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RAZÕES PARA ENSINAR E APRENDER A QUÍMICA

Actualmente é consensual que a escola deve destinar-se a todas as crianças, independentemente


do que vão fazer no futuro, em termos profissionais. Por isso, a escola deve preocupar-se não
só em contribuir para a formação de cientistas (investigadores) e técnicos de diferentes áreas,
mas acima de tudo, em conseguir educar cientificamente cidadãos que vivem em sociedades,
cada vez mais, influenciadas, ou até mesmo dominadas, pela Ciência e pela Tecnologia. Deste
modo, é pertinente pensar num ensino de Química para todos, como parte integrante da
educação geral que prepara os alunos para a vida.

Para Chassot (1990) o motivo de ensinar a Química é a formação de cidadãos conscientes e


críticos que sejam capazes de interagir melhor com o mundo, através do seu envolvimento
activo, criador e construtivo a partir dos conteúdos abordados em sala de aula, pois a Química
é também uma linguagem que facilita a leitura do mundo. Ademais, a Assembleia Geral das
Nacções Unidas (AGNU) proclamou o ano de 2011 como o ano Internacional da Química com
o lema “Química-nossa vida e nosso futuro” facto que evidencia a importância desta ciência
para o benefício da humanidade.

No entanto, é comum que os professores da disciplina de Química se questionem sobre o que


se deve ensinar para que os alunos sejam cidadãos participativos na sociedade? e
principalmente porque ensinar a Química? e mesmo os alunos se pergunta porque razão
devemos aprender a Química?

Ao longo deste manual procuraremos trazer algumas respostas sobre essas inquietações,
lembrando que a base para a planificação de aulas são os programas de ensino, que são
documentos oficiais fornecidos pelo Ministério de Educação e que trazem grande parte dos
conteúdos que devem ser abordados nas diferentes classes no Ensino Secundário Geral (ESG),
incluindo algumas estratégias de abordagem desses conteúdos (sugestões metodologias).
Contudo, sabemos que ensinar não é só ministrar conteúdos, mais do que isso, é educar e formar
personalidades. Por isso, o ensino deve ocupar-se da formação da pessoa em todas as vertentes.

Assim, quando falamos em o que ensinar na disciplina de Química devemos ter em mente que
os temas abordados nas aulas precisam estar relacionados com o quotidiano do aluno para
prepará-los para a vida. As aulas devem orientar os alunos para viverem numa sociedade cada
vez mais científica e tecnológica. Por exemplo, se o professor pretende tratar do tema sobre
ácidos ao nível de 8a classe é aconselhável que sejam os próprios alunos a dar exemplos do seu

Elaborado por: Profa Doutora Ana Paula Camuendo


quotidiano como sumo de limão, vinagre, chuva ácida para depois falar da nomenclatura e só
mais adiante (11a classe) é que se falar do pH. O conteúdo sobre chuva ácida pode remeter o
professor a uma abordagem sobre a poluição ambiental, as suas causas e consequências,
podendo envolver os alunos na busca de informação para que a aprendizagem seja significativa.

Relativamente à questão sobre porquê ensinamos a Química? Sabemos que os conhecimentos


acumulados até aos dias de hoje são resultados de várias experiências realizadas por cientistas
ao longo dos tempos, não só, mas também resultantes de experiências quotidianas. Assim,
ensina-se a Química porque esta ciência possibilita a formação de cidadãos activos,
participativos e críticos na tomada de decisões para a resolução de problemas do dia-a-dia.

Além disso, ensinar a Química permite que o cidadão possa realizar uma reflexão crítica do
mundo a partir dos conteúdos abordados na escola. Para Martins (2011), esta concepção
implica mudanças nas próprias instituições educativas, na cultura organizacional e nas suas
metodologias por forma a proporcionar aos cidadãos capacidades para compreenderem e
interpretarem a realidade no contexto em que estão inseridos.

Por essa razão, ensinar a disciplina de Química significa capacitar os alunos a participarem
criticamente nas questões da vida quotidiana, pois esta disciplina está relacionada às
necessidades básicas dos seres humanos como alimentação, vestuário, saúde, moradia,
transporte, etc. Além disso, dispor de conhecimentos químicos ajuda o cidadão a se posicionar
em relação a inúmeros problemas de vida moderna que tem comprometido a sobrevivência das
gerações actuais e das vindouras, como poluição, uso indevido de inseticidas, pesticidas,
adubos, entre outros. Aprender acerca das diferentes substâncias, sua ocorrência, seus
processos de obtenção e suas aplicações permite ao aluno traçar o paralelo com o
desenvolvimento social e económico do país, dando um contributo positivo na busca de
alternativas para o desenvolvimento da comunidade onde se encontra inserido.

Isso significa que uma pessoa com formação em Química saberia, por exemplo, preparar de
forma adequada as diluições de produtos domésticos, administrar profilaxias para evitar
doenças que afectam a saúde pública (como a cólera) e exigiria que as mercadorias atendessem
às exigências legais de comercialização (como prazos de validade). Além disso, essas pessoas
saberiam posicionar-se criticamente sobre os problemas que lhes inquietam na sua
comunidade. Por isso, Pinto & Santos (2006) afirmam que, mais do que ensinar conceitos, leis
e teorias, o ensino de Ciências Naturais, em geral, e de Química, em particular, deve ajudar o
aluno a construir argumentos científicos, por exemplo saber ler e interpretar escritos científicos

Elaborado por: Profa Doutora Ana Paula Camuendo


(como gráficos, esquemas, diagramas, etc.) e usar conhecimentos científicos na observação e
interpretação de fenómenos do seu quotidiano.

Quando falamos em como ensinar a Química percebemos que não existe uma receita mágica e
sim algumas recomendações. Uma delas é trabalhar com aulas práticas, textos para debates,
vídeos didácticos para ajudar na construção de conhecimentos e alguns momentos o quadro e
giz. Portanto, de nada vale um conhecimento se esse conhecimento é incapaz de produzir
progresso pessoal e social. Será inútil se a Química não permitisse o desabrochar da
compreensão de natureza (Seu objectivo primordial) junto com o despertar da consciência e da
cidadania.

Assim, a educação é um factor de soberania de uma nação cujo povo com acesso à educação
dificilmente deixar-se-á dominar fisicamente, economicamente ou culturalmente. Considera-
se a nossa sociedade muito dependente da Ciência e da tecnologia. É de se imaginar a
calamidade que representa, para uma nação, um povo sem educação científica. A Química, Por
ser uma das ciências naturais, deve estar presenta na vida de todo indivíduo que almeja ser voz
activa no seu seio social.

Assim, a Química é uma das disciplinas da área das Ciências Naturais que está presente na vida
de todo indivíduo que almeja ser voz activa no seu meio social, daí a razão do seu ensino nos
diferentes níveis.

Ao estudar a Química como ciência experimental poderá perceber que ela ocorre como um
processo subdividido em três fases sucessivas: observação, representação e interpretação.

a) Observação. Nesta fase, o químico observa o que se passa durante a experiência: uma
subida de temperatura, uma mudança de cor, a libertação de um gás, etc.

b) Representação. Aqui, a experiência é descrita e representada em linguagem científica,


recorrendo-se a símbolos e equações. Esta notação simbólica contribui para simplificar
a descrição e proporciona uma base de comunicação comum a todos os químicos.

c) Interpretação. Fase em que o químico procura explicar o fenómeno observado.

Em cada uma destas fases, ocorre simultaneamente, uma abordagem a nível macroscópico e
microscópico:

 Na abordagem da Química a nível macroscópico, são observadas directamente as


coisas, tocando-as, pesando-as, etc., ou seja, os dados experimentais das observações
provêm, sobretudo, dos fenómenos físicos;

Elaborado por: Profa Doutora Ana Paula Camuendo


 Ao nível microscópico, faz-se abordagem sobre o comportamento dos átomos e
moléculas constituintes das substâncias intervenientes; ou seja, as teorias explicativas
baseiam-se normalmente no mundo dos átomos e moléculas.

Elaborado por: Profa Doutora Ana Paula Camuendo

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