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SUMÁRIO
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5.6 Mistura homogênea e heterogênea .............................................................. 59
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1 A QUÍMICA NO ENSINO FUNDAMENTAL PARA FORMAR CIDADÃOS
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Fonte: Adaptado de Santos e Schnetzler (2003).
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Fonte: Souza et al. (2011)
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1.3 Como trabalhar a química cidadã no ensino fundamental
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Outra preocupação é superar a fragmentação com que vêm sendo tratados os
conteúdos das Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental (3º e 4º ciclos), uma
vez que alguns professores trabalham o conteúdo de Química isoladamente no último
ano. Durante os anos que antecedem o 9º ano, conteúdos como ar, água, ser vivo,
alimentação, transformações, fenômenos, entre outros, são abordados no ensino de
Ciências. Mas esses temas não são assuntos de Química? Por que o conhecimento
químico é abordado apenas em um semestre no último ano do Ensino Fundamental?
Assim, é interessante que o conhecimento químico permeie toda a área de Ciências.
Para isso, o professor pode evidenciar exemplos da Química em vários temas do
ensino de Ciências, como na apresentação da reação da fotossíntese, da composição
da água, dos constituintes de produtos alimentícios ou do lixo. Entretanto, devemos
nos preocupar em utilizar uma linguagem química simplifi cada e respeitar a
capacidade cognitiva dos alunos nesses anos para que o aprendizado seja satisfatório
(SOUZA et al., 2011).
Outro aspecto que deve ser levantado é: quais conteúdos químicos
desenvolvem uma postura cidadã? Pensando nisso, sugerimos alguns temas
baseados nas orientações dos PCN:
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tecnológicos presentes nos produtos que ele está sendo consumido (SOUZA et al.,
2011).
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2 RELAÇÃO ENTRE SENSO COMUM E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
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A experiência é a Ciência em ação; nela é preciso a observação, tanto quanto
possível, do que é mais significante para o problema, assim como elaborar um método
para solucioná-lo (SOUZA et al., 2011).
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tudo se transforma”, se ela não vê problema em considerar a matéria como algo que
aparece e desaparece? Como desmistificar a ideia de que os gases não podem ter
massa ou peso, já que não caem? De fato, para muitas crianças a ideia de que o ar
ou um gás possa ter peso é totalmente implausível. Muitos chegam a postular que
eles – o ar e o gás – têm peso negativo, porque tendem a fazer as coisas subirem
(SOUZA et al., 2011).
Assim, alguns conceitos científicos precisam ser trabalhados levando em
consideração a natureza do conhecimento a ser ensinado, pois alguns deles
dificilmente serão descobertos por indivíduos através de suas próprias observações
do mundo natural. Nesse momento, o professor de Ciências deve conferir sentido
pessoal à maneira como o conhecimento é gerado e validado, fornecendo
informações relacionadas ao conhecimento científico (SOUZA et al., 2011).
A influência da Ciência na nossa vida é tão significativa que se torna muito difícil
imaginar como seria o mundo se o conhecimento científico não tivesse evoluído. Não
existiriam computadores, medicamentos, meios de comunicação e de transportes.
Graças à Ciência sabemos qual a constituição da matéria, a origem da grande
diversidade de seres vivos, como os pais transmitem as suas características aos
filhos, como se formam as montanhas, as estrelas etc. Todos esses conhecimentos e
avanços foram gerados através da utilização de um método particular denominado
método científico (SOUZA et al., 2011).
Desde a Antiguidade, os cientistas utilizam os métodos científicos para
estabelecer os conhecimentos na procura das respostas em relação a um fenômeno,
associando “causa” e “efeito”. Mas o que é um método? A palavra método é de origem
grega e significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente
na investigação dos fatos ou na procura da verdade. O instrumento utilizado pela
Ciência para formular os problemas científicos e examinar as hipóteses é denominado
“método científico”. Assim, o método científico é uma maneira organizada de
solucionar um problema. No entanto, nem todo conhecimento organizado ou
sistematizado tem caráter científico. Por exemplo, uma lista telefônica ou um diário de
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bordo podem conter muitas informações precisas e sistemáticas, mas não constituem
qualquer conhecimento científico (SOUZA et al., 2011).
O método científico é constituído de etapas específicas, tais como: a
observação do fenômeno, elaboração de hipóteses, teste das hipóteses,
generalização e proposição de uma teoria explicativa para o fenômeno (Figura 04).
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resultados de diferentes experimentos pode levar à generalização que em Ciência
corresponde ao que chamamos de lei científica. Após todos os testes, as explicações
que estivessem de acordo com os resultados encontrados passariam a constituir as
teorias científicas (SOUZA et al., 2011).
Assim, para utilizar o método científico é indispensável que o aluno organize
seu raciocínio seguindo determinadas etapas como a observação, a definição e
análise do problema, a apresentação das hipóteses, o teste de hipóteses, a
experimentação, a análise de resultados e conclusão e a aplicação na vida prática. É
importante desenvolver no aluno a capacidade de resolver problemas utilizando o
método científico. Entretanto, isso não significa que se pretende formar cientistas, mas
despertar e desenvolver na criança uma atitude científica. Quando uma criança
investiga buscando resposta a uma pergunta ou solução para um problema, exercita-
se a capacidade de enfrentar o problema e saber onde e como buscar as soluções
reais (SOUZA et al., 2011).
Como podemos utilizar o método científico para resolver problemas no nosso
dia a dia? Vejamos: muitas vezes, após a alimentação, observamos uma mancha na
roupa. Nesse momento, estamos realizando a primeira etapa do método científico. Em
seguida, questionamo-nos sobre a natureza química da mancha: a água retira a
mancha ou é preciso usar outro solvente? Nós, então, apresentamos hipóteses, como
o emprego do álcool para retirar a mancha, ou será que apenas o detergente retira?
Assim, decidimos testar vários solventes para tentar retirar a mancha. Utilizamos
então água e álcool, detergentes e até produtos especializados. Sempre analisando e
interpretando os resultados, se houve diminuição da mancha ou desgaste do tecido.
A partir daí você confirma ou refuta as hipóteses que utilizou baseado no resultado:
retirou a mancha ou não. Enfim, você conclui qual a melhor forma de retirar a mancha
da roupa e quando novamente manchar com esse mesmo tipo de substância, você
utilizará o conhecimento obtido pelas etapas científicas para facilmente resolver seu
problema (SOUZA et al., 2011).
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resultados. O químico francês Antoine-Laurent Lavoisier adotou uma nova abordagem
ao medir as quantidades com grande precisão antes e depois de um processo
químico. Em 1772, ele aplicou esta técnica – que podemos chamar de química
quantitativa – ao problema da combustão. A principal teoria da combustão sustentava
que os objetos combustíveis eram ricos numa substância chamada flogístico (do
grego “acender, pôr fogo”). A queima consumia o flogístico, deixando como resíduo a
parte da substância que não a continha (SOUZA et al., 2011).
Como prova da teoria do flogístico, o químico alemão George Ernst Stahl
ressaltou que os materiais combustíveis perdem massa (evidenciado pelo fato de que
pesavam menos) depois de queimados. Supunha-se que a massa perdida se devia
ao consumo do flogístico. No entanto, Stahl não deu atenção a uma contradição
importante de sua teoria. Conta a seu favor que ele acreditava que o enferrujamento
era uma va riante do mesmo processo que ocorre durante a combustão (hoje,
reconhece-se que tanto a combustão quanto o en ferrujamento são processos de
oxidação). Stahl acreditava que a ferrugem era a substância que sobrava quando o
flogístico do metal se consumia. A contradição aqui era que, quando se oxidam, os
metais na verdade ganham massa (o aumento de peso o comprova). Parece que Stahl
e outros químicos se dispunham a desdenhar este paradoxo, porque o ganho de
massa era bem pequeno, pequeno demais para ser significativo (SOUZA et al., 2011).
São os paradoxos e incoerências aparentemente insignificantes que os
cientistas modernos atacam, buscando explicá-los. Lavoisier queimou várias
substâncias em recipientes fechados. Descobriu que o peso da substância ali fechada,
depois da queima, era maior do que seu peso anterior. Lavoisier raciocinou que, se a
substância que restava depois da queima era mais pesada do que antes, este peso a
mais devia ter vindo de alguma coisa. A única “coisa” no recipiente fechado era o ar.
Lavoisier raciocinou ainda que, se de fato a substância queimada ganhava peso a
partir do ar circundante, devia-se produzir um vácuo parcial no recipiente fechado.
Isso ele provou simplesmente abrindo o recipiente e ouvindo o ar entrar. Além disso,
quando pesou tudo depois de aberto o recipiente, descobriu que o peso do ar que
entrara era igual ao aumento de peso da substância queimada (SOUZA et al., 2011).
Essas experiências, cuidadosamente medidas, refutaram a teoria do flogístico.
A combustão não era perda de flogístico, mas, em vez disso, a combinação da
substância queimada (ou enferrujada) com algum elemento do ar. No processo de
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começar a explicar a combustão, Lavoisier lançou as bases da química moderna, que
se baseia em medições precisas e em sua importância (SOUZA et al., 2011).
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Na culinária, as transformações químicas são trabalhadas por profissionais que
não apresentam o conhecimento científico. Os cozinheiros, por exemplo, estudam
constantemente maneiras de combinar diferentes técnicas para transformar alimentos
em melhores pratos. Muitos desses processos são de natureza química. Da mesma
forma, ocorre com o carvoeiro, que transforma a madeira em carvão, com o oleiro,
que transforma o barro em tijolo etc (SOUZA et al., 2011).
Assim, podemos dizer que muitos dos objetos de estudo dos cientistas são
também estudados por pessoas que não têm conhecimento científico sobre o assunto.
Por exemplo, os índios, que conhecem mais sobre o ciclo das plantas e os hábitos
dos animais de sua região do que muitos biólogos. Entretanto, o que diferencia o
conhecimento científico do senso comum é a maneira como ele é obtido e organizado.
Os cientistas estabelecem critérios e métodos de investigação para obter, justificar e
transmitir o conhecimento, que permitem muitas vezes prever e explicar novos
fenômenos. Entretanto, dependendo de seu objetivo, isso pode ser desenvolvido por
outro tipo de conhecimento. O conhecimento prático culinário do cozinheiro não é
capaz de explicar os princípios químicos envolvidos no processo, mas é eficiente para
preparar excelentes refeições (SOUZA et al., 2011).
Dessa forma, atividades que articulam saberes populares culturais e científicos
são necessárias na escola, pois promovem a valorização cultural e desenvolvem
atitudes de solidariedade e respeito ao próximo, imprescindíveis para o
desenvolvimento da cidadania (SOUZA et al., 2011).
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Nenhum dos dois objetivos da alquimia foi atingido. Entretanto, muitos
progressos foram obtidos, como o conhecimento de substâncias oriundas de minerais
e vegetais, a preparação de substâncias como ácido nítrico e sulfúrico e o
aperfeiçoamento de materiais de laboratório (SOUZA et al., 2011).
No século XVI, a alquimia passou a se preocupar com o aspecto médico,
acreditando que os processos vitais poderiam ser interpretados ou modificados com
o uso de substâncias químicas. Isso ficou conhecido como Iatroquímica (SOUZA et
al., 2011).
Em 1597, o alemão Andréas Libavius publicou o livro Alchemia, no qual
afirmava que a alquimia tem por objetivo a separação de misturas em seus
componentes e o estudo das propriedades desses componentes. Em 1661, o irlandês
Robert Boyle publicou que elemento é tudo aquilo que não pode ser decomposto por
nenhum método conhecido. Para muitos, essas duas publicações são consideradas o
marco inicial da Química (SOUZA et al., 2011).
A alquimia tinha o seu próprio método científico. Para os alquimistas existiam 4
estágios da matéria para obtenção da pedra filosofal (Figura 5). Nesses estágios, a
matéria vai mudando de cor. Primeiro uma massa enegrecida, que passa a
esbranquiçada, depois amarelada e, por fim, avermelhada. Para um alquimista a
observação dessas cores era muito importante para saber se sua obra estava
evoluindo de maneira correta (SOUZA et al., 2011).
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3 EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA/CIÊNCIAS
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Ainda que essa terminologia e suas definições não sejam consensuais, mesmo
entre os educadores em ciências, podemos dizer, segundo Hodson (1988 apud
LEITE, 2001, p. 79-81), que atividade prática é o conceito mais geral e inclui todas as
atividades em que o aluno esteja ativamente envolvido, seja no domínio psicomotor,
cognitivo ou afetivo. Por essa definição, o termo atividade prática inclui a atividade
laboratorial e a atividade de campo, além de abranger, também, a pesquisa
bibliográfica ou na internet, as simulações informáticas, bem como a atividade de
resolução de um problema ou a entrevista de membros de uma comunidade (SOUZA
et al., 2011).
A atividade laboratorial e a atividade de campo diferem fundamentalmente
quanto ao local onde normalmente se desenvolvem. Como o próprio termo remete,
uma ocorre no laboratório e a outra ao ar livre, respectivamente (SOUZA et al., 2011).
Por fim, a atividade experimental inclui as atividades práticas que envolvem
controle e manipulação de variáveis. Na Figura 06, você pode observar um esquema
que relaciona esses termos (SOUZA et al., 2011).
Note que, de acordo com essas definições, nem toda atividade prática
corresponde a uma atividade experimental. Também é possível perceber que uma
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atividade feita num laboratório, mas sem controle e manipulação das variáveis, não
constitui uma atividade experimental (por exemplo, determinar o pH de diferentes
soluções do cotidiano pelo emprego de um indicador) (SOUZA et al., 2011).
O emprego da experimentação como recurso didático não é novo, mas foi nas
décadas de 1960 e 1970 que ocorreu uma grande propagação dessas atividades nas
escolas do mundo inteiro. Uma pesquisa realizada por Kerr com professores no início
desse período apontou dez motivos para a realização de AE na escola:
Alguns desses motivos, embora citados até hoje em várias outras pesquisas,
também têm sido objeto de crítica. Uma delas é considerar a escola (e as AE) como
formadora de cientistas (como se todos os alunos pretendessem isso). Outra crítica
diz respeito à ênfase dada ao desenvolvimento de habilidades manipulativas, como
se aprender a pesar considerando os algarismos significativos, ler corretamente o
volume em uma bureta ou pipetar usando o dedo indicador fossem essenciais a um
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cidadão. Outro aspecto discutido é que considerar as AE como esclarecedoras de
conteúdos – e, portanto, sempre precedidas do desenvolvimento teórico – poderia
anular habilidades cognitivas importantes no processo de construção de princípios a
partir da abordagem experimental. Também é passível de crítica a concepção
simplista de considerar um “experimento-show” como mero artefato de motivação
(como se toda AE fosse motivadora) e que por si provocasse uma aprendizagem
significativa por parte dos alunos.
Em verdade, essa polêmica parece surgir, muito mais, da forma como a
experimentação é concebida e, consequentemente, usada pelo professor. Então,
cuidado! Dependendo de como você empregará um experimento, este poderá ter um
grande efeito no ensino de Ciências ou ser enfadonho e inútil para a aprendizagem
efetiva dos seus alunos (SOUZA et al., 2011).
3.3 Que elementos são importantes para organizar uma aula experimental?
As AE não são didaticamente eficientes por si. Você já viu que um mesmo
experimento pode ser uma simples atividade prática (inclusive utilizando um
laboratório) ou constituir uma atividade experimental. O propósito e a forma com que
um experimento é empregado fazem toda a diferença. Portanto, uma questão
fundamental para o sucesso pedagógico das AE é o seu planejamento. Por isso, você
como professor precisa ter clareza quanto ao que deseja de seus alunos com aquele
trabalho prático. Percebe a sua responsabilidade? Outro aspecto importante é que os
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alunos, ao realizarem uma aula prática, precisam também saber “o que é que” e “por
que” estão fazendo. Assim eles se sentirão como de fato tem de ser: integrantes do
processo! ( SOUZA et al., 2011).
Veja a classificação das AE a seguir:
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Figura 08 - Atributos fundamentais para desenvolver experimentos
construtivistas
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Fonte: Acesso em: 27 nov. 2009.
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justificativas apresentadas pelos professores para a não realização de experimentos
( SOUZA et al., 2011).
Grande número de alunos em cada turma. Esta é uma dificuldade não só para
as AE, mas para praticamente todas as estratégias que requerem a participação ativa
do aluno. Para vencer essa limitação o professor deve escolher experimentos simples,
que possam ser de fácil visualização por toda a turma e, nesse caso, de natureza
demonstrativa. Experimentos possíveis de serem “desmembrados” em etapas ou
tarefas distintas, onde os grupos de alunos trabalhem simultaneamente, devem ser
muito bem planejados a fim de que não haja prejuízo da visão global e integrada da
atividade pelos alunos.
Desinteresse e indisciplina. Considerando que alguns alunos encaram a aula
experimental como mera brincadeira e sem importância, mostrando-se, muitas vezes
indisciplinados, cabe ao professor “estabelecer a ordem” de forma participativa, pois,
como vimos a pouco, é importante que os alunos estejam ativamente envolvidos nas
várias etapas do processo (escolha, montagem e execução dos experimentos). Além
disso, é fundamental que o professor elabore regras em conjunto com a turma. Outro
cuidado que o professor deve ter é dar atenção às questões e explicitações do
conhecimento de cada indivíduo apresentadas durante a atividade ( SOUZA et al.,
2011).
Ausência de laboratório e falta de material. Este parece ser o problema mais
simples de ser resolvido, pois existem abundantes recursos (livros, revistas, páginas
eletrônicas) repletos de AE simples que podem ser realizadas em sala de aula, no
pátio da escola e/ou em casa. Inúmeros experimentos podem ser efetuados com
materiais baratos e de fácil aquisição, que podem mesmo ser trazidos de casa pelos
alunos sem implicar em gastos significativos. A experimentação de baixo custo
representa uma alternativa em sintonia com o contexto de CTS, cuja importância
reside no fato de diminuir o custo operacional dos laboratórios e gerar menor
quantidade de lixo químico (além de permitir que mais experiências sejam realizadas
durante o ano letivo) (VIEIRA et al, 2007 apud BENITE; BENITE, 2009).
Enfim, embora existam dificuldades, você deve trabalhar a experimentação
como um procedimento de busca de informações e de procura de respostas para
perguntas que as crianças são estimuladas a formular dentro e fora da escola, num
ensino voltado para a formação de um cidadão crítico e participativo ( SOUZA et al.,
2011).
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4 CUIDADOS BÁSICOS QUANDO USAMOS O LABORATÓRIO DE QUÍMICA
Não fumar, não comer, não beber e não dormir dentro do laboratório.
Não inalar gases ou vapores sem antes ter certeza de que não são
tóxicos.
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Não realizar experimentos no laboratório se não houver água em
abundância no laboratório.
Não realizar experimentos no laboratório se não houver água em
abundância no laboratório.
Evitar o contato de qualquer substância com a pele.
Evitar usar materiais com defeito, principalmente vidrarias.
Não agitar (sacudir) materiais molhados com reagentes fora da pia,
especialmente as pipetas.
Não direcionar a boca do tubo em sua direção ou de outra pessoa
quando aquecer substâncias ou soluções em tubos de ensaio.
Não direcionar a boca do tubo em sua direção ou de outra pessoa
quando aquecer substâncias ou soluções em tubos de ensaio.
Tubo em sua direção ou de outra pessoa
Jamais aquecer sistemas completamente fechados.
Não pipetar nada com a boca; utilizar aparelhos adequados para esse
fim
Rotular de forma clara e adequada frascos contendo soluções recém
preparadas.
Colocar o ácido concentrado sobre a água, nunca ao contrário, quando
preparar soluções aquosas diluídas de um ácido.
Não devolver sobras de reagentes aos frascos de origem sem a prévia
consulta ao professor ou responsável
Recolocar a tampa dos frascos ao interromper seu uso para evitar
contaminação ou perdas por volatilização.
Não reutilizar a mesma pipeta para produtos diferentes sem antes lavá-
la bem.
Não reutilizar a mesma pipeta para produtos diferentes sem antes lavá-
la bem.
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Chamar imediatamente o professor ou responsável se ocorrer alguma
cidente ou situação que não saiba exatamente como proceder.
Os cuidados apresentados acima são de uso geral; porém, quando você for
trabalhar com alunos de Ensino Fundamental, é necessário tomar algumas
precauções adicionais:
Antes de iniciar uma atividade experimental com produtos químicos, você deve
pesquisar sobre as propriedades químicas, físicas e toxicológicas dos produtos, seu
manuseio e descarte seguro, armazenagem e medidas de primeiros socorros em caso
de acidente, com a finalidade de conscientizar o operador sobre os riscos aos quais
está exposto (SOUZA et al., 2011).
Outro cuidado importante é como armazenar esses produtos. Eles devem ser
acondicionados em frascos devidamente rotulados, com indicativo sobre pureza, teor
analítico dos componentes etc. Alguns devem ser guardados em geladeira; outros,
em dessecadores; outros, ainda, devem ser mantidos no escuro. Alguns produtos
guardam pureza elevada e são usados apenas para análises e sínteses; eles são
denominados de PA (pro analysi). Alguns exemplos estão representados na Figura 10
a seguir:
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Figura 10 - Rótulos de produtos químicos
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Fonte: Souza et al. (2011)
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No laboratório de Química, você encontrará diversos materiais e equipamentos
que apresentam diversas funções. Se você pretende realizar aulas experimentais no
laboratório, é necessário escolher e utilizar esses recursos de maneira adequada para
cada experiência (SOUZA et al., 2011).
5.2.1 Materiais
Fonte www.dsyslab.com.b
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Bureta – É um tubo cilíndrico graduado, geralmente em cm3, com uma
torneira que controla a saída do líquido. Muito utilizado nos processos
chamados titulações. É calibrado para medir um volume precisamente.
Figura 12 - Bureta
Fonte: https://abre.ai/dk01
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Fonte: https://abre.ai/dk03. Acesso em: 9 nov. 2009.
Figura 14 - Béquer
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Fonte: novo.jrvimig.com.br/produto
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Fonte: https://qualividros.com/produto/60026/funil-de-buchner-de-porcelana
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Figura 18 - Funil de haste longa
Papel de filtro – Tem a mesma finalidade que os filtros utilizados para coar
café: separar sólidos de líquidos. O filtro deve ser utilizado no funil comum.
Fonte: https://abre.ai/dk08
Anel ou argola – É utilizado preso à haste do suporte universal. Sustenta o
funil de filtração.
37
Fonte: Souza et al. (2011)
Outra atividade que você certamente irá realizar é o aquecimento. Para isso,
materiais como o bico de bunsen, tela de amianto, tripé, pinças de madeira, tubos de
ensaio, peças de porcelana, entre outros, podem ser usados.
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alternativamente, um GPL, tal como propano ou butano, ou uma
mistura de ambos.
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Fonte: Souza et al. (2011)
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Cadinho – Peça geralmente de porcelana cuja utilidade é aquecer
substâncias a seco e com grande intensidade; por isso, pode ser
levado diretamente ao bico de Bünsen.
Figura 27 - Cadinhos
Outros materiais podem ser utilizados nas diversas atividades que você
pretende realizar em um laboratório, como erleymeyer, supote de tubo de ensaio,
almofariz com pistilo etc.
Figura 28 - Erlenmeyer
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Almofariz com pistilo – Usado na trituração e pulverização de sólidos.
Geralmente são de porcelana ou vidro e contêm um pistilo (tipo
pilãozinho).
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Condensador– Utilizado na destilação, tem como finalidade
condensar vapores gerados pelo aquecimento de líquidos.
Figura 31 - Condensador
43
Fonte: Souza et al. (2011)
Figura 35 - Dessecador
44
Fonte: Souza et al. (2011)
5.2.2 Equipamentos
45
Fonte: Souza et al. (2011)
46
Fonte: Souza et al. (2011)
Figura 41 - Estufa
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Fonte: Souza et al. (2011)
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5 CONCEITOS BÁSICOS DA QUÍMICA
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enquanto peso é a força que atua sobre um objeto quando ele está em um
determinado campo gravitacional. Pode-se fazer uma simples comparação para que
você entenda conceitualmente a diferença entre massa e peso. Uma maçã é
constituída de átomos e moléculas (pequenas partículas) que, agregadas, formam
uma certa quantidade de matéria e, assim, têm uma certa massa que é independente
de sua localização. Entretanto, o peso da maçã pode variar. Considerando que a fruta
esteja na lua, o peso dela pode ser seis vezes menor que seu peso na superfície do
planeta Terra. Por isso sempre utilize a palavra massa quando expressar quantidade
de matéria em um objeto (CHANG, 2010).
Quando observamos uma amostra de matéria, ela pode estar em um ou mais
dentre três diferentes estados físicos: sólido, líquido e gasoso. A água, uma
substância muito importante dentro do estudo da matéria, pode existir na forma de
gelo (sólido), na forma de água líquida ou como vapor (gás). A forma de apresentação
da água depende da temperatura e da pressão no ambiente. Embora a aparência
física desses três estados da água seja bastante diferente, a estrutura química da
água (H2 O) é a mesma em todos eles, apenas a organização molecular e a distância
entre as moléculas são diferentes. Um quarto possível estado de matéria, chamado
de plasma, está relacionado com o estado gasoso e existe sob condições especiais.
A matéria no estado de plasma é obtida por meio do superaquecimento de um gás,
causando o rompimento de moléculas, produzindo íons e elétrons neutros entre si
(CHANG, 2010).
A Figura 42 representa uma situação bastante comum nas regiões de
temperaturas mais amenas, na qual a água se apresenta nos estados sólido, líquido
e gasoso (CHANG, 2010).
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Fonte: Andrea Danti/Shutterstock.com
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A matéria pode alterar sua forma quando é submetida a alterações de
temperatura, mas não perde sua identidade, ou seja, apenas passa de um estado para
outro. Isso quer dizer que, quando fornecemos ou removemos energia em forma de
calor, podemos mudar a temperatura de uma substância e alterar o estado físico da
matéria.
O estado físico da matéria depende de um equilíbrio entre a energia cinética
das partículas (agitação de moléculas e átomos), que tendem a se manter separadas,
e as forças de atração entre elas, que tendem a aproximá-las (ligações
intermoleculares) (BETTELHEIM et al., 2012). Em altas temperaturas, as moléculas
têm alta energia cinética e se movimentam tão rápido que as forças de atração entre
elas são muito fracas para mantê-las unidas, formado assim o estado gasoso. Em
temperaturas mais baixas, as moléculas se movimentam tão lentamente que as forças
de atração entre elas tornam-se significativas. Quando a temperatura é
suficientemente baixa, um gás se condensa e forma um estado líquido. Moléculas no
estado líquido ainda passam umas pelas outras, mas se deslocam bem mais
lentamente que no estado gasoso. Quando a temperatura é ainda mais baixa, a
velocidade das moléculas não permite mais que elas passem umas pelas outras,
formando o estado sólido. Neste, cada molécula tem um certo número de vizinhos
mais próximos, os quais são sempre os mesmos (CHANG, 2010).
É importante salientar que as forças entre as moléculas são as mesmas em
todos os três estados. A diferença é que, no estado gasoso (e em menor grau no
estado líquido), a energia cinética das moléculas é suficientemente grande para
superar as forças de atração entre elas (CHANG; GOLDSBY, 2013).
A maior parte das substâncias pode existir em qualquer um dos três estados.
De modo típico, um sólido, ao ser aquecido a uma temperatura suficientemente alta,
se funde e se torna um líquido. A temperatura em que essa transformação ocorre é
chamada de ponto de fusão. Aumentando o aquecimento, a temperatura sobe ao
ponto em que o líquido ferve e torna-se um gás. Essa temperatura é chamada de
ponto de ebulição. Entretanto, nem todas as substâncias podem existir nos três
estados da matéria. A madeira e o papel, por exemplo, não podem ser fundidos.
Quando aquecidos, ou se decompõem ou queimam (dependendo se estiverem na
presença de ar), mas não se fundem. Outro exemplo é o açúcar, que não se funde
quando aquecido, mas forma uma substância escura chamada caramelo (CHANG,
2010).
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5.3 Propriedades químicas da matéria
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combustão é uma propriedade química. Dentre as propriedades químicas podemos
citar, ainda, o teste da chama representado na Figura 43b. Nesse teste, uma
substância é introduzida em uma chama e quando aquecida suficientemente emite
uma luz de coloração característica. Esse ensaio é utilizado para detectar a presença
de íons metálicos em amostras, baseado no espectro de emissão de luz característico
de cada elemento. Outros testes que investigam as propriedades químicas e se
relacionam com a maneira como as substâncias reagem umas com as outras é a partir
da utilização de um indicador químico, ou indicador colorémico, entre eles: solução de
iodo (para detecção de amido), licor de Fehling (para detecção de glicose), água de
cal (detecção de dióxido de carbono), sulfato de cobre anidro (detecção de água),
papel tornassol azul representado na Figura 43c (detecção de substâncias
ácidas/básicas), entre outros.
A seguir você encontra outros exemplos de reações químicas, como
oxirredução, decomposição, combustão e síntese (CHANG, 2010).
Oxirredução
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Fonte: Adaptada de Inna Bigun/Shutterstock.com.
Como vemos, o ferro sólido interage com oxigênio e forma óxido de ferro.
Decomposição
Figura 45 - Eletrólise
55
Fonte: Adaptada de udaix/Shutterstock.com.
Combustão
Síntese
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uma reação de combinação. Nesse caso, dois elementos, nitrogênio e hidrogênio, se
combinam para formar amônia. A reação química está representada a seguir.
N2 + 3 H2 → NH3
Neste estudo, é importante que você tenha clareza do que é uma substância
química, uma vez que essa expressão é essencial no estudo da química. Uma
substância é definida como uma porção de matéria que tem propriedades bem
definidas e que lhe são características. Anteriormente, já abordamos propriedades
físicas e químicas que são próprias de algumas substâncias. Dentre elas, estão o
ponto de fusão, o ponto de ebulição, a densidade, o fato de ser inflamável ou não, a
cor, o odor, entre outras. Duas substâncias diferentes podem, eventualmente, ter
algumas propriedades iguais, mas nunca todas elas. Caso aconteça de todas as
propriedades de duas substâncias serem iguais, então elas são, na verdade, a mesma
substância (CHANG, 2010).
Na Figura 46 são mostrados exemplos de substâncias e são mencionadas
algumas de suas propriedades.
57
5.5 Substâncias puras x misturas
Como se pode perceber, qualquer mistura de água e cloreto de sódio tem uma
densidade tal que não lhe permite ser classificada nem como água pura nem como
sal.
Verifica-se experimentalmente que uma mistura de água e cloreto de sódio,
colocada num congelador, não congela a 0 ºC. Esse sistema inicia seu congelamento
abaixo de 0 ºC (o valor exato depende do teor de sal) e a temperatura não permanece
constante durante o congelamento, mas diminui gradualmente.
Quando aquecida, verifica-se que o sistema não entra em ebulição a 100 ºC.
Ele começa a ferver acima de 100 ºC (assim como no congelamento, a TE de pende
do teor de sal) e a temperatura não permanece constante durante a ebulição, mas
aumenta progressivamente, como visto anteriormente.
Você pode perceber, portanto, que uma mistura de água e cloreto de sódio tem
propriedades que não são características da água nem do sal. Em posse de todas
essas análises e constatações, podemos estabelecer uma importante diferença entre
substância pura e mistura. Uma substância pura, como o próprio nome diz, está pura,
ou seja, não está misturada com outra substância ou com outras substâncias. Em
58
geral, quando um químico se refere, por exemplo, à substância água, ele está
deixando subentendido que se refere à substância pura água. Já uma mistura é uma
porção de matéria que corresponde à adição de duas ou mais substâncias puras
(ATKINS; JONES, 2018). A partir do memento em que elas são adicionadas, deixam
obviamente de ser consideradas sustâncias puras. Elas passam a ser as substâncias
componentes da mistura que forma um sistema.
Veja a seguir outros exemplos de misturas.
59
Sempre é bom ressaltar que o estado de um sistema é descrito pelas
propriedades gerais e especificas dos materiais que o compõem, incluindo as
condições de pressão e de temperatura em que se encontram (CHANG, 2010).
Um sistema pode ser classificado como homogêneo ou heterogêneo,
dependendo do seu aspecto. Uma porção de água filtrada apresenta um único
aspecto em todos os seus pontos e, por isso, corresponde a um sistema homogêneo.
Um pedaço de madeira não apresenta aspecto uniforme em sua extensão e
corresponde a um sistema heterogêneo. Cada um dos diferentes aspectos
observados em um sistema é chamado de fase. Fase é uma porção do sistema que
apresenta as mesmas características em todos os seus pontos, sendo, portanto, de
aspectos uniformes mesmo quando observada no microscópio comum.
O sistema homogêneo apresenta aspecto uniforme e as mesmas
características em toda a sua extensão. Esse sistema é monofásico (constituído por
uma única fase) (ATKINS; JONES, 2018). O sistema heterogêneo apresenta aspectos
e características diferentes em sua extensão. Esse sistema pode ser formado por
duas fases (bifásico), três fases (trifásico) ou mais (polifásico) (ATKINS; JONES,
2018). A Figura 48 apresenta dois exemplos de sistemas: a gasolina é um exemplo
de sistema homogêneo formado por hidrocarbonetos que têm de 6 a 10 átomos de
carbono e etanol. Já o granito é exemplo de sistema heterogêneo formado por
concentrações diferentes de minerais na pedra (CHANG, 2010).
60
confiável. O leite, por exemplo, tem pequenas porções de gordura dispersas no
líquido, tornando-se, portanto, de um sistema heterogêneo (CHANG, 2010).
Os sistemas homogêneos e heterogêneos podem se apresentar nos três
estados físicos da matéria. Por isso existem os sistemas homogêneos sólidos. As ligas
metálicas são misturas sólidas e homogêneas. Latão (compostos por cobre + zinco),
bronze (mistura de cobre e estanho) e aço (mistura de ferro e carbono) são alguns
exemplos de ligas metálicas.
O ar atmosférico também constitui um sistema homogêneo, entretanto, gasoso.
Ele é formado, principalmente, por nitrogênio, oxigênio e argônio. Nele também são
encontrados outros gases (como o gás carbônico) em pequenas concentrações. É
importante ressaltar que todos os sistemas gasosos são homogêneos. Mesmo que
um dos gases seja colorido, depois de algum tempo as substâncias gasosas se
misturam uniformemente, formando uma mistura homogênea (CHANG, 2010).
No Quadro 05 estão relacionados outros sistemas e sua classificação.
61
Fonte: Chang (2010).
62
A natureza dos átomos envolvidos determina qual dessas três possibilidades
ocorrerá. Na maioria dos casos, o resultado de compartilhamento, perda ou ganho de
elétrons é produzir átomos que têm níveis energéticos externos iguais aos dos gases
nobres. Nesses elementos, o nível energético externo contém geralmente 8 elétrons
(2 no subnível s e 6 no subnível p). Esse resultado é base para a regra do octeto. A
regra do octeto estabelece que átomos tendem a se combinar de tal modo que cada
um adquire um nível mais externo contendo 8 elétrons depois de formar a ligação
química (KOTZ et al., 2016).
Antes de entrarmos nas principais ligações químicas que caracterizam
moléculas e íons, vamos conhecer a teoria do octeto com mais detalhes.
Considerando que a eletrosfera é a parte mais externa dos átomos e o núcleo
é muito pequeno, parece razoável ser a eletrosfera que atua na combinação dos
átomos. E já que os gases não tendem a se combinar, tudo indica que ter uma
eletrosfera semelhante à de um gás nobre permite a um átomo estabilizar-se.
Assim, para entender como funcionam as ligações entre os átomos, é
importante analisar a eletrosfera dos gases nobres, já que eles parecem ser a chave
para entender a questão. No Quadro 06, está representada a distribuição eletrônica
dos gases nobres.
63
Ao contrário de todos os outros elementos, os gases nobres apresentam na
última camada contendo 8 elétrons, com exceção do hélio, no qual a última camada
só comporta 2 elétrons. Tudo indica, portanto, que ter 8 elétrons na última camada (ou
2, caso seja da camada K) faz com que o átomo fique estável. Dessa forma, os átomos
não estáveis se unem uns aos outros a fim de adquirir essa configuração eletrônica
de estabilidade, dando origem às ligações químicas que formam compostos
moleculares e compostos iônicos (CHANG, 2010).
64
Figura 49 - Representação do compartilhamento de elétrons entre os átomos
que formam a substância Cl2 . Apenas os elétrons da camada de valência foram
indicados por meio de bolinhas.
Como você já sabe, entre as partículas que formam o átomo (elétrons, nêutrons
e prótons), os elétrons têm cargas negativas e os prótons carga positiva. Dessa forma,
se o número de elétrons for igual ao número de prótons, a carga total o átomo será
nula, ou zero. Isso porque a carga positiva de cada próton será compensada pela
carga negativa de 1 elétron correspondente. Dizemos que um átomo nessa situação
está eletricamente neutro (KOTZ et al., 2016).
Com o avanço da ciência, descobriu-se que em determinadas circunstâncias
os átomos podem ganhar ou perder elétrons. Quando isso acontece, sua carga total
deixa de ser zero, ou seja, o átomo deixa de ser eletricamente neutro e passa a ser
dotado de carga elétrica. Dizemos que o átomo se transformou em um íon. Entretanto,
quando um átomo se transforma em íon, seu núcleo permanece inalterado. Se um
65
átomo eletricamente neutro recebe elétrons, passa a ficar com excesso de cargas
negativas, ou seja, transforma-se em 1 íon negativo. O íon negativo é chamado de
ânion. Por outro lado, se um átomo eletricamente neutro perde elétrons, passa a
apresentar excesso de prótons, isto é, transforma-se em um íon positivo. O íon
positivo é chamado de cátion (CHANG; GOLDSBY, 2013).
Para que você entenda melhor, considere os seguintes exemplos. Agora vamos
analisar a formação do composto iônico cloreto de sódio (NaCl) a partir de seus
átomos neutros Na (sódio) e Cl (cloro).
66
Fonte: Chang (2010).
Os íons Na+ e Cl- têm cargas opostas, portanto se atraem mutuamente. Essa
atração mantém os íons unidos, formando uma substância muito conhecida, o cloreto
de sódio, principal componente do sal de cozinha, representado pela fórmula NaCl.
Tal união é chamada de ligação iônica. Perceba que todos os exemplos de ligação
iônica envolveram pelo menos 1 átomo de elemento ametal e 1 átomo de um elemento
do grupo dos metais, por isso podemos dizer que a ligação iônica ocorre entre átomos
de metais e ametais (CHANG, 2010).
Se conseguíssemos ampliar um cristal de sal presente num saleiro, você veria
um arranjo retangular de cátions Na+ e ânions Cl-, chamado de retículo cristalino
iônico, como representado na Figura 51.
67
Note que em uma ligação iônica ocorre a formação de íons cátion e ânion pela
perda e ganho de elétrons, enquanto na ligação covalente para formação de
moléculas ocorre apenas o compartilhamento dos elétrons (não ocorre perda e ganho
de elétrons) para completar 8 elétrons na camada de valência e se tornar estável.
68
6.5 Fórmulas moleculares
Figura 52 - Ureia.
69
fórmula estrutural, precisamos avaliar como os átomos irão se comportar ao
compartilhar elétrons uns com os outros, pois o composto é molecular e compartilha
elétrons formando uma ligação covalente. Nessa estrutura não temos a formação de
íons (CHANG, 2010).
Sabemos que cada hidrogênio pode compartilhar 1 elétron, o carbono pode
compartilhar 4 elétrons, cada nitrogênio pode compartilhar 3 elétrons e o oxigênio
pode compartilhar 1 elétron. Esse compartilhamento de elétrons deixa cada átomo
com 8 elétrons na camada de valência, se tornando estável. A partir dessa
observação, podemos montar a fórmula estrutural do composto CH4 N2 O. A Figura
6b representa a fórmula estrutural do composto e um traço entre dois símbolos
atômicos representa uma ligação química, ou seja, o compartilhamento de elétrons
em uma ligação covalente. Como o carbono fará maior número de compartilhamento
de elétrons, ele será o átomo central que compartilhará 2 elétrons com o oxigênio, e
um elétron com cada nitrogênio. Assim o carbono e o oxigênio ficam com 8 elétrons
em suas camadas de valência. Cada nitrogênio ainda consegue compartilhar um
elétron com cada hidrogênio, ficando também estável. Note que o hidrogênio, para
ficar estável, necessita apenas de 2 elétrons em sua camada de valência.
Veja a seguir, na Figura 53, outros exemplos de compostos com suas fórmulas
moleculares e estruturais:
70
As fórmulas estruturais dos compostos iônicos em geral não têm segredo, pois
como todas as substâncias são eletricamente neutras, os componentes em um
composto iônico sempre aparecem em um número tal que a carga positiva total é
idêntica à carga negativa total. Por esse motivo que escrevemos NaCl para a fórmula
do cloreto de sódio, pois a razão 1/1 do Na+ para o Cl- resulta em um sistema
eletricamente neutro. Veja na Figura 54 a seguir exemplos de substâncias iônicas e
suas fórmulas estruturais:
71
Fonte: Fórmula molecular e fórmula empírica de substâncias químicas
72
elemento na tabela periódica, pois está relacionado ao número de elétrons na camada
de valência. Quanto maior for o número de elétrons faltantes para completar 8 elétrons
na camada de valência, maior será o número de ligações covalentes possíveis
(ATKINS; JONES, 2018).
O número de átomos ligados entre si para formar moléculas podem variar
muito, especialmente quando se trata de moléculas orgânicas. Podemos encontrar
moléculas consideradas pequenas como o etano (CH4 ) ou ainda moléculas
consideradas macro, ou seja, grandes. A vitamina E é considerada uma molécula de
dimensões medianas, assim como a molécula de corante alimentício azul (E131).
Compare as fórmulas estruturais de cada composto na Figura 55.
73
detalhada como representar a fórmula molecular e empírica das moléculas (CHANG,
2010).
Como definido anteriormente, a representação da fórmula molecular é a
representação mais simples e indica apenas quantos átomos de cada elemento
químico formam a molécula. Já a representação empírica é a fórmula que indica a
proporção dos átomos dos elementos na molécula com os menores números inteiros
possíveis (CHANG; GOLDSBY, 2013).
Começamos com um exemplo simples, utilizando a fórmula estrutural do ácido
acético, muito utilizado na forma de solução para temperar saladas: o vinagre. Na
Figura 56a, está representada a fórmula estrutural do ácido acético.
74
A Figura 56b apresenta duas formas de se representar a fórmula estrutural do
composto ácido lático. Durante seus estudos, é possível que você encontre fórmulas
estruturais com essa representação. Comparando as duas fórmulas estruturais, você
pode perceber que a primeira não apresenta os átomos de carbono e hidrogênio,
enquanto na segunda todos os átomos são representados. A representação com a
ausência de carbonos e hidrogênios é utilizada a fim de poupar tempo e tornar as
fórmulas mais fáceis de escrever e ler.
Nas extremidades em que a ligação termina e não tem a representação de
nenhum átomo, quer dizer que naquela posição tem-se um átomo de carbono
acompanhado ou não de hidrogênios. Se for uma ligação simples, o carbono será
acompanhado de 3 hidrogênios (como representado na estrutura do ácido lático).
Caso for uma ligação dupla ou tripla, o carbono estará ligado a 2 e 1 hidrogênio,
respectivamente. O carbono acompanhado ou não de hidrogênios também está oculto
no meio do esqueleto da fórmula estrutural. Sempre que o bastão que representa a
ligação mudar de direção ( ) e nenhum átomo estiver representado, terá a presença
de um carbono. Se estiver acompanhado de duas, três ou quatro ligações, termos a
presença de 2, 1 e 0 de hidrogênios. Isso porque a presença do hidrogênio completa
a camada de valência do carbono com 8 elétrons. Já no último caso, a presença dos
hidrogênios não é necessária porque o carbono já completa sua camada de valência
em ligações com outros átomos iguais, ou diferentes dele.
Explicada as duas formas de apresentação da fórmula estrutural, vamos
representar a fórmula molecular do ácido lático. Estão presentes 3 átomos de carbono,
6 átomos de hidrogênio e 3 átomos de oxigênio. A fórmula molecular do ácido lático é
C3 H6 O3 .
Como última interpretação, temos como exemplo a molécula da adrenalina. Na
fórmula estrutural estão presentes 9 átomos de carbono, 13 átomos de hidrogênio, 1
átomo de nitrogênio e 3 átomos de oxigênio. A representação da fórmula molecular
da adrenalina é C6 H13NO3 .
Nos exemplos abordados anteriormente, podemos determinar, ainda, a fórmula
empírica das moléculas. A fórmula empírica expressa a mais simples e a menos
informativa das proporções entre os átomos de cada elemento em um composto. Para
a substância ácido acético (C2 H4 O2 ), observe que podemos dividir os subscritos de
carbono, hidrogênio e oxigênio, que são 2, 4 e 2, respectivamente, por 2, então, os
menores números que nos dizem qual é a proporção entre C, H e O são 1:2:1.
75
Podemos escrever a fórmula mais simples ou empírica como CH2 O. Seguindo nossa
análise das fórmulas empíricas, para o ácido lático (C3 H6 O3 ), podemos utilizar a
mesma lógica, entretanto dividindo os subscritos de carbono hidrogênio e oxigênio por
três termos a proporção de 1:2:1. A fórmula empírica para C3 H6 O3 é CH2 O. Perceba
que as fórmulas empíricas do ácido lático e do ácido acético são as mesmas. Essa
coincidência é bastante comum na representação das fórmulas empíricas. Por isso
dizemos que a determinação de uma substância considerando apenas a fórmula
empírica é impossível e o erro é inevitável (CHANG, 2010).
A molécula de adrenalina (C6 H13NO3 ) já tem na fórmula molecular mais
simples das proporções entre os átomos de cada elemento. Dessa forma, a fórmula
molecular e a fórmula empírica são as mesmas para essa substância.
No Quadro 8 você pode ver mais exemplos de moléculas e suas fórmulas
estrutural, molecular e empírica.
76
Fonte: SAGAH (2020).
77
ânion do bromo é Br- . Para ser neutro, o composto brometo de potássio deve conter
um K+ para cada Br- . Portanto, a fórmula é KBr.
Podemos determinar a fórmula do composto formado de magnésio e cloro de
modo semelhante. O magnésio está no grupo IIA (2) e perde 2 elétrons para formar o
íon Mg2+. O cloro, no grupo VIIA (17), forma o íon Cl- . Duas cargas negativas são
necessárias para neutralizar as duas cargas positivas de cada íon de magnésio. Assim
a fórmula mínima deve conter um íon Mg2+ e 2 íons Cl- . Então escrevemos a fórmula
do cloreto de magnésio MgCl2.
Em geral, podemos descrever o processo para escrever a fórmula de um
composto iônico em três etapas, como segue (UCKO, 1992).
78
79
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