Você está na página 1de 115

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Aluno:
EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

1
CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

2
SUMÁRIO

MÓDULO I

1 SUSTENTABILIDADE
1.1 CONCEITUAÇÃO
1.2 HISTÓRICO
1.3 PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS E TRATADOS
1.3.1 Conferência de Estocolmo – 1972
1.3.2 Comissão de Brundtland – 1984
1.3.3 Protocolo de Montreal – 1987
1.3.4 Cúpula da Terra do Rio de Janeiro (ECO-92) – 1992
1.3.5 Protocolo de Quioto – 1997
1.3.6 Cúpula da Terra de Johanesburgo (Rio + 10) – 2002
1.3.7 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – Bali –
2007
1.3.8 Protocolo de Quito – 2012
1.4 IMPACTOS CAUSADOS PELA OCUPAÇÃO HUMANA
1.5 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
2 INTRODUÇÃO A ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
2.1 MUDANÇAS E PARADIGMAS
2.1.1 Os sistemas de certificações
2.2 DIRETRIZES PROJETUAIS
2.2.1 A implantação
2.2.2 Os acessos
2.2.3 O projeto e as considerações bioclimáticas
2.2.4 Gestão da água
2.2.5 Especificação de materiais e escolha de técnicas construtivas

AN02FREV001/REV 4.0

3
MÓDULO II

3 PERMACULTURA
3.1 HISTÓRICO
3.2 PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA
3.2.1 Princípio 01: observe e interaja
3.2.2 Princípio 02: capte e armazene energia
3.2.3 Princípio 03: obtenha rendimento
3.2.4 Princípio 04: pratique a autorregulação e aceite o feed back
3.2.5 Princípio 05: use e valorize os serviços e recursos renováveis
3.2.6 Princípio 06: não produza desperdícios
3.2.7 Princípio 07: design partindo de padrões para chegar aos detalhes
3.2.8 Princípio 08: integrar ao invés de segregar
3.2.9 Princípio 09: use soluções pequenas e lentas
3.2.10 Princípio 10: use e valorize a diversidade
3.2.11 Princípio 11: use as bordas e valorize os elementos marginais
3.2.12 Princípio 12: use criativamente e responda às mudanças
3.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
3.3.1 Adobe
3.3.2 Super Adobe
3.3.3 Taipa
3.3.4 Pau a pique
3.3.5 Sanitário seco
3.3.6 Telhado verde
3.4 ESTUDO DE CASOS – MODELOS E PROPOSTAS
3.4.1 Mapa temático da estação de Permacultura: Casa Colmeia
3.4.2 IPEMA – Ubatuba
3.4.3 Chácara Asa Branca – Brasília
4 USO E REUSO DOS RECURSOS E ENERGIAS NATURAIS
4.1 RECURSOS NATURAIS
4.1.1 Hídricos
4.1.2 Energia solar
4.1.3 Energia eólica

AN02FREV001/REV 4.0

4
MÓDULO III

5 A SUSTENTABILIDADE A FAVOR DO CONFORTO NA ARQUITETURA


5.1 CONFORTO TÉRMICO
5.2 CONFORTO LUMÍNICO
5.3 CONFORTO ACÚSTICO
6 VANTAGENS DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AN02FREV001/REV 4.0

5
MÓDULO I

1 SUSTENTABILIDADE

FIGURA 01 – SUSTENTABILIDADE

FONTE: Disponível em: <http://feedcarreira.com.br/cultura-de-sustentabilidade-a-coisa-certa-a-se-


fazer/>. Acesso em: 08 jun. 2013.

A sustentabilidade é um tema que pode ser considerado bastante recente,


todavia existem registros de diversos movimentos que surgiram em várias regiões do
planeta. A verdade é que tais movimentos surgiram a partir da triste constatação de
que as consequências negativas geradas, a partir das intervenções e ocupações
humanas, comprometem seriamente, não só a existência da raça humana, como de
todos os ecossistemas que formam o planeta.

AN02FREV001/REV 4.0

6
1.1. CONCEITUAÇÃO

No ano de 1987 com Brundtland Report, apareceu a primeira definição de


desenvolvimento sustentável, onde foi idealizado um conceito de que o
desenvolvimento sustentável seria aquele que atende às necessidades do presente,
sem comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras (Nosso
Futuro Comum, Relatório Brundtland, 1987).
Temos muitas definições para “sustentabilidade” e “desenvolvimento
sustentável”. Poderíamos sintetizar que a sustentabilidade é respeitar os
ecossistemas conforme eles são dispostos na natureza. Quanto ao desenvolvimento
sustentável é possível assumir, que seria a forma de proceder para chegarmos ao
propósito da sustentabilidade.

1.2. HISTÓRICO

Nos últimos anos da década de 70, no século passado, os líderes políticos


depararam-se com uma constatação: em todas as regiões do planeta, crises
ambientais despontavam e prejudicavam tanto as nações menos desenvolvidas
como os países industrializados. Várias ONGs (Organizações Não Governamentais)
foram criadas em distintos países com o intuito de lutar por questões ambientais e
promover o desenvolvimento sustentável.
A ONU (Organização das Nações Unidas) criou a primeira Conferência das
Nações Unidas sobre o Ambiente Humano em 1972, em Estocolmo na Suécia.
Outras Conferências Internacionais aconteceram e como consequências foram
criados tratados e planos de ação dentro do tema ambiental.

AN02FREV001/REV 4.0

7
FIGURA 02 - EMBLEMA DO PROGRAMA AMBIENTAL DAS NAÇÕES UNIDAS

FONTE: Disponível em: <http://vimeo.com/unep>. Acesso em: 08 ago. 2013.

1.3. PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS E TRATADOS

1.3.1. Conferência de Estocolmo – 1972

Esse foi o marco inicial e oficial do ambientalismo, na tratativa dos


problemas constatados que assolavam e ainda assolam o mundo. O objetivo do
evento era o estudo de estratégias que corrigissem os problemas do meio ambiente
em todo o planeta. O principal resultado foi a criação do Programa Ambiental das
Nações Unidas (UNEP), que recebeu a incumbência de colocar em prática os 26
princípios da Declaração de Estocolmo.
De uma forma mais objetiva, foi elaborado um plano de ação englobando os
recursos naturais, direitos humanos, desenvolvimento sustentável e normas de meio
ambiente em cada país.

AN02FREV001/REV 4.0

8
1.3.2. Comissão de Brundtland – 1984

O ano de 1984, em Genebra, assinalou mais uma marcante Conferência


organizada pela ONU. O fato mais marcante foi a publicação do relatório da
Comissão Brundtland.
No relatório constavam questões referentes à população, alimentação,
segurança, saúde, energia, indústria e uma ampla variedade de desafios urbanos.
Conclui-se que problemas referentes ao estado degradado do planeta são ligados
aos problemas sociais das populações.
O relatório, o tempo todo, reforça alguns componentes, como se pode ver:

“se o desenvolvimento econômico aumenta a vulnerabilidade às crises, ele


é insustentável. Uma seca pode obrigar os agricultores a sacrificarem
animais que seriam necessários para manter a produção dos anos
seguintes. Uma queda nos preços pode levar os agricultores e outros
produtores a explorarem excessivamente os recursos naturais, a fim de
manter rendas. Mas pode-se reduzir a vulnerabilidade usando tecnologias
que diminuam os riscos de produção, dando preferência a opções
institucionais que reduzam flutuações de mercado e acumulando reservas,
sobretudo de alimentos e divisas... Mas não basta ampliar a gama das
variáveis econômicas a serem consideradas. Para haver sustentabilidade, é
preciso uma visão das necessidades e do bem-estar humano que incorpora
variáveis não econômicas, como educação e saúde, água e ar puros e a
proteção das belezas naturais. Também, é preciso eliminar as limitações
dos grupos menos favorecidos, muitos dos quais vivem em áreas
ecologicamente vulneráveis” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1991, p. 57).

1.3.3. Protocolo de Montreal – 1987

Temos como herança desse encontro o tratado conhecido como Protocolo


de Montreal para Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. A partir dessa
ratificação obtivemos melhorias nas práticas de construção e em substâncias que
retardam o fogo e que compõem materiais de limpeza, pois exigiu a extinção gradual
dos CFCs (clorofluorcarbonos), que agrediam e destruíam a camada de Ozônio.

AN02FREV001/REV 4.0

9
1.3.4. Cúpula da Terra do Rio de Janeiro (ECO-92) – 1992

FIGURA 03: EMBLEMA DA ECO-92

FONTE: Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-


rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-sustentavel-dos-
paises.aspx>. Acesso em: 08 jun. 2013.

O Brasil foi palco de encontro para 179 governos participantes da


Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Foram
gerados cinco relatórios:
 Declaração do Rio;
 Agenda 21;
 Declaração dos Princípios das Florestas;
 Convenção sobre Diversidade Biológica;

AN02FREV001/REV 4.0

10
 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Podemos destacar como maior relevância a Agenda 21. O documento está


estruturado em quatro seções com subdivisão de 40 capítulos, destacando:
 Dimensões econômicas e sociais;
 Conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento;
 Revisão dos instrumentos necessários para a execução das ações
propostas;
 A aceitação do formato e conteúdo da Agenda.

Ficou determinado que cada país é responsável pela sua Agenda 21. No
Brasil a entidade representativa e que centraliza as discussões é a CDPS (Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional). A Agenda
21 no Brasil estipula como premissas a inclusão social, a sustentabilidade, as ações
prioritárias da Agenda 21 brasileira são o desenvolvimento sustentável como
premissa para a conservação ambiental, justiça social e crescimento econômico.

1.3.5. Protocolo de Quioto – 1997

Foi ratificado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças


Climáticas (UNFCCC). Exigiu que os países efetivassem o comprometimento com a
redução dos gases de efeito estufa, incluindo o Dióxido de Carbono (CO2).
A redução da emissão dos gases, proposta no Protocolo de Quioto, acaba
refletindo diretamente na construção de edificações, já que na extração, manufatura
e transporte dos insumos são gerados altos contingentes de Dióxido de Carbono.
O ano de 2005 foi determinado como a data de implantação e 141 países
assim o ratificaram, com o compromisso de reduzir suas emissões de gases que
contribuíam com o efeito estufa.

AN02FREV001/REV 4.0

11
1.3.6. Cúpula da Terra de Johanesburgo (Rio + 10) – 2002

FIGURA 04: EMBLEMA DA CÚPULA DA TERRA DE JOANESBURGO

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/iniciativas/acordos-


globais/print>. Acesso em: 08 jun. 2013.

Essa foi a quarta Conferência que aconteceu a partir da Conferência de


Estocolmo, realizada em Johanesburgo, na África do Sul.
A Cúpula reconheceu a tríplice conceitual estabelecida em 1992: o
desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental.
Um fato marcante foi que os Estados Unidos não compareceram à
Conferência.
Entre os principais avanços destaca-se a importância do desenvolvimento
sustentável e a construção sustentável para os países menos desenvolvidos.

AN02FREV001/REV 4.0

12
1.3.7. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – Bali –
2007

Entidades não Governamentais e 180 Representações Governamentais


participantes do evento de 1997 em Quioto voltaram a se reunir para discutirem
propostas internacionais com o intuito de diminuir emissões de carbono seguindo o
Tratado de Quioto.

1.3.8. Protocolo de Quito – 2012

No dia 08 de dezembro de 2012, no Catar, 194 países reafirmaram o


Protocolo de Quioto, prorrogando por mais oito anos o compromisso estabelecido
em 2002. O grande saldo negativo e preocupante é que os grandes poluidores não
se fizeram presentes, sendo que Japão, Rússia, Canadá, Nova Zelândia e EUA são
as nações contrárias ao Protocolo. Japão, Rússia e Nova Zelândia participaram,
mas não assinaram o termo de compromisso, ao passo que o Canadá retirou-se e
os EUA não participaram. O caso do EUA é bastante pontual, pois não ratificaram o
compromisso nem se quer no primeiro encontro. Restou a Austrália, União Europeia
e mais alguns países do eixo europeu que se comprometeram, porém representam
apenas 15% do total de contribuição de poluentes lançados no meio ambiente.
(FONTE: Disponível em: <http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/onu-prolonga-quioto-mas-adia-novas-
decisoes-sobre-o-clima-1576645>. Acesso em: 08 jun. 2013).

É de comum conhecimento que é muito pouco e em 2014 haverá uma


revisão quanto às metas a serem traçadas. Até essa data, as Nações Unidas
pretendem ter um tratado climático mundial que envolva também os países em
desenvolvimento e não só os do eixo dito desenvolvido. Sendo assim países como a

AN02FREV001/REV 4.0

13
China, Índia e Brasil terão de assumir compromissos de redução de emissão de
CO2 no planeta.

1.4. IMPACTOS CAUSADOS PELA OCUPAÇÃO HUMANA

Toda e qualquer ocupação feita pelo homem gera impactos diretos nos
ecossistemas que são subjugados. Sempre que acontece o estabelecimento de uma
edificação em uma área qualquer, todas as atividades que são desenvolvidas
acarretam algum tipo de consequência direta nas condições naturais da zona de
implantação. A verdade é que o microclima local acaba sendo alterado em virtude
das alterações que são feitas na flora, fauna e incidência de recursos naturais
peculiares da região que sofreu a intervenção.
Os movimentos de terra realizados em escavações e terraplanagens, e a
derrubada de espécies vegetais, são dois processos que deveriam passar por
análise e concessões municipais antes de serem realizadas. Infelizmente não
existem regras claras que impeçam a ação indiscriminada do ser humano em todos
os municípios, por meio de secretarias específicas para tal fiscalização. O ideal é
que todo empreendimento novo a ser implantado pudesse passar por uma análise
de seu impacto ambiental, para que as medidas necessárias pudessem ser tomadas
na minimização ou em alguns casos a inviabilização do mesmo.

AN02FREV001/REV 4.0

14
FIGURA 05 – RETIRADA DE VEGETAÇÃO FIGURA 06 – ESCAVAÇÃO

FIGURA 05 - FONTE: Disponível em: <http://www.fatimadosul.ms.gov.br>. Acesso em: 08 jun. 2013.


FIGURA 06 - FONTE: Disponível em: <http://www.umarizal.com>. Acesso em: 08 jun. 2013.

Não só durante o processo de estabelecimento do empreendimento que


acontecem as agressões ao meio ambiente, é durante a execução dele que vamos
verificar um alto índice de poluição, causados pelos resíduos de obra. É durante
essa etapa que são constatadas igualmente o descarte de recursos naturais e falta
de bom senso em sua utilização.

FIGURA 07 – RESÍDUOS DE OBRA FIGURA 08 – DESPERÍCIO DE ÁGUA

FIGURA 07 - FONTE: Disponível em: <http://www.recriarcomvoce.com.br/blog_recriar/tag/casa-


sustentavel/page/5/>. Acesso em: 08 jun. 2013. FIGURA 08 - FONTE: Disponível em:
<http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/ana-lanca-edital-para-gestao-da-agua-na-construcao>.
Acesso em: 08 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

15
Para a realização das atividades no canteiro de obras são necessários
equipamentos e insumos para que os trabalhadores possam constituir os diversos
elementos construtivos. Se pensarmos que toda a matéria-prima que entrou na obra
passou pelo processo de extração, manufatura e transporte até chegar ao local de
sua utilização, chegaremos à conclusão de que os diversos processos geraram de
alguma forma e em uma determinada intensidade, um percentual significativo de
poluição no planeta.

FIGURA 09 – EXTRAÇÃO DE MADEIRA FIGURA 10 – POLUIÇÃO

FIGURA 09 - FONTE: Disponível em:


<http://www.colheitademadeira.com.br/informativos/270/extracao-de-madeira-shovel-logging.html>.
Acesso em: 08 jun. 2013. FIGURA 10 - FONTE: Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/biologia/poluicao.htm>.
Acesso em: 08 ago. 2013.

Finalizado o processo de execução do imóvel, começa uma nova etapa


dentro das consequências da ocupação humana. Uma vez habitando ou utilizando o
imóvel, o homem passa a gerar resíduos que agridem o local em que está
estabelecido e também os possíveis destinos dados a esse lixo. Outro fator negativo
é o desperdício dos recursos naturais, bem como a falta de políticas de reutilização
ou reaproveitamento dessas fontes naturais. Na imagem a seguir podemos ver um
protótipo que serve de modelo para uma residência, em que são potencializados o
uso inteligente e reaproveitamento de recursos naturais, tais como: captação de
energia solar, utilização da água da chuva para fins específicos, tratamento de
esgoto, separação de resíduos, etc.

AN02FREV001/REV 4.0

16
FIGURA 11 – MODELO DE RESIDÊNCIA SUSTENTÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://criadordesites.tehospedo.com.br/Sites/c24b4a7b-dd04-4f65-838c-


5691ee56d6ec/page000.aspx>. Acesso em: 08 jun. 2013.

1.5. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ao fazermos uma análise criteriosa da demanda de energia e os impactos


gerados pelo setor da construção civil no meio ambiente, vamos nos deparar com
índices preocupantes e passíveis de reflexão.
Segundo alguns dados levantados, os percentuais a cerca de dados
relacionados à construção civil podem ser resumidos nos seguintes itens
(SINDUSCON-SP, 2009):
 A construção civil consome 40% dos recursos naturais e da energia
produzida;
 São consumidos 34% da água disponível nos processos construtivos;

AN02FREV001/REV 4.0

17
 Os processos construtivos consomem 55% da madeira não certificada;
 São gerados 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos;
 São gerados 50% do volume total de resíduos.

Dentre as tipologias construtivas, pode-se subdividir quanto à geração de


resíduos sólidos:
 Reformas: 59% de contribuição;
 Residências novas: 20% de contribuição;
 Prédios novos: 21% de contribuição.

Outro dado relevante diz respeito ao consumo de energia elétrica para


sustentação dos três setores da economia, na seguinte ordem:
 Indústria: 25% de consumo;
 Transportes: 25% de consumo;
 Construção civil e operações das edificações: 50% do total de
consumo.

De posse de números tão reveladores, já é passada a hora de adotar uma


postura diferente em relação aos processos construtivos. Passa pelos profissionais
envolvidos nas etapas de projeto a primeira atitude de remediar a atual situação em
que nos encontramos. A partir de um projeto melhor pensado, uma especificação
criteriosa de materiais e técnicas construtivas e compromissos de sustentabilidade é
que poderemos ir de encontro a uma realidade que já afeta nosso presente e
compromete as gerações futuras.
A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS e outras instituições
apresentam diversos princípios básicos da construção sustentável:
 Aproveitamento de condições naturais locais;
 Utilização mínima de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
 Implantação e análise do entorno;
 Não provocar, ou reduzir impactos no entorno – paisagem,
temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar;
 Qualidade ambiental interna e externa;
 Gestão sustentável da implantação da obra;
 Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
 Uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do
processo;
 Redução do consumo energético;
 Redução do consumo de água;

AN02FREV001/REV 4.0

18
 Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
 Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
 Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
(CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO/FEDERAÇÃO DAS
INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2008, p.15).

2 INTRODUÇÃO A ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

FIGURA 12 – PROJETOS DE ARQUITETURA

FONTE: Disponível em: <http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/o-que-te-


motiva/2011/03/02/arquitetos-brasileiros-em-alta-na-australia/>.
Acesso em: 08 jun. 2013.

O processo criativo e diretivo de um projeto civil seja residencial unifamiliar


ou multifamiliar, industrial, comercial, público ou corporativo, é realizado pelo
arquiteto. É esse o profissional que dá início ao processo de concepção de um novo
empreendimento na construção civil. Capacitado pelo período de estudos e
conhecimentos adquiridos é ele que deve estudar o local de implantação, analisar os
condicionantes e a partir de uma correta implantação, propor uma intervenção que
esteja dentro de parâmetros que potencializem as premissas de prevenção e
minimização dos impactos nocivos ao ambiente.

AN02FREV001/REV 4.0

19
Junto desse profissional trabalham outros técnicos que são os engenheiros
civis, engenheiros mecânicos, topógrafos, técnicos em edificações, estudantes e
trabalhadores da construção civil. Todavia, a cadeia é formada por diversos setores
da sociedade e todos eles têm uma parcela de compromisso dentro da temática.

FIGURA 13 – INTEGRANTES DA CADEIA CONSTRUTIVA

FONTE: Imagem própria do autor (Arq. Fabiano Volpatto).

2.1 MUDANÇAS E PARADIGMAS

O ambiente do setor da construção civil apresenta alguns paradigmas que


estão encrustados nos modelos de gestão e execução dos empreendimentos. É
sabido que a construção civil é um setor da cadeia produtiva em que ainda
predomina a base manufatureira, sendo um tanto quanto, ainda artesanal na maioria

AN02FREV001/REV 4.0

20
das atividades. Esse atraso em relação ao setor da indústria tem como fatores
principais:
 Condições de trabalho severas e nas mais diversas situações
adversas;
 Mão de obra sem especialização;
 Baixa produtividade da mão de obra;
 Ausência de tecnologias adequadas aos processos construtivos;
 Variedade de insumos e recursos que dificultam uma integração
na execução das tarefas;
 Tecnologias retrógradas e ultrapassadas;
 Falta de comprometimento para evitar o desperdício que atinge
patamares muito altos.

A preocupação com a extensão dos danos causados pelo homem, e


também com a sua reparação, assim como com projetos de que causem menor
impacto ambiental só adquiriram importância muito recentemente. Por isso mesmo,
os estudos e teorias desenvolvidos, bem como as novas práticas que passaram a
ser adotadas, por serem novas, não permitem o claro entendimento de muitos dos
termos frequentemente utilizados e, principalmente, o significado destes quando
aplicados a intervenções urbanas e arquitetônicas (SATTLER, 2007).
Temos muito caminho a percorrer no sentido de consertar os estragos
realizados ao longo dos anos em virtude das interferências nocivas no meio
ambiente. Infelizmente, só fomos nos dar conta dos prejuízos quando as
consequências se mostraram evidentes e o mal bateu a nossa porta. Independente
das práticas serem recentes, a mudança de postura e quebra de paradigmas deve
acontecer gradualmente sem prorrogação de prazos.
A incorporação de práticas sustentáveis na construção civil é uma tendência
que cresce no mercado. Adotar essa política é inevitável, a tal ponto que já se
registram exigências postuladas pelos consumidores, investidores e governos junto
ao setor da construção civil, pressionando para que aconteça uma mudança na
gestão dos empreendimentos visando à sustentabilidade na cadeia produtiva.
Qualquer empreendimento que vise à sustentabilidade deve atender de uma forma

AN02FREV001/REV 4.0

21
equilibrada sua adequação ambiental dentro de uma viabilidade econômica, com
justiça social e respeito à cultura local.
Na verdade, muitos dos conceitos presentes nas cartilhas que pregam uma
adesão aos conceitos de sustentabilidade são bastante óbvios e o bom senso nos
traz a coerência das práticas a serem respeitadas. Algumas atitudes são simples e
exigem somente um pouco de sanidade e sensibilidade por parte de todos os
envolvidos na concepção e uso dos imóveis. Podemos pontuar:
 Utilizar com cautela e de maneira inteligente todas as formas de água;
 Dar preferência à utilização de recursos energéticos renováveis;
 Reduzir o uso de materiais de construção, e entre os disponibilizados
pelo mercado, optar pelos que possuam certificação ambiental;
 Quando construir, buscar maximizar a durabilidade da edificação,
assim como, nas novas construções, fazendo uso de materiais já usados
anteriormente e minimizar perdas.

2.1.1 Os sistemas de certificações

FIGURA 14 – SELO U.S. GREEN BUILDING COUNCIL

FONTE: Disponível em: <http://ambientalsustentavel.org/2012/leed-certifica-primeiras-edificacoes-


brasileiras-em-2012/>. Acesso em: 10 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

22
Outra tratativa a cerca da busca por menores agressões ao meio ambiente e
regulamentações que propiciem o estabelecimento de empreendimentos voltados à
preservação do planeta, foram as certificações ambientais para projetos e execução
de imóveis.
Os sistemas de certificação não são iguais às ferramentas de avaliação de
desempenho, impacto ambiental ou ciclo e vida, ainda que o processo possa
fornecer avaliações de impacto e outros dados pertinentes de importância relevante
a respeito das edificações avaliadas (BURKE; KEELER, 2010).
Alguns itens que são observados, de uma forma geral, pelos diversos
organismos que fornecem os selos das certificações, levam em conta:
 Uma melhor e coordenada compactação urbana, diversidade dos usos
e redução de deslocamentos da população;
 Relação harmoniosa do edifício com o seu entorno de inserção;
 Prédios com conforto ambiental e eficiência energética;
 Escolha integrada dos processos e dos materiais construtivos;
 Consumo inteligente dos recursos em geral;
 Desenho funcional da edificação;
 Sistemas de coleta e tratamento de água e esgoto;
 Políticas e posturas para reduzir a geração de resíduos;
 Projetos com modularidade, detalhamentos e padronizações;
 Adequação ao uso e vida útil da edificação;
 Adaptabilidade às mudanças de uso e desconstrução;
 Organização e setorização de acessos;
 Preparo da edificação para o envelhecimento.

AN02FREV001/REV 4.0

23
FIGURA 15 – SELO AQUA

FONTE: Disponível em: <http://geracaomeioambiente.blogspot.com.br/2012/09/artigo-selos-


ambientais-na-hotelaria.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.

Vejamos na tabela a seguir, onde levantamos um breve histórico dos


principais métodos de certificação existentes, incluindo os três sistemas que estão
presentes no Brasil em nossa atualidade:

HISTÓRICO DAS CERTIFICAÇÕES


Selo Ano - País Significado
BREEAM 1990 – Inglaterra Building Research Establishment
Environmental Assessment Method
LEED 1998 - EUA Leadershipin Energy and Environmental
Design
HQE 2002 – França Haute Qualité Environnementale
CASBEE 2002 – Tóquio Comprehensive Assessment System for
Building Environmental Efficiency
AQUA 2007 – Brasil Alta Qualidade Ambiental
PROCEL/ 2008 – Brasil

AN02FREV001/REV 4.0

24
Edifica
Selo Casa 2010 – Brasil
Azul/CEF
FONTE: Tabela própria do autor (Arq. Fabiano Volpatto).
Acesso em: 08 ago. 2013.

Ao analisarmos os sistemas e interpretar sua abrangência e resultados


obtidos, podemos elencar três grupos principais que se enquadram dentro dos
beneficiários quando aplicamos a certificação por um selo. Temos o
empreendimento em si quanto à consciência ambiental, a sua valorização
econômica, os empreendedores e os usuários.
Tabulando os imóveis, que formalizaram a intensão e obtiveram algum dos
selos, por meio de pesquisas de mercado encontraremos a constatação de que o
valor agregado e a preferência pelo consumidor potencializam a escolha por
empreendimentos sustentáveis. “Os consumidores afirmam que trocariam de
fornecedor se um produto fosse certificado e que optariam pela compra de tal
produto” (AEA, 2013, p. 55). Estatísticas imobiliárias, nos grandes centros de
atuação dos organismos de certificação, determinam um incremento nas vendas de
produtos voltados à construção sustentável.

Benefícios obtidos por meio dos sistemas de avaliação para o setor da


construção civil:
 Obtenção de prêmio aos empreendimentos que apresentam as
melhores práticas ambientais do setor;
 Obriga e potencializa o aperfeiçoamento dos projetos;
 Capacita a possibilidade de efetuar comparações entre as atuações e
empreendimentos;
 Melhora a imagem do setor agregando pontos positivos a uma área de
atuação que apresenta falhas e atrasos tecnológicos;
 Alavanca iniciativas e estímulos ao mercado de produtos sustentáveis;
 Serve de base e inspiração para a criação de legislações e normas.

AN02FREV001/REV 4.0

25
Benefícios aos empreendedores e usuários:
 Qualidade de vida;
 Conforto interno e ambientes com saúde;
 Despesas de manutenção reduzidas e em alguns casos eliminadas;
 Patrimônio não perde valor de mercado com o passar do tempo,
podendo ainda se valorizar;
 A questão de ser sustentável e ecologicamente correto oportuniza um
diferencial de negócio e consequente valorização imobiliária;
 Auxílio ao planeta com menor impacto ambiental e social;
 Órgãos ambientais e comunidades mais afinadas no relacionamento;
 Desenvolvimento de consciência ambiental.

As certificações presentes e atuantes no Brasil são: LEED, AQUA, Procel


Edifica e mais recentemente o Selo Casa Azul/CEF.
Dados estatísticos colocam o Brasil entre os países que detêm o maior
número de empreendimentos certificados com algum selo entre todas as nações do
mundo.

AN02FREV001/REV 4.0

26
FIGURA 16 – SELO PROCEL

FONTE: Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/procel-edifica-etiqueta-de-11-12-


2009.html>. Acesso em: 10 jun. 2013.

Vamos ver alguns exemplos de cada um das certificações, sendo o primeiro


de duas torres no estado de São Paulo. O empreendimento é certificado com o selo
GBC – Green Building Council - com o LEED na categoria Gold. Para a obtenção da
certificação foram atendidos quatro critérios: redução do consumo de energia e dos
custos operacionais e de manutenção; diminuição do uso de recursos ambientais
não renováveis; melhora da qualidade do ar interno do edifício; melhora da
qualidade de vida e da saúde dos usuários otimizando a qualidade do ambiente
construído.

AN02FREV001/REV 4.0

27
FIGURA 17 – TORRES ROCHAVERÁ: CERTIFICAÇÃO LEED

FONTE: Disponível em: <http://www.metodo.com.br/imprensa/noticias/68/Rochavera-recebe-


certificacao-LEED.aspx>. Acesso em: 11 jun. 2013.

O processo Selo Casa Azul/CEF traz como exemplo um empreendimento


habitacional com 171 unidades habitacionais em uma área de revitalização e
urbanização de favelas.

AN02FREV001/REV 4.0

28
FIGURA 18 – LEROY MERLIN LONDRINA: CERTIFICAÇÃO SELO CASA
AZUL/CEF

FONTE: Disponível em:


<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/noticias/?p=23360>.
Acesso em: 11 jun. 2013.

Um exemplo de certificação AQUA que atingiu todos os quesitos com


graduações distintas foi o empreendimento comercial Leroy Merlin Londrina.

AN02FREV001/REV 4.0

29
FIGURA 19 – LEROY MERLIN LONDRINA: CERTIFICAÇÃO AQUA

FONTE: Disponível em: <http://promoview.com.br/parana/238328-leroy-merlin-chega-a-londrina/>.


Acesso em: 11 jun. 2013.

Seguindo, vamos ter abaixo um exemplo de certificação pelo processo


INMETRO/Eletrobrás do selo Procel/Edifica.

AN02FREV001/REV 4.0

30
FIGURA 20 – FATENP: CERTIFICAÇÃO PROCEL-EDIFICA

FONTE: Disponível em:


<http://www.abrinstal.org.br/eventos/realizados/ws2011nov_apres_lamberts.pdf>. Acesso em: 11 jun.
2013.

2.2 DIRETRIZES PROJETUAIS

Um empreendimento que atenda a princípios de sustentabilidade deve


respeitar algumas diretrizes que dizem respeito não só ao projeto e sua consequente
execução, mas também o estudo de viabilidade e implantação na área determinada
para sua localização.

AN02FREV001/REV 4.0

31
2.2.1 A implantação

O estudo da área em que o empreendimento será executado possui


características em relação a sua topografia, flora, fauna e microclima próprio. Se
levarmos em consideração que existem ecossistemas estabelecidos no local, toda e
qualquer alteração ou intervenção na área gerará consequências que podem
determinar até a extinção do mesmo.
No caso de existirem vegetações de espécies nativas sobre o terreno,
sempre o primeiro caminho é respeitar a sua geografia, e então tirar partido para
compor o espaço edificado com as áreas de paisagismo.
Na eventualidade de necessitar efetuar a retirada, sempre obedecer aos
processos de licenças ambientais fornecidas pelas entidades municipais e
estaduais, prevendo o seu replantio em outra área.
A topografia original do terreno pode apresentar áreas com aclive, declive ou
planicidade em relação a sua locação no contexto urbano. O ideal seria locar o
empreendimento respeitando a topografia original do terreno. A retirada de material
para implantar a edificação pode ser necessária, porém sempre se faz conveniente a
utilização na própria área do material excedente. Escavações e aterros sempre
agridem o local de forma considerável, portanto quanto menor a alteração, melhor o
ecossistema se adapta ao novo contexto.
Vejamos no exemplo a seguir uma residência implantada em um terreno
com aclive. A disposição e volumetria da edificação seguiu a diferença de alturas
que o terreno apresentava.

AN02FREV001/REV 4.0

32
FIGURA 21 – CASA EM TERRENO COM ACLIVE

FONTE: Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/74900/casa-am-arte-urbana-arquitetos/>.


Acesso em: 11 jun. 2013.

2.2.2 Os acessos

A questão da acessibilidade passa por um primeiro estágio quando se


estabelece a logística do canteiro de obras. Nesse interim deve se ater ao propósito
de lançar os postos de trabalho, bem como o almoxarifado e depósito de materiais,
para que as tarefas possam acontecer sem que os operários despendam tempo e
trajetos desnecessários. Uma vez bem dispostos os materiais e equipamentos a
serem utilizados, potencializa-se a economia de material e o desperdício, grande
chaga da construção civil, é reduzido consideravelmente. Um layout bem pensado
ajuda o desenvolvimento operacional como um todo.
Quando falamos na acessibilidade em nível projetual é inevitável que
atentemos para que todos tenham seu direito garantido de ir e vir, seja da área
externa para o interior da habitação, ou pelos espaços internos dos prédios. Existe

AN02FREV001/REV 4.0

33
uma norma específica da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que
regulamenta as exigências nessa área, que é a NBR 9050:2005 – Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

FIGURA 22 – ACESSIBILIDADE

FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=3674>.


Acesso em: 11 jun. 2013.

Alguns pontos relevantes para o cumprimento dessa diretriz são:


 Vias e equipamentos urbanos adequados aos portadores de
deficiência, tais como travessias, rebaixos de calçadas, sinalização tátil, etc.;
 Respeito a larguras adequadas dos acessos, portas e corredores;
 Presença de rampas e elevadores em desníveis, além de escadas;
 Dimensões dos ambientes de uso comum, tais como banheiros, que
permitam a locomoção de cadeirantes.

2.2.3 O projeto e as considerações bioclimáticas

O homem sempre buscou nas habitações, desde as mais rudimentares no


começo da história, até os dias atuais, a proteção contra as intempéries e a própria

AN02FREV001/REV 4.0

34
sobrevivência contra agentes externos. Ainda que a habitação forneça a proteção
básica, é impreterível que em seu interior possamos encontrar as condições
necessárias para uma habitabilidade com conforto. Conforto esse, que se refere a
ambientes que tenham boa condição térmica, acústica e lumínica.
Quando falamos em gestão energética levamos em conta o conforto humano
que é determinado pelo clima interno e as características da arquitetura dos
espaços. As características climáticas são determinadas pela presença de
vegetação, ventos, topografia, água, incidência solar, etc.
Uma vez pontuadas as características do clima e sua influência, estamos
munidos de informações para buscarmos as melhores alternativas de projeto para a
adoção de métodos e elementos de construção. Os estudos das formas, dimensões
e funções dos espaços em conjunto com a influência dos recursos naturais
determinam a eficiência energética e o conforto que é propiciado pelo
empreendimento. Dentre algumas posturas estão:
 Preferência pela luz natural ao invés da luz artificial;
 Sempre que possível estabelecer a posição das aberturas para permitir
que aconteça a ventilação cruzada nos ambientes;
 Aproveitar a luz solar para aquecer os ambientes nas temporadas de
frio e criar elementos que barrem a entrada dela em temporadas de calor;
 Emprego da vegetação para criar ambientes com sombreamento e
consequente amenização do calor, seja por tetos verdes ou paredes protegidas;
 Proteção contra ruídos tirando partido da vegetação ou topografia do
terreno.

AN02FREV001/REV 4.0

35
FIGURA 23 – TELHADO VERDE

FONTE: Disponível em: <http://www.zap.com.br/revista/imoveis/arquitetura-e-urbanismo/tetos-e-


paredes-verdes-oferecem-conforto-termico-e-reduzem-os-impactos-ambientais-20090828/>.
Acesso em: 11 jun. 2013.

FIGURA 24 – VENTILAÇÃO CRUZADA

FONTE: Disponível em: <http://giodas.blogspot.com.br/2011/08/sustentabilidade-na-arquitetura.html>.


Acesso em: 12 abr. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

36
2.2.4 Gestão da água

Inevitável que o proceder na utilização desse recurso, que já é escasso em


algumas regiões do planeta, seja o mais racional possível. Dentre as medidas mais
salutares está à geratriz de todas, que é a economia e parcimônia na utilização da
água potável. Além disso, podemos destacar:
 Emprego de equipamentos que visem à economia e que evitem o
desperdício;
 Captação e acondicionamento da água da chuva para
reaproveitamento em funções que não exijam a água potável, tais como: irrigação,
lavagens externas, descarga de bacias sanitárias, etc.;
 Possibilidade de reaproveitamento das águas provenientes dos
esgotos por meio de unidades de tratamento;
 Separação de hidrômetros em condomínios.

AN02FREV001/REV 4.0

37
FIGURA 25 – CAPTAÇÃO E ACÚMULO DA ÁGUA DA CHUVA

FONTE: Disponível em: <http://www.ecocasa.com.br/aproveitamento-de-agua-de-chuva.asp>.


Acesso em> 12 abr. 2013.

2.2.5 Especificação de materiais e escolha de técnicas construtivas

As características da região devem determinar a especificação de materiais


e técnicas construtivas.
A sustentabilidade passa também pela opção de insumos que estejam
próximos ao seu local de utilização, pois dessa forma minimizam a energia
despendida para seu transporte.
Da mesma forma o emprego de técnicas construtivas presentes no meio
minimizam o desperdício e patologias pela possível falta de treinamento da equipe
de trabalho.
A consequência direta desse tipo de postura é uma obra mais qualificada e
com menos patologias, aumentando assim a vida útil da edificação. E é justamente

AN02FREV001/REV 4.0

38
esse o propósito da construção sustentável: reduzir desperdício e aumentar a vida
útil da edificação.
A escolha do material construtivo passa pela análise do seu ciclo de vida,
ressaltando a importância da avaliação dos impactos causados desde a extração à
produção, utilização e posterior descarte.
Os materiais corretos são determinados por algumas premissas:
 Atendimento às certificações ambientais vigentes;
 Em sua extração e manufatura eliminar baixos índices de CO2;
 Menor geração de resíduos sólidos na fase de construção;
 Menor devastação de vegetação na sua extração;
 Menor demanda de energia e água em suas fases de manufatura e
posterior utilização;
 Maior possibilidade de reutilização no final de seu ciclo de vida.

Na fase de construção, é indispensável que tenhamos uma condição de


durabilidade e possibilidade de reutilização dos materiais. Essa condição de
desmontagem passa pela modulação de peças e facilidade de reagrupamento em
um novo destino dado ao material.
O final ideal, na cadeia do processo da vida de um material, é que os
resíduos possam ser incorporados na produção de novos materiais ou edificações.
Igualmente que elementos construtivos possam se adaptar e serem
reutilizados em outros fins ou em outros empreendimentos, valorizando assim sua
durabilidade.

FIM DO MÓDULO I

AN02FREV001/REV 4.0

39
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Aluno:
EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

40
CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

41
MÓDULO II

3 PERMACULTURA

Vejamos a definição de Permacultura por um de seus criadores:

Uma definição mais atual de permacultura, que reflete a ampliação da


abordagem implícita no livro Permacultura Um, é: “Paisagens
conscientemente desenhadas que reproduzem padrões e relações
encontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos,
fibras e energia em abundância e suficientes para prover as necessidades
locais.” As pessoas, suas edificações e a forma como se organizam são
questões centrais para a permacultura. Assim, a visão da permacultura de
uma agricultura permanente ou sustentável evoluiu para uma visão de uma
cultura permanente sustentável. (HOLMGREN, 2007, p. 3)

FIGURA 26 – FLOR DA PERMACULTURA

FONTE: Disponível em: <http://naturaekos.com.br/blog/design-sustentavel/voce-sabe-o-que-e-


permacultura/.
Acesso em: 12 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

42
Essa filosofia prega a reprodução dos modelos da natureza, criando
sistemas ecologicamente corretos, viáveis economicamente e que se sustentem ao
longo de sua aplicação. Três diretrizes definem a ética da Permacultura, que são:

 RESPEITO COM AS PESSOAS: orientação de como atender de forma


satisfatória as principais necessidades humanas, a saber – abrigo, alimentação,
educação, saúde e trabalho. Sua importância é significativa em virtude da
intervenção humana em seu meio e as consequências do antes, durante e
principalmente após esse estabelecimento.
 CUIDADO COM A TERRA: aconselha no método de como proceder
com os seres vivos e inanimados. Utilização racional dos recursos com um sistema
de viver coerente.
 COERÊNCIA COM A DISTRIBUIÇÃO DOS EXCEDENTES: determina
a quantidade de tempo, capital e energia para alcançar as metas traçadas no
cuidado com a Terra e as pessoas, ou seja, sempre que atendidas nossas
necessidades e tendo os sistemas devidamente racionalizados em nosso favor,
poderemos e deveremos nos organizar para que nosso semelhante alcance os
mesmos propósitos.

Dentro da filosofia da Permacultura existem alguns princípios que


determinam as ações em qualquer local de sua inserção. Vejamos de uma forma
sintética a seguir (SATTLER, 2007):
 Cada elemento (casa, estrada, açude, horta, etc.) é posicionado em
relação ao contexto auxiliando-se mutuamente;
 Cada elemento deverá ter o maior número de funções possíveis ao ser
escolhido;
 Sempre buscar suprir as necessidades básicas, tais como, a água,
alimentação, energia, por meio de duas ou mais maneiras;
 Prever o emprego eficiente da energia. O uso dos recursos naturais é
elementar e essencial;
 Usar preferencialmente recursos biológicos em detrimento de
combustíveis fósseis;

AN02FREV001/REV 4.0

43
 Lançar mão da reciclagem de resíduos;
 Exercer a policultura e diversidade de espécies;
 Emprego de padrões naturais;
 Criar a consciência de que não existem problemas, mas sim
oportunidades.

A Permacultura traz inerente a sua filosofia, a não agressão à natureza pelo


ser humano em suas possíveis técnicas de intervenção. Algumas associações
realizadas com essa linha de pensamento podem ser registradas com o paisagismo
produtivo: produção de alimentos isentos de produtos químicos. Podem também
evidenciar a utilização e reutilização dos recursos naturais.

3.1 HISTÓRICO

A Permacultura teve sua criação no final dos anos 1970 por Bill Mollison e
David Holmgren, na Austrália, não tratando unicamente dos elementos de um
sistema, mas principalmente, dos relacionamentos que podem ser criados entre
eles, por meio da forma com que os colocamos no terreno (SATTLER, 2007).
A primeira nomenclatura foi agricultura permanente. Depois veio a definição
de cultura permanente, para se transformar no que chamamos hoje de
Permacultura. Uma prática de vida adotada em diversas regiões do planeta.

AN02FREV001/REV 4.0

44
FIGURA 27 – DAVID HOLMGREN E OS PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA

FONTE: Disponível em: <http://www.permanentculturenow.com/permaculture-pioneers-david-


holmgren/.
Acesso em 12 jun. 2013.

FIGURA 28 – BILL MOLLISON

FONTE: Disponível em: <http://www.vebu.de/alt/nv/nv_2001_1__Was_ist_Permakultur.htm>.


Acesso em 12 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

45
3.2 PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA

São aplicáveis de uma forma universal com o intuito de acelerar o


desenvolvimento do uso sustentável da terra e dos recursos, seja em qualquer
circunstância, tanto de abundância como de escassez.
O procedimento para satisfazer as necessidades da população dentro de
parâmetros ecológicos requer uma mudança de postura cultural.
Vamos ver um breve resumo dos princípios da sustentabilidade, encontrados
no livro “Os Fundamentos da Permacultura” de autoria de David Holmgren.

3.2.1 Princípio 01: observe e interaja

Uma relação livre e com harmonia, entre a natureza e o homem, aliada à


observação atenta geram um bom design. O produto é gerado por meio de uma
interação contínua com o objeto de observação. A Permacultura utiliza essas
condições para desenvolver, de maneira consciente e contínua, sistemas de uso da
terra e de vida que possam sustentar as pessoas pela era de energia decrescente.
Mais do que a adoção e duplicação de soluções que se mostraram
satisfatórias, o objetivo primordial desse princípio é facilitar a geração de
pensamentos em longo prazo. Assim, em todo e qualquer nível é preciso acreditar
nas habilidades de observação e interação cuidadosa para encontrarmos a linha de
conduta mais indicada para a ação desejada.

AN02FREV001/REV 4.0

46
3.2.2 Princípio 02: capte e armazene energia

Vivemos em um mundo com muitas riquezas coletadas de combustíveis


fósseis, as quais foram utilizadas ao longo dos anos, e em consequência os
estoques vêm diminuindo. Precisamos aprender a economizar as riquezas que
estamos consumindo e desperdiçando para um futuro próximo.
Algumas fontes de energia podem ser decorrentes do sol, ventos, água e
recursos desperdiçados, pelo setor agrícola, industrial ou comercial.

3.2.3 Princípio 03: obtenha rendimento

No princípio anterior vimos a necessidade de utilizar os recursos existentes


para investimentos em longo prazo. Porém, necessitamos nos manter também
agora, no presente.
O terceiro princípio diz respeito ao planejamento de qualquer sistema que
nos proporcione autossuficiência em qualquer nível, fazendo uso de energia
capturada e armazenada eficientemente.
Sem a produção útil e satisfatória, qualquer coisa projetada tenderá a
enfraquecer, enquanto elementos que gerem produção imediata terão sucesso.

3.2.4 Princípio 04: pratique a autorregulação e aceite o feedback

Sistemas autorreguláveis são a busca da Permacultura. Um sistema que


possui em sua composição elementos autossuficientes e independentes é mais
eficiente e resistente às turbulências.

AN02FREV001/REV 4.0

47
O desenvolvimento de culturas e comportamentos mais condizentes com
aceitação de feedback da natureza, evita a exploração abusiva dos recursos
naturais. O feedback negativo precisa de direção para produzir uma mudança
corretiva, mas não excessiva a ponto de prejudicar ou impossibilitar o
desenvolvimento do sistema.

3.2.5 Princípio 05: use e valorize os serviços e recursos renováveis

Os recursos renováveis são aqueles que são repostos por processos


naturais ao longo de períodos coerentes, sem a necessidade de grandes insumos
que não possuem renovação.
Os serviços renováveis são aqueles que obtemos de plantas, animais, solo e
água vivos, sem consumi-los.
O design da permacultura pontua o melhor uso dos recursos naturais que
não envolvam consumo para minimizar novas demandas e potencializar as boas
relações entre a natureza e os seres humanos.

3.2.6 Princípio 06: não produza desperdícios

Nesse princípio são reunidos os valores tradicionais da frugalidade e


cuidado com os bens materiais, a preocupação moderna com a poluição e a
perspectiva mais radical que relaciona os desperdícios como recursos e
oportunidades.
Os processos desenvolvidos dentro da indústria são caracterizados pelo
modelo insumo-produto, em que os insumos são materiais naturais e energia, e os
produtos são coisas ou serviços. Dando um passo além, no futuro, vamos perceber
que todas essas coisas produzidas acabam virando lixo e que o mais insignificante
dos serviços redunda na degradação de recurso e energia em resíduos que não
podem ser aproveitados.

AN02FREV001/REV 4.0

48
“Hoje deveríamos reconhecer aqueles que reusam criativamente os
desperdícios como a verdadeira essência de uma vida com mínimo impacto na
Terra” (HOLMGREN, 2007, p.18).
Ainda que seja menos interessante do que buscar maneiras de usar
abundâncias indesejadas, a manutenção daquilo que já temos vai se tornar um
assunto potencial em um mundo com energias em declínio.

3.2.7 Princípio 07: design partindo de padrões para chegar aos detalhes

A ideia que originou a Permacultura foi a floresta tomada como modelo para
a agricultura. Apesar de existirem ainda muitas críticas e limitações nesse modelo,
ainda é considerável o pensamento.

Enquanto que os modelos tradicionais de uso da terra nos fornecem muitos


modelos para o design de sistemas completos, as pessoas imersas na
cultura local necessitam uma experiência nova que lhes permita enxergar a
paisagem e suas comunidades de uma maneira nova. (...) O contexto mais
amplo da comunidade, ao invés de fatores técnicos, pode geralmente,
determinar o sucesso de uma solução. (HOLMGREN, 2007, p. 19)

3.2.8 Princípio 08: integrar ao invés de segregar

Os diversos tipos de relacionamentos que aproximam os elementos em


sistemas mais estreitamente interligados, e os métodos de design mais vançados de
comunidades de plantas, animais e pessoas para obter benefícios desses
relacionamentos, é o objetivo desse princípio.

A habilidade do designer para criar sistemas que sejam estreitamente


interligados depende de uma ampla visão de inter-relacionamentos de
encaixe perfeito que carcaterizam as comunidades sociais e ecológicas.
Tanto como um design predefinido, temos que antecipar, e acomodar, as
relações sociais e ecológicas efetivas que se desenvolvem a partir da auto-
organização e crescimento.(...) Quando se tem um arranjo adequado de
plantas, animais, obras de terra e outros tipos de infra-estrutura, é possível
se desenvolver um grau mais elevado de integração e autorregulação sem a

AN02FREV001/REV 4.0

49
necessidade de intervenções humanas constantes para manejo corretivo.
(...) A permacultura pode ser vista como parte de uma longa tradição de
conceitos que enfatizam os inter-relacionamentos mutuamante e com
simbiose em relação aos demais que são competitivos e predatórios.
(HOLMGREN, 2007, p.20-21)

3.2.9 Princípio 09: use soluções pequenas e lentas

Os sistemas devem ser concebidos para que as funções sejam executadas


em menor escala de forma prática e eficiente no uso da energia para determinada
função. A escala e capacidade humana deveriam ser a unidade de medida para uma
sociedade sustentável democrática e humana.
Podemos colocar como exemplo as grandes cidades com elevada
densidade populacional. A aparente facilidade propiciada pelos automóveis
congestiona o trânsito e prejudica a qualidade de vida, enquanto as bicicletas, mais
eficientes na economia de energia, proporcionam liberdade de movimento sem
barulho e poluição. Sem contar, que as bicicletas, podem ser fabricadas e montadas
de maneira mais eficiente e em indústrias de menor porte que a automobilística.

3.2.10 Princípio 10: use e valorize a diversidade

É importante sempre dispor do que o planeta nos fornece e valorizar a


diversidade dos ecossistemas, aproveitando o que a natureza nos disponibiliza no
local de implantação.

A enorme diversidade de formas, funções e interações na natureza e na


humanidade são a fonte da complexidade sistêmica que evolui ao longo dos
tempos. O valor da diversidade na natureza, cultura e Permacultura são
dinâmicos, complexos, e às vezes, aparentemente contraditórios em si
mesmos. A diversidade necessita ser vista como o resultado do equilíbrio e
da tensão existente na natureza entre a variedade e possibilidade de um
lado, e de produtividade e força de outro. (...) Embora muitos movimentos
sociais e ambientais somente reconheçam a diversidade biológica e cultural
pré-existente, a Permacultura também está ativamente engajada em criar
novas biodiversidades biorregionais a partir da fusão de elementos
herdados da natureza e da cultura. (HOLMGREN, 2007, p. 23)

AN02FREV001/REV 4.0

50
3.2.11 Princípio 11: use as bordas e valorize os elementos marginais

Aqui predomina o cuidado na observação não só dos protagonistas de um


sistema, mas também dos coadjuvantes que integram o conjunto como um todo.
Cada integrante tem seu papel para acontecer o perfeito funcionamento do
ecossistema.
Uma vez reconhecidos e devidamente valorizados, esses aspectos podem
ser aproveitados de uma maneira mais abrangente, contribuindo indireta e
diretamente com a potencialização na produtividade geral.
Fazer distinções e deixar de lado pequenos agentes pode acabar por
comprometer todo sistema.

3.2.12 Princípio 12: use criativamente e responda às mudanças

Encontramos aqui duas vertentes: realização de um design levando em


conta as mudanças de uma forma deliberada e cooperativa, e responder de forma
criativa ao design de mudanças de larga escala do sistema que escapa ao nosso
controle.
“A Permacultura diz respeito à durabilidade de sistemas vivos naturais e da
cultura humana, mas essa durabilidade depende de certa flexibilidade e mudança”
(HOLMGREN, 2007, p.25).
As mudanças são inevitáveis. O universo passa por transformações
constantes e reinventa-se a todo o momento. Devemos estar atentos aos sinais e
responder de forma inteligente, para que possamos nos adaptar rapidamente ao
novo cenário que aparece.
O mais importante é que respondamos de forma criativa, sem agredir o
meio, para que a coexistência seja harmoniosa.

AN02FREV001/REV 4.0

51
3.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Listamos nesse capítulo algumas das práticas de sucesso que levam em


conta os princípios da Permacultura, especificamente dentro da temática
arquitetônica.
Técnicas que datam de longos períodos e que incorpora em sua essência a
prática primordial da sustentabilidade. Práticas que visam o aproveitamento dos
recursos disponíveis, no local de implantação da edificação. Métodos simples e
baratos, mas o principal, altamente eficientes quanto à economia de energia e
conforto humano.
Em regiões rurais as práticas ainda são empregadas, sobretudo onde a
escassez de recursos financeiros aparece como um condicionante, contudo não se
deve rotular esse sistema em virtude dessa utilização. São formologias construtivas
que podem satisfazer empreendimentos de maior vulto sem desmerecer sua
importância.

3.3.1 Adobe

A técnica do adobe consiste em criação de tijolos de terra crua, água e palha


e algumas vezes outras fibras naturais, moldados em formas por processo artesanal
ou semi-industrial.
Pelas características físicas que constituem o barro, as casas apresentam
em seu interior um microclima agradável. Em virtude desse fator, é comum que em
áreas de clima quente severo, seja empregado o adobe, pois sua inércia térmica,
garante diminuição de calor em relação ao ambiente externo, ao mesmo tempo em
que evita a perda de calor para o exterior em momentos de temperatura mais baixa.
Igualmente para climas que possuem variação entre as estações de calor e
frio, o acondicionamento térmico é garantido pelas características do material.

AN02FREV001/REV 4.0

52
Vantagens dessa técnica:
 Conforto térmico;
 Material encontrado no local de utilização;
 Preparação in loco;
 Rapidez de confecção dos tijolos;
 Sistema acessível e barato.

FIGURA 29 – TIJOLO DE ADOBE FIGURA 30 – PAREDE DE ADOBE

FIGURA 29
FONTE: Disponível em: <http://cilpes.blogspot.com.br/2012/05/solucoes-e-tecnicas-tradicionais-
o.html>. Acesso em: 15 jun. 2013.
FIGURA 30
FONTE: Disponível em: <http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-parede-de-tijolo-de-adobe-
image16404670>. Acesso em: 15 jun. 2013.

3.3.2 Super Adobe

Essa técnica utiliza sacos de polipropileno preenchidos com terra que são
sobrepostos e moldam as paredes e a cobertura da edificação. Em seguida passa-
se um pilão para solidificar a mistura.

AN02FREV001/REV 4.0

53
FIGURA 31 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM SUPERADOBE

FONTE: Disponível em: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm>.


Acesso em: 15 jun. 2013.

Para uma maior proteção contra a umidade as paredes podem ser feitas
sobre uma base de pedra. Uma largura admissível seria de 40 a 50 centímetros para
uma estrutura mais sólida.

FIGURA 32 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM SUPERADOBE

FONTE: Disponível em: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm>.


Acesso em: 15 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

54
Para demarcar janelas e portas são utilizados espaçadores. A cobertura
recebe ripas de madeira e telhas ou simplesmente a própria moldura de adobe em
forma de iglu.

FIGURA 33 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM SUPERADOBE

FONTE: Disponível em: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm>.


Acesso em: 15 jun. 2013.

FIGURA 34 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM SUPERADOBE

FONTE: Disponível em: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm>.Acesso em: 15 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

55
3.3.3 Taipa

O primeiro passo, para construir uma parede de taipa é a locação de taipas


de madeira, ou seja, duas pranchas que delimitam a espessura da parede a ser
feita. Depois disso, o barro é colocado e amassado até ganhar consistência. Uma
vez seca a camada de barro, retira-se as taipas de madeira e instalam-se as
mesmas logo acima da parede terminada para construir uma nova fiada de parede.
As características do barro conferem aos ambientes uma boa acústica e
excelente conforto térmico, semelhante à técnica do adobe. Outro fator positivo é
que o barro é encontrado no local de construção e não tem valor agregado como os
materiais de construção, tornando a obra barata e fácil de ser executada, pois não
requer tecnologia apurada para sua execução.
A grande diferença entre os outros sistemas que utilizam como matéria-
prima o barro, é que a parede de taipa constitui-se por um único elemento, ou seja,
um bloco maciço de terra, conferindo dessa forma uma durabilidade mais estendida.

FIGURA 35 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM TAIPA

1 2 3

FONTE: Disponível em: <http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe6.htm>.


Acesso em: 10 jan. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

56
3.3.4 Pau a pique

A técnica do pau a pique é basicamente a aplicação de camadas de barro


em uma parede feita de trama de madeira, geralmente o bambu.
Erguem-se as tramas de madeira que formam as paredes e constituem-se
assim as delimitações e fechamentos da habitação. O passo seguinte é abrir as
áreas onde ficarão as janelas e portas. O passo seguinte é cobrir a casa, então é
instalado o madeiramento do telhado e posteriormente a cobertura. Para constituir a
cobertura são usadas telhas cerâmicas, ou em casos mais modestos, folhas de
coqueiro e carnaúba. Em ambos os casos é deixado, em todo o perímetro da casa,
um prolongamento do telhado, conhecido como beiral, para proteção contra o sol,
vento e chuva.
O último passo é aplicar o barro na parte externa e interna das tramas de
madeira até conformar as paredes. A finalização das paredes é feita com a
aplicação de uma camada de cal para conferir uma maior estanqueidade e por
consequência aumentar a durabilidade.

AN02FREV001/REV 4.0

57
FIGURA 36 – CONSTRUÇÃO DE PAREDE EM PAU A PIQUE

FONTE: Disponível em: <http://www.coopertecti.com.br/desenvolvimento-sustentavel>.


Acesso em: 10 jan. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

58
3.3.5 Sanitário seco

FIGURA 37 – BANHEIRO SECO

FONTE: Disponível em: <http://sitiorefazenda.blogspot.com.br/2011/08/sanitario-seco-ou-


compostavel-cont.html>. Acesso em: 19 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

59
FIGURA 38 – ELIMINAÇÃO DOS DEJETOS COM AUXÍLIO DA SERRAGEM

FONTE: Disponível em: <http://especiais.ne10.uol.com.br/vocemais20/016-produtos-quimicos-e-


dejetos.html>. Acesso em: 19 jun. 2013.

O seu funcionamento reside basicamente no acúmulo dos dejetos humanos


em uma câmara fechada durante um tempo necessário para sofrer o processo de
decomposição, sendo assim, os dejetos, papel higiênico e serragem se misturam e
transformam-se em adubo. Uma vez utilizado o banheiro, joga-se uma porção de
serragem e por queda todos os componentes chegam a uma câmara de acúmulo,
sem a utilização de água para eliminação.
Como mostra a figura 37, com o esquema de montagem do banheiro, temos
um cano que funciona como exaustor e uma chapa que fecha a câmara, pintados de
preto para absorver calor para prevenir agentes patológicos e odores excessivos.
Para um melhor desempenho é conveniente que se posicione a câmara em direção
ao Norte para absorver mais calor durante o dia.
Nos banheiros ecológicos mais eficientes acontece a separação da urina e
dos dejetos sólidos, consistindo basicamente em termos um local distinto do outro,
onde a urina pode ser acumulada e utilizada como fertilizante de solo, enquanto os
dejetos acumulados são utilizados como adubo natural.

AN02FREV001/REV 4.0

60
Em uma realidade em que grande parte da população brasileira não possui
banheiro em suas casas, essa seria uma técnica barata, eficiente e ecologicamente
correta, pois não faz uso de água, não contamina o solo e não depende de rede de
esgoto e saneamento da cidade para funcionar.

FIGURA 39 – SANITÁRIO COM SEPARADOR DE URINA E DEJETOS.

FONTE: Disponível em: <http://banheirosecoecologico.blogspot.com.br/>.


Acesso em: 19 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

61
3.3.6 Telhado verde

FIGURA 40 – TELHADO VERDE

FONTE: Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Nor%C3%B0rag%C3%B8ta,_Faroe_Islands_(2).JPG>.
Acesso em: 19 jun. 2013.

Telhado verde é uma prática que consiste na montagem de uma estrutura


acima da cobertura da casa composta por camadas de preparo (distintos materiais
conforme figura 41), solo e vegetação.
Entre as suas principais características positivas estão: drenagem,
isolamento térmico, isolamento acústico, compensação da área permeável utilizada
para implantação da edificação e o agradável aspecto visual proporcionado.
Consegue-se também, com essa técnica, benefícios para a saúde ambiental
e equilíbrio da biodiversidade. O teto verde mantém a umidade relativa do ar
constante em torno da edificação, formando um microclima local agradável e

AN02FREV001/REV 4.0

62
purificando a atmosfera local. As plantas utilizadas, sempre adequadas aos impactos
gerados pelo sol e intempéries, acabam por realizar uma filtragem da água que pode
ser armazenada e reutilizada para fins diversos, inclusive consumo humano.

FIGURA 41 – CORTE ESQUEMÁTICO

FONTE: Disponível em: <http://amacedofilho.blogspot.com.br/2010/07/telhados-verdes-e-jardins-


verticais.html>. Acesso em: 19 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

63
FIGURA 42 – TELHADO VERDE EM EDIFÍCIO

FONTE: Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:20080708_Chicago_City_Hall_Green_Roof.JPG>.
Acesso em: 19 jun. 2013.

3.4 ESTUDO DE CASOS – MODELOS E PROPOSTAS

3.4.1 Mapa temático da estação de Permacultura: Casa Colmeia

Temos nessa proposta modelo um exemplo de diversas técnicas e


procedimentos que poderiam ser adotados para ter como fim uma estação de
convivência dentro dos princípios da Permacultura (CASA COLMEIA, 2013):

AN02FREV001/REV 4.0

64
FIGURA 43 – CASA COLMEIA – ESTAÇÃO PERMACULTURA

FONTE: Disponível em:


<http://ptbr.protopia.wikia.com/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o/Permacultura>
Acesso em: 19 jun. 2013.

 1. Casa Mãe: bioconstrução de custo baixo onde temos a cozinha e


espaço para oficinas.
 2. Abrigo da Família: construção com material reciclado e reutilizado
para sua construção.
 3. Banheiro Seco: não usa água e sim serragem para tirar o odor das
fezes humanas, depositadas em uma câmara para formação de húmus.
 4. Abrigo para Voluntários: construído em pneu e barro socado, essa
construção serve para acomodar e hospedar visitantes em caso de emergência.
 5. Lago: espaço para criação de peixes e plantas aquáticas para
promover a biodiversidade.

AN02FREV001/REV 4.0

65
 6. Horta Mandala: jardim produtivo com hortaliças e plantas
comestíveis. São em formato circular para reter melhor os nutrientes e compor uma
harmonia estética visual.
 7. Forno Solar: uso da energia solar para cozinhar e assar a
alimentação.
 8. Espiral de Ervas Medicinais: temperos e ervas funcionais, uma
verdadeira farmácia natural.
 9. Composteira: onde se recicla o lixo orgânico.
 10. Pia Reciclada: feita de vidro, bambu e pneus de automóveis, onde
se lava a louça da casa.
 11. Minhocário: criação de minhocas que auxiliam a processar restos
orgânicos e transformar o húmus para adubo do solo.
 12. Combosteira: onde são compostadas as fezes humanas. É uma
câmara pintada de preto para aquecer e eliminar elementos patológicos. Após é
utilizado como adubagem.
 13. Reciclagem: depósito de materiais que podem ser reciclados e
reutilizados em alguma outra função, com separação de vidros, metais, plásticos,
papéis e outros.
 14. Calçada Produtiva: objetivo de servir para produzir alimentos para a
comunidade.
 15. Secador Solar: para secar alimentos ao sol, como tomates, frutas,
sementes e chás.
 16. Roça Circular: plantação de milho, feijão, batata, mandioca,
girassol, etc.
 17. Circulo de Bananeiras: são os filtros biológicos das águas das pias
e banhos. Usa-se sabão biodegradável feito a partir de óleo reutilizado.
 18. Teto vivo: os telhados das casas são cobertos por plantas, para
substituir telhas manufaturadas e proporcionar conforto térmico interno, além do
conforto visual.

AN02FREV001/REV 4.0

66
3.4.2 IPEMA – Ubatuba

FIGURA 44 – VIVEIRO DE MUDAS FIGURA 45 – VIVEIRO DE MUDAS

FIGURA 44
Fonte: http://ecoviagem.uol.com.br/blogs/expedicao-aguas-do-brasil/boletins/as-belezas-de-
ubatuba-e-a-permacultura-8254.asp>. Acesso em: 19 jun. 2013.
FIGURA 45
Fonte: http://ecoviagem.uol.com.br/blogs/expedicao-aguas-do-brasil/boletins/as-belezas-de-
ubatuba-e-a-permacultura-8254.asp>. Acesso em: 19 jun. 2013.

O IPEMA, Instituto de Permacultura e Eco vilas da Mata Atlântica, possui um


sistema de orientação de atividades e espaço físico dentro da filosofia da
Permacultura.
Todas as construções são de materiais reciclados. As casas são construídas
pelos próprios moradores e feitas de pau a pique e os pisos são constituídos
igualmente de diversos materiais reciclados.
Os banheiros são secos e a energia solar é utilizada para fins diversos.
Uma parte dos alimentos que são consumidos provém do próprio local. A
produção não recebe agentes químicos, mas sim os adubos criados pelo acúmulo
de lixo orgânico e banheiros secos.
A irrigação da horta é feita com a reutilização das águas cinza, devidamente
purificadas por filtros biológicos.

AN02FREV001/REV 4.0

67
FIGURA 46 – CASA SUSTENTÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://ecoviagem.uol.com.br/blogs/expedicao-aguas-do-brasil/boletins/as-


belezas-de-ubatuba-e-a-permacultura-8254.asp>. Acesso em: 19 jun. 2013.

3.4.3 Chácara Asa Branca – Brasília

Complexo com quatro casas de barro em uma área afastada do centro da


cidade, onde é captada a água da chuva para todos os fins e os banheiros seguem a
metodologia do banheiro seco.
O barro utilizado para a construção das casas deixou um buraco no terreno
que foi utilizado para fazer o reservatório da água.
Os cômodos das casas são vazados para entrada de luz e ventilação
natural, e vidros reciclados foram utilizados nas paredes para ampliar a área de
iluminação natural. Temos ainda a utilização do telhado verde na cobertura das
casas.

AN02FREV001/REV 4.0

68
As mudas são produzidas em viveiros, onde o adubo é composto pela
compostagem das fezes humanas do banheiro seco e restos de matéria orgânica.
Na verdade são encontrados nessa proposta, os principais tópicos que são
difundidos e cultuados pela filosofia da Permacultura, respeito à natureza e menor
agressão possível na intervenção humana no meio natural.

FIGURA 47 – CASA SUSTENTÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://www.ipoema.org.br/ipoema/visite-a-asa-branca-setembro/>.


Acesso em: 19 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

69
4 USO E REÚSO DOS RECURSOS E ENERGIAS NATURAIS

FIGURA 48 – USO DE RECURSOS NATURAIS

FONTE: Disponível em: <https://www.facebook.com/RENOVARECO.


Acesso em: 12 jun. 2013.

Os recursos naturais presentes na natureza, nem sempre são utilizados de


forma adequada, ou em situações críticas são simplesmente deixados de lado. Por
meio de técnicas simples e posturas ecologicamente corretas podemos não só
utilizar de forma racional os recursos naturais, como fomentar a sua reutilização,
prevenindo assim a sua renovabilidade.

4.1 RECURSOS NATURAIS

Separamos em três tópicos os principais recursos naturais disponíveis em


nosso planeta, que são: os recursos hídricos, a energia solar e a energia eólica.
Recursos esses que podem ser utilizados para diversos fins pelo homem, na
execução e ocupação de edificações.

AN02FREV001/REV 4.0

70
4.1.1 Hídricos

Os recursos hídricos representam todas as águas superficiais ou


subterrâneas disponíveis em nosso universo.

FIGURA 49 – RECURSOS HÍDRICOS

FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos>. Acesso em: 19 jun. 2013.

A água potável, ou seja, a água doce presente na natureza é bastante


restrita.
Aproximadamente 97,61% da água total do planeta é proveniente das águas
dos oceanos. As calotas polares e geleiras representam 2,08%, água subterrânea
0,29%, água doce de lagos 0,009%, água salgada de lagos 0,008%, água misturada
no solo 0,005%, rios 0,00009% e vapor d’água na atmosfera 0,0009% (BRASIL
ESCOLA, 2013).
Diante desses percentuais, apenas 2,4% da água é doce, porém, somente
0,02% está disponível em lagos e rios que abastecem as cidades e pode ser
consumida (BRASIL ESCOLA, 2013).

AN02FREV001/REV 4.0

71
Diante de números, que para muitos, causa uma grande surpresa, nos
deparamos com outro dado ainda mais alarmante: a poluição de lagos, riachos, rios
e seus afluentes.
O meio urbano em todo o Brasil, apresenta altos índices de poluição dos
seus rios e arroios. A ação desmedida do ser humano depreda e compromete não
só o futuro, mas também o nosso momento presente.
Mudar posturas e procedimentos, por parte do cidadão, é imprescindível
para que possamos alterar esse panorama desanimador. Ao governo cabe o
compromisso de firmar políticas de divulgação e fiscalização para engajamento da
sociedade na defesa desse recurso que é essencial para todos os ecossistemas
presentes em nosso planeta.
Na arquitetura temos que nos comprometer com algumas práticas que
possam minimizar impactos e potencializar o uso e reutilização da água.
O primeiro passo é uma especificação de materiais que evitem desperdícios
de água dentro da edificação. Tubos e conexões de qualidade e bem executados
evitam que surjam vazamentos que acarretam não só o prejuízo à edificação,
sobretudo ao desperdício desse recurso valioso.
Outra medida recomendada é adoção de equipamentos que comprovem a
economia no consumo da água. Já existem no mercado, torneiras, pias, vasos
sanitários e eletrodomésticos que atendem a esse quesito. Alguns métodos
inovadores podem ajudar bastante para consolidação desse propósito.

AN02FREV001/REV 4.0

72
FIGURA 50 – SISTEMA DE RECICLAGEM DE ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://eficienciahidrica.wordpress.com/2012/02/08/sistema-economiza-e-


recicla-agua-da-casa-de-banho/>.
Acesso em: 19 jun. 2013.

Outro recurso que ainda não é utilizado em grande escala é o aproveitamento


da água da chuva. A implantação desse sistema é de baixo custo e de fácil
instalação. A partir dos telhados da edificação a água passa por um recolhimento e
filtragem para acondicionamento em cisternas. Da cisterna a água é direcionada
para um reservatório superior, e deste, direcionada para os ambientes onde será
utilizada. É necessário que se tenha um sistema de distribuição separado do
abastecimento de água potável. A água da chuva pode ser utilizada para irrigação,
lavagem de áreas externas, roupas e automóveis, e também para descargas de
bacias sanitárias.

AN02FREV001/REV 4.0

73
FIGURA 51 – CAPTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA

FONTE: Disponível em: <http://casaecologicatfg.blogspot.com.br/2007_12_01_archive.html>.


Acesso em: 19 jun. 2013.

4.1.2 Energia solar

A energia solar refere-se a toda a captação de energia luminosa ou térmica


proveniente dos raios solares e que após o processo de transformação é utilizada
para diversos fins dentro da edificação.
A captação se dá por células fotovoltaicas ou por coletores solares. Os
coletores solares são painéis que têm a função de transferir o calor da radiação solar
para a água ou óleo que passa por dentro deles, para então ser utilizado como fonte

AN02FREV001/REV 4.0

74
de calor. Esse sistema é utilizado em casas, hotéis e empresas para o aquecimento
de água, utilizada em diversas atividades, aquecimentos de ambientes ou até em
processos industriais.

FIGURA 52 – PAINÉIS FOTOVOLTAICOS

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Solar_Panels.jpg>.


Acesso em 19 jun. 2013.

A montagem das células fotovoltaicas é feita com uma modulação que cria
painéis para a captação dos raios solares. Nesse sistema, um dos materiais
empregados é o silício, onde acontece a transformação da radiação solar em
energia elétrica, por meio do processo chamado “efeito fotovoltáico”. Essa energia
alternativa e limpa pode complementar e substituir outras fontes tradicionais.
Vantagens:
 Energia limpa, não polui. A fabricação dos equipamentos acarreta uma
poluição mínima e controlável;
 Baixa manutenção do sistema;

AN02FREV001/REV 4.0

75
 Os custos de instalação diminuem aos longo dos anos, possibilitando maiores
aplicações;
 Em territórios com alta incidência solar o sistema pode ser utilizado durante
todo o ano, reduzindo assim o consumo de outros tipos de energia.

Desvantagens:
 Variação de produção de acordo com as condições climáticas, além de
períodos noturnos impossibilitarem a produção de energia por ausência do
sol;
 Locais no planeta com invernos rigorosos comprometem a captação solar;
 As formas de armazenamento são menos eficientes que às por combustíveis
fósseis ou por hidrelétricas.
Concluímos que a energia solar é extremamente útil e viável, porém não pode
ser a única fonte de energia para um empreendimento, pois como vimos acima, em
determinadas regiões e períodos do ano, a redução de incidência solar é
diretamente proporcional à captação e utilização da mesma. Deve-se então,
associar energias tradicionais ao sistema de captação da energia solar. Com essa
associação podemos reduzir a conta de luz e contribuir significativamente com o
planeta na redução de emissões poluidoras.

AN02FREV001/REV 4.0

76
FIGURA 53 – SISTEMA DE CAPTAÇÃO SOLAR

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/fisica/aquecimento-agua-por-energia-


solar.htm>. Acesso em: 12 abr. 2013.

4.1.3 Energia eólica

Quando falamos em captação da energia eólica, que é proveniente dos


movimentos dos ventos acabamos nos remetendo aos grandes aerogeradores
distribuídos em vastas áreas territoriais para o acúmulo de energia.
O movimento do ar gira as pás desses elementos e por meio desse gerador,
é fornecida energia pelas turbinas que promovem o fornecimento de energia.

AN02FREV001/REV 4.0

77
FIGURA 54 – AEROGERADORES

FONTE: Disponível em: <http://www.recriarcomvoce.com.br/>


Acesso em: 20 jun. 2013.

Em regiões litorâneas ou em vastos campos, onde o movimento dos ventos


atinge velocidades consideráveis, o potencial de captação e transmissão dessa
energia atinge patamares muito altos e sendo assim, pode ser utilizada em
substituição e complemento aos métodos convencionais.
Igualmente em regiões urbanas, desde que após um estudo se comprove a
incidência satisfatória de ventos, pode ser implantado em menor escala o sistema
para captação e utilização dessa energia alternativa. Inclusive, já existem casos
estabelecidos de produção de energia domiciliar por meio de geradores eólicos
propícios adaptados para os fins residenciais.

AN02FREV001/REV 4.0

78
FIGURA 55 – CAPTAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA EM RESIDÊNCIAS

FONTE: Disponível em: <http://casaeimoveis.uol.com.br/tire-suas-duvidas/arquitetura/existem-


sistemas-eolicos-de-energia-para-uso-residencial.jhtm>. Acesso em: 12 abr. 2013.

FIM DO MÓDULO II

AN02FREV001/REV 4.0

79
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Aluno:
EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

80
CURSO DE
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

81
MÓDULO III

5 A SUSTENTABILIDADE A FAVOR DO CONFORTO NA ARQUITETURA

Desde os primórdios da humanidade, o homem sempre buscou abrigo em


ambientes que pudessem estabelecer uma área de proteção contra inimigos e
intempéries climáticas, buscando assim alguma forma de conforto em relação ao
meio externo.

FIGURA 56 e 57 – HABITAÇÕES EM CAVERNAS

FIGURA 56
FONTE: Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/homem-das-cavernas3.htm>.
Acesso em: 20 jun. 2013.
FIGURA 57
FONTE: Disponível em: <http://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g297980-d2171413-
Reviews-Selime_Monastery-Cappadocia_Nevsehir_Province.html>.
Acesso em: 20 jun. 2013.

Estabelecendo uma linha divisória e guardadas as devidas proporções, o


homem atual procura em um espaço fechado, justamente as mesmas coisas que
milhares de anos atrás, como o homem das cavernas.

AN02FREV001/REV 4.0

82
Um dos principais objetivos da arquitetura é conceber espaços funcionais e
com conforto para propiciar uma habitabilidade satisfatória ao ser humano. Dentro
da temática do conforto na arquitetura, dividimos nosso conteúdo de estudo em três
capítulos principais, que são: o conforto térmico, acústico e lumínico.
A seguir vamos entrar de forma mais abrangente em cada um deles com o
intuito de estabelecer parâmetros e práticas que deveriam pontuar os procedimentos
dos profissionais responsáveis pela concepção e execução de edificações, bem
como, a melhor forma de proceder quando habitamos tais espaços.
De antemão, podemos estabelecer como essência de nosso estudo uma
premissa conceitual que serve para qualquer tipo de conforto em específico: o ser
humano estabelece uma zona de conforto em relação a um fenômeno ou
acontecimento, se não sofrer nenhum tipo de incômodo ao passar pelo mesmo.

5.1 CONFORTO TÉRMICO

Temos que partir de um pressuposto inicial: o corpo humano produz calor.


Esse calor é dissipado ao ambiente em que a pessoa se encontra por condução,
convecção, radiação ou até por evaporação da água produzida pela transpiração.
A temperatura equilibrada para o ser humano, em relação a sua perda de
calor, é de 35°C. Quando o fluxo de calor perdido pelo corpo aumenta ao acontecer
uma queda da temperatura ambiente, a reação natural é diminui-lo e dessa forma a
pessoa sentirá frio. A reação inversa acontece quando o fluxo de calor é diminuído e
a reação será aumentar por meio da transpiração, e assim a pessoa sentirá calor.
O bem-estar em relação à temperatura em um ambiente depende de
diversos fatores que influenciam nas condições climáticas:
 A temperatura do local em que nos encontramos;
 A umidade relativa do ar;
 A radiação infravermelha dos diversos elementos que se encontram em
volta da pessoa: paredes, vidros, pisos, móveis, etc.;
 A diversidade de atividades que a pessoa estiver executando;
 A vestimenta que a pessoa estiver utilizando.

AN02FREV001/REV 4.0

83
FIGURA 58 – TRANSMISSÃO DE CALOR PELO CORPO HUMANO

FONTE: Disponível em: <http://salabioquimica.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html>.


Acesso em: 20 jun. 2013.

Partindo desses dados esclarecedores quanto ao funcionamento do corpo


humano, a influência dos elementos e efeito climáticos que aparecem como
condicionantes projetuais podemos estabelecer diretrizes para nortear como criar
edificações que possam atender aos limites de conforto dos seus futuros usuários.
Precisamos estabelecer estratégias de projeto, levando em conta o clima
predominante em nosso país, que possui altos índices de incidência solar e
luminosidade. A partir desse dado seria importante, já de antemão, pontuar uma
prática errada que deve ser evitada. Ao passar uma rápida olhada nos prédios dos
grandes centros urbanos, nos depararemos com grandes prédios cobertos pela
famosa “pele de vidro”, onde altas cargas térmicas são criadas e absorvidas pelo

AN02FREV001/REV 4.0

84
vidro e transferidas para o interior das edificações criando grandes ilhas de calor. E
diante disso, acontece outra prática condenável, que é o acondicionamento de ar
para compensar o desconforto climático. O problema é que para essa compensação
acontecer, são gastas altas taxas de energia elétrica aumentando os índices de
poluição e agressão ao meio ambiente.
Já é chegado o momento de cessar a importação de modelos prontos de
arquitetura e criarmos a nossa arquitetura, levando em conta os nossos fatores
climáticos. Nesse caso específico das fachadas de vidro, que tem por essência a
captação de calor e luminosidade para o interior dos prédios, aplicada nos países da
América do Norte e Continente Europeu que necessitam captar calor, temos uma
incoerência ao aplicar em nosso país, onde queremos exatamente o contrário, evitar
a absorção excessiva dos raios solares.

FIGURA 59 – PELE DE VIDRO

FONTE: Disponível em: <http://www.verruganagordura.com/pele-de-vidro-modelos-e-precos/>.


Acesso em: 20 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

85
Para atingirmos patamares satisfatórios de temperatura e
consequentemente conforto admissível no interior de uma edificação, precisamos
adotar algumas práticas de projeto para que a execução nos permita chegarmos ao
objetivo proposto.
O primeiro passo, ao termos a área de intervenção definida, é fazer o estudo
da incidência do sol, ou seja, definir o Norte do terreno. Ao sabermos como se
comporta o sol e as possíveis áreas sombreadas no terreno, podemos lançar o
prédio sob o terreno.
Em nosso continente, o sol nasce no Leste ao amanhecer, passando pelo
Norte no período da manhã e tarde, e a Oeste, ele se põe no final da tarde.
Posicionar os dormitórios a Leste para receber as primeiras horas de sol da manhã e
demais cômodos distribuídos a Norte e Oeste é uma prática inteligente, pois assim
evitamos o aquecimento dos dormitórios pelo sol da tarde, o que provocaria
incômodo ao utilizar o dormitório à noite, já que a edificação estaria aquecida. Ao
Sul, temos somente a incidência de luminosidade, o sol não percorre essa posição,
portanto, se precisamos de ambientes sem presença de sol, é nesse sentido que
podemos localizar os cômodos.

FIGURA 60 – POSIÇÕES SOLARES

FONTE: Disponível em: <http://www.japassei.pt/espreitar-os-conteudos---materiais/geografia-7---


clima-e-formacoes-vegetais->. Acesso em: 20 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

86
Outro fator que pode influenciar nas condições de temperatura é a presença
e sentido dos ventos que atingem a área. É importante, juntamente com o estudo
solar, fazer uma análise de como se comportam os ventos, seja no verão ou inverno,
para que tenhamos uma disposição dos espaços de forma que potencializem ou
evitem o movimento dos ventos.
Um elemento construtivo que é determinante, tanto para entrada de sol,
como dos ventos, são as janelas. Seu dimensionamento e locação são essenciais
para que se possa atingir o resultado traçado.
O mercado apresenta diversos modelos e formatos de esquadrias. Além de
seu aspecto morfológico, o que deve ser levado em conta de uma forma mais
apurada é a sua tipologia, pois para cada uma dessas tipologias, teremos um
resultado específico em relação à sua área e forma de ventilação. Outro fator é a
sua luminosidade, que trataremos de forma mais específica no capítulo do conforto
lumínico.
Vejamos na figura 59 alguns tipos de janelas e o seu funcionamento em
relação à ventilação e respectiva troca de calor. Relacionamos os tipos que são mais
empregados das edificações:
 Janela de abrir;
 Janela de correr;
 Janela maxim-ar;
 Janela projetante;
 Janela pivotante.

AN02FREV001/REV 4.0

87
FIGURA 61 – TIPOLOGIAS DE JANELAS

FONTE: Disponível em: <http://www.edifique.arq.br/images/janelas.GIF>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Com uma locação adequada das janelas, podemos promover a ventilação


cruzada, que consiste em localizar uma janela em um ponto e a partir dessa,
localizar outra janela em outro ponto paralelo, para que dessa forma o ar possa
entrar e passar pelo ambiente, e finalmente, encontrar uma saída. A ventilação
cruzada contribui para a troca de ar no interior da edificação e também o
resfriamento por troca de calor.

AN02FREV001/REV 4.0

88
FIGURA 62 – VENTILAÇÃO CRUZADA-PLANTA BAIXA

FIGURA 63 – VENTILAÇÃO CRUZADA-CORTE

FIGURA 62 E 63
FONTE: Disponível em: <http://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/projeto-construcao-
ventilacao/>. Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

89
A física nos ensina que o ar quente tende a subir, enquanto o ar frio
permanece nas partes mais baixas. Tendo posse desse dado, o que podemos fazer
é locar entradas de ar nas partes inferiores das edificações para captar ar frio. Para
eliminar o ar quente podem-se ter aberturas superiores ou exaustores nas
coberturas.

FIGURA 64 – VENTILAÇÃO CRUZADA

1 – Parede com pequenas aberturas para entrada de ar;


2 – Abertura para ventilação no teto;
3 – Telhado verde;
4 – Abertura na cobertura para troca de calor;
5 – Piso com impermeabilização;
6 – Abertura na parede para troca de calor;
7 – Piso cerâmico;
8 – Abertura na parede para troca de calor.
FONTE: Disponível em:
<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=209683039127999&set=a.112823772147260.19315.107
278456035125&type=1&theater>. Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

90
Um método que auxilia na dissipação de calor no interior das edificações é a
presença de aberturas na cobertura para saída do excedente de calor em períodos
quentes, e usuais também quando queremos evitar a perda de calor em dias frios.
Outra medida empregada é a instalação de isolantes térmicos sob a
cobertura, mais especificamente abaixo das telhas para barrar a entrada de calor.
O uso de cores claras nas coberturas para evitar a absorção de calor e refletir
os raios solares também se mostra eficiente quando queremos evitar o ganho
térmico.

FIGURA 65 – ABERTURA NO TELHADO

FONTE: Disponível em: <http://www.archiproducts.com/pt/produtos/52342/extractor-para-cobertura-


com-ventilacao-natural-finestre-da-tetto-re-pack.html>. Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

91
FIGURA 66 – 67 – ABERTURA NO TELHADO

FIGURA 66 E 67
FONTE: Disponível em: <http://isolamentos.net/page/4/>. Acesso em: 22 jun. 2013.

Não podemos esquecer que a entrada de sol e troca de ar no interior da


edificação tem uma importante função de higienização, que contribui para saúde e a
habitabilidade dos usuários. Tanto a ventilação quanto a presença dos raios solares,
promovem a retirada de micro-organismos, contenção da umidade e criação de
mofo, que são causadores de doenças.
A partir do movimento do sol e seus ângulos de incidência podemos criar
elementos construtivos que protegem os ambientes internos da presença solar. Um
elemento muito utilizado é o Brise-soleil (expressão em francês com tradução para
quebra-sol em português). Esse elemento foi difundido amplamente no período da
arquitetura moderna e perdura até hoje, em diferentes materiais e formatos, devido a
sua eficiência no controle solar. Pode ser encontrado em uma direção somente, ou
em duas direções, dependendo da incidência do sol.
Esse elemento é geralmente utilizado na parte externa da edificação. A regra
básica segue a seguinte conduta:

AN02FREV001/REV 4.0

92
 Para a fachada sul não são necessários os brises, já que a incidência
solar é pequena ou inexistente.
 Para as fachadas leste e oeste, que recebem respectivamente o sol da
manhã e o da tarde usa-se os brises com aletas verticais;

FIGURA 68 – BRISE LATERAL

FONTE: Disponível em: <http://coletivida.blogspot.com.br/2013/01/brises-protecao-solar-e-


privacidade.html>. Acesso em: 22 jun. 2013.

 Para a fachada norte, que recebe sol durante todo o dia, mas numa
posição angular mais reta, opta-se pelo brises horizontais;

AN02FREV001/REV 4.0

93
FIGURA 69 – BRISE HORIZONTAL

FONTE: Disponível em: <http://www.jrrio.com.br/fotos-art/brise-1-750.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2013.

As marquises e beirados de telhados também funcionam como proteção


solar, além de proteção e abrigo contra intempéries.

FIGURA 70 – MARQUISE

FONTE: Disponível em:


<http://revistacasaejardim.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,1691
026-2186-1,00.html>. Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

94
FIGURA 71 - 72 – BEIRADO

FIGURA 71 E 72
FONTE: Disponível em: <http://tijolosetecidos.com/2012/08/20/fachadas-de-casas-com-e-sem-
telhado/>. Acesso em: 22 jun. 2013.

Outro elemento que pode ser utilizado em conjunto ou separado são as


persianas externas ou internas em relação à janela, e ainda, as cortinas na parte
interna dos ambientes.

FIGURA 73 – PERSIANAS E CORTINAS

FONTE: Disponível em: <http://www.uniblog.com.br/persianasgntropical/>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

95
Ainda tratando da questão de áreas sombreadas, incidência solar e conforto
térmico, encontramos a nossa disposição um dos elementos mais eficientes e
presente na natureza em forma de recurso natural – a vegetação em seus mais
variados tipos e tamanhos.
A presença de espécies vegetais como elementos de proteção às fachadas
das residências, em relação ao sol, proporciona que não só o interior da edificação,
mas também a área ao seu redor apresentem temperaturas agradáveis. Optando
por espécies vegetais que percam as folhas nas estações frias, possibilitamos o
ganho de calor pela passagem dos raios solares que atingem as paredes das casas
– vegetação caducifólia.

FIGURA 74 – VEGETAÇÃO E O SOL

FONTE: Disponível em: <http://www.homekit.com.br/conceitos_para_projetar.htm.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Outra técnica que corrobora com o conforto térmico no interior dos


ambientes é a utilização de espécies vegetais específicas acima da cobertura das
edificações, tema já explicado amplamente no módulo anterior, mais

AN02FREV001/REV 4.0

96
especificamente no capítulo sobre as técnicas arquitetônicas de Permacultura. Não
podemos esquecer que a integração entre o espaço construído e a natureza
conferem um aspecto visual agradabilíssimo e mune os ambientes de vida e saúde.

FIGURA 75 - 76 – INTEGRAÇÃO ENTRE VEGETAÇÃO E ESPAÇO


CONSTRUÍDO

FONTE: Disponível em: <http://www.arquitetonico.ufsc.br/frank-lloyd-wright>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Dando sequência nos fatores que influenciam no microclima interno de uma


edificação, temos o desempenho térmico dos diferentes materiais de construção
empregados na execução e conformação dos espaços.
Os materiais construtivos e principalmente os que são utilizados como
revestimentos devem ser especificados a partir de suas características físicas devido
ao fato de armazenar calor seja por pouco ou muito tempo, e igualmente a sua
transmissão para as áreas internas do prédio.
Insumos como a pedra, alvenaria maciça, cerâmicas e revestimentos à base
de rochas são ótimos isolantes e ajudam a conservar a temperatura equilibrada por
mais tempo no interior das edificações. Se considerarmos paredes de tijolos
vazados ou em painéis de madeira, teremos um desempenho inferior quanto à
manutenção constante de temperatura interna.
Outros materiais que influenciam diretamente na temperatura interna são os
tipos de telha da cobertura e as características das esquadrias.

AN02FREV001/REV 4.0

97
No que se refere às esquadrias temos não só a qualidade e estanqueidade
do material que a compõem e sua montagem, mas também o vidro utilizado para dar
fechamento. Já é sabido que o vidro transmite instantaneamente a irradiação solar,
propiciando assim um rápido aquecimento interno. Deve-se levar em conta essa
característica inerente e valer-se de métodos alternativos ou emprego de elementos
construtivos que minimizem essa particularidade do vidro.
De modo geral, e sem parecer redundante, precisamos atentar aos
seguintes procedimentos:
 Nos tetos e paredes em que os materiais são submetidos à incidência
solar constante, deverão utilizar elementos de sombreamento ou complemento
interno de materiais que funcionem como isolantes térmicos;
 Em casos de variação diária de temperatura superior a 10°C seria
conveniente utilizar materiais pesados para a constituição das paredes;
 No caso da variação térmica ser menor que 5°C e não acontecer a
incidência solar, deverão utilizar materiais mais leves para constituição das paredes;
 As paredes que separam as áreas habitadas de outras não habitadas,
tais como garagens, porões e áreas subterrâneas, podem ser empregados materiais
com boa condução de calor para dissipar o calor interno.

5.2 CONFORTO LUMÍNICO

A visão do ser humano se adapta de forma melhor à iluminação natural que


à iluminação artificial. A luz artificial não reproduz as cores como a luz natural que
possui o espectro diferente, nem possui variação dentro do período do dia,
reduzindo drasticamente a riqueza das cores e contrastes dos objetos iluminados.

AN02FREV001/REV 4.0

98
FIGURA 77 – ESPECTRO DE CORES

FONTE: Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/3617/teoria-do-design/o-disco-de-cores/>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Precisamos lembrar que além de seus benefícios à saúde da luz natural,


temos também a ideia de tempo, ou seja, a sensação cronológica do dia. A
iluminação natural é proveniente do sol de forma direta ou indireta por dispersão das
nuvens.
A luz natural pode ser captada por composições arquitetônicas por meio de
formas e dimensões de elementos construtivos, janelas e coberturas com iluminação
zenital.
A distribuição da iluminação natural vai diminuindo à medida que nos
afastamos das suas entradas, como as janelas, portanto uma localização estratégica
e dimensionamento correto desse elemento contribuem para um melhor
aproveitamento.

AN02FREV001/REV 4.0

99
FIGURA 78 – ILUMINAÇÃO LATERAL

FONTE: Disponível em: <http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,GF70774-


16772,00-JANELAS.html#fotogaleria=4>.
Acesso em: 22 jun. 2013.

A iluminação zenital é aquela onde a luz natural adentra no ambiente por


aberturas localizadas na cobertura do prédio. Essa é forma mais eficiente de
iluminar um espaço, sendo mais indicada para espaços profundos e contínuos. Tem-
se como vantagem, sobre a iluminação lateral, o fato de proporcionar uma melhor
iluminação, apresentando a desvantagem de dificultar a manutenção e limpeza pela
sua localização.

AN02FREV001/REV 4.0

100
FIGURA 79 - 80 – ILUMINAÇÃO ZENITAL

FIGURA 77 e 78
FONTE: Disponível em: <http://arqteturas.blogspot.com.br/2010/07/iluminacao-
zenital.html#.UcXkSKIqYUw>. Acesso em: 22 jun. 2013.

O aproveitamento da luz natural potencializa a captação de iluminação para


dentro do ambiente, e dessa forma evitamos a utilização da luz artificial, grande
causadora de poluição devido à necessidade energia elétrica para seu
funcionamento e o seu próprio processo de fabricação, que acarreta poluição ao
meio ambiente. Não pode ser deixado de lado outro ponto negativo em relação à
poluição, que é o descarte das lâmpadas, na maioria das vezes feito de forma
errada.
Outro fator que deve ser lembrado é que a luz artificial gera calor ao ser
utilizada e somada a temperatura das pessoas e condições gerais do clima, eleva
potencialmente a temperatura do espaço.
Não queremos com essas observações execrar por completo a iluminação
artificial que é necessária e útil em períodos do dia que não possuímos a luz natural,
ou em ambientes em que se faz impossível a opção pela luz natural.

AN02FREV001/REV 4.0

101
Concluímos assim, que a luz artificial deve ser um complemento, jamais uma
substituição da luz natural.

FIGURA 81 – EQUILÍBRIO ENTRE ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL

FONTE: Disponível em: <http://casa.abril.com.br/materia/27-solucoes-lindas-com-forro-de-gesso#16.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Existe outro cuidado importantíssimo que devemos atentar quanto ao


aproveitamento da luz natural, que é o aumento de temperatura e consequente
comprometimento do conforto térmico. O conhecimento da luminosidade local em
sintonia com a geometria e dimensão do ambiente, o tipo de vidro utilizado nas
janelas, as cores das superfícies internas e as superfícies refletoras externas,
permitem o cálculo do nível e qualidade da iluminação natural, e se esta deverá ser
complementada, ou modificada, de acordo com as necessidades.
De uma forma objetiva e bem prática, procuramos pontuar algumas
estratégias para se conseguir uma boa iluminação natural:
 Organização dos espaços interiores compatível com a forma e melhor
orientação da edificação no terreno;
 Análise da localização, forma e dimensões das aberturas;

AN02FREV001/REV 4.0

102
 Estudo da geometria e das cores das superfícies internas, de maneira
a conseguir uma distribuição homogênea da luz em seu interior;
 Projeto racional das partes fixas e móveis dos elementos que
controlarão a entrada de luz e calor;
 Opção por controle de iluminação, ativo ou passivo, manual ou
automático;
 Conhecimento das características térmicas e lumínicas dos materiais
translúcidos a serem utilizados;
 Sensibilidade às cores decorrentes dos costumes e cultura local.

5.3 CONFORTO ACÚSTICO

Da mesma forma que no conforto térmico e lumínico, vamos encontrar aqui


um nível aceitável para a audição humana. O ouvido do homem apresenta uma
resposta agradável para sons não muito intensos, porém superado certo limite,
passamos a sentir dor, e insistindo no elevado nível de ruído podem acontecer
danos irreversíveis. A NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico nos
coloca os valores aceitáveis para cada ambiente. A ausência de conforto acústico
condiciona fortemente a nossa saúde e produtividade.

AN02FREV001/REV 4.0

103
FIGURA 82 – ESCALA DE RUÍDOS

FONTE: Disponível em: <http://www.solerpalau.pt/formacion_01_23.html>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

No processo de projeto devemos estudar os níveis de ruídos para localizar a


edificação no terreno e opção por medidas que auxiliem na minimização dos
impactos dos ruídos externos.
O ruído que incomoda pode ser controlado quando atuamos sobre a fonte
geradora, sobre o caminho ou no receptor do som.
Quando procedemos sobre a fonte, partimos do pressuposto de anulação ou
diminuição do som propagado. Podemos trocar a fonte por outra mais silenciosa, ou
isolar e evitar a transferência de ruído à estrutura da edificação. Há isolantes
acústicos no mercado, que têm a função de reduzir a energia do som transmitido
pelas estruturas para os ambientes vizinhos, e os absorventes acústicos, que
servem para reduzir a energia de um som refletido por uma superfície do mesmo
ambiente.
As placas rígidas e planas refletem o som sem absorver, como um escudo,
ao passo que as compostas por materiais fibrosos ou porosos absorvem bem o som.
Na interação da edificação com os ruídos externos, devemos atentar para a solução
dos problemas de forma semelhante ao que acontecia com o conforto térmico,
criando obstáculos para a chegada ao interior do prédio. Sendo assim, fachadas
voltadas para áreas com ruídos devem concentrar baixa quantidade de janelas ou

AN02FREV001/REV 4.0

104
até mesmo evitá-las. As paredes devem ser feitas de materiais pesados e com
revestimentos porosos. Outra medida é a criação de obstáculos, paredes ou painéis
absorventes para evitar ou minimizar os ruídos que chegam ao prédio.
Um meio natural de evitar a propagação dos ruídos externos, proveniente de
tráfego de automóveis, trânsito de pedestres e ruídos em geral, é o emprego da
vegetação como elemento de absorção e controle.
A própria topografia do terreno que muitas vezes é alterada, poderia ser uma
aliada para criação de obstáculos para a propagação dos ruídos que advém do meio
externo, e em conjunto com uma disposição de árvores e painéis de vegetação
potencializam sua virtude.
Quanto às edificações podemos ter, além dos isolantes acústicos em
paredes e tetos, o emprego de vidros duplos em janelas, os quais englobam ainda
as características de conforto térmico, já colocadas anteriormente.

FIGURA 83 – JANELAS COM VIDROS DUPLOS

FONTE: Disponível em: <http://www.scheid.com.br/?divisao=2&p=vidrospvc>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

Quando falamos em edificações de uso multifamiliar o cuidado com conforto


acústico, ganha proporções ainda maiores, muito em virtude do fato de que existem

AN02FREV001/REV 4.0

105
diferentes famílias, com seus hábitos particulares de viver, e ainda que separados
por estruturas e vedações de alvenaria, ocupando espaços e áreas em comum.

FIGURA 84 - 85 – ISOLAMENTO ACÚSTICO COM LÃ DE ROCHA

FIGURA 84
FONTE: Disponível em: <http://lucasin-drywall.blogspot.com.br/2012/03/divisoria-drywall-isolamento-
acustico.html>. Acesso em: 24 jun. 2013>.
FIGURA 85
FONTE: Disponível em: <http://isolamentos.net/page/2/>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Para que não existam interferências de um apartamento para outro, em


relação à propagação de som, é necessário que as construções sejam feitas com
materiais de qualidade e com as dimensões dentro de padrões que permitam o
isolamento acústico entre unidades. Quando mencionamos as áreas de divisa entre
as unidades, entenda-se que são, as paredes, lajes e esquadrias.
Uma prática eficiente é que sejam feitas duas paredes de 11 centímetros
com um pano de 05 centímetros entre elas, onde se coloca material isolante, como
por exemplo, a lã de rocha (ver Figura 87).
Para aumentar o desempenho acústico podem ser incorporados às
estruturas materiais isolantes manufaturados e também materiais reciclados, tais
como a borracha.

AN02FREV001/REV 4.0

106
FIGURA 86 – ISOLAMENTO ACÚSTICO COM BORRACHA RECICLADA

FONTE: Disponível em: <http://www.corkdobrasil.com.br/produtos.asp?produto=mc21>.


Acesso em: 22 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

107
FIGURA 87 – ISOLAMENTO ACÚSTICO

FONTE: Disponível em: <http://dicasgratisnanet.blogspot.com.br/2013/03/isolamento-acustico-


caseiro-residencial.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Equipamentos que emitem ruídos, como é o caso de sistemas mecânicos de


ventilação e equipamentos nas lavanderias e cozinhas, deveriam ter instalados
silenciadores nas saídas do ar. Naqueles equipamentos que, para além de ruído,
existam vibrações, é essencial instalar apoios antivibratórios em todos os
componentes suscetíveis de emitirem vibrações (como, por exemplo, elevadores,
transformadores eléctricos, portas automáticas de garagem, piscinas, banheiras de
hidromassagem, etc.).
Concluímos dessa forma que o conforto acústico é tão importante quanto o
conforto térmico e lumínico, pois a união dos três é que propicia uma habitabilidade
saudável e acima de tudo, quando empregadas às técnicas que corroboram com a
sustentabilidade, trazem benefícios de forma indireta a toda a sociedade.

AN02FREV001/REV 4.0

108
A busca de tais diretrizes passa pelo projeto, dá sequência na execução e
continua no momento em que acontece o uso do imóvel.

6 VANTAGENS DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

Depois de estudarmos a origem da sustentabilidade e seus principais


tratados, vimos no Módulo I alguns tópicos que ressaltam as mais relevantes
diretrizes de projeto que além de serem coerentes com todas as questões
intrínsecas de uma fase de análise e planejamento, são extremamente pontuais na
prerrogativa da sustentabilidade.

FIGURA 88 – SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.sinduscon-


mg.org.br/site/arquivos/up/comunicacao/guia_sustentabilidade.pdf>.
Acesso em: 24 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

109
Quando foi mencionada a importância da análise da implantação, ou seja, do
local em que se inserirá a edificação, estamos relacionando com os temas que
foram amplamente defendidos no capítulo da Permacultura, bem como os cuidados
e respeito que se deve ter com os ecossistemas, a topografia e os recursos naturais
presentes no local.
A gestão da água, da mesma forma, é ponto crucial para qualquer
desenvolvimento de uma intervenção arquitetônica, seja antes e durante a obra, mas
principalmente no ato da habitação. Um recurso indispensável para a sobrevivência
não só da humanidade, mas de todos os ecossistemas biológicos. Adotando as
premissas estabelecidas estaremos contribuindo para que a gestão da água seja
racional e por consequência colabore com a temática da sustentabilidade.
A água não é o único recurso natural que deve ser preservado e utilizado de
forma inteligente. Temos a energia eólica e solar que ainda possuem utilização
restrita e que poderiam abranger de uma forma maior as práticas projetuais. É
evidente que não basta à boa intensão para seu emprego, é preciso acima de tudo,
que sejam sistemas acessíveis para aquisição da sociedade em geral. Ambos os
métodos, solar e eólico, são eficientes e contribuem de forma potencial com a
sustentabilidade.
Por fim temos a busca pelos confortos: térmico, acústico e lumínico. Se
observarmos profundamente, em todos eles, é necessária uma postura projetual
engajada e compromissada com conceitos que possibilitem o uso e reúso dos
recursos naturais que temos disponíveis na natureza. Ao respeitar e potencializar os
recursos naturais estaremos novamente contribuindo com o planeta. Não é um
ganho isolado, ainda que o mais imediato, mas sim um benefício para todos.
Concluímos com nosso estudo que as vantagens de se criar edificações com
ideais de sustentabilidade, não residem somente nos casos particulares, ainda que
sejam os primeiros beneficiados, todavia, é um ganho para toda a humanidade e por
consequência para todos os ecossistemas do planeta.
O compromisso deve ser assumido por todos, sejam os que concebem,
constroem, vendem ou o usuário final, pois a sustentabilidade começa antes de se
ter a edificação e perdura por todo o tempo que essa edificação é usada, e melhor,

AN02FREV001/REV 4.0

110
não cessa com a sua inutilização, pois seus materiais e componentes podem servir
para novos empreendimentos.

FIM DO MÓDULO III

AN02FREV001/REV 4.0

111
GLOSSÁRIO

BEIRADO OU BEIRAL: projeção da cobertura que serve de proteção contra as


intempéries.

BRISE-SOLEIL: expressão francesa cuja tradução literal seria quebra-sol, embora


seja comum a utilização apenas da palavra brise em português. É um dispositivo
arquitetônico utilizado para impedir a incidência direta de radiação solar nos
interiores de um edifício.

CADUCIFÓLIA: vegetação que perde as folhas em períodos frios.

ECOSSISTEMA: é a unidade principal de estudo da ecologia e pode ser definido


como um sistema composto pelos seres vivos (meio biótico) e o local onde eles
vivem (meio abiótico, onde estão inseridos todos os componentes não vivos do
ecossistema como os minerais, as pedras, o clima, a própria luz solar, etc.) e todas
as relações destes com o meio e entre si.

ESTANQUEIDADE: é a definição dada a um produto que está isento de furos,


trincas ou porosidades que possam deixar sair ou entrar algum tipo de matéria
independente do estado físico.

FEEDBACK: expressão em inglês que significa dar resposta, realimentar um


processo.

FRUGALIDADE: características de um poupador, que remete à economia e


comedimento com excessos.

AN02FREV001/REV 4.0

112
ILUMINAÇÃO ZENITAL: é aquela onde a luz natural adentra no ambiente por
aberturas localizadas na cobertura do prédio.

INSUMO: matéria-prima ou componente de algum produto.

LUMÍNICA: características de iluminação.

MARQUISE: aba que se projeta a partir do corpo do prédio.

PATOLOGIA DE OBRA: defeitos e problemas nos diversos elementos construtivos


que compõem a edificação, decorrentes de erros de execução ou materiais de baixa
qualidade.

RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR: empreendimento em que reside somente uma família.

TAIPA: paredes feitas de barro e estrutura interna com trama de madeira.

TOPOGRAFIA: Tem a importância de determinar analiticamente as medidas de área


e perímetro, localização, orientação, variações no relevo, etc. e ainda representá-las
graficamente em cartas (ou plantas) topográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de ruído


para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2005.

AEA. Certificações LEED, AQUA e Procel Edifica para Edificações. São Paulo,
2013.

BRASIL ESCOLA. Disponível em: <http://www.brasilescola.com>. Acesso em: 19


jun. 2013.

BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação


Getúlio Vargas, 1991.

CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO/FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO


ESTADO DE MINAS GERAIS. Guia da Sustentabilidade na Construção Civil.
Minas Gerais, 2008.

CASA COLMÉIA. Disponível em: <http://casacolmeia.wordpress.com/>. Acesso em:


14 ago. 2013.

FUNDAÇÃO VANZOLIN. Disponível em: <http://www.vanzolini.org.br>. Acesso em:


10 jun. 2013.

GBC BRASIL. Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br>. Acesso em: 10 jun.


2013.

GIBBERD, J. Integrating sustainable development into briefing and design


processes of buildings in developing countries: an assessment tool, 2003.

DOCTORATE Thesis. Faculty of Engineering, Built Environment and Information


Technology, University of Pretoria, South Africa, 2003.

AN02FREV001/REV 4.0

114
HOLMGREN, David. Os Fundamentos da Permacultura. Tradução Técnica:
Alexander Van Parys Piergili e Amantino Ramos de Freitas. Brasil, 2007.

KELLER, Marian e BURKE, Bill. Fundamentos de Projetos de Edificações


Sustentáveis. Tradução Técnica: Alexandre Salvaterra. Brasil: Bookman, 2010.

PORTAL VERMELHO. Disponível em: <http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/onu-


prolonga-quioto-mas-adia-novas-decisoes-sobre-o-clima-1576645>. Acesso em: 08
jun. 2013.

SATTLER, Miguel Aloysio. Habitações de baixo custo mais sustentáveis: a casa


Alvorada e o Centro Experimental de tecnologias habitacionais sustentáveis -
Coleção Habitare, v. 8. Porto Alegre: ANTAC, 2007.

SINDUSCON. Disponível em: <http://www.sindusconsp.com.br/>. Acesso em: 08 jun.


de 2013.

WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>. Acesso em: 01 jun. 2013.

AN02FREV001/REV 4.0

115

Você também pode gostar