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Direito do Trabalho II 2
AULA 07 2
I. FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO ESPECIAL 2
II. A PROTEÇÃO LEGAL AO MENOR NO BRASIL 3
III. Menor empregado 4
IV. MENOR APRENDIZ 5
V. MENOR ASSISTIDO 5

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Direito do Trabalho II
Karina Martins

Direito do Trabalho II
AULA 07

I. FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO ESPECIAL

No início da sociedade industrial, surgiram as primeiras preocupações com


a defesa do trabalho do menor. Um dos aspectos mais dramáticos da questão
social foi a exploração do trabalho do menor, quando não existiam leis
trabalhistas. Na época das corporações de ofício, o menor não foi tão
desprotegido. As corporações davam-lhe preparação profissional e moral.
Modificou-se essa situação com as fábricas e a supressão das corporações.
A proteção do menor, diz Mário de La Cueva, é o ato inicial do direito do
trabalho, sendo o Moral and Health Act (1802), de Roberto Peel, a primeira
disposição concreta que corresponde à ideia contemporânea do direito do
trabalho. As palavras do manifesto de Peel são por si expressivas: “salvemos os
menores”, lema de uma campanha da qual resultou a redução da duração diária
do trabalho do menor para 12 horas. Seguiram-se diversas leis disciplinando a
idade mínima para a permissão do trabalho do menor.
A Organização Internacional do Trabalho, em 1919, aprovou duas
convenções, uma sobre idade mínima para o emprego dos menores nas
indústrias — 14 anos —, outra sobre proibição do trabalho noturno, seguindo-se
diversas outras normas. A Convenção n. 182 (DO 13.9.2000) dispõe sobre a
Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua
Eliminação. Essa Convenção recomenda ações, que os Estados se comprometem
a desenvolver, destinadas a eliminá-las, considera criança toda pessoa menor de
18 anos de idade, e por piores formas de trabalho infantil, além de outras, a
“escravidão ou práticas análogas”, dentre as quais a sujeição por dívida e
servidão, o trabalho forçado ou compulsório e o trabalho que, por sua natureza

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ou pelas circunstâncias que é executado, é suscetível de prejudicar a saúde, a


segurança e a moral da criança.
Há fundamentos para a proteção especial do trabalho do menor, segundo
Garcia Oviedo, de mais de uma ordem.
São de ordem fisiológica, para que se permita o seu desenvolvimento
normal sem os inconvenientes das atividades insalubres e penosas; cultural, para
que o menor possa ter instrução adequada; moral, para que seja afastado de
ambientes prejudiciais à sua moralidade; e de segurança, para que não seja
exposto aos riscos de acidentes do trabalho.

II. A PROTEÇÃO LEGAL AO MENOR NO BRASIL

O gênero trabalho do menor comporta mais de uma modalidade. Primeira, o


menor empregado, regido pela Constituição Federal e pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT, art. 3º). Segunda, o menor aprendiz empregado, também
disciplinado pela CLT (art. 428). Terceiro, o menor aprendiz não empregado, a
que se refere também a CLT (art. 431). Há outras modalidades, o adolescente
assistido, o trabalho socioeducativo (Estatuto da Criança e do Adolescente, art.
67) e o trabalho familiar (CLT, art. 402).
Menor aprendiz não empregado (CLT, art. 431) é aquele cuja aprendizagem
é contratada e prestada por um determinado tipo de entidade a que se refere o
art. 430, II, da CLT, a saber, entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a
assistência ao adolescente e à educação profissional, registrada no Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, tratando-se, como está claro
na lei, de uma relação de aprendizagem especial, não caracterizando relação de
emprego porque nela figura como instituição que ministrará a aprendizagem, uma
entidade do tipo acima mencionado e porque a aprendizagem é dirigida e
ministrada com esse tipo de instituição.
O trabalho socioeducativo do menor é autorizado pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente (art. 67), que assim considera aquele previsto em programa
social, sob a responsabilidade de entidade governamental ou não governamental
sem fins lucrativos e que assegure ao adolescente que dele participe condições
de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada, nos quais as
exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do
educando prevalecem sobre o produtivo.
O trabalho familiar (CLT, art. 402, parágrafo único) é o prestado “em oficinas
em que trabalhem exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este sob
a direção do pai, mãe ou tutor”. Não configura vínculo de emprego.

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O menor jornaleiro (CLT, art. 405, § 4º), outra figura, é o que trabalha “nas
localidades em que existirem, oficialmente reconhecidas, instituições destinadas
ao amparo dos menores jornaleiros, só aos que se encontrem sob o patrocínio
dessas entidades será outorgada a autorização do trabalho”. A palavra jornaleiro
vem de jornal, que é semelhante a dia, portanto, uma atividade não constante,
tendo em vista o dia-trabalho. Trata-se do menor que trabalha em ruas, praças e
outros logradouros públicos. É o caso da patrulha-mirim. É proibido se prejudicial
à formação moral do menor e não exercido sob o amparo de instituições de
amparo aos menores.
O menor bolsista é aquele com menos de 14 anos de idade cujo trabalho é
compensado com uma bolsa e não com salário (ECA).
Há uma questão jurídica fundamental. A Emenda Constitucional n. 20, de
1998, que alterou o inciso XXXIII, do art. 7º da Constituição Federal de 1988,
declara que “é proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”. Se assim é, todo trabalho
do menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, é vedado em qualquer
das modalidades acima indicadas.

III. Menor empregado

Menor, é aquele com menos de 18 anos (CLT, art. 402) e, se prestar


serviços subordinados, contínuos e remunerados a empregador, será empregado
(CLT, art. 3º). Terá todos os direitos trabalhistas previstos pela CLT, para qualquer
empregado adulto, com algumas especificações.
É proibido o trabalho do menor de 16 anos de idade como empregado (CF,
art. 7º, XXXIII), salvo na condição de aprendiz. Como aprendiz, é permitido o
trabalho a partir dos 14 anos de idade (CF, art. 7º, XXXIII, e CLT, art. 403).
Ao menor de 18 anos, é lícito assinar recibos, menos o de quitação final do
contrato (CLT, art. 439).
Há proibições ao trabalho do menor: a) trabalho noturno, assim considerado
aquele a partir das 22 horas (CLT, art. 404); b) trabalho em ambiente insalubre,
com periculosidade ou capaz de prejudicar a moralidade (CLT, art. 405); c)
trabalho em ruas, praças e logradouros públicos, salvo mediante prévia
autorização do juiz de menores (CLT, art. 405, § 2º); d) trabalho que demande o
emprego de força muscular superior a 20 quilos, se contínuo, ou 25 quilos, se
ocasional (CLT, art. 405, § 5º).
Quanto à duração da jornada diária de trabalho, é a mesma do adulto: 8
horas (CLT, art. 411); os intervalos são iguais, mas são proibidas horas

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extraordinárias, salvo decorrentes de acordo de compensação de horas (CLT, art.


413, I) ou nos casos de força maior, e com direito a adicional de 50% (CF, art.
7º, XVI). Quando o menor for empregado em mais de uma empresa, somam-se
todos os horários, como se fossem de um emprego só, sendo proibido
ultrapassar o total de 8 horas diárias de trabalho.
O salário devido é o mesmo do adulto, inclusive salário mínimo e pisos
salariais.
Quatro são as normas legais de proteção à escolaridade.
Primeira, o dever dos pais de afastar os menores de empregos que
diminuam consideravelmente suas horas de estudos (CLT, art. 427); segunda, a
manutenção pelos empregadores de local apropriado para ministrarem instrução
primária em certas condições (CLT, art. 427, parágrafo único); terceira, a
concessão de férias no emprego coincidentes com as férias na escola (CLT, art.
136, § 2º); e quarta, a proibição de fracionar a duração das férias (CLT, art. 134,
§ 2º).
Não corre prescrição contra menor de 18 anos (CLT, art. 440).
O “Estatuto da Criança e do Adolescente” (Lei n. 8.069/90) proíbe todo
trabalho do menor de 14 anos, salvo aprendiz, mas ressalva o trabalho educativo
(art. 68).

IV. MENOR APRENDIZ

Já estudamos a figura do menor aprendiz, quando examinamos os tipos de


empregados (v. Cap. III, Tipos Especiais de Empregado, item 4, Empregado
Aprendiz), ocasião em que foi estudada a definição de aprendiz, de contrato de
aprendizagem, aprendiz empregado e não empregado, requisitos específicos do
contrato de aprendizagem, duração da jornada de trabalho e salários do aprendiz.
Para examinar esses aspectos, reportamo-nos ao referido texto. Vimos, também,
que o menor, como aprendiz, pode trabalhar a partir dos 14 até os 24 anos de
idade.

V. MENOR ASSISTIDO

Com o objetivo de permitir aos milhões de menores carentes existentes no


Brasil uma oportunidade de iniciação à profissionalização foi criada pelo Decreto-
lei n. 2.318, de 30.12.1986, a figura do menor assistido por uma instituição de
assistência social e por esta encaminhado à empresa.

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As empresas são obrigadas a admitir, como assistidos, com duração de 4


horas diárias de trabalho e sem vinculação com a previdência social, menores
entre 12 e 18 anos de idade, que frequentem escola, em número
correspondente a 5% do total de empregados. Como a Emenda Constitucional n.
20, de 1998, passou a proibir o trabalho do menor de 16 anos de idade, é
questionável autorização da lei ordinária para o trabalho, ainda que sem vínculo
empregatício, desde os 12 anos de idade, sendo mais coerente a interpretação
segundo a qual também o menor assistido deve ser aquele a partir do mínimo
constitucional atual. Não há recolhimentos de Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço nem encargos do FUNRURAL. A referida norma não esclarece se essa
preparação profissional gera vínculo empregatício. Pela origem, a figura é de
natureza assistencial, portanto, configurando um vínculo do tipo previdenciário,
não configurador de relação de emprego. Todavia, como o Decreto-lei n. 2.318
silenciou sobre esse aspecto, a questão é controvertida. Não é infundado
interpretar que no silêncio do texto é aplicável o art. 3º da CLT. Porém, essa
conclusão contraria a finalidade e o espírito da nova figura de relação de
trabalho.
A Lei n. 8.069/90, art. 68 (Estatuto da Criança), dá continuidade ao
programa de serviços educacionais sem vínculo de emprego.
As reclamações trabalhistas de menores de 18 anos de idade na Justiça do
Trabalho são feitas pelos seus representantes legais, que são o pai ou a mãe, e,
à falta dos mesmos, pela pessoa que tiver a sua representação ou guarda legal.
À falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo Sindicato, pelo
Ministério Público estadual em que não atuar a Procuradoria da Justiça do
Trabalho ou por Curador nomeado em Juízo (CLT, art. 793).

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