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PLANEJAMENTO

AMBIENTAL E
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Autoria: Dr. Eder Caglioni e Me. Felipe Luiz Braghirolli

1ª Edição
Indaial - 2020

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2020


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
C131p

Caglioni, Eder

Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável. / Eder Cagli-


oni; Felipe Luiz Braghirolli. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

168 p.; il.

ISBN 978-65-5646-098-7
ISBN Digital 978-65-5646-099-4

1. Meio ambiente. - Brasil. 2. Sustentabilidade. – Brasil. I. Braghirolli,


Felipe Luiz. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 628

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e
suas Estruturas............................................................................7

CAPÍTULO 2
Impactos Ambientais e Indicadores...........................................57

CAPÍTULO 3
Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e Educação
Ambiental....................................................................................105
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Se você está cursando esta pós-graduação já demonstra
interesse pela área de sustentabilidade e deve saber que é inegável a preocupação
com a área ambiental atualmente, além da necessidade de compreendermos
a questão, de forma ampla e urgente em nossa sociedade. Para isso, estamos
apresentando neste Livro Didático a disciplina de Desenvolvimento Sustentável
e Planejamento Ambiental, a qual tem o objetivo de introduzir conceitos e
análises do histórico do desenvolvimento sustentável, bem como as estruturas
que envolvem o planejamento ambiental, metodologias para diagnósticos de
impactos ambientais e ferramentas de mitigação desses impactos. Além disso,
envolveremos a importância da educação nesse processo.

Este Livro Didático será dividido em três capítulos e nossos objetivos de


aprendizagem serão apresentados com base na metodologia UNIASSELVI de
saber-fazer. O saber envolve os conceitos a serem aprendidos e o fazer relaciona
às competências que o acadêmico poderá aplicar ao final dos estudos.

No Capítulo 1, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental


e suas estruturas, trataremos da questão ambiental desde o histórico do
desenvolvimento sustentável e do planejamento ambiental − suas características,
estruturas utilizadas − até o detalhamento de ações, utilizadas como instrumentos
em busca do desenvolvimento sustentável, pautadas no planejamento ambiental.
Os objetivos estarão relacionados com a apresentação das terminologias e ações
de redução dos impactos ambientais, identificando as formas de planejamento,
para que possam ser compreendidas de forma sistêmica.

O segundo capítulo, intitulado Impactos Ambientais e Indicadores, irá


apresentar como os diagnósticos podem ser utilizados de base para a estruturação
de indicadores ambientais de avaliação e quantificação dos impactos, buscando
sua prevenção e/ou mitigação. Faremos análises iniciais com relação à legislação
vigente para estudos ambientais, passando pelo reconhecimento de impactos
ambientais gerados por atividades, definição de indicadores e suas metodologias
de quantificação, buscando principalmente a prevenção desses impactos.

No Capítulo 3, intitulado Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e


Educação Ambiental, traremos alguns detalhamentos sobre o zoneamento
ambiental, sua importância na tomada de decisão e políticas voltadas à educação,
bem como todas as suas estruturas. Apresentaremos critérios para a tomada
de decisão com base em aspectos técnicos e estudos, visando a estimular a
análise crítica com base em informações ambientais e científicas. Além disso,
apresentaremos os princípios de educação ambiental e como esses podem
auxiliar no desenvolvimento de ações para a sustentabilidade.

Em face do elevado nível de exigência por parte de órgãos reguladores e da


necessidade de profissionais cada vez mais especializados e com grande leque de
atuação, as áreas de meio ambiente e sustentabilidade vêm sendo cada vez mais
exigidas no mercado de trabalho. Dessa forma, este material foi desenvolvido com
o objetivo de apresentar de forma concisa diversas metodologias e aplicações
técnicas utilizadas na área ambiental.

Assim, pretendemos atender aos mais diversos públicos e áreas de atuações,


visando auxiliar nessa percepção ampla das questões ambientais. Você também
poderá aprofundar seus estudos por meio das bibliografias e materiais indicados
ao longo do livro. Esperamos que aproveitem o material e bons estudos!
C APÍTULO 1
Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas
Estruturas

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Introduzir as terminologias utilizadas e a linha histórica que descreve o


desenvolvimento sustentável e o planejamento ambiental.

• Apresentar as metodologias e novas oportunidades existentes para implantação


dos princípios do desenvolvimento sustentável.

• Identificar os tipos de planejamento, estruturas, etapas e instrumentos do


planejamento ambiental.

• Reconhecer a estrutura histórica do desenvolvimento sustentável e do


planejamento ambiental.

• Estruturar o planejamento ambiental.


Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A sustentabilidade, mais especificamente o termo desenvolvimento
sustentável, vem sendo amplamente empregada em ações de diversas esferas
e é provável que você já tenha ouvido falar muito nesse tema. No entanto,
você sabe onde essa expressão surgiu? Quais teorias incrementaram essa
definição? Quais estratégias vêm sendo adotadas ao longo dos anos para frear
o avanço significativo de impactos ambientais? Nosso modelo econômico atual
é sustentável? Existem novas formas de estruturarmos a nossa economia sem
comprometer nossos recursos naturais? Esses são alguns dos assuntos que
abordaremos ao longo da nossa trajetória neste capítulo.

Além disso, estudaremos as práticas de planejamento, aprofundando nossos


esforços na área ambiental, expondo suas características, estruturas e principais
instrumentos que visam auxiliar na melhoria da qualidade ambiental e prevenção
dos impactos ambientais associados às atividades e ao desenvolvimento de
planos, programas e projetos ambientais.

Este capítulo tem como principal objetivo apresentar alguns conceitos


necessários que utilizaremos em capítulos posteriores do nosso livro e em nossos
estudos da disciplina de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável.

2 DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é um termo que vem sendo amplamente
utilizado em diversos setores da sociedade e, em muitos casos, relacionado com
ações voltadas à área ambiental. No entanto, esse termo é muito mais amplo e
estabelece conexão com diversos assuntos.

Para compreendermos a origem desse termo e como ele se relaciona com


as nossas ações nos dias atuais, vamos estabelecer uma linha histórica sobre a
questão ambiental descrevendo os principais pontos e documentos relacionados
com esse tema, passando desde a Revolução Industrial e conferências
ambientais até o estabelecimento das regulações e como esse tema vem sendo
trabalhado atualmente sob diversas óticas. Além disso, aprenderemos como esse
termo e suas associações possuem relação com a redução de nossos impactos
ambientais.

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA


O início da nossa caminhada tratará da Revolução Industrial e como essa
fase pautou os primeiros debates sobre as questões ambientais em nossa
sociedade. A Revolução Industrial teve início no século XVIII na Inglaterra.
Essa fase contribuiu fortemente para a mecanização, gerando aumento da
escala produtiva, tornando a produção em massa uma oportunidade para o
desenvolvimento das indústrias, principalmente por conta da entrada de novas
tecnologias e outras formas de energia, como a energia a vapor, que contribuiu no
desenvolvimento dos transportes para deslocamento de mercadorias e inclusive
avanços na agricultura com novas formas de produção (OLIVEIRA, 2004; POTT;
ESTRELA, 2017).

Nesse período, houve pleno desenvolvimento das populações das cidades


e da indústria. Pott e Estrela (2017) descrevem algumas das características
ocorridas nesse momento, como a transição da manufatura para a indústria
mecânica e o desenvolvimento de novas tecnologias, gerando o aumento da
capacidade produtiva. Os autores ainda destacam que, com esses avanços, as
populações começaram a deslocar-se para os grandes centros urbanos em busca
de melhores salários nas indústrias, cada vez mais emergentes, gerando maior
acesso aos bens. A evolução da medicina também permitiu ampliar a expectativa
de vida dessas populações.

Apesar do desenvolvimento econômico ocorrido nessa época, alguns


episódios agudos de poluição acenderam um alerta sobre como as questões
ambientais vinham sendo tratadas. No Quadro 1, descrito por Hogan (2007),
alguns dos principais episódios de poluição ambiental ao longo do período Pós-
Revolução Industrial trouxeram à tona as discussões e preocupações sobre o
meio ambiente.

QUADRO 1 − CRISES AMBIENTAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

LOCAL DESCRIÇÃO
A intensa névoa, por conta da concentração dos polu-
Vale do Meuse, Bélgica - 1930 entes lançados na região, causou a morte de mais de 60
pessoas.
A inversão térmica por conta da poluição represada e
concentrada na região durante cinco dias consecutivos
resultou na morte de 20 pessoas e milhares de doentes.
Donora, Pensilvânia - 1948
Após o fato, foi iniciada uma pesquisa na região com o
objetivo de relacionar a poluição atmosférica e os im-
pactos sobre a saúde.

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

O excesso de poluição proveniente das indústrias,


veículos e até mesmo da queima de carvão para aquec-
imento das residências foram fatores que contribuíram
“A névoa matadora”, Londres - 1952
para esse fato que vitimou aproximadamente 4000 pes-
soas e foi agravado pela concentração dos poluentes
por conta da inversão térmica na região.
Em uma comunidade de pescadores (Baia de Minamata
no Japão) alguns indícios de problemas por conta da
mortalidade e comportamento anormal em animais,
como peixes, polvos, aves e gatos. Mais tarde, após di-
Desastre de Minamata - 1956
versas mortes, pesquisas realizadas no local concluíram
que os problemas estavam relacionados com a contam-
inação por metais pesados provenientes de uma in-
dústria produtora de fertilizantes, químicos e plásticos.

FONTE: Adaptado de Hogan (2007)

Após essas crises, as discussões sobre os impactos ambientais e suas


consequências afloraram ainda mais, assim como a preocupação de diversos
cientistas e especialistas.

No ano de 1962, a autora e cientista Rachel Carson publicou o


livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), chamando a atenção para
a preocupação quanto ao uso de pesticidas químicos (Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT) e seus efeitos de longo prazo no meio ambiente
e na saúde humana (GALLI, 2009).

Outra obra de igual importância e que ganhou ampla notoriedade


foi publicada no ano de 1972, pelos autores Donella H. Meadows e
colaboradores, sob o financiamento do Clube de Roma, chamado de
The limits to Growth (Os limites do crescimento). Você pode acessar
à versão original do livro no link: https://clubofrome.org/publication/
the-limits-to-growth/. Esse livro alertou de forma quase apocalíptica
para a discussão sobre o desenvolvimento industrial e crescimento
populacional em função da capacidade limite do planeta para
produção de recursos (LAGO, 2006, p. 29; NASCIMENTO, 2012).

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

As discussões e as preocupações mundiais com a questão ambiental


continuaram em ascensão e, no ano de 1972, a Organização Mundial das Nações
Unidas (ONU) convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente
Humano em Estocolmo (Suécia), conhecida como Conferência de Estocolmo,
que culminou com a declaração final contendo um guia de 26 princípios para a
preservação do meio ambiente (Figura 1). Além dos princípios, as proclamações
contidas nesse documento também serviram de base para as discussões sobre as
futuras gerações com a definição de ações a serem realizadas, como preconizado
no parágrafo 6º (CETESB, 2020; NAÇÕES UNIDAS, 2015).

Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos


imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual
dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com
um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente,
podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade
condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de
acordo com as necessidades e aspirações do homem. [...] A
defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as
gerações presentes e futuras se converteram na meta imperiosa
da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em
que se mantêm as metas fundamentais já estabelecidas, da
paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo
[...] (NAÇÕES UNIDAS, 2015, s.p.).

Você pode acessar às informações sobre o relatório original da


Conferência de Estocolmo no site: https://sustainabledevelopment.
un.org/conferences.

FIGURA 1 − REUNIÃO PREPARATÓRIA PARA A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO.

FONTE: <https://nacoesunidas.org/conferencias-de-meio-ambiente-e-
desenvolvimento-sustentavel-miniguia-da-onu/>. Acesso em: 30 jul. 2020.

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

No mesmo ano da conferência de Estocolmo (1972) foi criado o Programa


das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que busca principalmente
um diálogo entre diversos setores (público, privado, acadêmico, sociedade
civil, ONGs etc.), com o objetivo de monitorar possíveis ameaças ambientais,
garantindo a perpetuação desses recursos, e promover o desenvolvimento
sustentável (BRASIL, 2012a).

Ainda em Estocolmo, um termo utilizado ao longo da conferência fez


crescer as discussões e iniciar o que conhecemos hoje como desenvolvimento
sustentável, que foi o uso do termo Ecodesenvolvimento citado por Maurice
Strong durante a conferência. De acordo com Sachs (1973 apud MONTIBELLER
FILHO, 1993), o termo tem o seguinte significado:

Desenvolvimento endógeno e dependente de suas


próprias forças, tendo por objetivo responder problemática
da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do
desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente
dos recursos e do meio (SACHS, 1973 apud MONTIBELLER
FILHO, 1993, p. 132).

Podemos perceber que esse termo ensaia o início de uma discussão ampla
envolvendo as questões ambientais, sociais e econômicas em nossa sociedade.
Após as discussões iniciais sobre a preocupação com os impactos ambientais
e despontamento do termo Ecodesenvolvimento, no ano de 1983, a ONU faz o
convite para a médica Gro Harlem Brundtland presidir a comissão mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Commission on Environment and
Development − WCED). O trabalho presidido por ela foi publicado em 1987 e
resultou na elaboração do conhecido relatório Nosso Futuro Comum (Relatório
de Brundtland), em que pela primeira vez foi abordado o termo Desenvolvimento
Sustentável (BRAGA et al., 2005; NAÇÕES UNIDAS, 2015).

Você pode acessar às informações originais do relatório Nosso


Futuro Comum no link: https://sustainabledevelopment.un.org/
milestones/wced.

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável é descrito no relatório original


como “Humanity has the ability to make development sustainable to ensure
that it meets the needs of the present without compromising the ability of future
generations to meet their own needs” (BRUNDTLAND et al., 1987 p. 16), ou
segundo traduzido por Braga et al. (2005, p. 216), o desenvolvimento sustentável
pode ser descrito como: “Atender às necessidades da geração do presente sem
comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias
necessidades”.

O desenvolvimento sustentável criou um olhar sobre nossa sociedade e a


maneira como nos posicionarmos frente a ela. Segundo Montibeller Filho (1993, p.
135), durante a Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento
realizada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), em
Ottawa, Canadá, em 1986, o desenvolvimento sustentável foi colocado como um
novo modelo e incluía alguns princípios, dentre eles: “integrar conservação da
natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades humanas fundamentais;
perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e da
diversidade cultural; manter a integridade ecológica”.

Esses princípios demonstraram que a abrangência da discussão sobre as


questões ambientais ao longo dos anos tomou uma proporção cada vez maior,
incluindo as visões econômicas e sociais em suas análises.

Como já vimos anteriormente, a emissão de gases na atmosfera gerou


impactos significativos para o meio ambiente e na saúde humana. Cada vez mais
ocorre o aumento dessas emissões e consequentemente da temperatura global.
Por conta da preocupação com esses efeitos, no ano de 1988, a ONU Meio
Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) criaram em conjunto o
Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), que tem a função
de avaliar as informações científicas, fornecendo evidências para pautar ações
de redução dos efeitos do aquecimento global (BRITEZ et al., 2006; NAÇÕES
UNIDAS, 2015).

Seguindo a linha histórica, após a criação do IPCC, a expressão


“Desenvolvimento sustentável” ganhou ainda mais força no ano de 1992, quando
ocorreu a Conferência do Meio Ambiente, conhecida como Rio 92 ou Eco-92
(Figura 2). Realizada no Rio de Janeiro, essa conferência discutiu os avanços
obtidos desde a conferência de Estocolmo e o Relatório de Brundtland. Nessa
conferência alguns documentos importantes foram elaborados, dentre eles: a
Convenção das Nações Unidas sobre a diversidade biológica, a Agenda 21, a
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC)
e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (GALLI, 2009;
NAÇÕES UNIDAS, 2015).

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

FIGURA 2 − LOGO DA CONFERÊNCIA RIO 92

FONTE: <http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/
EMDISCUSSAO/upload/201202%20-%20maio/ed11_imgs/
ed11_p12_imagem.jpg>. Acesso em: 30 jul. 2020.

A Agenda 21 foi um dos documentos resultante da Rio 92 e propôs ações


com a participação efetiva dos mais diversos setores da sociedade e em vários
países, direcionando ações de proteção dos recursos naturais (prevenção do
desmatamento, perda de qualidade dos solos, poluição da água e do ar) e a
relação dessas com questões sociais (combate à pobreza, padrões de produção e
consumo) (GALLI, 2009; SILVA, 2015).

Outro documento resultante da Rio-92 foi a Declaração do Rio sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento (1992), que inclui um conjunto de 27 princípios
elaborados a partir da Declaração da Conferência de Estocolmo, estabelecendo
atuação conjunta entre o Estado e outros setores da sociedade.

Acesse ao artigo indicado no link a seguir para mais informações


acerca da Declaração do Rio: http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n15/
v6n15a13.pdf.

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Outra ação efetivada durante a Rio 92 foi a Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) que busca mitigar os efeitos das
mudanças climáticas por meio de acordos para a redução das emissões entre
os países signatários. Sendo assim, desde 1995, os países signatários realizam
a Conferência das Partes (COP), para que os acordos internacionais sejam
discutidos e as metas estabelecidas sejam constantemente avaliadas (BRITEZ
et al., 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015). As reuniões da COP são realizadas
anualmente e você pode acompanhar o histórico dos encontros no Quadro 2.

QUADRO 2 − LINHA DO TEMPO DA CONFERÊNCIA DAS PARTES

N° ANO LOCAL
COP 1 1995 Berlim
COP 2 1996 Genebra
COP 3 1997 Kyoto
COP 4 1998 Buenos Aires
COP 5 1999 Bonn
COP 6 2000 Haia
COP 7 2001 Marrakesh
COP 8 2002 Nova Delhi
COP 9 2003 Milão
COP 10 2004 Buenos Aires
COP 11 2005 Montreal
COP 12 2006 Nairóbi
COP 13 2007 Bali
COP 14 2008 Paznan
COP 15 2009 Copenhage
COP 16 2010 Cancún
COP 17 2011 Durban
COP 18 2012 Doha
COP 19 2013 Varsóvia
COP 20 2014 Lima
COP 21 2015 Paris
COP 22 2016 Marrakesh
COP 23 2017 Bonn
COP 24 2018 Katowice
COP 25 2019 Madri
FONTE: Adaptado de MMA (2018)

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Para definir os instrumentos e mecanismos que seriam utilizados para atingir


os objetivos definidos da UNFCCC, surgiu o Protocolo de Quioto, ou seja, um
tratado internacional que estabelecia metas de redução dos gases do efeito estufa
para 40 países (BRITEZ et al., 2006).

O protocolo de Quioto estabeleceu a redução de 5,2% das emissões


totais dos grandes geradores entre o período de 2008 a 2012. Além disso, no
protocolo foram estabelecidos mecanismos para viabilizar o alcance dessas
metas definidas, sendo eles: implementação conjunta; comércio de emissões;
mecanismo de desenvolvimento limpo (SCARPINELLA, 2002). Vale destacar
que o protocolo de Quioto teve seu início efetivo no ano de 1997, porém só foi
ratificado em 1999, fazendo com que entrasse em vigor no ano de 2005 após o
aceite de todos os países que representassem 55% das emissões totais (SILVA,
2015).

Deslocando um pouco a nossa linha do tempo, mas ainda no âmbito da COP,


podemos destacar o acordo de Paris que foi adotado a partir de 2015, com o
objetivo de conter os impactos associados ao aquecimento global, mantendo o
aumento da temperatura da Terra abaixo de 2 °C. No contexto nacional, o Brasil
se comprometeu a reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) em 37%
abaixo dos níveis de 2005 até o ano de 2025 e 43% abaixo dos níveis de 2005 até
2030. Além disso, o país incluiu nos compromissos a restauração de florestas e a
ampliação do uso de energias renováveis (MMA, 2016).

Os compromissos brasileiros podem ser encontrados neste link:


http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/BRASIL-iNDC-
portugues.pdf.

Retomando nossa linha histórica, no ano de 2002, dez anos após a Rio 92
e a implantação da Agenda 21, foi realizada na cidade Johanesburgo (África do
Sul) a conferência Rio+10 (Figura 3). Essa conferência teve o principal objetivo
de estabelecer as ações para implementação dos compromissos assumidos
na Agenda 21, de forma concreta e incluindo a participação mais próxima da
sociedade civil (LAGO, 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015; SILVA, 2015).

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 3 − CONFERÊNCIA DE JOHANESBURGO (2002)

FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020

As principais ações e discussões ocorridas durante a conferência


foram destacadas por Silva (2015, p. 167), dando destaque para as ações
socioambientais:

Novamente foi tratada uma diversidade de temas como água,


saneamento, energia, saúde, agricultura, biodiversidade
e gestão de ecossistemas. Como resultado saíram 153
recomendações para o cumprimento da Agenda 21, no sentido
de fortalecer e melhorar a implementação do desenvolvimento
sustentável, dando mais eficiência aos seus resultados.
Considerada um dos entraves a sua implementação, a pobreza
foi um dos principais assuntos debatidos, e foi decidida a criação
de um fundo mundial de solidariedade para sua erradicação.

Em algum momento é possível surgir a hipótese de que, com todas essas


discussões ao longo das conferências, a educação poderia ter ganho um papel
de maior importância dentro das conferências. De fato, isso aconteceu a partir
da definição da Agenda 21, destacando que “a educação é fundamental para
promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas
em entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento” (UNESCO,
2005, s.p.).

Então, efetivamente, a partir da conferência de Johanesburgo, a educação


ganhou ainda mais importância na busca pelo desenvolvimento sustentável
com o lançamento do programa Década de Educação para o Desenvolvimento
Sustentável para o período de 2004-2014, “enfatizando que educação é um
elemento indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável”
(UNESCO, 2005, s.p.).

Após 20 anos desde a Rio 92, a convenção retorna à cidade do Rio de


Janeiro no ano de 2012, para a realização da conferência Rio+20 (Figura 4).

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Nessa conferência, após a produção do seu relatório final conhecido como O


Futuro que Queremos, diversos questionamentos começaram a surgir sobre a
efetividade das discussões ao longo de décadas de conferências.

Para ter acesso ao relatório O Futuro que Queremos completo


acesse:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/O-
Futuro-que-queremos1.pdf.

FIGURA 4 − CONFERÊNCIA RIO+20

FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020.

Silva (2015) destaca o avanço ocorrido no campo da educação após a


Rio+20, mas que a mudança ainda precisa ser profunda. O autor ainda destaca
a lenta promoção de ações para estabelecer instrumentos globais cooperativos
e a deficiência do investimento educacional voltado aos tomadores de decisões.
Ainda assim, a educação teve destaques importantes nessa convenção.

No ano de 2015, com a realização da Cúpula do Desenvolvimento


Sustentável na cidade de Nova York (Figura 5), foi lançada a Agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável, proposta ainda no ano de 2012 durante a Rio+20.
A Agenda possui 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com
169 metas e mais de 300 indicadores (UNESCO, 2017).

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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 5 − CÚPULA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: <https://www.un.org/sustainabledevelopment/wp-content/
uploads/2015/01/SDS_Logo_E.png>. Acesso em: 31 jul. 2020.

É possível que você já tenha visto a identificação dos ODSs. Eles são
identificados conforme a Figura 6 de acordo com o seu número e o seu objetivo
associado. As instituições que utilizam os ODSs para realizar suas metas e ações,
fazem uso dessa imagem para a sua identificação, de acordo com o objetivo
utilizado.

FIGURA 6 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FONTE: MRE (2015)

Os ODSs apresentam os maiores desafios globais para a humanidade em


busca do desenvolvimento sustentável e contam com o envolvimento de diversos
setores da sociedade (UNESCO, 2017). Você pode verificar os 17 objetivos,
com as suas proposições e seus principais objetivos individuais, destacados no
Quadro 3.

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Você pode encontrar todas as informações sobre os ODSs no


link: https://nacoesunidas.org/pos2015/.

QUADRO 3 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

OBJETIVO DESCRIÇÃO
ODS 1
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares.
Erradicação da pobreza
ODS 2 Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e
melhoria da nutrição e promover a agricultura
Fome zero e agricultura sustentável sustentável.
ODS 3
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos, em todas as idades.
Saúde e bem-estar
ODS 4 Assegurar a educação inclusiva e equitativa de quali-
dade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
Educação de qualidade longo da vida para todos.
ODS 5
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas.
Igualdade de gênero
ODS 6
Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água
e saneamento para todos.
Água potável e saneamento
ODS 7
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a
preço acessível à energia para todos.
Energia limpa e acessível
ODS 8
Promover o crescimento econômico sustentado, inclu-
sivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e tra-
Trabalho decente e crescimento
balho decente para todos.
econômico
ODS 9
Construir infraestruturas resilientes, promover a indus-
trialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
Indústria, inovação e infraestrutura
ODS 10
Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
Redução das desigualdades
ODS 11
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu-
sivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Cidades e comunidades sustentáveis
ODS 12
Assegurar padrões de produção e de consumo suste-
ntáveis.
Consumo e produção responsáveis

21
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

ODS 13
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do
clima e seus impactos.
Ação contra a mudança global do clima
ODS 14 Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os
mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento
Vida na água sustentável.
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ODS 15
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a
Vida terrestre
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desen-
ODS 16
volvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça
para todas e todos e construir instituições eficazes, re-
Paz, justiça e instituições eficazes
sponsáveis e inclusivas em todos os níveis.
ODS 17
Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a
parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Parcerias e meios de implementação

FONTE: Adaptado de UNESCO (2017)

Acessando o site SDG Compass (Bússola dos ODSs) você


tem acesso a um guia de orientação para empresas para alinhar
suas estratégias de negócio e contribuições para os ODSs: www.
sdgcompass.org.

No site a seguir você encontra as Diretrizes para implementação


dos ODSs na estratégia dos negócios: https://sdgcompass.org/wp-
content/uploads/2016/04/SDG_Compass_Portuguese.pdf.

Você pode perceber que, ao longo dos anos, as conferências de meio


ambiente passaram por grandes mudanças positivas, ocorrendo a incorporação
de novas visões sobre o desenvolvimento sustentável, orientando as discussões
sobre os impactos da nossa sociedade.

No entanto, na época, os resultados obtidos ao final de algumas conferências


não foram satisfatórios, muito por conta de divergências por questões políticas,
econômicas, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e na definição

22
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

das metas e objetivos a serem atingidos. Um exemplo disso foram os resultados


obtidos na conferência do Rio. Inicialmente, houve a diluição do texto da
Agenda 21, retratando os temas de energia, devido à firme oposição dos países
que produzem petróleo e que consomem carvão. Outro item criticado foi a
falta de diálogo e envolvimento nas discussões sobre a influência da questão
populacional e seus impactos no meio ambiente. Por fim, a perspectiva inicial
de inserir o desenvolvimento sustentável como paradigma passou por inúmeras
barreiras impostas pela globalização, como a falta de aderência com os padrões
de produção e consumo atuais (LAGO, 2006).

Desenvolvimento sustentável é abordado por alguns autores


como uma forma utópica de crescimento e que estaria permeada
por conflitos de interesse e que as realidades regionais são bastante
distintas sob diversas óticas e influenciam fortemente nas análises,
tornando a mudança da visão de consumo em nossa sociedade
ainda mais complexa (SANTOS, 2004).

De qualquer forma, é necessário compreender que a abrangência do


desenvolvimento sustentável ganhou ampla notoriedade, incorporando a visão
sistêmica na relação homem versus meio ambiente. Devemos ter em mente que
essas discussões são importantes para o estabelecimento do conceito. A seguir
você terá um breve relato sobre como essas questões estão sendo abordadas
atualmente.

2.2 DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL NOS DIAS ATUAIS
Ampliando nossa análise quanto ao desenvolvimento sustentável, antes de
tudo, é importante perceber que diversas terminologias vêm sendo adotadas para
associar as esferas ambiental, social e econômica ao longo dos anos, assumindo
um significado próprio e que é importante ser destacado.

Essa abrangência das discussões sobre meio ambiente, nos trouxe termos
como sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Os autores
Feil e Schreiber (2017, p. 678), após uma análise conceitual sobre esses temas,
detalham as suas concepções:

23
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

SUSTENTÁVEL
[...]o termo é responsável pela geração de uma solução
em relação à deterioração verificada nas inter-relações do
sistema global ambiental humano. A ideia de sustentável é
suportada pelo processo de desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade, ou seja, pode ser considerada um guarda-
chuva.

SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade é um processo que mensura o grau ou nível
da qualidade do sistema complexo ambiental humano com o
intuito de avaliar a distância deste em relação ao sustentável.
Esta avaliação, em especial, é realizada com propriedades
quantitativas denominadas de indicadores e índices de
sustentabilidade. Estes, por sua vez, podem identificar quais
os aspectos − ambiental, social ou econômico

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é o processo que entra em
cena com base em estratégias para aproximar o sistema
ambiental humano ao nível de sustentabilidade com vistas a
que a vida deste complexo sistema se harmonize e perpetue
ao longo do tempo. Esta questão estratégica intenta a ruptura
de paradigmas por meio de mudanças no entendimento e
posicionamento cultural da sociedade, ou seja, conscientizar
sua importância com auxílio de ações e atitudes que
reposicionem os aspectos negativos identificados pelos
indicadores em direção à sustentabilidade. Desse modo, com
a exitosa condução da sustentabilidade e do desenvolvimento
sustentável, atinge-se o sustentável (FEIL; SCHREIBER,
2017, p. 678).

O termo sustentabilidade e suas esferas (ambiental, social e econômica)


vem sendo empregado pelas mais diversas áreas e profissionais, incluindo o
setor comercial e empresarial, tornando-se hoje um diferencial competitivo para
algumas empresas.

Algo que contribuiu para a visão da sustentabilidade no meio empresarial


foi o conceito de Triple bottom line (Três resultados líquidos) descrito por John
Elkington.

Indicamos o livro Cannibals with forks (Canibais de garfo e faca)


de John Elkington.

24
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

O autor destaca a importância de avaliar o tripé da sustentabilidade como


uma forma de viabilizar os negócios, com “resultados positivos líquidos” em todas
as esferas sendo economicamente viável (econômico), socialmente justa (social)
e considerando seus impactos ambientais (ambiental) (ELKINGTON, 2001 apud
BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 7).

Essa visão tem auxiliado na inserção da sustentabilidade nos mais diversos


ambientes e ressaltado que ela não deve ser entendida sob uma única perspectiva.
Outra abordagem dada atualmente para aplicar as questões de sustentabilidade é
o pensamento do ciclo de vida.

O pensamento do ciclo de vida trata justamente de perceber a dimensão das


cadeias produtivas dos produtos e serviços, desde a extração das matérias-primas
até o seu descarte final. A UNEP (2007 p. 12) define as principais características e
objetivos do pensamento do ciclo de vida dos produtos:

O pensamento do ciclo de vida é essencial para o


desenvolvimento sustentável. Trata-se de ir além do foco
tradicional no local de produção e nos processos de fabricação,
de modo a incluir o impacto ambiental, social e econômico
de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. [...] Os
produtores podem ser responsabilizados por seus produtos
desde o berço até o túmulo e, portanto, devem desenvolver
produtos que melhorem o desempenho em todas as etapas do
ciclo de vida do produto. Os principais objetivos do pensamento
do ciclo de vida são reduzir o uso de recursos e as emissões
de um produto para o meio ambiente, além de melhorar seu
desempenho socioeconômico ao longo do seu ciclo de vida.
Isso pode facilitar os vínculos entre as dimensões econômica,
social e ambiental dentro de uma organização e em toda a sua
cadeia [...].

Essa abordagem de ciclo de vida vem adquirindo importância nos últimos


anos, tanto que o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT) elaborou e disponibilizou uma cartilha voltada a crianças e adolescentes,
apresentando o tema de uma forma lúdica e com aplicação em sala de aula,
visando ao conhecimento sobre a cadeia produtiva e origem de diferentes
materiais (IBICT, 2016).

Você pode acessar à cartilha no link: http://acv.ibict.br/


documentos/publicacoes/1173-o-pensamento-do-ciclo-de-vida-uma-
historia-de-descobertas-2/.

25
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Então, o conceito de perspectiva do ciclo de vida pretende justamente instigar


o questionamento sobre a origem dos produtos que consumimos. Ainda veremos
mais detalhadamente os princípios específicos associados à perspectiva do ciclo
de vida e sua avaliação no próximo capítulo.

Partindo dessa análise do contexto da cadeia produtiva, outro exemplo


de aplicação em sustentabilidade é a Economia Circular. Esse é um conceito
relativamente novo e tem sido apresentado de forma cada vez mais evidente, se
opondo ao padrão tradicional de produção e consumo linear (extração, produção
e descarte) por meio do uso “cíclico” de insumos e processos visando à redução
do uso de materiais virgens (CNI, 2017; ELLEN MACARTHUR FOUNDATION,
2013).

A lógica da economia circular é dividida entre dois ciclos:


Biológico e Técnico. No ciclo técnico “os produtos e seus
componentes podem ser reparados, reutilizados, remanufaturados e
reciclados de forma a aproveitar novamente suas funcionalidades”. No
ciclo biológico, “os produtos podem ser utilizados como combustível
para produção de biogás, como matéria-prima bioquímica, na
recuperação de nutrientes, na reutilização de recursos biológicos e
minimização de resíduos” (CNI, 2017, 2018, s.p.).

FIGURA 7 − CICLO BIOLÓGICO E TÉCNICO ASSOCIADO À ECONOMIA CIRCULAR

FONTE: CNI (2017)

26
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Assim, chegamos ao final desta nossa primeira seção, em que abordamos


o histórico do desenvolvimento sustentável e introduzimos como ele vem
sendo utilizado de maneira prática para atingir seus princípios definidos desde
as discussões iniciais. A seguir você encontrará duas atividades de estudos
relacionadas aos temas abordados até agora.

1 - Cite as conferências ambientais destacadas ao longo do texto e


quais os seus principais resultados.
R: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Como o termo desenvolvimento sustentável surgiu? Quais os


princípios associados a esse conceito?
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E OS
TIPOS DE PLANEJAMENTO
Estudamos na seção anterior alguns marcos das discussões ambientais
ao longo dos anos. Agora, veremos como o planejamento ambiental pode ser
estruturado, de forma a atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, e
como essa relação é importante para a execução de atividades visando à redução
dos impactos ambientais. Iniciaremos com a perspectiva histórica e analisaremos
como o planejamento é utilizado atualmente, passando pela conceituação do
tema e chegando aos detalhamentos sobre os tipos de planejamento.

27
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

3.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E


PERSPECTIVA HISTÓRICA
Antes de iniciarmos com a conceituação do tema, focaremos na perspectiva
histórica relacionada ao planejamento de maneira mais ampla, chegando ao que
conhecemos hoje como planejamento ambiental.

A evolução temporal do planejamento iniciou com aspirações econômicas e,


posteriormente, incorporou em suas análises as questões sociais e ambientais.
O planejamento não é uma ferramenta nova utilizada em nossa sociedade e sua
importância vem crescendo ao longo de muitos anos, seja por meio de ações
para a implantação de programas ou mais profundamente no ordenamento de
cidades. No Quadro 4 estão apresentadas as visões e as evoluções históricas do
planejamento.

QUADRO 4 − PERSPECTIVA HISTÓRICA DO PLANEJAMENTO

ÉPOCA HISTÓRICA PRINCIPAIS AÇÕES


Autoridades religiosas preocupadas com a organização das
Mesopotâmia (4000 a.C.)
cidades.

Impactos produzidos pelo homem nos centros urbanos


Grécia Antiga demonstrou preocupação nessa época. Aristóteles era um
desses e ficou conhecido como "grande teórico da cidade".

Escola francesa com o planejamento de recursos hídricos,


saneamento e proteção de mananciais, muito estimulada
Século XVIII
pelos novos caminhos traçados por alguns cientistas e suas
teorias (Ex. Darwin).

O planejamento sobre recursos hídricos embasou a tomada


Década de 1930
de decisão sobre critérios para uso desses recursos.

A ideia de planejamento de recursos hídricos baseado em


Décadas de 1930 e 1940
bacias hidrográficas começou a se desenvolver.
O planejamento econômico ganhou força, pois foi visto
como forma de impulsionar a economia.

Décadas de 1950 e 1960 Ainda nessa época, nos EUA, as discussões se aprofundaram
na necessidade de identificar os impactos ambientais asso-
ciados, pois não eram levados em consideração durante as
avaliações nessa época.

28
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Perspectiva ambiental integrando o homem e o meio am-


biente tomaram maiores proporções, bem como a preocu-
Décadas de 1970 e 1980 pação com o uso de recursos naturais e o impacto na quali-
dade de vida.

Surgimento da tendência dos planejamentos integrados.


Implantação de planejamentos regionais integrados por
Década de 1980
parte de equipes governamentais.

Implantação do conceito de desenvolvimento sustentável.


Desde a década de 1950, o conceito de gestão desses re-
Década de 1990
cursos naturais foi discutido em forma de mitigação desses
impactos, ou seja, após a sua ocorrência.

Definições mais recentes de planejamento incorporaram a


análise histórica da área em estudo, ou seja, vem sendo de-
Atualmente
stacada a importância do vínculo de atividades pretéritas das
áreas para se estabelecer estimativas para cenários futuros.

FONTE: Adaptado de Santos (2004) e Carvalho (2006)

Se observarmos a evolução histórica do desenvolvimento sustentável e


do planejamento ambiental, é possível destacar conexões entre alguns fatos
ocorridos nessas trajetórias.

No quadro anterior, a evolução histórica do planejamento passou a


incorporar em suas discussões novas temáticas ao longo do tempo, passando de
uma análise da perspectiva exclusivamente econômica para um enfoque voltado
às questões ambientais de forma mais abrangente, chegando ao que se discute
atualmente em torno do desenvolvimento sustentável (SILVA, 2003).

Assim como no histórico do planejamento, o desenvolvimento sustentável


também passou por uma evolução na análise e incorporação de conceitos. Por
conta de nossas atividades, os impactos sobre o meio ambiente se tornaram mais
evidentes e profundos. Com isso, as análises também precisaram se aprofundar,
levando em consideração o planejamento de ações para que as atividades e as
definições ocorridas com o passar dos anos pudessem ser colocadas em prática.

Como um exemplo dessa relação, podemos citar a Agenda 21 que, conforme


já vimos na seção anterior, foi implementada na conferência Rio 92 e apresenta
um conjunto de princípios e diretrizes globais para que fossem implementadas
em cada país, abrangendo todas as dimensões (social, ambiental e econômica),
visando à busca pelo desenvolvimento sustentável. Assim, pode-se relacionar a
implantação da Agenda 21 com: “[...] um programa para o planejamento estatal em
cascata atingindo todos os níveis com relação ao desenvolvimento e preservação
ambiental com o objetivo de melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade da

29
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

civilização como um todo” (FLORIANO, 2004, p. 39).

Além disso, podemos destacar uma importante ferramenta para aplicação


prática do planejamento e que ganhou importância com o passar dos anos,
que são as Normas de Gestão. Floriano (2004) destaca que o lançamento de
normas como a 9000 (Gestão da Qualidade) e a 14000 (Gestão Ambiental)
vieram para contribuir e corroborar com a preocupação quanto à execução de
um planejamento bem estruturado, definindo objetivos e ações de forma clara,
principalmente pelo fato de ambas as normas apresentarem um item específico
destinado ao planejamento.

Tratando especificamente da norma 14000, o item “planejamento” está


presente como um requisito desde a primeira versão da norma (1996) até a versão
mais recente (2015). Esse fato reforça a importância do tema, principalmente
para os setores interessados em aplicar um sistema de gestão ambiental em suas
atividades. Na próxima seção, veremos mais detalhadamente sobre o item de
planejamento da norma ISO 14001.

Nesta subseção, fizemos um apanhado histórico sobre os tipos de


planejamento e as aplicações atuais do planejamento ambiental. A seguir,
trataremos mais especificamente sobre a conceituação desses temas.

3.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL


Agora que você já compreendeu os aspectos históricos do planejamento
e do planejamento ambiental, detalharemos algumas informações sobre suas
características, definições técnicas e terminologias. Para isso, é fundamental
iniciarmos com uma definição de planejamento, numa perspectiva mais ampla,
que vai além das questões ambientais em avaliação conjunta de ações.

O planejamento vem sendo utilizado e definido por diversos autores da área,


fazendo com que as discussões em torno dessa questão sejam bastante amplas.
Faremos uma análise sobre alguns dos autores para que você compreenda o nível
de abrangência quanto à definição das formas de planejamento. Inicialmente,
podemos detalhar uma definição de planejamento proposta por Conyers e Hills
(1984, p. 3 apud SILVA, 2003, p. 5):

[...] um processo contínuo que envolve decisões ou escolhas,


sobre modos alternativos de usar os recursos disponíveis, com
o objetivo de alcançar metas específicas em algum momento
no futuro. A definição desses autores incorpora os principais
pontos incluídos em outras definições e expressa os mais
importantes passos de planejamento: tomada de decisão

30
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

(escolha) envolvendo as diversas maneiras alternativas, e


qual a melhor para se alcançar os mesmos objetivos; uso
ou alocação de recursos, que podem ser naturais, humanos,
financeiros ou de infraestrutura; caminhos alternativos para
alcançar as metas traçadas, envolvendo metas realísticas,
decisões políticas e participação popular [...]; planejando para
o futuro, que envolve prognóstico ou previsões aproximadas
do que pode acontecer e, mais especificamente, previsão dos
resultados das alternativas propostas, que determina qual
delas deverá ser adotada.

O conceito detalhado pelos autores é bastante importante para a compreensão


do sentido da ferramenta de planejamento. Por outro lado, uma conceituação
bastante realista, dada por Santos (2004, p. 24), cita que o planejamento “é um
processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas
das informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões
ou a escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos
recursos disponíveis”. Para lhe auxiliar ainda mais na compreensão do conceito
de planejamento, esse autor cita uma descrição bastante simplificada do conceito:
“[...] o meio sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja
chegar e qual o melhor caminho para chegar lá” (SANTOS, 2004, p. 23).

Quando pensamos em planejamento é sempre importante relacionar que,


se há a necessidade de se atingir qualquer objetivo, o meio de fazermos isso de
uma forma organizada é planejando as nossas ações. Então, uma das principais
finalidades de utilizarmos as ferramentas de planejamento é a possibilidade da
definição de ações de forma sistemática e organizadas para se atingir um objetivo.

Dessa forma, podemos destacar que o planejamento é considerado uma


ferramenta que integra diversos aspectos e áreas do conhecimento e que tem
por objetivo avaliar qual a capacidade do meio (local em que uma determinada
atividade está inserida) de suportar essas atividades e até mesmo suas
ampliações, ou seja, por meio de um uso sustentável (OREA, 1994 apud SILVA,
2003).

Os autores Paula, Silva e Gorayeb (2014) também destacam a importância


do planejamento das atividades que gerem pressão sobre o meio ambiente,
buscando intervenções sustentáveis dentro dos limites ambientais para que o uso
desses recursos seja realizado de forma a reduzir os seus impactos.

Então, nesse momento, começamos a traçar uma relação direta entre


as ferramentas de planejamento, o planejamento ambiental e qual será a sua
aplicação em nossas atividades futuras. Essas relações surgiram principalmente
da necessidade de equilibrar o desenvolvimento com as restrições ambientais
para garantir a renovação dos recursos naturais. Dessa forma, a ideia de

31
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

planejamento ambiental entra em cena, se tornando mais presente com o passar


dos anos e com o objetivo de minimizar os impactos negativos e potencializar os
impactos positivos das ações (SILVA, 2003).

Alguns autores traçam paralelos importantes quando se trata das funções


e definições do planejamento ambiental. Por exemplo, Santos (2004, p. 28)
descreve que as funções do planejamento ambiental se fundamentam:

[...] na interação e integração dos sistemas que compõem


o ambiente. Tem o papel de estabelecer as relações entre
os sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das
necessidades socioculturais e atividades de interesses
econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível
dos seus elementos componentes.

A descrição proposta ainda pode ser complementada quando se trata o


planejamento ambiental como um meio para auxiliar nas tomadas de decisões
relacionadas à gestão ambiental, por se tratar de um modelo sistêmico, ou
seja, que abrange diversas visões e suas interações (VAINER, 1995 apud
RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2017).

Então, de forma mais direcionada, o conceito de planejamento ambiental


pode ser descrito como:

Planejamento ambiental é um processo contínuo que envolve


coleta, organização e análise sistematizada das informações,
por meio de procedimentos e métodos, para se chegar a
decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para
o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de
suas potencialidades, e com a finalidade de atingir metas
específicas no futuro, tanto com relação a recursos naturais
quanto à sociedade (SILVA; SANTOS, 2004, p. 223).

Apesar das diversas definições existentes para o planejamento ambiental,


pode-se perceber que, de maneira geral, os autores apresentam em suas
análises a ação que se deseja realizar (desenvolver, ordenar), o elemento da
ação proposta (recursos naturais), os objetivos (conservar, proteger, preservar)
visando seu objetivo final (desenvolvimento sustentável) (CARVALHO, 2006).

Quando se trata de desenvolvimento sustentável, o planejamento ambiental


deve permitir que as questões ambientais, sociais, econômicas e culturais
da nossa sociedade interajam, incluindo os profissionais responsáveis pelo
desenvolvimento de planos, programas e projetos (CARVALHO, 2006).

Na prática, vale destacar que a aplicação do planejamento organizacional


em empresas também é multidisciplinar, podendo ser utilizado no detalhamento
de suas ações futuras e objetivos, também conhecido como planejamento

32
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

estratégico. O planejamento ambiental, alvo das nossas discussões nesse


momento, tem aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento, e possui
instrumentos importantes para sua execução, por exemplo: licenciamentos
ambientais; elaboração e execução de estudos ambientais para fins de
licenciamento; criação de unidades de conservação; estudos para melhoria de
processos produtivos e redução de impactos ambientais; zoneamento ambiental;
sistema de gestão ambiental (14001); desenvolvimento de políticas públicas para
defesa do meio ambiente; uso e ocupação do solo; plano de manejo etc.

Antes de nos aprofundarmos nos detalhes do planejamento, é importante


detalharmos os conceitos de Diretrizes, Planos, Programas e Projetos. Esses
itens estão associados à estrutura do planejamento que passaremos a utilizar em
nossas análises.

• Diretrizes: são os conjuntos de instruções gerais que


pautam o estabelecimento dos planos e que posteriormente
embasarão os programas e, consequentemente, os projetos
(SANTOS, 2004).
• Planos: é o documento escrito, resultante de um
planejamento, delineando seus rumos, estratégias e diretrizes.
No plano deve estar estruturado os referenciais que pautarão a
elaboração dos programas e projetos. Além disso, são definidas as
prioridades, os objetivos, as metas e a abrangência do plano. Por
exemplo: Planos municipais de Desenvolvimento Rural (PMDR)
(FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018).
• Programas: as prioridades detalhadas no plano serão
utilizadas como objetivos dos programas. Pode também ser
detalhado como um grupo de projetos que possuem um mesmo
nível de detalhamento, ou em níveis hierárquicos encadeados.
Por exemplo: Programa Microbacias (FLORIANO, 2004; NETO;
GEHLEN; OLIVEIRA, 2018).
• Projetos: o projeto é a parte individual do planejamento
e que possui objetivos, cronograma e orçamento próprios para
sua execução (FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA,
2018). O projeto destaca “o momento mais operativo do processo
de planejamento, uma vez que é através dele que se penetra na
realidade para executar ações que sejam eficientes na transformação
dessa realidade” (NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018, p. 23).

33
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Então, conforme já comentamos anteriormente, a abordagem integrada ou


multidisciplinar para a tomada de decisões é importante. Para isso, fazer uso de
informações sistemáticas de dados sociais, econômicos e ambientais permite a
análise das interações entre esses dados (SILVA, 2003).

Vimos anteriormente alguns exemplos de áreas em que o planejamento


ambiental pode ser utilizado. A seguir, veremos alguns exemplos de como o
planejamento ambiental pode se relacionar com outras áreas do conhecimento,
abordando questões importantes do nosso cotidiano, como o crescimento
populacional (exemplificado na Figura 8). Analisaremos alguns itens relacionados
ao crescimento populacional e como a análise conjunta é importante para
obtermos uma visão ampla dos fatos.

FIGURA 8 − USO DO SOLO E ÁREA URBANA EM JOÃO PESSOA


(PB) NOS ANOS DE 1991 (A), 2006 (B) E 2010 (C)

FONTE: Souza, Silva e Silva (2016)

Sabemos que, com o passar dos anos, apesar do desenvolvimento da nossa


sociedade, o crescimento e a expansão das cidades sem a devida organização
vêm acarretando problemas (ambientais, sociais e econômicos) em diversos
níveis (BRAGA et al., 2005). Um exemplo desses problemas associados à
expansão populacional é a estrutura de saneamento (tratamento de esgoto,
água potável, limpeza pública etc.) que é necessária para a manutenção dessas
populações locais e que também deve acompanhar o desenvolvimento nos
espaços já utilizados e em processo de expansão.

Além disso, a expansão e a concentração da população ao longo dos


últimos anos têm trazido à tona algumas discussões sobre a forma como estamos
utilizando esses espaços, os recursos naturais disponíveis e de que forma os
problemas associados a isso podem ser prevenidos ou mitigados no processo
de uso e ocupação do solo. Dessa forma, o planejamento poderá, no sentido

34
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

mais amplo, auxiliar em muitos aspectos, como ordenamento e execução dessas


atividades.

Quando tratamos sobre as formas de uso e ocupação do solo, vários


instrumentos podem ser aplicáveis. Dentre eles o planejamento de recursos
hídricos que é fundamental para a gestão das águas em uma bacia hidrográfica,
disciplinando o acesso ao uso da água na bacia. Essa gestão hídrica deve ser
considerada de forma ampla, ou seja, compatibilizando os processos naturais, as
questões sociais e econômicas, garantindo assim a disponibilidade de recursos
hídricos (LEAL, 2012).

Como você pôde perceber, detalhamos anteriormente alguns exemplos de


como uma questão específica, nesse caso a populacional (pressão demográfica),
pode nos apresentar uma análise mais ampla com relação aos impactos
ambientais. Perceba que evidenciamos desde a questão do saneamento e uso do
solo até o gerenciamento de recursos hídricos na bacia hidrográfica.

Assim, quando tratamos do planejamento ambiental, as análises devem ser


construídas sob várias perspectivas, visando ao embasamento de forma que
todas as previsões de investimentos sejam realizadas com base em avaliações
de equipes multidisciplinares.

Sobre isso, Silva (2003, p. 1) detalha que o planejamento requer estudos


multidisciplinares para identificar os impactos existentes. Além disso, a autora cita
que a mitigação desses impactos deve ocorrer evidenciando uma necessidade de
realização de “abordagens integradas sobre o meio ambiente e ações conjuntas
envolvendo diferentes áreas do conhecimento para um melhor entendimento e
conservação da natureza”, levando em consideração a relação entre todos os
seus aspectos (físicos, bióticos e socioeconômicos).

A avaliação multidisciplinar é um ponto importante e inerente ao processo


de planejamento. Sendo que a forma como essas informações serão tratadas
estarão embasadas em diagnósticos prévios, auxiliando no processo de tomada
de decisão, levando em consideração os recursos disponíveis.

Nesse momento você já possui um arcabouço teórico para compreender


a importância do planejamento e de que forma ele pode abranger as diversas
atividades que exercemos, bem como sua contextualização e importância ao
longo da história. Agora, iniciaremos com algumas informações técnicas sobre
a contextualização do planejamento ambiental e sua aplicabilidade em nossas
atividades, quais suas características e os tipos de planejamento existentes.

35
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

3.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E


OS TIPOS DE PLANEJAMENTOS
Ao chegar até aqui, já compreendemos as conceituações em torno do
planejamento. Nesse momento, adentraremos de forma mais aprofundada nos
tipos de planejamento e de que forma podem ser aplicáveis em nossas atividades.
O planejamento é estabelecido por meio de classes ou tipos de planejamento que
permitem caracterizá-lo conforme sua aplicação.

Por isso, é importante destacar uma relação direta entre o planejamento


tradicional e o planejamento ambiental. No tradicional, as análises são realizadas
com base nas comunidades, no uso do solo, na economia, na infraestrutura
existente, considerando um processo de definição e readequação de metas, na
elaboração de planos e regulamentos. No planejamento ambiental, o enfoque é
dado ao ambiente em que essas pessoas vivem e quais os efeitos das atividades
exercidas por elas nesses locais (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO, 2006).

Carvalho (2006) ainda destaca que a integração entre esses tipos de


planejamento (tradicional e ambiental) pode fornecer ganhos positivos para as
análises, pois o modelo tradicional fornece o embasamento para sistematizar os
procedimentos a serem utilizados e o ambiental faz a avaliação sistêmica sobre
do planejamento.

Essa integração deve conter alguns elementos que permitam caracterizá-la,


como:

[...] ser interdisciplinar; utilizar uma abordagem sistêmica


para descrever a estrutura, o processo e a dinâmica do
ambiente; utilizar múltiplas teorias e métodos; ser participativa;
ser dinâmica; definir-se e orientar-se pelas metas; facilitar
a disseminação e o uso da informação; trabalhar sob a
perspectiva de longo prazo; utilizar o monitoramento para
avaliação constante (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO,
2006, p. 13-14).

O planejamento pode ser divido de acordo com características e dimensões.


As características do planejamento são importantes e devem ser definidas de
forma que os objetivos sejam atingidos ao seu final ou avaliados continuamente.

De acordo com Floriano (2004), essas características do planejamento são


definidas por: complexidade (nível de detalhamento); qualidade (qualidade do
propósito do planejamento); quantidade (refere-se aos recursos e processos

36
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

para realizar o planejamento), que deve ser priorizada; assunto (ou objeto),
que descrevem o propósito do planejamento e orienta a sua temática central
(por exemplo: Bacia Hidrográfica, Unidade de Conservação, Educação Ambiental
etc.); unidade organizacional, em que se aplicará o planejamento (por exemplo:
corporativa − toda a instituição; operação − envolve a produção de um produto ou
serviço; projeto − execução de um projeto específico com cronograma, orçamento
e equipe própria etc.).

O direcionamento das ações do planejamento deve ser orientado visando ao


alcance dos objetivos propostos, e relacionadas por meio de nove itens a serem
observados (FLORIANO, 2004, p. 8):

• Propósitos − o que fazer.


• Objetivos − por que fazer.
• Prazos − em quanto tempo.
• Políticas − que regras seguir.
• Critérios − como julgar.
• Procedimentos − como fazer, que passos seguir (plano de
ação).
• Recursos (tecnológicas e financeiros) − o que utilizar.
• Monitoramento − o que medir.
• Controle − como analisar e revisar o que se fez.

A norma ABNT NBR ISO 14001:2015, que é voltada à estruturação de um


Sistema de Gestão Ambiental (SGA), possui um requisito específico que trata do
tema planejamento. Essa é uma oportunidade de verificarmos a aplicação prática
de alguns termos associados ao planejamento ambiental. No Quadro 5 estão
destacadas as informações referentes ao Item 6 dessa norma.

QUADRO 5 − DESCRIÇÃO DO ITEM 6 PLANEJAMENTO


DA NORMA ABNT NBR ISO 14001:2015.

ITEM REQUISITO DESCRIÇÃO


Ações para riscos e opor- Esse requisito tem o objetivo de assegurar que a organização
6.1 seja capaz de alcançar os resultados pretendidos do seu
tunidades
SGA, prevenindo ou reduzindo efeitos indesejados, buscan-
do a melhoria contínua. A organização deve considerar os
seus riscos e oportunidades (servem de base para o planeja-
6.1.1 Generalidades mento das ações) que precisam ser abordadas e planejando
ações para abordá-los (ex.: escassez de água durante perío-
dos de seca podendo afetar a operação).
Determinar seus aspectos e impactos associados a ativi-
dades. Os aspectos ambientais são elementos de atividades
que interagem com o meio ambiente. Para determinar os
aspectos ambientais, a organização pode considerar, por
6.1.2 Aspectos Ambientais
exemplo, emissões para o ar, lançamento para a água etc.
As alterações para o meio ambiente, adversas ou benéficas,
que resultam dos aspectos ambientais, são chamados de
impactos ambientais.

37
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A organização determina os requisitos legais e outros requi-


Requisitos legais e outros sitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais e que devem
6.1.3
requisitos ser cumpridos (leis, regulamentos, licenças, sentenças de
tribunais etc.).
A organização planeja as ações que têm de ser tomadas
dentro do sistema de gestão ambiental para abordar seus
aspectos ambientais, seus requisitos legais, riscos e opor-
6.1.4 Planejamento de ações
tunidades para atingir aos resultados do seu SGA, podendo
fazer isso por meio de estabelecimento de objetivos ambi-
entais.
A alta direção pode estabelecer objetivos ambientais ao
nível estratégico (níveis mais altos da empresa), tático e
Objetivos ambientais e
operacional (objetivos ambientais para unidades ou funções
6.2 planejamento para alca-
específicas dentro da organização). Nesse item, indicadores
nçá-los
são selecionados para avaliar o alcance de objetivos ambi-
entais mensuráveis.
FONTE: Adaptado de ABNT (2015)

Avaliando o quadro, é possível detalhar alguns dos requisitos já abordados


em seções anteriores do nosso material e destacados entre os nove itens
descritos.

Os requisitos em destaque no quadro demonstram informações importantes


a serem observadas, como a necessidade de uma definição dos objetivos, a
estruturação de um planejamento baseado em informações prévias (identificação
de impactos ambientais e suas consequências) e a estruturação do planejamento
para acompanhar essas informações.

É importante observar a relação entre o acompanhamento de informações


dentro de um planejamento e o item de melhoria contínua existente em um SGA.
O monitoramento (medições) e controle (analisar e revisar a informação medida)
de informações buscando a melhoria contínua é baseado no conceito do ciclo
PDCA (Plan - Do - Check - Act) e melhor detalhado a seguir (ABNT, 2015, p. 9):

• Plan (planejar): estabelecer os objetos ambientais e os


processos necessários para entregar resultados de acordo
com a política ambiental da organização.
• Do (fazer): implementar os processos conforme planejado.
• Check (checar): monitorar e medir os processos com relação
à política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos
ambientais e critérios operacionais, e reportar os resultados.
• Act (agir): tomar ações para melhoria contínua.

No próximo capítulo, quando tratarmos novamente sobre a norma 14001,


abordaremos os impactos ambientais e os indicadores ambientais. Agora que
visualizamos uma das aplicações práticas do planejamento (norma 14001),
retomaremos o assunto sobre os tipos de planejamento.

38
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Os planejamentos podem ser divididos de acordo com seus objetivos e níveis


de atuação. A seguir estão descritos cinco tipos de planejamentos de acordo com
subdivisões e requisitos específicos, propostos por Floriano (2004): objeto do
planejamento; nível de detalhamento; prazos; territórios; critérios.

• Objeto do planejamento (organizações; projetos; operações;


comissões): quando se trata de uma organização, o objeto do
planejamento geralmente ocorre em níveis, sendo tratado inicialmente
pelo nível estratégico, definindo a política e a missão organizacional
de acordo com as atividades realizadas. Posteriormente, é realizado
seu planejamento tático e operacional. Quando se trata de projeto,
normalmente está associado ao nível tático-operacional, abordando
detalhes relacionados aos processos, recursos e técnicas, mas sempre
alinhado ao planejamento institucional. O projeto também pode ser
realizado de forma isolada, resultando na entrega de um documento
único ao final. A operação é uma sequência de ações para a produção
de um bem ou serviço e seu planejamento está no máximo nível de
detalhamento quanto a recursos e processos, sendo relacionado,
principalmente, à área técnica. Uma comissão descreve uma equipe,
grupo técnico ou comissão especial, formados com um determinado
propósito e objetivo, é objeto de planejamento em qualquer nível, assim
como os diversos níveis de uma organização (FLORIANO, 2004).
• Nível de detalhamento (estratégico; tático; operacional): a junção
entre os planos estratégico, tático e operacional formam o programa
organizacional (FLORIANO, 2004). Quando se trata de nível estratégico
busca-se atingir os macros objetivos da organização, em que as
decisões são de longo prazo e decididas pelos níveis mais altos da
empresa. No nível tático, as ações são de médio prazo e devem estar
coordenadas com as ações estratégicas da empresa. Nesse nível,
ocorrem as definições de estratégias, planos e projetos que serão
executadas pelo nível operacional. O nível operacional da organização
demonstra projetos com prazos mais curtos. As decisões são técnicas e
relacionadas ao controle operacional das atividades (BARRETO, 2017).
• Prazos (curto; médio; longo): os planejamentos de curto prazo
normalmente estão relacionados à área operacional (1-2 anos).
Planejamentos táticos normalmente são de média duração (2-5 anos).
Planejamentos estratégicos são de longo prazo e envolvem diversos
programas (FLORIANO, 2004).
• Território (global; continental; nacional; estadual; municipal;
urbano; rural): o planejamento territorial pode abranger diversas
escalas e quanto maior a sua escala o tempo também pode ser mais
maior. Por exemplo, “os planos envolvendo todo o território de um país
ou de grandes regiões nos casos de países extensos, como o Brasil,

39
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

quase sempre são estratégicos, deixando-se as táticas para os estados


e municípios” (FLORIANO, 2004, p. 14).
• Critérios (monocritério; multicritério): os critérios são os limites
(qualitativos ou quantitativos) que permitem analisar as características
e objetivos para a realização de ações. Apesar de não serem muito
frequentes, quando tratamos de planejamentos monocritérios, esses
estão principalmente relacionados ao nível de planejamento operacional
quando visam ao cumprimento de uma diretriz, por exemplo. O
planejamento multicritério associa a execução simultânea de mais de
uma alternativa para se cumprir um objetivo determinado. Quando existe
mais de uma alternativa para atingir um objetivo, são estabelecidas
prioridades por meio de critérios para se definir as melhores alternativas
(FLORIANO, 2004).

Nesse momento, chegamos ao final desta seção e passamos pelas


informações iniciais do planejamento, envolvendo a sua caracterização histórica e
sua evolução ao longo dos anos, tipos de planejamento (tradicional e ambiental)
suas definições e relações. Agora, você já possui as informações iniciais sobre o
planejamento e em nossa próxima seção passaremos a analisar as estruturas do
planejamento ambiental.

1 - Descreva, de acordo com as informações apresentadas, o


conceito de planejamento ambiental.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Planos, programas e projetos são atividades resultantes de


um planejamento e importantes de serem compreendidas.
Descreva o conceito de cada um desses itens.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

40
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

4 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E
SUAS ESTRUTURAS
Nesta seção, iniciaremos a abordagem quanto à estruturação do
planejamento ambiental, detalhando as suas fases, as etapas associadas e
os instrumentos utilizados para a realização dos planejamentos ambientais.
A primeira abordagem tratará sobre as fases do planejamento, suas estruturas
e instrumentos, descrevendo a organização e a aplicação na realização de
atividades técnicas.

4.1 FASES E ESTRUTURAS DO


PLANEJAMENTO AMBIENTAL
É importante que você tenha em mente que na definição e organização de
qualquer atividade o planejamento é fundamental. Para isso, as ações iniciais são
a organização, a definição das etapas a serem seguidas e a identificação das
fases.

Retomando e resumindo um conceito que vimos anteriormente, o


planejamento busca auxiliar nas definições de ações futuras com base
em informações coletadas, organizadas e analisadas sistematicamente
de acordo com os cenários e recursos disponíveis. Contudo, para isso, é
importante que você observe algumas fases que auxiliam na execução dos
planejamentos, observando principalmente o tempo, o espaço e os objetivos a
serem atingidos. O planejamento institucional pode ser inicialmente dividido em
algumas fases, conforme descrito na Figura 9 (SANTOS, 2004).

Nessas fases, é importante observar que ocorre um processo de alimentação


da informação, ou seja, um processo gera informação para o processo seguinte.
Por exemplo, de acordo com o objetivo a ser alcançado, o diagnóstico da situação
será elaborado e embasará a definição das prioridades para que posteriormente
os recursos possam ser alocados de acordo com as alternativas existentes.
Isso pautará a análise de riscos e a previsão das ações, retornando o ciclo de
verificação dos objetivos iniciais.

41
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 9 − FASES DO PLANEJAMENTO

FONTE: Santos (2004)

É importante destacar que os conceitos descritos em cada uma das fases do


planejamento também podem ser associados ao ciclo PDCA (Planejar, executar,
avaliar e corrigir) que vimos na seção anterior.

Assim como nas fases do planejamento descritas, no ciclo PDCA ocorre


uma fase inicial de planejamento das ações, em seguida ocorre a execução das
atividades e sua efetividade é avaliada, permitindo, assim, possíveis correções no
processo, gerando um ciclo de melhoria contínua.

Na prática, as fases descritas estão otimizadas e, dependendo da aplicação


pretendida do planejamento, podem ser ampliadas em diversas escalas, incluindo,
ainda, as questões metodológicas em cada fase. Essas questões são importantes
quando tratamos de planejamento ambiental, pois a descrição da metodologia
e procedimentos utilizados dirão como as análises multidisciplinares serão
realizadas.

As definições das fases do planejamento ambiental são abordadas por


diversos autores que descrevem sobre suas etapas e, de fato, essas diferenças
ocorrem muito por conta da necessidade de atender a diferentes critérios conforme
os objetivos definidos.

Nesse momento, iniciaremos com uma breve discussão sobre a aplicação de


metodologias, sendo que esse item será aprofundado no próximo capítulo. Dessa
forma, algumas fases do planejamento ambiental são importantes para que você
compreenda a execução de ações e objetivos pretendidos.

42
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Ao tratarmos do planejamento ambiental e focar na abordagem de um


determinado problema ou uma meta que se pretende atingir, algumas etapas são
importantes de serem analisadas, seguindo alguns critérios na busca pela solução
do problema. Dentre esses critérios, a identificação das informações, a análise da
situação, a análise de problemas, a análise da decisão, a análise de problemas
potenciais e a elaboração do plano podem ser destacadas como algumas das
fases a serem abordadas durante o planejamento. Conforme descreve Floriano
(2004):

• Identificação e levantamento de informações: o tema central de um


planejamento é o seu propósito maior, é o objeto do planejamento ou
assunto principal. Por exemplo, os resíduos gerados em processo de
fabricação, em que o objetivo pode ser a redução dos resíduos gerados
e do seu planejamento, resultará em um plano de redução de resíduos
no processo de fabricação. Há a possibilidade da elaboração de planos
paralelos caso objetivos distintos sejam analisados.
• Análise de situação: para o reconhecimento da situação, inicialmente,
deve-se definir os objetivos de acordo com o assunto abordado para o
planejamento e quais desses objetivos serão prioritários. Um exemplo
de metodologia para a definição de impactos prioritários é o método 5i,
em que ocorre a soma da pontuação de cada requisito − cada i −, que
resultará no índice para comparação. 1. Importância: descreve qual o
valor relativo de um fato com relação ao valor global do todo. É o risco
de dano estimado com base no que já ocorreu. 2. Iminência: descreve a
situação temporal de um fato em si, ou seja, se o fato já ocorreu, se está
ocorrendo, se vai ocorrer ou se poderá ocorrer. 3. Intensidade: grau com
que determinado fato ocorre em relação ao seu padrão. A intensidade
é calculada pelo grau de agressão próprio de uma substância, energia,
fenômeno etc. em relação aos níveis normais. 4. Incidência: número de
vezes com que um fato ocorre por unidade de tempo (frequência). 5.
Inclinação: é o risco de dano futuro caso nada seja feito (se manter no
mesmo, melhorar ou piorar com o passar do tempo). Outro exemplo é a
metodologia da matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência).
• Análise de problemas: problemas ambientais são os impactos
negativos que as atividades antrópicas causam ao ambiente. Os fatores
de impacto (rejeitos ou modificações) são classificados quanto ao meio
físico impactado, ou quanto aos efeitos causados no ambiente.

43
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

• Análise de decisão: decidir qual a melhor ação a ser tomada para


resolver o problema é a fase de análise de decisão. Para isso deve-
se: estabelecer diretrizes para decisão; encontrar e listar alternativas
de decisão; determinar pesos e limites das diretrizes; comparar as
alternativas frente às diretrizes; avaliar os riscos das alternativas
escolhidas; determinar medidas para minimizar ou compensar os riscos.
• Análise de problemas potenciais: a previsão de possíveis problemas
implica em formação ou determinação de padrões. Toda a possibilidade
de ocorrência de desvio do padrão estabelecido ou desejado é um
problema potencial a ser considerado na análise. Passa pela identificação
do processo; identificação dos problemas potenciais; avaliar os riscos
dos problemas potenciais; identificar causa dos problemas potenciais e
determinar medidas mitigadoras, protetoras e preventivas.

A fase de levantamento das informações e realização de diagnósticos tem


importância fundamental na avaliação das potencialidades e fragilidades da área
de estudo, bem como seu histórico de uso e ocupação. A fase de definição dos
cenários também é importante, pois define as possíveis soluções alternativas,
voltadas para a resolução dos problemas identificados na definição dos objetivos.
Por fim, a avaliação, seleção e escolha das melhores alternativas compatíveis a
serem implementadas complementam essas fases (SANTOS, 2004).

Santos (2004) ainda amplia a análise quanto ao estabelecimento de fases


para o planejamento ambiental e descreve de forma prática, analisando a sua
estrutura geral e metodológica. É importante ter a compreensão do panorama
geral dessas fases de um planejamento ambiental, considerando também os
procedimentos que podem ser adotados em cada uma dessas fases (Figura 10).

44
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

FIGURA 10 − FASES DO PLANEJAMENTO AMBIENTAL


E OS PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS

FONTE: Santos (2004)

45
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Você pode perceber que as fases do planejamento ambiental descritas


possuem interação entre si. Por exemplo, a participação social nas fases
iniciais (definição dos objetivos) é fundamental para a definição das metas do
planejamento, pois orientará as ações das fases seguintes, direcionando a
elaboração dos possíveis planos, programas e projeto. Nas fases finais (diretrizes),
a participação social atuará na verificação do cumprimento dos objetivos, sendo
revisados e alterados se necessário.

Após a fase de diretrizes, ocorre a elaboração dos Planos, Programas


e Projetos. Para isso, é importante revisitarmos o conceito de plano, tratado
anteriormente, que é o documento resultante do planejamento e que dará
direcionamento para a elaboração de programas e projetos.

O plano poderá apresentar diferentes estruturas para sua elaboração,


de acordo com a literatura. De qualquer forma, a seguir está apresentada uma
estrutura de plano baseado em informações do planejamento (FLORIANO, 2004,
p. 31):

• Propósito: o objeto do planejamento (tema ou assunto central).


• Revisão de literatura (informações).
• Visão sobre o tema (prognose).
• Objetivos.
• Missão.
• Políticas.
• Classe do planejamento.
° Unidade organizacional envolvida.
° Nível de detalhamento do planejamento.
° Prazo de duração.
° Território de abrangência e áreas de influência na biosfera.
• Problemas ocorridos, existentes e potenciais sobre o assunto.
• Alternativas.
• Diretrizes (obrigatórias e desejáveis).
• Metas.
• Ações necessárias para atingir os objetivos e metas dentro
dos critérios e prioridades estabelecidos (tomada de decisão).
• Alvos a atingir.
• Plano de ações para atingir alvos/metas.
• Sistema de monitoramento.
• Sistema de controle.

Um exemplo da aplicação de um plano e/ou programa de implantação


de projetos ambientais são o das Usinas Hidrelétricas. Por se tratar de uma
construção ampla, os impactos ambientais são inevitáveis. Para isso, uma
das formas de prevenção e mitigação desses impactos é por meio de estudos
ambientais, realizados antes, durante e após a implantação do empreendimento.

Baseado nos estudos iniciais, a elaboração de medidas de controle


desses impactos se dá por meio da execução de planos, programas e projetos

46
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

específicos. A seguir está descrito um exemplo do escopo de um Plano de Gestão


de Recursos Hídricos, o qual pode se dividir em programas e projetos (Figura 11).

FIGURA 11 − ESTRUTURA DE UM PLANO DE MONITORAMENTO

FONTE: Os autores

Quando começamos a relacionar o planejamento ambiental com as ações


de prevenção e mitigação de impactos ambientais, por exemplo, começamos a
abordar os instrumentos de planejamento ambiental. Esses instrumentos foram
citados anteriormente como exemplos de aplicação do planejamento ambiental e
serão detalhados a seguir.

4.2 INSTRUMENTOS DO
PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Os instrumentos utilizados no planejamento ambiental podem ser variados,
e a escolha desses instrumentos será baseada nos objetivos e tema central do
planejamento. Quando é realizado um estudo de impacto ambiental, um plano
de manejo de Unidade de Conservação (UC), são elaborados planos diretores
ambientais, priorizando o uso de alguns instrumentos que podem ser utilizados no
planejamento ambiental. Isso se deve ao fato dessas ferramentas atuarem sobre
o alcance de um determinado objetivo ou meta definida no planejamento, levando
em consideração as fases do planejamento ambiental (SANTOS, 2004).

47
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A escolha do instrumento de planejamento ambiental deve levar em


consideração a ação que se pretende desempenhar. Ou seja, independente do
instrumento escolhido, se ambiental, o planejamento deve promover e garantir a
proteção dos sistemas naturais (CARVALHO, 2006). No planejamento ambiental,
é importante observar as seguintes informações: “a identificação de objetivos
abrangentes e concretos, do instrumento correto, das variáveis que representam
mais fielmente as principais relações existentes e dos problemas fundamentais
no cenário real e futuro do espaço planejado” (SANTOS, 2004, p. 38).

A seguir detalharemos alguns exemplos de aplicação dos instrumentos de


planejamento ambiental:

• Estudos de impacto ambiental: esses estudos são realizados a partir


de objetivos preestabelecidos para uma determinada área, avaliando
de forma sistemática os impactos ambientais e suas interações, as
consequências das ações propostas, além de descrever possíveis
cenários, preconizando a participação pública nos processos de
decisões (SANTOS, 2004). Os estudos ambientais são instrumentos
legais, utilizados para avaliar e mitigar os impactos ambientais de forma
que estejam em acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos
reguladores e fiscalizadores.
• Zoneamento ambiental municipal: esse zoneamento integra o
processo de planejamento permanente dos municípios e se tornou
fundamental para caracterização e delimitação geográfica, fornecendo
suporte técnico no estabelecimento de regimes de uso e proteção da
propriedade. É um instrumento de suporte ao planejamento e gestão
municipal (MMA, 2018). Tratando das questões ambientais, o ZAM:

[...] deve considerar a importância ecológica, as limitações e


as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações,
restrições e alternativas de exploração do território,
buscando orientar a implementação e avaliação de diretrizes
programáticas por meio de planos de ação de curto, médio e
longo prazos para cada unidade territorial a ser considerada
(perímetro urbano e zona rural) e estabelecendo, inclusive,
ações voltadas à mitigação ou à remediação de impactos
ambientais existentes (MMA, 2018, p. 16).

48
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Você pode buscar maiores informações sobre o ZAM no


seguinte endereço eletrônico: https://www.mma.gov.br/images/
arquivo/80261/Publicacao_-_O_Meio_Ambiente_contribuindo_
para_o_Planejamento_Urbano_Digital_1.pdf.

• Plano de manejo de unidades de conservação: o plano de manejo


é um instrumento que disciplina as diretrizes e os usos dos recursos
ambientais em unidades de conservação. Inserido no plano de manejo
está o zoneamento ambiental, que divide o território de acordo com os
usos possíveis (MAZZINI, 2006 apud BELÉM; CARVALHO, 2013). Um
exemplo de zoneamento ambiental de uma unidade de conservação está
apresentado na Figura 12.

FIGURA 12 − ZONEAMENTO AMBIENTAL

FONTE: CPRM (1997)

49
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Para mais informações sobre o Zoneamento Ambiental da APA


Carste de Lagoa Santa, acesse: http://www.cprm.gov.br/publique/
media/gestao_territorial/apacarste/Zoneamento%20Ambiental%20
Apa%20Carste%20Lagoa%20Santa.pdf.

• Cadastro Ambiental Rural (CAR): foi estabelecido pela Lei nº 12.651,


de 25 de maio de 2012, e por meio do registro eletrônico obrigatório
de todos os imóveis rurais, possibilitando “integrar as informações
ambientais das propriedades rurais, compondo base de dados para
controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e
combate ao desmatamento”. O cadastro é realizado por meio da
elaboração de uma planta com a indicação das coordenadas geográficas
das áreas de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente
(APP), Reserva Legal, entre outras (BRASIL, 2012b).

Você pode conhecer mais sobre o CAR acessando ao site:


http://www.car.gov.br.

4.3 ÁREA E ESCALA DO


PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Quando tratamos de planejamento ambiental, a área geográfica ou a unidade
espacial que será definida como base para a atuação deve compreender todas
as informações regionais daquele espaço de forma metódica, observando
todas as interações possíveis e considerando as análises multidisciplinares dos
profissionais envolvidos. A definição dessa área não é tarefa fácil, pois abrangerá
os limites de ocorrência dos impactos ou pressões ocorridas (SANTOS, 2004).
No próximo capítulo, veremos como exemplo de forma mais detalhada como são
definidas as áreas para a realização de estudos de impacto ambiental.

50
Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

Carvalho (2006) ainda destaca que a definição da área de trabalho deve ser
realizada com base na avaliação das interações locais e qual a sua influência
regional. Nesse sentido, ainda, as escalas de trabalho devem ser compatíveis
com as dimensões tomadas para a área em estudo.

A escala temporal em um planejamento leva em consideração o tempo


de ocorrência de um fenômeno e qual será o tempo de resposta do ambiente.
Não existe uma escala predefinida quando se avalia determinadas populações,
ecossistemas ou paisagens, pois são fenômenos dinâmicos. Dessa forma, escala
temporal pode ser compreendida como a construção de cenários em que se leva
em consideração como a área era, qual a situação atual e como essa área será
(SANTOS, 2004).

Dessa forma, finalizamos a nossa seção e nosso capítulo passando por


todas as informações gerias que envolvem o planejamento ambiental e como os
instrumentos do planejamento ambiental são aplicáveis. Passaremos a detalhar
os processos de impacto ambiental no próximo capítulo, dando continuidade ao
processo de análise.

1 - Descreva as fases do planejamento ambiental proposta por


Santos (2004) e seus principais procedimentos.
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Descreva quais os principais objetivos dos instrumentos do


planejamento ambiental e cite alguns exemplos.
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

51
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Dessa forma, chegamos ao final do nosso primeiro capítulo em que
abordamos o desenvolvimento sustentável e o planejamento ambiental. Vale
ressaltar que tivemos neste capítulo uma perspectiva de análise do macro para o
micro. Iniciamos no desenvolvimento sustentável, sua contextualização histórica
e os conceitos envolvidos, chegando aos dias atuais, com algumas metodologias
e ações tomadas para frear e/ou diminuir os impactos ambientais e suas
consequências.

Além disso, iniciamos o foco em nossa abordagem do planejamento, como é


estruturado, suas características e sua evolução histórica até chegarmos à relação
da área ambiental com o planejamento. Quanto ao planejamento ambiental
propriamente dito, apresentamos as suas características, avaliação sobre a
conceituação do tema, os tipos de planejamento existentes, suas estruturas e
fases do processo.

Assim, passaremos ao nosso próximo capítulo abordando as questões


ambientais de uma forma mais focada na execução, incluindo os diagnósticos
ambientais, indicadores ambientais e impactos.

Esperamos que você tenha aproveitado os conteúdos apresentados e que


você sempre procure aprofundar as suas análises e discussões com base em
outros materiais, artigos e livros.

REFERÊNCIAS
ABNT. Sistemas de gestão ambiental: requisitos com orientações para uso -
NBR ISO 14001. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. Responsabilidade e Sensibilidade Social. In:


SILVA NETO, B. R. (Org.). Comunicação Corporativa e Reputação. São Paulo:
Editora Saraiva, 2009. p. 119-145.

BARRETO, J. M. Introdução à administração. Salvador: UFBA, 2017.

BELÉM, R. A.; CARVALHO, V. L. M. Zoneamento ambiental em uma unidade


conservação do bioma Caatinga: um estudo de caso no Parque Estadual Mata
Seca, Manga, norte de Minas Gerais. Revista de Geografia (UFPE), v. 30, n. 3,
p. 44-57, 2013.

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Capítulo 1 Desenvolvimento Sustentável,
Planejamento Ambiental e suas Estruturas

BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o desafio do


desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

BRASIL. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma),


desenvolvimento sustentável e medidas econômicas verdes no Brasil. Revista
de audiências públicas do senado federal - em discussão, v. 11, 2012a.

BRASIL. Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da


vegetação nativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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BRASIL. Declaração do Rio de Janeiro. Estud. av., v. 6, n. 15, p. 153-159, 1992.

BRITEZ, R. M. et al. Estoque e incremento de carbono em florestas e


povoamentos de espécies arbóreas com ênfase na floresta atlântica do sul
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BRUNDTLAND, G. H. et al. Our common future - WCDE. Oxford: Oxford


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CARVALHO, M. C. de S. O uso do planejamento ambiental como estratégia


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56
C APÍTULO 2
Impactos Ambientais e Indicadores

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Conhecer os critérios gerais da legislação ambiental e estudos ambientais.

• Analisar padrões ambientais para prevenção e controle de impactos ambientais.

• Conhecer as metodologias de avaliação de impacto ambiental.

• Aplicar a legislação ambiental na elaboração de estudos ambientais.

• Estruturar e definir indicadores desempenho ambiental.

• Utilizar indicadores que servirão de base para ações de mitigação dos impactos
ambientais.
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

58
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No capítulo anterior iniciamos a abordagem sobre o desenvolvimento
sustentável e os conceitos que envolvem o planejamento ambiental, com o intuito
de trazer melhor compreensão do contexto da sustentabilidade e avançarmos no
assunto deste capítulo.

Assim, passaremos a avaliar os impactos ambientais e como esses impactos


podem ser tratados em diferentes escalas e âmbitos de atuação. Dessa maneira,
iniciaremos com a análise do diagnóstico ambiental, em seguida estudaremos
indicadores ambientais e finalizaremos na avaliação desses impactos.

Na seção que tratará do diagnóstico ambiental, abordaremos suas definições


e sua importância frente à quantificação dos impactos ambientais, além de trazer
alguns exemplos e suas áreas de atuação.

Ao abordarmos os indicadores ambientais, focaremos nossas análises na


quantificação de informações ambientais e como podem auxiliar na definição de
ações para controle e redução dos impactos.

Na nossa última seção, analisaremos os impactos ambientais, as


metodologias de quantificação, coleta e tratamento das informações, com
objetivo de mitigar ou reduzir os impactos ambientais em função das atividades
desenvolvidas.

Em todas as seções abordaremos de forma inicial alguns aspectos


relacionados aos requisitos legais associados aos impactos ambientais,
identificando algumas das legislações vigentes e normas técnicas associadas.

Dessa forma, o objetivo geral deste capítulo é o estudo dos impactos


ambientais, sua estrutura e metodologias relacionadas.

2 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Das abordagens do capítulo anterior, em que tratamos do histórico do
desenvolvimento sustentável e como as discussões se iniciaram após alguns
episódios de poluição aguda, percebemos que em alguns momentos as soluções
ambientais são tratadas de forma reativa, ou seja, posteriormente ao surgimento
do problema. Essa questão nos remete ao capítulo que adentraremos agora, no
qual abordaremos a importância do diagnóstico a fim de prevermos os impactos
decorrentes de uma determinada atividade.

59
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A importância da fase do diagnóstico para o planejamento ambiental


também já foi destacada no capítulo anterior, relacionando principalmente o
levantamento de informações de um determinado local, identificando os impactos
ambientais associados e como esses podem embasar as fases posteriores desse
planejamento, auxiliando na tomada de decisão.

Santos (2004) destaca que anteriormente à tomada de decisão, o diagnóstico


envolve três fases importantes para a sua realização e que estão diretamente
ligadas. A primeira fase trata da obtenção dos dados, seguindo a análise de dados
e por fim a elaboração dos indicadores com base nas informações coletadas
(Figura 1).

FIGURA 1 − FASES DO DIAGNÓSTICO

FONTE: Adaptado de Santos (2004)

É importante destacar que os diagnósticos ambientais podem ter aplicações


para diferentes fins. Por exemplo, essa ferramenta é fundamental quando se trata
de licenciamentos ambientais, estudos de impactos ambientais (EIA) e prevenção
desses. No entanto, o diagnóstico ambiental é uma ferramenta que não se atém
exclusivamente ao âmbito dos licenciamentos ambientais (veremos a relação
dos diagnósticos com o licenciamento a seguir), podendo ser utilizada de forma
voluntária por organizações.

Independentemente do uso, o diagnóstico nos auxilia a obter uma visão


geral de uma situação para que as ações possam ser propostas com base em
informações coletadas e analisadas previamente. Inicialmente, trataremos do
diagnóstico como uma ferramenta de identificação dos impactos ambientais no
setor empresarial.

Quando pensamos na identificação dos impactos ambientais, podemos


relacionar o desenvolvimento econômico e social da sociedade atual com a
necessidade de mitigação desses. Um exemplo disso são as consequências do
crescimento populacional, em que a demanda por bens e o consumo cresceram,
sendo necessário aumentar também a velocidade de produção desses bens.
Para suprir tais necessidades, o desenvolvimento tecnológico das indústrias tem
aumentado, criando maquinários, novos materiais e melhorando os processos.
Contudo, o desenvolvimento tecnológico acarretou em outros problemas,
como “rejeitos de difícil decomposição, alta toxicidade, dentre outras tantas

60
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

propriedades estranhas à natureza” (Figura 2) e que vem resultando em diversos


impactos ambientais, acarretando, assim, o surgimento de diversas exigências de
adequação ambiental às empresas (VAZ; FAGUNDES; OLIVEIRA, 2009, p. 82).

FIGURA 2 − ACÚMULO DE RESÍDUOS ÀS MARGENS DO


RIO PINHEIROS (SÃO PAULO) APÓS AS CHUVAS

FONTE: <http://www.iea.usp.br/imagens/lixo-acumulado-na-margem-do-rio-
pinheiros-devido-as-chuvas-sao-paulo-2007/view>. Acesso em: 5 ago. 2020.

Essas exigências surgiram por diversas vias, como fornecedores, grandes


cadeias produtivas (que possuem responsabilidades sobre cadeias produtivas
menores), órgãos de regulação, e, mais recentemente, a exigência tem partido de
um consumidor mais preocupado com a origem e a qualidade dos produtos que
consome.

Dessa forma, as empresas vêm sendo cobradas principalmente quanto ao


acompanhamento da sua cadeia produtiva envolvendo a origem dos materiais
utilizados, a destinação dos seus resíduos e rejeitos, o aumento das exigências
legais e normativas, ou seja, que seus processos se tornem mais eficientes ao
longo do tempo.

61
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A fim de cumprir essas exigências, no contexto corporativo (empresas), uma


das primeiras ferramentas que pode ser utilizada é o diagnóstico ambiental, para
fins de melhoria dos processos produtivos por meio da implantação de requisitos,
normas ou exigências legais.

Um exemplo da utilização do diagnóstico é na implantação de normas ISO


(International Organization for Standardization – Organização Internacional de
Normalização). A ISO é uma organização não governamental que elabora e
publica normas e padrões aplicáveis a diversos setores (por exemplo: construção
civil, saúde etc). No Brasil, o representante da ISO é a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) (NICOLELLA, 2004). Quando as normas internacionais
são elaboradas ou adequadas ao contexto brasileiro, recebem a sigla NBR
(Norma Brasileira) em seu nome.

As normas também são aplicáveis na implantação de sistemas de gestão,


em que possuem requisitos predefinidos na sua estrutura geral e que devem ser
atendidos pela organização que se propõem a implementá-la, a fim de se obter
uma certificação.

Quando tratamos de diagnósticos para a implantação de normas de gestão,


por exemplo, há disponível para esse fim uma ferramenta chamada Gap Analysis
(Análise de lacunas). Essa ferramenta visa avaliar todos os requisitos exigidos
pela norma (ou conjunto de normas) que se pretende implementar, verificando o
atendimento a esses requisitos. O principal objetivo dessa ferramenta é verificar
o status atual para que se possa propor ações com base nas informações
levantadas.

Por exemplo, o item 6 da norma técnica ABNT NBR ISO 14001:2015 trata
do “Planejamento” (ABNT, 2015). Dentro desse item, diversos requisitos devem
ser atendidos para seu cumprimento. Na aplicação da Gap Analysis (análise de
lacunas), esses itens serão avaliados sobre seu atendimento, não atendimento
ou se é um item não aplicável. Uma proposta simplificada e preenchida de forma
hipotética de modelo desta Gap Analysis está descrita no Quadro 1.

No Quadro 1, o item 6.1 descreve os procedimentos para avaliação de


riscos e oportunidades; no item 6.1.2 são avaliados os aspectos ambientais das
atividades, produtos e serviços que a empresa possa controlar ou influenciar; o
item 6.1.3 descreve a análise dos requisitos legais aplicáveis à organização; o
item 6.1.4 detalha as ações e planejamento das atividades para abordar seus
riscos, aspectos e requisitos; o item 6.2 detalha os objetivos ambientais da
organização de acordo com os aspectos ambientais significativos.

62
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

QUADRO 1 − análise dos requisitos do item 6 da norma abnt NBR iso 14001:2015

FONTE: Os autores

Conforme demonstrado no quadro, ocorrendo ou não o atendimento do


requisito ele será assinalado na planilha. Ao final da avaliação completa da norma
14001, resultará no nível de atendimento sobre cada requisito avaliado. Como
exemplo, deixamos a seguir um modelo de representação gráfica dos resultados
dos itens detalhados, demonstrando a porcentagem de cumprimento de cada
requisito (Figura 3).

FIGURA 3 – PERCENTUAL DE ATENDIMENTO AOS REQUISITOS

FONTE: Os autores

63
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

É importante compreender que as informações apresentadas são meramente ilustrativas


e servem para exemplificar uma das formas de utilização e aplicação de uma Gap
Analysis, podendo auxiliar na fase de diagnóstico para verificação da situação atual.

As informações obtidas com essa análise pautarão a elaboração de um


relatório contendo as indicações precisas dos itens a serem trabalhados. Então,
tratamos essa fase inicial como um diagnóstico, o qual pode ser utilizado de
base para a implantação de algumas normas, descritas no Quadro 2.

QUADRO 2 − NORMAS COM POSSIBILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE DIAGNÓSTICOS

NORMA ÁREA DE ATUAÇÃO


ABNT NBR ISO 9001:2015 Sistema de gestão da qualidade
ABNT NBR ISO 14001:2015 Sistema de gestão ambiental
ISO 45001:2018 Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional
ABNT NBR ISO 50001:2018 Sistemas de gestão da energia

FONTE: Os autores

Esse modelo de diagnóstico não é um item compulsório, ou seja, as


empresas podem fazer uso de forma voluntária, a fim de otimizar ou melhorar os
seus processos obtendo uma certificação ao final, quando cumpridos todos os
requisitos. Contudo, o diagnóstico ambiental é um item fundamental e obrigatório
dos estudos ambientais e do processo de licenciamento ambiental.

O licenciamento ambiental e os estudos de impacto ambiental foram inseridos


na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6938/1981) e são caracterizados
como instrumentos dessa política (BRASIL, 1981). Os instrumentos descrevem
a forma como a lei será aplicada e surgiram para introduzir a perspectiva de
planejamento nessas ações ambientais. Um exemplo disso é o Estudo de Impacto
Ambiental (AGRA FILHO, 2019, p. 563).

As funções desses instrumentos foram definidas pela Resolução do


Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n° 237/1997 que detalha ambas
as definições:

Licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo


qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação  de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais,  consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas técnicas aplicáveis ao caso.
Estudos ambientais: são todos e quaisquer estudos

64
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,


instalação, operação e ampliação de uma atividade ou
empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar,
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação
de área degradada e análise preliminar de risco (BRASIL,
1997, s.p.).

Os estudos ambientais e suas exigências são segregados de acordo com


diversas atividades e portes dessas atividades a serem licenciadas, podendo
variar de acordo com o Estado Federativo. Por exemplo, no estado de Santa
Catarina existem quatro tipos de estudos: o Relatório Ambiental Prévio (RAP), o
Estudo Ambiental Simplificado (EAS), o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório
de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) e o Estudo de Conformidade Ambiental (ECA),
utilizado para empreendimentos em fase de regularização de suas atividades.

Segundo a Resolução CONAMA n° 01/1986 em seu Artigo 6° (BRASIL, 1986,


s.p.), o EIA é um dos instrumentos para avaliação dos impactos ambientais e deve
conter no mínimo as atividades de diagnóstico ambiental, análise dos impactos
ambientais, definição das medidas mitigadoras e elaboração dos programas de
acompanhamento/monitoramento. O RIMA é o documento resultante do estudo
que descreve as principais conclusões obtidas, devendo ser escrito de maneira
objetiva e com linguagem acessível, visando atender a diversos públicos.

Ainda de acordo com Resolução CONAMA n° 01/1986 (BRASIL, 1986,


s.p.), inseridos nos estudos ambientais, especificamente, estão os diagnósticos
que destacam a necessidade de sua elaboração junto ao Estudo de Impacto
Ambiental, devendo conter as seguintes informações:

Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto


completa descrição e análise dos recursos ambientais e
suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima,
destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e
aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as
correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna
e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade
ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas
de extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo,
os usos da água e a sócio economia, destacando os sítios
e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.

65
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

É importante perceber que a Resolução destaca a importância da realização


do diagnóstico de acordo com a área do empreendimento, abordando em
seus estudos os aspectos do meio físico, biológico e socioeconômico. Dessa
forma, inicialmente, destacaremos os estudos mais comumente utilizados, sua
importância, as definições das áreas e algumas metodologias utilizadas.

No diagnóstico ambiental, os estudos base reúnem diversas áreas do


conhecimento e são fundamentais, pois permitem a aquisição de informações de
forma sistemática, para que sejam analisadas e os impactos ambientais possam
ser previstos. A análise conjunta dos estudos base resultam no diagnóstico, que
integra o EIA. Os estudos base são caracterizados como “levantamentos acerca
de alguns componentes e processos selecionados do meio ambiente que pode ser
afetado pela proposta (projeto, plano, programa, política) em análise” (SÁNCHEZ,
2013, s.p.). O mesmo autor ainda destaca as principais funções dos estudos base
em um processo de elaboração do EIA:

• Fornecer informações necessárias para a identificação


e previsão dos impactos, e para sua posterior avaliação.
• Contribuir para a definição de programas de gestão
ambiental (medidas mitigadoras, compensatórias,
programas de monitoramento e demais componentes
de um plano de gestão ambiental integrante de um EIA).
• Estabelecer uma base de dados para futura comparação
com a real situação, em caso de implementação do
projeto (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

As fases iniciais para execução dos estudos são fundamentais para a


definição correta das informações a serem analisadas. De acordo com Beanlands
(1993 apud SÁNCHEZ, 2013, s.p.), inicialmente é necessário responder ao menos
quatro perguntas quando se pretende iniciar qualquer estudo:

1. Quais as informações necessárias e para qual finalidade


serão utilizadas?
2. Como serão coletadas as informações?
3. Onde serão coletadas?
4. Durante quanto tempo, com qual frequência e em que época
do ano serão coletadas?

Esses estudos devem ser devidamente planejados para que suas respostas
sejam suficientes no embasamento à tomada de decisão. Dessa forma, é
importante diferenciarmos a área de estudos e a área de influência.

A definição da área de estudo leva em consideração a própria área ocupada


pelo empreendimento, ou seja, a área que será objeto dos levantamentos e onde
podem ocorrer, por exemplo, alterações diretas na vegetação, impermeabilização

66
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

do solo dentre outras modificações. Usualmente, essa área é conhecida como


Área Diretamente Afetada (ADA) (SÁNCHEZ, 2013).

As áreas de estudo podem possuir diferentes configurações e formas


para a sua definição, que dependerão do objetivo da atividade a ser realizada
no local (Figura 4). As delimitações dessas áreas não são fixas e devem ser
complementares umas às outras, para que as análises sejam eficientes levando
em consideração a multidisciplinaridade das ações (SANTOS, 2004).

FIGURA 4 − ÁREAS DE ESTUDO

FONTE: Santos (2004, p. 43)

Outro ponto fundamental que você deve observar é que essas áreas podem
sofrer impactos ambientais diretos e indiretos não ficando restritos somente à
área do empreendimento, extrapolando esses limites de acordo com as análises
dos locais de estudos, ficando conhecidas como áreas de influência (SÁNCHEZ,
2013).

Nessa concepção, podemos afirmar que:

A área de influência de um empreendimento compreende a


extensão geográfica a ser afetada direta e indiretamente pelos
impactos gerados nas fases de planejamento, implantação,
operação e desativação (quando for o caso) [...], definindo a
bacia hidrográfica como uma fundamental unidade territorial
da avaliação ambiental (CARVALHO et al., 2018, p. 640).

A Resolução CONAMA 001/86 trata sobre os limites geográficos a serem


obedecidos na elaboração do EIA que visa: “Definir os limites da área geográfica a
ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos ambientais, denominada área
de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na
qual se localiza” (BRASIL, 1986, s.p.).

É importante destacar que os limites propostos pelas bacias hidrográficas


são suficientes para alguns empreendimentos e estudos. No entanto, em outros
casos, ao analisarmos a relação entre os impactos, esses limites podem ser

67
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

extrapolados e um exemplo disso são os impactos sociais, os quais precisam


estar contemplados nos estudos (SÁNCHEZ, 2013). Santos (2004) destaca
algumas características das definições das áreas de influência em um estudo na
Figura 5.

FIGURA 5 − ÁREAS DE INFLUÊNCIA

FONTE: Santos (2004, p. 43)

As definições sobre a área diretamente afetada (ADA), área de influência


direta (AID) e área de influência indireta (AII) estão descritas a seguir (CARVALHO
et al., 2018, p. 640-641):

Área diretamente afetada (ADA)


Área na qual o empreendimento será instalado, incluindo
tanto os locais efetivamente afetados pelos projetos e obras
como as estruturas do empreendimento, envolvendo, ainda,
estruturas complementares, como: canteiros de obras,
acessos, estações de tratamento de efluentes, jazidas de
solo e rocha e depósitos de rejeito e resíduos, sendo, assim,
a área que sofrerá impactos ambientais mais significativos
previstos durante as diferentes fases do empreendimento. No
caso de hidroelétricas a ADA abrange, além dos locais citados
anteriormente, o reservatório, a barragem, a casa de força, o
vertedouro e a Área de Preservação Permanente (APPs) que
envolve o reservatório.

Área de influência direta (AID)


Engloba a Área Diretamente Afetada e é o local em que os
impactos gerados afetam diretamente o meio ambiente e a
sociedade, principalmente, por impactos diretos ou de primeira
ordem, sendo representada, em geral, pela área adjacente
ao empreendimento e pela bacia hidrográfica em que este
se localiza, nos casos dos meios físico e biótico, e pelas
propriedades rurais e comunidades afetadas no entorno no
caso do meio socioeconômico.

Área de influência indireta (AII)


Corresponde à região em que os impactos serão observados de
forma indireta ou afetados por impactos de segunda ordem ou
superior, ocasionados pelo efeito cumulativo e sucessivo que
as modificações provocam no meio. Quando elas são descritas

68
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

para o meio socioeconômico, geralmente são representadas


pela área total dos municípios afetados pelo empreendimento
ou por uma bacia hidrográfica de ordem hierárquica superior
no caso dos meios físico e biótico.

Assim, quando definidas as áreas-alvo, inicia-se o processo de planejamento


dos estudos base necessários para identificação dos impactos ambientais.
Os estudos base, que fundamentam o diagnóstico ambiental, devem ser
multidisciplinares permitindo uma análise sistêmica do local.

Os dados referentes aos impactos ambientais podem sofrer variações de


acordo com a metodologia empregada, seja para os dados obtidos diretamente
no local de coleta (fonte primária), dados obtidos através de pesquisas e
bibliografias (fonte secundária), podendo variar ainda de acordo com o número de
amostragens, bem como o número de pontos e a época em que as coletas foram
realizadas, influenciando diretamente os estudos ambientais.

Nesse momento, não focaremos na apresentação das informações de forma


detalhada, pois essas variáveis são identificadas em cada estudo de acordo
com a necessidade de obtenção das informações que servirá de base para as
análises e prognósticos. Focaremos no detalhamento de alguns desses estudos,
mais comumente utilizados, para que você conheça algumas metodologias de
obtenção dessas informações.

Normalmente, a divisão apresentada, para realização dos estudos ambientais,


abrange algumas dimensões, como: meio físico, biológico e socioeconômico
(social, econômico, cultural etc.). É importante destacar que tal divisão não deve
ser vista de maneira rígida, pois alguns estudos podem apresentar relações entre
si e devem ser analisados em conjunto (SÁNCHEZ, 2013). Alguns exemplos de
estudos a serem apresentados estão descritos a seguir:

• Meio Físico: geologia; climatologia; geomorfologia; solos; declividade;


capacidade de uso do solo; espeleologia; recursos hídricos (bacia
hidrográfica e qualidade da água); hipsometria.
• Meio Biológico: flora (composição florística na AID, AII, espécies
ameaçadas de extinção), fauna (análise individualizada por grupos
faunísticos).
• Socioeconômico: uso e ocupação da terra; dinâmica populacional;
infraestrutura de serviços; condições de vida da população; Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH); economia; cultura; turismo; populações
indígenas; arqueologia.

69
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A seguir, faremos um detalhamento abrangente sobre alguns desses estudos


e sua metodologia de obtenção das informações.

• Geologia: os estudos geológicos habitualmente são realizados por


meio da compilação de informações de mapas e imagens de satélites.
Essas análises auxiliam na identificação das estruturas geológicas
e sua evolução subsidiando as análises sobre a evolução dos solos e
consequentemente da vegetação existente no local. Os dados geológicos
também fornecem informações sobre a capacidade de suporte de
estruturas instaladas nos locais, suscetibilidade a erosão, dentre outras
análises (SANTOS, 2004).
• Solos: as análises de solos avaliam principalmente suas fragilidades,
potencialidades e como podem influenciar nas atividades construtivas.
Além disso, sua avaliação deve estar focada na conservação, visto que
é o suporte para o estabelecimento da vegetação e até mesmo para as
eventuais atividades produtivas exercidas. Os levantamentos realizados
levam em consideração as propriedades físicas e químicas do solo,
caracterizando também os tipos de solos existentes no local (SANTOS,
2004)
• Geomorfologia: os estudos de geomorfologia auxiliam na compreensão
integrada das paisagens existentes, analisando de forma conjunta
aspectos como os substratos rochosos, a morfologia do relevo e o clima
(VILLELA; NOGUEIRA, 2011).
• Clima: as informações sobre o clima são baseadas em dados de longo
prazo e podem auxiliar na identificação de períodos de estiagem,
probabilidade de inundações, incidência solar, entre outras. Em muitos
casos, as informações utilizadas para as análises são obtidas por
meio de dados secundários, que apresentam as séries históricas de
acordo com a localização da estação meteorológica mais próxima ao
empreendimento (SANTOS, 2004). Algumas das variáveis analisadas
nos estudos sobre o clima estão associadas à precipitação, temperatura,
umidade relativa, insolação, entre outras.
• Recursos hídricos: os estudos sobre recursos hídricos abrangem
análises relacionadas principalmente às vazões, qualidade da água
superficial e subterrâneas. Quando se trata da medição das vazões,
as séries históricas de dados fornecem informações sobre as vazões
máximas, médias e mínimas no período analisado, permitindo assim
verificar quais as influências desses dados na programação de
instalação da atividade no local. Em alguns casos, essas informações
são obtidas em estações de monitoramento governamentais já existentes
(SÁNCHEZ, 2013). A qualidade da água superficial e subterrânea são
outros itens fundamentais nesse processo. As análises são realizadas

70
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

por meio de parâmetros específicos determinados pelas legislações


vigentes, que devem ser acompanhados antes, durante e após a
instalação da atividade. Os parâmetros físicos, químicos e biológicos
analisados permitem a classificação dos corpos hídricos e a identificação
dos indicadores de qualidade da água. Algumas das Resoluções vigentes
que orientam esses padrões podem ser consultadas nas Resoluções
CONAMA 375/2005 (BRASIL, 2005) e Resolução CONAMA 430/2011
(BRASIL, 2011). As coletas para análises das águas superficiais
podem ser realizadas diretamente no corpo hídrico (Figura 6), seguindo
normativas específicas que orientam tais coletas. As análises de águas
subterrâneas levam em consideração os aquíferos presentes no local e
que podem ser afetados pela atividade. A coleta em pontos que estejam
localizados a montante e a jusante do local de instalação da atividade é
fundamental para verificar a influência dela na qualidade da água.

FIGURA 6 − COLETA DE ÁGUA SUPERFICIAL PARA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA


COM BALDE DE INOX (A) E DIRETAMENTE REALIZADA NO CORPO HÍDRICO (B)

FONTE: CETESB (2011, p. 145)

• Flora: o diagnóstico da flora fornece informações como ocorrência


de espécies, densidade, frequência, dominância (ALMEIDA, 2016).
Durante a fase de levantamento de flora, em estudos de impacto
ambiental, alguns métodos podem ser utilizados, dentre eles: listagem
da flora, inventário florestal, levantamento fitossociológico e de biomassa
(SILVEIRA, 2006). Os inventários florísticos e fitossociológicos auxiliam
no levantamento de informações, como volume, área basal, altura
média das árvores dominantes, biomassa e diâmetro médio, densidade,
dominância, regeneração natural, entre outros parâmetros ecológicos
(HOSOKAWA et al., 2008 apud FREITAS; MAGALHÃES, 2012). Alguns
documentos podem auxiliar na identificação das características da
vegetação, como o Manual para classificação da vegetação elaborado

71
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

pelo IBGE (IBGE, 2012), bem como as Resoluções do CONAMA que


descrevem os estágios sucessionais e características para classificação
da vegetação da Mata Atlântica, como a Resolução CONAMA
n°004/1994, que se refere ao estado de Santa Catarina (CONAMA,
1994). Além disso, o estudo deve prever a identificação de espécies
endêmicas ou ameaçadas de extinção. Uma das metodologias utilizadas
para o levantamento dessas informações pode ser realizada por meio
do uso de transectos ou unidades amostrais. Um fator fundamental a
ser abordado em estudos de vegetação é a suficiência amostral, que
tem o objetivo de informar se a amostra utilizada é “representativa” da
comunidade vegetal estudada e de que forma a composição florística
e a densidade de árvores por espécie está adequadamente amostrada
(SCHILLING; BATISTA, 2008, p. 179).
• Fauna: a metodologia adotada para cada grupo faunístico é específica
e demanda especialistas que atuem nos determinados grupos para sua
correta identificação e aplicação metodológica. Dentre os especialistas
estão ornitólogos (aves), mastozoólogos (mamíferos), herpetólogos
(répteis e anfíbios), ictiólogos (peixes) e entomólogos (insetos). As
informações levantadas durante esses estudos abrangem o grau
de sensibilidade às interferências antrópicas, endemismo, espécies
ameaçadas de extinção, bioindicadoras, além de parâmetros ecológicos
necessários para análise completa desses grupos (GARCIA; CANDIANI,
2017).

Você pode buscar maiores informações sobre as metodologias


utilizadas para levantamento de alguns grupos de fauna no
artigo de Silveira et al. (2010): Para que servem os inventários de
fauna? Acesse no link: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-40142010000100015

• Economia: o levantamento dos parâmetros relativos às condições de


vida da população e como as atividades econômicas são distribuídas
na região incluindo temas como: habitação, renda, educação, saúde,
infraestrutura, cultura, educação etc. (SANTOS, 2004). O mesmo
autor ainda destaca que as principais metodologias utilizadas para o
levantamento das informações são baseadas em dados secundários e
bibliográficas sobre o tema; relatórios de órgãos oficiais, prefeituras e
censos.

72
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

• Patrimônio cultural: segundo descrito por Sánchez (2013), existem


diversas análises a serem observadas quando são realizados estudos
para avaliação do patrimônio cultural como sítios de beleza natural
ou importância científica; patrimônio geológico incluindo formações
rochosas e paisagens; patrimônio histórico e arquitetônico e arqueologia.
Esses patrimônios são protegidos por lei e demandam avaliações
específicas por parte de equipes especializadas.

Esses são alguns dos estudos necessários durante a fase de diagnósticos.


No entanto, é importante destacar que a integração entre esses estudos, resulta
em uma análise multidisciplinar dos impactos. Um dos exemplos dessa integração
que ocorre no meio físico é o uso de cartas geotécnicas. Conforme detalhado a
seguir as cartas geotécnicas integram:

[...] dados e informações básicas sobre as características


geotécnicas dos terrenos em uma determinada área e
suas possíveis interações com as intervenções humanas
relacionadas ao processo de uso e ocupação do solo [...].
Sintetiza o conhecimento do meio físico e seus processos
geodinâmicos atuantes (geo), bem como as recomendações
sobre medidas estruturais e não estruturais que devem
ser adotadas (técnica) para que eventuais intervenções
no ambiente sejam realizadas de maneira adequada às
características geotécnicas dos terrenos (BITAR, 2015, p. 6).

Ou seja, essas cartas reúnem diversas informações para que a resposta seja
analisada de forma ampla e sob diversas perspectivas. O diagnóstico deve ser
tratado como o momento para realizar a descrição das informações levantadas e
a análise multidisciplinar dos impactos associados (SÁNCHEZ, 2013).

Identificamos anteriormente a importância dos diagnósticos ambientais para


uma correta análise dos estudos ambientais e como a realização desses estudos
demandam um alto esforço para o levantamento e análises das informações, de
maneira que os impactos sejam devidamente previstos.

Agora, vale destacar que, na prática, existem muitas dificuldades na análise


e validação desses diagnósticos e, consequentemente, do EIA. Almeida et al.
(2015, p. 40), realizando uma análise junto aos técnicos do IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), destacaram
algumas das deficiências mais frequentes existentes nos diagnósticos dos EIAs:

Sempre ocorre:
• a presença de estudos compartimentados, ou seja, com
detalhamentos em torno de disciplinas específicas [...] com
pouca ou nenhuma integração entre as áreas de conhecimento;
• o excesso de informações desnecessárias.

73
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Frequentemente ocorre:
• deficiência da amostra;
• falta de relação entre o diagnóstico e impacto ambiental;
• ausência de informações necessárias.

Pode-se perceber que a integração entre os estudos base é algo que influencia
diretamente na tomada de decisão para a viabilidade do empreendimento, sendo
que a falta dessas informações dificulta a análise por parte do órgão ambiental e
pode resultar em retrabalho para a equipe de profissionais.

Assim, o diagnóstico ambiental deve ser suficientemente completo para


permitir uma análise técnica mais precisa e que seus impactos possam ser
minimizados de forma preventiva. No entanto, é importante destacar que a função
do EIA não é simplesmente compilar dados sobre a área, mas, sim, avaliar a
viabilidade de implantação do empreendimento, quais os impactos prováveis e
suas consequências (BEANLANDS; DUINKER, 1983 apud ALMEIDA et al., 2015).

Na sequência, para a composição final do EIA, após a realização dos


diagnósticos ambientais, deve-se proceder a análise dos impactos relacionados
conforme os estudos base, seguido pela proposição de medidas mitigadoras e
elaboração dos programas de monitoramento.

Dessa forma, a fim de que você possa ter acesso a estudos já elaborados,
no Quadro 3 estão detalhados alguns Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e os
Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) publicados e disponibilizados por alguns
órgãos ambientais.

QUADRO 3 – ÓRGÃO AMBIENTAL, SUA ABRANGÊNCIA


E LINK PARA ACESSO DOS ESTUDOS

ABRANGÊNCIA ÓRGÃO ESTUDOS AMBIENTAIS


Amazonas IPAAM http://www.ipaam.am.gov.br/legislacao/
http://www.inema.ba.gov.br/estudos-ambientais/
Bahia INEMA
avaliacao-ambiental/eia-rima/
Brasil IBAMA http://licenciamento.ibama.gov.br/
https://www.imasul.ms.gov.br/rimas-relato-
Mato Grosso do Sul IMASUL
rio-de-impacto-ambiental/
Paraná IAP http://www.iap.pr.gov.br/pagina-646.html
Rio de Janeiro INEA http://www.inea.rj.gov.br/eia-rima/
http://www.ima.sc.gov.br/index.php/licenciamento/
Santa Catarina IMA
consulta-eia-rima
https://cetesb.sp.gov.br/licenciamentoambiental/
São Paulo CETESB
eia-rima/

FONTE: Os autores

74
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

Assim, chegamos ao final desta seção, na qual tratamos dos diagnósticos


ambientais que podem abranger diversas esferas, bem como sua aplicabilidade
para empresas que buscam melhorar as suas atividades. A seguir, trataremos
sobre a identificação e a elaboração de indicadores ambientais, utilizados para
acompanhamento e monitoramento de diversas atividades ambientais.

1 - Cite e descreva dois usos para os diagnósticos ambientais.


R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Descreva os conceitos de licenciamento e estudo ambiental.


Descreva qual o conteúdo mínimo exigido em um diagnóstico
para elaboração de um EIA.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3 INDICADORES AMBIENTAIS
É possível que você já tenha ouvido a frase atribuída a William Edwards Deming:
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se
define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia” (DEMMING,
1990 apud BELLUCO, 2012, p. 5). Essa frase pode ser o nosso ponto de partida
quando pensamos no gerenciamento e controle de qualquer atividade.

A geração de informação que baseia qualquer tomada de decisão não é tarefa


simples e demanda um esforço comum, independente do objetivo que se pretende
atingir. Então, para que a tomada de decisão seja a mais assertiva possível, deve
ser pautada em dados e informações confiáveis, objetivas, representativas e sólidas
sobre o que se deseja avaliar.

Nesse sentido, é importante diferenciarmos alguns conceitos antes de


prosseguirmos com nossas discussões (SANTOS, 2004, p. 58):

Dado: é a medida, a quantidade ou o fato observado que pode


ser apresentado na forma de números, descrições, caracteres ou

75
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

mesmo símbolos.
Informação: quando o dado passa a ter uma interpretação.
Parâmetro: quando a informação é uma propriedade – medida,
observada ou avaliada – cuja variação deve alterar a interpretação
do fenômeno que representa, sem alterar a natureza. Um
parâmetro pode ser constante ou variável.

Uma forma didática para compreender a origem desses conceitos está na


pirâmide de informação proposta por Bellen (2005 apud CARVALHO; BARCELLOS,
2009) (Figura 7). A base da pirâmide é formada pelos dados primários e um
subconjunto desses dados será transformado em estatísticas. Os indicadores serão
subconjuntos das estatísticas e os índices são um conjunto de indicadores agregados
(CARVALHO; BARCELLOS, 2009).

FIGURA 7 − PIRÂMIDADE DA INFORMAÇÃO

FONTE: Adaptado de Bellen (2005 apud CARVALHO; BARCELLOS, 2009)

Alguns índices já são conhecidos na nossa realidade, como o Índice de


Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA).
O primeiro avalia a qualidade de vida das populações e utiliza uma média dos
indicadores de renda, longevidade e educação. O segundo é baseado em 76
variáveis e 21 indicadores que tem por objetivo comparar a efetividade dos países
nas ações de proteção ambiental (CARVALHO; BARCELLOS, 2009; MARTINS;
FERRAZ; COSTA, 2006). Em alguns momentos, o uso de índices pode ser muito
abrangente, não trazendo a resposta necessária. Nesses casos, utilizam-se
conjuntos de indicadores desagregados.

Então, retomando as conceituações, um dado torna-se um indicador quando


adquire significado após a sua interpretação (MALHEIROS et al., 2019). A
elaboração de um indicador é baseada em análises estatísticas de um conjunto

76
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

de dados, tornando-se uma base de informação resumida e de fácil acesso,


auxiliando no gerenciamento e planejamento de ações (SOBRAL et al., 2011).

Algumas descrições sobre indicadores são dadas por alguns


autores. Bellen (2005 apud SOBRAL et al., 2011, p. 28) destaca que
o indicador comunica ou informa sobre o progresso em direção a
uma determinada meta, e é utilizado como um recurso para deixar
mais perceptível uma tendência ou fenômeno não imediatamente
detectável por meio dos dados isolados.

Para Santos (2004, p. 60), os indicadores são descritos resumidamente como


“parâmetros, ou funções derivadas deles, que têm a capacidade de descrever um
estado ou uma resposta dos fenômenos que ocorrem em um meio”.

Podemos perceber que ambas as definições podem ser complementares e


aplicáveis na sustentabilidade. A definição de indicadores de sustentabilidade são
ferramentas importantes para a definição de métricas que auxiliem na implantação
do desenvolvimento sustentável. Entretanto, a quantificação da sustentabilidade
não é uma tarefa simples, pois deve-se levar em consideração aspectos como
as características inerentes aos locais, bem como aspectos sociais, econômicos,
ambientais, culturais e institucionais (CARVALHO et al., 2011).

Assim, o uso desses indicadores na área ambiental pode ser aplicável em


diversas etapas, entre elas: no “planejamento, implantação e acompanhamento
das políticas de gestão ambiental voltadas ao uso racional dos recursos naturais
e ao ordenamento das intervenções no meio ambiente” (KEMERICH; RITTER;
BORBA, 2014, p. 3724).

Quanto ao uso de indicadores de sustentabilidade, Carvalho et al. (2011, p.


297-298) descreve:

Os indicadores de sustentabilidade aparecem como


ferramentas capazes de subsidiar o monitoramento da
operacionalização do desenvolvimento sustentável, tendo
como função principal a revelação de informações sobre o
estado das diversas dimensões (ambientais, econômicas,
socioeconômicas, culturais, institucionais etc.) que compõem o
desenvolvimento sustentável do sistema na sociedade.

77
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A construção de indicadores é uma tarefa que exige critério e planejamento,


estabelecendo boas práticas ao longo do processo, devendo ser monitorado e
avaliado periodicamente (MALHEIROS et al., 2019). A seguir (Quadro 4) estão
apresentados requisitos importantes a serem observados para a construção de
indicadores.

QUADRO 4 − REQUISITOS PARA CONSTRUÇÃO DE INDICADORES

REQUISITO INFORMAÇÕES
Capacidade de retratar os problemas da área de estu-
Representatividade
do.
Quanto à coleta e tratamentos dos dados e a relação
Validade científica com padrões de qualidade existentes e transparência
na divulgação.
Fonte de informação Confiabilidade na origem das informações.
O indicador deve estar relacionado ao processo de
Relevância tomada de decisão e o seu monitoramento associado
ao alcance de resultados para a sociedade.
Valores de referência Permita o estabelecimento de comparações.
Tenha sensibilidade para captar as alterações nas esca-
Sensibilidade às mudanças las espaciais e temporais que serão necessárias para o
processo de tomada de decisão.
Valor ideal para obtenção da informação em função da
Custo adequado quantidade de dados, da unidade de área e escala de
trabalho. Observar a relação custo/benefício.
Representatividade de participação na construção e
Participação
uso dos indicadores.
Fácil compreensão Devem ser simples e fáceis de compreender.
Conjunto de indicadores apoiado em um sistema ob-
Modelo estrutural
servando diversos aspectos da sustentabilidade.

FONTE: Adaptado de Gomes (2011 apud Malheiros et al., 2019)



Se você se lembra do enfoque dado ao diagnóstico ambiental, o qual poderá
ser utilizado tanto como uma ferramenta preventiva, para estruturação de normas,
quanto na fase de licenciamento ambiental, assim também os indicadores podem
abranger essa abordagem.

Em muitas oportunidades, é possível encontrar o uso de indicadores


nomeados como KPIs (Key Performance Indicators) ou indicadores de
desempenho. Essa nomenclatura pode ser utilizada para diversas áreas dentro de
uma empresa, inclusive a ambiental. O uso de indicadores também é amplo e pode
abranger além dos estudos ambientais a área empresarial e a governamental.
Alguns exemplos de uso dos indicadores, estão descritos a seguir:

78
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

• Normativas: como exemplo para aplicação de indicadores ambientais,


podemos destacar a norma Avaliação de Desempenho Ambiental
(ABNT NBR ISO 14031:2015). De acordo com Dutra e Leite (2018), a
norma auxilia na identificação de avaliação dos aspectos ambientais,
estabelecendo metas, objetivos e verificando tendências para melhoria
do desempenho ambiental em organizações.
• Relatórios de sustentabilidade: bastante explorado no meio
empresarial, os relatórios de sustentabilidade auxiliam na divulgação
das informações ambientais por meio de indicadores de uma empresa
atendendo alguns critérios. Os critérios mais frequentemente utilizados
são os modelos no formato GRI (Global Reporting Initiative). O GRI é
uma organização sem fins lucrativos que atua no apoio a diversos
setores, auxiliando na comunicação dos impactos de sustentabilidade.
Os relatórios no formato de GRI atendem critérios específicos descritos
pelas normas elaboradas e disponibilizadas gratuitamente pela
organização.

Você pode buscar informações em empresas de grande porte e


seus relatórios de sustentabilidade para verificar na prática o uso de
indicadores. Acesse às normas do formato GRI no link: https://www.
globalreporting.org/standards.

• Indicadores de órgão governamentais: no Brasil, órgãos como o


Ministério do Meio Ambiente (MMA) disponibilizam indicadores ambientais
nacionais, contendo informações como: destinação de pneus inservíveis
e flora e fauna ameaçadas de extinção, utilizando esses indicadores para
o controle e divulgação das informações geradas (MMA, 2017).

Acesse ao site de Indicadores ambientais MMA: https://www.


mma.gov.br/informacoes-ambientais/indicadores-ambientais.

79
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Além disso, o IBGE também publica os Indicadores de Sustentabilidade do


Brasil, anteriormente realizado de forma impressa (IBGE, 2015) e atualmente
disponível na plataforma SIDRA, abrangendo as dimensões ambiental, social,
econômica e institucional. A publicação desses indicadores surgiu como um
desdobramento dos relatórios de implementação da Agenda 21 solicitado pela
Comissão do Desenvolvimento Sustentável (CDS – ONU), sendo divididos em
temas, subtemas e indicadores (total de 57 indicadores) (MALHEIROS et al.,
2019). Alguns desses indicadores estão demonstrados no Quadro 5.

QUADRO 5 − INDICADORES DA COMISSÃO DO


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CDS
TEMA SUBTEMA INDICADOR
SOCIAL
Porcentagem da população
Equidade Pobreza vivendo abaixo da linha da
pobreza
Taxa de conclusão da escola
Educação Nível Educacional
primária e secundária
AMBIENTAL
Emissão de gases do efeito
Atmosfera Mudança Climática
estufa
Áreas protegidas como % da
Biodiversidade Ecossistema
área total
ECONÔMICO
Estrutura econômica Performance econômica PIB per capita
Intensidade de uso de recur-
Padrões de consumo Consumo de material
sos materiais
INSTITUCIONAL
Implementação de acordos
Estrutura institucional Cooperação internacional
globais ratificados
% do PIB gasto com ciência e
Capacidade institucional Ciência e tecnologia
tecnologia.
FONTE: Adaptado de Malheiros et al. (2019)

Para mais informações, acesse aos seguintes links:


• https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf
• https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/ids/tabelas

80
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

• Indicadores dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS): o


cumprimento das metas propostas pelos ODSs também é baseado em
indicadores.

Para mais informações sobre o ODS, acesse: https://odsbrasil.


gov.br/

Em muitos casos, os indicadores analisados de forma isoladas podem


não representar a informação que se busca. Para isso, é importante a sinergia
entre indicadores que fazem parte de um mesmo sistema e que incorporem as
dimensões do Desenvolvimento Sustentável. Os sistemas de indicadores buscam
reunir aqueles que demonstram suas relações e possam auxiliar nas análises das
principais tendências e as causas dos problemas relacionados à sustentabilidade
(TAYRA; RIBEIRO, 2006)

Os sistemas de indicadores são considerados um “agrupamento de


indicadores dentro de uma mecânica estruturada de pesquisa orientando a coleta
dos dados, organizando as informações e auxiliando na análise e divulgação”
(BITAR; BRAGA, 2012 apud RUIS; BRUNA, 2016, s.p.)

Um dos sistemas de indicadores mais utilizados se trata do modelo PER


(Pressão-Estado-Resposta). Esse modelo serviu de base para outras variações,
como: FER (Força Motriz-Estado-Resposta); FPEIR (Força Motriz-Pressão-
Estado-Impacto-Resposta); PEIR (Pressão-Estado-Impacto-Resposta); PEER
(Pressão-Estado-Efeito-Resposta) (RUIS; BRUNA, 2016).

Nesse momento, focaremos no modelo PEIR (Figura 8), por ser bastante
aceito e utilizado. A matriz PEIR (Pressão-Estado-Impacto-Resposta) foi proposta
pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) no projeto
GEO Cidades, que visa auxiliar no planejamento urbano-ambiental e fornece
informações para a compreensão da interação entre o desenvolvimento urbano e
o meio ambiente (PNUMA, 2004).

81
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 8 – MODELO PEIR (PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA)

FONTE: SVMA; IPT (2004)

O processo de avaliação ambiental da matriz PEIR parte de algumas


perguntas (e suas definições) aplicáveis em diversas escalas territoriais, conforme
descrito a seguir no Quadro 6.

QUADRO 6 – DESCRIÇÃO DOS QUESTIONAMENTOS DA MATRIZ


PEIR (PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA)
1. Por que isso está acontecendo? (PRESSÃO)
Descrevem elementos que exercem impactos sobre o meio ambiente, como o crescimento da pop-
ulação, o consumo e a pobreza. Ações antrópicas que exercem pressão sobre o meio ambiente
2. O que está acontecendo ao meio ambiente? (ESTADO)
É compreendido como a condição do meio ambiente e resulta das pressões; por exemplo, poluição
atmosférica, desmatamento etc.
3. Qual é o impacto causado pelo estado do meio ambiente? (IMPACTO)
O efeito produzido pelo estado do meio ambiente abrange aspectos relacionados à qualidade de
vida, à saúde humana e ao meio ambiente.
4. O que estamos fazendo a respeito? (RESPOSTA)
As ações que mitigam ou previnem impactos ambientais negativos, corrigem os danos causados
ao meio ambiente, preservam os recursos naturais ou contribuem para a melhoria da qualidade
de vida da população local.
5. O que acontecerá se não agirmos agora? (CENÁRIO FUTURO)
Visa orientar a análise dos cenários futuros a partir da avaliação do seu estado atual. A lógica
subjacente à matriz PEIR permite estabelecer uma ponte para projetar futuras manifestações das
atuais condições ambientais, estimulando a análise das possíveis consequências das ações atuais.

FONTE: Adaptado de PNUMA (2004)

Um exemplo da identificação dos indicadores em cada categoria da Matriz


PEIR está descrito na Figura 9, aplicado ao município de Miracema (Rio de
Janeiro).

82
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

FIGURA 9 – APLICAÇÃO DO MODELO PEIR (PRESSÃO-


ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA)

FONTE: Ribeiro; Barcellos; Roque (2013)

Quando tratamos diretamente da avaliação de impactos ambientais, os


indicadores ambientais são aplicáveis em diversas partes dos estudos, como o
diagnóstico, o prognóstico e na fase de monitoramento.

83
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Os indicadores ambientais podem ser definidos como


“parâmetros representativos de processos ambientais ou do estado
do meio ambiente (ou seja, sua situação em um dado momento, local
ou região)” (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Assim, esses indicadores representam a realidade ambiental da área e,


para isso, seus usos fornecem informações importantes quanto aos impactos
ambientais. Alguns exemplos de indicadores que podem ser utilizados para fins
de estudos de impactos ambientais estão descritos no Quadro 7.

QUADRO 7 − EXEMPLO DE IMPACTO AMBIENTAL E INDICADOR

ASPECTO/IMPACTO INDICADOR
Superfície afetada (ha), taxa de perda de solo (t/
Aumento das taxas de erosão
ha.ano)

Alteração da topografia Volumes de solo e rocha movimentados (m³)

Geração de resíduos sólidos Massa gerada por classe de resíduos (t/ano)

Consumo mensal (m³/ano), vazão consumida em


Consumo de água
relação à vazão mínima do rio
Vazão efluente, DBO (Demanda Bioquímica de
Geração de efluentes líquidos Oxigênio), DQO (Demanda Química de oxigênio)
etc.
Aumento do nível de pressão sonora em relação
Geração de ruídos
ao ruído preexistente

Quantidade emitida para a atmosfera em relação a


Geração de material particulado
outras fontes na região

Perda de fragmentos de vegetação nativa Superfície afetada (ha)

Percentual de aumento em relação ao tráfego


Aumento do tráfego de caminhões
preexistente

Geração de impostos e contribuições Montante a ser recolhido (R$)

Criação de postos de trabalho Número de postos criados

84
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

Alteração da qualidade do ar Concentração ambiental do poluente

Alteração da qualidade das águas superfi- Concentração ambiental do poluente, índices de


ciais qualidade das águas

Massa tributária em relação à arrecadação preexis-


Aumento da arrecadação tributária
tente no município

FONTE: Adaptado de Sánchez (2013)

O uso de informações e indicadores auxiliam na previsão dos impactos


ambientais associados a uma atividade e, para isso, o uso de alguns métodos
pode auxiliar nessa atividade, entre eles: modelos matemáticos; comparação
e extrapolação; experimentos de laboratórios e campo; simulações e modelos;
julgamento de especialistas (SÁNCHEZ, 2013). Um exemplo do uso desses
modelos são os estudos de dispersão de poluentes atmosféricos. A seguir está
representado um modelo de dispersão de hidrocarbonetos biogênicos (Figura 10).

FIGURA 10 – SIMULAÇÃO DE UM MODELO DE DISPERSÃO

FONTE: Souza et al. (2015)

Assim, abordamos nesta seção as informações sobre os indicadores


ambientais, como uma informação pode ser gerada até a sua utilização para
a tomada de decisão, atendendo a critérios técnicos para a criação desses
indicadores, metodologias e aplicações.

85
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

1 - Cite cinco requisitos necessários para a construção de indicadores


e descreva-os.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Observando o modelo da matriz PEIR, cite cada um dos itens e as


suas descrições.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

4 IMPACTOS AMBIENTAIS
Nesse momento, iniciaremos nossa abordagem sobre os impactos
ambientais, suas definições, suas consequências, como esses impactos podem
ser quantificados, quais as metodologias e as ferramentas utilizadas para
a prevenção e, por fim, suas associações dentro de um estudo ambiental e
aplicações em outros ramos.

Atualmente, o termo “impacto ambiental” tem estado cada vez mais presente
em nosso dia a dia, por isso, é importante diferenciarmos alguns conceitos antes
de darmos início em nossa seção. Nesse sentido, a seguir, abordaremos algumas
definições sobre os termos “poluição”, “impacto ambiental” e “avaliação de impacto
ambiental” para que possamos diferenciá-los (SÁNCHEZ, 2013, s.p.):

Poluição
Introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou
energia que possa afetar negativamente o homem ou outros
organismos.

Impacto ambiental
Alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação
de processos naturais ou sociais provocada por ação humana.

Avaliação de impacto ambiental


Processos de exame das consequências futuras de uma ação
presente ou proposta.

86
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

Em alguns casos, as definições de poluição e impacto ambiental podem ser


confusas. De maneira geral, a poluição está relacionada com aspectos negativos
causados ao Meio Ambiente, ao passo que o impacto ambiental diz respeito a
uma interferência humana no meio ambiente, podendo ser positiva ou negativa.
De forma resumida, toda a poluição causa impacto, mas nem todo o impacto tem
a poluição como causa (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Quando se trata em termos de atendimento legal, a definição de impacto


ambiental está descrita na Resolução CONAMA 001/1986 (BRASIL, 1986, s.p.)
como:

Impacto ambiental qualquer alteração das propriedades


físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II- as atividades sociais e econômicas;
III- a biota;
IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V- a qualidade dos recursos ambientais.

A norma ABNT NBR ISO 14001, em sua versão de 2015 (ABNT, 2015, p.
3), trata de uma definição complementar entre aspecto ambiental e impacto
ambiental:

Aspecto ambiental
Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
organização que interage ou pode interagir com o meio
ambiente.

Impacto ambiental
Modificação no meio ambiente tanto adversa como benéfica,
total ou parcialmente resultante dos aspectos ambientais de
uma organização.

Assim, na perspectiva da Norma 14001, a emissão de um determinado


poluente (causa) será um aspecto, e seu impacto será a alteração que causará no
ambiente (consequência) (SÁNCHEZ, 2013).

Apesar de algumas diferenças na abordagem e no detalhamento do


termo “impacto ambiental”, é importante ressaltar o seu caráter multidisciplinar
envolvendo o tripé da sustentabilidade (ambiental, econômica e social), e que
essas esferas não deveriam ser tratadas de forma dissociada.

Os impactos econômicos e sociais ocasionados por questões ambientais já


são motivo de preocupação há algum tempo. Um exemplo disso são os relatórios
de “Percepção de Riscos Globais” publicados pelo Fórum Econômico Mundial

87
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

(World Economic Forum) (WEF, 2020). Os relatórios do Fórum são elaborados


com base na perspectiva de especialistas, empresas, sociedade civil e líderes
quanto aos riscos e à probabilidade de ocorrência de impactos globais nas áreas
econômicas, ambientais, geopolíticas, sociais e tecnológicas (WEF, 2020). A
preocupação com as questões ambientais, demonstrada nesses relatórios, vem
sendo uma tendência nos últimos anos da publicação.

Você pode acessar o relatório original no site: https://www.


weforum.org/reports/the-global-risks-report-2020

No ano de 2020, o relatório demonstrou que, entre os dez principais riscos


globais com probabilidade de ocorrência, os cinco primeiros estão relacionados a
questões ambientais e envolvem:

1 - Eventos climáticos extremos.


2 - Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
3 - Desastres naturais graves (terremotos, tsunamis, erupções
vulcânicas e tempestades geomagnéticas).
4 - Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema
(terrestre ou marinho).
5 - Danos e desastres ambientais causados pelo homem
(derramamentos de óleo e contaminação radioativa) (WEF,
2020, p. 86).

As mudanças climáticas não são uma preocupação nova em nossa


sociedade. No entanto, é importante detalharmos a expressão “mudanças
climáticas” que, segundo Oliveira, Vecchia e Carneiro (2019, p. 300), pode ser
descrita como:

Alguma alteração sistemática ou alguma variação


estatisticamente significativa tanto nos valores médios dos
elementos climáticos quanto na sua variabilidade, sustentada
ao longo de um período temporal finito e compreendendo
escalas da ordem de décadas até milhões de anos.

As mudanças climáticas decorrentes dos impactos ambientais são


consequências de diversas atividades, incluindo os processos naturais que
moldam o planeta Terra. Entretanto, a intervenção humana vem sendo associada
à aceleração desses processos de alteração, em que um dos efeitos é o aumento
da temperatura média, conhecido como aquecimento global antropogênico
(OLIVEIRA; VECCHIA; CARNEIRO, 2019).
88
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

Ainda é importante destacar que o efeito estufa consiste em um processo


natural que mantém a temperatura em nossa atmosfera. Contudo, com o aumento
das emissões e concentrações de gases, como dióxido de carbono (CO2), metano
(CH4), óxido nitroso (N2O) e clorofluorcarboneto (CFCs) − conhecidos como Gases
do Efeito Estufa (GEEs) –, que absorvem a radiação infravermelha, implica-se no
aumento da temperatura em nossa superfície além dos níveis normais (CETESB,
2020).

De acordo com GHG Protocol (2016, p. 1): “cada gás de efeito estufa
é capaz de reter calor em determinada intensidade, sendo que tal capacidade
pode ser comparada à capacidade do dióxido de carbono de realizar a mesma
função”. Essa diferença, expressa para cada gás, é conhecida como potencial
de aquecimento global ou GWP (Global Warming Potential). O GWP de algumas
substâncias está descrito no Quadro 8.

QUADRO 8 – VALORES DE REFERÊNCIA PARA O POTENCIAL


DE AQUECIMENTO GLOBAL (GWP) DOS GASES DE EFEITO
ESTUFA, TOMANDO COMO REFERÊNCIA O CO2
Designação industrial/Nome comum/
GWP (100 anos)
Fórmula
CO2 1
CH4 21
N2O 310
CFC-11 3800
Halon-1301 5400

FONTE: Forster et al. (2007, p. 84)

As emissões e as concentrações desses gases são acompanhadas


por diversas entidades ao longo de muitos anos. Uma dessas entidades é a
Organização Meteorológica Mundial (OMM - World Meteorological Organization).
A OMM, em seu relatório mais recente, observou que no período de 2015 a 2019
houve um aumento de 18% na concentração de CO2 em comparação ao período
analisado anteriormente, de 2011-2015 (Figura 11). Além disso, o relatório
identificou o aumento da acidificação do oceano (WMO, 2020).

89
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 11 − CONCENTRAÇÃO DE CO2

FONTE: WMO (2020, p. 5)

A acidificação dos oceanos é outra consequência das emissões de CO2. O


dióxido de carbono é absorvido pelos oceanos, alterando o seu pH (potencial
hidrogeniônico) e consequentemente afetando diversos organismos marinhos,
entre eles os corais. Além disso, podem ocorrer efeitos nas taxas de reprodução e
crescimento em diversas espécies, o que acarretaria também efeitos econômicos
(CARMO; POLETTE; TURRA, 2019).

É importante relacionar os impactos descritos anteriormente e perceber que


diferentes fontes de poluição podem desencadear uma ampla gama de impactos
ambientais em diversas escalas e magnitudes. Para isso, é fundamental o uso de
ferramentas que visem à quantificação e prevenção desses impactos.

Serão apresentadas a seguir algumas dessas ferramentas (Norma ABNT


NBR ISO 14001; avaliação do ciclo de vida; ecodesign; produção mais Limpa -
P+L; inventário de gases do efeito estufa) que são aplicáveis em diversos setores
e podem, até mesmo, serem implementadas de forma conjunta.

• ABNT NBR ISO 14001:2015 (Sistema de Gestão Ambiental)

A Norma 14001 possui requisitos a serem atendidos para a implantação de


um sistema de gestão ambiental com a possibilidade de certificação do sistema de

90
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

gestão. Após a implantação do sistema, esses requisitos são avaliados por meio
de auditorias internas e externas de forma periódicas, para verificar o atendimento
de todos os itens exigidos e recomendar a certificação.

A norma 14001 permite que uma organização adote uma abordagem


sistemática para atuação na gestão ambiental de suas atividades. Para isso,
busca-se um equilíbrio entre as questões ambientais e socioeconômicas. Essa
norma possui abordagens para sua implantação, sendo elas (ABNT, 2015, p. 8):

• Proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos


impactos ambientais adversos.
• Mitigação de potenciais efeitos adversos das condições
ambientais na organização.
• Auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e
outros requisitos.
• Aumento do desempenho ambiental.
• Controle ou influência no modo em que os produtos e serviços
da organização são projetados, fabricados, distribuídos,
consumidos e descartados, utilizando uma perspectiva do ciclo
de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos
impactos ambientais dentro do ciclo de vida.
• Alcance financeiro e operacionais que podem resultar da
implementação de alternativas ambientais que reforçam a
posição da organização no mercado.
• Comunicação de informações ambientais para as partes
interessadas.

A implantação dos requisitos da norma auxilia na gestão dos aspectos


ambientais relacionados à atividade exercida e de forma mais recente, introduzindo
a perspectiva do ciclo de vida como requisito. Essa perspectiva auxilia na visão
completa do processo produtivo da empresa, desde o recebimento de matérias-
primas até o descarte de seu produto.

Essa norma não é de aplicação compulsória, ou seja, as organizações podem


aderir voluntariamente aos requisitos e estruturas existentes. Contudo, essa
norma vem sendo utilizada por órgãos ambientais como base para a ampliação
do prazo de renovação das licenças ambientais de operação.

• AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV)

A avalição do ciclo de vida (ACV) é uma ferramenta utilizada para


quantificação de impactos ambientais por meio do levantamento detalhado de
informações ao longo de toda a cadeia produtiva e é orientada pelas normas
ABNT NBR ISO 14040:2009 e ABNT NBR ISO 14044:2009. Essa ferramenta
permite auxiliar na tomada de decisão com base nos impactos associados ao
produto analisado.

91
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Segundo a ABNT (2009, p. 2), a ACV é definida como uma “compilação


e avaliação das entradas, saídas e dos impactos ambientais potenciais de um
sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida”.

A execução de um estudo de ACV é composto principalmente por quatro


fases, sendo elas (ABNT, 2009):

• Definição de objetivo e escopo: nessa fase são definidos qual o grau


de aprofundamento e detalhamento do estudo de acordo com o objetivo
que se deseja atingir. O escopo incluiu a fronteira do sistema, ou seja, os
limites do estudo.
• Análise de inventário: nessa fase são realizadas as coletas de dados
dos processos (entradas e saídas) de acordo com o objetivo que
pretende atingir.
• Avaliação de impactos: fornece informações para auxiliar na avaliação
dos resultados do inventário, resultando nos impactos ambientais.
• Interpretação: são elaboradas as conclusões e discussões para
embasar a tomada de decisão com bases nas análises das fases
anteriores.

Em um estudo de ACV, diversos impactos são avaliados, entre eles:


mudanças climáticas; acidificação; ecotoxicidade; toxicidade humana; depleção
da camada de ozônio; uso do solo; material particulado e outros.

• PRODUÇÃO + LIMPA (P+L)

Uma ferramenta complementar ao SGA (Sistema de Gestão Ambiental),


visando às ações de redução e controle dos impactos ambientais na fonte, são as
estratégias de Produção + Limpa (P+L). Ometto et al. (2019, p. 619) descreve a
Produção + Limpa como:

Estratégias proativas voltadas, predominantemente, aos


processos produtivos e cujo objetivo é reduzir a geração de
poluentes na fonte geradora, promovendo o uso racional dos
recursos naturais e evitando as abordagens tradicionais de fim
de tubo: tratamento e disposição de resíduos.

A metodologia é dividida em etapas que abrangem a formação da equipe


responsável pela implementação da metodologia (planejamento e organização),
avaliação qualitativa e quantitativa das fontes de geração de resíduos, causas
e oportunidades de melhorias a serem implementadas (identificação das
oportunidades), análise da viabilidade com base em critérios predefinidos

92
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

para escolha da melhor opção (análise da viabilidade) e, por fim, ocorre a


implantação das opções definidas, as quais serão monitoradas periodicamente
(implementação e manutenção) (OMETTO et al., 2019).

• Inventário de Gases do Efeito Estufa (GEE)

O inventário de GEE possui diversos objetivos, entre eles: a gestão de


riscos de emissões, a identificação de formas para a redução e a remoção ou
compensação dessas emissões. Para isso, atualmente, um dos protocolos mais
reconhecidos é o GHG Protocol, que possui práticas para a contabilização e
divulgação das emissões de GEE corporativos (CALONI, 2012). O Inventário
de Gases do Efeito Estufa possui obrigatoriedade (para alguns setores) na
apresentação das informações aos órgãos ambientais de estados, como Rio de
Janeiro e São Paulo.

As ferramentas apresentadas anteriormente são utilizadas de uma forma


bastante ampla e em diversos setores. No entanto, a identificação de impactos
ambientais no âmbito de estudos de impactos ambientais (EIAs) também possuem
metodologias que auxiliam nesse processo.

Dessa forma, a avaliação e a identificação dos impactos ambientais devem


ser realizadas de forma muito bem embasadas para que as indicações possam
auxiliar na tomada de decisão. A seguir apresentaremos algumas metodologias
para a identificação de impactos ambientais na ordem proposta por Braga et al.
(2005), analisada e complementada por Sánchez (2013), as quais podem variar
de acordo com a situação.

• Método ad hoc ou julgamento de especialistas: esse método é


aplicável em diversas etapas durante as avaliações de impacto, entre
elas: escolha e definição de alternativas locacionais, prognóstico
dos impactos, definição de medidas mitigadoras etc. Consiste na
identificação prévia e envio de questões relevantes a especialistas do
ramo da atividade que se está analisando. Esses especialistas, por meio
de reuniões, buscam um consenso sobre os itens analisados. Um dos
métodos utilizados é o Método Delphi (MONTAÑO; RANIERI, 2019).
• Listagem de controle: esse método utiliza listagens de fatores
ambientais relacionados ao meio físico, social e econômico e que sejam
considerados relevantes. Dentro desse método ainda ocorre a subdivisão
em outras formas de listagem, com diferentes níveis de complexidade
(BRAGA et al., 2005; MONTAÑO; RANIERI, 2019):

93
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

° Listagem descritiva: utiliza listagens descritivas que orientam a


elaboração das avaliações de impacto (MONTAÑO; RANIERI, 2019).
° Listagem em questionário: conjunto de questões para que sejam
respondidas, podendo incluir impactos diretos, indiretos e medidas
mitigadoras. A listagem de questões é dividida em categorias amplas,
como ecossistema terrestre, vetores de doenças e outros, sendo
que para cada categoria são elaborados questionários específicos
com instruções de preenchimento e classificação dos impactos
resultantes (BRAGA et al., 2005; MONTAÑO; RANIERI, 2019).
° Listagem ponderais: são baseados em listagens de parâmetros
ambientais, em que “a importância de cada parâmetro com relação
à soma dos impactos do projeto é dada pela atribuição de pesos”. O
método de Battelle é o mais aplicado nesse tipo de listagem (BRAGA
et al., 2005, p. 271).
• Superposição de cartas: esse método é realizado por meio da
elaboração e combinação de mapas dos fatores ambientais afetados
por uma determinada atividade. Podem combinar fatores de restrição de
determinadas áreas para o desenvolvimento da atividade, como mapas
geológicos, tipologias de solos, cobertura vegetal etc. Esse método pode
ser aplicável, por exemplo, na definição de traçados para instalação
de Linhas de Transmissão (BRAGA et al., 2005; MONTAÑO; RANIERI,
2019).
• Redes de interação: também são conhecidas por análises de causa-
efeito e tem como principal objetivo destacar os impactos associados a
determinadas atividades, ou seja, impactos diretos e indiretos (BRAGA
et al., 2005; MONTAÑO; RANIERI, 2019). Sánchez (2013) exemplifica
esse método por meio do diagrama de interação de uma atividade de
terraplanagem, conforme descrito na Figura 12.

94
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

FIGURA 12 − DIAGRAMA DE INTERAÇÃO PARA UMA


ATIVIDADE DE TERRAPLANAGEM

FONTE: Sánchez (2013, s.p.)

• Matrizes de interação: as matrizes de interação são uma das


metodologias mais utilizadas para identificação dos impactos nos
empreendimentos. Basicamente, as matrizes são compostas por
duas listagens, dispostas em linhas e colunas. Uma lista contém as
ações (podem causar impactos ambientais) de um determinado
empreendimento e na outra os processos ambientais (componentes
ambientais que podem ser afetados por ações humanas). O objetivo
é identificar as interações possíveis entre os componentes do projeto
e os elementos do meio (SÁNCHEZ, 2013). Uma das matrizes mais
conhecida é a Matriz de Leopold. Originalmente essa matriz dispõe de
88 processos ambientais e 100 ações, resultando em 8800 interações.
Nesses itens são preenchidas as informações com a magnitude e
a importância dos impactos em uma escala de 1 a 10, com sinais de
“+” para impactos positivos, e “-” para negativos (BRAGA et al., 2005).
Atualmente, existem variações dessa matriz incluindo análises de

95
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

diferentes aspectos dos impactos.


• Impactos sociais: a avaliação e a identificação dos impactos sociais
fazem uso de metodologias participativas, pautadas na análise de
informações sobre estilos de vida, necessidades e aspirações da
população envolvida, e quais as consequências nos locais onde ocorrerá
a implantação do empreendimento (MONTAÑO; RANIERI, 2019).
• Custo/Benefício: Montaño e Ranieri (2019, p. 604) descrevem que essa
relação tem como objetivo “comparar o valor monetário dos benefícios
associados à ação em análise com o valor de seus custos”. Contudo,
os autores destacam que suas principais desvantagens são o nível de
generalização e incerteza em torno dos valores.

Após a identificação dos impactos, destacaremos uma fase que demanda


profundas discussões e análises. Trata-se da avaliação de importância dos
impactos. Essa não é uma tarefa simples, pois a equipe responsável pela análise
dos impactos, ao definir o grau de magnitude e/ou importância, poderá incorrer a
erros, subestimando ou superestimando tais impactos ambientais. As principais
funções dessa etapa em um EIA são:

• Interpretar o significado dos impactos ambientais identificados.


• Facilitar a comparação de alternativas.
• Determinar a necessidade de medidas adicionais para evitar,
reduzir ou compensar os impactos adversos e valorizar os
impactos benéficos.
• Determinar a necessidade de modificações de projeto (ou
desenvolvimento de novas alternativas), caso os impactos
adversos não sejam aceitáveis (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Sánchez (2013) ainda destaca que a etapa de definição da importância dos


impactos é baseada no diagnóstico ambiental, em que já houve a previsão dos
impactos ambientais e sua distribuição espacial e temporal. Esse item também
adquire importância por estar previsto na Resolução CONAMA 001/1986
(BRASIL, 1986, s.p.) em seu artigo 6°, em que destaca as atividades a serem
desenvolvidas durante um EIA:

II- Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas


alternativas, através de identificação, previsão da magnitude
e interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio
e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.

96
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

Alguns atributos descritos no Quadro 9 podem ser considerados para auxiliar


na descrição dos impactos. Uma das principais diretrizes a serem observadas
é que, para se definir a significância de um impacto, utiliza-se a associação
entre a sua importância ambiental e a magnitude desse impacto, que fornecerão
subsídios para a definição das medidas mitigadoras e compensatórias, bem
como a elaboração de programas de monitoramento para a atividade em questão
(SÁNCHEZ, 2013).

QUADRO 9 − ATRIBUTOS DE IMPORTÂNCIA DOS IMPACTOS


ATRIBUTO CARACTERÍSTICA
Descreve o caráter positivo ou negativo (benéfico ou adverso) de cada im-
Expressão
pacto.
Causa ou fonte do impacto, direto ou indireto; impactos diretos são aque-
les que decorrem das atividades ou ações realizadas pelo empreendedor,
por empresas por ele contratadas, ou que por eles possam ser controladas;
Origem
impactos indiretos são aqueles que decorrem de um impacto direto cau-
sado pelo projeto em análise, ou seja, são impactos de segunda ou terceira
ordem.
Os impactos temporários são aqueles que só se manifestam durante uma
ou mais fases do projeto e que cessam quando termina essa fase. Impactos
Duração permanentes representam uma alteração definitiva de um componente do
meio ambiente ou, para efeitos práticos, uma alteração que tem duração
indefinida.
Impactos imediatos são aqueles que ocorrem simultaneamente à ação que
os gera; impactos a médio ou longo prazo são os que ocorrem com uma
Escala temporal certa defasagem em relação à ação que os gera; uma escala arbitrária pode-
ria definir prazo médio como da ordem de meses, e o longo da ordem de
anos.
Capacidade do sistema (ambiente afetado) de retornar ao seu estado ante-
Reversibilidade rior, caso (A) cesse a solicitação externa, ou (B) seja implantada uma ação
corretiva.
Referem-se, respectivamente, à possibilidade de os impactos se somarem
Cumulatividade e ou se multiplicarem; impactos cumulativos são aqueles que se acumulam
sinergismo no tempo ou no espaço, e resultam de uma combinação de efeitos decor-
rentes de uma ou diversas ações.
(A) impactos locais são aqueles cuja abrangência se restrinja aos limites das
áreas do empreendimento; (B) impacto linear é aquele que se manifesta ao
longo das rodovias de transporte de insumos ou de produtos; (C) abrangên-
cia municipal é usada para os impactos cuja área de influência esteja rela-
Escala espacial
cionada aos limites administrativos municipais; (D) escala regional é empre-
gada para os impactos cuja área de influência ultrapasse as duas categorias
anteriores, podendo incluir todo o território nacional; e (E) escala global
para os impactos que potencialmente afetem todo o planeta.

97
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

O grau de incerteza acerca da ocorrência de um impacto; os impactos po-


dem ser classificados, por exemplo, de acordo com a seguinte escala qual-
itativa: (A) certa, quando não há incerteza sobre a ocorrência do impacto;
(B) alta, quando, baseado em casos similares e na observação de projetos
Probabilidade de
semelhantes, estima-se que é muito provável que o impacto ocorra; (C)
ocorrência
média, quando é pouco provável que se manifeste o impacto, mas sua ocor-
rência não pode ser descartada; (D) baixa, quando é muito pouco provável
a ocorrência do impacto em questão, mas, mesmo assim, essa possibilidade
não pode ser desprezada.
Grandeza de um impacto de forma absoluta e definida como a medida
Magnitude da mudança de valor de um fator ou parâmetro ambiental (qualitativo ou
quantitativo). Pequena, média e grande.
Ponderação do grau de significância de um impacto em relação ao fato am-
Importância
biental afetado. Pode ser segregado como: importante, moderado ou fraco.

FONTE: Adaptado de Santos (2004) e Sánchez (2013)

Dessa forma, chegamos ao final da nossa seção que trata sobre impactos
ambientais. Abordamos diversos conceitos e, principalmente, ferramentas que
podem ser utilizadas na identificação, classificação e quantificação de impactos
ambientais.

1 - Cite e descreva duas ferramentas utilizadas para a quantificação


de impactos ambientais, normalmente utilizadas de forma
preventiva e não obrigatórias.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Cite e descreva cinco atributos associados à análise de


importância de impactos ambientais.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

98
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do nosso capítulo que tratou sobre as fases de
diagnóstico ambiental, indicadores ambientais e impactos ambientais. Ao longo
deste capítulo, verificamos a importância e a aplicação da fase de diagnóstico,
como ela pode ser aplicada em setores como empreendimento urbanos, rurais
etc. Além disso, analisamos qual a importância dos estudos base que pautam a
fase de diagnósticos em um EIA.

Nos indicadores, revisamos alguns conceitos relacionados à construção de


indicadores ambientais e como auxiliam no acompanhamento de processos e sua
aplicação em estudos ambientais.

Ao final, abordamos diversas informações sobre os impactos ambientais,


como estão presentes em nossa realidade e principalmente como algumas
ferramentas existentes podem auxiliar na prevenção e mitigação desses impactos,
tanto em ambientes corporativos como em estudos de impactos.

Em nosso próximo capítulo abordaremos as questões relacionadas à tomada


de decisão em estudos ambientais, o zoneamento ambiental e principalmente o
papel da educação ambiental nesses processos.

Esperamos que tenha sido aproveitado o conteúdo apresentado.

REFERÊNCIAS
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Janeiro: ABNT, 2009.

ABNT. Sistemas de gestão ambiental: requisitos com orientações para uso −


NBR ISO 14001. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

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ALMEIDA, D. S. de. Diagnóstico ambiental. 3. ed. Ilhéus: Editus, 2016.

99
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

BELLUCO, C. G. Indicadores de produtividade aplicados à criminalística


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BITAR, O. Y. Guia Cartas Geotécnicas: orientações básicas aos municípios.


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sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento
de efluentes, e dá outras providências. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 21 abr. 2020.

BRASIL. Resolução CONAMA n. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre


as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a
Resolução n. 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente-CONAMA. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/
legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 21 abr. 2020.

BRASIL. Lei n. 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política


Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação,
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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CALONI, F. B. B. A. Gestão do inventário e do monitoramento de emissões


de gases de efeito estufa em cidades: o caso do Rio de Janeiro. 2012. Tese
(Doutorado em Planejamento Energético) – Programa de pós-graduação em
Planejamento Energético, Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto

100
Capítulo 2 Impactos Ambientais e Indicadores

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104
C APÍTULO 3
Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Reconhecer a importância do zoneamento ambiental.

• Relacionar o zoneamento ambiental como um instrumento


de prevenção e controle de impactos ambientais.

• Reconhecer os critérios para a tomada de decisão.

• Conhecer as políticas de educação ambiental, suas aplicações e princípios.

• Estimular a criticidade na análise de informações ambientais.

• Auxiliar na tomada de decisão com base em informações ambientais.

• Utilizar ações de educação ambiental para a


prevenção de impactos ambientais.
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

106
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No capítulo anterior estudamos sobre os impactos ambientais, buscando
conhecer os critérios gerais da legislação ambiental, analisando padrões de
prevenção e controle de danos ambientais ocasionados por atividades antrópicas,
bem como a aplicação de medidas mitigatórias.

Agora, passaremos a estudar o zoneamento ambiental que visa buscar a


melhor relação entre as atividades antrópicas e o meio ambiente e que é uma
importante ferramenta para o planejamento ambiental. Com a delimitação de
zonas ambientais será possível agrupar áreas de um determinado território para
orientar os processos de instalação de projetos/empreendimentos e a tomada
de decisão de forma organizada, legal, e que busca a melhor relação entre as
atividades antrópicas e o meio ambiente frente ao planejamento ambiental.
Corroborando com esse processo, inserem-se as atividades de educação
ambiental que buscam construir valores e conhecimentos entre os indivíduos e a
coletividade voltados para a conservação do meio ambiente e da sadia qualidade
de vida.

Neste capítulo, vamos estudar separadamente cada tema, em três seções.


Na primeira seção, vamos falar sobre o zoneamento ambiental. Para isso, vamos
fazer um resgate histórico da legislação sobre o tema, passando pelos conceitos e
sua importância. Também serão introduzidas etapas para elaborar o zoneamento,
passando por escalas de elaboração e formas de apresentar os resultados,
objetivando fundamentar a tomada de decisão.

Na seção seguinte, iremos abordar a tomada de decisão. A tomada de


decisão tem grande importância dentro dos projetos que envolvem atividades
potencialmente causadoras de danos ambientais, pois pode definir a aprovação
ou não de um projeto, bem como exigir medidas mitigatórias e de compensação.
Nesta seção também vamos apresentar a importância da participação da
sociedade civil nesse processo.

Para a última seção será abordado o tema educação ambiental, permeando


pelos seus aspectos legais, conceitos e importância de uma visão sistêmica,
incluindo o ser humano como parte integrante do meio ambiente, para poder
expressar opiniões, bem como tomar decisões mais assertivas com relação aos
projetos que possam gerar impactos ambientais.

Com isso, neste capítulo, temos o objetivo de apresentar uma ferramenta


importante para a tomada de decisão assertiva que compõe o planejamento
ambiental e o zoneamento ambiental, ocasionando, dessa forma, menores

107
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

impactos ambientais oriundos de atividades antrópicas. Nesse processo,


apresentaremos também a educação ambiental que se mostra uma ferramenta
eficiente para formação dos sujeitos envolvidos diretamente no processo, bem
como para abordar o assunto com a população em geral.

2 ZONEAMENTO AMBIENTAL
No capítulo anterior vimos sobre a avaliação dos impactos ambientais e
como esses podem ser abordados em diferentes escalas e âmbitos de atuação,
passando pelas etapas do diagnóstico, caminhando pelos indicadores e
finalizando com os impactos.

Neste capítulo, vamos tratar de um tema que está diretamente ligado com
o tema anterior, que é o zoneamento ambiental. Por meio do zoneamento, você
poderá compartimentar uma região em porções territoriais com características
homogêneas e, a partir disso, definir locais importantes para a implantação
de atividades econômicas de acordo com os prováveis impactos ambientais
ocasionados, além de definir medidas mitigatórias para a implantação de
empreendimentos que não podem ter mudanças significativas no local de
implantação, como instalação e/ou duplicação de rodovias. Posteriormente,
iremos abordar os processos para tomada de decisão e, em seguida, daremos
destaque para as atividades de educação ambiental com vistas à mitigação de
possíveis impactos ocasionados pela implantação de atividades.

Inicialmente, faremos um breve histórico do processo de compartimentação


dos territórios, também chamado de zoneamento territorial, que foi o início das
discussões para chegar ao termo utilizado hoje, que é o zoneamento ambiental.
Para Ross (2009), o processo de zoneamento iniciou com a integração de análises
em geografia, há muito tempo, com os australianos, russos/soviéticos, franceses
e alemães, que buscavam caminhos voltados para o ordenamento territorial e,
consequentemente, planejar o uso racional dos recursos naturais, considerando
as potencialidades e fragilidades dos sistemas ambientais. O autor ainda afirma
que, a partir da década de 1970 e 1980, as pesquisas geográficas integradas
voltaram-se para as questões ambientais, com destaque para temas que já
vimos nos capítulos anteriores, como os estudos de impactos ambientais (EIA),
diagnósticos ambientais, zoneamento e planejamento ambiental. Esses temas
culminaram no fornecimento de estruturas que subsidiam a gestão territorial com
enfoque ambiental e com bases técnicas e científicas no zoneamento ambiental.

No Brasil, as bases legais iniciaram pela década de 1960, quando foi


publicado o estatuto da terra que citou pela primeira vez o zoneamento, voltado às
regiões dirigidas para a agricultura. Posteriormente, foram criadas outras regras
para organizar, de forma ainda melhor, a ocupação do território, tendo em vista
108
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

a crescente preocupação com as questões ambientais. Em uma retrospectiva


histórica simplificada, buscamos sintetizar a evolução das leis, referente aos
principais marcos do planejamento territorial (zoneamento) no Brasil, que
apresentamos no Quadro 1.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS LEIS E INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS


NO PLANEJAMENTO TERRITORIAL NO BRASIL
ANO INSTRUMENTO LEGAL
Publicação da Lei nº 4504 de 30 de novembro de 1964 − Estatuto
da Terra. Primeira Lei a mencionar o zoneamento, sendo, nesse
1964
caso, agrícola que visava identificar regiões homogêneas agrícolas
e/ou socioeconômicas.
Publicação da Lei nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979 – Par-
celamento do solo urbano. Estabelece que os Estados, o Distrito
1979
Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementa-
res relativas ao parcelamento do solo municipal.
Publicação do Decreto-Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980, que
1980 estabeleceu a necessidade de integrar as atividades industriais e a
proteção ambiental.
Publicação da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938,
1981 de 31 de agosto de 1981, que estabelece o zoneamento ambiental
como instrumento de planejamento.
Publicação do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, Lei
Federal nº 7.661, de 1988, que mencionou o Zoneamento da Zona
costeira como Instrumento de gestão.
1988
Publicação do Decreto Federal nº 96.660, de 6 de setembro de
1988, que deu normas para a implementação do ZEE no zonea-
mento costeiro.
Publicação da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, conhecida
como Estatuto da Cidade, que estabelece normas de ordem pública
2001 e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol
do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem
como do equilíbrio ambiental.
Publicação do Decreto Presidencial nº 4.297, de 10 de julho, que
2002 regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, estabelecendo critérios para o ZEE.
Publicação do Decreto Federal nº 5.300 que regulamentou o Plano
Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei nº 7.661/88) e determinou
2004
a aplicação de diversos instrumentos de gestão do ZC, entre eles o
ZEE Costeiro (ZEEC) em seu art.7º, inciso VIII.
FONTE: Adaptado de MMA (2010 apud FERREIRA, 2011)

109
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Dessa forma, pode-se perceber nesse breve resumo histórico da legislação


que o zoneamento territorial vem sendo discutido há muito tempo e, com o passar
dos anos, foi tratado como zoneamento. Entretanto, é a Política Nacional de
Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981),
que define o zoneamento como um de seus instrumentos, pois traz, em seu Art.
2o, o objetivo dessa política, que é “a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981, s.p.).

Ao propor o zoneamento ambiental e integrar de forma ordenada em todo


país, Ross (2009, p. 157-158) cita que essa integração traz benefícios para toda
a comunidade, como:

• Contribuição para melhorar a eficácia das políticas públicas


de desenvolvimento e meio ambiente.
• Diminuição das taxas de risco dos investimentos públicos e
privados, pela utilização de uma segura rede de informações e
de alta capacidade de análise dos problemas e potencialidades
sociais e ambientais.
• Redução dos custos de implantação das obras de
infraestrutura, em decorrência do aumento da capacidade de
previsão dos impactos ambientais e da melhor escolha dos
sítios para alocação dos investimentos.
• Atenuação dos riscos de insucesso ou das perdas econômicas
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
• Melhoria da capacidade de prever impactos ambientais e
sociais, decorrentes dos processos de desenvolvimento, pela
adoção de visão sistêmica.
• Identificação dos sistemas ambientais capazes de prover
serviços ambientais, cujo não uso seja importante recurso à
sustentabilidade ambiental, econômica e social.
• Aumento da capacidade de prever impactos ambientais e
sociais, decorrentes dos processos de desenvolvimento.
• Aumento da capacidade de integração dos dados e
informações dispersas setorialmente.
• Otimização do suporte tecnológico existente nas instituições
públicas.
• Contribuição para a racionalização do ordenamento do
território, com a redução das ações predatórias e indicando as
atividades sustentáveis.

O zoneamento ambiental citado na PNMA é regulamentado pelo Decreto Nº


4.297, de 10 de julho de 2002 (BRASIL, 2002a). Esse decreto, em seu Art. 1, cita
que o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil (ZEE) é um instrumento da
Política Nacional do Meio Ambiente, ou seja, o ZEE é tratado como sinônimo de
zoneamento ambiental.

110
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

O Decreto Nº 4.297/2002 trata em seu Art. 2º que o Zoneamento Ecológico-


Econômico do Brasil – ZEE – é um:

[...] instrumento de organização do território a ser


obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e
atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões
de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação
da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável
e a melhoria das condições de vida da população (BRASIL,
2002a, s.p.).

O Decreto deixa claro ainda o objetivo do Zoneamento Ecológico Econômico:

Art. 3o O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma


vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados
quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta
ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a
plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos
ecossistemas.
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades
econômicas, levará em conta a importância ecológica, as
limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo
vedações, restrições e alternativas de exploração do território
e determinando, quando for o caso, inclusive a localização de
atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais (BRASIL,
2002a, s.p.).

Nesse sentido, Santos (2004, p. 132) define que:

Zoneamento é a compartimentação de uma região em


porções territoriais, obtida pela avaliação dos atributos mais
relevantes e de suas dinâmicas. Cada compartimento é
apresentado como uma “área homogênea”, ou seja, zona (ou
unidade de zoneamento) delimitada no espaço, com estrutura
e funcionamento uniforme. Cada unidade tem, assim, alto
grau de associação dentro de si, com variáveis solidamente
ligadas, mas significativa diferença entre ela e os outros
compartimentos. Isso pressupõe que o zoneamento faz uma
análise por agrupamentos passíveis de ser desenhados no
eixo horizontal do território e numa escala definida.

Esse conceito deixa de forma clara que, para promover o zoneamento


ambiental, é necessário conhecer suficientemente a organização do espaço
territorial em sua totalidade e as similaridades dos elementos presentes nesse
local. Ou seja, ter o conhecimento de todo o local (espaço territorial) e dos
elementos (atributos ambientais) desse espaço geográfico para poder segmentá-
lo de acordo com sua homogeneidade, gerando categorias dentro do zoneamento
ambiental. Ao mesmo tempo, é necessário perceber claras distinções entre
as categorias formadas de tal modo que podem ser diferenciadas das outras

111
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

categorias que serão suas vizinhas quando delimitadas no espaço físico


(geográfico) de toda a área de interesse. Essa distinção poderá ser realizada com
o uso de análises múltiplas e integradoras. É através desse exercício de agrupar
e dividir que se obtém a integração das informações e o diagnóstico do local
desejado (SILVA; SANTOS, 2004).

Nesse processo, queremos enfatizar que o zoneamento dependerá da


integração de dados comuns da paisagem, que podem ser a homogeneidade
da vegetação, do solo, das características de relevo, entre outras. É importante
deixar claro que não poderá ser definida uma categoria no zoneamento ambiental
apenas pelo uso que está ocorrendo no processo de segregação da área, por
exemplo, ou por uma única atividade que está sendo desenvolvida no local de
interesse. Isso se faz necessário porque sem integração o zoneamento não é
representativo do meio.

Os componentes ambientais seriam as temáticas do meio


biofísico e socioeconômico; os fatores referem-se aos
temas utilizados em cada temática, tais como geologia,
solo, uso da terra, dentre outros, e os atributos seriam os
dados e informações obtidas de cada fator ambiental. A
delimitação dessas zonas leva em consideração o conceito
de organização hierárquica da natureza e a inter-relação entre
os fatores ambientais. É de interesse que os zoneamentos
considerem, metodologicamente, a representação do
conceito da organização de hierarquia da natureza de Naveh
e Lieberman (1994), em que o universo é considerado
como uma organização, ou seja, um todo ordenado de uma
hierarquia de sistemas estratificados em vários níveis, em que
cada nível superior é composto de níveis inferiores. Essa regra
de organização hierárquica é exibida por todas as estruturas
complexas e processos de um caráter relativamente estável. A
hierarquia entre os níveis se expressa em subsistemas; uma
estrutura englobando subestruturas; um processo que ativa
subprocessos, e assim por diante (SILVA; SANTOS, 2004, p.
231).

Os autores ainda afirmam que o zoneamento ambiental também deve


considerar que a representação das inter-relações que existem entre os fatores
ambientais passa a ser mais bem entendida a partir da compreensão dos fluxos
de matéria e energia entre componentes da natureza e da sociedade, conforme
pode ser observado na Figura 1.

112
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

FIGURA 1 – FLUXOS DE ENERGIA E MATÉRIA ENTRE OS


COMPONENTES DA NATUREZA E DA SOCIEDADE HUMANA

FONTE: BRASIL (1997 apud SILVA; SANTOS, 2004, p. 232)

Nesse sentido, as identificações e as delimitações das zonas podem estar


diretamente ligadas às concepções sobre a paisagem ou espaço geográfico. Desse
modo, podemos destacar que a abordagem geográfica se preocupa com o estudo
das paisagens modificadas pelo homem e o planejamento da ocupação territorial, em
função do conhecimento das fragilidades e das potencialidades de cada “unidade de
paisagem” – um espaço de terreno com características comuns. Sendo assim, essa
abordagem aplica-se mais a macroescalas. Por outro lado, a abordagem ecológica
tem aplicação em uma ampla gama de escalas e enfatiza as unidades da paisagem
como cada unidade componente da paisagem, como um ecossistema (METZGER,
2001).

Entretanto, independentemente de ser abordagem geográfica ou ecológica, muitas


vezes, você poderá perceber que ocorre uma sinonimização, ou seja, a utilização dos
termos planejamento e zoneamento expressando o mesmo sentido, porém não é. Isso
113
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

passa a ser entendido como um erro conceitual. Há uma diferença entre planejamento
e zoneamento. O zoneamento trata de uma estratégia metodológica, o qual representa
uma etapa do planejamento. O zoneamento define espaços com base em critérios de
agrupamentos preestabelecidos (SANTOS, 2004). O zoneamento ambiental é uma
estratégia adotada para avaliar um território em planejamentos ambientais (SILVA;
SANTOS, 2004). Já o planejamento determina diretrizes e metas a serem alcançadas
inseridas em um cenário temporal para tais espaços (SANTOS, 2004).

Quando o zoneamento está finalizado, há todo um trabalho


adiante de definição de diretrizes, programas, participação
pública, consenso, entre outros cenários e definição de
premissas gerenciais. Em suma, o especialista que finaliza
o trabalho no zoneamento não realizou um planejamento
(SANTOS, 2004, p. 133).

O zoneamento de um determinado território é um trabalho interdisciplinar passível


do uso de análise numérica (quantitativo), dentro do enfoque analítico (critérios adotados
a partir do inventário dos principais temas) e sistêmico (estrutura para integração dos
temas e aplicação dos critérios, resultando em síntese das informações), e com vistas
a orientar a revisão e/ou formulação de políticas de pesquisa e conservação e manejo
integrado de recursos naturais (SILVA; SANTOS, 2004).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2009 apud MMA, 2018, p.


23), o processo de zoneamento ambiental, deve ser executado em quatro fases de
trabalho, abrangendo o “planejamento do projeto, o diagnóstico, o prognóstico e a
implementação. Cada uma dessas fases precisa ter uma conexão de atividades,
tarefas e produtos bem definidos a fim de proporcionar uma rotina de aperfeiçoamento
e realimentação”, conforme pode ser observado na Figura 2.

FIGURA 2 – FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DO ZONEAMENTO AMBIENTAL

FONTE: MMA (2009 apud MMA, 2018, p. 23)

114
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Diante do exposto, para fins de reconhecimento pelo Poder Público Federal,


conforme o Decreto Nº 6.288/2007 (BRASIL, 2007, s.p.), que prevê em seu Art.
6-A que o “ZEE [sinônimo de zoneamento ambiental] deverá gerar produtos e
informações” em diferentes escalas. Mesmo que as áreas de implantação dos
projetos possam ser de tamanho pequeno e/ou dependendo do objetivo que
poderá ser utilizada no futuro, seu ZEE deverá ser elaborado nas diferentes
escalas, conforme pode ser observado no Quadro 2.

QUADRO 2 – ESCALAS DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-


ECONÔMICO: ZEE E SUAS RESPECTIVAS FUNÇÕES

ESCALAS DO ZEE FUNÇÕES DO ZEE SEGUNDO AS


ESCALAS
ZEE nacional na escala de apresen- Nas escalas de 1:1.000.000, para
I tação 1:5.000.000 e de referência indicativos estratégicos de uso do
1:1.000.000. território, definição de áreas para
detalhamento do ZEE, utilização
ZEE macrorregionais na escala
como referência para definição de
II de referência de 1:1.000.000 ou
prioridades em planejamento terri-
maiores.
torial e gestão de ecossistemas.
Nas escalas de 1:250.000 e
ZEE dos Estados ou de Regiões nas maiores, para indicativos de gestão
escalas de referência de 1:1.000.000 e ordenamento territorial estadual
a 1:250.000 nas Macrorregiões ou regional, tais como definição
III Norte, Centro-Oeste e Nordeste, e dos percentuais para fins de re-
de 1:250.000 a 1:100.000 nas Mac- composição ou aumento de reserva
rorregiões Sudeste, Sul e na Zona legal, nos termos do § 5º do art. 16
Costeira. da Lei nº 4.771, de 15 de setembro
de 1965.
Nas escalas locais de 1:100.000
e maiores, para indicativos opera-
cionais de gestão e ordenamento
territorial, tais como planos direto-
ZEE local nas escalas de referência
IV res municipais, planos de gestão
de 1:100.000 e maiores.
ambiental e territorial locais, usos
de Áreas de Preservação Perma-
nente, nos termos do art. 4º da Lei
nº 4.771, de 1965.
FONTE: Adaptado de Brasil (2007)

115
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Para maiores informações, consulte o Decreto n. 6.288, de 6


de dezembro de 2007, na íntegra, no link: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6288.htm#art2

A fim de esclarecer os zoneamentos apresentados no Quadro 2, vamos


apresentar alguns exemplos de ZEE em diferentes escalas e regiões do país.

Neste primeiro exemplo (Figura 3), apresentamos um mapa do Brasil com o


Zoneamento Ecológico-Econômico dos Eixos Nacionais como parte integrante do
Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal (BRASIL, 2006).

FIGURA 3 – ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO DO BRASIIL


(EIXOS DO PPA) REPRESENTANDO OS SISTEMAS ECOLÓGICOS

FONTE: <http://www.zeeppa.cnpm.embrapa.br/ppa/mapa/
msist.html>. Acesso em: 20 maio 2020

116
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Ao exemplificar regiões com maior nível de detalhe, chegamos aos


macrozoneamentos regionais. Uma região que é comum ouvir falar na mídia
aberta, principalmente em reportagens de desmatamento ilegal, é a Amazônia
Legal. Você já ouviu falar na Amazônia legal?

A Amazônia Legal é uma área de 5.217.423 km², que


corresponde a 61% do território brasileiro. Além de abrigar todo o
bioma Amazônia brasileiro, ainda contém 20% do bioma Cerrado
e parte do Pantanal mato-grossense. Ela engloba a totalidade dos
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins e parte do estado do Maranhão. Apesar de
sua grande extensão territorial, a região tem apenas 21.056.532
habitantes, ou seja, 12,4% da população nacional e a menor
densidade demográfica do país (cerca de 4 habitantes por km²). Nos
nove estados residem 55,9% da população indígena brasileira, cerca
de 250 mil pessoas (OECO, 2014).

O Programa Zoneamento Ecológico-Econômico está coordenando a


implementação do MacroZEE da Amazônia Legal através de diversas ações. Com
isso, um dos produtos dessa ação é o Mapa Integrado dos ZEEs dos Estados
da Amazônia Legal, proporcionando, dessa forma, um primeiro passo para a
consolidação de uma base de informações integrada, articulando uma perspectiva
macrorregional para orientar as políticas públicas e criar as condições de efetiva
implementação do ZEE na região (MMA, 2006) (Figura 4).

117
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 4 – MACROZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DA AMAZÔNIA LEGAL

FONTE: <https://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_
arquivos/>. Acesso em: 20 maio 2020.

Esse mapa é interativo. Aproveite esse momento para acessar


o link: https://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos. Lá você
poderá ver a legenda do zoneamento que está destacado no mapa,
bem como consultar informações mais detalhadas de cada estado.

Os zoneamentos ecológicos-econômicos dos estados ou regiões também


geram mapas de relevante importância para direcionar e/ou orientar o uso e
a ocupação racional de determinadas áreas, bem como buscar modelos de
desenvolvimento sustentável. Veja na Figura 5 o mapa do Acre, gerado para
subsidiar a gestão territorial de seu estado.

118
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

FIGURA 5 – MAPA DE SUBSÍDIOS À GESTÃO TERRITORIAL


E AMBIENTAL DO ESTADO DO ACRE

FONTE: Adaptado de Miranda (2019)

Deixamos dois links para você aprofundar ainda mais o seu


conhecimento sobre zoneamento dos Estados. Aproveite para
procurar se seu Estado tem ZEE no site do MMA acessando ao link:
https://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-territorial/zee-
nos-estados.html

Você poderá consultar a situação de cada Estado, os projetos


desenvolvidos, as escalas de trabalho, a situação do ZEE, entre
outras informações, no link: https://www.mma.gov.br/images/
arquivo/80253/Estados/Informacoes_ZEE_2018_novo.pdf

Ao partirmos para o ZEE local, podemos utilizar como exemplo o


planejamento urbano municipal, que encontra-se previsto na Constituição Federal
de 1988, no capítulo que trata sobre os municípios, com o objetivo de promover
adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano (BRASIL, 1988).

119
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Nesse sentido, para alcançar um planejamento que englobe todas as


necessidades municipais, considerando a peculiaridade de cada região, alguns
instrumentos podem ser trabalhados para assegurar a melhoria da qualidade
de vida da população. O Art. 4, inc. III, da lei 10.257/2001, conhecido como
Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), apresenta um conjunto de instrumentos
necessários à implementação e efetivação da política urbana. Em se tratando do
planejamento municipal, sendo que aqui queremos apresentar apenas o que está
mais direcionado para o zoneamento ambiental, destacamos alguns instrumentos
especiais, como: plano diretor; disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação
do solo; zoneamento ambiental, entre outros.

Para exemplificar, vamos trazer o exemplo do levantamento de uso e


ocupação do solo do município do Rio de Janeiro, que foi realizado em 2009.
Esse estudo resultou no mapeamento da cidade baseado na interpretação de
ortofotos na escala 1:10.000 para as áreas urbanizadas e 1:50.000 para as áreas
não urbanizadas presente na Figura 6. Para tal, foram definidas e caracterizadas
16 classes segundo as características de uso e ocupação do solo.

Ortofoto é a foto corrigida de todas as deformações presentes


na fotografia aérea, decorrentes da projeção cônica da fotografia
− que dá à foto um aspecto distorcido, como se a imagem tivesse
sido arrastada do centro para as bordas da foto − e das variações do
relevo, que resultam em variação na escala dos objetos fotografados.
A ortofoto equivale geometricamente ao mapa de traço, todos os
pontos se apresentam na mesma escala, podendo seus elementos
serem medidos e vetorizados com precisão. É possível medir
distâncias, posições, ângulos e áreas, como num mapa qualquer.

FONTE: <https://mundogeo.com/2000/12/01/ortofoto-a-imagem-que-
e-um-mapa/>. Acesso em 11 jul. 2020

120
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

FIGURA 6 – ZONEAMENTO DO USO DO SOLO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

FONTE: IPP (2009 apud FERREIRA, 2011, p. 63)

As 16 classes de uso e ocupação de solo podem ser


consultadas acessando ao trabalho de Ferreira (2011), nas
páginas 61 e 62, pelo link: http://objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_m/
VeraJaneRuffatoPereiraFerreira.pdf

Um exemplo mais detalhado pode ser observado no recorte da cidade de


São Paulo (Figura 7), com zoneamento que irá nortear o crescimento da cidade
segundo proposta de uso e ocupação do solo.

121
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 7 – RECORTE DA CIDADE DE SÃO PAULO COM


ZONEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DE SOLO

FONTE: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/04/1621266-mapa-interativo-
mostra-como-fica-zoneamento-segundo-proposta-de-lei.shtml>. Acesso em: 29 maio 2020

2.1 TIPOS DE ZONEAMENTO


Ao procurar informações sobre zoneamento ambiental, é provável que
você encontrará diversos tipos de zoneamento. Dentre eles, apenas alguns são
previstos na legislação brasileira outros não. Elencamos alguns exemplos de
zoneamento no Quadro 3.

122
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

QUADRO 3 – EXEMPLOS DE TIPOS DE ZONEAMENTO EXISTENTES


NO BRASIL E O PONTO DE VISTA METODOLÓGICO

ZONEAMENTO PONTO DE VISTA METODOLÓGICO


Aptidão agrícola e pela limitação ambiental
Agroecológico
para ordenamento dos meios rural e florestal.
Porções territoriais que realmente represen-
Ambiental
tam integração dos elementos do meio.
Estabelece as normas de uso e ocupação
Ecológico-Econômico da terra e de manejo dos recursos naturais a
(ZEE) partir das características ecológicas e socio-
econômicas.
Estatuto da Terra (Lei nº 4.504 de 30 no-
PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

vembro de 1964, Decretos nº 55.891, de 31


Estatuto da terra março de 1965, e 68.153, de 1º de fevereiro
de 1971), sob a perspectiva socioeconômica
e das características da estrutura agrária.
Definida em função da potencialidade ou fra-
Industrial gilidade do meio para suportar usos e tipos
específicos de construções ou atividades.
Ruído Relacionado aos prováveis danos à saúde.
Unidades de Conser-
vação Determinam as unidades ambientais basica-
mente em função da preservação ou da con-
(Lei Sistema Nacional servação da biodiversidade (Lei no 9.985, de
de Unidades de Conser- 18 julho de 2000).
vação)
Em função da potencialidade ou fragilidade
Urbano do meio para suportar usos e tipos específi-
cos de construções ou atividades.
O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
(PNGC da Lei no 7.661, de 16/5/88) visa
Uso e atividades (GER-
apontar e orientar o uso dos recursos comuns
CO)
à zona costeira, protegendo todo seu patrimô-
nio.

123
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Define zonas a partir da determinação das


Agrícola limitações das culturas, exigências bioclimáti-
NÃO PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO BRA-

cas e riscos de perdas de produção agrícola.


Faz a abordagem integrada entre as variáveis
Agropedoclimático climáticas, pedológicas e de manutenção da
biodiversidade.
Climático Apresenta as variáveis climáticas.
SILEIRA

Trabalha com o conceito de unidades ho-


Ecológico
mogêneas da paisagem.
Leva em consideração as características
Edafoclimático por cultura
edáficas e climáticas para definir áreas propí-
agrícola
cias para cultura de interesse.
Geoambiental Baseia-se na teoria de sistemas.
Define zonas de acordo com a viabilidade
Locação de Empreendi-
técnica, a econômica e a ambiental de obras
mentos
civis.
FONTE: Adaptado de Santos (2004) e Silva e Santos (2004)

Os exemplos apresentados no Quadro 3 têm como objetivo demonstrar que,


independente do nome utilizado, todos acabam tendo um resultado em comum
a delimitação de zonas definidas a partir da homogeneidade determinada por
critérios preestabelecidos (SANTOS, 2004).

Alguns desses tipos de zoneamento acabaram ganhando destaque para a


formulação, descrições de paisagens (espacialização) e implementação de uma
série de políticas, conforme cita o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2020a).
Dentre esses zoneamentos, destacam-se:

Zoneamento ambiental
Elencado como um dos instrumentos da Política Nacional
do Meio Ambiente (lei federal nº 6.938/1981), o termo,
posteriormente, quando da edição do decreto federal nº
4.297/2002, evolui para zoneamento ecológico-econômico
(ZEE).

Zoneamento socioeconômico-ecológico (ZSEE)


Trata-se do próprio ZEE, cuja nomenclatura, no entanto,
empregada nos estados de Mato Grosso e Rondônia, busca
evidenciar, para além dos aspectos ambientais e econômicos,
a dimensão social.

Zoneamento agroecológico (ZAE)


Enquanto a Política Nacional do Meio Ambiente (lei federal
nº 6.931/1981) possui, dentre seus instrumentos, o ZEE, a
Política Agrícola, regida pela lei federal nº 8.171/1991, prevê,
em seu artigo 19, inciso III, a realização de zoneamentos

124
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

agroecológicos, que permitem estabelecer critérios para o


disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas
diversas atividades produtivas, estando a aprovação do crédito
rural, inclusive, condicionada às disposições dos zoneamentos
agroecológicos elaborados, dentre os quais destaca-se o ZAE
da cana-de-açúcar, instituído por meio do decreto federal nº
6.961/2009.

Zoneamento agrícola de risco climático


Outro instrumento da Política Agrícola, o zoneamento agrícola
de risco climático é elaborado com o objetivo de minimizar
os riscos relacionados aos fenômenos climáticos, permitindo
a identificação da melhor época de plantio das culturas, nos
diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de
cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada
pelo Ministério da Agricultura (MAPA). Dessa forma são
quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução
das lavouras que podem ocasionar perdas na produção. Esse
estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio
de determinadas culturas, com seus respectivos calendários
de plantio, orientando o crédito e o seguro à produção.
O zoneamento agrícola de risco climático foi usado pela
primeira vez na safra de 1996 para a cultura do trigo. Recebe
revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário
Oficial da União e no site do MAPA. Atualmente, os estudos
de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40
culturas, alcançando 24 unidades da federação.

Zoneamento industrial
Disciplinado pela lei federal nº 6.803/1980, trata-se de tipologia
de zoneamento realizado nas áreas críticas de poluição a
que se refere o artigo 4º do decreto-lei nº 1.413/1975, com a
identificação das zonas destinadas à instalação de indústrias,
em esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei,
compatibilizando as atividades industriais com a proteção
ambiental.

Zoneamento urbano
Instrumento utilizado nos planos diretores, através do
qual a cidade é dividida em áreas sobre as quais incidem
diretrizes diferenciadas para o uso e a ocupação do solo,
especialmente os índices urbanísticos. O zoneamento urbano
atua, principalmente, por meio do controle de dois elementos
principais: o uso e o porte (ou tamanho) dos lotes e das
edificações. Através disso, supõe-se que o resultado final
alcançado através das ações individuais esteja de acordo com
os objetivos do município, que incluem proporcionalidade entre
a ocupação e a infraestrutura, a necessidade de proteção de
áreas frágeis e/ou de interesse cultural, a harmonia do ponto
de vista volumétrico etc.

Etnozoneamento
Instrumento da Política Nacional de Gestão Territorial e

125
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) – instituída pelo


decreto federal nº 7.747/2012 – destinado ao planejamento
participativo e à categorização de áreas de relevância
ambiental, sociocultural e produtiva para os povos indígenas,
desenvolvido a partir do etnomapeamento. O etnomapeamento,
por sua vez, consiste no mapeamento participativo das áreas
de relevância ambiental, sociocultural e produtiva para os
povos indígenas, com base nos conhecimentos e saberes
indígenas.

Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro ZEEC


Como resposta, o Decreto nº 5.300, de 7 de dezembro de
2004, que regulamenta o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro (PNGC), instituído pela Lei nº 7.661, de 16 de maio
de 1988, estabeleceu o zoneamento ecológico-econômico
costeiro (ZEEC) com o objetivo de orientar o processo de
ordenamento territorial necessário para a obtenção das
condições de sustentabilidade do desenvolvimento da zona
costeira, em consonância com as diretrizes do Zoneamento
Ecológico Econômico (ZEE), regulamentado pelo Decreto
nº 4.297/2002, e para o apoio às ações de monitoramento,
licenciamento, fiscalização e gestão (MMA, 2020b, s.p.).

Além dos zoneamentos citados, os municípios brasileiros devem também


gerar informações em escalas locais, de 1:100.000 e maiores, para auxiliar em
questões operacionais de gestão e ordenamento territorial, como os Planos
Diretores municipais, planos de gestão ambiental e territorial locais, usos de
Áreas de Preservação Permanente etc. (BRASIL, 2002a).

No âmbito da política urbana, o Zoneamento Ambiental


foi legitimado por meio do Estatuto da Cidade, Lei 10.257,
em 2001, como instrumento de planejamento municipal.
Considerando-se os objetivos, diretrizes e princípios do
Decreto n° 4.297/2002, pode-se afirmar que o Zoneamento
Ambiental municipal é um instrumento balizador do processo
de ordenamento e planejamento territorial ambiental do
município, cujo propósito é subsidiar e apoiar as políticas
públicas voltadas à regulação do uso e da ocupação do solo
do município, tanto urbano quanto rural (MMA, 2018, p. 16).

O Zoneamento Ambiental Municipal – ZAM – se constitui em um instrumento


vinculado ao ZEE, em sua menor escala, mas com características próprias,
objetivos, metas, atores envolvidos e produtos, e que se destina a subsidiar
tecnicamente a elaboração ou revisão de políticas públicas voltadas ao uso e
ocupação do território municipal, em especial, o Plano Diretor Municipal (MMA,
2018).

Dessa forma, o ZAM se constitui em um instrumento estratégico para


salvaguardar os recursos naturais existentes no município, pois na sua elaboração
permite a identificação das principais fragilidades e vulnerabilidades existentes,

126
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

estando em consonância com a Meta 11, que trata das “Cidades e Comunidades
Sustentáveis”, prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
(MMA, 2020c, s.p.), vistos no capítulo anterior.

Com o ZAM, é possível ter algumas oportunidades, conforme apresenta o


Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2020c, s.p.):

- Apoiar os processos de licenciamento ambiental e urbanístico


do município.
- Contribuir para o planejamento, gestão e monitoramento
ambiental municipal.
- Gerar conhecimento sobre as vulnerabilidades e
potencialidades ambientais do município.
- Oferecer relatório contendo informações ambientais
sistematizadas.
- Fornecer estudos para a construção do macrozoneamento no
âmbito do plano diretor municipal.
- Gerar a elaboração de cadernos de mapas temáticos.
- Subsidiar a integração de planos, projetos e ações às mais
diversas políticas públicas ambientais, setoriais e urbanas.

Com objetivos e oportunidades propiciadas pelo ZAM, em consonância com


as etapas do ZEE, apresentados na Figura 2, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA, 2018) apresenta um fluxograma que estabelece uma etapa anterior à
etapa de planejamento, que é a de mobilização (Figura 8).

FIGURA 8 – ORGANOGRAMA PARA AS ETAPAS DO


ZONEAMENTO AMBIENTAL MUNICIPAL - ZAM

FONTE: MMA (2018, p. 23)

127
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A etapa de mobilização (Figura 8) refere-se à mobilização dos agentes


públicos. Com essa etapa estabelecida, “será possível congregar autoridades
e técnicos, prepará-los tecnicamente, conscientizando-os sobre a relevância do
instrumento, sua real dimensão e sua aplicabilidade” (MMA, 2018, p. 24).

2.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O zoneamento ambiental, como vimos nesta seção, é uma importante
ferramenta para o planejamento ambiental. Sua metodologia poderá variar
de acordo com o tipo de característica ambiental ou territorial que se pretende
analisar, entretanto, os objetivos sempre serão os mesmos: buscar a melhor
relação entre o ambiente e as atividades antrópicas.

Você poderá encontrar diversos materiais e exemplos de


zoneamentos no link: https://www.mma.gov.br/informma/itemlist/
category/96-zoneamento-territorial.html

Acesse, também, ao folder do Zoneamento Ambiental Municipal:


https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80261/Folder_Zoneamento_
Ambiental_Municipal_MMA.pdf

1 - O que é necessário para promover adequadamente um


zoneamento ambiental?
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - Apresentamos nesta seção diversos tipos de zoneamento, porém


destacamos oito tipos que acabaram ganhando maior destaque
para a formulação, descrições de paisagens e implementação de
políticas. Cite-os apresentando suas principais características.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

128
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

3 TOMADA DE DECISÃO
A tomada de decisão é mais uma importante etapa na consolidação do
planejamento ambiental, numa perspectiva de avaliação e mitigação de impactos
ambientais decorrentes de intervenções negativas ao meio ambiente.

Na seção anterior vimos que o zoneamento ambiental constrói cenários que


buscam ordenar a paisagem de forma a diminuir os impactos ocasionados pelas
ações humanas. Com isso, é possível desenvolver um conjunto de alternativas
que tratam da solução dos impactos, das fragilidades, da reabilitação de
paisagens, do desenvolvimento das potencialidades, do atendimento aos anseios
sociais e da sustentação dos aspectos ambientais. Tais alternativas sempre
visam à conservação ambiental (SANTOS, 2004), pois o zoneamento ambiental
age principalmente como instrumento de planejamento territorial com vistas ao
desenvolvimento sustentável (PLURAL, 2009).

O Zoneamento Ambiental relaciona-se à determinação da


capacidade de suporte do meio, o que permite sua ligação
com a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), instrumento
responsável por analisar a viabilidade ambiental de PPPP –
Políticas, Planos, Programas e Projetos [...]. A capacidade do
ZA em fornecer informações sobre o meio, facilita a tomada de
decisão quanto às exigências a serem feitas em um processo
de AIA, normalmente representada pelo Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e seu relatório simplificado (RIMA) (SANTOS;
RANIERI, 2013, p. 45).

Vamos reforçar ainda a definição estabelecida pelo Decreto nº 4.297/2002


(BRASIL, 2002a), que não coloca o ZEE na posição de um simples:

[...] instrumento de orientação para processos de planejamento


e de tomada de decisões, mas sim como o próprio resultado
da tomada de decisões a ser obrigatoriamente seguido pelos
agentes públicos e privados, o que pode implicar, se bem
elaborado, importante aplicação prática (PAULINO, 2010, p.
65).

Dessa forma, depois de realizado o zoneamento ambiental, as decisões


podem ser tomadas nos níveis municipal, regional, estadual ou federal. Entretanto,
é importante destacar que sempre deve ser observado se a área de interesse
está em um zoneamento da mais alta esfera, ou seja, se a área desejada está
em um zoneamento na esfera federal, os demais, que são o estadual, regional
e municipal, ao serem elaborados, deverão ser ajustados àquele, priorizando
as normas de proteção ambiental que se apresentam mais restritivas (PLURAL,
2009). Ainda é reforçado que o zoneamento deverá objetivar a repartição do
território e a regulação dos usos dos recursos naturais, possibilitando a melhor
composição dos conflitos socioambientais (PLURAL, 2009).
129
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Nesse sentido, pode-se afirmar que para todo problema apontado no


decorrer do planejamento há sempre uma ou mais alternativas de solução.
Santos (2004) aponta que toda alternativa tem consequências, limitações, riscos
e custos financeiros, sociais, ambientais ou políticos. A autora ainda aponta que,
na realidade, não existem alternativas perfeitamente corretas ou completamente
erradas. O que se pretende alcançar, na maior parte das vezes, é um equilíbrio
entre o aproximadamente certo e o provavelmente errado. Nesse sentido, cabe
ao planejador encontrar estratégias para prover medidas da distância entre o
perfeitamente certo e o completamente errado. Devido a isso, é muito importante
que as múltiplas alternativas devem ser apresentadas à sociedade para tomada
de decisão.

Para planejamento ambiental, a tomada de decisão refere-


se à escolha que se faz frente ao conjunto de alternativas,
dentro de uma conduta dirigida pelas metas, meios usados e
fins esperados. Implica escolher as melhores alternativas de
ação dentre as disponíveis, ordená-las pela prioridade, tempo
de implantação e duração da ação. A melhor análise para a
decisão é aquela que considera as limitações e as vantagens
inerentes a cada alternativa avaliada e seleciona a otimizada.
Os atores sociais são os tomadores de decisão, pois são
eles que escolhem, rejeitam e decidem sobre as alternativas
apresentadas (SANTOS, 2004, p. 152).

O Art. 4, do Decreto Nº 4.297/2002 (BRASIL, 2002a) estabelece que o


processo de elaboração e implementação do ZEE buscará a sustentabilidade
ecológica, econômica e social, compatibilizando crescimento econômico à
proteção dos recursos naturais, contando com ampla participação democrática e
valorização do conhecimento multidisciplinar.

Dessa forma, o zoneamento ambiental também funcionará como um sistema


de informações e de avaliação de alternativas de cenários futuros, podendo tornar-
se também um instrumento com elevado potencial para o auxiliar na formulação
de novos planos, sistemas de planejamento e também como base de articulação
às ações públicas e privadas que participam da estruturação do território, levando
em consideração as necessidades de proteção, recuperação e desenvolvimento
com conservação (FERREIRA, 2011).

Sendo assim, a tomada de decisão deveria ser planejada pensando de forma


interdisciplinar e buscando a melhor relação entre sociedade e meio ambiente.
Entretanto, Sánchez (2013) aponta que algumas decisões são tomadas
basicamente pelo proponente, e outras resultam da interação entre o proponente,
seu consultor e a autoridade reguladora, às vezes incluindo o público. No entanto,

130
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

dessa forma, sem a participação de todos, a decisão pode deixar de abordar


medidas de redução de impactos ambientais importantes.

A tomada de decisão não deverá ser tendenciosa. No entanto, não é uma


tarefa fácil. Para a tomada de decisão, é necessário estar atento aos problemas
centrais, às causas reais dos problemas e à importância de atingir cada objetivo
proposto (SANTOS, 2004). Além disso, conforme Sánchez (2013):

[...] há uma percepção recorrente em certos círculos de que as


decisões baseadas no processo de AIA seriam muitas vezes
tomadas por motivações políticas em vez de serem baseadas
em critérios técnicos. Assim, empresários frequentemente
reclamam que os interesses que se manifestam com maior
visibilidade em audiências públicas ou aqueles mais “ruidosos”
pesam mais na decisão, enquanto associações da sociedade
civil desconfiam que o poder econômico das corporações
é muito mais influente que a pressão popular. Quando há
uma disputa polarizada, envolvendo um campo nitidamente
contrário a um projeto em oposição a outro campo favorável,
parece inevitável que o perdedor lamente que seus argumentos
− indiscutivelmente razoáveis − tenham sido preteridos por
razões “políticas”. Até que ponto há fundamentação em tais
queixas? As decisões devem ser tomadas exclusivamente
com base em informações técnicas apresentadas nos estudos
ambientais? Devem ser baseadas em considerações políticas?
(SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Nesse sentido, a tomada de decisão não poderá ser totalmente política,


tampouco poderá ser totalmente técnica, pois algumas questões devem ser
observadas durante o processo decisório, como: o grau de confiabilidade de
cada alternativa; o grau de conhecimento ou a qualidade das informações
que subsidiam sua elaboração; a viabilidade de implementação da alternativa
em função do custo, da capacidade operacional, da gerência que executará a
alternativa selecionada; do número de casos históricos em que sua aplicação
teve sucesso e do interesse ou motivação política em levá-lo para a prática. É
preciso explicitar claramente os argumentos usados para tomar a decisão, sejam
de ordem técnica social ou política (SANTOS, 2004).

Todo tomador de decisão deve passar pelo processo decisório através de


três momentos. O primeiro é a sistematização da questão, definindo claramente
o que deve ser decidido e determinando os critérios que o fariam optar por uma
alternativa e não por outra. O segundo momento é o esclarecimento sobre as
informações que subsidiaram as alternativas, estratégias que as estruturam
claramente, bem como as suas limitações técnicas. O terceiro é o prognóstico
das consequências da decisão tomada e o estabelecimento de uma hierarquia
entre as alternativas. Esses cuidados, somados aos conhecimentos de resultados
de casos semelhantes de decisões passadas, auxiliam na conclusão.

131
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Vejamos que a tomada de decisão em processos que envolvem as questões


ambientais não é necessariamente uma tarefa fácil. O planejador deve ouvir
diferentes atores sociais, considerar e ponderar os vários interesses e as opiniões
divergentes. É muito importante observar os diferentes pontos de vista, valores
e convicções, entendidos como o conjunto de aspectos da realidade vivida
pelos atores que influem na tarefa de selecionar uma dentre várias alternativas
(SANTOS, 2004).

Nesse contexto, a função dos estudos ambientais é


principalmente a de demonstrar a viabilidade ambiental do
projeto em análise, supondo que a viabilidade econômica e
a exequibilidade técnica tenham sido comprovadas ou sejam
decisões tomadas exclusivamente na esfera privada. Não
é raro, todavia, principalmente para projetos públicos, que
a viabilidade econômica ou a própria utilidade pública do
projeto seja contestada por intermédio do processo de AIA. Tal
processo muitas vezes se transforma no locus de um debate
público sobre a viabilidade e a sustentabilidade, vistas sob
enfoques múltiplos (sociais, econômicos, políticos, culturais)
(SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Ainda, a legislação brasileira atribui inequívoco poder de decisão aos órgãos


ambientais, conforme relata Sánchez (2013). O autor continua:

O licenciamento ambiental é sempre feito por um órgão


governamental (federal, estadual ou municipal) integrante
do Sisnama − Sistema Nacional do Meio Ambiente −,
introduzido pela Lei nº 6.938/81, da Política Nacional do Meio
Ambiente. A avaliação de impacto ambiental está integrada ao
licenciamento e cabe àquele que licencia decidir pelo tipo de
estudo ambiental necessário, estabelecer seus procedimentos
internos (respeitadas as normas gerais estabelecidas pela
União) e seus critérios de tomada de decisão.
A decisão pode ser tomada diretamente pelo órgão licenciador,
como ocorre com o licenciamento federal (Ibama) e em certos
Estados, ou por colegiados que contam com representantes
de diferentes segmentos da sociedade civil, além de
representantes governamentais − os conselhos de meio
ambiente. Esta última modalidade é usada em alguns estados,
como São Paulo, Bahia e Minas Gerais, e por diversos
municípios.

A decisão mediante colegiados significa a busca de um certo consentimento


por parte da sociedade, representada nesses conselhos por organizações
não governamentais ambientalistas, associações profissionais, associações
empresariais e outras representações. Embora o parecer resultante da análise
técnica realizada pela equipe de analistas do órgão ambiental possa prevalecer

132
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

como fundamento da decisão, os conselheiros podem impor ou negociar


condições adicionais para a licença, ou podem, ocasionalmente, divergir do
parecer técnico (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Você percebeu a importância dos conselhos estaduais e


municipais no processo de tomada de decisão na aprovação de
processos que envolvem impactos ambientais? Você sabe como
funciona o conselho da sua cidade? Entre em contato com o setor/
órgão ambiental de sua cidade e busque informações sobre o
conselho, como: quem são os integrantes? Quando ocorrem as
reuniões? Como são e se são divulgadas as atas das reuniões?
Aproveite e busque conhecer melhor a sua cidade e como são
abordados os temas ambientais.

O analista técnico (atribuição dos técnicos dos órgãos ambientais e dos


profissionais das instituições governamentais consultadas pelo órgão licenciador)
é aquele cuja principal função é emitir um parecer sobre a qualidade e suficiência
do estudo de impacto ambiental. Sua formação acadêmica na área, bem como
seu envolvimento com outros processos de AIA, forma uma bagagem com
conhecimento técnico para avaliar o projeto nos quesitos necessários.

Para os técnicos responsáveis em tomada de decisões referentes à aprovação


de empreendimentos, levando em consideração os impactos ambientais que
podem gerar a sua instalação, uma das opções para evitar viés em sua decisão
pode ser baseada nos estudos de impactos ambientais (EIA) elaborados para a
implantação do empreendimento. Os EIA possuem uma característica importante
fundamentada na legislação: a participação do público.

Para Sánchez (2013), a importância da participação pública decorre das


questões que estão em jogo quando se trata de projetos que possam causar
impactos significativos. O autor continua:

[...] se as decisões quanto à exequibilidade técnica e viabilidade


econômica de projetos privados são unicamente da esfera
privada, o mesmo não ocorre com as decisões acerca da
viabilidade ambiental, que são necessariamente públicas. Isso
decorre de razões muito simples: os empreendimentos que
têm o potencial de causar impactos ambientais significativos
usualmente afetam, degradam ou consomem recursos
ambientais que pertencem à coletividade e que dizem respeito

133
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

ao bem-estar de todos. Portanto, sua apropriação não pode ser


decidida no âmbito privado. A participação pública é essencial
ao processo de AIA (Sánchez, 2013, s.p.).

A participação pública no âmbito do processo de AIA é definida como o


envolvimento de indivíduos e grupos que são positiva ou negativamente afetados
por uma intervenção proposta (por exemplo, um projeto, um programa, um
plano, uma política) sujeita a um processo de decisão (ANDRÉ et al., 2006 apud
SÁNCHEZ, 2013).

Nessa concepção, a participação pública, prevista no processo de


licenciamento ambiental, apresenta os seguintes objetivos:

- Garantir a divulgação de informações sobre os projetos


a serem licenciados, em especial quanto aos possíveis
riscos à qualidade ambiental das áreas de influência dos
empreendimentos e sobre as medidas mitigadoras e de
controle ambiental destinadas a reduzir esses efeitos.
- Captar as expectativas e inquietações das populações
afetadas e permitir ao órgão licenciador recolher as
manifestações e os interesses dos diferentes grupos sociais
(MMA, 2002, p. 2-7).

Nesse sentido, uma das características mais marcantes para que seja
tomada a decisão de maneira multidisciplinar nos processos de avaliação de
impacto ambiental (AIA) é a importância que tem a participação do público. Com
isso, você consegue perceber como a participação pública tem importante papel
nos processos de licenciamento? Tal importância decorre de questões que estão
em jogo quando se trata de projetos que possam causar impactos significativos.

Dessa forma, a participação da sociedade civil por meio das consultas


públicas tem relevante importância nas etapas pré-decisão, pois insere-
se na lógica de que é preciso fortalecer todo o processo de AIA, para que as
melhores decisões sejam tomadas. Sendo assim, “não se pode perder de vista
que a consulta pública pode questionar o próprio projeto, seus fundamentos e
justificativas. Em algumas ocasiões, a melhor decisão pode ser justamente a
recusa” (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

A realização de audiências públicas é regrada pela Resolução CONAMA nº


009/87, que “tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em
análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as
críticas e sugestões a respeito” (CONAMA, 1987, s.p.).

134
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Você já participou de alguma audiência pública para a tomada de


decisão relativa a impactos ambientais relacionados à implantação
de alguma atividade que os geram? Procure na sua cidade se tem
empreendimentos que passaram por esses processos e pesquise
os resultados. Deixamos também um site do ministério público do
Estado de Goiás que tem perguntas e respostas sobre as audiências
públicas. Consulte o link: http://www.mpgo.mp.br/portal/news/
audiencias-publicas#.XtuXvtRKjIU

Como vimos até agora, o processo de tomada de decisão envolve diversos


fatores e diversos atores. Não conseguiremos abordar todo o assunto sobre
esse tema neste livro didático devido a sua complexidade, entretanto, queremos
tratar e cimentar seus conceitos e apresentar a forma como o processo decisório
acontece, bem como exemplificar alguns procedimentos.

Nesse sentido, queremos convidar você para fazer um exercício hipotético,


mas que não foge de muitos casos reais, sobre a importância da participação
pública na tomada de decisões.

Considere que na região que você mora será instalada uma nova rodovia.
Essa rodovia se faz necessária devido ao aumento de tráfego na região, pela
importância que terá no escoamento da produção, para desafogar o trânsito do
centro da cidade, enfim, por diversos motivos que ocorrem nas cidades e que
justificam a sua implantação. Para a realização desse empreendimento, a empresa
veio de outra região e está realizando todos os trâmites ambientais necessários.
Todavia, os técnicos que estão desenvolvendo o projeto não conhecem toda a
região assim como você a conhece. O novo traçado foi elaborado baseado em
mapas da região e confrontado com visitas em campo. Como forma de seguir os
procedimentos necessários, a empresa marca a audiência pública. Nesse caso,
como você é participativo, conhece a região e também é preocupado com as
questões ambientais, comparece à reunião no dia e horário marcado.

Iniciam as apresentações do projeto, explicando os motivos e a importância


dessa obra e, durante a apresentação, a empresa executora irá apresentar o
traçado da nova estrada. Você, conhecedor da região, observa que o traçado pode
ser melhorado, para diminuir impactos ambientais, bem como melhorar condições
de trafegabilidade e, nesse momento, sugere alterações. Essas sugestões,

135
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

bem como as sugestões de todos os participantes da audiência pública, serão


analisadas e posteriormente incorporadas ao projeto, caso sejam pertinentes.

Em um exemplo real, nesse sentido, podemos apresentar o traçado para a


implantação da pista descendente da rodovia dos Imigrantes, no estado de São
Paulo, como pode ser observado na Figura 9.

FIGURA 9 – BLOCO-DIAGRAMA MOSTRANDO A IMPLANTAÇÃO DA PISTA


DESCENDENTE DA RODOVIA DOS IMIGRANTES, ESTADO DE SÃO PAULO

FONTE: (GALLARDO, 2004 apud SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Uma obra dessa magnitude necessita de grande planejamento e diversas


revisões. Observe no Quadro 4 a evolução dos processos ao longo dos anos e o
resultado das alterações/revisões do traçado inicial e o resultado final, prevendo a
redução dos impactos ambientais ocasionados pela sua implantação.

QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS DE DIFERENTES VERSÕES DO PROJETO DE


CONSTRUÇÃO DA PISTA DESCENDENTE DA RODOVIA DOS IMIGRANTES
ESTUDO DE
PROJETO LICENÇA DE IN- PROJETO DE
TÓPICO IMPACTO AMBI-
ORIGINAL STALAÇÃO EXECUÇÃO
ENTAL
14 VIADUTOS: 10 VIADUTOS: 9 VIADUTOS:
17 VIADU-
TRAÇADO DE 4.920 M; 4.417 M; 4.270 M;
TOS;
OBRAS DE ARTE 5 TÚNEIS: 5.570 4 TÚNEIS: 7.538 3 TÚNEIS:
10 TÚNEIS.
M. M. 8.231 M.
TERRAPLENAGEM 3.850 M. 3.855 M. 4.623 M.
EXTENSÃO TOTAL
14.340 M. 15.810 M. 17.124 M.
DO TRECHO

136
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

O ESPAÇAMENTO
ENTRE PILARES
PASSOU DE 45 M
PARA 90 M DEVI-
VIGAS PRÉ-MOL- NÚMERO
DO À MUDANÇA
DADAS COM 63 TOTAL DE
DO MÉTODO
PILARES (SO- PILARES
CONSTRUTIVO
MÉTODO CON- VIGAS MENTE ZONA REDUZIDOS
PARA BALANÇOS
STRUTIVO DO PRÉ-MOLDA- SERRANA), DOS PARA 18, DOS
SUCESSIVOS,
VIADUTO DAS QUAIS 33 NE- QUAIS 9 NE-
REDUZINDO
CESSITAM DE CESSITARIAM
NÚMERO DE PI-
NOVA VIA DE DE NOVA VIA
LARES PARA 23,
ACESSO. DE ACESSO.
DOS QUAIS 11
NECESSITARIAM
DE NOVAS VIAS
DE ACESSO.

FONTE: Adaptado de Gallardo e Sánchez (2004 apud SÁNCHEZ, 2013)

As diversas alterações realizadas na preparação do projeto executivo,


conforme apresentado no quadro, resultaram em significativas modificações com
ganhos ambientais. Com o melhor estudo da região e melhor caracterização das
características geomecânicas do maciço rochoso, foram propostas mudanças
significativas no traçado do último túnel, inserindo-o mais profundamente no
maciço, o juntando com outro, dessa forma, eliminando um viaduto entre eles.
Essas mudanças, juntamente às demais, proporcionaram ganhos ambientais
significativos, como a redução de escavações e do desmatamento, que foram
quarenta vezes menor que a construção da pista ascendente, três décadas antes
(GALLARDO; SÁNCHEZ, 2004).

Você poderá assistir um tour virtual pela Serra do Tamoio, no


estado de São Paulo. É um vídeo curto que tem a finalidade de
apresentar a nova pista de duplicação. É um vídeo desenvolvido pela
empresa que participou de processos de execução da obra. Pedimos
para você prestar atenção ao assistir, identificando as medidas
mitigatórias que foram adotadas no momento de planejamento e
construção dessa nova rodovia. Acesse pelo link: https://youtu.be/
HpBvWNU0D1w

Disponibilizamos também um documentário completo,


desenvolvido pela Discovery Brasil: Mundo inovação - Engenharia
verde | Serra do Cafezal. Esse documentário é de longa duração
e apresenta os desafios de realizar a duplicação da Rodovia Régis

137
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Bittencourt na Serra do Cafezal, no estado de São Paulo, em um


remanescente de Mata Atlântica ainda preservado e com relevo
muito acidentado. Nesse documentário, você poderá observar
detalhes mais técnicos da obra, bem como a preocupação com
questões ambientais, envolvendo tudo o que vimos desde o início
deste Livro Didático. Esperamos que goste! Acesse pelo link: https://
www.youtube.com/watch?v=LnUkEF5vijA

Voltando ao nosso caso hipotético, da instalação da rodovia, após ver uma


aplicabilidade na prática, podemos dizer que durante a apresentação do traçado
dessa rodovia, na audiência pública, também serão apresentadas as principais
medidas mitigatórias desse empreendimento que estão previstas nos processos
do licenciamento, considerando o potencial impacto que cada atividade possa
gerar. Tais medidas mitigatórias podem ser acrescidas com as sugestões após a
consulta pública.

Por outro lado, alguns impactos ambientais não podem ser evitados. Outros,
ainda, mesmo que reduzidos ou mitigados, podem ter magnitude muito elevada.
Nesses casos, uma das alternativas adotadas é compensar os danos ambientais
que vierem a ser causados e que não poderão ser mitigados de modo aceitável.
Como exemplo prático disso, podemos citar as mudanças propostas no Quadro 4,
com a junção de dois túneis, que minimizou a perda da vegetação nativa. Dessa
forma, destacamos que o objetivo de minimizar a perda de hábitats deverá estar
presente em todo EIA de um empreendimento que possa causar tal impacto,
como já vimos nos capítulos anteriores.

Veja, no Quadro 5, exemplos de medidas mitigatórias ou compensatórias


relacionadas aos aspectos ou impactos ambientais que podem ser gerados com a
construção de uma rodovia. Lembre-se que no capítulo anterior você já viu sobre
as interações para uma atividade de terraplanagem. Aqui estamos direcionando a
terraplanagem para a ampliação de uma rodovia, porém incluindo mais impactos
que podem ocorrer após o processo de nivelamento do solo.

138
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

QUADRO 5 – PRINCIPAIS ASPECTOS AMBIENTAIS E/OU IMPACTOS AMBIENTAIS


EM PROJETOS RODOVIÁRIOS E AS MEDIDAS MITIGATÓRIAS POSSÍVEIS
DE SEREM ADOTADAS DURANTE OS PROCESSOS DE DECISÃO
ASPECTO OU IMPACTO AMBIENTAL MEDIDA MITIGADORA OU COMPEN-
SATÓRIA
Obras de arte, desvios e traçados alternati-
Modificação do relevo.
vos.
Redução da área de intervenção.

Drenagem e revegetação de taludes.

Intensificação dos processos erosivos. Evitar concentração de fluxos de escoamen-


to superficial.

Bacias de retenção temporária das águas


superficiais.
Indução de escorregamentos e outros
Análise prévia das condições geotécnicas.
movimentos de massa.
Drenagem e revegetação de taludes.
Aumento da carga de sedimentos e as-
soreamento.
Bacias de decantação.
Tubulões de transposição bem dimensiona-
dos e posicionados.
Represamento parcial de cursos d’água.
Fundações de pontes abaixo do nível de
estiagem da água.
Alteração da qualidade das águas super-
Sistemas passivos de tratamento de águas.
ficiais.
Redução da área de intervenção.
Alteração das propriedades físicas e bi-
ológicas do solo.
Recuperação de áreas degradadas.
Regulagem e manutenção de máquinas e
equipamentos.
Alteração da qualidade do ar.
Aumentar distância entre pista e áreas de
ocupação densa.
Barreiras físicas.

Barreiras vegetais.
Alteração do ambiente sonoro.
Aumentar distância entre pista e áreas de
ocupação densa.

139
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Armazenamento em superfície de derivados


de petróleo.
Risco de poluição da água e do solo com
Planos de ação de emergência.
substâncias químicas.
Criação de áreas de estacionamento de
cargas perigosas.
Obras de arte, desvios e traçados alternati-
vos.

Destruição e fragmentação de hábitats da Reflorestamento compensatório, conser-


vida selvagem. vação.

Remoção, estocagem e reuso da camada


superficial de solo.
Desvios e traçados alternativos.
Estresse sobre vegetação natural devido à
poluição do ar. Aumentar distância entre pista e áreas de
vegetação significativa.
Perda e afugentamento de espécimes de
Redução das áreas de desmatamento.
fauna
Perda de espécimes da fauna por atro-
Passagens de fauna.
pelamento.
Bacias de decantação.
Soterramento de comunidades bentôni-
cas. Tubulões de transposição bem dimensiona-
dos e posicionados.
Criação de ambientes lênticos. Obras de drenagem bem dimensionadas.
Bacias de decantação.
Modificações na cadeia alimentar.
Sistemas passivos de tratamento de águas.
Alteração das formas de uso do solo. Zoneamento e plano de uso do solo.
Adensamento da ocupação nas margens
Zoneamento e plano de uso do solo.
e na área de influência.
Redução da área de intervenção.

Redução das áreas de desmatamento.

Impacto visual.
Obras de arte, desvios e traçados alternati-
vos.

Barreiras vegetais.
FONTE: Adaptado de Sánchez (2013)

Para os tomadores de decisão, estar informado referente às qualidades das


informações contidas no planejamento é muito importante. A grande quantidade
de informações e/ou dados, arranjados e integrados em diferentes métodos,

140
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

acabam fazendo com que a estrutura fique bastante complexa, dependendo


da atividade em discussão, o que dificulta a análise dos que decidem por uma
simples leitura do conteúdo do material técnico (SANTOS, 2004).

Fidalgo (2003), por outro lado, aponta que a crescente necessidade,


observada mundialmente, em definir indicadores ambientais para apoiar às
tomadas de decisões, levaram muitos autores a propor critérios para a seleção
desses indicadores. Entretanto, se por um lado foram criados diversos critérios
para selecionar os indicadores, por outro lado as regras para a avaliação dos
indicadores selecionados raramente são especificadas.

De toda forma, queremos trazer ainda alguns pontos que façam você refletir
sobre o processo de tomada de decisão em atividades causadoras de impactos
ambientais. Nesse sentido, queremos destacar ainda a decisão baseada na
avaliação da matriz PEIR (Pressão-Estado-Impacto-Resposta), que foi citada no
capítulo anterior. Você lembra desse indicador? Caso ainda permaneçam dúvidas,
volte ao capítulo e reveja esse assunto!

Vamos apresentar mais um exemplo para realizarmos um exercício de


reflexão sobre os processos envolvidos no processo de decisão de questões
ambientais. A matriz PEIR é o referencial dos indicadores utilizados na elaboração
do Relatório GEO Cidades, como já vimos no capítulo anterior. Ao aplicar essa
matriz em uma abordagem hipotética sobre a questão hídrica, em uma cidade
qualquer, teremos como resposta a integração lógica entre os indicadores
da Matriz PEIR. Conforme demonstrado, definido o indicador de pressão, os
indicadores das dimensões subsequentes devem manter com ele uma relação
lógico-causal que permita a avaliação integrada (PNUMA, 2004). “Esse formato
permite compreender melhor o papel dos indicadores no processo de avaliação
do estado do meio ambiente local, bem como as dinâmicas de degradação, seus
diversos efeitos e as possíveis soluções aos problemas detectados” (PNUMA,
2004, p. 152).

QUADRO 6 – EXEMPLO DE INTEGRAÇÃO LÓGICA ENTRE OS INDICADORES


NA MATRIZ PEIR (PRESSÃO-ESTADO-IMPACTO-RESPOSTA)
ELEMENTO DIMENSÕES PEIR / INDICADORES
Pressão Estado Impacto Resposta
Investimento
Índice de qualidade em sistemas
Volume total de Aumento de
da água: DBO e de esgoto e
Água águas residuais enfermidades
concentração de de captação,
domésticas não de veiculação
coliformes fecais em tratamento e
tratadas. hídrica.
corpos de água. distribuição de
água.
FONTE: PNUMA (2004, s.p.)

141
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Analisando essa matriz, é possível identificar claramente a pressão que


nosso elemento (água) está sofrendo, seu estado de qualidade bem como o
impacto que isso poderá gerar para a população. Ainda, como resposta, podemos
observar o que é necessário estar realizando para melhorar a qualidade do nosso
elemento. Com uma matriz nesse estilo, por exemplo, fica muito mais fácil para
avaliar os impactos gerados por uma empresa que pretende se instalar no local
em questão, e terá o lançamento de seus efluentes neste corpo hídrico.

No zoneamento ambiental, assim como no processo de tomada de decisão,


para atingir um determinado objetivo podem ser tomados diversos caminhos,
entretanto, todos pretendem atender um quesito em comum, redução ao máximo
dos impactos ambientais ocasionados pelas atividades antrópicas. Isso deve estar
bem claro para o planejador. A escolha de qual caminho será seguido dependerá
da confiança e das incertezas resultantes das variáveis não controladas. A
decisão é obtida com base na confrontação permanente de múltiplas preferências
de diferentes atores ou agentes (SANTOS, 2004).

Contudo, o poder decisório acerca dos empreendimentos sujeitos ao


processo de AIA varia entre uma jurisdição e outra, como afirma (SÁNCHEZ,
2013). Segundo o autor,

[...] há locais em que a decisão compete a uma autoridade


ambiental; em outros, a competência é de uma autoridade
setorial − autoridade cuja competência abarca um setor da
atividade econômica, por exemplo, o setor energético, o
setor florestal − ou, ainda, uma autoridade de planejamento
territorial, como é o caso do Reino Unido (SÁNCHEZ, 2013,
s.p.).

Dessa forma, será possível garantir que medidas alternativas concretas


e comparáveis entre si e com os objetivos propostos serão adotadas. Ainda, é
preciso assegurar que a decisão tomada seja executada e que haja meios de
controlar os possíveis efeitos adversos dessa escolha (SANTOS, 2004).

Cada país introduziu, em sua legislação, alguns mecanismos


que permitem à sociedade exercer certo controle sobre as
decisões governamentais. A clássica separação de poderes,
a liberdade de imprensa e, mais modernamente, a fiscalização
exercida pelo Ministério Público são alguns mecanismos de
controle democrático. No campo da avaliação de impacto
ambiental, há mecanismos que permitem ao Estado controlar
a qualidade dos estudos de impacto ambiental e mecanismos
que permitem à sociedade exercer certo controle sobre as
decisões (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

142
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Os mecanismos apresentados pelo autor estão apresentados no Quadro


7, com suas respectivas entidades que exercem o controle.

QUADRO 7 – TIPOS DE MECANISMOS PARA CONTROLAR


DECISÕES EM ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS

MECANISMOS DE CON-
QUEM EXERCE O CONTROLE
TROLE
Exercido por uma autoridade governamental encarregada
de gerir o processo de AIA; tal controle é claramente apli-
Controle administrativo cado durante a análise técnica dos estudos ambientais,
mas está presente em outras partes do processo, como na
formulação dos termos de referência para um EIA.
Exercido por intermédio de processos participativos previs-
tos pela legislação, como as audiências públicas ou a par-
Controle do público
ticipação em colegiados, ou ainda por intermédio do direito
de os cidadãos manifestarem livremente suas opiniões.
Exercido por intermédio do Poder Judiciário, acionado por
Controle judicial
cidadãos, ONGs ou pelo Ministério Público.
Quando um agente financiador avalia a qualidade dos
estudos e pode exigir modificações de projeto ou comple-
mentações dos estudos, além de acompanhar a implan-
Controle instrumental
tação do empreendimento por intermédio de supervisão ou
auditoria; bancos de desenvolvimento e agências bilaterais
de cooperação exercem esse tipo de controle.
Quando códigos de ética ou mesmo procedimentos de
sanção no âmbito de uma categoria profissional têm in-
Controle profissional
fluência sobre as atitudes dos profissionais envolvidos na
elaboração dos EIAs.

FONTE: Adaptado de Sánchez (2013)

As modalidades práticas de controle e a importância relativa de cada um


deles variam entre jurisdições. Entretanto, o acompanhamento e a supervisão
ambiental durante a fase de construção dos empreendimentos permitem verificar
a adequada implementação das medidas mitigadoras previstas no EIA, bem como
constatar impactos ambientais significativos, incluindo alguns não previstos no
Estudo de Impacto Ambiental (GALLARDO; SÁNCHEZ, 2006).

Com isso, finalizamos esta seção que trata da tomada de decisão em


processos que envolvem atividades com potencial geração de impactos
ambientais. Vimos que a tomada de decisão para implantação de atividades
com potencial geração de impactos ambientais visa buscar alternativas para
diminuir, ao máximo, os impactos gerados e, quando isso não for possível, buscar
alternativas compensatórias.

143
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

1 - A tomada de decisão é um processo muito importante no processo


decisório. Vimos, no decorrer desta seção, que o tomador de
decisão deve passar por três momentos durante o processo
decisório. Cite os três momentos e defina-os.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - A implantação de uma rodovia não poderá ser realizada sem


ocorrer nenhum dano ambiental. Entretanto, medidas mitigadoras
ou compensatórias devem ser propostas como forma de
compensar os danos ambientais. Cite cinco impactos ambientais
que a implantação de rodovia pode ocasionar e as possíveis
medidas mitigadoras ou compensatórias.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
PLANEJAMENTO
No capítulo anterior vimos como a tomada de decisão é importante nos
processos de implantação de atividades que geram impactos ambientais.
Neste capítulo, vamos abordar aspectos de educação ambiental envolvidas
nos processos de estudos de impacto ambiental, bem como o planejamento de
possíveis etapas.

Para abordar esse tema, vamos voltar um pouco no tempo. Desde o início
dos tempos, o homem extrai da natureza os recursos naturais necessários a
sua sobrevivência, a matéria-prima, ou seja, insumos necessários ao processo
produtivo.

Essa relação homem/natureza traz consequências que muitas vezes foram


negligenciadas, ou pela falta de conhecimento ou por pensar que recursos naturais
eram infinitos. Entretanto, com o passar dos anos, o aumento da população, e a
mudança de hábitos voltados para o consumismo e acumulação de bens começou

144
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

a preocupar diversos setores da sociedade. Fatores como o esgotamento


dos recursos naturais, poluição de rios e mares, degradação e contaminação
ambiental decorrente da extração mineral, transporte, processamento, consumo e
depósito de resíduos, bem como as crises ambientais e as graves consequências
(apresentadas no Capítulo 1) foram fundamentais para iniciar movimentos que
busquem ações voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Diante dos crescentes impactos negativos ao ambiente que a população


humana vinha provocando, surgem discussões acerca do direito para a presente
e as futuras gerações em ter um ambiente sadio. Hoje, isto é amplamente
reconhecido, mas, inicialmente, essa nova percepção do ambiente era diferente
do que se vinha praticando e, claro, o reconhecimento em lei desse direito não
implicaria automaticamente seu reconhecimento de fato (SÁNCHEZ, 2013).

Durante muito tempo, no mundo ocidental, os únicos direitos


reconhecidos eram os individuais, emanados do direito natural
e validados à medida que os outros indivíduos os respeitavam.
Os direitos sociais, de âmbito coletivo, firmaram-se ao longo
do século XX, fruto de lutas sindicais e políticas, e ainda direta
e nitidamente vinculados a indivíduos e a grupos detentores
desses direitos, ou sujeitos de direito. A novidade, a partir dos
anos 1960, é a emergência e a progressiva consolidação das
gerações futuras e da própria natureza como novos sujeitos
de direito, com a característica inédita de se constituírem
em sujeitos para os quais não se pode exigir deveres (Silva-
Sánchez, 2010). Nash (1989), ao fazer uma “história da ética
ambiental” associa a ampliação da noção de direitos a uma
“evolução da ética”, que, originalmente circunscrita ao “direito
natural” de um grupo limitado de seres humanos, expandiu-se
para os “direitos da natureza” (SÁNCHEZ, 2013, s.p.).

Ao relacionar esses “direitos da natureza” com os principais fatos históricos,


fazendo um paralelo com os principais momentos que buscam abordar o processo
de educação ambiental evidenciadas nas pautas políticas e sociais, destacamos a
conferência de Estocolmo (1972) realizada na Suécia; a Rio-92 ou Eco-92 (1992),
realizada no Rio de Janeiro; a conferência de Johannesburgo (2002), também
conhecida como Rio+10, realizada em Johannesburgo, África do Sul; e a Rio+20
(2012), realizada no Rio de Janeiro. Detalhes dessas conferências podem ser
consultados no primeiro capítulo deste Livro Didático.

Segundo o governo do estado de Santa Catarina (2018), o campo ambiental,


assim como outros campos na sociedade, também é um campo em disputa. Além
disso, é possível entender que essas conquistas promovidas pelos documentos
nacionais e internacionais, assim como os citados anteriormente, ampliaram as
discussões, possibilitando a organização de legislações e mecanismos para o
desenvolvimento da EA.

145
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Nesse sentido, ao analisarmos a legislação ambiental brasileira, podemos


observar que existem leis criadas anteriores à própria independência do país,
como o Regimento do Pau-Brasil, voltado à proteção das florestas, que surge
como a primeira lei de cunho ambiental no País, em 1605.

Aqui, nesta seção, não vamos tratar das legislações ambientais


brasileiras, mas vamos fazer um pequeno histórico da legislação
voltada para a Educação Ambiental. De toda forma, deixamos um link
para você acessar com um breve histórico das legislações ambientais
marcantes no país: https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/2219914/linha-
do-tempo-um-breve-resumo-da-evolucao-da-legislacao-ambiental-
no-brasil

Já o histórico da evolução da legislação ambiental brasileira, que trata da


educação ambiental, mais especificamente, pode ser observada no Quadro 8.

QUADRO 8 – EXEMPLOS DE TIPOS DE ZONEAMENTO EXISTENTES


NO BRASIL E O PONTO DE VISTA METODOLÓGICO

ANO BREVE DESCRIÇÃO DA LEGISLAÇÃO


Decreto Legislativo n. 3, promulgado pelo Congresso Nacional em 13
de fevereiro de 1948, por meio do qual foi aprovada a Convenção para
1948
Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Naturais dos Países da Améri-
ca. Trata a Educação Ambiental restrita a sua dimensão ecológica.
Novo Código Florestal, instituído pela Lei Federal n. 4. 771, de 15 de se-
tembro de 1965, demonstrando a inquietação da educação para a preser-
1965
vação do meio ambiente, ainda que numa visão restrita ao aspecto natural.
Trata a Educação Ambiental com a denominação de Educação Florestal.
Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacio-
nal do Meio Ambiente – PNMA –, instituiu formalmente a Educação Ambi-
1981
ental no Brasil. Trata a Educação Ambiental como direito, conforme tratada
em instrumentos internacionais.
Constituição Federal de 1988, no inciso VI do artigo 225, no Capítulo VI
do Meio Ambiente, que consagra a definição de educação ambiental dada
pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. Estabelece a Educação
1988
Ambiental como direito de todos, conferindo ao Estado e à sociedade o de-
ver de promover a educação ambiental em todos os níveis e conscientizar
todos para a preservação do meio ambiente.

146
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB –, instituída pela Lei n.


9.394, de 20 de dezembro de 1996, apesar de ser posterior à Constituição
Federal e à Rio-92, originalmente não tratou da Educação Ambiental. A
1996
única referência ao meio ambiente consta em seu artigo 32, inciso II, quan-
do dispõe sobre os princípios do Ensino Fundamental, referindo à com-
preensão do meio ambiente natural e social.
Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a Educação Ambiental e
instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. Sendo esse
1999
o marco legal para preencher diversas lacunas legais observadas anterior-
mente.
Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012, que alterou a redação da LDB (Lei
n. 9.394/1996), para incluir ao artigo 26 o parágrafo 7º, para dispor que os
2012 currículos do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios da
proteção e defesa civil e a Educação Ambiental de forma integrada aos
conteúdos obrigatórios.
Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, revoga a Lei n. 12.608/2012,
2017 que genericamente trata de temas transversais, excluindo a referência
expressa à Educação Ambiental.
FONTE: Adaptado de Badr et al. (2017)

Como podemos perceber, a discussão da educação ambiental no âmbito


jurídico é de longa data e por vezes acaba não sendo estabelecida explicitamente,
e sim de forma ampla. Entretanto, queremos chamar a atenção aqui para o Art.
225, da Constituição Federal de 1988, pois é o marco legal utilizado por muitos
pesquisadores em educação ambiental e, também, por defensores da causa
ambiental. Esse artigo cita que:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. [...]
VI - promover a Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente (BRASIL, 1988, s.p.).

Dessa forma, é possível concluir que a Educação Ambiental, de direito


individual e coletivo, é indispensável à dignidade humana e ao exercício da
cidadania.

Nesse sentido, a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei n. 9.795/1999,


traz em seu Art. 1:

147
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio


dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 1999, s.p.).

A PNEA ainda cita que a “educação ambiental é um componente essencial e


permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada,
em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não formal” (BRASIL, 1999, s.p.).

Fazendo um paralelo entre a Educação Ambiental com a educação, o


governo de Santa Catarina (2018, p. 11) traz que:

Na origem de seu propósito, a educação prepara as pessoas


com conhecimentos e habilidades para o mundo, e seus
desdobramentos repercutem nas mais diversas áreas, como
as sociais, econômicas, políticas, tecnológicas e ambientais.
Ao educar o ser humano para o ambiente é possível atingir
dimensões que vão desde a relação sociedade-sociedade até
a sociedade-natureza. Nesse aspecto, a Educação Ambiental
é executada por duas vertentes legalmente definidas: uma
não formal, que atua fora do ambiente escolar, e a formal, que
atende às instituições educacionais.

Nesse sentido, podemos observar que a educação em si está diretamente


relacionada com diversas áreas, porém, neste livro, queremos dar maior enfoque
na educação não formal. “Entendem-se por educação ambiental não formal as
ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as
questões ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade
do meio ambiente” (BRASIL, 1999, s.p.).

Para a PNEA, englobando os dois processos educativos, formal e não formal,


prevendo ações educativas, traz como objetivos fundamentais da educação
ambiental:

I - O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio


ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
II- a garantia de democratização das informações ambientais;
III- o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica
sobre a problemática ambiental e social;
IV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente
e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um
valor inseparável do exercício da cidadania;
V- o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País,
em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção

148
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos


princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia,
justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI- o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência
e a tecnologia;
VII- o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos
povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da
humanidade (BRASIL, 1999, s.p.).

Com o estabelecimento da PNEA, definindo os objetivos referente à


educação ambiental, o conceito de qualidade ambiental, que começou a ser mais
trabalhado, efetivamente, passou a ser reconhecido como um fator fundamental
para a qualidade de vida. Os órgãos ambientais de governo passaram a ser
estruturados para desenvolver a gestão ambiental, dessa forma, com atribuições
principais de controlar os efeitos negativos do desenvolvimento econômico.

A PNEA também criou o seu Órgão Gestor, por meio do Decreto nº


4.281/2002, integrado pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação
(BRASIL, 2002b)

Em 2004, após ampla consulta pública participativa, realizada pelo Órgão


Gestor, foi construído o Programa Nacional de Educação Ambiental − ProNEA. O
ProNEA vai além da determinação de “diretrizes para as políticas públicas na área,
o ProNEA é instrumento de participação social que congrega todos os segmentos
sociais e esferas de governo na sua formulação, execução, monitoramento e
avaliação” (PRONEA, 2014, p. 7).

Frente às diversas legislações pertinentes ao tema, e o grande número de


entidades envolvidas, trouxemos a Figura 10 para representar, esquematicamente,
as principais formas e “organizações das políticas públicas brasileiras, envolvendo
setores governamentais e não governamentais, redes, estruturas educadoras,
coletivos, salas verdes e outros organismos participativos” (SATO et al., 2018, p.
97).

149
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS PRINCIPAIS FORMAS


E ORGANIZAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

FONTE: Sato et al. (2018, p. 97)

Podemos observar que o processo de educação ambiental envolve todos os


atores da sociedade. Alguns engajados diretamente e outros, de maneira mais
discretas, acabam participando, de certa forma, até involuntariamente, pois os
processos que envolvem o meio ambiente acabam afetando toda a população.

Para maiores informações sobre o ProNEA, bem como consultar


seus objetivos e diretrizes, leia o documento a seguir: https://www.
mma.gov.br/publicacoes/educacao-ambiental/category/98-pronea.
html

Atualmente, na era da modernidade, temos inúmeras comodidades,


transformações e avanços científicos e tecnológicos que acabam favorecendo, e
muitas vezes facilitando, a participação nas discussões de processos de educação
ambiental, aproximando as organizações dos diversos atores apresentados na
Figura 10. Por outro lado, também se têm prejuízos enormes, inclusive na nossa
capacidade de indignar-se frente a aspectos sociais e ambientais.

Uma das consequências mais graves é a nossa percepção de


que políticas públicas são ações meramente governamentais,

150
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

e a cultura entre o público e o privado deteriora-se no seio da


sociedade, impedindo nossa mobilização e participação efetiva
na construção de um Brasil de todos nós. Face à crise global da
civilização humana, nunca foi tão importante promovermos o
controle social, isto é, participar dos movimentos que constroem
as políticas públicas de forma crítica, não na condição passiva
de leitura das informações, mas no protagonismo de fazer as
notícias, mudando as rotas para o exercício da cidadania [...].

Há um círculo vicioso que se traduz em políticas ineficientes, principalmente


em função da concentração do poder e renda; que promove a exclusão social e
a degradação ambiental. Somente a participação das pessoas nos processos de
construção de políticas públicas poderá tornar o círculo virtuoso, cujo poder de
participação efetiva poderá proporcionar o controle social à equidade e inclusão
social, além da proteção ambiental (SATO et al., 2018, p. 94).

FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE CÍRCULO VICIOSO


E DE CÍRCULO VIRTUOSOS EM POLÍTICAS PÚBLICAS

FONTE: Sato et al. (2018, p. 94)

“Pense no local onde mora, ou estuda, ou trabalha, ou ainda frequenta.


Quais problemas de ordem social e política você identifica? É possível reverter os
cenários? De que maneira isso pode ocorrer? Há associação de bairro ativo no
bairro onde mora?” (SATO et al., 2018, p. 94). Possui grupos organizados para
discutir questões ambientais? Você tem participado de algum movimento, redes
ou listas de discussão que possam ajudar na construção de políticas públicas?
Você está no grupo do círculo vicioso ou tem se destacado como protagonista no
círculo virtuoso atuando nas discussões das políticas públicas? Frente a isso, no
imaginário da vasta maioria das pessoas, “as Políticas Públicas são formulações
governamentais, o que contraria o significado do pensamento Foucaultiano, em
evocar as relações de público-privado no âmbito em um território” (SATO et al.,
2018, p. 94), ou seja, as pessoas podem ser protagonistas das políticas públicas,
entretanto, acabam se acomodando e aguardando as decisões de poucos atores
envolvidos, principalmente aguardando as decisões de órgãos do setor público

151
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

e que nem sempre acabam contemplando benefícios para a grande maioria da


população.

Para finalizar essa discussão da educação ambiental e partirmos para o


planejamento envolvendo essa temática, queremos trazer um trecho de Leonardo
Boff, em uma reflexão sobre os fatores necessários para buscar essa nova relação
e integração entre o homem e a natureza, que faz a seguinte pergunta: “Como
trazer uma nova cosmologia nas pessoas, que inspirem novos comportamentos,
alimentem novos sonhos e reforcem uma nova benevolência para com a Terra?”
(BOFF, 1995 apud BRASIL, 1998, p. 120).

Essa indagação é muito pertinente e nos faz pensar em atitudes que são
realizadas rotineiramente sem refletir em nossa relação com a Terra. Campanhas
são elaboradas, propagandas são divulgadas, atividades positivas são mostradas,
mas, na prática, poucas pessoas são sensibilizadas e mudam suas atitudes.
Entretanto, são apresentados pontos, ou perspectivas, que podem responder a
esse desafio pedagógico, dando uma nova dimensão à Educação:

Revolução de perspectiva
Não podemos nos entender como seres separados da Terra,
nem permanecer na visão clássica que entende a Terra como
um planeta inerte, um amontoado de solo e de água penetrados
pelos elementos que compõem todos os seres. Nós somos
muito mais que isso. Somos filhos e filhas da Terra, somos a
própria Terra que se torna autoconsciente.

Dimensão do tempo
Se sintetizarmos nosso relógio cósmico de 15 bilhões de anos,
no espaço de um ano solar teríamos o seguinte quadro: a 1º
de janeiro ocorreu o Big Bang. A 1° de maio, o surgimento
da Via Láctea. A 9 de setembro, a origem do sistema solar.
A 14 de setembro, a formação da Terra. A 25 de setembro,
a origem da vida. A 30 de dezembro, o aparecimento dos
primeiros hominídeos, avós dos ancestrais humanos. A 31 de
dezembro irromperam os primeiros homens e mulheres. Os
últimos dez segundos de 31 de dezembro cobririam a história
do homo sapiens/demens do qual descendemos diretamente.
O nascimento de Cristo ter-se-ia dado precisamente às 23
horas, 59 minutos e 56 segundos do último dia do ano. O
mundo moderno teria surgido no 58° segundo do último minuto
do ano. E nós individualmente? Na última fração de segundo
antes de completar meia-noite. [...]

Dimensão espacial
Vendo a Terra de fora da Terra, nos descobrimos elo de uma
imensa cadeia de seres celestes. Estamos numa galáxia de
100 bilhões de galáxias, a Via Láctea. A 28 mil anos luz de seu
centro, pertencemos ao sistema solar, que é um entre bilhões
de outras estrelas, num planeta pequeno, mas aquinhoado

152
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

de fatores favoráveis à evolução de formas cada vez mais


complexas e conscientizadas de vida, a Terra.

Nossa surpreendente existência


O universo culmina em cada um na forma de consciência,
capacidade de compreensão, de solidariedade, e de
autoentrega gratuita na amizade e no amor. Desta consciência
nasce o sentimento de autoestima e a compreensão de que
tudo contribui para que cada um nascesse e fosse aquela
pessoa singular e única.

Sentido de unidade
Somos membros da espécie homo sapiens/demens em
comunhão e solidariedade com as demais espécies vivas,
e também como membro da família humana distribuída por
todos os quadrantes da Terra. Esta família ainda não se formou
completamente. [...]

Sentido de singularidade e de responsabilidade


Junto aos princípios diretivos do universo, copilotamos a atual
fase do processo evolucionário. Isso nos confere uma imensa
responsabilidade.

Função dos seres humanos no Universo


É o universo e a própria Terra que através do ser humano
se sente a si mesma, vê sua indizível beleza, escuta sua
musicalidade, comunica seu mistério, pensa reflexamente sua
interioridade e ama apaixonadamente a todos. Para criar esta
possibilidade é que surgiu o ser humano. Até o presente não
desempenhou esta funcionalidade. Isso se deve menos ao
fato de ser bom ou ruim, mas ao fato de ser imaturo e ainda
inconsciente de sua verdadeira missão cósmica (BRASIL,
1998, p. 120-121).

As informações apresentadas nos fazem refletir sobre a importância que o


meio ambiente tem. É necessário ter essa visão holística para tornarmos sujeitos
ecológicos, pois “as pessoas que apresentam características do sujeito ecológico
aderem a um modo cuidadoso de se relacionar com os outros humanos e não
humanos que tomam como boas, corretas, moral e esteticamente admiráveis”
(CARVALHO, 2013 apud CAMPOS; CAVALARI, 2018, p. 185). Nesse sentido,
ainda, é necessário ter a percepção de um todo e de que somos partes integrantes
do meio para mudar pequenas atitudes diárias que realizamos, muitas vezes,
involuntariamente, como, também, para participar de discussões no licenciamento
ambiental de grandes empreendimentos que irão causar impactos ambientais.

Sujeito ecológico - um sujeito que pode ser visto em sua


versão grandiosa como um sujeito heroico, vanguarda de
um movimento histórico, herdeiro de tradições políticas de
esquerda mas protagonista de um novo paradigma político-
existencial; em sua versão new age é visto como alternativo,
integral, equilibrado, harmônico, planetário, holista; e também
em sua versão ortodoxa, em que é suposto aderir a um conjunto

153
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

de crenças básicas, uma espécie de cartilha − ou ortodoxia −


epistemológica e política da crise ambiental e dos caminhos
para enfrentá-la (CARVALHO, 2001, p. 187-188).

Para saber mais sobre sujeito ecológico, acesse ao link:


https://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Repositorio/472/
Documentos/Mural_PlanosdeFiscalizacao/FormacaoSocioambiental/
Referencias/A INVENCAO DO SUJEITO ECOLOGICO.pdf

Dessa forma, resumidamente, percebemos que a finalidade da Educação


Ambiental é edificar os pilares das sociedades sustentáveis, envolvendo a
colaboração dos sistemas sociais para incorporar a dimensão ambiental nas
suas atividades de produção e consumo, nos sistemas jurídicos que consolidam
normas e condutas e no sistema político-cultural que consolidam os espaços
democráticos e de educação ambiental.

Partindo do pressuposto que agora você é um sujeito ecológico, consciente


de sua importância na participação de processos ambientais, com olhar holístico
sobre o assunto e buscando sempre o desenvolvimento sustentável, vamos
abordar o planejamento de atividades que envolvam a educação ambiental. No
entanto, antes de iniciar a próxima seção, deixamos a indicação de sites que você
pode consultar notícias, atividades, grupos e projetos de educação ambiental.

Conheça o Portal de Educação Ambiental de Santa Catarina,


em que são disponibilizados livremente materiais e conteúdos
de projetos, estudos, atividades ou trabalhos realizados na
educação ambiental de todo o Estado. Acesse pelo link: http://
educacaoambiental.sds.sc.gov.br/

Consulte os Programas de Educação Ambiental (PEA)


desenvolvidos como medidas mitigadoras exigidas pelas atividades
de exploração e produção de petróleo e gás natural na área da Bacia
de Santos. Acesse ao link: https://www.comunicabaciadesantos.com.
br/programa-ambiental/programa-de-educacao-ambiental-pea.html

154
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Deixamos também o link https://gpeaufmt.blogspot.com/ para


acessar ao blog do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental,
Comunicação e Arte – GPEA −, da Universidade Federal do Mato
Grosso – UFMT.

4.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E


PLANEJAMENTO AMBIENTAL
A Educação Ambiental pode ser considerada uma ferramenta para o alcance
do desenvolvimento sustentável, “na perspectiva de se aprender a utilizar
racionalmente os recursos de hoje para que haja suficientemente para todos e
se possa assegurar as necessidades do amanhã” (BADR et al., 2017, p. 45). No
entanto, os mesmos autores trazem que há uma crítica dessa corrente, “que a
Educação Ambiental estaria limitada a um enfoque naturalista e que necessita
integrar as preocupações sociais, especialmente, as considerações econômicas
no tratamento das problemáticas ambientais” (BADR et al., 2017, p. 45).

Nesse sentido, há a necessidade de uma reforma de toda a educação


para alcançar o desenvolvimento sustentável. Podemos citar que o consumo
sustentável assume o caráter estratégico para transformar os modos de
produção e de consumo, processos de base da economia das sociedades.
Fazer a população refletir sobre essa temática também é um grande desafio e
uma longa conversa. Entretanto, aqui vamos tratar apenas da produção e/ou uso
dos recursos naturais em empreendimentos de forma mais sustentável, que é o
objetivo deste livro.

Dessa forma, o processo de planejamento ambiental, para buscar o


desenvolvimento sustentável, “somente se completará se houver a participação
pública em diversos momentos do seu processo” (SANTOS, 2004, p. 158), ou
seja, a participação do sujeito ecológico que vimos anteriormente.

Nesse sentido, Bard et al. (2017, p. 294), em uma discussão minuciosa sobre
a PNMA, citam que em “um Estado Democrático de Direito com preocupações
ambientais depende da participação popular, que complementa a atuação estatal
em prol da preservação do meio ambiente”. Os autores ainda continuam: “todavia,
a participação popular depende da formação de uma consciência pública que, por
sua vez, está diretamente ligada à Educação Ambiental e à divulgação de dados
e informações ambientais” (BARD et al., 2017, p. 294).

155
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

A participação, em planejamento, significa tomar parte, integrar-se pela razão


ou pelo sentimento, reconhecer diferentes interesses, expectativas e valores,
debater, negociar, evidenciar pontos comuns, definir interesses, promover
alianças, promover ajustes e tomar decisões de consenso sobre aquilo que é do
uso ou do direito de todos, na presença de todos (SANTOS, 2004).

Nos encontros, deve ocorrer a oportunidade de difundir


conhecimentos, dividir responsabilidades e promover o
reconhecimento público das atividades e dos processos
humanos que degradam o meio ambiente. Sobretudo
cumpre estimular o exercício do encontro e da capacidade
de organização dos diferentes segmentos da sociedade que
habitam ou têm interesses em um determinado território. No
planejamento, a participação da população deveria ocorrer
passo a passo com os estudos. Os agentes sociais precisariam
estar envolvidos na seleção das temáticas, temas e indicadores
do meio, na definição das fontes de dados, do peso relativo
para cada indicador, nas decisões sobre forma de cruzamento
dos dados, na elaboração e seleção das alternativas e nas
propostas de viabilização social, política e financeira do
planejamento. Tal processo desejável na prática não ocorre.
No Brasil, existe um desenvolvimento avançado de diferentes
linhas de pensamento em planejamento, vários métodos ou
estratégias foram produzidas ou melhoradas, muitas formas
similares de planejamento foram acrescidas, porém muito há
de se caminhar para inserir, de fato, a participação em seu
processo. Quando ocorre, a participação se dá nas últimas
etapas do planejamento, sem tempo ou amadurecimento
suficientes para uma tomada de decisão (SANTOS, 2004, p.
158).

A participação popular é apontada como uma das características mais


marcantes do processo de avaliação de impacto ambiental. Essa importância
decorre das questões que estão envolvidas quando se trata de projetos que
possam causar impactos significativos (SÁNCHEZ, 2013).

Diversas são as formas de participação popular. Entretanto, vamos apresentar


uma situação ideal de participação popular dentro de um planejamento, em que
o grupo de participantes é “ativo, tenha autocrítica e capacidade de entender os
produtos técnicos, de estabelecer consenso, de elaborar estratégias e de resolver,
senão todos, a maior parte dos problemas que se apresentam” (SANTOS, 2004,
p. 160), ou seja, são os verdadeiros sujeitos ecológicos, preocupados com as
questões ambientais. Para essa participação, é apresentada a Figura 12.

156
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

FIGURA 12 – ELEMENTOS CONDICIONANTES DA PARTICIPAÇÃO


POPULAR NO PLANEJAMENTO LIGADOS POR VÍNCULOS CAUSAIS

1. Pré-compreensão
a. Conhecimento da situação atual.
b. Conhecimento dos objetos.
c. Conhecimento da importância dos objetivos.
2. Consenso mínimo
a. Identificação e discussão sobre conceitos específicos.
b. Identificação das representações sociais.
3. Senso de poder
a. Credibilidade do processo.
b. Senso de comunidade.
c. Distribuição de poder.
4. Condição de deliberação e escolha
a. Conhecimento das alternativas.
b. Consciência da falibilidade individual.
c. Abertura para o diálogo.
5. Reflexão coletiva
Diálogo orientado para as questões identificadas.
6. Resultados
Expressa o nível de consciência alcançada no final do ciclo.
FONTE: Adaptado de Scarabello Filho (2003 apud SANTOS, 2004)

A condução do processo de participação pública no planejamento das


atividades é de fundamental importância. Uma boa condução poderá gerar bons
resultados e, ainda, satisfatórios para todos os envolvidos. Por outro lado, uma
má condução poderá gerar conflitos, atrasar o cronograma de execução das
atividades e, até mesmo, impedir a implantação de empreendimentos.

Diversas técnicas são apresentadas para conduzir essas atividades,


entretanto, não se tem uma técnica ideal. Cada reunião será diferenciada devido à

157
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

participação e resposta diversificada do público envolvido. Devido a isso, revisões


constantes devem ser realizadas durante o desenvolvimento.

Quando a participação pública para o planejamento e a tomada de decisão


é pensada para uma ampla série de reuniões, buscando obter decisões
consensuais, pode ser usado o procedimento ad hoc, já visto nos capítulos
anteriores. Vamos apresentar aqui o método Delphi, que é um dos mais citados
(SANTOS, 2004)

Esse método é de baixo custo e utiliza a aplicação de questionários que


devem ser respondidos sem que haja interação direta entre os respondentes.
Nesse método, as respostas são tabuladas e, ocorrendo consenso nas respostas,
o processo é finalizado. Caso haja divergências, esses pontos são levantados
entre os participantes que responderam ao questionário e debatidos para
encontrar a melhor solução (SANTOS, 2004; ADISSI; PINHEIRO; CARDOSO,
2013). Dessa forma, são feitas consultas sucessivas até identificar os pontos
conflitantes e obter o consenso comum, conforme Figura 13.

FIGURA 13 – EXEMPLO DE MÉTODO DELPHI

FONTE: Adaptado de Aguiar (1995 apud SANTOS, 2004)

Apresentamos aqui algumas pesquisas que utilizaram o método Delphi


para levantar informações que podem servir de base para direcionar atividades

158
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

de educação ambiental, bem como propor soluções para impactos negativos


ocasionados pelas atividades humanas. Mariottoni e Canada (2018) utilizaram
o método Delphi no auxílio de tomada de decisão ao Governo do Estado de
São Paulo visando garantir o pagamento às práticas de serviços ambientais em
áreas de mananciais de abastecimento público. Alvarenga e Rezende (2015)
avaliaram o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de 26 municípios para
fornecer subsídios para propor metas de melhorias no descarte dos resíduos.
Veiga, Coutinho e Takayanagui (2013) utilizaram a metodologia para a construção
de indicadores de sustentabilidade. Fontes e Moraes (2015) aplicaram essa
metodologia para investigar a percepção por parte de especialistas sobre a
logística reversa de embalagens PET, tendo em vista que esse produto pode
gerar graves problemas ambientais, e compararam os resultados com a atual
legislação brasileira, a fim de estimular a reflexão e a discussão sobre o tema.

Você pode perceber que esse instrumento pode ser aplicado em diversas
áreas para fornecer subsídios ao planejamento ambiental, bem como para a
tomada de decisão ou no direcionamento de atividades de educação ambiental.
No entanto, as atividades de educação ambiental não precisam ser complexas
para surtirem grandes efeitos no planejamento ambiental bem como no almejado
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, vamos deixar um quadro com
algumas ideias de atividades de educação ambiental que podem ser utilizadas
como medidas mitigatórias e, até mesmo, como resgate do contato com a
natureza que, por diversos motivos, acabamos nos distanciando.

QUADRO 9 – IDEIAS PARA TRABALHAR COM


ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ATIVIDADES OBJETIVOS
Elaborar campanhas para estimular práticas agroecológicas
para produtores, bem como incentivar o consumo de alimen-
tos mais saudáveis. Essas atividades podem ser desenvolvi-
das tanto em escolas, com o estímulo à alimentação saudável
e à implantação de hortas, quanto em comunidades, com a
Agroecologia implantação de hortas comunitárias, além de campanhas para
estimular as hortas nas residências. Com essa atividade é
possível abordar temas voltados para a utilização de técnicas
conservacionistas para a produção de alimentos, conser-
vação do solo e da água, bem como estimular a alimentação
saudável.

159
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Trabalhar com a gamificação em práticas de educação ambi-


ental. A gamificação usa técnicas e características de jogos
para engajar o público-alvo, motivando o comportamento para
facilitar o aprendizado. Aqui podem ser elaborados jogos de
Brincadeiras educativas
memória e quebra-cabeça com elementos da fauna e flora
local. Aplicativos que indicam e estimulam a adoção de práti-
cas sustentáveis, como indicar locais que recolhem resíduos
recicláveis.
Estimular a participação popular para o plantio de mudas de
árvores nativas para recuperar áreas degradadas. Essa ativ-
idade é muito praticada nas escolas, mas tem cidades que
Campanhas de plantio
estimulam, por meio de programas, a recuperação de Áreas
de mudas de árvores
de Preservação Permanente para a manutenção da boa qual-
idade das águas, além de beneficiar toda a biodiversidade
local.
Elaborar cartilhas educativas como ferramenta de Educação
Ambiental voltada para públicos específicos: crianças, jovens
e adultos. Esse material pode ser elaborado de acordo com
Cartilhas de Educação os impactos ambientais observados na região, como: im-
Ambiental portância da preservação da floresta nativa, cuidados com a
contaminação dos mangues, trilhas ecológicas interpretativas,
preservação de mananciais, importância das unidades de
conservação, reciclagem, entre outros.
Orientar a separação dos resíduos sólidos recicláveis (lixo),
destinando-os corretamente. Prática muito comum adotada
nas escolas para orientar e estimular as crianças sobre a des-
tinação correta dos resíduos. Essa prática também pode ser
observada em alguns canteiros de obras de empreendimen-
Coleta seletiva de
tos, bem como em empresas. Nas empresas que buscam as
resíduos sólidos reci-
certificações ambientais, ou as que já possuem, a destinação
cláveis
correta dos resíduos é uma prática obrigatória. Adote essa
prática em sua casa caso ainda não a tenha. Identifique os
lixeiros para destinar corretamente os resíduos recicláveis e
os rejeitos e, se possível, faça compostagem com os resíduos
orgânicos.

160
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

Combater a chegada de lixo, oriundos de atividades antrópi-


cas, nos oceanos. A preocupação com o combate ao lixo nos
oceanos está aumentando nos últimos anos. Grandes eventos
estão sendo desenvolvidos para chamar a atenção sobre esse
problema ambiental e está envolvendo, inclusive, municípios
que estão distantes fisicamente do litoral. Para isso, podem
Combate ao lixo no mar
ser criadas leis para coibir o uso de produtos plásticos des-
cartáveis de uso único (canudos, copos descartáveis, entre
outros); desenvolver campanhas para a destinação correta do
lixo, coibindo a destinação em locais inadequados, pois a chu-
va e os ventos podem levá-los aos rios e, consequentemente,
ao oceano.
Desenvolver atividades e palestras alusivas em datas comem-
orativas relacionadas aos temas ambientais, como dia da ár-
Datas comemorativas
vore, dia do meio ambiente, dia da fauna, dia do oceano, entre
outros.
Estimular atividades de ecoturismo. Com isso, é possível
manter áreas preservadas e desenvolver economicamente a
região. Para isso, você poderá realizar passeios ciclísticos, tril-
Ecoturismo
has ecológicas, roteiros para observação de aves (bird watch-
ing), roteiros para conhecer a cultura e as tradições populares,
conhecer as belezas cênicas da região, entre outras.
Buscar materiais alternativos para funções e atividades já
Incentivar estratégias existentes, como a substituição do uso de plástico; envolver
de inovação na área de a sociedade nas discussões e tomadas de decisão frente às
sustentabilidade questões ambientais; avaliar as questões econômicas sobre a
sustentabilidade.
Definir grupos de estudantes que participam de atividades
teóricas e práticas relacionadas com o tema ambiental, geral-
Programas contínuos mente no contraturno das atividades escolares. Com isso,
de educação ambiental podem ser realizadas saídas de estudo para visitar atividades
para crianças e adoles- como triagem de resíduos recicláveis, compostagem, água,
centes fauna e flora. Também podem implantar hortas orgânicas e
discutir e aplicar soluções de problemas ambientais encontra-
dos na região.
Estimular países, empresas, instituições e sociedade civil a
aderir aos objetivos de desenvolvimento sustentáveis para
Objetivos de Desen-
buscar a construção de um mundo mais pacífico, justo e
volvimento Sustentável
sustentável. Você e/ou sua empresa podem ser signatários
- ODS
desse grande movimento internacional. Busque informações e
participe!

161
Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

Sensibilização de es- Incentivar a autocrítica, restabelecendo o compromisso coleti-


tudantes e do público vo quanto a novas formas de uso dos recursos naturais, bem
de interesse frente às como a participação nas tomadas de decisões no bairro onde
questões ambientais reside/trabalha.
Estimular a caminhada em áreas de vegetação nativa onde
é possível contemplar as espécies da fauna e da flora e as
relações ecológicas existentes, bem como refletir sobre a im-
Trilhas ecológicas
portância da conservação ambiental. Essa atividade pode ser
desenvolvida com estudantes e também com a população em
geral.
Visitar cooperativas/empresas de reciclagem e aterros sani-
Visitas em empresas tários para conhecer o local de destinação dos resíduos gera-
dos na sua cidade.
FONTE: Os autores

Outro aspecto muito importante e que surte efeitos positivos com relação
às práticas de educação ambiental são as atividades realizadas nas escolas
(educação ambiental formal). A escola é um espaço que proporciona o
desenvolvimento de diversas atividades e os alunos são mais receptivos e
compreendem com maior facilidade a importância da relação harmônica com o
meio ambiente.

Com isso, finalizamos mais essa seção, na qual discorremos sobre os


marcos históricos que foram protagonistas da Educação Ambiental, passando pela
legislação ambiental envolvida. Partindo disso, ampliamos nossa discussão para a
formação de sujeitos ecológicos participantes e envolvidos nos temas ambientas,
possibilitando visões holísticas e que são fundamentais nas participações públicas
do planejamento de atividades ambientais.

1 - O que é educação ambiental?


R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 - O que é um sujeito ecológico?


R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

162
Capítulo 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de
Decisão e Educação Ambiental

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do último capítulo. Neste capítulo, abordamos o
zoneamento ambiental, os processos envolvidos na tomada de decisão
englobando atividades que envolvam danos ambientais e finalizamos com
sugestões de atividades de educação ambiental.

Ao longo das discussões deste capítulo, realizamos abordagens da


legislação ambiental envolvida nos processos, realizando resgates históricos e
que embasam as atividades que são realizadas atualmente.

Também, apresentamos o processo de zoneamento ambiental e seus


diversos tipos. Trouxemos alguns exemplos, nas diversas escalas propostas,
buscando padrões que permeiam entre as delimitações de paisagens e espaços
geográficos, e que possam ser utilizados nas tomadas de decisão.

Já a tomada de decisão, por sua vez, tem como principal objetivo a busca
de alternativas para minimizar impactos ambientais. Como você pôde perceber,
todas as atividades estão interligadas.

Para finalizar, trouxemos a Educação Ambiental como uma ferramenta para


alcançar o tal desenvolvimento sustentável. A Educação Ambiental também é
responsável por trazer uma visão holística, gerando estímulos para a formação
de sujeitos ecológicos, críticos e preocupados com as questões ambientais, se
sentindo parte integrante do meio, sendo participativos e decisivos nos processos
de tomadas de decisão e planejamento ambiental.

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