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10 - Trabalho infantil e
proteção do trabalhador adolescente. 18.11 - Trabalho análogo ao de escravo e tráfico de
pessoas.
1 - TRABALHO INFANTIL
- Proibições ao menor de idade da CF/88:
XXXIII - Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de
qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
14 anos;
CLT, art. 403: É proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
Parágrafo único: O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais
à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em
horários e locais que não permitam a frequência à escola.
- Idade mínima prevista na CF/88:
CF/88, art. 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Artigo 3º: Para os fins desta Convenção, a expressão as piores formas de trabalho
infantil compreende:
a) Todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e tráfico
de crianças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive
recrutamento forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos
armados;
Esta Convenção foi o fundamento para a edição do Decreto 6.481/08, que regulamentou
o art. 3º, d, e 4º da Convenção OIT nº 182, e aprovou a Lista das Piores Formas de
Trabalho Infantil, também conhecida como Lista TIP.
- Previsão do Decreto Nº 6.481/08 que reforça relação com a Convenção nº 182 OIT:
Art. 1º: Fica aprovada a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), na
forma do Anexo, de acordo com o disposto nos artigos 3º, “d”, e 4º da Convenção 182 da
OIT.
- Coordenação do CONAETI:
A CONAETI é coordenada pelos representantes do Ministério do Trabalho, possuindo
também representações de diversos Ministérios e entidades representativas de
empregadores, empregados e, também, de organizações não governamentais.
I - Desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não
possa ser prejudicial à sua formação moral;
2 - TRABALHO ESCRAVO:
O trabalho escravo contemporâneo não significa que a pessoa seja objeto de seu patrão, e
nem que viva aprisionada em senzala; apesar disto, está sujeita a condições tais que a lei
determinou serem análogas à de escravo.
Sobre a nomenclatura, a expressão mais adequada é “trabalho em condições
análogas à de escravo”, sendo também [amplamente] utilizada a expressão reduzida
“trabalho escravo”.
A indicação legal de “condição análoga” deriva do fato de que, formalmente, a escravidão
foi abolida do Brasil em 1883, com a Lei Áurea.
- Princípios basilares constitucionais do tratamento digno ao ser humano:
CF/88, art. 1º: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
III - A dignidade da pessoa humana;
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
CF/88, art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
XXIII - A propriedade atenderá a sua função social;
A própria Convenção ressalva condições que não se incluem neste termo, como serviço
militar obrigatório, serviços exigidos em face de obrigações cívicas nacionais, etc.
- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT)
para se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
1.1 Trabalhador vítima de tráfico de pessoas;
1.2 Arregimentação de trabalhador por meio de ameaça, fraude, engano, coação ou outros
artifícios que levem a vício de consentimento, tais como falsas promessas no momento do
recrutamento ou pagamento a pessoa que possui poder hierárquico ou de mando sobre o
trabalhador;
1.3 Manutenção de trabalhador na prestação de serviços por meio de ameaça, fraude,
engano, coação ou outros artifícios que levem a vício de consentimento quanto a sua liberdade
de dispor da força de trabalho e de encerrar a relação de trabalho;
1.4 Manutenção de mão de obra de reserva recrutada sem observação das prescrições legais
cabíveis, através da divulgação de promessas de emprego em localidade diversa da de
prestação dos serviços;
1.5 Exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador para inserir no contrato de
trabalho, formal ou informalmente, condições ou cláusulas abusivas;
1.6 Existência de trabalhador restrito ao local de trabalho ou de alojamento, quando tal local
situar-se em área isolada ou de difícil acesso, não atendida regularmente por transporte público
ou particular, ou em razão de barreiras como desconhecimento de idioma, ou de usos e
costumes, de ausência de documentos pessoais, de situação de vulnerabilidade social ou de não
pagamento de remuneração;
1.7 Induzimento ou obrigação do trabalhador a assinar documentos em branco, com
informações inverídicas ou a respeito das quais o trabalhador não tenha o entendimento devido;
2 - Jornada exaustiva:
- A Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do
Trabalho (CONAETE), por meio da Cartilha do Trabalho Escravo, indica em sua Orientação
nº 3 o seguinte:
Jornada de trabalho exaustiva é a que, por circunstâncias de intensidade, frequência,
desgaste ou outras, cause prejuízos à saúde física ou mental do trabalhador, agredindo
sua dignidade, e decorra de situação de sujeição que, por qualquer razão, torne irrelevante
sua vontade.
- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT)
para se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
3.1 Extrapolação não eventual do quantitativo total de horas extraordinárias legalmente
permitidas por dia, por semana ou por mês, dentro do período analisado;
3.2 Supressão não eventual do descanso semanal remunerado;
3.3 Supressão não eventual dos intervalos intrajornada e interjornadas;
3.4 Supressão do gozo de férias;
3.5 Inobservância não eventual de pausas legalmente previstas;
3.6 Restrição ao uso de instalações sanitárias para satisfação das necessidades fisiológicas do
trabalhador;
3.7 Trabalhador sujeito a atividades com sobrecarga física ou mental ou com ritmo e cadência
de trabalho com potencial de causar comprometimento de sua saúde ou da sua segurança;
3.8 Trabalho executado em condições não ergonômicas, insalubres, perigosas ou penosas,
especialmente se associado à aferição de remuneração por produção;
3.9 Extrapolação não eventual da jornada em atividades penosas, perigosas e insalubres.
5 - Cerceamento de transporte:
- A IN MTP 2/2021 define o cerceamento de transporte:
Toda forma de limitação ao uso de meio de transporte existente, particular ou público,
possível de ser utilizado pelo trabalhador para deixar local de trabalho ou de alojamento.
6 - Vigilância ostensiva:
- A IN MTP 2/2021 define a vigilância ostensiva:
Qualquer forma de controle ou fiscalização, direta ou indireta, por parte do empregador ou
preposto, sobre a pessoa do trabalhador que o impeça de deixar local de trabalho ou
alojamento.
7 - Retenção de documentos:
É comum ocorrer a retenção de documentos dos trabalhadores, pelo empregador ou pelo
“gato” – pessoa que alicia os trabalhadores – para impedir que estes se ausentem do local
de trabalho.
- A IN MTP 2/2021 define a retenção de documentos:
Qualquer forma de posse ilícita do empregador ou preposto sobre documentos ou objetos
pessoais do trabalhador
*** breve resumo das 7 situações na aula 17 pg 27 – único
- Criação do GEFM:
O GEFM foi criado em 1995, após incapacidade de enfrentamento do problema do trabalho
escravo no Brasil. A criação do Grupo também foi fruto de uma série de denúncias de
trabalho escravo no Brasil junto a organismos internacionais de defesa de direitos
humanos.
2.1.2 – CONATRAE:
CONATRAE é a sigla da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo,
órgão colegiado atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos.
- Criação do CONATRAE:
A CONATRAE foi criada por Decreto de julho de 2003, tendo como sua principal atribuição
acompanhar o cumprimento das ações constantes do Plano Nacional para a Erradicação
do Trabalho Escravo.
- Composição do CONATRAE:
A Comissão é formada pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos e por Ministros de
Estados (do Ministério do Trabalho e do Desenvolvimento Social e Agrário, entre outros).
Esta é uma lista atualizada semestralmente pelo Ministério do Trabalho com a relação
dos nomes e demais dados de pessoas físicas e jurídicas flagradas pela fiscalização
utilizando trabalho escravo.
Até o final de 2014 tal cadastro era regulamentado pela Portaria Interministerial nº 02, de
12 de maio de 2011, do MTb e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República (SDH-PR).
Entretanto, com a confirmação pelo STF da publicidade da lista suja (no âmbito da ADI
5209), foi publicada, em maio de 2016, a Portaria Interministerial nº 4.
Para complicar ainda mais a situação, em 2017, foi publicada a Portaria 1.293/2017 (em
substituição à Portaria MTb 1.129/2017), alterando novamente o assunto, a qual fora,
afinal, revogada em dezembro de 2019.
Como previa a Portaria, a inclusão do nome do infrator no Cadastro ocorrerá após decisão
administrativa final relativa ao auto de infração (AI), lavrado em decorrência de ação fiscal,
em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos a condições análogas à
de escravo.
- De acordo com a Portaria Interministerial nº 04:
Art. 2º, §1º - A inclusão do empregador somente ocorrerá após a prolação de decisão
administrativa irrecorrível de procedência do auto de infração lavrado na ação fiscal em
razão da constatação de exploração de trabalho em condições análogas à de escravo.
§4º - A relação a ser publicada conterá o nome do empregador, seu número de inscrição
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), o ano da fiscalização em que ocorreram as autuações, o número de pessoas
encontradas em condição análoga à de escravo, e a data decisão definitiva prolatada no
processo administrativo do auto de infração lavrado.
4 - Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de
1969:
Artigo 6 - Proibição da Escravidão e da Servidão
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou à servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório.
3 - TRÁFICO DE PESSOAS
- Lei 13.344/2016 - Tráfico de Pessoas (adicionou o art. 149-A no CP):
CP, art. 149-A: Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - Submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - Submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - Adoção ilegal; ou
V - Exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
§2º - A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar
organização criminosa.
Ou seja, passadas algumas horas do requerimento ao juiz e ante sua não apreciação, a lei
mitiga a garantia prevista no artigo 5º da CF.