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Introdução
No passado, de acordo com Martins (2005) os menores eram equiparados às mulheres, o que
não se justifica mais hoje em dia, já que homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações. Para o autor, a tutela do trabalho do menor apenas se evidencia no momento em
que o trabalho interfere em sua formação moral, física, cultural etc.
Martins (2005) adverte que com a Revolução Industrial no século XVIII, o menor ficou
completamente desprotegido, passando a trabalhar até 16 horas. Mas, conforme relata o
autor, foi na Inglaterra, França, Alemanha que iniciaram-se os movimentos que garantiram a
proteção do menor ao trabalho.
A OIT, desde o seu nascimento sempre cuidou da idade mínima da admissão ao emprego.
Passou a expedir uma série de convenções e recomendações sobre o tema. A Convenção nº 5,
de 1919, estabeleceu a idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria (art. 2°), tendo
sido ratificada pelo Brasil em 1934. A Convenção n° 6, de 1919, promulgada pelo Decreto n°
423, de 12-12-1935, proibiu o trabalho do menor no período noturno nas indústrias. Todavia,
reconhece que há fatores econômicos e sociais que impedem, em muitos paises, a adoção
dessa medida restritiva. Em uma tentativa de esquematização das normas em vigor, podemos
indicar os principais pontos da regulamentação do trabalho do menor na lei pátria:
a) O menor de dezoito anos está proibido de prestar serviços noturnos, (Constituição, art. 7°,
inc. XXIII), assim considerados aqueles que se realizam no período compreendido entre vinte e
duas horas de um dia e as cinco horas do dia imediato (Consolidação, art. 404).
b) A proibição se estende, também, aos serviços insalubres e perigosos (Constituição, art. 7°,
inc. XXIII), que a lei mandava constar de quadro aprovado pela autoridade administrativa
(Consolidação, art. 405, inc. I).
A Convenção n° 10, de 1921, fixou o limite de idade mínima para o trabalho na agricultura. A
Recomendação n° 45, de 1935, versou sobre o desemprego dos menores. As Convenções nº 59
e 60, de 1937, trataram do resguardo da moralidade do menor. A Convenção n° 78, de 1946,
tratou do exame médico em trabalhos não industriais. A Convenção n° 79, de 1946,
especificou o trabalho noturno em atividades industriais. A Convenção n° 128, de 1967, versou
sobre o peso máximo a ser transportado pelo menor. A Convenção n° 138, de 1973, ressalvou
sobre a idade mínima de admissão no emprego em relação aos menores; a idade mínima não
deve ser inferior ao fim da escolaridade obrigatória, nem inferior a 15 anos, admitindo-se o
patamar de 14 anos, como primeira etapa, para os países insuficientemente desenvolvidos. A
Convenção n° 138 foi aprovada pelo Decreto Legislativo n° 179, de 1999. O Decreto n° 4.134,
de 15-2-2002, promulgou a Convenção n° 138 da OIT e a Recomendação n° 146 da OIT. O país
deve especificar mediante declaração a idade mínima. A Recomendação n° 146 da OIT
complementa a Convenção n° 138. A Convenção n° 146, de 1973, versou sobre idade mínima
para admissão no emprego. A Convenção n° 182 e a Recomendação n° 190 da OIT tratam da
proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação. Foi a
Convenção aprovada pelo Decreto Legislativo n° 178, de 1999. A promulgação ocorreu com o
Decreto n° 3.597/2000. Criança é toda pessoa menor de 18 anos. Deve-se assegurar o acesso
ao ensino básico gratuito. A Convenção n° 182 da OIT inclui na proibição o recrutamento
forçado ou obrigatório de meninos soldados. As piores formas de trabalho da criança são: (a)
todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como o tráfico de crianças, a
servidão por dívidas, a condição de servo e o trabalho forçado ou compulsório; (b) o
recrutamento forçado ou obrigatório de meninos para utilização em conflitos armados; (c) o
emprego de crianças na prostituição, a produção de pornografia ou ações pornográficas; (d) a
utilização, o recrutamento ou o oferecimento de crianças para a realização de atividades
ilícitas, como a produção e tráfico de drogas; o trabalho que prejudique a saúde, a segurança e
a moral das crianças.
Ainda no âmbito internacional, verificamos que em novembro de 1959 foi editada pela ONU a
Declaração Universal dos Direitos da Criança. Estabelece a referida norma, entre outras coisas,
proteção especial para o desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual da criança (art. 2º);
proibição de empregar a criança antes da idade mínima conveniente (art. 9º, 2ª alínea).
2. Âmbito Nacional
A Constituição de 1934 proibia a diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de
idade (art. 121, § 1°, a). Era vedado o trabalho a menores de 14 anos, o trabalho noturno a
menores de 16 anos, e em indústrias insalubres a menores de 18 anos (art. 121, § 1°, á).
Falava-se, ainda, de maneira genérica, nos serviços de amparo à infância (art. 121, § 3°).
Em 1943, foi consolidada a legislação esparsa existente na época, dando origem à CLT, nos
arts. 402 a 441.
3. Denominação
Fundamenta-se a palavra menor quando utilizada no Direito Civil ou Penal para significar
inimputabilidade daquela pessoa, o que não ocorre no Direito do Trabalho.
No Direito Civil, faz-se a distinção entre menor de 16 anos ou impúbere, que deve ser
representado pelos pais para a prática de atos civis e que é absolutamente incapaz (art. 32, I,
do CC). São relativamente incapazes os maiores de 16 e os menores de 18 anos (art. 42, I, do
CC), que são os menores púberes, que serão assistidos pelos progenitores. A capacidade
absoluta dá-se aos 18 anos, ou seja, quando cessa a menoridade (art. 52 do CC).
Os termos mais corretos são, realmente, criança e adolescente. A criança pode ser entendida
como a pessoa que se encontra antes da fase da puberdade. A puberdade é o período de
desenvolvimento da pessoa, em que ela se torna capaz de gerar um filho. Já a adolescência é o
período que vai da puberdade até a maturidade.
Como vemos o menor não é incapaz de trabalhar, ou não está incapacitado para os atos da
vida trabalhista; apenas, a legislação dispensa-lhe uma proteção especial. Dai por que os
termos a serem empregados são criança ou adolescente.
Andou certo o constituinte ao tratar da questão, adotando expressão com origem na legislação
italiana, pois a palavra menor mostra um indivíduo que ainda não atingiu pleno
desenvolvimento psicossomático, normalmente abrangendo a pessoa entre 12 e 18 anos,
ficando a juventude para as pessoas entre 15 e 24 anos, prestes a entrar para o mercado de
trabalho.
O ideal seria que o adolescente pudesse ficar no seio de sua família, usufruindo das atividades
escolares necessárias, sem entrar diretamente no mercado de trabalho, até por volta dos 24
anos, obtendo plena formação moral e cultural, mas, no caso de nosso país, isto se tem
verificado impossível, tendo em vista a necessidade que todas as famílias têm de que suas
crianças, atingindo por volta dos 12 anos, ou às vezes até antes, passem a trabalhar para
conseguir a subsistência para o lar. Porém, entre a criança ficar abandonada, ou perambulando
pelas ruas, onde provavelmente partirá para a prática de furtos e roubos e uso de drogas,
certamente melhor é que tenha um ofício, ou até um aprendizado, para que possa contribuir
para a melhoria das condições de vida de sua família.
4. Proteção do Trabalho da Criança e do Adolescente
Então justifica-se o fundamento cultural, pois o menor deve poder estudar, receber instrução.
No que diz respeito ao aspecto moral, deve haver proibição de o menor trabalhar em locais
que prejudiquem a moralidade. No atinente ao aspecto fisiológico, o menor não deve
trabalhar em locais insalubres, perigosos, penosos, ou à noite, para que possa ter desen-
volvimento físico normal.
O menor também não pode trabalhar em horas excessivas, que são as hipóteses em que há
maior dispêndio de energia e maior desgaste. O trabalho em local insalubre, perigoso ou
penoso tem mais efeito na criança do que no adulto. Por último, o menor, assim como
qualquer trabalhador, deve ser resguardado com normas de proteção que evitem os acidentes
do trabalho, que podem prejudicar sua formação normal.
O inciso XXXIII do art. 7Q da Constituição proibiu o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos
menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de 14 anos.
5. Trabalhos Proibidos
Podemos destacar que duas entre dez crianças trabalhadoras não freqüentam a escola,
fazendo com que a taxa de analfabetismo possa chegar a 20,1% contra 7,6% das crianças que
não trabalham. Em relação aos adolescentes que se situam na faixa etária de 15 a 17 anos,
também são prejudicados em relação à escolaridade, pois o adolescente que labora, somente
25,5% consegue concluir oito horas de jornada básica escolar, enquanto os adolescentes que
não trabalham o percentual chega a 44,2%.
5.1. Idade
Iniciando com a Constituição de 1934, era estipulado em seu artigo 121,“d”, em que proibia o
trabalho de crianças menores de 14 anos. Esta ainda proibia o trabalho noturno a menores de
16 anos e indústrias insalubres a menores de 18 anos. A Constituição de 1937 preservou o
dispositivo já citado na Carta Soberana anterior. Na Constituição de 1946, preservava o
trabalho proibido ao menor de 14anos.
Já a Constituição de 1967, disciplinou uma redução de idade para o trabalhador menor para 12
anos, esta prevalecendo até o ano de 1988 quando foi promulgada a nova Constituição. Esta
mereceu muitas críticas, pois debatiam que o menor nesta fase não estaria alfabetizado e nem
terminou o 1º grau escolar, e este, não agüentaria com a jornada de trabalho de oito horas.
No âmbito nacional, segundo pesquisa feita pelo IBGE/PNAD, elaborada pelo DIEESE no
anuário dos trabalhadores – DIEESE/2000-2001, no ano de 1999 existiam quase 3 milhões de
menores de 14 anos laborando no Brasil. Destes, 375.376 menores possuem entre 5 e 9 anos
de idade. Outros 2.532.965 menores possuem idade entre 10 e 14 anos. Dos quase 3 milhões
de menores que trabalham, 65,40% se encontram laborando em atividades agrícolas.
Entende-se que o período noturno é utilizado para o estudo do jovem trabalhador, em que o
empregador deverá proporcionar ao empregado a freqüentar as aulas, ou nos grandes centros
este não deslocará de sua residência ao local de trabalho, onde a violência aflora com mais
assiduidade, seria uma imprudência, submetê-los nesta faixa etária, aos riscos que possam
enfrentar em seu trajeto. Não podemos esquecer, que a Constituição também proibi o
trabalho noturno do menor.
O artigo 405, inciso I, da CLT, veda o trabalho de menores em locais insalubres. Quanto ao
trabalho em locais insalubres ou perigosos não há vedação aos menores aprendizes, devendo
ter autorização expressa pela autoridade administrativa, além da vistoria e aprovação do local,
sendo os menores submetidos a exames médicos semestralmente.
Em relação ao aprendiz, este também não poderá trabalhar em atividades perigosas. Neste
caso, se a empresa não atender as condições estabelecidas pela autoridade de vigilância dos
locais perigosos ou insalubres, poderá configurar-se a rescisão do contrato de trabalho, pois
aqui poderá ser alegada uma omissão por parte do empregador. O representante do menor
também poderá decretar cessação imediata do contrato.
Com o surgimento da Convenção nº 138 da OIT, proíbe qualquer tipo de trabalho ao menor de
18 anos que possa prejudicar a saúde, como remover objetos pesados ou movimentos
repetitivos, como também atividades imorais.
O parágrafo 3º do artigo 405, menciona que é prejudicial a moralidade do menor que esteja
laborando em teatros, revistas, boates, cinemas (caso neste lugar esteja exibindo produções
ilícitas como: filmes pornográficos), cassinos, na produção, composição, entrega ou venda de
escritos, cartazes, desenhos, ou outros que prejudique a formação moral, compra e venda de
bebidas alcoólicas.
O trabalho do menor também é vedado nos salões de bilhar, bochas, sinucas ou boliches, pois
são realizados em locais e horários em que o jovem deverá estar freqüentando aulas.
Poderá o Juiz da Infância e Juventude autorizar o trabalho do menor pertinentes a alínea “a” e
“b” do parágrafo 3º do artigo 405 da CLT, em que deverá ter fim educativo ou que não seja
prejudicial a sua formação, e que o trabalho seja indispensável a sua própria subsistência ou a
de sua família. Os trabalhos exercidos nas ruas, praças também dependerão da autorização do
juiz, verificando se a atividade é indispensável para a subsistência do menor ou mesmo de seus
familiares.
Não é autorizado o menor fazer serviços que exija sua forca muscular superior a 20 quilos em
trabalho contínuo ou de 25 quilos para o trabalho ocasional.
Se a autoridade competente avaliar que o trabalho do menor é prejudicial à saúde, ao seu
desenvolvimento físico ou formação moral, poderá ser tomada duas providências: a primeira é
que a empresa deverá facilitar a alteração do contrato, e com o aproveitamento do menor em
outra função, já a segunda, deixa claro que a autoridade competente poderá fazer com que o
menor deixe o trabalho quando notar que a transferência de função foi irrelevante.
Se exemplifica que os responsáveis legais dos menores, são pais, mães ou tutores, deverão
afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente seu tempo de estudo, reduzam o
tempo de repouso necessário a sua saúde e constituição física, ou prejudiquem sua educação
moral.
Não se tratando da faculdade mas em relação a obrigação, em relação aos responsáveis pelos
menores, que é a lei que determina a faculdade de pleitear a cessação do contrato de trabalho
do menor, desde que o serviços possa acarretar para ele prejuízos de ordem física ou moral.
Quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de funções. Não
tomando a empresa as medidas possíveis e recomendadas pelo Juiz da Infância e Juventude
para que o menor mude de função, configurar-se-á a rescisão indireta do contrato de trabalho,
na forma do art. 483 da CLT (art. 407 da CLT e seu parágrafo único). O empregador terá o
dever de proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de serviço, quando
constatado pelo Juiz da Infância e Juventude que o menor trabalha em atividades que lhe são
prejudiciais (art. 426 da CLT).
E conforme o art. 427 da CLT esclareceu de forma positiva que o empregador deve
proporcionar tempo suficiente ao menor para que este possa freqüentar aulas, o que é medida
louvável. O inciso I do art. 63 da Lei nº 8.069/90 determinou que a formação técnico
profissional, a aprendizagem; deve garantir o acesso e freqüência obrigatória ao ensino
regular. Não há que se falar, porém, que o empregador tem de pagar a escola do menor, o que
ocorre apenas na aprendizagem. E onde que lhe fica assegura a Constituição a assistência
gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré
- escolas (art. 7Q, XXV, c/c 208, IV).
E também a referente ordem de que o art. 20 da Lei nº 5.692, de 11-8-71, já não permite a
contratação de menores analfabetos.
Sendo que o menor de 18 anos poderá firmar recibo de pagamento de salários, sendo que,
quanto a isso, não haverá necessidade da assistência de seus pais ou responsáveis. Quanto à
rescisão do contrato de trabalho, o menor terá que ser assistido por seus responsáveis legais,
quando for dar quitação das verbas que estiver recebendo (art. 439 da CLT), sob pena de
nulidade.
Contra menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição (art. 440 da CL T). O artigo
refere-se apenas ao menor trabalhador e não a menores sucessores do pai ou mãe falecido
que era empregado na empresa. É certo que o art. 196 do Código Civil declara que a prescrição
iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor. A prescrição só não irá
correr em relação aos menores de 16 anos que forem herdeiros (art. 32, I, c/c art. 198, I, do
CC). Se o empregado menor falece, aos seus herdeiros não se aplica a regra do art. 440 da CLT.
Estipula-se que a duração do trabalho do menor é regida, hoje, pelo inciso XIII do art. 7Q da
Constituição, pois a CLT determina que a jornada de trabalho do menor é a mesma de
qualquer trabalhador, observadas certas restrições (art. 411 da CLT). Assim, o menor, como
qualquer trabalhador, fará oito horas diárias e 44 horas semanais.
Então após cada período de trabalho efetivo, quer contínuo, quer dividido em dois turnos,
haverá um intervalo de repouso, não inferior a 11 horas (art. 412 da CLT). Os menores terão
direito de intervalo para repouso e alimentação de uma a duas horas, para trabalhos com
jornadas superiores a seis horas, e 15 minutos quando estiverem sujeitos a jornada superior a
quatro horas e inferior a seis horas de trabalho. Para maior segurança do trabalho e garantia
da saúde dos menores, a autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos períodos de
repouso nos locais de trabalho (art. 409 da CLT).
A duração normal diária do trabalho do menor não pode ser prorrogada, exceto: (a) até mais
duas horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante acordo ou convenção coletiva
de trabalho, desde que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição em
outro, de modo a ser observado o limite máximo de 44 horas semanais; (b) excepcionalmente,
apenas em casos de força maior, até o máximo de 12 horas, com acréscimo salarial de 50%
sobre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento
do estabelecimento.
A primeira exceção à regra é a de que o menor poderá trabalhar até mais duas horas diárias
para não trabalhar em outro dia da semana, como, por exemplo, trabalhar mais uma hora
diária para não trabalhar no sábado.
Nesse caso, a compensação da jornada só poderá ser feita mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho, como se verifica do inciso XIII do art. 7° da Constituição, e como já era
previsto no inciso I do art. 413 da CLT. Não é possível ser feito acordo individual para a
compensação de horas de trabalho do menor.
O limite máximo do módulo semanal de trabalho não poderá ser superior a 44 horas, estando
derrogado o inciso I do art. 413 da CL T quando menciona o limite máximo semanal de 48
horas, que se aplicava no período anterior a 5-10-88. A compensação do menor deve observar
a regra do art. 413 da CLT. Não pode, portanto, ser anual, pois se trata de regra especial, que
não foi modificada pela geral.
A segunda exceção diz respeito à prorrogação do trabalho do menor, porém essa prorrogação
é restrita a casos excepcionais, que a lei dispõe que sejam apenas nas hipóteses de força
maior. Em caso de força maior, porém, o trabalhador adulto não tem qualquer adicional, mas
o menor o tem. Notamos, portanto, que há discrepância na legislação no que diz respeito ao
adicional.
Quanto ao adicional, o percentual é de 50% para os casos de força maior, pois se trata de
serviço extraordinário do menor. Nesse ponto, o inciso XVI do art. 7° da Constituição superou o
percentual contido no inciso II do art. 413 da CLT, no tocante ao adicional de horas extras.
8. Contratos de Aprendizagem
A recomendação nº60 da OIT de 1930, reza que a aprendizagem é o meio pelo qual o
empregador se obriga, mediante contrato (não superior a 2 anos e não prorrogável mais de
uma vez) a empregar um menor, ensinando-lhe ou fazendo com que lhe ensinem
metodicamente um oficio, durante período determinado, no qual o aprendiz (pessoa que se
encontra entre 14 e 18 anos e que irá submeter-se à aprendizagem) se obriga a prestar
serviços ao empregador, desenvolvendo suas aptidões profissionais, permitindo-lhe fazer uso
de suas potencialidades como melhor convenha a seus interesses e aos da comunidade. Isto
de acordo com a recomendação nº 117 da OIT, 1962.
A contratação do aprendiz poderá ser efetiva pela empresa onde se realiza a aprendizagem,
como pelas entidades sem fins lucrativos.
O menor aprendiz não poderá ganhar menos de um salário mínimo por mês. Se trabalhar
algumas horas por dia, terá direito ao salário mínimo horário, salvo se for pactuada condição
mais favorável para o empregado.
A duração do trabalho do aprendiz não excederá 6 horas diárias, sendo vedada à prorrogação
e compensação da jornada.
Só será a jornada de 8 horas se o aprendiz já tiver completado o ensino médio.
Aos aprendizes, que concluírem os cursos, com aproveitamento, será concedido certificado de
qualificação profissional.
9. Menor Assistido
A Lei 8069/90, art.68 (ECA), dá continuidade aos programas de serviços educacionais sem
vínculo de emprego.
A obrigatoriedade da admissão do menor assistido fica apenas no papel, pois as empresas não
cumprem tal disposição, nem há sanção pelo descumprimento do próprio Decreto-lei citado.
O autor Sérgio Pinto Martins, entende que tal decreto é inconstitucional, pois foi revogado
pelo art.227, § 3º, II da CF, dando então, autonomia às empresas para não cumprirem o
decreto.
Conclusão
Referências Bibliográficas
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Moderna, 1989.
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