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DIREITO TRABALHISTA

Boletim Trabalhista n° 06 - 2ª Quinzena. Publicado em: 29/03/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

TRABALHO DO MENOR
Proibições, Lista TIP, Direitos Trabalhistas, Responsáveis, ECA, Prescrição, eSocial

Roteiro 

1. Introdução
2. Conceito
3. Proibições ao Trabalho do Menor
4. Trabalho do Menor x Trabalho Doméstico
5. Lista TIP - Decreto n° 6.481/2008
6. Trabalho Mediante Autorização da Autoridade Competente
7. Jornada de Trabalho
7.1. Intervalo Interjornada
7.2. Vedação à Prorrogação da Jornada
8. Descanso Semanal Remunerado
9. Remuneração
10. Férias
11. Menor Alfabetizado
12. Obrigações dos Responsáveis Legais e Empregadores
13. Frequência às Aulas
14. Pagamento de Salário
15. Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
16. Prescrição
17. eSocial
18. Rescisão - Assistência dos Responsáveis Legais

1. Introdução
O ordenamento jurídico brasileiro prevê a possibilidade de contratação dos menores de 18 anos, desde que já tenha os 16 anos completos.

No entanto, caberá aos empregadores observarem as normas previstas de proteção e segurança para essa categoria especial de trabalhadores.

Nesse sentido, cumpre citar o artigo 5° do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, instituído pela Lei n° 8.069/90

Art. 5° Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Posto isso, o objetivo da presente matéria é trazer as disposições legais, assim como, os cuidados que o empregador deverá ter ao contratar o menor como
trabalhador.

2. Conceitos
De acordo com o artigo 403 da CLT, o menor de 16 anos somente poderá trabalhar na condição de aprendiz, ou seja, o menor com 16 anos completos poderá
trabalhar como um empregado comum desde que seja respeitada suas particularidades como será visto nos tópicos a seguir.

Para mais informações acerca da contratação do menor aprendiz recomenda-se a leitura das matérias abaixo:

Aprendiz - Aspectos Previdenciários - Conceito, Inscrição e Filiação, Contribuições Previdenciárias, Salário-


Boletim n° 06/2021
Maternidade

Aprendiz - Verbas Rescisórias - Rescisão, Pagamento, Homologação, eSocial, SEFIP/GFIP, Coronavírus, LGPD Boletim n° 06/2021

Aprendiz - Parte I - Obrigatoriedade de Contratar, Programas de Aprendizagem, Fiscalização Boletim n° 18/2018

Aprendiz - Parte II - Contrato de Aprendizagem, Requisitos, Término, Verbas Rescisórias, eSocial Boletim n° 20/2018
DIREITO TRABALHISTA
Boletim Trabalhista n° 06 - 2ª Quinzena. Publicado em: 29/03/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Aprendiz - Parte III - Remuneração, Jornada, Intervalos, Férias, Instrumentos Coletivos, FGTS, Estabilidades Boletim n° 22/2018

3. Proibições ao Trabalho do Menor


Para que seja possível o menor com 16 anos completos trabalhar deverá respeitar as seguintes normas:

Não poderá trabalhar:

a) em locais que possam prejudicar sua formação ou desenvolvimento psíquico, moral e social, bem como, em horários que impossibilitem a
frequência à escola (artigo 403, parágrafo único, da CLT);

b) no horário noturno, período que corresponde as 22:00 e as 05:00 horas (artigo 404 da CLT);

c) em locais e serviços perigosos ou insalubres (artigo 405, inciso I, da CLT);

d) em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade (artigo 405, inciso II, da CLT).

Ainda, para que seja possível o menor com 16 anos completos trabalhar em ruas, praças e outros logradouros será necessário prévia autorização do Juiz, o
qual ficará responsável por apurar se o trabalho nestas condições é essencial a seu sustento ou de seus familiares, desde de que não cause danos a sua
formação em conformidade com o artigo 405, § 2°, da CLT.

Não obstante o artigo 405, § 3°, da CLT apresenta situações que já se caracterizam como prejudicial à moralidade do menor o trabalho:

a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos análogos; 

b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes; 

c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer
outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;

d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas. 

O artigo 390 da CLT aplica-se ao menor em conformidade com o artigo 405, § 5°, da CLT. Assim, o menor não poderá trabalhar em serviço que exija o
emprego de força muscular superior a 20 quilos para o trabalho continuo, ou 25 quilos para o trabalho ocasional.

4. Trabalho do Menor x Trabalho Doméstico


Nos termos da Lei Complementar n° 150/2015, o parágrafo único do artigo 1°, veda a contratação do menor de 18 anos para a realização do trabalho
doméstico em observação a Convenção OIT n° 182/99 e com o Decreto n° 6.481/2008.

5. Lista TIP - Decreto n° 6.481/2008


A Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil - TIP foi trazida através da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho - OIT e regulada em
território Nacional pelo Decreto n° 6.481/2008.

Entre as principais formas de trabalho infantil o Decreto 6.481/2008 estabelece no seu artigo 4°:

I - todas as formas de escravidão ou práticas análogas, tais como venda ou tráfico, cativeiro ou sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou
obrigatório;

II - a utilização, demanda, oferta, tráfico ou aliciamento para fins de exploração sexual comercial, produção de pornografia ou atuações
pornográficas;

III - a utilização, recrutamento e oferta de adolescente para outras atividades ilícitas, particularmente para a produção e tráfico de drogas; e

IV - o recrutamento forçado ou compulsório de adolescente para ser utilizado em conflitos armados.

Destaca-se que a lista TIP será regularmente observada e revista.

A lista completa das piores formas de trabalho infantil poderá ser consultada no site da Econet Editora em Tabelas Práticas, opção Trabalhista, no item n° 13
- Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (LISTA TIP).
DIREITO TRABALHISTA
Boletim Trabalhista n° 06 - 2ª Quinzena. Publicado em: 29/03/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

6. Trabalho Mediante Autorização da Autoridade Competente


Para que seja possível o menor com 16 anos completos trabalhar em ruas, praças e outros logradouros será necessária prévia autorização do Juiz, o qual
ficará responsável por apurar se o trabalho nestas condições é essencial a seu sustento ou de seus familiares, desde que não cause danos a sua formação,
em conformidade com o artigo 405, § 2°, da CLT.

Nos locais em que haja instituições devidamente reconhecidas e voltadas ao apoio dos menores, somente poderão trabalhar como jornaleiros os que
obtiverem a devida autorizarão do Juiz, de acordo com o artigo 405, § 4°, da CLT.

Somente o Juiz de Menores tem o poder de autorizar o trabalho em teatros, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos congéneres,
ou, em ambientes circenses, como também nas atividades de acrobata e análogos, desde que haja um fim educativo ou a peça de que participe não possa
ser prejudicial à sua formação, bem como, deverá se certificar a ocupação do menor indispensável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e
não advir nenhum prejuízo à sua formação moral, conforme o artigo 406 da CLT.

7. Jornada de Trabalho
A jornada do trabalho do menor é regulamentada de forma especifica pelo Capítulo IV, seção II da CLT, como previsto no artigo 411 da CLT.

Ainda assim, será respeitado o artigo 7°, inciso XIII, da Constituição Federal de 1998 o qual determina a duração normal do trabalho será de até oito horas
diária e 44 horas semanais.

7.1. Intervalo Interjornada


Ao menor é garantido o intervalo, entre uma jornada de trabalho e outra, o intervalo de no mínimo 11 horas, de acordo com o artigo 412 da CLT.

Destaca-se que o artigo 414 da CLT determina que quando o menor tiver mais de um vínculo emprego, as horas de trabalho serão totalizadas.

7.2. Vedação à Prorrogação da Jornada


O menor está impedido de prorrogar a sua jornada de trabalho, ou seja, não poderá realizar horas extras, nos termos do artigo 413 da CLT.

Entretanto, em exceção a prorrogação de jornada, o menor poderá realizar até mais de duas horas, desde que previsto em Acordo ou Convenção Coletiva de
Trabalho, assim como, a prorrogação de um dia, seja necessariamente compensada em outro dia, respeitando o limite máximo de 48 horas semanais.

Ainda, por motivo de força maior ou que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento, o menor poderá trabalhar no
máximo até 12 horas desde que haja o pagamento de 25% sobre o valor da hora normal.

8. Descanso Semanal Remunerado


Todo empregado tem direito ao descanso semanal remunerado. Assim, para o menor não seria diferente. Logo, considerando que o menor tem o mesmo
direito, será assegurado um descanso semanal remunerado de 24 horas consecutivas preferencialmente aos domingos, de acordo com o previsto no artigo
67 da CLT; artigo 1° da Lei n° 605/1949 e artigo 7°, inciso XV, da CF/88.

Para maiores informações acerca do descanso semanal remunerado recomenda-se a leitura das matérias abaixo:

Descanso Semanal Remunerado - DSR - Parte I - Remuneração, Semana Trabalhista, Feriado, Escala de
Boletim n° 14/2019
Revezamento, Folgas, Reflexos

Descanso Semanal Remunerado - DSR - Parte II - Perda do DSR, Doméstico, Comissionista, Horista, Diarista,
Boletim n° 16/2019
Jornada 12 x 36, eSocial

9. Remuneração
Ao menor é assegurado o direito ao salário mínimo nacional, conforme previsto no artigo 7°, inciso XXVI, da CF/88, ou ainda, em caso haja previsão mais
benéfica o empregador deverá ser respeitado o Piso Regional ou da respetiva categoria profissional de acordo com o artigo 611 da CLT.

10. Férias
O menor terá direito as férias após seu período aquisitivo de 12 meses, nos termos dos artigos 129 ao 153 da CLT.

As férias poderão ser fracionadas em até três períodos, desde que o trabalhador concorde. Um dos períodos não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os
demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos cada um, conforme determina o artigo 134 da CLT.

As férias coletivas ainda poderão ser fracionadas em dois períodos e nenhum dos períodos poderá ser inferior a 10 dias corridos nos termos do artigo 139
da CLT.
DIREITO TRABALHISTA
Boletim Trabalhista n° 06 - 2ª Quinzena. Publicado em: 29/03/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Destaca-se que as férias serão no período que melhor atender os interesses do empregador, conforme o artigo 136 da CLT, todavia, o caso o menor de 18
anos seja estudante, terá o direito das suas férias coincidirem com as férias escolares, com base no artigo 136, § 2°, da CLT.

11. Menor Alfabetizado


A exigência de comprovação que o menor era alfabetizado através do certificado de conclusão do primário ou ainda documento equivalente e na ausência
deste o exame previsto já não é obrigatório, frente a revogação trazida pela Lei n° 13.871/2019, conhecia como Lei da Liberdade Econômica que revogou o
artigo 419 da CLT.

Dessa forma, não há mais um tratamento especifico na CLT para o menor analfabeto.

12. Obrigações dos Responsáveis Legais e Empregadores


O artigo 424 da CLT estabelece como atribuição dos responsáveis legais dos menores, tais como, pais, mães ou ainda tutores, que estão deveram inibir
trabalhos que reduzam substancialmente o tempo de estudo do menor, ou que limite o tempo de descanso necessários para a sua saúde e constituição
física, ou ainda atrapalhe a sua educação moral.

Ainda, o artigo 425 da CLT, determina que os empregadores de menores de 18 anos deverão respeitar em seus estabelecimentos os bons costumes e da
decência pública, assim como, das regras da segurança e da medicina do trabalho.

13. Frequência às Aulas


O empregador que tem empregados menores está obrigado a conceder tempo necessário para a frequência as aulas, para que o menor não seja prejudicado
na sua formação escolar, nos termos do artigo 427 da CLT.

14. Pagamento de Salário


O empregado deverá receber seu salário até o 5° dia útil do mês seguinte, conforme trata o artigo 459, § 1°, da CLT.

Ainda, no tocante ao recibo de pagamento, de acordo com o artigo 439 da CLT, o menor poderá assinar os recibos mensais de pagamento dos salários sem
assistência dos pais ou responsáveis. Por outro lado, quando tratar de rescisão contratual, o menor não poderá assinar sozinho, devendo, neste caso, ter a
assistência de seus responsáveis legais para a devida quitação, vejamos:

art. 439.  É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao
menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que
lhe for devida.

15. Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA


A Lei n° 8.069/90 trata sobre a proteção da criança e do adolescente, e especificamente o Capítulo V, sobre a proteção ao trabalho do menor.

O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA inicia em seu artigo 60 proibindo qualquer trabalho aos menores 14 anos de idade, a não ser que seja na
qualidade de aprendiz.

Ainda, o artigo 112, § 2°, do ECA trás de forma clara que em hipótese alguma será permitido o trabalhado forçado.

16. Prescrição
Não há contagem de prazo prescricional para os menores de 18 anos de acordo com o que estabelece o artigo 440 da CLT.

Para mais informações acerca da prescrição recomenda-se a leitura da matéria abaixo:

Decadência e Prescrição - Conceito, Causas de Suspensão e Interrupção Boletim n° 03/2020

17. eSocial
Considerando que o menor é um trabalhador comum, apesar das suas particularidades já tratadas nesta matéria, também deverá ser informado no eSocial o
cadastramento dos empregados, admissões eventos não periódicos (S-2190 à S-2399), folha de pagamento (S-1200 à 1299) e por fim os eventos de SST (S-
2210, S-2020 e S 2240) conforme o calendário.

Para mais informações sobre a obrigatoriedade, grupos, eventos e prazos esta disponível a área especial do eSocial.
DIREITO TRABALHISTA
Boletim Trabalhista n° 06 - 2ª Quinzena. Publicado em: 29/03/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

18. Rescisão - Assistência dos Responsáveis Legais


No caso de rescisão do contrato de trabalho, o menor deverá ter assistência de seus responsáveis legais para a devida quitação conforme previsto no artigo
439 da CLT:

Art. 439.  É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao
menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que
lhe for devida.

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

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