); “alcançar, obter conheci-
mento, compreensão ou domínio de (informação, assunto, matéria, etc.),
por meio de estudo ou prática; adquirir a habilidade de” (AULETE, 2015).

Para Freire (apud DIAS, 2005), não dá pra separar as palavras ensino-apren-
dizagem, pois há uma constante troca no processo de ensinar e aprender,
ou seja,

a construção de um saber consiste no diálogo, onde o educador e


o educando aprendem e ensinam, trocando conhecimentos e expe-
riências. Neste processo o conhecimento não é apenas passado e sim
produzido, criado pelas duas partes e nas duas partes. (DIAS, 2005).

É importante você entender que o processo educativo sempre terá como


base a forma como acreditamos que as pessoas aprendem e modificam suas
práticas. Nossa opção pedagógica vai determinar a compreensão sobre quais
são as condições necessárias para a aprendizagem, assim como sobre qual é
o papel do educador nesse processo.

11.1.1 Teorias tradicionais de aprendizagem


Você já ouviu falar em Teorias da Aprendizagem? Como o próprio nome diz,
são as diversas hipóteses a respeito do processo, de como ocorre a aprendi-
zagem por parte dos indivíduos, isto é, de como as pessoas aprendem. Elas
podem ser chamadas também de teorias pedagógicas.

Existem diversas teorias da aprendizagem, mas, para esse momento, gostaria


que você soubesse que, de forma geral, aquelas mais tradicionais entendem
o ensino assim como o Dicionário Michaelis o definiu, ou seja, como proces-

e-Tec Brasil 68 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


so de transmissão de conhecimento. Vamos ver algumas ideias decorrentes
dessa forma de pensar:

Segundo Leite (2015), o aprendiz:

• é visto como um sujeito passivo no processo de aprendizagem (deve ficar


quieto e prestar muita atenção);

• não sabe nada e está ali para receber todas as informações;

• só vai aprender se memorizar todas as informações e conseguir repeti-las


depois; o ensino e a aprendizagem são entendidos como dois processos
diferentes, isto é, o professor é responsável por ensinar e o aluno por
aprender. E, caso ele não aprenda, o problema está nele e não no méto-
do de ensino.

Figura 11.2: Educação bancária


Fonte: IFPR (2016)

Educadores que pensam assim, comumente, valorizam a aula expositiva clás-


sica – aquela em que a aula é centrada no professor, que discorre sobre
determinado assunto durante algum tempo, enquanto a postura do aluno
Um bom exemplo dessa
é de expectador – ou seja, um ambiente onde o professor fala e o aprendiz concepção de aprendizagem
esta no clipe da música ‘Another
assiste à aula e apenas escuta! Paulo Freire chama esse tipo de postura de brick in the wall’ (Outro tijolo
educação bancária, porque é como se o aprendiz fosse um banco onde o na parede), de Pink Floyd. Para
assisti-lo, acesse <http://www.
educador deposita o conhecimento. vagalume.com.br/pink-floyd/
another-brick-in-the-wall.html>

Aula 11 – Aprendendo a ensinar - parte I 69 e-Tec Brasil


11.1.2 Teorias atuais de aprendizagem
As teorias ou tendências pedagógicas que têm tido maior aceitação na atu-
alidade são as de base construtivista sociointeracionista. Elas apresentam
fundamento construtivista, pois defendem que os indivíduos constroem pro-
gressivamente seu conhecimento, e sociointeracionista porque essa constru-
ção acontece no meio em que vivem, através da interação social, especial-
mente com o educador.

Conforme as teorias pedagógicas atuais, com base construtivista sociointe-


racionista:

• O conhecimento é construído pelo aluno ao interagir com seu professor,


com os colegas e com o próprio objeto do conhecimento (o conteúdo).

• O aprendiz participa ativamente no processo de aprendizagem, através


de diferentes estratégias de ensino, atividades, discussões, relatos de ex-
periências vividas, pesquisa participante, trabalhos em grupo, e outras
ações educativas que promovem a reflexão (AZENHA, 1997).

• Tanto o professor como o aluno sabem coisas diferentes, e ao dialoga-


rem, ambos constroem novos conhecimentos, ou seja, o conhecimento
prévio do aluno é levado em conta (LEITE, 2015).

• O educador é o principal agente mediador da relação aluno-conteúdo e


da transformação das pessoas, que, ao tomarem conhecimento do novo,
observam, refletem sobre ele, e agem, recriando assim o conhecimento
– o que caracteriza a aprendizagem.

Figura 11.3: Educação popular


Fonte: IFPR (2016)

e-Tec Brasil 70 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Para essas teorias, o ser humano é visto como um ser multidimensional, ou
seja, ele é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo, racional,
Leia o livro ‘Pedagogia do
religioso, etc., e por isso, todas essas dimensões devem ser consideradas no oprimido’, de Paulo Freire.
Nele você aprofundará seus
momento de ensiná-lo (LEITE, 2006). conhecimentos sobre essa forma
de compreender a educação.
<http://www.dhnet.org.br/
Pare e pense: Como a sua educação escolar aconteceu? Você acha que ela direitos/militantes/paulofreire/
teve mais características das teorias tradicionais ou das atuais de ensino- paulo_freire_pedagogia_do_
oprimido.pdf>
-aprendizagem? Por quê?

Ao tornar-se um profissional que trabalha com a prevenção e promoção


da saúde por meio da educação, você coloca à disposição da comunidade
recursos para que ela intervenha e transforme suas condições reais de vida,
alcançando a saúde como um direito social, a partir de ações individuais e
coletivas (WERNER, 1989)!

11.2 Por que ensinar?


Como seres humanos, não nos contentamos em repetir ações automatica-
mente, não é mesmo? Sempre queremos saber por que devemos fazer algo.

A responsabilidade de ensinar do ACS está fundamentada em dois fatores:

• Primeiro, porque o Art 3º, inciso II da Lei 11.350 de 05/10/2006, que


regulamenta a profissão do agente comunitário de saúde, diz que: “O
Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o exercício de ativi-
dades de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações
domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em
conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor muni-
cipal, distrital, estadual ou federal”.

• Segundo, porque muitas doenças podem ser evitadas quando as pessoas


conhecem as causas e os sintomas delas e, isso se adquire por meio da
informação (conhecimento).

É aqui que entra a ação educativa do ACS, que ajudará as pessoas a compre-
enderem as causas de seus problemas de saúde e a tomarem cuidados e ini-
ciativas para solucioná-las. Por meio do ensino, você estimulará as pessoas a
agirem em favor de sua saúde no presente, para protegê-la e preservá-la no
futuro (WERNER, 1989). Sabemos que para que haja aceitação do novo, do

Aula 11 – Aprendendo a ensinar - parte I 71 e-Tec Brasil


diferente, comumente as pessoas precisam ou desejam entender o porquê.
Por isso, para ajudar a comunidade a criar um conhecimento novo, o ACS
precisa dialogar com ela, demonstrando respeito por suas tradições e ideias
e promovendo um intercâmbio de conhecimentos e experiências tradicionais
(comunidade) e técnicas (ACS).

Podemos e devemos ensinar o que sabemos, mas sempre respeitando e va-


lorizando os conhecimentos prévios e os costumes das comunidades onde
vamos atuar.

Resumo
Nesta aula, você ampliou seus conhecimentos sobre o que significa ensinar
e aprender, a partir do ponto de vista das teorias pedagógicas tradicionais e
atuais. Também conheceu algumas razões pelas quais ‘ensinar’ é uma atri-
buição tão importante na profissão de Agente Comunitário de Saúde.

Atividade de aprendizagem
• Explique a frase: “Muitas doenças podem ser evitadas por meio da edu-
cação”.

e-Tec Brasil 72 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 12 – Aprendendo a ensinar - parte II

Nesta aula, você conhecerá o público-alvo da ação pedagógica


do agente comunitário de saúde, bem como alguns princípios
básicos do processo ensino-aprendizagem que lhe darão base
para mediar o conhecimento.

A
Figura 12.1: Faixas etárias
Fonte: IFPR (2016)

Para que uma comunidade progrida com relação à qualidade de vida e ad-
quira hábitos e posturas saudáveis, será preciso que todos os membros dela
participem e colaborem para essa transformação. Você não conseguirá resol-
ver tudo sozinho! Cada pessoa da comunidade, seja criança, jovem, adulta
ou idosa, precisará tomar parte no cuidado da sua própria saúde e na saúde
do grupo para que mudanças significativas aconteçam. Por esse motivo, faz-
-se necessário investir no ensino-aprendizagem, pois é partilhando conhe-
cimentos sobre saúde com a comunidade, haverá possibilidade do envolvi-
mento dela com as questões de saúde e melhoria da qualidade de vida.

Na aula anterior, já vimos o que significa ensinar e aprender, e também


por que o ensino é tão importante para o alcance dos objetivos do agente
comunitário de saúde. Nesta aula veremos a importância de conhecermos
algumas características das pessoas a quem ensinaremos, pois elas são de-
terminantes para definirmos como o faremos.

73 e-Tec Brasil
Talvez você acredite conhecer bem as pessoas, pois já vive há um bom tempo
na comunidade onde trabalha ou trabalhará. Como ACS você deve olhar
para a sua comunidade como um todo, preocupando-se com o bem-estar
de todos os indivíduos que pertencem a diferentes grupos e faixas etárias.
Além disso, é importante saber que algumas estratégias de ensino que uti-
lizamos para determinado grupo não são convenientes para outro, pois de
acordo com a idade, as pessoas têm diferentes comportamentos, reações e
maneiras de compreender o que está sendo ensinado.

Que tal conhecermos as principais características delas em, pelo menos,


quatro dimensões (física, cognitiva, social e emocional), e algumas dicas de
como trabalhar com elas? Vamos lá?

Atenção!

Não abordaremos aqui os bebês, pois os assuntos relativos a eles serão re-
passados para os pais ou responsáveis pelo ACS.

Figura 12.2: Crianças e adolescente


Fonte: IFPR (2016)

“Quando é dada a oportunidade à criança de explorar e interagir com


o ambiente em que vive, ela torna-se um aprendiz ativo e confiante”
(UNICEF, s/d).

e-Tec Brasil 74 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Quadro 12.1 - Características físicas, cognitivas, sociais e emocionais de
crianças e adolescentes
Faixa Etária Características Dicas
Emoção e aprendizagem estão muito ligadas nessa Incentive-os a descobrir coisas novas, explicando como
fase da vida. são, para que servem e como funcionam.
São muito criativos, gostam de inventar histórias. Utilize, sempre que possível, equipamentos de tama-
Crescem rápido, são muito ativos,têm mais domínio nho adequado (ex. cadeiras e mesas).
sobre suas ações e movimentos, mas se cansam Proporcione um ambiente calmo.
rapidamente. Fale firmemente, mas sem rispidez.
São curiosos e fazem muitas perguntas. Os materiais como: gizes de cera, figuras ilustrativas,
4 a 6 anos A atenção deles é limitada (5 a 10 minutos). borracha, devem ser grandes.
Têm boa memória, mas pouca noção de tempo e Use recursos visuais simples, mas significativos.
distância. Ao ensiná-los, fale pouco e de maneira clara, variando
Gostam de estar com os outros e de brincar em na entonação.
grupo, mas ainda têm dificuldade para dividir. Não use metáforas, nem comparações.
São sensíveis e suas emoções são intensas. As histórias devem ser curtas e ter sequência lógica
Gostam de ajudar os outros. (evite as que causam medo).
Impressionam-se com facilidade. Diversifique as atividades e permita que participem.
Nessa etapa, raciocinam de forma mais lógica, têm
atenção mais seletiva e memória mais segura e
estratégica (COLL et al., 2004).
Estão descobrindo um mundo novo e vivendo inten-
samente dentro dele.
Proporcione um ambiente bem sugestivo para a
Estão desenvolvendo o pensamento abstrato.
aprendizagem.
Gostam de fatos reais, mas também de fantasias.
Não lhes dê tudo mastigado. Ajude-os a achar as
7 a 9 anos Os músculos menores estão-se desenvolvendo
soluções por si mesmos.
vagarosamente.
Faça-os participar bastante e valorize a participação.
Eles se cansam muito, quando têm que realizar algo
Dê-lhes bastante trabalho prático.
com muitos detalhes. 
São comunicativos e gostam de ser valorizados.
São cooperadores, mas imaturos. Desanimam e se
aborrecem com facilidade.
Gostam de atividades competitivas ou cooperativas. 
Há uma diferença entre o desenvolvimento físico das
meninas e dos meninos. Eles estão ganhando força e Tenha um programa ativo e envolva-os em atividades
elas iniciando a fase menstrual. considerando as diferenças de sexo.
10 a 12 anos Gostam de fazer perguntas. Inclua atividades em grupo.
Pré-adolescentes Gostam de ler e de colecionar objetos. Estimule-os a pensar, perguntar e se expressar.
Valorizam os grupos e preferem os do mesmo sexo. Evite toques físicos (abraço, mão nos ombros) e
Emocionalmente são instáveis, e não apreciam palavras de afeto.
demonstrações de afeto.
Querem encontrar soluções para os seus próprios
problemas.
Estão-se desenvolvendo rapidamente – variam de
estado de ânimo. Varie os métodos de ensino para manter o interesse.
A voz deles está sofrendo transformações. Não os embarace pedindo-lhes que falem em público.
13 aos 17 anos
Querem saber para que serve o que estão apren- Não lhes diga para fazer algo sem explicar o objetivo.
Adolescentes
dendo. Estimule a contribuição com ideias e sugestões.
Gostam de ser tratados como adultos, e desejam ser Delegue responsabilidades.
independentes.
Os sentimentos são inconstantes e as emoções
intensas.

Fonte: Elaborada pela autora (2016)

Aula 12 – Aprendendo a ensinar - parte II 75 e-Tec Brasil


Figura 12.3: Jovem e adultos
Fonte: IFPR (2016)

“A fonte de maior valor na educação do adulto é a experiência do apren-


diz [...]. A experiência é o livro vivo do aprendiz adulto [...]”. (LINDERMAN
apud ALMEIDA, 2009).

Quadro 12.2 - Características físicas, cognitivas, sociais e emocionais de jovens e


adultos/idosos
Faixa Etária Características Dicas
Sentem-se donos de sua vida, e por isso Aproveite as vivências que os alunos já têm no
têm a tendência de se descuidar da saúde. momento de preparar e apresentar o tema. 
Sua capacidade de raciocínio está bem Crie um ambiente harmonioso e afetivo.
desenvolvida. Deixe-os se expressarem e valorize-os.
Querem ter liberdade para discutir assun- Mostre-lhes que podem fazer diferença na
Jovens
tos polêmicos. comunidade.
(18 a 21 anos)
Valorizam conversas sobre assuntos práti- Mostre-se disponível para ajudar e esclarecer
cos relacionados às necessidades pessoais. dúvidas.
Querem respostas bem argumentadas. Proponha atividades desafiadoras e utilize
São mais controlados emocionalmente. estratégias de ensino diversificadas.
Têm níveis mais elevados de autoestima. Valorize o diálogo e as experiências práticas.
Valorize as vivências e experiências dos adultos
Atingiram o estágio da maturação física e
e idosos, que são muito ricas.
psicológica, com diferenças na condição
Dê-lhes oportunidade para que compartilhem
física e mental com o decorrer dos anos.
experiências positivas e negativas.
Adultos e idosos Assumem responsabilidades pela própria
Leve-os a ações que incentivem o interesse uns
vida e pela de outros, no âmbito social,
pelos outros.
familiar e profissional.
Estabeleça alvos em conjunto e incentive-os a
São autônomos e automotivados.
alcançá-los.
Fonte: elaborada pela autora (2015)

Como você pôde notar, cada faixa etária tem características bastante distin-
tas. Isso vai exigir de você um bom planejamento de projetos educativos que
envolvam momentos de ensino-aprendizagem, que contemplem e valorizem

e-Tec Brasil 76 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


as diferenças existentes em cada grupo social.

Esses projetos educativos poderão ser desenvolvidos por meio de:

• Debates em grupo.

• Visita nas escolas (trabalhando por faixa etária).

• Visita às casas.

• Palestras na Unidade de Saúde ou no Centro Comunitário do bairro.

Lembre-se de que o êxito do seu ensino, evidenciado pela melhora da saúde


das pessoas, dependerá muito mais de seus métodos e estratégias de ensino
do que do seu conhecimento técnico. Pois, podemos e devemos como ACS
ter o conhecimento técnico, mas é preciso conseguir comunicá-lo com cla-
reza para a comunidade.

“As pessoas não aprendem com o que ouvem. Aprendem com o que pen-
sam, sentem, discutem, veem e fazem juntas” (WERNER, 1989).

Com essa aula foi possível concluir que as pessoas, dependendo de suas
faixas etárias, têm formas diferentes de aprender, e que conhecendo suas ca-
racterísticas físicas, cognitivas, sociais e emocionais, será possível promover
uma educação mais contextualizada e com melhores resultados de aprendi-
zagem.

Resumo
Nesta aula, você conheceu um pouco sobre o público com quem trabalhará,
observou algumas características por faixa etária, e aprendeu algumas dicas
de como trabalhar com elas ao desenvolver projetos educativos na comuni-
dade.

Atividade de aprendizagem
1. Observando as dicas dadas para ensinar adultos e idosos, planeje uma
forma de iniciar um momento de ensino com eles, cujo tema seja “Ali-
mentação saudável”. Lembre-se de que a característica mais marcante
dessa faixa etária é a experiência, a riqueza de conhecimento prévio.

Aula 12 – Aprendendo a ensinar - parte II 77 e-Tec Brasil


Aula 13 – Estratégias de ensino

O objetivo desta aula é que você conheça o conceito de estra-


tégia e entenda, como educador em saúde, a relação que as
estratégias têm com o trabalho do ACS, e saiba como utilizá-las
para aprimorar seus projetos educativos na comunidade.

Você sabe o que significa a palavra estratégia? Segundo Larousse (2006,


p.1004), estratégia é “a arte de bem aplicar planos para atingir os resultados
previstos”. Mas, o que isso tem a ver com o processo de ensino-aprendiza-
gem? É isso que vamos procurar compreender nessa aula!

Figura 13.1: Estratégia


Fonte: Designed by Freepik.com

Conforme vimos nas aulas anteriores, não basta sabermos o que e por que
queremos ensinar algo a alguém, precisamos nos preocupar também com
o como ensinar. A maneira como ensinamos pode despertar e aumentar
ou não, o nível de interesse e participação do aluno em relação ao que se
propõe (STACCIARINI & ESPERIDIÃO, 1999).

Já vimos o que significa estratégia, agora vamos pensar um pouco sobre


a relação dessa palavra com a prática de ensino. A partir da ideia apresen-
tada pelo dicionário podemos afirmar que uma estratégia de ensino seria

79 e-Tec Brasil
um caminho escolhido ou criado pelo educador para aplicar na sua prática
educativa, baseado em um raciocínio teórico, com o objetivo de conduzir o
aluno a uma aprendizagem eficaz. Poderíamos ainda enriquecer essa defi-
nição dizendo que, a estratégia de ensino-aprendizagem são os subsídios
utilizados pelo mediador do ensino para facilitar o processo de aprendiza-
gem dos alunos (RODRIGUES, 2005 apud BORDENAVE & PEREIRA, 1998, E
MASETTO, 2003).

Nesse sentido, entram desde a organização do espaço utilizado, os mate-


riais necessários, os recursos educacionais, as discussões em grupos, o uso
da internet e de programas educacionais para computadores, entre muitas
outras alternativas. Entretanto, é importante lembrar que as estratégias só
terão validade se estiverem relacionadas diretamente aos objetivos, isto é,
aos resultados pretendidos.

Conforme Rodrigues (2005, apud MASETTO 2003), há três princípios bási-


cos a serem considerados pelo educador com vistas a alcançar seus objetivos
de ensino, são estes:

1. utilizar estratégias adequadas para cada objetivo pretendido;

2. dispor de estratégias adequadas para cada grupo específico de alunos;

3. variá-las no decorrer do projeto educativo.

Mas, cuidado! Nesse caso, a pergunta


não será “como vou organizar a apre-
sentação desse conteúdo de modo claro
e perceptível” - e sim, como vou ideali-
zar e colocar em prática um plano de
ação (que pode incluir a apresentação do
conteúdo, estrategicamente organizada
e articulada com outras iniciativas)? Que
tarefas vou propor? Quais recursos vou
utilizar? Que passos vou dar, de maneira
que essas pessoas aprendam, realmente,
o assunto que pretendo ensinar?
Figura 13.2: Médico pensando
Fonte: Banco de Imagens DI (2016)

e-Tec Brasil 80 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Vamos comparar essa situação, por exemplo, com a atitude do médico dian-
te de um caso clínico, que também é uma ação estratégica no seu todo. O
caminho escolhido por ele para curar o paciente não se resume à sequência
das consultas, prescrições ou exames, mas ao modo como esses elementos
são distribuídos, como se organizam para a esperada cura. Em face disso,
que, naturalmente, será diferente de outro, ainda que a doença ou situação
sejam semelhantes (ROLDÃO, 2009).

Quadro 13.1 - Estratégias de Ensino


ESTRATÉGIAS DE ENSINO DEFINIÇÃO
Exposição do tema, com a participação ativa dos aprendizes, cujo
conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como
Aula expositiva dialogada ponto de partida. O educador leva-os a questionar, interpretar e
discutir o objetivo de estudo, a partir da consideração e do confronto
com a realidade.
Exposição de ideias de um autor a partir do estudo crítico de um
Estudo de texto texto e/ou a busca de dados e exploração de conceitos dos autores
estudados.
Estudo sob a orientação e direção do educador, objetivando esclarecer
Estudo dirigido
as dificuldades específicas.
Lista de discussão por ambientes informa- Debate à distância de um tema sobre o qual tenham feito um estudo
tizados prévio, ou queiram aprofundá-lo através da mídia informática.
Os alunos são desafiados a enfrentar uma situação nova, que exige
Solução de problemas deles: pensamento reflexivo, crítico e criativo a partir das informações
apresentadas na descrição do problema.
Análise de tema/problemas sob a mediação do educador, que divide os
Grupo de verbalização e de observação alunos em dois grupos: um de verbalização (GV) e outro de observação
(GV/GO) (GO). Essa estratégia demanda leituras, estudos prévios, enfim, um
contato inicial com o tema.
Análise meticulosa e objetiva de uma situação real que precisa ser
Estudo de caso
averiguada e desafia os envolvidos.
Reunião de um pequeno grupo de pessoas com interesses comuns,
com o objetivo de aprender a fazer algo melhor, através da aplicação
Oficina (laboratório ou workshop)
de conceitos e conhecimentos previamente adquiridos, sob a orienta-
ção de um especialista.
É um estudo direto do contexto social no qual o aprendiz se insere,
visando a uma melhor compreensão de determinada problemática.
Estudo do meio
Cria condições para o contato com a realidade; propicia a aquisição de
conhecimentos de forma direta, por meio da experiência vivida.
Permite ao aprendiz desenvolver sua criticidade, ou seja, ultrapassar o
texto para a realidade vivida; compreender e interpretar as questões e
Estudo dirigido e aulas orientadas
problemas apresentados; sanar dificuldades de compreensão e sugerir
alternativas de solução.
Estudo por meio de tarefas reais e práticas, sob a orientação do
Resolução de exercícios educador, com a intenção de auxiliar na assimilação de conhecimentos,
habilidades e hábitos.
Possibilita a reflexão sobre informações obtidas após uma leitura ou
Discussão e debate palestra, oportunizando aos alunos formular ideias com suas próprias
palavras, sugerindo sua aplicação.
Os alunos tornam-se agentes do processo; são desenvolvidas habili-
Jogos dades na tomada de decisões, vivenciando-se ações interligadas em
ambientes de incerteza.

Aula 13 – Estratégias de ensino 81 e-Tec Brasil


Estratégia que procura ajustar o processo de ensino-aprendizagem às
Ensino individualizado
reais necessidades e características de cada aprendiz em particular.
Aprendizagem baseada em problemas Os participantes trabalham com o objetivo de solucionar um problema.
Estratégia de ensino centrada no aprendiz que assume o papel de
agente, o principal responsável pelo seu aprendizado.
Fonte: Teodoro et al. (2011) adaptado pela autora (2015)

A maior parte das estratégias de ensino apresentadas nessa aula opta pelo
ensino por meio da dinâmica de grupo, pois oportuniza que as pessoas en-
volvidas experimentem um processo de ensino-aprendizagem no qual o tra-
balho coletivo é apresentado como um meio de intervir na realidade, trans-
formando-a. Esse tipo de estratégia promove o encontro de pessoas onde o
saber é construído coletivamente (TEODORO et al., 2011).

Um ensino de qualidade, ainda que seja uma atividade complexa, possui


recursos para concretizar-se, e esses recursos são as estratégias pedagógi-
cas. Essas estratégias é que permitem criar um fio condutor que levará o
educador, por meio de diversas iniciativas no decorrer do desenvolvimento
do encontro, a alcançar o objetivo do momento de ensino-aprendizagem
planejado.

Resumo
Nesta aula, você conheceu o conceito de estratégia, e viu como esse con-
ceito pode também ser aplicado à educação em saúde. Aprendeu sobre três
princípios básicos no uso de estratégias de ensino, e conheceu diversas es-
tratégias, tanto individuais como grupais para utilizar durante e após o mo-
mento de apresentação do assunto, com vistas a efetivar um aprendizado
adequado.

Atividade de aprendizagem
Escolha uma estratégia de ensino e adapte-a a uma situação de educação
em saúde na qual você é o mediador da atividade, respondendo as seguintes
perguntas:

–– Qual a estratégia escolhida?


–– Em que situação pretende utilizá-la?
–– Por que você a considera uma estratégia adequada a essa situação?

e-Tec Brasil 82 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 14 - Recursos educacionais: material
informativo impresso – parte I

Nesta aula, você conhecerá as características dos principais tipos


de material informativo impresso. O objetivo é que você tenha
condições de selecionar o que melhor se adapta ao seu projeto
educativo.

Figura 14.1: Material impresso


Fonte: Brasil - Ministério da Saúde

Iniciativas de sensibilizar e informar a população com material informativo


são extremamente importantes, pois proporcionam às pessoas uma breve
reflexão que poderá contribuir para despertar interesse em cuidar da saúde
e de participar de eventos de prevenção às doenças. Essas iniciativas são fun-
damentais para o modelo de atendimento de saúde implantado nos últimos
anos no Brasil, no qual são valorizadas e incentivadas as ações preventivas
em todos os âmbitos da saúde.

Você já deve estar convencido de que a comunicação é um instrumento


importantíssimo para a ação educativa do ACS! É fundamental lembrar que
por comunicação entendemos um conjunto de sinais verbais e não verbais
utilizados nas relações interpessoais com o objetivo de apresentar ideias e
torná-las compreensíveis àqueles que as leem ou ouvem.

Sabemos que o conteúdo das comunicações e das mensagens têm a capaci-


dade de influenciar a conduta das pessoas, mesmo que não imediatamente.
Nesse sentido, o uso de materiais impressos ajuda a reforçar as orientações

83 e-Tec Brasil
verbais dadas pelo ACS, pois podem ser levados para serem lidos posterior-
mente (SALLES & CASTRO, 2009).

A função de um texto informativo é conhecer ou transmitir explicações e


informações de caráter geral. Seu objetivo é compreender ou comunicar as

características principais do tema, sem maior aprofundamento (PEDAGO-


GIA AO PÉ DA LETRA, 2015).

Que tal conhecer, agora, os principais tipos de material informativo e suas

características básicas?

Independentemente das características, todo material informativo impresso


deve ter: informações embasadas cientificamente, finalidade prática e obje-
tiva, além de ser de fácil compreensão.

14.1.1 Folheto

Figura 14.2: Modelo de folheto


Fonte: © http://www.prefeitura.sp.gov.br

O folheto é um impresso explicativo que tem por finalidade dar determinada


informação ao público, tem o objetivo de chamar a atenção das pessoas e
divulgar alguns conceitos fundamentais dos temas específicos a serem tra-
tados.

Esse recurso pode ser apenas uma folha de papel impressa em duas colunas
e dois lados e dobrada ao meio. Costuma-se usar uma folha A4, dividi-la em
dois ou quatro cortes iguais. Conter textos explicativos sobre um tema, com
ou sem a presença de imagens.

e-Tec Brasil 84 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Quando é impresso apenas de um lado e seu tamanho for ½ folha A4 tam-
bém pode ser chamada de flyer ou filipeta.

14.1.2 Flyer ou filipeta


O flyer, em inglês significa voador, ganhou este nome devido a sua veloci-
dade de distribuição. Filipeta é um folheto de página única que anuncia um
evento, serviço, ou outra atividade. Por ter um custo menor, pode ser fei-
to em maior quantidade e distribuído em estabelecimentos comerciais, nas
ruas, etc. É um ótimo recurso para quem quer chamar a atenção do público,
mas não têm muito dinheiro disponível.

Figura 14.3: Modelo de flyer


Fonte: http://www.dst.uff.br

14.1.3 Folder
A palavra ‘folder’ deriva do inglês fold, que significa dobra. Ele permite vá-
rios cortes criativos para chamar a atenção. Pode ser circular, retangular, ou
em qualquer outro formato. Suas características são: um chamado inicial e
um breve resumo, preferencialmente com ilustrações/fotos na frente, e no
outro lado (verso) segue-se com as demais informações, descrições, etc. De
acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, folder é um “im-
presso de pequeno porte, constituído de uma só folha de papel com uma ou
mais dobras, e que apresenta conteúdo informativo ou publicitário; folheto”
ou ainda “prospecto dobrável” (HOUAISS, 2009).

Folheto, flyer ou folder?

Qual a melhor opção?

Aula 14 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte I 85 e-Tec Brasil


A primeira coisa que você deve levar em consideração na hora de escolher
o recurso informativo, é fazer a seguinte pergunta: onde pretendo distribuí-
-los?

Caso planeje distribuir o material em um semáforo, numa rua de alto fluxo


de pedestres ou na entrada de alunos de uma escola, o ideal é optar por flyer
ou folheto, pois esses são menores, têm mais imagens, menos textos e são
mais objetivos, por isso, poderão ser lidos quando as pessoas chegarem em
casa, caso o considerem interessante.

Folders ou folhetos que contenham muita informação devem ser distribuí-


dos em casas e lugares onde as pessoas não estão com pressa.

Agora, mãos à obra!

14.1.3 Como fazer um flyer


Para confeccionar um flyer você deve seguir os seguintes passos:

1. Um flyer deve conter uma parte de texto e outra de imagem que ilustrem
o tema tratado.

2. Coloque a informação que você considera mais importante no início do


panfleto. Suponha que o leitor sempre estará com pressa e não terá tem-
po de ler o panfleto todo, então pelo menos a informação principal ele já
fica sabendo logo de cara.

3. A parte de texto obedece às mesmas regras de qualquer trabalho escrito.

4. Fale diretamente com seus leitores. Isto irá adicionar um toque pessoal
ao seu panfleto.

5. Use títulos curtos para chegar ao ponto imediatamente. Isso é crucial


para tomar atenção de pessoas apressadas.

6. A escrita deve ser breve e objetiva em relação ao tema abordado.

7. As ilustrações devem ser adequadas não só ao tema, mas também ao


espaço disponível.

8. Na parte superior deve-se escrever o tema, destacando-se a negrito ou


em letras de tamanho maior.

e-Tec Brasil 86 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


9. Informações de contato ou para maiores informações (site, endereço,
telefone, etc.).

10. Todo o trabalho deve ter um aspecto gráfico harmonioso e uma lingua-
gem simples. No caso de se tratar de uma campanha, esta deve ainda
chamar a atenção.

Atenção!

Além do Word e do PowerPoint que são recursos mais comuns, você tam-
bém pode construir seu material informativo utilizando o Publisher ou Corel
Draw, por exemplo.

–– Papel A4
–– Régua
–– Lápis
–– Molde de letra
–– Canetas coloridas
–– Borracha

Como você pôde perceber, existem recursos impressos para divulgação das
diversas iniciativas operacionalizadas pelas Unidades de Saúde. Cada uma
delas em determinadas ocasiões é mais apropriada que outras, necessitando,
portanto, do conhecimento de suas características para que se faça a melhor
escolha.

Aula 14 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte I 87 e-Tec Brasil


Resumo
Nesta aula, você conheceu alguns materiais informativos impressos que po-
dem ser utilizados para divulgar campanhas, projetos educativos, e também
para reforçar orientações verbais que você oferece à sua comunidade. Pode
conhecer também algumas de suas características e possibilidades de uso,
conforme a ocasião necessitar.

Atividade de aprendizagem
Imagine que você dará início a um projeto educativo na sua comunidade
sobre prevenção ao tabagismo. Crie um flyer (feito à mão ou no computa-
dor), informando sobre a atividade que será realizada, a data e o local. Não
se esqueça de convidar, de forma bem atrativa, as pessoas para participarem
(você pode colocar uma imagem ou não).

e-Tec Brasil 88 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 15 – Recursos educacionais: visuais para
apresentação -parte II

Nesta aula vamos apresentar alguns recursos didáticos que po-


dem auxiliá-lo no momento de ensinar a comunidade. Conhece-
rá, de maneira simples e prática, como confeccionar utilizando
recursos e materiais que estão ao seu alcance.

Para muitos, organizar um encontro com a comunidade ou planejar uma


palestra constitui-se num grande desafio e até mesmo em uma dificuldade.
Nesse caso, por onde começar? O que dizer sobre o assunto? Como atrair
a atenção dos ouvintes? São algumas das preocupações mais comuns! E é
aí que entram em cena os recursos educacionais, didáticos ou pedagógicos!

Figura 15.1: ACS pensando


Fonte: ©Freepik

O que vem à sua mente quando pensa na palavra recurso?

Dentre as diversas definições trazidas pelo Dicionário Michaelis (2015), três


vão ajudá-lo a compreender o significado dessa palavra para a educação:
Recurso 1. aquilo de que se lança mão para vencer uma dificuldade ou um
embaraço; 2. meio apropriado para chegar a um fim difícil de ser alcança-
do; 3. auxílio, proteção, socorro. 

89 e-Tec Brasil
Vamos compreender melhor!

Recursos didáticos são todos os recursos físicos (materiais), utilizados com


maior ou menor frequência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou ati-
vidades, sejam quais forem as técnicas ou os métodos empregados, visan-
do auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente,
constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o
processo ensino-aprendizagem (CERQUEIRA & FERREIRA, 2008, grifo nos-
so).

Existem recursos para serem utilizados nos diversos momentos da aprendi-


zagem como: na abertura, na introdução, na apresentação, na exploração
ou no encerramento (GRIGGS, 1985). Nesta aula, você conhecerá aque-

les que pode utilizar para a apresentação do assunto ou tema selecionado.


Escolhemos recursos que você mesmo pode confeccionar, de maneira arte-
sanal, e que não exigem a utilização direta do computador. São eles: o fla-
nelógrafo, o cartaz, o quadro de pregas e o flipchart ou blocão. Nesta aula,
vamos conhecer os três primeiros.

15.1 Flanelógrafo
O flanelógrafo é um recurso extremamente útil para explorar temas e pren-
der a atenção dos alunos. Em qualquer nível e para diversos tipos de con-
teúdo, é um  recurso didático  dos mais úteis e versáteis. Sua grande
vantagem é que dispensa o uso de aparelhos sofisticados para a utilização
e possibilita mobilidade na contação de histórias e na exposição de
assuntos diversos.

Como o próprio nome sugere, o flanelógrafo consiste de um papelão ou ou-


tro material rígido sobre o qual se prende um pedaço de flanela ou de feltro.
Nele, as gravuras são afixadas à medida que o educador conta a história ou
expõe o assunto. Para isso só será necessário colar um pedaço de feltro ou
pó de camurça no verso da figura para que ela se prenda ao flanelógrafo.
Isso desperta o interesse e a atenção do público, pois os personagens podem
ser movimentados enquanto a história/assunto se desenvolve.

As possibilidades para a utilização do flanelógrafo são:

e-Tec Brasil 90 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Utilizar diferentes figuras, palavras e entonação de voz.

• Reproduzir sons conhecidos, como o som dos animais, do vento, do tro-


vão, ou de qualquer símbolo ou imagem.

• Distribuir as figuras, em ordem ou alternadas, variando as posições en-


quanto a narrativa se desenrola.

• Adaptar qualquer tipo de narração, de acordo com a criatividade e dis-


posição. 

Com materiais simples, acessíveis e baratos, você torna suas apresentações


mais dinâmicas e atrativas especialmente para as crianças, mas não menos
para adultos, visto que atualmente já não é um recurso muito explorado, de-
vido ao uso de equipamentos tecnológicos (IDEIA, 2012. FLANELÓGRAFO,
2015).

15.1.1 Como fazer um flanelógrafo?


Para confeccionar um flanelógrafo você vai precisar dos seguintes materiais:

• 02 chapas de papelão grosso do mesmo tamanho (48x64cm aproxima-


damente)

• 01 pedaço de flanela ou feltro com 3cm a mais do que o tamanho do


papelão em todos os lados

• Estilete, tesoura e pincel

• Fita adesiva para empacotamento ou durex larga

• Cola branca e água

15.1.2 Passo a passo para montar um

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 91 e-Tec Brasil


flanelógrafo
Junte as duas chapas de papelão e una-as com fita adesiva

Figura 15.2: Flanelógrafo – passo 1


Fonte: COELHO, C. (2016)

1º Feche as chapas como um livro.

Figura 15.3: Flanelógrafo – passo 2


Fonte: COELHO, C. (2016)

2º Passe fita adesiva na dobra das chapas.

Figura 15.4: Flanelógrafo – passo 3


Fonte: COELHO, C. (2016)

e-Tec Brasil 92 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


3º Abra as chapas e, com o pincel, espalhe a cola diluída em água em um
dos lados do papelão.

Figura 15.5: Flanelógrafo – passo 4


Fonte: COELHO, C. (2016)

4º Estenda e estique a flanela/feltro sobre o papelão que já recebeu a cola.

Figura 15.6: Flanelógrafo – passo 5


Fonte: COELHO, C. (2016)

5º Vire as chapas e passe cola nas quatro pontas do papelão, colando ali
as pontas da flanela/feltro.

Figura 15.7: Flanelógrafo – passo 6


Fonte: COELHO, C. (2016)

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 93 e-Tec Brasil


6º Passe cola no restante das bordas do papelão e cole nelas as dobras da
flanela/feltro.

Figura 15.8: Flanelógrafo – passo 7


Fonte: COELHO, C. (2016)

7º Feche novamente como um livro para que a flanela crie um vinco na


dobra das chapas e, dê o acabamento colando a fita adesiva sobre a
barra da flanela de um lado a outro, com o flanelógrafo ainda nesta
posição.

Figura 15.9: Flanelógrafo – passo 8


Fonte: COELHO, C. (2016)

8º O seu flanelógrafo está pronto para ser usado!

Figura 15.10: Flanelógrafo – pronto


Fonte: COELHO, C. (2016)

e-Tec Brasil 94 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


15.1.3 Como utilizar o flanelógrafo
Todas as figuras que você for utilizar, quer na explanação de um assunto
quer na contação de uma história, devem ser dispostas à sua frente, na
ordem da apresentação. Isso servirá, como um esboço, além de ajudá-lo a
lembrar-se da sequência.

Ao contar a história, ou explanar o assunto, vá fixando as gravuras no qua-


dro, dispondo-as de acordo com a cena que planejou antecipadamente.
Quando precisar mudar de cena, é só retirar as figuras para continuar a
história.

Ao final da apresentação, você pode convidar um ou mais participantes para


recontarem a história e revisarem a explanação, usando o flanelógrafo.

É interessante, com o tempo, organizar um arquivo de figuras e cenários,


pois eles facilitarão a ilustração de outros temas que você venha a trabalhar
com a comunidade (MERKH & FRANÇA, 2002).

Lembre-se! Não fale olhando para o flanelógrafo, e sim para as pessoas!

15.2 Cartaz
O cartaz é o recurso visual (para apresentação ou divulgação) mais popular
que a maioria conhece. É um meio de comunicação misto de palavras e
imagens que, juntas, pretendem comunicar uma mensagem de forma bem
objetiva. Ele é uma solução muito simples para apresentações, pois, com
baixo custo e pouca tecnologia, permite uma boa visualização de imagens
e palavras. Além disso, pode ser afixado em lousas, paredes, ou até mesmo,
caso não haja onde fixá-lo, pode ser segurado por você enquanto fala.

Um cartaz pode ser feito simplesmente de folhas de papel sulfite (A4) ou de


um mais grosso como a cartolina ou o cartão (branco ou colorido).

15.2.1. Como utilizá-lo?


Esse recurso serve para exibir gravuras, desenhos, e os pontos mais impor-
tantes do assunto que você está apresentando ou discutindo com a comu-
nidade. À medida que for desenvolvendo sua apresentação, coloque, com
durex ou fita crepe (de boa qualidade), o cartaz correspondente, na lousa
ou parede.

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 95 e-Tec Brasil


Não tente colocar todo o assunto em um só cartaz, distribua-o em vários,
para que possa usar nele, letras e imagens de tamanho maior. Assim, o as-
sunto vai sendo apresentado em etapas além de proporcionar “uma visuali-
zação ampla de todo o conteúdo da aula num único espaço físico” (MERKH
& FRANÇA, 2002, p. 138).

Algumas regras importantes sobre a confecção de cartazes:

1º Dividir o espaço útil do papel em três partes. A colocação dos elemen-


tos (slogan, imagem e texto) deve ser feita de modo a proporcionar um
equilíbrio com mais movimento (dinâmico), ou com menos movimento
(estático) conforme o objetivo.

2º O tamanho das letras deve diminuir; o título deve ser destacado com
letras maiores, o restante com letras menores.

3º O texto deve ter frases curtas e letras bem legíveis.

5º Os espaços vazios são importantes. São eles que vão fazer sobressair a
ilustração e a mensagem do cartaz.

6º O espaço ocupado pelo texto deve ser menor do que o espaço ocupa-
do pela imagem.

7º  O texto pode ser feito à mão, com letras recortadas de jornais e re-
vistas, com letras autocolantes, com moldes de letras, etc. É importante
escolher letras simples e fáceis de ler.

8º É possível destacar palavras ou frases, recorrendo a diferentes estilos,


tamanhos ou cores. A cor das letras deverá contrastar com a cor do fundo
para que as palavras sejam bem legíveis (BARBARA, 2002, adaptado de
“Que fazer na biblioteca da escola”, DAPP, ME).

Se for utilizar esse recurso, não esqueça de ter à mão um rolo de fita ade-
siva (durex, fita crepe, etc.), porque sem ela as condições de apresentação
ficarão prejudicadas, especialmente se você tiver planejado uma sequência
de cartazes.

e-Tec Brasil 96 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


15.2.3 Aprendendo a confeccionar um cartaz
Para confeccionar um cartão você vai precisar dos seguintes materiais:

• Uma folha de papel sulfite (A4), cartolina ou papel cartão

• Régua

• Lápis

• Lápis de cor, canetinhas e canetões hidrocor ou giz de cera

• Borracha

• Figuras recortadas de jornais, revistas ou impressas do computador.

Com muita criatividade e liberdade, passo a passo, você vai fazer o seu
cartaz!

1. Pegue a folha de papel escolhido. Não há limite em relação ao tamanho


dele. Escolha o formato que quiser. Recortando-a, se for o caso.

Figura 15.11: formatos de cartaz


Fonte: formas/Word (2015)

Figura 15.12: cartolina branca


Fonte: Formas Word (205)

2. Faça três linhas leves. Um pouco abaixo do topo, desenhe uma linha cru-
zando o papel. Ela marcará onde você irá colocar o título. Faça o mesmo
um pouco acima da parte inferior. Ali você colocará informações, tais
como: um número de contato, a data do evento, ou do convite, como
“Participe da luta de combate à dengue!”.

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 97 e-Tec Brasil


Figura 15.13: Cartaz com traços
Fonte: a autora (2015)

Escreva o slogan (o título) na linha superior. Usando o lápis, escreva levemen-


te as palavras no título. Por exemplo, se estiver fazendo um cartaz sobre a
prevenção ao diabetes, você pode colocar algo assim no topo, veja figura
15.14.

Figura 15.14: Cartaz com título/slogan


Fonte: a autora (2015)

Escreva as letras de leve, para poder corrigi-las até que o tamanho fique o ideal.

3. Agora, faça o rodapé da mesma maneira, na parte inferior da cartolina,


escrevendo as informações que considerar importantes, usando a linha
como guia. Você poderá fazer mais de uma linha, se necessitar. Mas,
procure escrever um pouco menor que o título.

Figura 15.15: Cartaz com título e itens


Fonte: a autora (2015)

e-Tec Brasil 98 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


4. Preencha o meio. Seja qual for a ideia principal do seu cartaz, ela deve
ficar no meio. Para o nosso cartaz sobre prevenção de diabetes, vamos
fazer uma imagem que simbolize a ideia. Você pode desenhar ou colar
uma figura de revista ou impressa do computador.

Figura 15.16: Cartaz com imagem


Fonte: a autora (2015)

Com o cartaz totalmente esboçado, contendo todas as informações planeja-


das por você (sem excesso de palavras e imagens) com muito cuidado, passe
o canetão (pincel atômico), lápis de cor ou giz de cera sobre as letras que
você desenhou. Não é recomendável utilizar cores muito claras em um papel
também claro, pois dificulta a leitura.

Se tiver planejado uma colagem, este é o momento de cortar e colar as ima-


gens que você selecionou.

Figura 15.17: Cartaz pronto


Fonte: a autora (2016)

Pronto! Viu como fazer um cartaz é fácil! E pode ter certeza de que ele pro-
duzirá um impacto muito bom na apresentação.

15.3 Cartaz de pregas


Vamos conhecer agora outro recurso didático daqueles tempos em que os
educadores não tinham acesso fácil às tecnologias. Trata-se do cartaz ou
quadro de pregas!

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 99 e-Tec Brasil


Como o próprio nome sugere, ele consiste numa superfície retangular, nas
medidas que consideramos necessária. Ele pode ser feito de cartolina ou pa-
pel pardo, disposto em pregas regulares e fixado com grampeador ou cola
num fundo de papelão ou chapa de madeira aglomerada.

Esse recurso tem como vantagens de utilização o fato de:

–– possuir baixo custo e ser de fácil confecção;


–– atrair a atenção e despertar o interesse dos ouvintes;
–– ser transportado com facilidade;
–– ser confeccionado com materiais facilmente encontrados, reciclados
ou novos;
–– poder ser reutilizado, bastando para isso manuseá-lo, transportá-lo e
guardá-lo com cuidado (SOCORRO, 2013).

15.3.1 Vamos aprender como fazer?


O material necessário para confeccionar um quadro de 120x90cm necessi-
ta das seguintes quantidades:

• Três folhas de cartolina ou papel pardo (rolo de 216cmx120cm).

• Um pedaço de papelão ou de chapa de madeira aglomerada com a mes-


ma medida.

• Grampeador, tesoura e fita adesiva.

• Lápis, borracha e régua.

• E.V.A ou papel colorido para fazer a borda do quadro.

Mãos à obra!

1º Marque com uma régua, de maneira vigorosa, os locais das dobras, de


modo a conseguir pregas paralelas e iguais, de acordo com as medidas
sugeridas:  4cm + 2cm, sucessivamente.

e-Tec Brasil 100 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 15.18: Cartaz de pregas - etapa 1
Fonte: LEINAT, A. P (2016)

2º Faça os vincos e dobre de maneira uniforme  todo o papel, de forma que


fique um quadro parecido com uma saia de pregas,  cujo tamanho final
após as dobras chegará às medidas desejadas para o quadro, ou seja,
120x90cm. Assim:

Figura 15.19: Cartaz de pregas - etapa 2


Fonte: LEINAT, A. P (2016)

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 101 e-Tec Brasil
3º Grampeie as pregas para que não se desfaçam. Depois fixe o papel
pregueado no quadro de papelão ou chapa de madeira aglomerada,
bem esticado, e cole todas as bordas com fita adesiva.

Figura 15.20: Cartaz de pregas - etapa 3


Fonte: LEINAT, A. P (2016)

4º Para dar o acabamento, cole uma moldura de E.V.A ou papel, da cor


que preferir, para esconder a fita adesiva. Na parte de trás, você pode
fixar um ganchinho para pendurar o quadro na parede. Ou, se preferir
pode utilizá-lo sobre uma mesa, encostado na parede, ou ainda sobre
um cavalete. Ele vai ficar mais ou menos assim:

Figura 15.21: Cartaz de pregas - pronto


Fonte: LEINAT, A. P (2016)

Uma ideia interessante é unir o cartaz de pregas e o flanelógrafo. Já que


este último tem dois lados, em um deles você pode confeccionar o cartaz de
pregas! Que tal?!

e-Tec Brasil 102 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


O que podemos concluir com o tema estudado nesta aula é que uma boa
apresentação, ou explanação de um assunto fica ainda melhor quando conta
com recursos didáticos visuais, que exploram textos e imagens. Eles ajudam
o ouvinte a assimilar melhor o que está sendo explicado, visto que, quando
mais sentidos forem acionados durante um momento de ensino, maiores
são as chances de aprendizado. Também ficou claro que existem recursos
de baixo custo e complexidade, que podem ser utilizados em uma apresen-
tação. Assim, o flanelógrafo, o cartaz ou o quadro de pregas são aliados do
ACS na tarefa de prevenir doenças e promover a saúde da população!

Resumo
Nesta aula, você conheceu alguns recursos didáticos que podem auxiliá-lo
no processo de ensino-aprendizagem da comunidade, quando estiver apre-
sentando assuntos relacionados à educação em saúde. Você aprendeu ainda
algumas dicas de como confeccionar esses recursos, de um jeito simples e
prático com materiais que estão ao seu alcance.

Atividade de aprendizagem
• Agora é a sua vez de pôr a mão na massa! Escolha um dos três recursos
que conheceu, e crie uma apresentação, de cinco minutos, para uma pa-
lestra de corredor – aquela que acontece enquanto os pacientes estão
aguardando sua consulta na Unidade de Saúde. O tema será “Obesidade”.

Aula 15 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte II 103 e-Tec Brasil
Aula 16 – Recursos educacionais: contar
histórias – parte III

Nesta aula você vai conhecer alguns critérios fundamentais so-


bre o ato de contar/narrar histórias. Aprenderá também como
utilizar esse recurso educacional em seus projetos junto à comu-
nidade.

Talvez você esteja pensando: “mas, eu não sou professor de Educação Infan-
til. Por que tenho que aprender a contar histórias?” Essa é uma boa pergun-
ta, e encontraremos juntos a resposta no decorrer desta aula!

16.1 Um pouco da história da contação de


história
As histórias sempre estiveram presentes na contextualização da humanida-
de. Desde os mais remotos tempos elas são utilizadas para ensinar e apren-
der. Antes da invenção da escrita, por exemplo, todos os ensinamentos eram
transmitidos oralmente de pai para filho, o que chamamos de “tradição
oral”.

Na maioria das vezes, pais, anciãos e líderes da comunidade se valiam de


contos, mitos, fábulas, lendas, parábolas para ensinar desde valores morais
até práticas que garantiam a sobrevivência. Segundo Arapiraca et. al. (2011),
“Para as sociedades de tradição oral, as histórias eram reservatórios de sabe-
res e meio de transmissão dos mesmos, memória e palavra em movimento”,
e isso incluía também os conhecimentos sobre as doenças e os métodos de
cura para elas.

Figura 16.1: Contar histórias na antiguidade


Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br

105 e-Tec Brasil


Hoje temos muitos recursos para que uma história seja contada e recontada
muitas vezes, através de filmes, desenhos animados, livros, gibis. Mas, anti-
gamente, eles só podiam contar com habilidades físicas (voz, gestos, etc.) e
com os elementos da natureza.

Contar histórias, portanto, é uma arte milenar! E, como toda arte, está su-
jeita a técnicas e artifícios específicos para que seja bem desempenhada
(BRASIL, 2014).

16.2 O poder da contação de histórias


Quem não gosta de ouvir boas histórias? Seja criança, jovem ou adulto,
toda pessoa pode ser cativada a ouvi-las com atenção, pois elas enriquecem
“o mundo interior além de desenvolver o hábito de ouvir, o prazer de ler
buscando sempre outras, as mesmas e novas histórias, acumulando assim
conhecimentos preciosos para a qualidade de vida” (BRASIL, 2014, p. 6).

Regina Machado (2010), professora da USP, em uma entrevista sobre a nar-


ração de histórias, destacou que essa prática nos faz lembrar a necessidade
de nos desligarmos ou olharmos para fora “do nosso pequeno universo e
aprender a ouvir e a olhar nos olhos das pessoas”. Ela também lembrou
muito bem que “no mundo, hoje há muita réplica e excesso de informação,
mas pouca qualidade nas relações humanas, nos contatos e nos encontros,
e a narração de história propicia isso” (MACHADO, 2010, s/p.). E isso se
relaciona tanto à realidade das crianças quanto à dos adultos. 

Figura 16.2: Contação de histórias para todas as idades


Fonte: © Marcos Porto - www.funarte.gov.br

e-Tec Brasil 106 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


16.3 Como contar histórias: três aspectos
principais
Como em qualquer outra arte, podemos imaginar que só quem tem talento
pode contar bem uma história. Mas, isso é um engano, qualquer um de nós
pode desenvolver qualidades e utilizar técnicas que farão com que nos tor-
nemos bons contadores de história.

O primeiro passo é planejar com antecedência, organizando o momento da


narrativa, levando em consideração quatro aspectos fundamentais: a idade
do público alvo, o tema ou assunto, o tipo de narrativa (fábula, parábola,
lenda, etc.) e a duração da história (tempo).

a) Idade do público: esse é o primeiro fator a ser considerado, pois é a par-


tir dele que você poderá escolher o tema a ser abordado, o tipo de nar-
rativa mais adequado (lembrando que crianças pequenas não entendem
bem as comparações) envolvendo elementos que estejam dentro de sua
capacidade de compreensão, assim como o tempo duração da história.

b) Tema: normalmente você levará em consideração o projeto educativo


elaborado a partir da pesquisa em saúde que você realizou previamente.

c) Tipo: podem ser alegres ou dramáticos, populares ou literários, ou até


mesmo contos tradicionais da comunidade onde você trabalha.

d) Tempo: quanto menos idade, menos tempo de atenção. Mesmo para


jovens e adultos, o ideal é que não ultrapasse trinta minutos de duração,
pois a atenção tende a diminuir após esse tempo.

16.3.1 Como começar?

Figura 16.3: Começando a narração


Fonte: www.cprh.pe.gov.br

Aula 16 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte III 107 e-Tec Brasil
Todos sabem que uma boa história deve ter começo, meio e fim! Por isso,
nada melhor do que aprender algumas dicas sobre como dar início à narra-
tiva. Você pode começar, com os seguintes passos:

• Faça um pequeno diálogo, falando brevemente sobre o autor, sobre o


tema, se ele, por acaso tem a ver com algum evento importante.

• Explore o título da história, fazendo algumas perguntas sobre ele, ou


sobre a ilustração da capa do livro, de onde ela foi tirada.

• Utilize algumas estratégias como: cantar uma música, ler uma poesia,
tirar um objeto que se relacione ao tema central da história de dentro de
um baú, entre outras coisas que sua criatividade sugerir.

• Comece com uma daquelas famosas frases introdutórias: “Há muito tem-
po , na terra dos...”, “Há muito tempo , bem antes de qualquer um de
nós ter nascido...”, “Em uma terra muito, muito distante...”, “Certa vez,
minha avó me contou a história de ...” (BRASIL, 2014. TEIXEIRA, 2015).

O objetivo de se fazer uma boa introdução, é atrair a atenção dos ouvintes


e despertar o interesse deles pelo assunto. Portanto, ainda que não deva ser
um momento longo (de 3 a 4 minutos), precisa ser bem planejado para que
o desenvolvimento e a conclusão da história, assim como a aplicação prática
que você fará dela ao final, não fiquem prejudicados.

16.3.2 O que não pode faltar no


desenvolvimento da narração?

O exercício de contar histórias possibilita debater importantes aspectos do


dia a dia, ensinar temas éticos e discutir valores (CARVALHO et al., 2012).

É fundamental que o mediador leia a história antes de contá-la, para se fami-


liarizar com as palavras e com o sentimento transmitido pelo autor. Somente
conhecendo bem a história será possível transmitir motivação e despertar
o interesse de quem a ouve. Contar história não é uma tarefa fácil, exige
planejamento. É preciso que se utilizem algumas estratégias que ajudem a
despertar a atenção e a criatividade do ouvinte. Isto vale tanto para crianças
como para adultos. O que muda é apenas o tempo de atenção de cada um.

e-Tec Brasil 108 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 16.4: Expressão facial
Fonte: © Bibliotecadesaopaulo.org.br

Abramovich (1997) ensina que é preciso criar uma atmosfera de envolvi-


mento por meio do uso de pausas, intervalos, mudanças de entonação, ex-
pressão gestual, que permitam ao ouvinte imaginar, construir o cenário em
sua mente. A autora sugere algumas estratégias que ajudam aqueles que
desejam ser instrumentos de mediação entre o sujeito, independentemente
da idade que tenha, e o universo da leitura. Entre elas estão:

• Evitar descrições muito detalhadas, que não são interessantes para quem
ouve.

• Explorar as modalidades e possibilidades da voz, falando em tom baixo


nos momentos em que a personagem pensa ou fala algo importante,
elevando-a em situações de euforia, conquistas e algazarra.

• Fazer uso de recursos corporais, gestos, posturas, expressões faciais. Es-


pecialmente porque nem sempre se pode contar com lindos cenários,
figurinos e maquiagens.

• O olho no olho, que cria um vínculo entre o contador e seus ouvintes.


Sem exagerar, é claro, para não constranger as pessoas!

O contador de uma história, para narrá-la de forma estimulante e atraente


precisa adentrá-la, mergulhar nela, fazer com que o ouvinte perceba que
ela atraiu primeiramente o narrador. Quando isso acontece é natural que
sejam exploradas as pausas, as onomatopeias (sons de vento, chuva, reló-
gio, etc.), especialmente para as crianças. O interessante é causar suspense,
revelar os conflitos, e que não se tenha pressa para terminar.

Aula 16 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte III 109 e-Tec Brasil
Não fale tão devagar que provoque sono nos ouvintes, nem tão rápido que
eles não desfrutem do prazer de ouvir a história!

16.3.3 Como terminar a história?


Esse é um detalhe muito importante também, que deve ser bem explorado.
Veja algumas formas tradicionais de se encerrar uma história:

a) “E essa, meus amigos, é a história...”

b) “Essa história é real, e se não for deveria ser...”

c) “E foi assim que, há muito tempo, em uma terra muito distante daqui...”

d) “Entrou por uma porta, saiu por outra, quem quiser que conte outra!”

Aproveite esse momento para explicar que não se trata de um encontro


casual e o porquê. Você também pode fazer perguntas aos ouvintes ao final
da narrativa, abrir espaços para perguntas incentivando os ouvintes a par-
ticiparem. Dessa forma poderá explorar o tema e a relação com o assunto
relativo à promoção da saúde ou prevenção de doenças, escolhido por você
e sua equipe.

16.4 Mãos à obra!


O site ‘Odonto Saúde Spa’ (2015) apresenta uma bela história para ensinar
noções de higiene bucal para crianças, chamada “História do Dentinho”.
Ela pode ser apresentada às crianças em forma de contação, tendo como
recurso visual, cartazes no formato do dente, confeccionados em cartolina
branca.

Ao iniciar a história você deverá estar com os cinco cartazes na mão, um


atrás do outro. Conforme a narrativa vai avançando, você vai substituindo o
cartaz que deve ser mostrado, colocando o anterior por último, ou baixan-
do-o em uma mesa. Veja que legal!

e-Tec Brasil 110 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 16.5: História do Dentinho Onomatopeia - vocábulo cuja
Fonte: Adaptado de: http://www.odontosaudespa.com.br pronúncia lembra o som da coisa
ou a voz de um animal (tilintar,
tim-tim, tintinar; cacarejar, coco-
Com isso, podemos concluir que a prática de contar histórias é, ainda hoje, ricar, pipilar). Frase constituída
para causar efeito fonético imita-
um recurso muito interessante para ser utilizado tanto para entretenimento tivo (MICHAELIS, 2015).
de crianças e adultos, como também para ensinar a respeito do cuidado com
a saúde. Vimos que, apesar de ser uma arte, qualquer pessoa bem prepara-
da, valendo-se das técnicas de narração, poderá contar histórias de maneira
cativante e envolvente, alcançando os objetivos propostos.

Aula 16 - Recursos educacionais: material informativo impresso – parte III 111 e-Tec Brasil
Resumo
Nesta aula, você pôde conhecer um pouco mais sobre o ato de contar histó-
rias e como utilizar esta prática em seus projetos educativos na comunidade.
Conheceu as origens da contação de histórias, que são bem antigas, e viu
como ela pode ser um recurso importante para debater questões relativas a
temas do cotidiano, como foi o caso da qualidade de vida e prevenção de
doenças. Refletiu sobre alguns critérios fundamentais para uma boa narra-
ção, e aprendeu algumas dicas para começar, desenvolver e terminar bem a
contação de uma história.

Atividade de aprendizagem

• Imagine que você vá desenvolver uma atividade educativa com crianças


da faixa etária de 4 a 6 anos de idade, utilizando a história do Dentinho.
Planeje como vai começar a história (utilize as dicas da aula!) e como vai
relacioná-la, após o encerramento da narrativa, à realidade das crianças.
Escreva seu planejamento aqui:

Introdução:______________________________________________________

Aplicação:_______________________________________________________

e-Tec Brasil 112 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 17 – Recursos educacionais: teatro
de fantoches – parte IV

Nesta aula você conhecerá um recurso que geralmente encanta


as crianças, o fantoche, que o ajudará na tarefa de ensiná-las (e,
quem sabe os adultos), sobre o cuidado com a sua saúde. Co-
nhecerá os princípios básicos para planejar uma peça de teatro
de fantoches, desde a escrita dos diálogos até a montagem do
palco, além dos tipos de fantoches possíveis de serem confeccio-
nados e o correto manejo deles.

O mundo dos fantoches é, para a criança, um mundo surpreendente e mara-


vilhoso, que pode influenciar positivamente em sua vida de forma educativa
e orientadora, pois a criança se identifica com os personagens, e aprende, a
partir exemplo dado por eles. Ao observar e se identificar, as experiências e
comportamento do fantoche no desenvolver da história, os pequenos assi-
milam princípios que os auxiliarão no viver diário (OLIVEIRA, 1988).

Figura 17.1: A criança e o fantoche


Fonte: www.alfredochaves.es.gov.br

17.1 Planejamento, confecção e uso dos


fantoches
Existem múltiplos tipos de fantoches feitos com materiais diversos como pa-
péis e embalagens, sucatas, madeira, isopor, tecidos, etc. Para seu uso ser
eficaz, deve haver um planejamento cuidadoso da apresentação de fanto-

113 e-Tec Brasil


ches. Para isso, os seguintes pontos devem ser observados:

1. Defina o objetivo específico que se deseja atingir. Por exemplo: que as


crianças conheçam os cuidados básicos com a higiene do corpo e com-
preendam a necessidade de torná-los um hábito em suas vidas.

2. Escolha o(s) tipo(s) de fantoche que serão usados. É importante conside-


rar o espaço onde será realizado o teatro, pois isso determinará o tipo e o
tamanho deles. Fantoches de dedo, por exemplo, não podem ser usados
em um auditório, mas numa sala de pequenas dimensões.

3. Elabore ou escolha o texto ou história que será interpretada pelos fan-


toches. Para isso, considere o objetivo, o tempo de duração da peça e
características das crianças, tais como: idade, nível de instrução, etc. Você
pode também criar apenas um roteiro básico para a peça, e depois usar
a improvisação e a imaginação para desenvolver a história.

4. Confeccione os fantoches e prepare os materiais complementares como


o palco, o cenário, os efeitos especiais (se houver), ainda que improvisa-
dos.

5. Ensaie as falas com os demais participantes da encenação.

17.1.1 Como criar um texto para teatro de


fantoches
Primeiramente, deve-se determinar qual é o tema ou o foco da peça, pois o
enredo surge da necessidade de ser criado, da vontade de utilizar esse recur-
so para atingir um objetivo específico, que, por sua vez surgiu da identifica-
ção de alguma necessidade ou dificuldade observada em um determinado
grupo de crianças.

No caso do ACS, a necessidade, normalmente, deve ser identificada após


uma pesquisa em saúde realizada na comunidade. Em seguida, coloque no
papel as ideias que vierem à mente, conforme sua imaginação. Lembre que
o texto deve ser constituído de diálogos, mas, como toda história, deve ter
começo, meio e fim. A seguir, outras dicas importantes sobre o texto.

• O texto deve focar um só objetivo, para que seja bem assimilado pelos
ouvintes.

e-Tec Brasil 114 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• O ideal é não utilizar textos muito complexos. Um texto simples facilita
para quem vai apresentar, pois não dependerá de muitos ensaios, e para
quem vai ouvir.

• Evite narrações! O que atrai as crianças aos fantoches são os diálogos


que ocorrem entre eles. Narrações podem tornar a peça cansativa e pou-
co atraente.

• Não se prenda excessivamente ao texto! Faça uso da criatividade e de sua


capacidade de improvisar. Só tenha cuidado para não se perder!

• Os requisitos essenciais para uma peça de fantoches para a qual não se


conta com uma grande equipe são: poucos personagens, ações rápidas
e diálogos curtos.

Atenção!

Se for possível, monte uma equipe, mas não deixe de realizar um trabalho
divertido por não tê-la. Trabalhe sozinho, se for necessário. Você é capaz!

17.1.2 O palco
Conforme Oliveira (1988), existem diferentes formas de inventar um palco
para encenar histórias com fantoches. Pode ser:

• Uma tábua forrada com feltro ou TNT, por exemplo, que se coloca numa
porta (Figura 16.2).

• Uma caixa de papelão grosso (de geladeira ou de TV), revestida com te-
cido ou papel colorido (Figura 16.3).

• Uma caixa de camisa com uma abertura, onde os fantoches aparecerão


(Figura 16.4).

• Um papelão com duas dobras, formando um biombo (Figura 16.5).

• Uma armação com madeira compensada de 6 mm ou chapa de madeira


aglomerada, contendo a frente e as laterais (exemplo: biombo), porém
com dobradiças, que permite fechá-lo para transportar. Esse modelo é o
mais caro, porém é o melhor por ser mais resistente. Ele pode ser pin-
tado ou encapado com tecido. Pode ser feito em tamanho menor para
ser colocado sobre uma mesa, ou maior, para que a equipe fique em pé
durante a encenação (Figura 16.6).

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 115 e-Tec Brasil


Figura 17.2: Palco tipo 1
Fonte: Oliveira (1988)

Figura 17.3: Palco tipo 2 (caixa de geladeira)


Fonte: Oliveira (1988)

Figura 17.4: Palco tipo 3 (caixa de camisa)


Fonte: Oliveira (1988)

e-Tec Brasil 116 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 17.5: Palco tipo 4 (biombo de papelão)
Fonte: Oliveira (1988)

Figura 17.6: Palco tipo 5 (compensado)


Fonte: Oliveira (1988)

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 117 e-Tec Brasil


A falta de um palco não deve ser empecilho, caso queira utilizar esse recurso
didático. Com uma boa ideia, qualquer lugar pode receber o espetáculo.
Algumas possibilidades de improviso são:

• Um lençol (ou outro pano qualquer) esticado entre paredes; no vão de


uma escada; entre duas árvores; entre duas escoras ou vassouras; no vão
de uma porta, no fundo de um corredor.

• Uma mesa atravessando o vão de uma porta, ou apenas a mesa deitada


na horizontal.

17.1.3 O cenário
Caso tenha condições de montar um cenário, planeje-o com base no texto
ou na história. No entanto, deve ser simples, objetivo e atraente, ou seja,
deve dar uma boa imagem do lugar onde se passa a cena.

Os desenhos do cenário devem ser bem visíveis, por isso, grandes e colori-
dos. Ele precisa preencher todo o espaço onde os fantoches estarão, tanto
no comprimento quanto na largura. O pano de fundo do cenário pode ser
feito de feltro, tecido liso, TNT, papel, placas de E.V.A, etc. As ilustrações po-
dem ser feitas em feltro, tinta, desenho em papel (que será fixado com cola
ou fita adesiva no pano de fundo), etc.

Evite trocar muito de cenário durante a peça de teatro de fantoches.

Veja algumas ideias que servem de inspiração.

Figura 17.7: Ideias para cenário


Fonte: NEW SOCIAL, 2015

17.1.4 Os efeitos especiais


Você pode utilizar efeitos especiais durante a encenação com os fantoches.
Chamamos de efeitos especiais tudo que faz com que a dramatização fique

e-Tec Brasil 118 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


mais cativante e dinâmica. Podem ser efeitos de iluminação ou de som. A
iluminação acentua pequenos detalhes, tornando a cena mais atraente e
real. Pode ser até mesmo uma lâmpada (comum ou colorida) ou lanterna, e
a sonoplastia dá mais autenticidade aos movimentos dos fantoches!

Algumas sugestões para os efeitos de luz e som:

• Trovoada: palco escuro com foco de luz que se acende e apaga, acom-
panhada do som característico (que pode ser produzido com chapas de
Raio-X)

• Manhã de sol: luz forte, com papel celofane amarelo

• Pôr do sol: luz forte, com papel celofane vermelho

• Sino: uma tampa de lata com um pedaço de pau para tocar

17.1.5 O manejo do fantoche


Depois do texto, o aspecto mais importante é o manejo do fantoche, pois
não adianta ter um belo palco e um bom cenário se os fantoches não forem
bem manipulados. Conheça algumas dicas importantes, dadas por Oliveira
(1988), para que você faça bonito durante a apresentação:

1. A mão deve ficar bem posicionada (Figura16.8 e 16.9)

2. O fantoche deve ser colocado no nível da boca da cena (Fig. 10). Cuidado
para não ir abaixando-o conforme seu braço se cansa de sustentá-lo!

3. O fantoche nunca deve ficar imóvel. Ao movê-lo, você também deve se


movimentar, pois isso dá animação e vida para o fantoche. Se ele dança,
dance também!

4. Procure dar expressões de admiração, tristeza, pressa, canseira, etc., ao


fantoche. Claro, tudo no momento certo!

5. Se na cena o fantoche anda, simule o som de passos com os pés, abane


as mãos ao lado do corpo, erguendo-as e abaixando-as.

6. A forma de entrar e de sair de cena do fantoche também deve ser feita


de maneira correta. Sempre pelas laterais do palco. Nunca o faça sair de
cena abaixando-o.

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 119 e-Tec Brasil


Outra característica importante do fantoche é a voz. Você pode inventar
vários tons de voz (mais agudas, mais graves) e imprimir emoções a eles (ner-
vosa, mansa, assustada, sem fôlego, triste, etc.). Além disso, pode imitar os
mais diversos tipos humanos (bebê, criança, idoso, etc.). Uma boa dica para
aperfeiçoar a entonação é prestar atenção às vozes nos desenhos animados
e nos CDs de histórias infantis.

Figura 17.8: Posição correta das mãos (1)


Fonte: OLIVEIRA (1988)

Figura 17.9: Posição correta das mãos (2)


Fonte: OLIVEIRA (1988)

e-Tec Brasil 120 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 17.10: Posição correta do fantoche no palco
Fonte: OLIVEIRA (1988)

17.2 Tipos e confecção de fantoches


Há muitos tipos de fantoches comprados prontos ou confeccionados, ela-
borados com muitos materiais e moldes diferentes. Assim, com imaginação,
os objetos e apetrechos podem ser transformados em divertidos fantoches.
Veja outros exemplos:

• Fantoche de feltro e tecido

• Fantoche em formato de bichinhos ou frutas

• Fantoche de dedo (de feltro, papel)

• Fantoche com suporte de palito de picolé, seringa ou tubo plástico

• Fantoche de saquinho de papel

• Fantoche de sucata

• Fantoche de garrafa plástica

• Fantoches de caixas e embalagens

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 121 e-Tec Brasil


• Fantoche com cabeça de prato de papelão ou tampa de lata

• Fantoche com cabeça de bola de isopor

• Fantoche de mão

• Fantoche de meia

• Fantoches com formato de letras ou números

• Fantoches com formato de objetos (caderno, escova de dente, relógio,


dente, etc.)

e-Tec Brasil 122 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Figura 17.11: Tipos de fantoche
Fonte: Oliveira (1988)

17.2.1 Aprendendo a confeccionar fantoche com


formato de objeto
Que tal começar com um tipo bem simples, mas que pode dar uma bela
história? Faremos alguns personagens para uma história sobre higiene bucal
(um dente sujo, um dente limpo, um creme dental e uma escova de dente).

Vamos precisar apenas de:

• papel cartão ou cartolina

• lápis para desenhar

• tesoura

• lápis de cor ou canetas hidrocor coloridas

• Palito para espetinho (18 cm) para suporte e manejo

• Fita adesiva

Como fazer?

1. Desenhe o objeto na cartolina. O dentinho, por exemplo, deve ter uma


medida aproximada de 20x20cm., para ficar bem visível.

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 123 e-Tec Brasil


2. Para deixar a figura mais resistente, você pode colocar plástico autoco-
lante (papel contact) transparente sobre ele, quando estiver pronto.

3. Recorte a figura e prenda-a ao palito com fita adesiva, bem reforçada.

Figura 17.12: Figuras para confecção fantoche de palito de espetinho


Fonte: http://cdn5.colorir.com
http://stockfresh.com
http://images.quebarato.com.br
http://cdn5.colorir.com

e-Tec Brasil 124 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Com essa aula, pudemos concluir que existe uma diversidade de recursos di-
dáticos que podem fazer do trabalho do ACS, uma tarefa muito mais diver-
tida e prazerosa. E dentre esses recursos estão os fantoches que são muito
úteis para trabalhar temas diversos com crianças, mas que também podem
ser encantadores para os adultos que as acompanham.

Resumo
Nesta aula, você conheceu o fantoche, recurso didático que as crianças ado-
ram! Também aprendeu os princípios básicos para planejar uma peça de
teatro de fantoches, partindo do estabelecimento do objetivo, a escolha do
tipo de fantoche, a elaboração dos diálogos da história. Viu como é possível
construir ou improvisar um palco, teve algumas dicas de cenário e efeitos
especiais (luz e som). Por fim, conheceu os diversos tipos de fantoches e de
materiais com os quais podem ser confeccionados, aprendeu a fazer um
modelinho bem simples, para começar a praticar.

Atividade de aprendizagem
1. O desafio para você nesta atividade é confeccionar fantoches, a partir
do tipo apresentado no subitem 16.2.1. Mas, caso sinta-se seguro, pode
escolher outro tipo e/ou material (a partir dos modelos citados no item
16.2), para a história que está abaixo. Um para cada personagem. De-
pois, grave em vídeo (pode ser com o celular) a encenação da sua peça.

A Estrelinha Azul

Tema: HIGIENE

Certa ocasião, no céu grande e bonito, o Sol, depois de um dia de muito


trabalho, acordou a branca Lua e recomendou:

- Amiga Lua, estou cansado e preciso dormir um pouco. Tome conta do


céu e não o deixe ficar escuro.

A Lua levantou-se sem demora. Bateu palmas e chamou as estrelinhas.

- Depressa, meninas, dizia ela. Depressa! Lavem-se ligeiro e escovem-se


para brilharem bastante. Lembrem-se de que temos que tornar nosso céu
claro e brilhante!

As estrelinhas apareceram correndo, e todas, muito alegres, começaram

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 125 e-Tec Brasil


a lavar-se e a escovar-se. E, coisa maravilhosa, à medida que se limpavam,
brilhavam cada vez mais. E como ficavam lindas!

Todas não: havia uma que estava feia, ainda muito suja! Era a Estrelinha
Azul.

A Lua logo que a viu, falou zangada:

- Venha cá, Estrelinha Azul. Como é que você está assim tão suja, tão
cheia de pó?

A Estrelinha Azul estremeceu de medo e respondeu atrapalhada:

- É que ontem eu estava brincando de escorregar nas nuvens e fiquei cheia


de poeira...

- Ontem? Disse dona Lua mais zangada ainda.

- Que vergonha!...Então você dormiu assim?...Não faça mais isso!...E lim-


pe-se depressa, que está muito atrasada.

Estrelinha Azul saiu ligeiro de perto de dona Lua e, enquanto andava,


resmungava:

- Não gosto de me lavar! Não gosto de me escovar!... Não quero andar


limpa!

- Não diga tal coisa! Falavam-lhe as amiguinhas.

- Não sabe, então, que quando estamos limpinhas nossa luz é vista da Ter-
ra? A estas horas todos lá devem estar olhando para nós, achando nosso
céu lindo, lindo!

Mas, nem assim a estrelinha quis ficar limpa e fugiu depressa, toda suja,
procurando esconder-se de dona Lua. Escureceu mais ainda e o céu ficou
cheinho de estrelas brilhantes. Entretanto, havia um cantinho escuro onde
nada brilhava. Era o lugar da Estrelinha Azul Lá estava ela, mas tão suja,
que ninguém podia ver a sua luz. E assim estava o céu, quando no meio
da noite, passou o vento gritando:

e-Tec Brasil 126 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


- Vai chover! Vai chover!

- Depressa, depressa! Falou dona Lua às estrelas.

- Escondam-se atrás das nuvens para não se molharem.

E as estrelinhas muito nervosas, corriam de cá para lá até ficarem bem


escondidinhas na nuvem grande.

Dona Lua contou-as. Faltava uma! Quem será?...Estrelinha Azul! Onde


estaria ela? A cuidadosa Lua olhou para um lado e para o outro. Nada!
Não via coisa alguma... Então suspirou muito triste, procurando esconder-
-se também. Lá, no cantinho escuro do céu estava a Estrelinha Azul, com
muito medo da chuva. Ela não queria molhar-se, mas não enxergava o
caminho para voltar para sua casa, a nuvem grande.

- Ah! Se a dona Lua me enxergasse, ela me buscaria! Dizia, chorando.

- Mas, assim como estou, ninguém me vê! Nun-


ca mais eu ficarei suja, nunca mais!
Nisto aconteceu uma coisa maravilhosa! Enquanto ela chorava, lágrimas
foram escorregando pelo seu rostinho, lavando-o. E começou a brilhar e
seu brilho foi se espalhando pelo céu.

Do lugar onde estava, dona Lua viu aquela luz azul fraquinha e, toda con-
tente, gritou bem alto:

- Venha, Estrelinha Azul, aqui está a nu-


vem grande! Corra, a chuva vem chegando!!
Estrelinha Azul, ouvindo a voz de dona Lua, olhou e viu a nuvem grande
iluminada agora pelo seu brilho azulado. Correu depressa e escondeu-se
bem escondidinha. E a chuva chegou, molhando tudo, no céu e na Terra.
Enquanto chovia, a estrelinha foi depressa tomar banho e escovar-se para
que brilhasse como as outras estrelas.

Choveu, choveu muito. Quando parou de chover, a estrelinha saiu corren-


do de trás da nuvem grande. E lá na Terra, as pessoas olhavam para cima,
e diziam:

- Vejam a chuva parou e há uma estrela no céu. E como brilha!

Aula 17 – Recursos educacionais: teatro de fantoches – parte IV 127 e-Tec Brasil


Logo as outras estrelas foram saindo de trás das nuvens e se espalharam
no céu, brilhando cada uma em seu lugar. Porém, entre todas, a Estrelinha
Azul chamava a atenção, pelo seu brilho diferente, de linda cor azulada. E,
desse dia em diante, logo que levantava, a estrelinha dizia:

- Limpinha eu sou. E com razão. Pois gosto da água e do sabão!

Fonte: <http://educandocomcarinhoo.blogspot.com.br/2009/09/historia-infantil-tema-higiene.html>

e-Tec Brasil 128 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 18 – Recursos educacionais:
música – parte V

Nesta aula, você descobrirá como a música pode ser utilizada em


seu trabalho educativo, como um condutor de informações e li-
ções valiosas sobre saúde e doença, devido ao alto poder de con-
tagiar e fazer com que as pessoas se apropriem do conteúdo de
suas letras, de maneira prazerosa.

A música faz parte do nosso dia a dia. As músicas traduzem sentimentos,


conhecimentos sobre o mundo, falam de situações fictícias e de outras bem
reais sobre indivíduos e sociedade.

É muito comum que as pessoas se identifiquem com a letra das músicas, e


alguns ritmos são contagiantes. A linguagem musical é universal e de sim-
ples apropriação. Por isso, ela pode ser mais que um entretenimento, muito
útil ao trabalho de qualquer educador, que, por meio dela anseia realizar um
ensino mais eficiente e prazeroso (FERREIRA, 2008).

Figura 18.1: Aprendizagem com música


Fonte: © portaldoprofessor.mec.gov.br

18.1 Música: instrumento de interação e


aprendizado
O conhecimento intelectual de um aluno é resultado da interação dele com
o meio e não somente por si mesmo. Dessa forma, o meio pode se materiali-
zar de muitas maneiras, e são justamente essas variações que podem diversi-
ficar as metodologias didáticas aplicadas no processo ensino-aprendizagem,

129 e-Tec Brasil


independentemente da disciplina que se deseja trabalhar. Nesse caso o me-
diador do procedimento é o educador, é ele quem direciona ou conduz o
aluno nesse sentido.

No caso da música, ela possibilita o desenvolvimento intelectual e a intera-


ção do indivíduo no ambiente social, se for usada de uma forma planejada.
A música é um dos principais meios de persuasão existente na sociedade,
pois por meio dela é possível transmitir não somente palavras, mas também
sentimentos, ideias e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáti-
cas se bem direcionadas. Ela “é um recurso didático simples, dinâmico, con-
textualizado, que se aproxima da realidade do jovem, ajudando no diálogo
entre professor e aluno” (BARROS et al., 2013).

O educador pode se valer da música para atingir não apenas o entendimen-


to, mas o sentimento e a vontade dos alunos ou ouvintes.

A utilização da música como recurso didático oferece múltiplas vantagens,


pois além de ser uma opção de baixo custo, é uma atividade divertida que
extrapola a educação formal, revelando-se mais como uma prática cultural.
Ela, entre outras coisas pode ajudar o educador a:

• facilitar o ensino de algum assunto;

• fixar o assunto ensinado;

• criar um ambiente mais descontraído, arrojado e prazeroso;

• estimular, relacionar ou desenvolver a capacidade de criação, interação e


interpretação do aluno;

• atrair a atenção dos alunos para o assunto da palestra.

Apesar de não ser, originalmente, um recurso visual, e sim sonoro, a música


não é uma forma de linguagem, de comunicação, de expressão, capaz de
aproximar mais o aprendiz do assunto sobre o qual se quer ensinar-lhe.

Valendo-se da facilidade com que a música é apropriada pelas pessoas, o


educador pode usar esse recurso, associando-o ao tema que deseja traba-
lhar, de forma agradável e descontraída, pois ela cabe para qualquer grupo
ou faixa etária.

e-Tec Brasil 130 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Por ser algo inerente a todos os povos e culturas, a música desperta o inte-
resse dos aprendizes, que acabam, inconscientemente, envolvidos no pro-
cesso de ensino-aprendizagem, visto que, a letra da música pode ser adap-
tada ou se encaixar em diferentes temáticas, como um ponto de partida para
a construção do conhecimento (BARROS et al., 2013).

18.1.1 Algumas sugestões de uso da música no


ensino
Existem muitas maneiras de você incorporar as músicas as suas atividades e
momentos de educação em saúde. Como introdução ao momento de en-
sino, você pode, por exemplo, tocar ou colocar em CD uma música relacio-
nada ao tema ou ao ponto principal da aula. Para encerrar, pode trazer uma
música que resuma o conteúdo trabalhado. Já para atividades de ensino, no
desenvolvimento do projeto educativo, você pode utilizá-la:

• como uma ferramenta de memorização;

• para apresentar conceitos ainda desconhecidos, por meio de uma música


com rima;

• escrita em um cartaz, com imagens, ou cantada por fantoches, para re-


forçar conceitos;

• para ensinar ou exemplificar algum assunto ou ideia;

• para sugerir a criação de músicas relacionadas ao tema;

• para apresentar músicas relacionadas ao assunto discutido;

• para criar brincadeiras que utilizem músicas relacionadas ao tema;

• incentivar os participantes a escreverem músicas sobre determinado


tema;

• substituir a letra de uma música bem conhecida por uma mais apropriada
ao tema da aula.

Aula 18 – Recursos educacionais: música – parte V 131 e-Tec Brasil


18.2 Explorando as paródias
Você sabe o que é uma paródia? Talvez o nome lhe pareça estranho, mas,
com certeza, em algum momento, seja na TV ou no rádio você já deve ter
escutado alguma.

A paródia é um gênero literário cujo principal elemento é, comumente, a co-


média. Paródias não são feitas somente a partir de músicas, mas também de
um poema, filme, de obras de arte ou qualquer espécie de linguagem que
possa ser alterada. No caso da música, por exemplo, mantém-se o ritmo, e,
às vezes, a rima, mas muda-se o sentido, a letra.

Normalmente, escolhem-se, filmes, músicas, imagens ou poemas, que sejam


bem conhecidos do público que se pretende alcançar. Podemos defini-la de
maneira bem simples dizendo que, no caso da música, a paródia é o uso da
melodia de uma determinada música, com uma letra diferente!

Gênero literário As paródias têm sido utilizadas para inúmeros fins: para protestar, para divul-
refere-se aos tipos ou grupos
em que são classificadas as gar produtos e serviços (propaganda), para divertir e também para ensinar.
produções literárias. Por ter-se tornado um instrumento empregado em muitos ambientes e pro-
fissões, visando aos mais variados fins, é importante destacar que há uma
lei que regulamenta seu uso. A Lei 9.610/98, Art. 47, que diz: “São livres as
paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra ori-
ginária nem lhe implicarem descrédito”. Por isso, ainda que utilizadas com
muita frequência, é preciso cuidar para que isso não seja feito de forma
imprópria ou inadequada (DE BETTIO, 2015).

Veja algumas paródias criadas e utilizadas em projetos de promoção à saúde


e prevenção de doenças:

Não Precisa (Paula Fernandes)


Você diz que não precisa
Higienizar tanto
Verduras e frutas
Folhas e legumes

Lá no varejão
Todo mundo põe a mão
Suja de dinheiro e saliva do espirrão

REFRÃO:
Mas não é bem assim
Vou falar de coração
Não diga não precisa-a-a-a

e-Tec Brasil 132 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Tem que higienizar
Para não prejudicar
saúde e bem estar-a-a-a
Lave as folhas de alface
Uma a uma em água em corrente
Pois micróbios são invisíveis
Mas sempre estão presentes
Depois deixe em solução
Com água sanitária
E pra finalizar, enxaguar, secar e devorar

REFRÃO:
Preste muita atenção
Nessa higienização
Pra que micro-organismos não entrem em ação

Se não você terá


que no banheiro ficar
a madrugada inteira-a-a-a
(bis).

Emoções (Roberto Carlos)


Quando eu estou aqui
Comendo este pastel quentinho
É duro perceber
Que na panela o óleo está
Pretinho...
São tantos já comidos
Palmito, queijo
E até Siri...
Carne, milho, pizza,
E outros que eu já esqueci...
Se em óleo novo fritei
Comi pastel, fiquei sorrindo...
Mas se óleo velho usei
O vômito foi se repetindo...
O tio disse pra mim
Que acabou de fritar
Eu nessa caí
E a quem vou reclamar...
Se chorei ou se sofri,
É por que
Pastel estragado eu comi...
São problemas com comida
São momentos
Em que me esqueci
Da maneira adequada
De guardar a comida aí...
E eu estou aqui

Aula 18 – Recursos educacionais: música – parte V 133 e-Tec Brasil


Comendo este pastel gostoso
O único problema
É que o óleo tá rançoso
Gordura oxida,
E formam radicais
Propagação vem atrás
Do óleo usado demais
Se chorei e se sofri
É por que
Pastel estragado eu comi...
Se chorei e se sofri
É por que
No pastel me perdiiii...

Fonte: Alimento Seguro (http://www.usp.br/alimentoseguro/musicas.htm)

Ao final desta aula concluímos que a música por ser uma linguagem univer-
Para saber mais sobre o Projeto sal, que faz parte do dia a dia de todas as pessoas em todas as partes do
Alimento Seguro, da USP, e fazer
download das paródias, visite mundo, é um excelente recurso para ensinar e aprender. Percebemos, por-
o site <http://www.usp.br/
alimentoseguro/musicas.htm> tanto, que ela não serve apenas para o entretenimento, mas também para
Acesso em: out. de 2015. o aprendizado, pois, sendo uma atividade divertida e informal, traz consigo
muitas vantagens para o uso didático-pedagógico.

Resumo
Nesta aula, vimos que a música permite a interação e o desenvolvimento
das pessoas em seu meio social, e do indivíduo no ambiente social. Por isso,
a música é utilizada para fins diversos, devido ao seu alto poder de persua-
são, visto que, por meio dela pode-se transmitir não apenas palavras, mas
também emoções e conhecimentos nas mais diversas áreas da vida humana.
Sendo assim, se utilizada na educação, pode trazer grandes ganhos e van-
tagens didáticos, pois é um recurso simples e ao mesmo tempo dinâmico.

Atividade de aprendizagem
1. A partir dos exemplos de paródias citados nesta aula, escolha uma mú-
sica bem conhecida pelas pessoas de sua comunidade (uma das que co-
mumente tocam nas rádios) e escreva uma paródia dela, contendo orien-
tações sobre os cuidados para prevenir doenças respiratórias.

e-Tec Brasil 134 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 19 – Recursos educacionais:
teatro – parte VI

Nesta aula, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhe-


cimentos sobre o teatro, e entender como ele pode ser um recur-
so muito interessante e versátil no desenvolvimento de projetos
educativos, por meio de um tipo específico chamado de teatro
'educativo' ou 'pedagógico'.

Figura 19.1: Teatro educativo


Fonte: www.palavras.mg.gov.br

Você um dia imaginou que, como agente comunitário de saúde pudesse vir
a utilizar-se de um recurso tal como o teatro para promover ações relaciona-
das à promoção da saúde? Como você observou, existe uma infinidade de
recursos e estratégias que, como profissional da saúde, pode valer-se para
seus objetivos de educar a população com a qual trabalha.

19.1 Vamos conhecer um pouco sobre o


teatro?
Dentre as diversas acepções ou significados da palavra “teatro” o Dicionário
Michaelis a define como “a arte de compor obras dramáticas ou de repre-
sentá-las”. Cobra (2015, s/p) explica que “o teatro é uma forma de manifes-
tação artística em que uma história e seu contexto se fazem reais e verídicos
pela montagem de um cenário e a representação de atores em um palco,
para um público de espectadores” (COBRA, 2015, s/p.). Mas, o termo pode
significar tanto a arte como o local físico em que a mesma arte é praticada.

135 e-Tec Brasil


Não se sabe exatamente quando a arte teatral surgiu. Sabe-se, porém que
as sociedades primitivas utilizavam-se de danças imitativas para apaziguar e
controlar as forças da natureza que eles acreditavam serem poderes sobre-
naturais. Nesse sentido, o objetivo das representações voltava-se mais para a
sobrevivência desses povos. Com o passar do tempo, o teatro passou a ter a
função de representar lendas relacionadas a deuses e heróis, especialmente
para homenagear os deuses, em ocasiões de festas religiosas.

Curiosidade

O teatro grego que hoje conhecemos surgiu, segundo historiadores, de


um acontecimento inusitado. Quando um homem, participante de um
ritual sagrado ao deus Dionísio, resolveu vestir uma máscara humana, or-
nada com cachos de uvas, subir em um tablado em praça pública e dizer:
“Eu sou Dionísio!”. Todos ficam espantados com a coragem desse ser
humano de se colocar no lugar de um deus, ou melhor, fingir ser um
deus, coisa que até então não havia acontecido, pois um deus era para ser
louvado, era um ser intocável. Esse homem chamava-se Téspis, e foi consi-
derado o primeiro ator da história do teatro ocidental (LOPES, 2015, s/p.).

No Brasil, após a colonização, o teatro foi utilizado pelos jesuítas, com o


objetivo de catequizar os nativos. Com o passar do tempo veio a tornar-se
uma forma de entretenimento popular (LOPES, 2015, INFOESCOLA, 2015).

19.1.1 O que o teatro tem a ver com a saúde?


É de conhecimento geral que a área da educação em saúde tem como ca-
racterísticas a multiplicidade e a variedade de perspectivas, conforme as di-
ferentes teorias. Por isso, exige uma constante reinvenção na forma de se
organizar e de atuar junto à população. Em meio a essa reinvenção na ma-
neira de atuar, visando sempre uma maior eficácia no alcance dos objetivos
voltados à saúde, a arte surge como uma estratégia para alcançá-los.

Goldschmidt (2010, p. 93), apud Stotz, David e Wong Un (2005, p.14), diz
que:

A expressão artística confere um tom próprio aos encontros presenciais


de movimentos e práticas de educação popular e saúde, diferenciando-
-os dos encontros puramente acadêmicos. Além da dimensão comuni-
cativa, a arte desempenha, por meio da “mística” das aberturas e da
dinâmica de interação pessoal, um importante papel na definição das
identidades dos movimentos e práticas de EP&S.

e-Tec Brasil 136 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Como já vimos anteriormente, entre as atribuições dos ACS, sobressaem-se,
com destaque particular, as ações educativas e de mobilização social, nas
quais o emprego do teatro como instrumento mediador, pode aumentar em
muito a força educativa dessas atribuições (GOLDSCHMIDT, 2010).

O teatro é uma das estratégias que vêm sendo utilizadas pelos profissionais
da saúde, mostrando-se muito eficiente para atrair o público e envolvê-lo na
aprendizagem. Essa arte tem uma forte relação com a área da saúde devido
ao fato de ambas estarem baseadas no corpo.

“Enquanto a saúde tem no corpo o seu campo de trabalho, o teatro faz


dele seu instrumento. Conhecer, perceber e controlar o corpo é funda-
mental para o ator. O trabalhador de saúde que desenvolve essa cons-
ciência corporal estará conhecendo melhor o seu campo de trabalho”
(GOLDSCHMIDT, 2010, p. 109).

19.2 Teatro educativo ou pedagógico


Como vimos anteriormente, no decorrer dos tempos o teatro teve diferentes
enfoques e objetivos nos diferentes contextos históricos e sociais da humani-
dade. Hoje em dia, com certeza, ele continua sendo utilizado para distintos
fins. E, dentre esses fins está a educação. Ao teatro que visa à comunicação
do conhecimento chamamos de “Teatro na Educação”, ou “Teatro Educati-
vo”, ou ainda “Teatro Pedagógico”.

Em que consiste esta prática artística? Consiste em levar para a comunidade,


para a população em geral, seja na escola ou em uma unidade de saúde, as
técnicas do teatro e usá-las na difusão da informação e do conhecimento.

Existem inúmeras possibilidades de desenvolvimento do teatro como recur-


so didático-pedagógico, seja envolvendo o público-alvo como participante
da peça ou como espectador dela. O fato é que essa arte é uma podero-
sa ferramenta para a assimilação das mais diversas temáticas, bem como
para impactar emocionalmente e para levar as pessoas a uma reflexão, sobre
questões morais e éticos, e, no caso do ACS, sobre questões relacionadas
aos cuidados com a saúde individual e coletiva da população. Portanto, ao
teatro educativo cabe trazer para a discussão dificuldades sociais atuais.

Aula 19 – Recursos educacionais: teatro – parte VI 137 e-Tec Brasil


Tendo em vista a força e o encanto dessa arte chamada teatro, vale à pena
colocá-la a serviço do processo educativo, pois, conforme afirma o represen-
tante da Cooper Teatro Oscar Felipe (2015), “na medida em que o teatro
engloba todas as demais artes cria condições para ampliação do campo psi-
cológico e se constitui em elemento importantíssimo na formação intelectu-
al, ética, moral, artística e social do jovem do século XXI”. E, concordando
com ele, podemos acrescentar aos jovens, também as crianças, adolescentes
e os adultos.

Resumo
Nesta aula, você conheceu um pouco sobre a história do teatro, assim como
suas características e potencialidades para ser utilizado como recurso edu-
cacional no desenvolvimento de projetos educativos, por meio de um tipo
específico chamado de teatro educativo ou pedagógico.

Atividade de aprendizagem
1. Pesquise na internet três peças teatrais que ONGs e órgãos de saúde têm
utilizado em projetos educativos em saúde. Cite o nome da peça, a enti-
dade que a utiliza e o objetivo educativo dessa peça.

Nome da peça: ____________________________________________________

Entidade: _________________________________________________________

Objetivo da peça: __________________________________________________

Nome da peça: ____________________________________________________

Entidade: _________________________________________________________

Objetivo da peça: __________________________________________________

Nome da peça: ____________________________________________________

Entidade: _________________________________________________________

Objetivo da peça: __________________________________________________

e-Tec Brasil 138 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 20 – Recursos educacionais: rodas
de conversa e de leitura – parte VII

Nesta aula vamos discutir algumas possibilidades de como fa-


zer dos ambientes de interação entre os agentes comunitários
de saúde e a comunidade espaços que propiciem aproximação
tanto dos saberes populares quanto dos conhecimentos cientí-
ficos, onde as intervenções e transformações sejam pactuadas a
partir da participação social, por meio de rodas de conversas e
de leitura.

Oportunizar espaços de interação entre os profissionais da saúde e a comu-


nidade, por meio de rodas de conversa e leitura, é um recurso extremamente
eficaz, pois elas dão voz à comunidade, a fim de que compartilhe sobre suas
reais necessidades de saúde, promovendo assim possibilidades para mudan-
ças significativas na qualidade de vida, por ser um instrumento dialógico de
transformação, permitindo produzir novos acordos coletivos, expandindo ho-
rizontes para participação social, para a cidadania e, democratizando saberes.

20.1 Aprendizagem em grupo


Você já parou para pensar como a convivência em grupo é importante para
todo ser humano? Ele nasce, cresce e morre em grupo. Vygotsky já dizia que
a aprendizagem se dá na mediação cultural, pois é em sociedade que nós
aprendemos, nos desenvolvemos, nos transformamos, nos protegemos, nos
identificamos e nos diferenciamos.

As várias possibilidades de aprendizagem em grupo beneficiam transforma-


ções efetivas e eficazes. As ações realizadas em grupos permitem que os
participantes se defrontem com maneiras distintas de vivenciar uma mesma
situação, proporcionando a cada membro a ampliação de seus próprios co-
nhecimentos e experiências (ASSIS, 2002).

A criação de rodas de conversa, ora na Unidade de Saúde, ora na comuni-


dade, é uma das principais oportunidades para estimular a negociação, a
corresponsabilização e as relações entre o agente comunitário de saúde e a
comunidade. Ainda que essa prática seja uma das ações mais comumente
utilizadas, é uma das mais relevantes para a educação em saúde (MACHADO
& WANDERLEY, 2015).

139 e-Tec Brasil


20.2 Roda de conversa

Figura 20.1: Roda de conversa


Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br

A 'roda de conversa' é um recurso educacional que tem grande afinidade


com a concepção de aprendizagem, que compreende o aluno ou aprendiz
como um sujeito ativo do processo e o educador como um mediador en-
tre ele o conteúdo a ser aprendido. Isso se dá, especialmente, porque ela,
de acordo com Machado e Wanderley (2015, p. 10), “transmite a ideia da
condução, de continuidade e de reciprocidade, em que a relação entre os
sujeitos se dá de forma horizontal, viabilizando a participação democrática,
permitindo a permeabilidade dos diferentes saberes que a integram”.

Elas têm o potencial de influenciar na construção de novos conhecimentos


e práticas em saúde, e de envolver os participantes de tal forma que eles se
tornem protagonistas da transformação de sua própria realidade, bem como
da comunidade onde vivem.

20.2.1 Como organizar uma roda de conversa


Como o próprio nome sugere, em uma roda de conversa, os participantes são
convidados a se sentarem em círculo ou semicírculo, conforme o espaço permitir.

Outras dicas importantes são:

• Para dar início, você pode utilizar uma dinâmica para “quebrar o gelo”,
facilitando assim a integração dos participantes. Ela pode envolver a te-
mática da discussão ou ter apenas o objetivo de descontrair o grupo.

• Em seguida, pode-se pactuar o objetivo da discussão, que deve ser de


comum acordo.

• É necessário também estabelecer tempo, limite e mediação. Para isso, o


grupo deve eleger um mediador para o encontro.

e-Tec Brasil 140 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


As rodas de conversa não podem ocorrer com um grupo muito grande, pois
isso influencia na condução e resultado, pois quanto maior o grupo, menos
participação ocorre, visto que alguns monopolizam a discussão. O ideal é or-
ganizá-las, conforme Machado e Wanderley (2015, p. 10), “por microáreas,
por necessidades de saúde, por condições de vulnerabilidade em um número
menor de pessoas e em um maior número de grupos, daí o planejamento da
equipe ser fundamental para o alcance de objetivos”. Para que se obtenha
êxito no uso desse recurso, os ACS precisam ter em mente o seguinte:
a) as rodas de conversa são estratégias que exigem compromisso com a pro-
moção da saúde da população, ou seja, não é apenas mais uma tarefa;
b) devem se preparar para desenvolver os encontros coletivos;
c) as rodas de conversa devem fazer parte de um projeto educativo que
surgiu de uma necessidade verificada na população;
d) o uso desse recurso educacional não se limita apenas aos grupos de hi-
pertensão, de diabetes, etc.;
e) devem ser considerados os fatores relacionados à acessibilidade e às ca-
racterísticas do grupo (local, condições gerais dos participantes, faixa etá-
ria, crenças e valores);
f) faz-se necessário programar o momento e delegar responsabilidades
para a organização;
g) após cada encontro, é preciso avaliar a aprendizagem, não só por meio
do discurso, mas da mudança e da transformação da realidade, através
de indicadores de saúde e adesão, para verificar se houve melhoria da
qualidade de vida da população (MACHADO & WANDERLEY, 2015).

20.3 Rodas de leitura

Figura 20.2: Roda de leitura


Fonte: caravanapropaz.pa.gov.br

Aula 20 – Recursos Educacionais: rodas de conversa e de leitura - parte VII 141 e-Tec Brasil
Roda de leitura é uma prática pedagógica que, fundamentalmente, está re-
lacionada ao estímulo à leitura por meio da interação grupal. Apesar de ser
normalmente realizado em círculo, de onde se origina o nome (roda), esse
recurso educacional permite outras disposições dos participantes, sentados
em semicírculo ou deitados no chão, leva-se em conta para isso a faixa etária
e o espaço disponível.

Embora vise à prática de leitura, essa atividade pedagógica, por tratar-se


de uma forma de leitura compartilhada, pode-se aproveitá-la para tratar de
temas específicos de saúde e bem-estar social! Visto que, nessa prática, uma
determinada pessoa pode ler enquanto as outras ouvem, pode-se colocar à
disposição dos participantes uma estante com livros, ou livretos que tratem
de um problema de saúde específico, ou de hábitos de vida saudáveis, e
marcar um dia para uma roda de leitura/conversa. Os participantes poderão
interagir com o livro de maneira prazerosa, reconhecendo-o como fonte de
múltiplas informações também na área de saúde, além de uma fonte de
entretenimento. Pode-se propor uma leitura dramatizada ou ainda outras
estratégias para vivenciar o texto (CORREA, 2015).

Para adaptar a roda de leitura, incluindo-a em seu projeto educativo, você


pode organizar a discussão da literatura escolhida por meio de algumas per-
guntas que servirão como um roteiro de discussão. Dessa forma, você criará
um movimento de troca de ideias e considerações entre os integrantes do
grupo. Assim eles desenvolverão uma autonomia cada vez maior para com-
partilhar essas impressões sobre as leituras realizadas e, com isso, assumir
um protagonismo cada vez maior na troca de experiências e saberes (NOVA
ESCOLA, 2015). A seguir, algumas sugestões de perguntas:
Conheça o programa
'Espalhando a Leitura'
acessando o site: <http://www. • O que chamou especialmente a atenção nesse livro?
stiesporte.com.br/notic_con.
asp?arquivo=1008022701.
htm>. • Como você pode aplicar as instruções desse livro/livreto em sua vida?

• Alguma coisa sobre a doença tratada no livro/livreto não ficou bem ex-
plicada?

Dialógico
relativo a diálogo, ou em que há Após conhecer as potencialidades da roda de conversa e a de leitura (como
diálogo; dialogal
recursos educacionais para projetos educativos em saúde), concluímos que
eles têm um diferencial que os coloca, ainda que sendo um dos recursos
mais comuns, entre os que produzem melhores resultados, visto que pro-

e-Tec Brasil 142 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


movem uma aprendizagem significativa, envolvem os participantes como
protagonistas dos processos de transformação da comunidade, através do
diálogo e do intercâmbio de saberes populares e científicos.

Resumo
Nesta aula, conhecemos dois importantes recursos educacionais para o de-
senvolvimento de um projeto educativo na comunidade, a roda de conversa
e a de leitura. A primeira, apesar de seu uso comum, tem grande potencial,
e questões importantes a serem consideradas para que alcance o êxito espe-
rado. A segunda, apesar de não ser pensada inicialmente para a educação
em saúde, pode ser utilizada, unindo na prática da leitura o entretenimento
e o acesso à informação.

Atividade de aprendizagem
1. Pesquise uma dinâmica para utilizar como “quebra gelo” e momento de
integração entre os participantes de uma roda de conversa, que ocorrerá
na Unidade de Saúde, em um dia de semana, à noite, com o tema 'Saúde
do Trabalhador'.

Anotações

Aula 20 – Recursos Educacionais: rodas de conversa e de leitura - parte VII 143 e-Tec Brasil
Aula 21 – Recursos educacionais:
TV e vídeo – parte VIII

Nesta aula, você verá a importância da TV e dos vídeos como


recursos educacionais no desenvolvimento de seus projetos edu-
cativos, levando em consideração as vantagens e algumas das
possíveis formas de utilização.

A sociedade atual tem seus recursos tecnológicos baseados em equipamen-


tos que unem imagens e sons. A linguagem audiovisual permitiu a difusão
de uma espantosa gama de informações sobre os mais variados assuntos e
que atendem às mais variadas funções.

Os meios audiovisuais deixaram de ser apenas ferramentas de entretenimen-


to, passando a recursos didáticos educacionais, que possibilitam mais do
que olhar imagens, permitem interpretá-las, visando à concepção de novas
mensagens e a construção de novos conhecimentos (HAMZE, 2015).

21.1 TV e o vídeo como recursos


educacionais
Os meios de comunicação, principalmente a televisão, criaram uma diversi-
dade de formas de comunicação, por meio da interposição de linguagens e
mensagens, que promovem cada vez mais, a interação com os espectadores.
Ao tocar os sentimentos, valendo-se da visão e da audição, a TV envolveu o
público, e atraiu admiradores de todas as idades.

A televisão e o vídeo trabalham com situações concretas, visíveis, que che-


gam através de recortes visuais e sons envolventes. Dentre suas vantagens,
está a possibilidade de movimento de objetos, de animais, de pessoas, as-
sociada a outras, como por exemplo, os efeitos de câmera lenta, rápida etc.
Isso potencializa a sua utilização como recurso educativo e faz deles, ele-
mentos imprescindíveis na apresentação e visualização de certos assuntos.
Ao utilizar um vídeo, o educador facilita ao aprendiz superar a dificuldade da
abstração, permitindo que ele relacione audiovisual com seu cotidiano real
(CINELLI, 2003).

145 e-Tec Brasil


Você não precisa necessariamente utilizar um filme ou vídeo completo. Pode
valer-se apenas de trechos deles, daqueles que se relacionam com o tema
que você está trabalhando. Se houver um profissional habilitado, você pode
solicitar a edição do vídeo, para que fique apenas com as partes que te in-
teressam.

Segundo o site e-Proinfo (2015), os vídeos podem ser classificados quanto


ao conteúdo, tempo de filmagem e sistema de captação e armazenamento
das imagens. A seguir, veremos cada um deles:

Conteúdo:

• Cinematográfico (contação de história semelhante aos gêneros da litera-


tura - drama, romance, terror, etc.).

• Documentário (divulgação de temas científicos, biografias, fatos históri-


cos).

• Animação (vídeos produzidos com desenhos, imagens, massa, compu-


tadores).

• Videoclipe (divulgação de uma música e/ou artista).

• Didático (vídeos elaborados com fins educativos).

• Programação diversificada (divulgação de programas, de novelas, produ-


tos, etc.).

Tempo de filmagem:

• Curta metragem (tempo abaixo de 15min)

• Média metragem (tempo entre 15 e 70min)

• Longa metragem (tempo acima de 70min)

Sistema de captação e armazenamento das imagens:

• Analógico: registro e armazenamento em fitas magnéticas com a captura


de várias fotografias por minuto.

e-Tec Brasil 146 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Digital: armazenamento através de codificação binária, onde as imagens
são gravadas de modo eletromagnético - modo analógico - e armazena-
das em bits (0 ou 1). Esse processo facilita a edição de imagens por ser
uma linguagem usada pelos computadores.

Tendo em vista o poder de atração e alcance dessas mídias, você poderá


aproveitá-las também na educação em saúde, incluindo-as como recursos
em nosso projeto educativo!

Para conhecer um pouco sobre


o mundo mágico do cinema,
21.1.1 Formas de utilizar a TV e o vídeo assista ao interessante vídeo “As
em projetos educativos origens do cinema”, de José
Nelson. Disponível em: <https://
Cinelli (2003, citando MORAN, 1995) destaca que a TV e o vídeo podem ser www.youtube.com/watch?v=f7
JQvgYLkg8&gl=BR&hl=pt&feat
utilizados para: ure=related>.

• Sensibilização: informar; introduzir um tema ou novo tópico; aguçar o


interesse; originar novos temas; consolidar o aprendizado do conteúdo.

• Ilustração: aproximar realidades distantes, como cenário, paisagem,


tempo histórico, costumes, etc.

• Simulação: visualizar experiências que seriam perigosas em laboratório


ou situações que exigiriam muito tempo e recursos.

• Apresentação de conteúdo: mostrar o assunto de forma direta, orien-


tando a interpretação, ou indireta, possibilitando enfoques diversos.

• Produção de documentos: registro de eventos, de aulas, de estudos do


meio, de experiências, de entrevistas e depoimentos.

• Intervenção: criar ou modificar um determinado vídeo, colocando no-


vas cenas com novos significados.

• Expressão: autores de novos vídeos (especialmente crianças e jovens),


com temáticas próprias, como uma nova forma de comunicação.

• Avaliação: dos próprios aprendizes, do educador ou do processo de


ensino-aprendizagem.

Aula 21 – Recursos educacionais: TV e vídeo – parte VIII 147 e-Tec Brasil


• Espelho: registrar as atividades de um projeto, para que o educador
possa se ver e examinar sua comunicação com os participantes, suas
qualidades e defeitos.

• Integração/suporte de outras mídias: gravar em vídeo programas de


televisão para utilização em aula; alugar ou comprar filmes, documentá-
rios. Utilizá-los para interagir com outras mídias, tais como: computador,
CD-ROM, videogames, internet, etc.

A TV e o vídeo também podem ser explorados de forma conjugada em uma


roda de conversa, assegurando a participação e a valorização da contribui-
ção do máximo de participantes possíveis na situação. Isso favorece a troca
de experiências, de olhares diferentes sobre a mesma mensagem.

A assimilação e percepção de diferentes entendimentos e maneiras de ver


um mesmo fato, a defesa de pontos de vista, são bons motivos para utilizar
esse recurso também em projetos de educação em saúde (CINELLI, 2003).

Portanto, concluímos que a TV e o vídeo, além de serem equipamentos para


o nosso entretenimento, são muito úteis como recursos educacionais, pois,
favorecem a compreensão de assuntos abstratos, assegurando também, por
meio de discussões posteriores, a participação e a contribuição de todos no
debate do tema proposto.

Resumo
Nesta aula, você conheceu um pouco mais sobre os meios de comunicação:
TV e vídeo. Compreendeu a importância deles como recursos educacionais
úteis no desenvolvimento de seus projetos educativos, além de reconhecer
algumas de suas vantagens e possíveis formas de utilizá-los.

Atividade de aprendizagem
Quanto ao tipo de conteúdo, procure na internet um vídeo, assista-o, depois
classifique-o, justificando a classificação de forma resumida.

Nome do vídeo:___________________________________________________________

Tipo de conteúdo:________________________________________________________

Justificativa: ______________________________________________________________

e-Tec Brasil 148 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 22 – Recursos educacionais:
jogos educativos - parte IX

Nesta aula, você conhecerá as possibilidades de utilização dos


jogos educativos como recursos para auxiliar no aprendizado
sobre saúde, bem como alguns tipos de jogos e a viabilidade de
uso de cada um deles.

Figura 22.1: Jogos antigos


Fonte: Lawrence Alma-Tadema /Domínio Público / Wikimedia.

A história dos jogos remonta à antiguidade, pois brincar é um ato comum


a todas as crianças de todos os povos e culturas, em todos os tempos. No
passado, os jogos eram empregados como forma de diversão, mas, com a
introdução das teorias de base construtivista e sociointeracionista, percebeu-
-se que eles tinham potencial para auxiliar em intervenções que visavam o
melhoramento da concentração, da capacidade motora, o desenvolvimento
dos sentidos, entre outras coisas. Tudo isso por entender que aprendizagem
se dá por meio da participação e da experimentação dos indivíduos na cons-
trução de seu aprendizado. (WEBFILHOS, 2010. TAROUCO et al., 2015).

“Criança que brinca e o poeta que faz um poema


Estão ambos na mesma idade mágica!”
Mário Quintana

22.1 O que são jogos educativos


Jogos educativos ou educacionais são aqueles desenvolvidos especialmente
para auxiliar no aprendizado de determinados assuntos, ampliar certos con-
ceitos e desenvolver habilidades, cooperando como estratégias alternativas,
tendo em vista serem muito eficazes para reforçar a aprendizagem.

149 e-Tec Brasil


Outros autores acrescentam que qualquer atividade instrucional que vise a
aprendizagem, que envolva competição e seja estruturada a partir de regras
e restrições, pode ser considerado um jogo educativo. Ou seja, o jogo pode
ter sido criado para o entretenimento, mas se puder ser utilizado também
com objetivos educacionais, pode ser considerado um jogo educativo (TA-
ROUCO et al., 2015).

A ludicidade dos jogos favorece uma aprendizagem prazerosa, despertan-


do assim o interesse dos aprendizes, sejam crianças, jovens ou adultos, por
assuntos pouco atraentes. Além de auxiliar nos processos cognitivos, eles
também ajudam na estruturação das relações sociais e dos modos de agir
diante de diversas situações. Eles podem ser jogos de tabuleiro, de cartas e
até mesmo videogames (TAROUCO et al., 2015).

22.2 As contribuições dos jogos educativos


Dentre as diversas contribuições que os jogos educativos trazem para o pro-
cesso de ensino-aprendizagem, estão o fato de:

• Propiciar, reconhecer e entender regras, identificar os contextos em que


elas estão sendo empregadas e inventar novas situações para modificá-las.

• Auxiliar na compreensão de conceitos difíceis de serem assimilados.

• Eliminar a pressão presente na aprendizagem de certos assuntos, descon-


traindo os aprendizes.

• Contribuir para um desenvolvimento intelectual, pois precisam refletir,


decidir, inventar e experimentar.

• Trabalhar questões de conduta social, relações interpessoais e apoio mútuo.

• Favorecer o aprendizado da disciplina, pois a maioria dos jogos é neces-


sário respeitar ordens e regras.

Figura 22.2: Jogo 'Alimentação saudável'


Fonte: A autora (2005)

e-Tec Brasil 150 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


De acordo com HAMZE (2015), “o jogo e a brincadeira como ação social
são atividades humanas que permitem à criança assimilar e recriar as experi-
ências socioculturais dos adultos”. Especialmente na educação em saúde, o
jogo tem uma dimensão muito importante, por permitir um ensino com foco
nas necessidades da população, e do aprendiz, em particular, onde o educa-
dor se põe como um mediador de situações de aprendizagem estimulantes
e eficazes na promoção à saúde e na prevenção das doenças.

Hoje se pensa na utilização de jogos no processo de educar em saúde, so-


bretudo, devido à mudança no modelo de saúde pública no Brasil, que an-
tes tinha uma ênfase mais curativa, e hoje uma concepção mais integral e
preventiva. Desta forma, o uso dos jogos – como recurso educacional nos
projetos educativos – pode beneficiar a população das mais diferentes faixas
etárias a aprender sobre saúde (MELO, 2014).

Por meio desta aula percebemos que a origem dos jogos é muito antiga. Po-
vos da antiguidade já os utilizavam com os mais diversos propósitos. Conclu-
ímos também que são ótimos recursos, que contribuem significativamente
para o processo de ensino-aprendizagem, inclusive quando não são criados
especialmente com a função educativa.

Resumo
Nesta aula, você conheceu um pouco sobre a origem dos jogos, sobre o que
caracteriza um jogo educativo e, assim, pôde compreender também como
esse tipo de jogo contribui com a aprendizagem, especialmente quando re-
lacionada à educação em saúde.

Atividade de aprendizagem
1. Cite duas contribuições dos jogos educativos, e explique sua aplicabilida-
de na educação em saúde.

Aula 22 – Recursos educacionais: jogos educativos - parte IX 151 e-Tec Brasil


Aula 23 – Recursos educacionais:
jogos educativos - parte X

Nesta aula, você vai conhecer alguns tipos de jogos e alguns


exemplos, além de sugestões de uso deles na educação e saúde.

23.1 Tipos de jogos


Tarouco et al. (2015) classificam os jogos de acordo com seus objetivos, e
citam sete deles: os de ação, aventura, cassino, lógicos, estratégicos, esporti-
vos e role-playing games (RPG). Eles podem ser adaptados, de forma a serem
aproveitados para fins educacionais. Veja algumas possibilidades, conforme
a classificação:

• Ação – jogos desse tipo podem auxiliar no processo de pensamento rá-


pido frente a uma situação inesperada.

• Aventura – distinguem-se pelo controle, por parte do jogador, do lugar


a ser descoberto. Favorece a simulação de práticas impossíveis ou difíceis
de serem vivenciadas no espaço de ensino.

• Lógico – são desafiadores, e estabelecem um limite de tempo para que o


jogador finalize a tarefa. Entre eles estão jogos como: de xadrez e damas,
assim como simples caça-palavras, palavras-cruzadas e jogos que exigem
resoluções matemáticas.

• Role-playing game (RPG) – o jogador deve controlar um personagem


em um ambiente. Pode ser impresso ou virtual. Nesse lugar, seu perso-
nagem encontra e interage com outros personagens. De acordo com as Role-playing games
Sigla em inglês que pode ser
ações caminhos escolhidos por ele, as características dos personagens traduzida como “jogo de inter-
podem mudar. Isso faz com que os jogadores construam uma história. pretação de papéis” ou “jogo de
interpretação de personagens”
(BRASIL ESCOLA, 2015).
• Estratégicos – esse tipo de jogo focaliza na capacidade e nas habilida-
des de decisão do jogador, principalmente no que se refere à construção
ou administração de algo. Pode oferecer uma simulação em que o parti-
cipante aplique conhecimentos adquiridos em nos momentos de ensino,
compreendendo uma maneira de aplicá-los na prática.

153 e-Tec Brasil


O site de jogos educativos (www.jogos-educativos.info, 2015 apresenta ou-
tro tipo de classificação. Vamos conhecê-los agora:

• Jogos de construção: utilizados para introduzir um tema ou assunto, para


explicar, ilustrar e exemplificar. Como há participação e interação, quan-
do o aprendiz tiver contato com o assunto, provavelmente se lembrará
da experiência ilustrada pelo jogo.

• Jogos de computador e online: favorecem o raciocínio, agilidade, coorde-


nação motora, memorização, etc.

• Jogos corporais e dinâmicos: ajudam os participantes a se expressarem


melhor, se desinibirem, estimulam a coordenação motora e as relações
interpessoais.

• Jogos de treinamento: auxiliam na memorização de assuntos. Estão in-


clusos os caça-palavras, palavras-cruzadas, quiz, ligue os pontos e que-
bra-cabeça.

• Jogos cooperativos e em grupo: desenvolvem a importância do trabalho


em grupo, por exigir a ajuda e participação de todos.

• Jogos de perguntas e respostas: favorecem a rapidez de raciocínio, o


pensamento lógico, e a memorização de determinado assunto.

Existem ainda os jogos matemáticos, os jogos simples, para os quais só é


preciso uma folha e um lápis, jogos com sons, cores, enfim uma infinidade,
de muitos tipos e formas, para uso individual e coletivo. Porém, independen-
temente das características, com criatividade e dedicação é possível adequá-
-los de tal forma e sirvam ao propósito de educar em saúde.

23.1.1 Exemplos de jogos educativos


Observe alguns exemplos interessantes que você pode utilizar, com ou sem
adaptação aos temas da saúde:

23.1.1.1 Jogo de perguntas


Divide-se o grupo em duas equipes, o educador dá pistas para que as equi-
pes adivinhem a palavra.

e-Tec Brasil 154 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Exemplo:

O tema da palestra foi sobre doenças típicas do verão. O educador escolhe


“dengue” como a palavra que as equipes devem adivinhar; dá pistas refe-
rentes ao que foi apresentado no momento de ensino, para que elas des-
cubram, exemplos como: “doença viral”, “grande concentração urbana” e
assim por diante.

Desta forma, todos da equipe pensam em conjunto, lembram-se do que


ouviram na aula, memorizam, se arriscam a dizer a resposta, entre outros
fatores que ajudam no desenvolvimento do aluno.

23.1.1.2 Jogo das letras


Uma pessoa ou equipe escolhe um tema e várias palavras relativas a ele.
A outra pessoa ou equipe terá que adivinhar quais são as palavras em um
tempo estabelecido. Quem escolhe as palavras, pode dar dica de quantas
sílabas, vogais e consoantes elas têm.

Exemplo:

Tema: Vacina.

Palavras escolhidas: injeção, prevenção, anual, campanha.

Dicas: a primeira palavra possui 3 sílabas, a segunda palavra tem 3 vogais, a


terceira palavra tem 2 consoantes, a última termina com a letra “a”.

O outro grupo tem dois minutos para adivinhar, de acordo com as dicas,
e tem duas tentativas de “chutar” duas letras a cada palavra, exemplo: “a
primeira palavra tem letra U? E letra I?”, após usar as duas tentativas, encer-
ram-se as chances, e é preciso dizer qual é a palavra.

23.1.1.3 Jogo das histórias


Cada participante pega uma folha e começa a escrever uma história sobre
o tema trabalhado pelo educador. Após um tempo, ele avisa para trocar, ou
seja, a folha de cada um deve ser passada para o colega do lado. Assim que
receber a folha que o outro já tinha começado uma história, o colega deve
continuá-la. Como o tempo é limitado, não é possível ler o texto todo, en-

Aula 23 – Recursos educacionais: jogos educativos - parte IX 155 e-Tec Brasil


tão, a regra é ler apenas a última frase escrita e continuar a história, e assim
sucessivamente. Todas as folhas precisam passar por todos, até que chegue
à mão de quem começou, que lerá a história em voz alta para todo o grupo.
Para esse jogo, o ideal é que o grupo esteja sentado em um círculo.

23.1.1.4 Quebra-cabeça
Ao ensinar sobre um tema, construa um quebra-cabeça com uma figura
referente a ele.

Exemplo:

Tema: Corpo humano / ossos

O quebra-cabeça tem todos os ossos do esqueleto e os participantes deve-


rão juntar as partes corretamente para chegar ao objetivo.

23.1.1.5 Palavras-cruzadas
O educador monta um jogo de palavras-cruzadas e dá dicas para os parti-
cipantes. Para ter um ponto de partida, é possível que uma das palavras já
esteja preenchida.

Exemplo:

Tema: Higiene

Faça a palavra-cruzada e coloque as dicas: hábitos e prevenção.

23.1.1.6 Jogo da sequência


A partir do tema trabalhado, por exemplo: “cuidados com a pele”, cada
participante precisa falar uma palavra relacionada a ele. O próximo precisa
dizer a palavra dita pelo anterior e acrescentar mais uma, e assim por diante.

Exemplo:

Tema: Fui à praia e levei...

1º participante: protetor solar.

2º participante: protetor solar, óculos.

3º participante: protetor solar, óculos, guarda-sol.

e-Tec Brasil 156 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Na internet, existem sites de universidades e órgãos relacionados à saúde
que apresentam jogos elaborados especificamente para o trabalho de edu-
cação em saúde, para o desenvolvimento de pesquisas ou para campanhas
regionais e nacionais.

Portanto, vimos que os jogos educativos são uma ótima opção de recurso Conheça o jogo 'Trilha da
Saúde', desenvolvido pela
educacional para ser utilizado como reforço nos momentos de aprendiza- ANVISA. Você poderá conhecer
gem, por envolverem os participantes de forma lúdica e ao mesmo tempo todos os detalhes desse e de
outros jogos, e inclusive imprimir.
permitirem a simulação de situações reais, onde os conceitos e práticas em Acesse: <http://geralnasaude.
saúde serão vivenciados. com.br/zicas-zica/site-da-
anvisa-disponibiliza-jogos-
educativos/>
Resumo
Nesta aula, você teve a oportunidade de conhecer o conceito de jogos edu- Conheça alguns jogos
educativos sobre saúde no
cativos, entender como podem contribuir com o processo ensino-aprendiza- site Atividades Educativas,
disponível em: <http://www.
gem, além de conhecer alguns tipos de jogos e as possibilidades de uso em atividadeseducativas.com.
seus projetos educativos em saúde. br/index.php?procurar_
por=sa%FAde>

Atividade de aprendizagem
1. Escolha um tema a ser trabalhado com a sua comunidade. Em seguida,
crie um jogo no qual os conceitos trabalhados por você sejam relembra-
dos pelos participantes:

Nome do jogo: ____________________________________________________

Tipo: _____________________________________________________________

Número de participantes: ___________________________________________

Regras do jogo: ____________________________________________________

Anotações

Aula 23 – Recursos educacionais: jogos educativos - parte IX 157 e-Tec Brasil


Aula 24 – Recursos educacionais:
informática - parte XI

O objetivo desta aula é apresentar a você algumas possibilidades


de uso da mídia informática como recurso educacional. Por meio
dela, você conhecerá os principais aplicativos ou programas do
pacote Office, assim como o potencial de uso da internet e das
redes sociais para o trabalho de educar em saúde.

Você já parou para pensar na revolução que a informática trouxe para a


sociedade atual? Desde um simples editor de texto, uma planilha, uma apre-
sentação de slides, até a incrível socialização do conhecimento por meio da
internet, a informática é um recurso muito enriquecedor, que está à disposi-
ção dos educadores da atualidade e permite o aperfeiçoamento do processo
de ensino-aprendizagem.

24.1 A informática como recurso


educacional na saúde
É um consenso entre os educadores que a prática de ensino deve ser base-
ada em situações significativas para quem aprende, deve relacionar-se ao
contexto social em que o aprendiz, seja ele criança, jovem ou adulto, está
inserido, e não em algo alheio a ele. Ao planejar um momento de ensino-
-aprendizagem, é preciso considerar o universo do aluno, identificar as tec-
nologias que lhe são acessíveis ou que podem ser disponibilizadas a ele, e a
partir daí planejar atividades em que essas tecnologias e mídias possam ser
utilizadas para o enriquecimento da aprendizagem (CARVALHO, 2005).

Existem muitos recursos computacionais desenvolvidos especialmente para


o uso no ensino-aprendizagem, e outros que, mesmo não tendo esse ob-
jetivo a priori, podem ser aproveitados e são de fácil acesso na internet.
São softwares de uso geral, educacional e pacotes de programas gratuitos.
Entretanto, é fundamental que, além de ter acesso às novas tecnologias, o
educador saiba como e para que utilizá-las, para que possa explorar o máxi-
mo de suas possibilidades e de seus recursos.

Dominar o recurso favorece a utilização de todo o seu potencial. Para isso, é


importante que o educador esteja aberto a conhecer e utilizar a informática,
ainda que de início não conheça todo o mecanismo, não deve se intimidar.

159 e-Tec Brasil


É preciso ter em mente que as ferramentas da informática despontam como
uma alternativa a mais na busca do avanço da qualidade do ensino. Mas,
nem todas as formas de uso das ferramentas se prestam bem para atingir
certos objetivos educacionais.

Você, como agente comunitário de saúde, pode e deve usar o computador


como recurso para ajudar sua comunidade a descobrir conceitos e resolver
problemas. Utilizar as ferramentas da informática no processo ensino-apren-
dizagem trará proveito a todos os envolvidos (NETO & IMAMURA, 2012.
LITTO, 2015).

Ambientes de aprendizagem e de trabalho devem ser ricos em apoios


tecnológicos de todos os tipos, porque tais apoios permitem formas de
aquisição de conhecimento mais ricas e mais eficazes do que as formas
tradicionais (LITTO, 2015).

24.2 O pacote Office


À primeira vista, quando pensamos em utilizar o computador como recurso
educacional, surge certa insegurança, pois pensamos logo em programas
complicados. Não é mesmo?

Porém, existem programas com os quais a maioria de nós já teve algum


contato, como o pacote da Microsoft Office (Word, PowerPoint, etc.) ou o Li-
breoffice (Writer, Calc, Impress), que é distribuído gratuitamente, e que você
pode contar para preparar aulas, apresentações em slides, registrar informa-
ções dos projetos que desenvolve, entre muitas outras possibilidades. Para
isso, você não precisa ter um conhecimento profundo sobre técnicas com-
putacionais. O que faz a diferença nesse caso é o empenho do educador,
que deve encarar as dificuldades e ter grande interesse no que está fazendo.

Os aplicativos ou programas recebem o nome de pacote, exatamente por


serem baixados gratuitamente (Libreoffice) ou comprados (Microsoft Office -
MS) em conjunto. O nome Office, em inglês significa 'escritório', a priori foi
desenvolvido, na década de 1990, para o uso comercial.

O aplicativo mais conhecido e utilizado é o Word (MS), para edição de texto.


Além de permitir a digitação de textos, ele possui recursos como mudar o
tipo e a cor das fontes (letras), incluir tabelas, imagens, objetos, entre muitas
outras funções. O Writer é o editor de texto gratuito que corresponde ao

e-Tec Brasil 160 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Word. Com o editor de textos você pode digitar o esboço de suas palestras,
criar panfletos, flyers, convites para eventos promovidos pela Unidade de
Saúde, entre outras coisas.

O aplicativo Excel (MS) ou o similar Calc (Libreoffice) permite criar planilhas


onde são feitos cálculos, desenvolvidas fórmulas para cálculos, gráficos, edi-
tados textos, inseridas imagens, desenvolvidos gráficos, ou seja, realizadas
quaisquer tipos de ação que envolva números. Nele, você pode inserir e
trabalhar com os dados coletados em suas pesquisas em saúde com a co-
munidade.

O PowerPoint (MS) ou seu similar gratuito, o Impress (Libreoffice) é um pro-


grama de apresentação, que substitui o antigo retroprojetor. Nele podem ser
criadas apresentações onde são inseridos textos, imagens, vídeos e músicas.
Pode ser utilizado em aulas expositivas, palestras e até mesmo para contação
de histórias.

Os pacotes contêm outros programas que não serão apresentados aqui, por
não serem tão comumente utilizados na educação (PORTAL EDUCAÇÃO,
2015).

24.3 A internet e as redes sociais

Figura 24.1: Internet e as redes sociais


Fonte: © Designed by Freepik.com

Aula 24 – Recursos educacionais: informática - parte XI 161 e-Tec Brasil


Além dos aplicativos do pacote Office, a informática nos oferece hoje o aces-
so à internet, essa rede mundial que tem revolucionado a sociedade em que
vivemos, é chamada de 'sociedade da informação'.

No Brasil, a internet vem se tornando cada dia mais um canal para a divul-
gação e a promoção de ações do governo, como de ONGs e de profissionais
de saúde, entre outros, gerando o e-saúde, expressão que designa a gama
de atividades relativas à saúde desenvolvidas via internet, baseadas nas tec-
nologias digitais, que vão desde serviços de saúde pública até comércio ele-
trônico em saúde.

A internet se apresenta como um recurso educacional extremamente útil,


devido ao seu potencial de oferecer uma enorme quantidade de informação
escrita, completa ou em partes, por meio das tramas de hipertexto.

Hipertexto Por meio dela pode-se ter acesso desde folhetos a livros inteiros, que podem
sistema de organização da
informação, no qual certas ser consultados online ou baixados em segundos, utilizados e reproduzidos
palavras de um documento virtualmente ou impressos pelo usuário. Nesse aspecto, nada se iguala à
estão ligadas a outros
documentos, exibindo o texto internet no quesito de biblioteca virtual mundial, cuja atualização é diária
quando a palavra é selecionada
(MICHAELIS, 2015). (SOARES, 2008). Nesse sentido, e com as devidas precauções relativas à
qualidade e idoneidade da informação, ela pode ser muito útil ao trabalho
do agente comunitário de saúde.

Figura 24.2: Internet


Fonte: © Designed by Freepik.com

e-Tec Brasil 162 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Ela também se mostra útil por ser um veículo de comunicação com recursos
para motivar o interesse visual, promovidos pelas cores, diversidade de fon-
tes, imagens, filmes, animações e auditivo, em um ambiente que possibilita
a interação (entre pessoas) e a interatividade (entre a pessoa e a máqui-
na). Esses aspectos favorecem o planejamento, produção e disseminação de
mensagens envolventes e atrativas.

Para a disseminação de informações e comunicação, a internet ainda ofe-


rece como recurso as redes sociais. Por meio delas é possível aprender de
forma colaborativa, ou seja, através das interações entre usuários que com-
partilham de interesses comuns, no caso do ACS, a promoção da saúde e a
prevenção de doenças. As redes sociais mais utilizadas atualmente no Brasil,
são:

1. Facebook: permite o compartilhamento de fotos, vídeos, áudios, textos


e chamadas com vídeos.

2. Whatsapp: tem funcionalidades similares às do facebook, porém foi de-


senvolvido para celular.

3. YouTube: para o compartilhamento de vídeos, com possibilidade de in-


teração assíncrona por meio de comentários.

4. Instagram: para divulgar fotos e vídeos curtos através do celular. Assíncrono


que não é síncrono, que não se
realiza ao mesmo tempo.
5. Twitter: para recados instantâneos, permite textos de até 140 caracteres
(os tweets).

Através de suas ferramentas, recursos e grupos de pessoas, as redes sociais


permitem tomar conhecimento ou aprofundá-lo em relação a determinados
assuntos, esclarecer dúvidas sobre diversas questões, filtrando os assuntos
que mais interessam, permitindo trocar e compartilhar experiências e infor-
mações.

O agente comunitário de saúde pode explorar as redes sociais utilizando-as


para entrar em contato com líderes comunitários, para compartilhar projetos
educativos que estejam sendo desenvolvidos (fotos, datas de eventos, etc.),
criando uma página no facebook onde possa interagir com a comunidade,
entre outras possibilidades.

Aula 24 – Recursos educacionais: informática - parte XI 163 e-Tec Brasil


Portanto, vale à pena ousar nos projetos educativos, valendo-se dos recursos
de informática, tanto como ferramentas no planejamento, preparo e no de-
senvolvimento deles, como também na sua divulgação inicial e dos resulta-
dos, formando com a comunidade uma grande teia, conectada por meio da
internet, explorando desta forma, um recurso que já está acessível a grande
parte da população brasileira.

Resumo
Nesta aula, você pôde identificar alguns potenciais de uso da mídia informá-
tica na educação em saúde, especialmente os aplicativos do pacote Office,
bem como alguns recursos da internet e das redes sociais.

Atividade de aprendizagem
1. Pesquise na internet (em um site confiável!) sobre um tema em saúde
(a seu critério) e explore o aplicativo PowerPoint, criando uma pequena
apresentação com as informações da sua pesquisa.

e-Tec Brasil 164 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 25 – Recursos educacionais:
materiais alternativos

Nesta aula, você vai conhecer alguns recursos educacionais


pouco tradicionais que servem bem ao objetivo de educar em
saúde. Entre eles estão os recursos naturais e recicláveis, o mu-
ral didático, o álbum seriado, as histórias em quadrinhos e as
tirinhas. Você aprenderá também algumas dicas para confecção
destes materiais.

Quando estamos determinados a desenvolver um bom trabalho, nada nos


segura, não é mesmo? Nem mesmo a falta de recursos mais elaborados o
educador criativo sempre dá um jeito. Existem muitas ideias de utilização de
elementos que, originalmente não foram pensados para determinada fina-
lidade, mas que podem ser adaptados de forma a se tornarem excelentes
recursos educacionais. A esses recursos chamamos de materiais alternativos!

25.1 Recursos naturais e recicláveis


Recursos didáticos alternativos são aqueles elaborados a partir da criativi-
dade dos educadores e dos alunos. Podem ser naturais ou industrializados.

Figura 25.1: recurso natural - folhas Figura 25.2: recursos natural - pedras
Fonte: LifeWithZeus / Morguefile Fonte: Diannehope / Morguefile

Figura 25.3: recursos natural - água Figura 25.4: recursos natural - pedras
Fonte: AngelSJ / Morguefile semipreciosas
Fonte: Isamadrid / Morguefile

165 e-Tec Brasil


Existe uma admirável diversidade de recursos naturais disponíveis ao educa-
dor, para dar base ao universo das ideias e compor a lista de possibilidades
de improvisação de materiais didáticos. Dentre eles podemos citar: amostras
de animais ou vegetais, rochas, solo, água, e qualquer outro elemento que
possa ser encontrado na natureza.

Outra alternativa, pode ser o uso de sucatas, como as embalagens, tampas,


tampinhas, latas, canudos, botões, garrafas, palitos, CDs, objetos recicláveis
em geral e o que mais a imaginação sugerir. No entanto, é preciso ter em
mente que essa iniciativa requer que o educador observe alguns critérios
básicos, isto é, não perca de vista os objetivos propostos e que o processo
parta de elementos retirados do próprio contexto dos alunos. Além disso,
é preciso envolver os alunos na construção, confecção e utilização desses
recursos didáticos, lembrando sempre que o educador é apenas o mediador
no processo de ensino-aprendizagem, mas além dos recursos educacionais
criados a partir de recursos naturais e materiais recicláveis, trazemos algumas
outras sugestões para incrementar seu projeto educativo.

25.2 Mural didático


O mural didático é um recurso que você pode utilizar para organizar e divul-
gar materiais na própria unidade de saúde, ou em outros estabelecimentos
parceiros. Nele também podem estar afixados folders e produções dos parti-
cipantes dos projetos educativos. Os murais didáticos podem estar localiza-
dos em corredores, salas de espera e até mesmo em pátios.

Existem diversos tipos de mural, confeccionados a partir dos mais variados


tipos de materiais e tamanhos. Eles podem ser feitos de cortiça, madeirite
(finas chapas de madeira compensada), feltro, E.V.A, TNT, tecido, isopor,
etc. Você pode confeccionar aqueles que são de fácil construção e baixo
custo, até mesmo utilizando materiais que já existem no seu ambiente de
trabalho. Mas, alguns detalhes devem ser observados antes da execução: a
altura máxima não deve ultrapassar 1,80m em relação ao piso e a mínima
não deve ser menor que 90cm. Veja uma sugestão de como organizar o seu
mural didático:

e-Tec Brasil 166 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


TÍTULO

GRAVURA
GRAVURA
ou
ou
DESENHO
DESENHO
GRAVURA
ou
DESENHO

TEXTO

TEXTO

Figura 25.3: Modelo mural didático


Fonte: a autora (2015)

25.3 Álbum seriado ou blocão


Álbum seriado, também chamado de blocão, é um recurso educacional mais
comumente utilizado nos anos iniciais do ensino fundamental, mas devido a
sua versatilidade, pode ser muito útil também para auxiliar em aulas e pales-
tras para pessoas de qualquer idade, especialmente quando não se dispõe
de recursos tecnológicos como um projetor multimídia ou uma lousa digi-
tal. Ele pode ser usado em aulas, palestras, reuniões, ou em outras diversas
ocasiões nas quais seja necessário expor dados estatísticos, organizar fatos
cronologicamente, ilustrar ideias, escrever letras de música, etc.

Esse recurso é basicamente um conjunto de folhas grandes, protegidas por


uma capa. Ele pode ser confeccionado em madeirite, chapa de madeira
aglomerada, compensado ou papelão grosso. Para isso, serão necessárias
duas réguas de um desses materiais para servir de prensa onde serão en-
caixadas as páginas de papel, que pode ser pardo ou branco para flipchart
ou cartolina fina. Seu tamanho médio é de 50x70cm e, para uma melhor
visualização ele pode ser colocado sobre uma mesa, cadeira ou caixa. Outra
maneira de fazê-lo, mas que limita a inserção de folhas é encaderná-lo e
colocar um espiral.

Aula 25 – Recursos educacionais: materiais alternativos 167 e-Tec Brasil


Figura 25.4: Álbum seriado (1)
Fonte: Elaborado pela autora

Figura 25.5: álbum seriado (2)


Fonte: Elaborado pela autora

e-Tec Brasil 168 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Para que o álbum não se abra durante a apresentação, sua base pode ser
sustentada com um cordão (Figura 25.5) ou com um pedaço de velcro.

As páginas do álbum seriado devem conter apenas as informações básicas


que sirvam de roteiro para o tema tratado. Essas informações podem ser em
forma de ilustração, texto, fotografias, mapas, gráficos, gravuras, organo-
gramas ou qualquer outra informação que seja necessária à compreensão
do assunto.

Quanto à distribuição das informações nas páginas, bem como as suas ca-
racterísticas você pode basear-se na aula sobre cartazes, pois o padrão é o
mesmo.

O álbum seriado pode servir como um arquivo temático, já que suas folhas
são avulsas. Ao utilizá-lo, alguns cuidados são importantes, como por exem-
plo, colocá-lo sempre em lugar visível e não se esquecer de virar as folhas
conforme avança nos tópicos.

25.4 Histórias em quadrinhos e tirinhas


Assim como outros recursos que unem imagem e texto, a história em quadri-
nhos, também conhecida como HQ, reúne de forma tão harmônica a lingua-
gem escrita e o desenho, que tem sido reconhecida como um interessante
canal de comunicação, que atrai tanto as crianças quanto os adultos.

Obviamente, assim como outros meios, práticas e objetos não foram idea-
lizados com objetivo educativo, as HQs também entraram no rol de ferra-
mentas educativas ou de aprendizado devido à sua capacidade de articular
de forma genial o texto e a imagem.

Entre os aspectos que se destacam nas HQs estão o uso exagerados das
onomatopeias, que dão mais vida às palavras e dos recursos gráficos que
traduzem sentimentos e ideias, cuja verificação tem mostrado uma capaci-
dade de promover transformações conceituais e esclarecimentos à popula-
ção (CAMARGO, 2015). Figura
Fonte: htt
foto_250

As tirinhas, ainda que muito semelhantes às HQs, fazem parte de seu hi-
pergênero, os quadrinhos, que além de incluir as HQs, inclui também os
cartuns, as charges, as tiras cômicas, as tiras cômicas seriadas e as tiras se-
riadas (VARGAS & MAGALHÃES, 2012). Nas tirinhas predominam o humor,

Aula 25 – Recursos educacionais: materiais alternativos 169 e-Tec Brasil


as imagens, a linguagem informal e os desfechos inesperados. Além disso,
permite explorar as mais diversificadas temáticas, o que a torna também um
recurso educacional alternativo.

Essas características têm levado muitos órgãos do governo a utilizarem-se


delas em panfletos, cartilhas, etc. para alcançar a população por meio de
uma linguagem mais leve e motivadora.

Figura 25.8: ECA em tirinhas para crianças


Fonte: <http://www.conselhodacrianca.al.gov.br>

Desse modo, vimos que além dos recursos convencionais, comumente uti-
lizados na educação, existem muitos outros que, ainda que não idealizados
para este fim, podem ser extremamente úteis e interessantes para trabalhar
as temáticas relacionadas à saúde, tais como elementos da natureza, obje-
tos recicláveis, o mural didático, o álbum seriado ou blocão, assim como as
histórias em quadrinhos e as tirinhas.

Resumo
Nesta aula, você pôde explorar alguns recursos educacionais não tão tradi-
cionais, mas que servem bem ao objetivo de educar em saúde. Entre eles,
algumas características do mural didático, do álbum seriado, assim como das
histórias em quadrinhos e as tirinhas, que são potenciais ferramentas para
serem utilizadas em seus projetos educativos.

e-Tec Brasil 170 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Atividade de aprendizagem
Pesquise em gibis, uma história ou uma tirinha que possa ser utilizada como
recurso educacional em uma atividade de educação em saúde. Escreva:

- O nome da história ou tirinha:

- Em qual temática de saúde ela se enquadra:

- Que lição ela pode trazer:

Aula 25 – Recursos educacionais: materiais alternativos 171 e-Tec Brasil


Aula 26 – Construindo um projeto
educativo – parte I

Nesta aula, você vai conhecer o que é um projeto e entender


a importância dele para a organização de um bom trabalho
educativo com a comunidade. Tomará conhecimento dos com-
ponentes principais e também de alguns indicadores de sua
eficácia.

Já imaginou, se para construir uma casa, um pedreiro começasse construin-


do pelo telhado? Isso não daria certo, não é mesmo? Quando vai construir
uma casa, o profissional não começa pelo fim, mas pelo começo. Primeira-
mente a casa nasce no papel. Mede-se o terreno, desenha-se o projeto da
casa, que determinará o tamanho que ela terá, quantos cômodos, como
serão seus alicerces, suas vigas, e de qual material cada parte dela será feita.

Figura 26.1: Planta de uma casa


Fonte: Boereck / Domínio Público / Wikimedia

Quando se organiza um trabalho a ser feito, o serviço fica mais fácil e os ob-
jetivos são alcançados. Quando queremos realizar uma ação educativa com
uma pessoa ou com um grupo de pessoas, é necessário nos organizarmos
para que esta atividade aconteça da melhor maneira possível e atinja seu
objetivo. Elaborar o projeto da ação que se pretende desenvolver, portanto,
é uma forma de organização.

173 e-Tec Brasil


26.1 O que é um projeto
Projeto é um termo muito utilizado, em muitas organizações, por um grande
número de pessoas e nos mais variados contextos. Segundo Turner e Müller
(2002), a definição clássica de projeto é:

Projeto é um empreendimento único, no qual recursos humanos, ma-


teriais e financeiros são organizados de forma a tratar um escopo único
de trabalho a partir de uma dada especificação, com restrições de cus-
to e de tempo, para atingir uma mudança benéfica definida por meios
de objetivos quantitativos e qualitativos.

Ele também pode ser definido como “um empreendimento planejado, orien-
tado a resultados, possuindo atividades com início e término, para atingir um
objetivo claro e definido” (ENAP, 2014, p. 7).

Apesar de ser utilizado nas mais distintas instâncias e com os mais diversos
propósitos, existem algumas características comuns a todos os projetos. São
elas:

• Iniciativa não repetitiva. Cada projeto é um evento único, adequado a um


determinado contexto. Se for repetido, já não será mais o mesmo, pois
o contexto será outro.

• Sequência clara e lógica de atividades.

• Tem início, meio e fim determinados.

• Objetivo claro e definido.

• Conta com recursos humanos, materiais e financeiros.

• Coordenado por pessoas.

• Tem critérios predefinidos.

Projeto é um processo único, consistindo em um grupo de atividades co-


ordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido
para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo
limitações de tempo, custo e recursos (ISO 10.006:2003).

e-Tec Brasil 174 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


26.2 O que é um projeto bem-sucedido
Existem vários indicadores que permitem, ao final do projeto, verificar se ele
foi bem-sucedido ou não. Alguns deles são comuns à maioria dos projetos,
como, por exemplo:

• Foi realizado dentro do prazo.

• Utilizou o orçamento inicialmente estabelecido.

• Alcançou suas metas, objetivos e propósitos.

• Os requisitos técnicos, legais, funcionais e outros foram cumpridos de


acordo com o esperado pelas partes interessadas.

• Não causou nenhum impacto negativo social, legal, organizacional, etc.


(ENAP, 2014, p. 12).

26.3 Estrutura básica de um projeto


Um projeto aponta a direção que se deve seguir, orientando as decisões da-
queles que o idealizaram e que o executarão, tendo como base a organiza-
ção do trabalho como um todo. Por isso, se configura como um instrumento
tanto teórico como metodológico que auxilia na realização de uma ação
pretendida da melhor maneira possível.

Um projeto para realizar uma ação educativa chama-se Projeto Educativo.


Ele, por suas particularidades, deve ter alguns componentes que precisam
ser muito bem pensados, projetados para que seja um sucesso. Esses com-
ponentes são:

• Título do trabalho

• Descrição do problema

• Característica geral do município, instituição e da população-alvo

• Diagnóstico resultante da pesquisa

• Apresentação e análise dos dados

• Metodologia

Aula 26 – Construindo um projeto educativo – parte I 175 e-Tec Brasil


• Recursos humanos, materiais e financeiros

• Cronograma/quadro de atividades

• Resultados esperados

• Avaliação

Portanto, vimos que a elaboração de um projeto é uma ação fundamental


quando se pretende desenvolver atividades educativas, pois é a partir dele
que são organizadas, orientando as decisões sobre sua execução e possibili-
tando o êxito do trabalho.

Resumo
Nesta aula, você conheceu o conceito de projeto, viu quais são os objetivos e
indicadores de qualidade. Além disso, identificou quais são os componentes
indispensáveis para um projeto educativo em saúde.

Atividade de aprendizagem
1. Pesquise na internet ou na unidade de saúde mais próxima de sua casa,
um projeto educativo em saúde, e verifique quais componentes [citados
nesta aula] ele possui, e quais deles estão faltando. Registre suas desco-
bertas.

Anotações

e-Tec Brasil 176 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Aula 27 – Construindo um projeto
educativo – parte II

O objetivo desta aula é que você compreenda detalhadamente


o roteiro de organização e execução de um projeto educativo,
e aprenda como organizar o cronograma e as informações mais
importantes para desenvolver seu plano de ação, separando-o
por estratégias de ação.

Imagine-se trabalhando em uma comunidade. Você percebeu que havia um


determinado problema na área da saúde a ser resolvido. Pode ter sido a ne-
cessidade de prevenção, tratamento ou cura de alguma doença.

Para confirmar sua percepção, você fez uma pesquisa em saúde e chegou
a um diagnóstico da situação e a uma percepção mais clara da realidade. A
partir daí será necessário estabelecer prioridades e concluir que ações você
precisa desenvolver.

27.1 Projeto educativo passo a passo


O resultado da pesquisa em saúde, previamente realizada, auxilia na tomada
de decisões para a elaboração do projeto educativo, que levará a um plano
de ação a ser desenvolvido.

O próximo passo, após estar com o resultado da pesquisa em mãos, de


preferência, deve ser feito junto com sua equipe de trabalho, traçando um
plano, isto é construindo um documento, onde as propostas de ação serão
especificadas em detalhes. Para isso, você deverá seguir o roteiro apresenta-
do na aula anterior, que detalharemos a seguir. Antes de tudo, para montar-
mos um projeto educativo precisamos de papel e caneta. Sim, é necessário
escrevermos nosso projeto!

27.1.1 Título do projeto


O título deve ser simples, objetivo e interessante, possibilitando um enten-
dimento, uma compreensão clara de seu propósito. Recomenda-se deixar
para escolhê-lo no final da escrita do projeto para que tenha harmonia com
o objetivo geral (GOLDIM, 2001).

177 e-Tec Brasil


27.1.2 Descrição do problema
Lembre-se do que aprendeu na aula sobre pesquisa em saúde: “Só se inicia
uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual se quer bus-
car a resposta” (GERHARDT & SOUZA, 2009).

Quando resolvemos fazer uma ação educativa com a comunidade onde tra-
balhamos é porque queremos sanar um problema que está acontecendo.

Por exemplo, a comunidade onde você trabalha está enfrentando uma epi-
demia de crianças com piolho. Isso é um problema sério, pois este parasita
pode levar as crianças a outras doenças.

Ao escrever o problema, é importante deixar claro quem está passando


por ele? As crianças? De que lugar? Da comunidade onde você trabalha?
Quantos indivíduos estão passando por isso? Colocar o número de casos
encontrados, e se possível, coloque o número total de crianças existentes na
comunidade e o número de casos que foram registrados.

Por exemplo, na comunidade existem 730 crianças de 1 a 12 anos de idade.


Foram registrados 250 casos de crianças com piolho. Se aplicarmos uma
regra de três simples, chegaremos à conclusão que 34,2% das crianças da
comunidade estão infestadas de piolhos e esse número é alarmante.

Devemos descrever qual é o problema que queremos ver resolvido na comu-


nidade. Então, o problema é: 34,2% das crianças da comunidade “X” estão
infestadas de piolhos.

27.1.3 Caracterização do local


Nesse item você trará algumas informações que considerar relevantes sobre
o município, bairro ou comunidade onde o projeto será desenvolvido. Por
exemplo, como se dá a relação entre a comunidade e a instituição de saúde?
Quais as características do público alvo do projeto, que justificam a necessi-
dade de seu desenvolvimento?

27.1.4 Diagnóstico resultante da pesquisa em


saúde
Apresente nesse item o resultado das análises obtidas por meio da pesquisa
realizada por você e/ou sua equipe da Unidade de Saúde. Esse resultado
é que confirma ou não a necessidade de intervenção por meio do projeto
educativo.

e-Tec Brasil 178 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


27.1.5 Justificativa
A pergunta a ser respondida aqui é: Por que você considera importante de-
senvolver esse projeto educativo com a comunidade?

Conforme o exemplo anterior, é necessário você escrever por que é impor-


tante você resolver o problema dos piolhos entre as crianças. Justificar a
necessidade de todos tomarem uma providência para solucionar o caso. Ora,
o piolho é um parasita que se alimenta de sangue. Ao furar a pele para ob-
ter sangue o piolho acaba gerando um prurido (coceira) no couro cabeludo
das crianças que irrita a pele. Como consequência dessa coceira as crianças
ficam irritadas, nervosas e com falta de concentração, o que pode contribuir
para a diminuição do rendimento escolar. Outra consequência pode ser ane-
mia ou o aparecimento de feridas na cabeça das crianças. E isso pode ser
uma porta de entrada para micróbios, gerando uma séria infecção.

Quando não sabemos ao certo o que é uma doença e o que ela causa é
necessário buscarmos informações em fontes confiáveis, tais como: livros,
profissionais de saúde da Unidade de Saúde onde se trabalha (enfermeiros e
médicos) e em sites confiáveis como o do Ministério da Saúde, por exemplo.

Então, para definir a justificativa, você poderia começar escrevendo: “Este


projeto é importante, porque crianças com piolhos podem diminuir seu ren-
dimento na escola e desenvolver infecções e anemia [...]”.

27.1.6 Objetivos (geral e específicos)


Nesse item você deverá responder o que almeja com o projeto. Qual a fina-
lidade e o alvo dele. Os objetivos expressam a decisão, o que se pretende
com a intervenção educativa, envolvendo a equipe de saúde, comunidade,
grupos específicos ou população em geral. Os objetivos específicos são as
etapas para alcançarmos o objetivo geral. Eles mostram o que pretendemos
fazer para alcançá-lo (CVE, 2001). Por isso, é importante que você tenha
bem em mente o que pretende alcançar. Seja resumido e bem objetivo.

Os objetivos não devem ser muito longos e complexos. Quanto mais simples
e claros, melhor. Temos que ser realistas, nem todos vão aderir ao tratamen-
to, à mudança de comportamento e vão continuar com piolhos. Mas, no
exemplo dos piolhos, se eliminarmos uma quantidade significativa de casos
de infestação, já estaremos contribuindo, e muito, para o alívio do problema.

Aula 27 – Construindo um projeto educativo – parte II 179 e-Tec Brasil


Então, você pode escrever que o objetivo geral é: diminuir em 70%, por
exemplo, os casos de crianças com piolho na comunidade “X”. Vamos supor
que, na sua comunidade, 250 crianças estejam com piolhos, aplicando regra
de três simples, chegamos ao resultado que 70% são 175 crianças. Ou seja,
você pretende que das 250 crianças infestadas, consiga que, pelo menos,
175 fiquem livres do problema.

Os objetivos específicos podem ser, por exemplo:

• informar às famílias sobre a pediculose (infestação por piolhos e lêndeas),


as doenças causadas por ela, como ocorre a infestação e as formas de
preveni-la;

• ensinar os pais/responsáveis a forma correta de penteação das crianças


com o pente fino, como forma de controle da pediculose.

27.1.7 Público-alvo
Descreva quem são os participantes do projeto, caracterizando o grupo que
participará das atividades, em termos de idade, escolaridade, sexo e outros
atributos considerados. Por exemplo: o projeto destina-se a crianças de 01
a 12 anos de idade, da comunidade XX, matriculadas na creche e na escola
do bairro, no ano de XX.

27.1.8 Metodologia (plano de ação)


Aqui a pergunta básica é “como”, mas você pode responder também: Onde
fazer? Com quê? Quanto? Quando? Que procedimentos você utilizará para
colocar em prática o seu projeto educativo (estratégias de ação). Você pode
mencionar também quais serão as fases do projeto e a sequência das estra-
tégias de ação (conjunto de atividades), e do que constará cada uma delas.

A metodologia de um projeto é como você pretende fazer “a coisa” aconte-


cer. É a parte mais trabalhosa da escrita do seu projeto educativo. Aqui você
precisa programar e escrever:

a) Em que lugar será realizado a ação educativa com a comunidade?

b) Que dia do mês fará isso? Que horário?

c) Quantas pessoas da comunidade participarão na ação educativa?

e-Tec Brasil 180 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


d) Que materiais serão precisos para realizar essa atividade?

e) Quantas e quais pessoas ajudarão nessa atividade?

f) Quantos minutos durará?

g) Quais recursos educacionais serão utilizados na ação?

h) Que método de ensino será utilizado para fazer a atividade?

Ainda na metodologia, seria interessante organizar e registrar os conteúdos


a serem trabalhados. Tenha em mente que para cada objetivo específico
você deve incluir pelo menos um conteúdo programático. Desta forma, ao
trabalhar com a comunidade cada conteúdo, você estará alcançando um
de seus objetivos específicos, que, ao final, o levará ao alcance do objetivo
geral.

Exemplo: Os pais ou responsáveis da comunidade “X” deverão inspecionar


diariamente a cabeça das crianças. Conteúdo programático: O que é o pio-
lho? Como se dá a infestação? Quais os sintomas?

27.1.9 Recursos
Neste item, você deverá relacionar primeiramente os recursos humanos, ou
seja, todos os profissionais que estarão envolvidos na execução do projeto
educativo.

Em seguida, liste os recursos didáticos ou educacionais, como apostilas, li-


vretos, audiovisuais, cartazes, fantoches, álbum seriado, etc. que serão uti-
lizados. Depois relacione os recursos materiais, como pincel atômico, giz,
cartolina, cola, tesoura, papel sulfite, fita crepe, papel pardo, pintura a dedo,
etc., e os equipamentos (datashow, aparelho de som ou notebook) que se-
rão necessários para a execução do projeto.

27.1.10 Cronograma
Nesta etapa, você precisará analisar: Em quanto tempo o projeto será exe-
cutado? As ações ocorrerão diariamente? Uma vez por semana? Duas vezes
por semana? De acordo com o que for decidido, você pode elaborar um
cronograma de forma semelhante à tabela abaixo, dividido por semana ou
meses:

Aula 27 – Construindo um projeto educativo – parte II 181 e-Tec Brasil


Quadro 27.1 – Cronograma
Ação educativa Janeiro Fevereiro Março Abril
Elaboração do projeto X
Planejamento das ações X
Confecção do material didático X
Visita à comunidade X
Palestra na Unidade de Saúde X
Atividade na escola do bairro X
Fonte: a autora (2015)

Você acabou de ver no quadro 27.1 como estão distribuídas as atividades


durante o período estabelecido para o desenvolvimento do projeto, isto é,
pode-se ver claramente que o projeto será elaborado durante todo o mês
de janeiro. Em fevereiro será definido o planejamento das ações e será con-
feccionado o material didático. No mês de março, ocorrerão as visitas na
comunidade e a palestra. Por fim, em abril serão ministradas as atividades
na escola do bairro!

27.1.11 Resultados esperados


Assim como vimos nos resultados esperados da pesquisa em saúde, no pro-
jeto educativo, você também deve deixar claro quais são os efeitos das ações
executadas. Esse item deve mostrar os progressos obtidos em relação à situ-
ação anterior à execução do projeto.

27.1.12 Avaliação da ação educativa


A avaliação da ação educativa será vista em detalhes na próxima aula.

27.2 Plano de ação


Após escrever o seu projeto educativo, relacionando e descrevendo cada um
dos itens apresentados acima, você pode criar um quadro para organizar as
informações mais importantes para desenvolver seu plano de ação, ou seja,
como o projeto será executado, separando-o por estratégia de ação. Insira
uma linha para cada estratégia de ação.

e-Tec Brasil 182 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Quadro 27.2 - Plano de ação
Unidade de Saúde:
Projeto Educativo: (nome)
Objetivo específico Conteúdo a serem Recursos educa- Desenvolvimento
Estratégia de ação
(Resultado esperado) trabalhados cionais Metodológico
Introdução ao
assunto:
Desenv. e estudo
ativo do assunto:
Sistematização e
aplicação prática:
Tarefas de casa (se
houver):

Público-alvo: Pg. 01
Objetivo geral
Período de realização Responsável Envolvidos (equipe) Parcerias Avaliação
Fonte: a autora (2015)

Sobre a sistematização do conhecimento, Souza (1998, p. 35) afirma:

Trata-se, assim, de construir o sentido da experiência que terá como


ação de retorno uma nova forma de interpretar, agir e sentir não ape-
nas a experiência, mas a si mesmos e à sociedade.

Então, o primeiro passo para um projeto educativo bem-sucedido é ter um


documento bem organizado, onde as propostas de ação são especificadas
em detalhes, baseadas nos elementos encontrados na comunidade.

Resumo
Nesta aula, você teve a oportunidade de ver em detalhes cada componente
do projeto educativo e como organizar o cronograma de execução. Além
disso, viu como registrar as informações do seu plano de ação.

Atividade de aprendizagem
1. Chegou a hora de você colocar em prática o que aprendeu nas aulas
anteriores! A partir de um suposto problema de saúde identificado na
comunidade, elabore um projeto educativo, descrevendo em detalhes
cada uma das partes, inclusive montando o cronograma e a tabela do
plano de ação.

Aula 27 – Construindo um projeto educativo – parte II 183 e-Tec Brasil


Aula 28 – Avaliando a ação educativa

Nesta aula, você vai aprender o que é o ato de avaliar um pro-


jeto, em quais circunstâncias e momentos a avaliação é feita,
qual a sua finalidade e as possíveis formas de realizá-la. Com-
preenderá também a importância da avaliação para o sucesso
da execução de projeto educativo na comunidade.

A palavra “avaliação” causa um desconforto em muita gente. Isso porque,


costumamos relacioná-la a coisas negativas, como classificação, desafios,
aprovação. Mas, em algumas situações bem que gostamos de colocá-la em
prática, especialmente se for o caso de uma pesquisa de satisfação relacio-
nada a um produto ou serviço que utilizamos!

28.1 O que significa avaliar um projeto


Em se tratando de um projeto educativo, mesmo ainda que tenhamos que
avaliar seu sucesso signifique, em algum momento, avaliar nosso próprio
trabalho, esta avaliação é uma tarefa de muito valor, pois permite decidir
sobre a conveniência de seguir com o projeto, como ele está ou se serão
necessárias reformulações.

Deve iniciar ainda na etapa de diagnóstico e acompanhar todas as fases do


planejamento. A avaliação realizada após a execução, além de identificar os
resultados alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação das
ações e indica a necessidade de novas ações de diagnóstico.

A avaliação de um projeto pode ser definida da seguinte maneira:

“A coleta sistemática de informações sobre as ações, as características e os


resultados de um programa, e a identificação, esclarecimento e aplicação
de critérios, passíveis de serem defendidos publicamente, para determinar
o valor (mérito e relevância), a qualidade, utilidade, efetividade ou impor-
tância do programa sendo avaliado em relação aos critérios estabelecidos,
gerando recomendações para melhorar o programa e as informações para
prestar contas aos públicos interno e externo, ao programa do trabalho
desenvolvido” (BORBA et at., 2004, p. 5, apud CHIANCA, 2001, p. 16).

185 e-Tec Brasil


É importante ter consciência de que algumas mudanças podem ser neces-
sárias durante a execução do projeto, o que vai fazer com que tenhamos a
necessidade de revisar um ou mais planos.

A figura 28.2 demonstra o fluxo de mudança do planejamento. Após a exe-


cução das ações conforme o planejado deve-se mensurar os resultados al-
cançados para avaliar se correspondem ao que se esperava. Em seguida,
revisar o planejamento em função da experiência obtida. Esse é o processo
de acompanhamento, revisão e ajuste do progresso do projeto (ENAP, 2014).

Planejamento

Revisão Ação

Avaliação e
Resultados Mensuração

Figura 28.1: Fluxo de mudança


Fonte: ENAP (2014) adaptado pela autora (2015)

28.2 Maneiras de avaliar um projeto


A avaliação de um projeto pode ser distribuída em três momentos:

• Avaliação do marco zero ou a que ocorre antes da execução – pos-


sibilita escolher as melhores estratégias para atingir os objetivos do pro-
jeto. Nesse período, as avaliações têm função formativa e conceitual. Elas
estabelecerão e identificarão as necessidades e o plano para colocar o
projeto em prática. Segundo Chianca (2001:18), “a avaliação do marco
zero ocorre antes da instalação de um determinado programa e serve
para orientar a equipe responsável por ele no planejamento das ações,
garantindo o máximo de proximidade às reais necessidades e expectati-
vas dos futuros usuários”.

e-Tec Brasil 186 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Avaliação de processo ou formativa, a que ocorre durante a exe-
cução – buscará avaliar e acompanhar o projeto em andamento. Ainda,
segundo Chianca (2001:17), a avaliação de processo ou formativa “tem
como objetivo prover informações essenciais sobre um determinado
programa para que os gestores possam introduzir mudanças, a fim de
melhorá-lo ainda durante seu processo de implementação”.

• Avaliação somativa, isto é, a que ocorre depois do projeto exe-


cutado – visa auxiliar nas decisões de continuidade e alterações, bem
como verificar o impacto da ação (ASSUMPÇÃO & CAMPOS, 2011). Ela
é conduzida após o término de um programa ou projeto, servindo basi-
camente para julgar o mérito e a relevância de um programa ou projeto
em relação a determinados critérios (CHIANCA, 2001:18). Seu objetivo
é responder à pergunta: o que teria ocorrido aos beneficiários, caso eles
não tivessem participado do projeto? Pode também ser chamada de ava-
liação de impacto já que “o efeito final ou impacto de um projeto deve
ser examinado após o período de implementação das ações. Os indica-
dores de resultados devem ser comparados àqueles iniciais, observados
no Marco Zero” (MARINO, 1998:23).

Existem outras formas de organização para estabelecer critérios e estrutu-


ras de avaliação de projetos. As ONGs 'Olhar Cidadão' e 'Instituto Estimar'
desenvolveram a seguinte estrutura, a partir de indicadores com foco nos
resultados de um projeto:
Indicadores
Em projetos sociais, indicadores
• Resultado primário: indicadores que permitem avaliar o principal obje- são parâmetros qualificados e/
tivo do projeto. ou quantificados que servem
para detalhar em que medida os
objetivos de um projeto foram
alcançados, dentro de um prazo
• Resultados de processo: indicadores que mostram a eficácia dos me- delimitado de tempo e numa
canismos de execução do projeto, com impacto direto no resultado pri- localidade específica. Como o
próprio nome sugere, é uma
mário. espécie de “marca” ou sinaliza-
dor, que busca expressar algum
aspecto da realidade sob uma
• Resultados sociais indiretos: indicadores que demonstrem possíveis forma que possamos observá-
lo ou mensurá-lo. A primeira
proveitos indiretos, com potencialidade transformadora, sem, contudo decorrência desta afirmação é,
estar necessariamente vinculado ao resultado primário. justamente, que eles indicam,
mas não são a própria realidade
(VALARELLI, 2015).
• Indicadores de sustentabilidade: indicadores que apontem o grau de
independência do projeto em relação aos seus gestores e/ou patrocina-
dores.

Aula 28 – Avaliando a ação educativa 187 e-Tec Brasil


A Kellogg Foundation Handbook tem como foco os componentes que
guiam a finalidade do projeto e envolve, cada um, em um aspecto diferente
do projeto, de acordo com Assumpção e Campos (2011):

• Avaliação do contexto: identificar as necessidades e potencialidades


de uma comunidade alvo para esquematizar intervenções significativas
e concretas contextualizadas àquela comunidade, discernir a ambiente
político, econômico e social da comunidade envolvida, de forma a au-
mentar a perspectiva de que as intervenções propostas sejam aceitas e
efetivadas pelos líderes locais.

• Avaliação da implementação: trata-se de uma avaliação continuada,


constante que levanta dados sobre o que ocorre e por que. Inclui a con-
tínua adequação do plano inicial, de maneira a levar em consideração as
condições locais, a dinâmica organizacional e as dúvidas programáticas.
Os dados devem ser continuamente considerados e ações de correção
adotadas para garantir que se atinjam os resultados esperados.

• Avaliação de resultados: busca focalizar os resultados objetivos de cur-


to e longo prazo do projeto. Como normalmente os projetos apresentam
resultados nem sempre antevistos na ideia original, e devido ao empenho
na prevenção ser difícil em um espaço de comunidade, onde se atua em
projetos sociais, e difíceis de medir, necessita-se ser flexível ao realizar
uma avaliação de resultados.

Algumas perguntas podem servir para nortear a avaliação de um projeto


educativo na comunidade. Por exemplo:

O objetivo geral do projeto está sendo alcançado?

Os resultados do projeto estão sendo atingidos?

Solucionamos ou diminuímos o problema?

Pode-se também fazer perguntas mais específicas, como por exemplo:

Os moradores da comunidade estão utilizando o conhecimento e as orienta-


ções oferecidos? Como é possível notar?

É possível observar a adoção de novos comportamentos?

e-Tec Brasil 188 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Diminuiu o número de consultas médicas de crianças com menos de um ano
de idade, devido à desidratação?

A trajetória de cada grupo e região pode apontar a importância de se va-


lorizar pequenas mudanças – que nada significariam em outras situações
–, mas que, naquele contexto particular, assumem outra proporção e sig-
nificado (VALARELLI, 2015).

Assim, concluímos que a avaliação é um item fundamental para a boa exe-


cução de um projeto, seja ele de que âmbito for. É ela que permite à equipe
autora e executora do projeto verificar em distintos momentos como está se
desenvolvendo o projeto e se os objetivos propostos estão sendo alcançados
com êxito, ou se há necessidade de mudanças na rota ou nas estratégias de
ação. Por isso, essa etapa deve ser realizada com muito critério e seriedade,
pois dela dependerá o sucesso ao final da execução do projeto.

Resumo
Nesta aula, você conheceu o que é avaliação, no âmbito de um projeto
educativo, compreendeu sua importância para um projeto bem-sucedido.
Também teve acesso aos tipos de avaliação existentes, a partir de diferentes
focos, como por exemplo: o momento, os resultados e os aspectos de cada
projeto. Além disso, pode ter ideia de algumas perguntas que podem ser
feitas a fim de verificar o andamento do projeto.

Atividade de aprendizagem
1. Utilizando-se do quadro modelo apresentado na aula passada, onde você
viu como organizar seu plano de ação, planeje uma estratégia de ação,
com seu respectivo objetivo específico e elabore uma pergunta que lhe
permita fazer uma avaliação de processo, para verificar o seu resultado
imediato.

Aula 28 – Avaliando a ação educativa 189 e-Tec Brasil


Aula 29 – Modelos de projetos educativos

Nesta aula, você conhecerá alguns projetos educativos em saú-


de desenvolvidos no Brasil, por diversos profissionais, entidades
e visando públicos variados. O objetivo é que você, além de co-
nhecer, observe como cada um deles apresenta os componentes
do projeto e a forma como propõem a proposta pedagógica ou
o plano de ação.

Figura 29.1: Ideias


Fonte: © Designed by Freepik.com

Quando acessamos a internet e fazemos uma busca sobre projetos educa-


tivos em saúde, ficamos admirados com a quantidade de iniciativas encon-
tradas nas mais diversas regiões do Brasil, voltados também para uma gama
de temas diferentes! E nos perguntamos: “será que todos tiveram êxito?”,
“qual foi o progresso decorrente da execução desses projetos?”. Nesta aula,
você conhecerá cinco desses projetos e como eles detalharam suas ações.

29.1 Projeto "Sem saúde não há vida"


Introdução: Em se tratando de educar para higiene corporal, há de se bus-
car uma prática participativa de modo que as orientações para os alunos
sejam coerentes com a linguagem do próprio corpo.

191 e-Tec Brasil


A presença do educador com uma nova visão se torna imprescindível e fun-
damental, pois é preciso que o "saber" seja extensivo a todos, é preciso fa-
cilitar para que o aluno se aproprie do conhecimento científico a respeito do
próprio corpo, sobre as condições de vida da população e sobre sua impor-
tância de colocar em prática certos hábitos que contribuirão decisivamente
no cuidado com o corpo.

Quando o aluno percebe que estes hábitos o ajudam a viver melhor, sem dú-
vida alguma, ele estará motivado a colocá-los em prática com regularidade.
Isso faz com que o educador seja o mediador entre aluno/família, renovando
e incentivando o interesse em se praticar corretamente os hábitos de higiene.

Muitas vezes, nós, educadores, percebemos certo desconforto em nossos


alunos, provocando até mesmo um baixo índice de rendimento escolar. É nes-
te momento que devemos esclarecer e estimular os alunos, propondo uma
tomada de consciência no que diz à saúde, à limpeza corporal, à postura,
etc. Ser saudável é também estabelecer bons hábitos e compreender que
o nosso corpo merece um carinho especial, e que esse tratamento nos traz
benefícios.

Apresentação: O presente projeto implantado em Patrocínio, MG, através


da Escola Municipal Maria Isabel de Queiroz (CAIC), apresenta uma proposta
enriquecedora, planejada e interdisciplinar que deverá ser trabalhada no ano
de 2001, buscando a integração da Escola e Família, no sentido da conscien-
tização dos hábitos de higiene.

Justificativa: O projeto "Sem saúde não há vida", é uma proposta que


possibilita e garante uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitu-
des e hábitos de vida. Ao educar para a saúde e para a higiene, de forma
contextualizada e sistemática, toda a equipe contribui de forma decisiva na
formação de cidadãos capazes de atuar em favor da melhoria dos níveis de
saúde pessoal e da coletividade.

Tratar de higiene e saúde tem sido um desafio para a educação, no que se


refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transforma-
dora de atitudes e hábitos.

As experiências mostram que transmitir informações a respeito do funciona-


mento do corpo e descrição das características das doenças, bem como um
elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos desenvol-

e-Tec Brasil 192 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


vam atitudes de vida saudável. É preciso educar para a saúde, levando em
conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que
acontecem no dia a dia da escola.

Objetivo geral: O objetivo principal do projeto "Sem saúde não há vida"


é conscientizar os alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los para a busca
permanente da compreensão de seus determinantes e capacitá-los para a
utilização de medidas prática de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Objetivos específicos: Levar o aluno a perceber a necessidade de adquirir


bons hábitos de higiene; Identificar doenças causadas por falta de higiene;
discutir as formas de higiene corporal, bucal, etc.; estimular para a prática
correta de tomar banho, cortar as unha e cabelos; adotar hábitos de auto-
cuidado, respeitando as possibilidades e limites do próprio corpo.

Desenvolvimento da proposta pedagógica:

Metodologia: Eis aqui algumas informações que facilitarão o trabalho reali-


zado com os alunos. São informações variadas, enfocando sempre a prática
da higiene corporal. Vale lembrar que, nós, educadores, somos o exemplo
vivo para os alunos, portanto, assim como orientá-los, devemos praticar cor-
retamente as normas de higiene.

a) Banho: A pele tem milhões de glândulas especiais que produzem suor,


e outras que produzem uma substância parecida com o sebo. A falta de
banho provoca o acúmulo gradativo dessas substâncias, que se somam
às sujeiras exteriores (poeiras, terra, areia, etc.). A consequência é o apa-
recimento de assaduras, além do odor (mau cheiro) desagradável, e o
risco de aparecimento de piolhos e sarna. Frisar a importância do banho
diário em países de clima quente, como no nosso, e destacar o banho
de chuveiro, que é mais higiênico. De acordo com as necessidades locais,
ensinar a fazer um chuveiro de lata. Sugestões: Realize na sala de aula a
"Feira do banho", trazendo todos os objetos envolvidos na higiene cor-
poral; monte-os num pequeno balcão e esta exposição poderá ser usada
toda vez que o assunto permitir.

b) Unhas: Cortar as unhas e mantê-las sempre limpas são medidas impor-


tantes para prevenir certas doenças. Quando a pessoa coloca a mão na
boca, a sujeira armazenada debaixo das unhas pode dar origem a ver-

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 193 e-Tec Brasil


minose e outras doenças intestinais. Além disso, valorizar os aspectos
estéticos relacionados à beleza das unhas. E procurar eliminar o hábito
de roer unhas.

c) Vestuário: O corpo humano regula, automaticamente, sua temperatura


quando exposto ao frio ou calor. Entretanto, quando há exposição aos
excessos de temperatura, podem surgir alterações no organismo. Mostre
que o vestuário é importante na manutenção da temperatura corporal.
Sugestões: Utilize cartazes ou murais para mostrar hábitos de vestuários
do Brasil e de outros países, sob as mais diferentes condições climáticas;
mostre a importância do sol na higiene da roupa; destaque a necessidade
de se usar roupas sempre limpas, e de ter um lugar para guardar roupas
sujas; mostre a necessidade de andar calçado. Se os pés não estiverem
protegidos, correm o risco de sofrer muitas agressões ou machucados,
por pregos, espinhos, pedras, etc. Além disso, os pés descalços são por-
tas abertas às verminoses (amarelão, lombriga, solitária) e outras doen-
ças, como o tétano.

d) Dentes: Existe uma íntima relação entre dentes bem cuidados e boa
saúde. A pessoa com dentes estragados não mastiga direito; a qualquer
momento pode sofrer violentas dores; e existe sempre o perigo de doen-
ças muito sérias, como reumatismo infeccioso, que pode ter nos dentes
podres a sua origem. Mostre ao aluno que a cárie é o resultado da ação
dos micróbios sobre restos de alimentos retidos entre os dentes. Portan-
to, a limpeza correta dos dentes impede a formação das cáries. É impor-
tante mostrar aos alunos que os dentes de leite devem ser cuidados da
mesma forma que os dentes permanentes. Essa importância decorre não
só da necessidade de se criarem bons hábitos higiênicos, mas também do
fato de que o dente de leite estragado pode afetar o organismo, inclusive
prejudicando os novos dentes que virão. Destaque os fatores estéticos e
emocionais relacionados com os bons dentes: a beleza de um sorriso; o
mal-estar causado a si e aos outros pelo mau hálito.

e) Cabelos: Devem ser cortados habitualmente. E lavados com xampu ou


sabão diariamente, ou então, duas vezes por semana. Destacar os fatores
estéticos relacionados com cabelos limpos, cheirosos e bem cortados.
Mostrar os riscos de cabelos grandes e sujos, que facilitam a proliferação
de piolhos.

f) Questionamentos: Levar o aluno a refletir e questionar sobre suas ati-


tudes higiênicas:

e-Tec Brasil 194 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


O que posso fazer para conservar meu corpo limpo?

Que cuidados devo ter com meus cabelos, unhas e dentes?

Qual a melhor maneira de limpar as orelhas?

Como devo conservar os meus pés? Por quê?

Como devem estar as roupas que uso par ir à escola?

Que roupas devo usar para dormir? E para passear?

Como devem ser as roupas nos dias de frio e calor?

O professor deve também estar atento a toda e qualquer modificação no


estado geral de seus alunos, pois, alteração na temperatura do corpo, dor
de garganta, palidez, dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreias, podem ser
sinais e sintomas de doenças transmissíveis.

Referências teóricas: O referido projeto tem uma linha ampla de pesqui-


sa e inspira-se em vários teóricos.

Estrutura de apoio: A execução do projeto terá a colaboração de toda a


equipe pedagógica, pais, alunos e toda a comunidade.

Integração com a comunidade: Deve-se contar com a participação de


todos que estão inseridos no processo, com a ajuda da Secretaria Munici-
pal de Saúde, Postos de Saúde, com a realização de palestras, exibição de
filmes, debates, entrevistas, etc.

Procedimentos: Quanto ao funcionamento: A proposta será desenvol-


vida a todos os alunos do 1º ciclo, sem duração predefinida, através de
atividades interdisciplinares.

Recursos humanos: Professores, orientadores, supervisores, estagiários,


alunos e voluntários.

Recursos materiais: Jornais, painéis, revistas, murais, apostilas, material


didático-pedagógico, cartolinas, pincéis, etc.

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 195 e-Tec Brasil


Clientela: alunos da Escola Municipal Maria Isabel de Queiroz (CAIC), das
classes iniciais (1º ciclo).

Organização das turmas: Será organizado de acordo com o número de


alunos de cada turma.

Avaliação do rendimento: Percebendo que a higiene corporal é de suma


importância, portanto, através desse projeto, queremos que nossos alunos
sejam beneficiados, orientados e alertados da necessidade do cuidado do
corpo como um todo. É um assunto abrangente, e faz-se necessário um
trabalho contínuo, sempre voltado para o fator limpeza. Na oportunidade,
queremos também que todos os alunos se informem das várias formas de
higiene em casa, na escola, no local de estudo e trabalho. A proposta é
mostrar ao aluno que seu corpo "é fonte de vida" e que merece carinho
e cuidados especiais.

Forma ou expressão dos resultados: Todos os resultados e avaliações


serão feitas através de: relatórios, apostilas, gráficos, etc.

Acompanhamento e avaliação do projeto: Será feito através de es-


tudos, reuniões com a participação efetiva de todos os participantes e
voluntários.

Deila Magda Ferreira - Supervisora e Orientadora Educacional.

Fonte: http://www.educacional.com.br/projetos/ef5a8/semsaude/defaut.asp

29.2 Projeto “Ação de saúde” (Feiras de


saúde em Ubá, MG)
Objetivo: Este projeto tem como objetivo aproximar da realidade dos indiví-
duos realizando verdadeiras campanhas de prevenção e diagnóstico precoce
de doenças nos bairros em que eles se inserem. Além disso, visa orientar
as comunidades sobre temas na área de saúde; estimular a participação do
indivíduo no cuidado com a saúde, sobretudo a prevenção; verificar a pre-
sença de alguns fatores de risco para doenças consideradas problema de
saúde pública, como glaucoma, aterosclerose, diabetes, obesidade e suas
complicações.

e-Tec Brasil 196 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Metodologia: As feiras serão realizadas em diversos bairros da cidade de
Ubá, através da ação conjunta de estagiários do PROPLAMED e parceiros
deste projeto. Esses locais serão previamente selecionados e as respectivas
comunidades serão informadas sobre o evento, que atuará na prevenção
de glaucoma, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, além de ofe-
recer lazer para as crianças e lanche para os dois participantes. A atuação
do PROPLAMED será através de palestras informativas sobre diversos temas
na área de saúde, com enfoque em prevenção de doenças, hábitos de vida
saudáveis, uso adequado de fitoterápicos, terapias não convencionais, uso
e abuso de drogas, sexualidade e saúde bucal. Haverá oportunidades para
tira-dúvidas, esclarecimentos e distribuição de panfletos para os participan-
tes. Os estagiários, devidamente treinados, irão medir, nos indivíduos inte-
ressados, o índice glicêmico, calcularão o IMC e aferirão a pressão arterial
sistêmica, cujos resultados poderão ser divulgados para a população geral
através de projetos de pesquisa, desenvolvidos posteriormente, sobre os te-
mas abordados. Além disso, tais resultados serão instantaneamente infor-
mados aos voluntários com a respectiva orientação sobre sua conduta no
sentido de prevenir possíveis complicações para sua saúde e de procurar um
atendimento médico em seu bairro.

Programação

Atividades: aferição de pressão arterial; avaliação do IMC; teste de glicemia;


orientações para a prevenção de doenças; palestras educativas; distribuição
de preservativos e panfletos educativos; orientações a respeito de plantas
medicinais e fitoterápicas; orientações na clínica odontológica: aplicação de
flúor, higiene bucal correta.

Todas as atividades serão realizadas concomitantemente pelos acadêmicos


de diversos cursos da área de saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), englobando enfermagem, farmácia, fisioterapia, medicina e odon-
tologia, sob a orientação do Professor Dr. João Batista Picinini Teixeira do
departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF.

Os trabalhos prestados pelos acadêmicos nesta feira são abertos a toda a


população da cidade de Ubá, e em especial aos moradores do bairro Pires
da Luz, sendo desenvolvido em uma área aberta, segura, coberta e central,
a fim de garantir segurança e fácil acesso dos moradores.

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 197 e-Tec Brasil


Acadêmicos responsáveis: Para a realização desta feira de saúde conta-
mos com o apoio e presença de 21 acadêmicos de enfermagem, farmácia,
fisioterapia, medicina e odontologia.

Fonte: <http://www.ufjf.br/proplamed/files/2010/08/Relat%C3%B3rio
-Feira-De-Sa%C3%BAde-de-Ub%C3%A1.pdf>

29.4 Projeto “Saúde e qualidade de vida


do idoso”
Resumo: Este projeto tem o foco socioeducativo para a população idosa,
pois trabalha dois aspectos principais: a informação e a socialização, tendo
como objetivo a promoção da saúde e o aumento da qualidade de vida.

Introdução: Nota-se nitidamente um crescimento do número de idosos no


país, que nem sempre é atrelado à valorização da pessoa idosa. Muitas vezes
o processo de envelhecimento é precarizado com o afastamento do convívio
familiar, social e a diminuição da qualidade de vida.

Justificativa: Além de atender aos objetivos da Fraternidade Feminina Cru-


zeiro do Sul no Estado de São Paulo que aponta a promoção de atividades
de assistência ao idoso, é imprescindível o desenvolvimento de ações para
esta faixa etária, principalmente devido à ausência de redes sociais de apoio
e, consequentemente, com a falta de acesso a informações sobre saúde,
formas de prevenção e cuidado. Dessa forma pretendemos, ainda, atuar em
consonância com a 1ª meta do milênio que aborda a questão da inclusão
social das pessoas idosas ou com deficiências.

Objetivo geral: Desenvolver ações socioeducativas com idosos, focando as


temáticas saúde e qualidade de vida que contribuam para o envelhecimento
ativo e saudável.

Objetivos específicos: Passar informações para os idosos sobre algumas


atitudes para prevenção em saúde e qualidade de vida (como a importância
das atividades físicas, dicas para prevenção de quedas, etc.), incentivar o
cuidado da saúde, e promover espaço de lazer e socialização.

Metodologia:

–– Vamos estabelecer parceria com organização social que abriga idosos


abandonados, localizado na Zona Sul de São Paulo – "Lar de Idosos

e-Tec Brasil 198 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Vivência Feliz" – para a realização do projeto, desenvolvendo ações
socioeducativas com os idosos, por meio de encontros bimestrais.
–– Utilizaremos informações públicas disponíveis em sites governamen-
tais e orientações específicas disponibilizadas por instituições afins
que contenham todas as informações necessárias para o atendimento
dos objetivos do projeto e que possam ser distribuídas aos participan-
tes para fixação de conceitos e consultas posteriores.
–– Vamos construir, junto com o grupo, estratégias para melhorar a qua-
lidade de vida, identificando rede de serviços na própria comunidade
e possíveis mudanças de atitudes, através de rodadas de conversa e
também realizando passeios para locais de interesse.
–– Organizar mostra de filmes que abordam a temática "envelhecimen-
to", para servir de instrumento de reflexão e debate.
Meta: Em um ano, melhorar a qualidade de vida dos idosos participantes,
tendo como indicador a avaliação dos participantes no final do projeto.

Instituição acolhida para parceira: <www.vivenciafeliz.org.br>

Idealizado pela Fraternidade Feminina Humanistas.

Fonte: <http://frafem.gosp.org.br/index.php/canais-de-comunicacao/
bolsao-de-projetos/35-projetos-frafem/projetos-unidades/286-proje-
to-saude-e-qualidade-de-vida-do-idoso>

29.5 Projeto “Mulher, saúde e bem-estar”


Objetivo: Realizar ação pontual e interdisciplinar com a comunidade do Par-
que Bela Vista de Brotas através de abordagem sobre a promoção da saúde
de mulher, com recorte da temática de prevenção e combate a qualquer
tipo de violência contra a mulher através de discussão sobre a temática e
mobilização da sociedade para a articulação de políticas de enfrentamento
da violência contra a mulher.

Justificativa: Segundo o quarto capítulo do relatório sobre o peso mundial


da violência armada, intitulado “Quando a vítima é uma mulher”, publica-
do em 2011 na Suíça, os homicídios femininos geralmente acontecem na
esfera doméstica. Cerca de 68,8% dos atendimentos a mulheres vítimas de
violência, a agressão aconteceu na residência da vítima e em pouco menos
da metade dos casos, o perpetrador é o parceiro ou ex-parceiro da mulher.

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 199 e-Tec Brasil


No Brasil, 42,5% do total de agressões contra a mulher enquadram-se nessa
situação [...].

Objetivo geral: Desenvolver ação interdisciplinar que contribua para a pro-


moção da saúde e bem-estar da mulher e prevenção às formas de violência
feminina envolvendo os cursos de serviço social, nutrição, fisioterapia, enfer-
magem e direito.

Objetivos específicos: Refletir e discutir sobre os tipos de violência contra


a mulher e as formas de prevenção e enfrentamento; informar sobre as re-
des de proteção e atenção à mulher vítima de violência; ampliar acesso da
comunidade aos serviços ofertados gratuitamente pelo Núcleo Integrado de
Saúde (NIS) e pelo Núcleo de Mediação de Prática Jurídica (NMPJ); estimular
a adoção de hábitos saudáveis que impulsionem a autoestima das mulheres
da comunidade do Parque Bela Vista de Brotas; promover integração entre
as áreas do NIS; fortalecer vínculos e aproximar a Faculdade São Salvador e a
comunidade do Parque Bela Vista de Brotas; construir coletivamente conhe-
cimento e aprendizado discente a partir da prática profissional supervisiona-
da pelos preceptores dos cursos envolvidos no projeto.

Metodologia: O desenvolvimento da ação proposta pelo presente projeto


prevê a participação integrada dos discentes dos cursos integrantes do NIS
(serviço social, nutrição, enfermagem e fisioterapia) e do NMPJ sob supervi-
são direta de seus respectivos supervisores, profissionais das áreas com vistas
a estimular e direcionar a reflexão e articulação teoria e prática, bem como
orientar na escolha e utilização dos instrumentos técnicos interventivos, pro-
fissionais adequados e inerentes à atuação profissional. A temática central
da abordagem é “Mulher, saúde e bem estar”, abrangendo a reflexão sobre
as variadas formas de violência contra a mulher e a importância da promo-
ção e prevenção à saúde e do bem-estar feminino. A divulgação do evento
ficará sob a responsabilidade do serviço social do NIS em parceria com a lide-
rança comunitária através de visitas à comunidade, distribuição de panfletos
e afixação de cartazes. O início das atividades se dará com a exibição do
vídeo “Mulheres e Direitos” que aborda a evolução da condição feminina,
além de valorizar a contribuição da Lei Maria da Penha e da rede de serviços
de atendimento às mulheres em situação de violência.

Em seguida, haverá abordagem da temática “Tipos de violência feminina


e redes de atendimento à mulher vítima de violência” que será ministrada
por representante do Centro de Referência Loreta Valadares (CRLV), unida-

e-Tec Brasil 200 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


de vinculada à Superintendência Especial de Políticas para as Mulheres da
Prefeitura de Salvador, que presta serviço público e gratuito de prevenção a
atendimento psicológico, social e jurídico a mulheres que sofrem violência.

Após a explanação do CRLV, o curso de direito, através do representante de


seu Núcleo de Mediação de Prática Jurídica, abordará a Lei Maria da Penha.
O primeiro momento da atividade será encerrado com uma pausa para co-
ffee break. O retorno das atividades se dará com a abordagem sobre “Os
cuidados com a pele” proferida pelo curso de fisioterapia.

O curso de enfermagem dará seguimento à atividade com a abordagem


sobre “Planejamento familiar” com foco para a prevenção de doenças se-
xualmente transmissíveis, com a distribuição de preservativos aos presentes.

O curso de nutrição abordará a temática “Os cuidados alimentares para saú-


de da mulher destacando os nutrientes/alimentos importantes na menopau-
sa e na tensão pré-menstrual”.

A finalização da atividade será realizada pelo Serviço Social trazendo à refle-


xão a importância da prevenção e discussão da temática da violência femi-
nina, e a necessidade de estimular e desenvolver sua autoestima a partir da
realização de dinâmica de grupo, e a distribuição de folders contendo infor-
mações acerca das redes e serviços de atendimento às vitimas de violência, e
dicas de saúde para melhoria e condição de vida e saúde da mulher.

Recursos necessários: • Sequilho 2 kg R$44,00 • Suco 10 caixas R$50,00


• Café 2 jarras R$5,00 • Água mineral 50 copos R$50,00 • Açúcar 500g
R$2,00 • Copo descartável 100 unidades R$5,00 • Guardanapo 100 unida-
des R$2,00 TOTAL R$154,00

Infraestrutura: • Sala 001 prédio de saúde da Faculdade São Salvador –


período das 13h30 às 18h00 • 70 cadeiras • 02 mesas • 02 microfones • 01
amplificador • 01 computador com leitor wmv • 01 datashow • 01 sistema
de áudio para exibição de vídeo • 04 folhas de papel metro • 02 rolos de fita
adesiva Faculdade São Salvador Núcleo Integrado de Saúde Serviço Social •
100 folders para divulgação do evento • 20 cartazes de divulgação Faculda-
de São Salvador Núcleo Integrado de Saúde Serviço Social

Programação "Mulher, saúde e bem-estar": Data: 04/06/13 Local: Auditó-


rio da Faculdade São Salvador Horário: 14h00min às 17h30min Atividades:

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 201 e-Tec Brasil


14h00min Abertura do Projeto Mulher, saúde e bem-estar Condução: Servi-
ço Social • Acolhimento dos participantes • Apresentação da atividade pro-
posta e objetivos 14h05min - Exibição do vídeo – Campanha “Mulheres e Di-
reitos" - Condução: Serviço Social 14h10min – Palestra: “Tipos de violência
feminina e redes de atendimento à mulher vítima de violência” – Condução:
representante Gerência de Articulação Interinstitucional – SPM 14h40min
– Abordagem sobre Lei Maria da Penha/Núcleo de Atendimento Jurídico –
Condução: Direito 15h10min - Coffee break 15h20min - “Cuidados com
a pele” – Condução: Fisioterapia 15h50min – “Planejamento Familiar” –
Condução: Enfermagem 16h20min – “Os cuidados alimentares para saúde
da mulher destacando os nutrientes/alimentos importantes na menopausa
e na tensão pré-menstrual” – Condução: Nutrição 16h50min - Dinâmica de
Grupo - Condução: Serviço Social 17h30min - Encerramento Faculdade São
Salvador Núcleo Integrado de Saúde Serviço Social

Conclusão: A realização do projeto “Mulher, saúde e bem-estar” contribuiu


para reflexão sobre a violência contra a mulher e suas formas de enfrenta-
mento, bem como para a promoção à saúde e bem-estar, em especial das
mulheres da comunidade do Parque Bela Vista Brotas, conforme previsto no
artigo 4º do regimento interno do NIS “prestar serviço de relevância para
melhoria da qualidade de vida dos moradores da comunidade Parque Bela
Vista Brotas, usuários do serviço, por meio de ações de promoção, preven-
ção e reabilitação da saúde”. Esta atividade também contribuiu para a am-
pliação da divulgação dos serviços ofertados gratuitamente pelo NIS, e na
busca ativa de usuários dos serviços ofertados pelos núcleos de saúde e de
mediação de prática jurídica.

Ao final desta aula concluímos que há uma diversidade de projetos edu-


cativos sendo desenvolvidos no Brasil, por organizações e profissionais de
diferentes áreas, porém todos voltados à promoção da saúde e prevenção
de doenças, com poucas variações em termos de organização do desenvol-
vimento das ações a serem executadas.

Resumo
Nesta aula, você teve acesso a cinco projetos educativos em saúde, desenvol-
vidos em diversas regiões do Brasil e com focos em públicos-alvo diferentes,
mas todos visando à promoção da saúde e a prevenção de doenças, e pôde
observar como os componentes foram detalhados e como cada proponente
organizou a forma de execução de seu plano de ação.

e-Tec Brasil 202 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Atividade de aprendizagem
1. Após ter lido os cinco projetos, liste os elementos utilizados por cada um
deles, compare com o roteiro que você conheceu e destaque os aspectos
da execução dos projetos, que, por ventura, não tenham ficado claros
para você, ou seja, que precisariam ser mais bem detalhados.

Anotações

Aula 29 – Modelos de projetos educativos 203 e-Tec Brasil


Aula 30 – Produzindo o relatório final

O objetivo desta aula é que você aprenda como se realiza a últi-


ma etapa de um bom projeto educativo e compreenda a impor-
tância da elaboração do relatório final. Você também conhecerá
uma sugestão de roteiro para o relatório final e algumas pergun-
tas que o auxiliarão a escrevê-lo.

Figura 30.1: Relatório


Fonte: © Designed by Freepik.com

Estamos chegando ao final da disciplina 'Desenvolvendo Projetos Educativos


na Comunidade', e também a parte final de como construir esses projetos!
E, não existe nada melhor do que, no fim de uma meta traçada fazermos
uma análise e verificarmos que alcançamos nossos objetivos, restando-nos
agora apenas relatar como tudo aconteceu!

Relatar? Talvez você tenha pensado que ao final do processo de avaliação


seu trabalho já tivesse terminado. Não! É preciso fazer um relatório, uma
descrição, enfim, uma exposição escrita de como foi o processo do início ao
fim, inclusive mencionando as limitações e os obstáculos encontrados no
caminho!

Um relatório final de projeto educativo consiste na apresentação escrita na


qual se contam acontecimentos, experiências vividas e observadas, mediante
a execução do projeto ou se relata a implementação de práticas, serviços

205 e-Tec Brasil


e intervenções, bem como seus resultados. Normalmente é complementa-
do por documentos demonstrativos tais como tabelas, gráficos, fotos, etc.
(UNESP, 2015).

A elaboração de relatórios deve servir, em primeiro lugar, ao próprio projeto:


como retrospectiva das transformações e mudanças positivas e negativas
que advieram da implementação do projeto; como resultado da sua execu-
ção, em comparação com o que foi planejado inicialmente e o que se con-
seguiu realizar; como ocasião para se refletir sobre o que isso significa para
o futuro trabalho (MISEREOR, 2011).

30.1 Roteiro para a elaboração do


relatório final
Na construção do relatório final de seu projeto educativo, existem algumas
informações que não podem faltar. Como por exemplo:

• Nome dos proponentes: nome dos autores do projeto.

• Local: nome da instituição em que o projeto foi realizado.

• Público-alvo: a quem se destinou o projeto de intervenção? (a que grupo


ou indivíduos da comunidade).

• Período de execução: data ou o período em que foram concretizadas as


atividades propostas no projeto.

• Objetivos do projeto: descrever quais foram os objetivos ou a finalidade


do projeto.

• Justificativa: justificar a importância social do projeto.

• Método: detalhar o que foi feito, quantas pessoas foram alcançadas e


quais os critérios para avaliação dos resultados.

• Descrição dos resultados obtidos com a execução do projeto: descrever


quais os resultados alcançados, avaliando a prática com relação aos ob-
jetivos propostos, bem como fazer uma análise crítica desses resultados.
Eles podem ser apresentados em forma de tabelas ou gráficos, sendo
numerados sequencialmente.

e-Tec Brasil 206 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


• Considerações finais: esse item deve ter um cunho mais pessoal e ser
escrito de forma individual. Delinear como foi realizar o trabalho e sua
impressão sobre os resultados conseguidos.

• Referências: listar as referências utilizadas.

A Misereor (www.misereor.org), organização que trabalha com projetos


sociais, apresenta em seu “Guia para a elaboração dos relatórios sobre o
projeto” (2011, p. 2-3), alguns itens e perguntas que podem auxiliar você
a destacar pontos importantes da execução do seu projeto educativo, no
momento em que estiver escrevendo o relatório final. São eles:

a) Breve descrição de como o relatório foi elaborado. Quem participou na


elaboração do relatório? Em que fontes baseiam as informações contidas
no relatório?

b) Mudanças importantes no contexto do projeto:

• Houve mudanças significativas - positivas ou negativas - a nível político,


econômico ou social que tenham influenciado o projeto ou a situação de
vida do grupo beneficiário durante o período em referência? Caso sim,
quais?

• Caso sim, como estas mudanças influenciaram a realização do projeto e


o alcance dos seus objetivos?

c) Alcance do(s) objetivo(s) do projeto:

• Em que medida os objetivos do projeto, quer dizer os efeitos diretos


intencionados, foram alcançados? Mencione cada objetivo específico do
projeto e especifique em que medida foi alcançado.

d) Serviços:

• Que serviços foram proporcionados ao grupo beneficiário pelo projeto?

e) Atividades realizadas:

• Que atividades essenciais foram realizadas?

• Houve divergências entre o planejado e o executado?

Aula 30 – Produzindo o relatório final 207 e-Tec Brasil


f) Outros efeitos e riscos:

• Em que medida o projeto produziu outros efeitos, esperados ou não?


Como você reagiu a estes efeitos?

g) Avaliação:

• Foi realizada (na fase corrente do projeto) uma autoavaliação ou uma


avaliação por pessoas externas? Caso sim: quais foram os resultados e
conclusões?

h) Lições aprendidas:

• Que experiências e conhecimentos importantes resultaram do projeto até


agora?

• Conhecimentos:

• Que conhecimentos importantes o projeto tem trazido até agora para o


grupo beneficiário?

• Que conhecimentos importantes o projeto tem trazido até agora para a


sua unidade de saúde?

• Como qualifica atualmente o grau de alcance dos objetivos do projeto?

• Planeja alterar a sua metodologia? Caso sim, como?

i) Relevância :

• Em que medida os efeitos do projeto são importantes para o grupo be-


neficiário, do ponto de vista atual?

j) Eficácia:

• O projeto alcançou os objetivos propostos? Caso não, por quê?

k) Outros efeitos:

• Que outros efeitos, previstos ou não previstos, positivos ou negativos


foram observados?

e-Tec Brasil 208 Desenvolvimento de Projeto Educativo na Comunidade


Concluímos, ao final desta aula, que para fecharmos o projeto com "chave de
ouro” é preciso que elaboremos um bom relatório final, pois ele permitirá que,
tanto a comunidade quanto a Unidade de Saúde e demais envolvidos com a
sua execução tomem conhecimento de como ocorreu todo o processo, além
de refletir o grau de transparência e compromisso com todos os envolvidos.

Resumo
Nesta aula, você aprendeu como se dá a última etapa de um bom projeto
educativo. Entendeu a importância da elaboração de um relatório final, que
permite, além de prestar contas aos envolvidos direta ou indiretamente nele,
serve para que se faça uma retrospectiva das transformações e mudanças
positivas e negativas, para expor os resultados obtidos, e para refletir sobre o
que isso significa para o futuro trabalho. Você também pode conhecer uma
sugestão de roteiro para o relatório final e algumas perguntas que podem
norteá-lo.

Atividade de aprendizagem
1. Você acabou de executar um projeto educativo na sua comunidade, que
tinha como tema a redução da obesidade em crianças de até 10 anos de
idade. Agora você precisa escrever o relatório final. Usando a sua imagi-
nação, responda cada item do roteiro apresentado nessa aula:

–– Nome dos proponentes

–– Local

–– Público-alvo

–– Período de execução

–– Objetivos do projeto

–– Justificativa

–– Método

–– Descrição dos resultados obtidos com a execução do projeto

–– Considerações finais

–– Referências

Aula 30 – Produzindo o relatório final 209 e-Tec Brasil


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Referências 219 e-Tec Brasil


Currículo dos professores-autores

Margarete Gonçalves Macedo de Carvalho

Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal da Fronteira Sul


(UFFS). Especialista em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares (Faculdades
Integradas de Lages) e em Mídias na Educação Universidade Federal do Rio
Grande. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Ca-
tarina (UDESC). Atua como Técnica em Assuntos Educacionais, na Coorde-
nadoria Pedagógica do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Campus
São Miguel do Oeste.

Vania Carla Camargo

Enfermeira. Mestre em Tecnologias em Saúde pela Pontifícia Universidade


Católica do Paraná. Docente do Instituto Federal do Paraná. Atualmente é
Coordenadora do Ensino Técnico EaD da Diretoria de Educação a Distância
do IFPR. Tem experiência na área de Enfermagem com ênfase em Saúde
Coletiva, Terapia Intensiva e em Educação na área de docência em cursos
técnicos, de graduação e pós-graduação.

Edilomar Leonart

Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná


(1986) e mestrado em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enferma-
gem de Ribeirão Preto - USP (2004). Atualmente é professora efetiva do
Instituto Federal do Paraná e Diretora Geral do Campus Colombo/IFPR. Tem
experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Médico-
-Cirúrgica, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, enfer-
magem, e assistência e administração.

221 e-Tec Brasil

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