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Tópicos: 18 - Regimes especiais de trabalho previstos na CLT: 18.

10 - Trabalho infantil e
proteção do trabalhador adolescente. 18.11 - Trabalho análogo ao de escravo e tráfico de
pessoas.

1 - TRABALHO INFANTIL
- Proibições ao menor de idade da CF/88:
 XXXIII - Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de
qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
14 anos;

- Evolução do trabalho infantil:


 Com a Revolução Industrial (século XVIII), o menor ficou completamente desprotegido,
passando a trabalhar de 12 a 16 horas diárias. (...) Utilizava-se muito do trabalho do
menor, inclusive em minas de subsolo.
 Na Inglaterra, com o Moral and Health Act, Robert Peel pretendia salvar os menores, o
que culminou com a redução da jornada de trabalho do menor para 12 horas. Por iniciativa
de Robert Owen, foi proibido o trabalho do menor de 9 anos (...).
 Na França, foi proibido, em 1813, o trabalho dos menores em minas. Em 1841, vedou-
se o trabalho dos menores de 8 anos, fixando-se a jornada de trabalho dos menores de
12 anos em oito horas.
- Evolução do trabalho infantil no Brasil:
 Decreto nº 1.313, de 17.01.1891:
 Proibição de menores de 12 anos em fábricas de tecido, salvo na condição de aprendiz, a
partir dos 8 anos completos.
 A Jornada de Trabalho para meninas entre 12 e 15 anos e meninos entre 12 e 14 anos
será de no máximo de 7 horas por dia, não consecutivas, não podendo exceder 4 horas
contínuas.
 A Jornada de Trabalho para meninos entre 14 e 15 anos será de no máximo de 9 horas
por dia, não excedente a 4 horas de modo contínuo.
 Aprendizes de fábrica de tecidos: a jornada será de 3 horas para 8 a 10 anos com
intervalo de 30 minutos, e de 10 a 12 anos jornada de 4 horas e 1 hora de intervalo.

- Idade mínima prevista na CLT:


 CLT, art. 402: Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de
14 até 18 anos.

 CLT, art. 403: É proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
 Parágrafo único: O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais
à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em
horários e locais que não permitam a frequência à escola.
- Idade mínima prevista na CF/88:
 CF/88, art. 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

 §3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:


 I - Idade mínima de 14 anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art.
7º, XXXIII;
 II - Garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
 III - Garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;

- Alinhamento da legislação brasileira com a Convenção nº 138 da OIT:


 Convenção nº 138 (Idade mínima para admissão):
 Art. 1º: Todo País-Membro, no qual vigore esta Convenção, compromete-se a seguir uma
política nacional que assegure a efetiva abolição do trabalho infantil e eleve,
progressivamente, a idade mínima de admissão a emprego ou a trabalho a um nível
adequado ao pleno desenvolvimento físico e mental do jovem.

 Art. 2º - 1. Todo País-Membro que ratificar esta Convenção especificará, em declaração


anexa à ratificação, uma idade mínima para admissão a emprego ou trabalho em seu
território e nos meios de transporte registrados em seu território; ressalvado o disposto nos
Artigos 4º e 8º3 desta Convenção, nenhuma pessoa com idade inferior a essa idade será
admitida a emprego ou trabalho em qualquer ocupação.

 A política nacional citada na Convenção nº 138 é alcançada através do Plano Nacional


de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente
Trabalhador.

- Alinhamento da legislação brasileira com a Convenção nº 138 da OIT:


 Convenção nº 182 (Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata
para sua Eliminação):

 Artigo 3º: Para os fins desta Convenção, a expressão as piores formas de trabalho
infantil compreende:
 a) Todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e tráfico
de crianças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive
recrutamento forçado ou obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos
armados;

 b) Utilização, demanda e oferta de criança para fins de prostituição, produção de


pornografia ou atuações pornográficas;
 c) utilização, recrutamento e oferta de criança para atividades ilícitas, particularmente para
a produção e tráfico de entorpecentes conforme definidos nos tratados internacionais
pertinentes;
 d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que são executados,
são suscetíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.
 Artigo 4º- 1. Os tipos de trabalho a que se refere o artigo 3º (d) serão definidos pela
legislação nacional ou pela autoridade competente, após consulta com as organizações
de empregadores e de trabalhadores interessadas, levando em consideração as normas
internacionais pertinentes, particularmente os parágrafos 3ª e 4ª da Recomendação sobre
as Piores Formas de Trabalho Infantil, de 1999.

 Esta Convenção foi o fundamento para a edição do Decreto 6.481/08, que regulamentou
o art. 3º, d, e 4º da Convenção OIT nº 182, e aprovou a Lista das Piores Formas de
Trabalho Infantil, também conhecida como Lista TIP.

- Previsão do Decreto Nº 6.481/08 que reforça relação com a Convenção nº 182 OIT:
 Art. 1º: Fica aprovada a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), na
forma do Anexo, de acordo com o disposto nos artigos 3º, “d”, e 4º da Convenção 182 da
OIT.

- Proibição celetista de trabalhos prejudiciais à moralidade (baseada na Lista TIP):


 CLT, art. 405: Ao menor não será permitido o trabalho:
 II - Em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.

 §3º - Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho:


 a) Prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés,
dancings e estabelecimentos análogos;
 b) Em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras
semelhantes;
 c) De produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes,
desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam,
a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;
 d) Consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

- Rescisão de contrato mediante pleiteio do responsável do menor:


 CLT, art. 408: Ao responsável legal do menor é facultado pleitear a extinção do
contrato de trabalho, desde que o serviço possa acarretar para ele prejuízos de
ordem física ou moral.

1.1 - Iniciativas nacionais no combate ao trabalho infantil:


1.1.1 - Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Adolescente Trabalhador:
 Este Plano se encontra em sua 3ª edição (2019-2022).
- Objetivos do Plano:
 O Plano Nacional busca adotar as medidas necessárias para abolir o trabalho infantil e
tornar efetivas as previsões constantes das Convenções OIT nº 138 e 182.

- Responsáveis pela elaboração:


 Este Plano é elaborado pela Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil
(CONAETI), que é composta por representantes do governo, dos empregadores, dos
trabalhadores e de organismos não governamentais.

- Coordenação do CONAETI:
 A CONAETI é coordenada pelos representantes do Ministério do Trabalho, possuindo
também representações de diversos Ministérios e entidades representativas de
empregadores, empregados e, também, de organizações não governamentais.

1.1.2 - Sistema de Informações sobre Focos de Trabalho infantil no Brasil (SITI):


 O SITI é um sistema informatizado que cadastra informações sobre o resultado de ações
fiscais do Ministério do Trabalho envolvendo a temática do trabalho infantil.
- Consulta ao site da SITI:
 A consulta ao SITI pode ser feita pela internet, para verificação de Estados, cidades e
segmentos econômicos onde houve afastamento de menores do trabalho por
irregularidades identificadas por Auditores-Fiscais do Trabalho.

- A atuação dos AFT no combate ao trabalho infantil:


 Alguns AFT participam de Projeto Especial de Fiscalização de combate ao trabalho infantil
e, além disso, todos os AFT podem proceder a afastamento nas diversas ações fiscais que
são realizadas em outros projetos.

1.1.3 - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil:


 As Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (AEPETI) -
antes chamado de Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) - é um Programa
do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), ou seja, não é do Ministério do
Trabalho.
- Objetivos do programa:
 Busca afastar menores do trabalho irregular através de transferência de renda (ao estilo
do famoso Programa Bolsa-Família - PBF). Assim, quando a criança é identificada (e
retirada) da situação de trabalho infantil pode haver o recebimento de valores do PETI.

- Estrutura do AEPETI conforme Ministério do Desenvolvimento Social (MDS):


 Está estruturado em 5 eixos:
1 - Informação e mobilização a partir das incidências de trabalho infantil, para o
desenvolvimento de ações de prevenção e erradicação;
2 - Identificação de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil;
3 - Proteção social para crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil e suas famílias;
5 - Apoio e acompanhamento das ações de defesa e responsabilização;
6 - Monitoramento das ações do PETI.

1.2 - Outros aspectos relevantes sobre trabalho infantil:


1.2.1 - Trabalho infantil artístico:
 Ainda não há limites claros em relação à participação de crianças em atividades
artísticas.
- Proibição ao labor de menores que seja prejudicial à sua moralidade na CLT:
 CLT, art. 406: O Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se
referem as letras "a" e "b" do § 3º do art. 405:

 I - Desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não
possa ser prejudicial à sua formação moral;

- Respaldo celetista na Convenção nº 138 da OIT:


 Art. 8º -1. A autoridade competente, após consulta com as organizações de
empregadores de trabalhadores concernentes, se as houver, poderá, mediante licenças
concedidas em casos individuais, permitir exceções para a proibição de emprego ou
trabalho provida no Artigo 2º desta Convenção, para finalidades como a participação em
representações artísticas.
 2 - Licenças dessa natureza limitarão o número de horas de duração do emprego ou
trabalho e estabelecerão as condições em que é permitido.

- Previsão do ECA sobre a autorização para participação em representações artísticas:


 Lei 8.069/90, art. 149: Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria,
ou autorizar, mediante alvará:
 II - A participação de criança e adolescente em:
 a) Espetáculos públicos e seus ensaios;
 b) Certames de beleza.

1.2.2 - Trabalho infantil doméstico:


 Não se admite o trabalho infantil doméstico. Tal atividade, inclusive, se encontra na Lista
TIP (Piores Formas do Trabalho Infantil).

 Item 76 Lista TIP: Domésticos


 Os prováveis riscos ocupacionais são:
 Esforços físicos intensos;
 Isolamento;
 Abuso físico, psicológico e sexual;
 Longas jornadas de trabalho; trabalho noturno;
 Calor;
 Exposição ao fogo, posições antiergonômicas e movimentos repetitivos;
 Tracionamento da coluna vertebral; sobrecarga muscular e queda de nível.
1.2.3 - Criança x adolescente:
- Diferença entre criança e adolescente prevista no ECA:
 Lei 8.069/90, art. 2º: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade.
 No Brasil a temática do combate ao trabalho infantil abrange tanto crianças quanto
adolescentes, observando-se as limitações legais de idade mínima para os trabalhos em
geral, trabalho noturno, perigoso e/ou insalubre.

2 - TRABALHO ESCRAVO:
 O trabalho escravo contemporâneo não significa que a pessoa seja objeto de seu patrão, e
nem que viva aprisionada em senzala; apesar disto, está sujeita a condições tais que a lei
determinou serem análogas à de escravo.
 Sobre a nomenclatura, a expressão mais adequada é “trabalho em condições
análogas à de escravo”, sendo também [amplamente] utilizada a expressão reduzida
“trabalho escravo”.
 A indicação legal de “condição análoga” deriva do fato de que, formalmente, a escravidão
foi abolida do Brasil em 1883, com a Lei Áurea.
- Princípios basilares constitucionais do tratamento digno ao ser humano:
 CF/88, art. 1º: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
 III - A dignidade da pessoa humana;
 IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

 CF/88, art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
 III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
 XXIII - A propriedade atenderá a sua função social;

 CF/88, art. 170: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na


livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
 III - Função social da propriedade;
- Emenda à Constituição que prevê a expropriação (sem indenização ao proprietário) de
propriedades urbanas e rurais em que for flagrado trabalho escravo (EC 81):
 CF, art. 243: As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo
de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.

 Parágrafo único: Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em


decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei. (NR)

- Tipificação do crime referente a condição análoga a de escravo prevista no Código Penal:


 Decreto-Lei 2848/40, art. 149: Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão
de dívida contraída com o empregador ou preposto:
 Pena - Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

 §1º - Nas mesmas penas incorre quem:


 I – Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho;
 II – Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

 §2º - A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:


 I – Contra criança ou adolescente;
 II – Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

- Instrução Normativa 2/2021 – Definições adicionais as condições que caracterizam


trabalho escravo previstas no art. 149 do Código Penal:
 IN 2/2021, art. 24:
I - Trabalho forçado:
 É aquele exigido sob ameaça de sanção física ou psicológica e para o qual o trabalhador
não tenha se oferecido ou no qual não deseje permanecer espontaneamente;
II - Jornada exaustiva:
 É toda forma de trabalho, de natureza física ou mental que, por sua extensão ou por sua
intensidade, acarrete violação de direito fundamental do trabalhador, notadamente os
relacionados à segurança, saúde, descanso e convívio familiar e social;
III - Condição degradante de trabalho:
 É qualquer forma de negação da dignidade humana pela violação de direito fundamental
do trabalhador, notadamente os dispostos nas normas de proteção do trabalho e de
segurança, higiene e saúde no trabalho;
IV - Restrição, por qualquer meio, da locomoção do trabalhador em razão de dívida:
 É a limitação ao direito fundamental de ir e vir ou de encerrar a prestação do trabalho, em
razão de débito imputado pelo empregador ou preposto ou da indução ao endividamento
com terceiros;
V - Cerceamento do uso de qualquer meio de transporte:
 É toda forma de limitação ao uso de meio de transporte existente, particular ou público,
possível de ser utilizado pelo trabalhador para deixar local de trabalho ou de alojamento;
VI - Vigilância ostensiva no local de trabalho:
 É qualquer forma de controle ou fiscalização, direta ou indireta, por parte do empregador
ou preposto, sobre a pessoa do trabalhador que o impeça de deixar local de trabalho ou
alojamento; e
VII - Apoderamento de documentos ou objetos pessoais:
 É qualquer forma de posse ilícita do empregador ou preposto sobre documentos ou objetos
pessoais do trabalhador.

*Detalhamento das 7 situações:


1 - Trabalhos forçados:
- Remete à Convenção nº 29 da OIT, ratificada pelo Brasil em 1957:
 Art. 2 - 1. Para os fins da presente convenção, a expressão ‘trabalho forçado ou
obrigatório’ designará todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob ameaça
de qualquer penalidade e para o qual ele não se ofereceu de espontânea vontade.

 A própria Convenção ressalva condições que não se incluem neste termo, como serviço
militar obrigatório, serviços exigidos em face de obrigações cívicas nacionais, etc.

- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT)
para se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
1.1 Trabalhador vítima de tráfico de pessoas;
1.2 Arregimentação de trabalhador por meio de ameaça, fraude, engano, coação ou outros
artifícios que levem a vício de consentimento, tais como falsas promessas no momento do
recrutamento ou pagamento a pessoa que possui poder hierárquico ou de mando sobre o
trabalhador;
1.3 Manutenção de trabalhador na prestação de serviços por meio de ameaça, fraude,
engano, coação ou outros artifícios que levem a vício de consentimento quanto a sua liberdade
de dispor da força de trabalho e de encerrar a relação de trabalho;
1.4 Manutenção de mão de obra de reserva recrutada sem observação das prescrições legais
cabíveis, através da divulgação de promessas de emprego em localidade diversa da de
prestação dos serviços;
1.5 Exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador para inserir no contrato de
trabalho, formal ou informalmente, condições ou cláusulas abusivas;
1.6 Existência de trabalhador restrito ao local de trabalho ou de alojamento, quando tal local
situar-se em área isolada ou de difícil acesso, não atendida regularmente por transporte público
ou particular, ou em razão de barreiras como desconhecimento de idioma, ou de usos e
costumes, de ausência de documentos pessoais, de situação de vulnerabilidade social ou de não
pagamento de remuneração;
1.7 Induzimento ou obrigação do trabalhador a assinar documentos em branco, com
informações inverídicas ou a respeito das quais o trabalhador não tenha o entendimento devido;

1.8 Induzimento do trabalhador a realizar jornada extraordinária acima do limite legal ou


incompatível com sua capacidade psicofisiológica;
1.9 Estabelecimento de sistemas de remuneração que não propiciem ao trabalhador
informações compreensíveis e idôneas sobre valores recebidos e descontados do salário;
1.10 Estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por adotarem valores irrisórios pelo
tempo de trabalho ou por unidade de produção, ou por transferirem ilegalmente os ônus e
riscos da atividade econômica para o trabalhador, resultem no pagamento de salário base inferior
ao mínimo legal ou remuneração aquém da pactuada;
1.11 Exigência do cumprimento de metas de produção que induzam o trabalhador a realizar
jornada extraordinária acima do limite legal ou incompatível com sua capacidade
psicofisiológica;
1.12 Manutenção do trabalhador confinado através de controle dos meios de entrada e saída,
de ameaça de sanção ou de exploração de vulnerabilidade;
1.13 Pagamento de salários fora do prazo legal de forma não eventual;
1.14 Retenção parcial ou total do salário;
1.15 Pagamento de salário condicionado ao término de execução de serviços específicos
com duração superior a 30 dias.

2 - Jornada exaustiva:
- A Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do
Trabalho (CONAETE), por meio da Cartilha do Trabalho Escravo, indica em sua Orientação
nº 3 o seguinte:
 Jornada de trabalho exaustiva é a que, por circunstâncias de intensidade, frequência,
desgaste ou outras, cause prejuízos à saúde física ou mental do trabalhador, agredindo
sua dignidade, e decorra de situação de sujeição que, por qualquer razão, torne irrelevante
sua vontade.

- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT)
para se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
3.1 Extrapolação não eventual do quantitativo total de horas extraordinárias legalmente
permitidas por dia, por semana ou por mês, dentro do período analisado;
3.2 Supressão não eventual do descanso semanal remunerado;
3.3 Supressão não eventual dos intervalos intrajornada e interjornadas;
3.4 Supressão do gozo de férias;
3.5 Inobservância não eventual de pausas legalmente previstas;
3.6 Restrição ao uso de instalações sanitárias para satisfação das necessidades fisiológicas do
trabalhador;
3.7 Trabalhador sujeito a atividades com sobrecarga física ou mental ou com ritmo e cadência
de trabalho com potencial de causar comprometimento de sua saúde ou da sua segurança;
3.8 Trabalho executado em condições não ergonômicas, insalubres, perigosas ou penosas,
especialmente se associado à aferição de remuneração por produção;
3.9 Extrapolação não eventual da jornada em atividades penosas, perigosas e insalubres.

3 - Restrição de locomoção por dívida:


- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT) para
se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
4.1 Deslocamento do trabalhador, desde sua localidade de origem até o local de prestação de
serviços custeado pelo empregador ou preposto, e a ser descontado da remuneração devida;
4.2 Débitos do trabalhador prévios à contratação saldados pelo empregador diretamente com o
credor e a serem descontados da remuneração devida;
4.3 Transferência ao trabalhador arregimentado do ônus do custeio do deslocamento desde sua
localidade de origem até o local de prestação dos serviços;
4.4 Transferência ao trabalhador arregimentado do ônus do custeio da permanência no local de
prestação dos serviços, até o efetivo início da prestação laboral;
4.5 Contratação condicionada a pagamento, pelo trabalhador, pela vaga de trabalho;
4.6 Adiantamentos em numerário ou em gêneros concedidos quando da contratação;
4.7 Fornecimento de bens ou serviços ao trabalhador com preços acima dos praticados na região;
4.8 Remuneração in natura em limites superiores ao legalmente previsto;
4.9 Trabalhador induzido ou coagido a adquirir bens ou serviços de estabelecimento determinado
pelo empregador ou preposto;
4.10 Existência de valores referentes a gastos que devam ser legalmente suportados pelo
empregador, a serem cobrados ou descontados do trabalhador;
4.11 Descontos de moradia ou alimentação acima dos limites legais;
4.12 Alteração, com prejuízo para o trabalhador, da forma de remuneração ou dos ônus do
trabalhador pactuados quando da contratação;
4.13 Restrição de acesso ao controle de débitos e créditos referentes à prestação do serviço ou
de sua compreensão pelo trabalhador;
4.14 Restrição ao acompanhamento ou entendimento pelo trabalhador da aferição da produção,
quando for esta a forma de remuneração;
4.15 Pagamento de salários fora do prazo legal de forma não eventual;
4.16 Retenção parcial ou total do salário;
4.17 Estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por adotarem valores irrisórios pelo tempo
de trabalho ou por unidade de produção, ou por transferirem ilegalmente os ônus e riscos da
atividade econômica para o trabalhador, resultem no pagamento de salário base inferior ao
mínimo legal ou remuneração aquém da pactuada;
4.18 Pagamento de salário condicionado ao término de execução de serviços determinados com
duração superior a 30 dias;
4.19 Retenção do pagamento de verbas rescisórias.
4 - Condições degradantes de trabalho:
 Condições degradantes de trabalho é um conceito amplo, que significa a sujeição do
empregado a condições de trabalho que não alcançam um patamar civilizatório mínimo.
- A IN 2/2021-MTP traz indicadores que são avaliados pela Fiscalização do Trabalho (AFT)
para se concluir ou não pela ocorrência desta hipótese:
2.1 Não disponibilização de água potável, ou disponibilização em condições não higiênicas ou em
quantidade insuficiente para consumo do trabalhador no local de trabalho ou de alojamento;
2.2 Inexistência, nas áreas de vivência, de água limpa para higiene, preparo de alimentos e
demais necessidades;
2.3 Ausência de recipiente para armazenamento adequado de água que assegure a manutenção
da potabilidade;
2.4 Reutilização de recipientes destinados ao armazenamento de produtos tóxicos;
2.5 Inexistência de instalações sanitárias ou instalações sanitárias que não assegurem utilização
em condições higiênicas ou com preservação da privacidade;
2.6 Inexistência de alojamento ou moradia, quando o seu fornecimento for obrigatório, ou
alojamento ou moradia sem condições básicas de segurança, vedação, higiene, privacidade ou
conforto;
2.7 Subdimensionamento de alojamento ou moradia que inviabilize sua utilização em condições
de segurança, vedação, higiene, privacidade ou conforto;
2.8 Trabalhador alojado ou em moradia no mesmo ambiente utilizado para desenvolvimento da
atividade laboral;
2.9 Moradia coletiva de famílias ou o alojamento coletivo de homens e mulheres;
2.10 Coabitação de família com terceiro estranho ao núcleo familiar;
2.11 Armazenamento de substâncias tóxicas ou inflamáveis nas áreas de vivência;
2.12 Ausência de camas com colchões ou de redes nos alojamentos, com o trabalhador
pernoitando diretamente sobre piso ou superfície rígida ou em estruturas improvisadas;
2.13 Ausência de local adequado para armazenagem ou conservação de alimentos e de
refeições;
2.14 Ausência de local para preparo de refeições, quando obrigatório, ou local para preparo de
refeições sem condições de higiene e conforto;
2.15 Ausência de local para tomada de refeições, quando obrigatório, ou local para tomada de
refeições sem condições de higiene e conforto;
2.16 Trabalhador exposto a situação de risco grave e iminente;
2.17 Inexistência de medidas para eliminar ou neutralizar riscos quando a atividade, o meio
ambiente ou as condições de trabalho apresentarem riscos graves para a saúde e segurança do
trabalhador;
2.18 Pagamento de salários fora do prazo legal de forma não eventual;
2.19 Retenção parcial ou total do salário;
2.20 Pagamento de salário condicionado ao término de execução de serviços específicos com
duração superior a 30 dias;
2.21 Serviços remunerados com substâncias prejudiciais à saúde;
2.22 Estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por adotarem valores irrisórios pelo tempo
de trabalho ou por unidade de produção, ou por transferirem ilegalmente os ônus e riscos da
atividade econômica para o trabalhador, resultem no pagamento de salário base inferior ao
mínimo legal ou remuneração aquém da pactuada;
2.23 Agressão física, moral ou sexual no contexto da relação de trabalho.

- A Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do


Trabalho (CONAETE) indica em sua Orientação nº 3 o seguinte:
 Condições degradantes de trabalho são as que configuram desprezo à dignidade da
pessoa humana, pelo descumprimento dos direitos fundamentais do trabalhador, em
especial os referentes a higiene, saúde, segurança, moradia, repouso, alimentação ou
outros relacionados a direitos da personalidade, decorrentes de situação de sujeição que,
por qualquer razão, torne irrelevante a vontade do trabalhador.

5 - Cerceamento de transporte:
- A IN MTP 2/2021 define o cerceamento de transporte:
 Toda forma de limitação ao uso de meio de transporte existente, particular ou público,
possível de ser utilizado pelo trabalhador para deixar local de trabalho ou de alojamento.

6 - Vigilância ostensiva:
- A IN MTP 2/2021 define a vigilância ostensiva:
 Qualquer forma de controle ou fiscalização, direta ou indireta, por parte do empregador ou
preposto, sobre a pessoa do trabalhador que o impeça de deixar local de trabalho ou
alojamento.

7 - Retenção de documentos:
 É comum ocorrer a retenção de documentos dos trabalhadores, pelo empregador ou pelo
“gato” – pessoa que alicia os trabalhadores – para impedir que estes se ausentem do local
de trabalho.
- A IN MTP 2/2021 define a retenção de documentos:
 Qualquer forma de posse ilícita do empregador ou preposto sobre documentos ou objetos
pessoais do trabalhador
*** breve resumo das 7 situações na aula 17 pg 27 – único

2.1 - Iniciativas nacionais no combate ao trabalho escravo:


2.1.1 - Grupo Especial de Fiscalização Móvel – GEFM:
 Atua em consonância com previsão do Regulamento de Inspeção do Trabalho (RIT), que
prevê a possibilidade de fiscalização móvel em casos especiais, como o é a questão do
enfrentamento do trabalho em condições análogas à de escravo.
- Composição do GEFM:
 O GEFM é composto por Auditores-Fiscais do Trabalho, e em determinadas ações
participam também Procuradores do Trabalho e policiais (da Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Civil ou Polícia Militar).

- Criação do GEFM:
 O GEFM foi criado em 1995, após incapacidade de enfrentamento do problema do trabalho
escravo no Brasil. A criação do Grupo também foi fruto de uma série de denúncias de
trabalho escravo no Brasil junto a organismos internacionais de defesa de direitos
humanos.

2.1.2 – CONATRAE:
 CONATRAE é a sigla da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo,
órgão colegiado atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos.

- Criação do CONATRAE:
 A CONATRAE foi criada por Decreto de julho de 2003, tendo como sua principal atribuição
acompanhar o cumprimento das ações constantes do Plano Nacional para a Erradicação
do Trabalho Escravo.

- Composição do CONATRAE:
 A Comissão é formada pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos e por Ministros de
Estados (do Ministério do Trabalho e do Desenvolvimento Social e Agrário, entre outros).

2.1.3 - Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo:


 O atual Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo foi editado e aprovado pela
CONATRAE em 2008. Esta é a segunda versão, como atualização da 1ª, editada em 2003.
 Na apresentação do Plano o então Secretário Especial dos Direitos Humanos explica que
esta ação do governo brasileiro foi objeto de reconhecimento internacional.
 O Plano apresenta ações a serem desenvolvidas (enfrentamento, prevenção, repressão
econômica contra os maus empregadores, etc.) e seus responsáveis (SEDH/PR, MTb,
MPT, etc.).

2.1.4 - Lista Suja:


 Lista Suja é o nome como é conhecido o “Cadastro de Empregadores que tenham
submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo”.

 Esta é uma lista atualizada semestralmente pelo Ministério do Trabalho com a relação
dos nomes e demais dados de pessoas físicas e jurídicas flagradas pela fiscalização
utilizando trabalho escravo.

 Até o final de 2014 tal cadastro era regulamentado pela Portaria Interministerial nº 02, de
12 de maio de 2011, do MTb e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República (SDH-PR).

 Entretanto, em virtude de decisões contidas no âmbito da Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI 5209/2014) no STF, e na tentativa de se evitar o
enfraquecimento do combate ao trabalho escravo, o MTb e a Secretaria de Direitos
Humanos (SDH) da Presidência da República editaram nova Portaria, publicada em 01/04,
revogando a Portaria anterior e aperfeiçoando sua redação. Trata-se da Portaria
Interministerial nº 02, de 31 de março de 2015.

 Entretanto, com a confirmação pelo STF da publicidade da lista suja (no âmbito da ADI
5209), foi publicada, em maio de 2016, a Portaria Interministerial nº 4.

 Para complicar ainda mais a situação, em 2017, foi publicada a Portaria 1.293/2017 (em
substituição à Portaria MTb 1.129/2017), alterando novamente o assunto, a qual fora,
afinal, revogada em dezembro de 2019.

 Como previa a Portaria, a inclusão do nome do infrator no Cadastro ocorrerá após decisão
administrativa final relativa ao auto de infração (AI), lavrado em decorrência de ação fiscal,
em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos a condições análogas à
de escravo.
- De acordo com a Portaria Interministerial nº 04:
 Art. 2º, §1º - A inclusão do empregador somente ocorrerá após a prolação de decisão
administrativa irrecorrível de procedência do auto de infração lavrado na ação fiscal em
razão da constatação de exploração de trabalho em condições análogas à de escravo.

 §4º - A relação a ser publicada conterá o nome do empregador, seu número de inscrição
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF), o ano da fiscalização em que ocorreram as autuações, o número de pessoas
encontradas em condição análoga à de escravo, e a data decisão definitiva prolatada no
processo administrativo do auto de infração lavrado.

 De qualquer modo, em setembro de 2020, o STF confirmou, no bojo da ADPF 509, a


constitucionalidade da "lista suja". Entendeu o Supremo que a lista consiste em mero
cadastro, que confere publicidade a empregadores devidamente autuados por manter
empregados em condição análoga a de escravo.

2.1.5 - Lista do trabalho escravo e tráfico de pessoas do MPT:


 Além da lista comentada acima, o Ministério Público do Trabalho (MPT) editou, em junho
de 2019, a Resolução 168, instituindo Lista Nacional de Condenações por Tráfico de
Pessoas e/ou por Submissão de Trabalhadores a Condições Análogas à de Escravo em
ações ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho.
 A lista é divulgada no sítio eletrônico do MPT e exige, entre outros requisitos, o trânsito em
julgado da sentença condenatória.

2.2 - Outros aspectos relevantes sobre trabalho escravo:


2.2.1 - Sweating system:
 Sweating system é expressão usada para descrever um sistema onde o local de trabalho
se confunde com a moradia, sendo utilizado no setor de têxteis, vestuário e calçados. Esta
expressão é utilizada em contraponto ao factory system, em que os empregados laboram
reunidos em uma planta industrial.

 A terceirização do processo produtivo de grifes e marcas atinge pequenas empresas e


oficinas que, por vezes, são flagradas utilizando trabalho escravo no sistema de sweating
system. É o que ocorre nas oficinas de costura de São Paulo, onde imigrantes vivem e
trabalham sob condições degradantes, e por vezes com documentos retidos e servidão por
dívidas.

2.2.2 - Crimes correlatos:


 No Código Penal, existe a tipificação da redução à condição análoga à de escravo. Tal tipo
penal se encontra no Título I, Capítulo VI - DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
INDIVIDUAL.
- Exemplos de tipificações penais incluídos no Título IV - DOS CRIMES CONTRA A
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO:
a) Atentado contra a liberdade de trabalho:
 Art. 197: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
 I - A exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não
trabalhar durante certo período ou em determinados dias.

b) Frustração de direito assegurado por lei trabalhista:


 Art. 203: Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do
trabalho:
 §1º - Na mesma pena incorre quem:
 I - Obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para
impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;
 II - Impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou
por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.

c) Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional:


 Art. 207: Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do
território nacional:
 §1º - Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução
do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia
do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem.

2.2.3 - Previsões normativas de Diplomas Internacionais:


1 - Convenção nº 29 da OIT:
 Art. 2 - 1. Para os fins da presente convenção, a expressão ‘trabalho forçado ou
obrigatório’ designará todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob ameaça de
qualquer penalidade e para o qual ele não se ofereceu de espontânea vontade.

2 - Convenção nº 105 da OIT:


 Art. 1 - Qualquer Membro da Organização Internacional do Trabalho que ratifique a
presente convenção se compromete a suprimir o trabalho forçado ou obrigatório, e a
não recorrer ao mesmo sob forma alguma.

3 - Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:


 Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.

4 - Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de
1969:
 Artigo 6 - Proibição da Escravidão e da Servidão
 1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou à servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.
 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório.

2.2.4 - Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado:


 Lei 7.998/90, art. 2º: O Programa de Seguro-Desemprego tem por finalidade:
 I - Prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de
dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente
resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo;

- Valores e parcelas do seguro-desemprego dos resgatados:


 Lei 7.998/90, art. 2º-C: O trabalhador que vier a ser identificado como submetido a regime
de trabalho forçado ou reduzido a condição análoga à de escravo, em decorrência de ação
de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, será dessa situação resgatado e terá
direito à percepção de 3 parcelas de seguro-desemprego no valor de um salário-
mínimo cada (...).

 Resolução CODEFAT 957/2022, art. 50: O valor do benefício do seguro-desemprego do


trabalhador resgatado corresponderá a um salário-mínimo e será concedido por um
período máximo de 3 meses, a cada período aquisitivo de 12 meses a contar da
última parcela recebida. (...).

- Documentos recebido pelo resgatado para entrada do pedido ao benefício:


 Durante a ação de resgate, o empregado resgatado receberá:
 Requerimento do Seguro-desemprego do Trabalhador Resgatado - RSDTR
 Comunicação de Dispensa do Trabalhador Resgatado - CDTR,
 Com as quais o trabalhador poderá dar entrada em seu requerimento.
*** breve resumo na aula 17 pg 36 – único

3 - TRÁFICO DE PESSOAS
- Lei 13.344/2016 - Tráfico de Pessoas (adicionou o art. 149-A no CP):
 CP, art. 149-A: Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
 I - Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
 II - Submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
 III - Submetê-la a qualquer tipo de servidão;
 IV - Adoção ilegal; ou
 V - Exploração sexual.
 Pena - reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.

 §1º - A pena é aumentada de 1/3 até a metade se:


 I - O crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto
de exercê-las;
 II - O crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com
deficiência;
 III - O agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de
hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
 V - A vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.

 §2º - A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar
organização criminosa.

 Tal tipo amolda-se, portanto, à Convenção de Palermo, acrescida de protocolos


adicionais.
 Além da alteração no direito penal material, a Lei 13.344, de outubro de 2016, promoveu
alteração no Código de processo penal.

 No âmbito da investigação, adentrando o discutido tema dos “poderes investigatórios do


Ministério Público”, a lei facilita o acesso a dados de telefonia e internet pela polícia e
Ministério Público, para fins de investigação, franqueando a autoridade policial ou ao
membro do Ministério Público a requisição de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos de crimes como o
tráfico de pessoas, extorsão mediante sequestro e envio de criança ao exterior para
adoção sem o trâmite legal:

 CPP, art. 13-A: Nos crimes previstos nos arts.


 148 [sequestro e cárcere privado],
 149 [redução à condição análoga à de escravo] e
 149-A [tráfico de pessoas],
 no §3º do art. 158 [extorsão com restrição da liberdade da vítima] e
 no art. 159 [extorsão mediante sequestro] do Decreto-Lei no 2.848, de 7.12.1940 (Código
Penal), e
 no art. 239 [envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das
formalidades legais ou com o fito de obter lucro] da Lei no 8.069, de 13.07.1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente),
 o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.

- Exigência de autorização judicial para quebra de sigilo telefônico e telemático:


 CPP, art. 13-B: Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao
tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou
dos suspeitos do delito em curso.

- Quando não há manifestação do juiz em prazo hábil:


 CPP, art. 13-B, §4º: Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou
dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

 Ou seja, passadas algumas horas do requerimento ao juiz e ante sua não apreciação, a lei
mitiga a garantia prevista no artigo 5º da CF.

- Segundo a própria ONU, a Convenção de Palermo, assinada em 2000:


 É complementada por três protocolos que abordam áreas específicas do crime
organizado:
 I - O Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em
Especial Mulheres e Crianças;
 II - O Protocolo Relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e
Aérea;
 III - O Protocolo contra a fabricação e o tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e
componentes e munições.
 Os Estados-membros que ratificaram este instrumento se comprometem a adotar uma
série de medidas contra o crime organizado transnacional, incluindo a tipificação criminal
na legislação nacional de atos como a participação em grupos criminosos organizados,
lavagem de dinheiro, corrupção e obstrução da justiça. A convenção também prevê que os
governos adotem medidas para facilitar processos de extradição, assistência legal mútua e
cooperação policial. Adicionalmente, devem ser promovidas atividades de capacitação e
aprimoramento de policiais e servidores públicos no sentido de reforçar a capacidade das
autoridades nacionais de oferecer uma resposta eficaz ao crime organizado.

- A Convenção de Palermo encontra-se, segundo leciona Gabriela Sandroni, organizada em


quatro partes:
 Criminalização,
 Cooperação internacional,
 Cooperação técnica e
 Implantação.

- Na criminalização foram definidos os conceitos e as formas de crimes transnacionais


(exemplos):
a) Por “tráfico de pessoas”:
 Entende-se o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento
de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao
rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade ou à
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma
pessoa que tem autoridade sobre outra, para fins de exploração.
 A exploração deverá incluir, pelo menos, a exploração da prostituição de outrem ou outras
formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, a escravatura ou
práticas similares à escravatura, a servidão ou a extração de órgãos;

b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas:


 Tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do presente artigo,
deverá ser considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios
referidos na alínea a).

c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de uma


criança para fins de exploração:
 Deverão ser considerados “tráfico de pessoas” mesmo que não envolvam nenhum dos
meios referidos na alínea a) do presente artigo.

d) Por “criança” entende-se:


 Qualquer pessoa com idade inferior a 18 anos.

- Cooperação internacional e técnica:


 Pautaram-se nos assuntos referentes às trocas de informações, inteligência, programas de
treinamentos e financiamento de atividades de combate ao crime transnacional.
- Implementação:
 Ficou criado o órgão chamado Conferência das Partes, o qual tem como competência
monitorar, sugerir mudanças, facilitar as atividades de troca de informação, além de servir
como fórum de ajuda aos países menos desenvolvidos na implementação das medidas de
combate ao crime organizado transnacional.
 A partir da Convenção de Palermo, a ONU também estabeleceu o Escritório das Nações
Unidas Contra o Crime e Drogas (ou United Nations Office on Drugs and Crime – UNODC),
com filiais espalhadas ao redor mundo, inclusive no Brasil.
*** Resumo completo na aula 17 pg 43

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