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UNIVERSIDADE TÉCNICA DIOGO EUGÉNIO GUILANDE

Faculdade de Ciências Jurídicas

CURSO DE DIREITO

Direitos Fundamentais

Problemática dos Direitos Fundamentais:


Formação e evolução

Turma Pos Laoral: II Ciclo


5º Grupo

Discentes: Docente:
Adérito Sitoe Dr. Bernardino Bilério
Anabela Fragoso
Enia Valoi
Dercia da Cruz
Camira Marane
Luis Sabonete
Stelio Sitoe
Matola, Junho de 2022

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DIOGO EUGÉNIO GUILANDE

Faculdade de Ciências Jurídicas

CURSO DE DIREITO

Trabalho de pesquisa realizado sob orientação do Dr.


Bernardino Bilério, para efeitos de avaliação na
disciplina de Direitos Fundamentais para
Licenciatura em Direito na Faculdade de Ciências
Jurídicas.

Direitos Fundamentais

Problemática dos Direitos Fundamentais:


Formação e evolução

Turma Pos Laoral: II Ciclo

Discentes: Docente:
Adérito Sitoe Dr. Bernardino Bilério
Anabela Fragoso
Enia Valoi
Dercia da Cruz
Camira Marane
Luis Sabonete
Stelio Sitoe
Matola, Junho de 2022

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Indíce
1.Introdução .................................................................................................................................................. 4

1.1. Objectivos .............................................................................................................................................. 5

1.1.1. Objectivo Geral ................................................................................................................................... 5

1.1.2. Objectivos específicos ........................................................................................................................ 5

1.2. Metodologia ........................................................................................................................................... 5

2.Direitos Fundamentais ............................................................................................................................... 6

3.Direitos fundamentais em sentido formal e em sentido material ............................................................... 6

4.Terminologia Adaptada: direitos fundamentais & Direitos do Homem .................................................... 6

5.Os Direitos Fundamentais na História ....................................................................................................... 7

6.A Evolução desde o estado liberal Burguês ............................................................................................. 10

7.Direitos Fundamentais e Direitos Políticos no Século XX e XXI ........................................................... 11

9.Os Direitos Fundamentais param além do Estado ................................................................................... 12

11.Conclusão............................................................................................................................................... 14

12.Bibliografia ............................................................................................................................................ 15

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1.Introdução

Trabalho versa sobre a Problemática dos Direitos Fundamentais Formação e Evolução. Neste
processo, abordam-se os direitos, liberdades e garantias pessoais, bem como os direitos
económicos, sociais e culturais, procedendo-se à contextualização de ambas as categorias de
direitos e à análise das características que os aproximam e distinguem entre si. Para o efeito, serão
objeto de reflexão algumas questões específicas, como sejam as funções, o âmbito de proteção, a
densificação e a titularidade dos direitos fundamentais. Procede-se, ainda, a uma análise dos
princípios gerais e do catálogo dos direitos fundamentais,. Por fim, proporciona-se uma visão sobre
a problematica dos direitos fundamentais e futuro, os mecanismos jurídicos para a efetivação do
regime dos direitos fundamentais, nomeadamente, a aplicabilidade e a eficácia dos direitos
fundamentais e o futuro, a vinculação das entidades públicas e dos particulares e a metódica e
hermenêutica dos direitos fundamentais.

E ainda, nesta análise, teremos em consideração um maior detalhe sobre as peculiaridades e


características dos direitos fundamentais na Constituição. Debruçar-nos-emos sobre a forma como
os direitos fundamentais aí são catalogados e sistematizados, o que nos levará a concluir pela
existência de um regime autónomo dos direitos fundamentais dentro do direito constitucional que
nos traz um número de questões particulares, dignas de análise.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


Temos como prespectiva trazer uma visão sobre os mecanismos jurídicos para a efetivação do
regime dos direitos fundamentais, nomeadamente, a aplicabilidade e a eficácia dos direitos
fundamentais, a vinculação das entidades públicas e dos particulares e a metódica e hermenêutica
dos direitos fundamentais.

1.1.2. Objectivos específicos


 Direitos Fundamentais
 Direitos fundamentais em sentido formal e em sentido material
 Terminologia Adaptada: direitos fundamentais & Direitos do Homem
 Os Direitos Fundamentais na História
 A Evolução desde o estado liberal Burguês
 Direitos Fundamentais e Direitos Políticos no Século XX e XXI
 Os direitos Fundamentais no estado social de Direito
 Os Direitos Fundamentais param além do Estado
 Direitos fundamentais das Gerações Futuras

1.2. Metodologia

Na elaboração deste trabalho, foi realizada pesquisa bibliográfica, buscando ampliar as


informações referentes ao tema, para obtenção de uma base conceitual necessária, que segundo
Gil (2008 p. 50) é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no facto de
permitir ao investigador a cobertura de diversos fenómenos muito mais interessante do que aquela
que poderia pesquisar directamente.

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2.Direitos Fundamentais

Direitos fundamentais são as posições jurídicas activas das pessoas enquanto tais, individual ou
institucionalmente consideradas, assentes na constituição seja na fundamentais em sentido formal
e direitos fundamentais em sentido material.

3.Direitos fundamentais em sentido formal e em sentido material

Os dois sentidos podem ou devem não coincidir ₋pretende se susceptível de permitir o estudo de
diversos sistemas jurídicos, sem escamotear a atinência das conceições de direitos fundamentais
com as ideias de Direito, os regimes políticos e as ideologias. Além disso, recobre múltiplas
categorias de direito quanto a estrutura, a titularidade, ao exercício, ao objecto ou ao conteúdo e a
função, assim como abrange direitos verdadeiros e próprios direitos subjectivos, expectativas,
pretensões e, porventura mesmo, interesses legítimos.

O Direito fundamental é toda posição jurídica subjectiva das pessoas enquanto consagrada na lei
fundamental. Participante, por via da Constituição formal, da própria constituição material, tal
posição jurídica subjectiva fica, só por estar inscrita na constituição formal, dotada da protecção a
esta ligada, nomeadamente quanto a garantia da constitucionalidade e a revisão. Ou seja, todos os
direitos fundamentais em sentido formal são também direitos fundamentais em sentido material.
Mas há direitos fundamentais em sentido matérias para além deles.

4.Terminologia Adaptada: direitos fundamentais & Direitos do Homem

Os direitos fundamentais podem ser entendidos em primeira face, como direitos inerentes a própria
noção de pessoa, como os direitos básicos da pessoa, como os direitos que constituem a base
jurídica da vida humana no seu nível actual de dignidade, como as bases principais da situação
jurídica de cada pessoa. Eles dependem das Filosofias politicas, sociais e económicas e das
circunstâncias de cada época e lugar.

Na linguagem corrente, fala se principalmente em direitos do homem. E não é por acaso que isso
sucede; não apenas porque da declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 à
declaração universal dos Direitos do Homem se desenvolve o percurso decisivo na aquisição
jurídica dos direitos fundamentais como porque a expressão traduz bem a ideia do direito do
Homem. Todavia, apesar da constante referencia de direitos fundamentais a direitos do homem,

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contra a adopção deste termo em Direito Constitucional prevalece os direitos fundamentais em
sentido material.

Já em direito Internacional, tende a prevalecer o termo Direitos do Homem – ou o termo protecção


Internacional dos Direitos do Homem – em parte, por assim ficar mais claro a atinência dos
Direitos aos indivíduos, e ano aos Estados e outras entidades Internacionais, em parte, por ser
menos extenso o desenvolvimento alcançado e procura se um mínimo ato universal ou para-
universal.

Paulo Ortero, diferentemente Prefere a expressão ‘’direitos humanos’’ , por se concentrar no


essencial – o estatuto da pessoa humana – e por, a partir das ultimas décadas só século XX, se
assistir a uma progressiva perda de fundamental ida com excessivo alargamento despersonalização
e diluição e até com o aparecimento de direitos fundamentais contra a dignidade da Pessoa humana.

No entanto, o termo “direitos Humanos” pode não servir para defesa da pessoa humana ( tal
como, “dignidade humana’’ e não dignidade da pessoa humana ), por poder inculcar direitos
inerentes à pessoa Humanidade ou ao género humano e não a todas e cada uma das pessoas
humanas.

5.Os Direitos Fundamentais na História

Somente a Direitos Fundamentais quando o estado e a pessoa, a autoridade e a liberdade se


distinguem e até, em maior ou menor medida, se contrapõem. Mas – poe isso mesmo – não podem
aprender- se senão como realidades que se postulam reciprocamente, se condicionam, interfere
uma a outra.

Os fins do Estado, a organização do estado, o exercício do poder, a limitação do poder são funções
do modo de encarrar a pessoa, a sua liberdade, as suas necessidades. E do mesmo modo, as
aspirações e pretensões individuais, institucionais ou colectivas reconhecidas, os direitos e deveres
da pessoa, a sua posição perante a sociedade e o e Estado são função do sentido que ele confere à
sua autoridade, das normas que a regulam, dos meios de que dispõe.

São bem conhecidas quatro grandes diferenciações de compreensão e extensão de direitos das
pessoas, as quais revertem em sucessivos períodos de formação.

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 Primeiro: consiste – adoptando a formula celebre de Benjamim Constante – na distinção
entre liberdade dos antigos e liberdade dos modernos, na distinção entre a maneira de
encarrar a pessoa na antiguidade e a maneira a encarrar a partir do Cristianismo. Para os
antigos, a liberdade é, antes de mais, realização da vida pessoal.
 Segundo: refere se a tutela dos direitos própria da idade media e do estado estamental e
a tutela dos direitos própria do estado moderno, mais particularmente do estado
constitucional. Os direitos de grupos, de corporações, de ordens, de categorias; aqui
direitos comuns ou universais, ligados a uma relação imediata com o estado, direitos do
homem e do cidadão.
 Terceiro: Contraposição da se entre direitos, liberdades e garantias e direitos sociais e
pantetea- se nas grandes clivagens politicas, Ideológicas e sociais do Séc. XIX, XX e XXI.
Se o Estado liberal se oferece relativamente homogéneo, já o estado social recolhe
concretizações e regimes completamente diferentes.
 Quarto: distensão prende se com a protensão interna e a protecção internacional dos
direitos do homem. Até a acerca de 60 anos, os direitos fundamentais, concebidos contra,
diante ou através do estado só por este podia ser assegurados; agora também pode ser
assegurados por meio de instancias internacionais.

A sociedade política mediaval era, com feito coo se sabe uma sociedade complexa, feita de
grupos de ordens de classe, de múltiplas unidades territoriais e ou sociais. Os direitos ai erram
direitos das pessoas enquanto membros desses grupos ou estamentos, direitos de acentuado
cunho institucional e concreto, por vezes em concorrência, uns com os outros. O único direito
comum parecia ser o de petição e queixa. Mas o Estado estamental cedo seria substituído pelo
Estado absoluto o qual, afirmado o principio da soberania, não mais aceitaria qualquer
interposição a separar o poder d principio e os sub- todos os homens e mulheres são chamados
a salvação através de Jesus que, por Eles, verteu o seu sangue. Criados a imagem e semelhança
de Deus, todos tem uma liberdade irrenunciável que nenhuma sujeição política ou social pode
destruir.

A liberdade é, essencialmente, a liberdade interior espiritual, dos filhos de Jesus, não é a


liberdade política – que não teria sentido num contexto em que o cristianismo se difundiu,
primeiro num meio adverso do imperio Romano Pagão, depois no Cesaropapismo

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constatiniano e Bizatino, a seguir na insegurança Provocada pelas invasões bárbaras e, por
ultimo, na nova sociedade homogénea, a Cristandade Ocidental, resultante da reconstrução e
da função dos elementos latinos e Germânicos.

O Estado estamental sedo seria substituído pelo estado absoluto, o qual, afirmado o principio
da soberania, não mais aceitaria qualquer interposição a separar o poder do principio e os
súbditos. Desaparecendo as ordens e as classes, perante o poder soberano todos os grupos e
todos os homens são iguais. O Rei atinge todos e todos estão sujeitos ao Rei. Sob e até aspecto
o Estado absoluto – que, aliás, se pretende legitimo e não tirânico- veria a ser um dos passos
necessários para a prescrição de direitos fundamentais, universais ou Gerais, em vez de
situações especiais, privilégios ou imunidades. Além de Criar condições jurídicas de Igualdade
, o estado absoluto suscitaria objectivamente condições de luta pela liberdade. Os seus
exageros e árbitros, a insuficiência das garantias individuais e a negação de Direitos Políticos
dos Súbditos tornar- se- iam cada vez menos admissíveis num século das luzes.

Um lugar de especial relevo deve ser conferido a conquista da liberdade religiosa. A quebra
da unidade da Cristandade, a reforma e a contra- reforma abrirá profundas fissuras individuais
e politicas, perseguições e guerras político- religiosas que, num contexto de intolerância e
absolutismo acabaria por conduzir a regra de em cada estado.

Todavia, esse circunstancialismo também muitos mostraria que a possibilidade de professar


sem constrangimentos a sua própria fé e de praticar os respectivos actos de culto era algo
insubstituível e que, quando posto em causo, poderia ser procurado noutras paragens: foi oque
aconteceu no Século XVII com a imigração de prosélitos de varias confissões para a costa
oriental da América do Norte.

Jellinek Chegou mesmo a escrever que a ideia de consagrar legislativamente os direitos


naturais do individuo não era uma ideia de origem politicas, mas uma ideia de origem religiosa.
Oque se julgava ser obra da revolução não teria sido na realidade, senão um produto da reforma
e das lutas por ela engendradas.

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6.A Evolução desde o estado liberal Burguês

Tal como o conceito de Constituição, o conceito de Direitos fundamentais surge indissociável


da ideia de direito liberal. Dai que se carregue das duas características identificadora da ordem
liberal: a postura individual abstracta de apesar de um individuo sem individualidade.

Apesar de todos os direitos serem ou deverem ser direitos de todos, alguns são, no séc. 21
denegados aos cidadãos que não possuam determinados requisitos económicos; outros
aproveitam sobre tudo aos que pertençam acerta classe; e ouros ainda não é sem dificuldade
que são alcançados.

Contrapostos aos direitos de liberdade são, nesse Século e no século XX reivindicados e


sucessivamente obtidos, direitos económicos, sociais e culturais – direitos económico para
garantia da dignidade do trabalho, direitos sociais como segurança na necessidade e direitos
culturais como exigência de acesso a educação e a cultura e, em ultimo termo, de transformação
da condição operaria. Nenhuma constituição posterior a primeira guerra mundial deixa de os
outorgar, com maior ou menor ênfase e extensão.

No Século XVII e Século XIX dir- se- ia existir somente uma conceição de direitos
fundamentais, a liberal. Não obstante, as criticas legitimistas, socialista, católicas – era o
liberalismo que prevalecia em todas as constituições e declarações; e, não obstante a
pluralidade de escolas jurídicas – Jusnaturalista, positivista, histórica – era a ele que se
reportava, duma maneira ou doutra, as interpretações da liberdade individual.

A situação muda no Século XX e XXI: não tanto por digressão ou dissociação das três
vertentes liberais quanto por todas as grandes correntes religiosas, culturais, filosóficas
ideológicas, politicas se interessarem pelos direitos do homem e quase todas se afirmarem
empenhadas na sua promoção e na sua realização. O tema dos direitos do homem cessou de
ser, nessa altura uma exclusiva uma aspiração liberal.

Assiste se, por conseguinte, a um fenómeno de universalização dos direitos do homem, não
sem paralelo com o fenómeno da universalização da constituição, e que, como este, se
acompanha da multiplicidade ou da plurivocidade de entendimentos – porque a uniformidade
das técnicas não determina a unidade das culturas e das conceições politicas.

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7.Direitos Fundamentais e Direitos Políticos no Século XX e XXI

A evolução e as vicissitudes dos direitos fundamentais, seja numa linha de alargamento e


aprofundamento, seja numa linha de retracção ou de obnubilação, acompanham o processo
histórico, as lutas sociais e os contrastes de regimes políticos – bem como o processo científico,
técnico e económico.

Do Estado liberal ao estado social de direito e desenvolvimento dos direitos fundamentais faz- se
no interior das instituições representativas e procurando a harmonização entre direitos de liberdade
e direitos sociais, de maneiras e segundo modelos mais ou menos variados.

Entre muitas sínteses classificativas possíveis dos regimes políticos atuais em razão dos direitos
fundamentais, é de referir como exemplo interessante, a proposta por dois especialistas norte –
americanos, Rhoda e Howard e Jack Donnelly. Estes autores contrapõem regimes individualistas
e regimes comunitários, incluindo nos individualistas os que apelidam de regimes liberais e de
regimes mínimos e nos regimes comunitários os que designam por regimes tradicionais, regimes
comunistas, regimes corporativas regimes de desenvolvimento.

Considerando em especial o principio da liberdade, vale a pena lembrar a conhecida tricotomia de


regimes liberais, autoritários e totalitários. Embora muitas vezes acenada com finalidades de
guerra ideológica, ela afigura- se correcta nas suas bases essenciais e não encontramos
denominações alternativas mais adequadas para os três tipos de regimes.

8.Os direitos Fundamentais no estado social de Direito

A passagem para o estado social de Direito irá reduzir ou mesmo eliminar o cunho classista que,
por razões diferentes ostentavam antes os direitos de liberdade eo direitos socais. A trazicão do
governo representativo clássico para a democracia representativa ira reforcar ou introduzir uma
componente democrática que tendera a fazer da liberdade tanto uma liberdade – automia como
uma liberdade – participação.

Por um lado não so os direitos poéticos são pau; atinamente estendidos até se chegar ao sufrágio
universal como os direitos económico, sociais, culturais, ou a maior parte deles vem a interessar a

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generalidade das pessoas. Por outro lado o modo como se adquirem em regime liberal ou pluralista,
alguns dos direitos económico sociais e culturais a partir do exercício da liberdade sindical da
formação de partidos da greve e do sufrágio mostra que os direitos da liberdade se não esgotam
num mero jogo de classes dominantes a efectivação dos direitos sociais, viria pois, a produzir nos
Países onde se tem verificado, um feito pacificador e integrador.

9.Os Direitos Fundamentais param além do Estado

A crença oitocentista na constituição supera que,, onde esta existisse, estariam também garantidos
os direitos fundamentais num contexto de subsistência do dogma da soberania do estado, isto levar
a que se não concebesse senão uma protecção interna dos direitos fundamentais.

Mas, quando o estado, não claramente, rompe as barreiras jurídicas de limitações e se converte em
fim desse mesmo quando a soberania entra em crise perante a multiplicação das interdependências
e das formas de institucionalização da comunidade internacional torna se possível reforçar, se
necessário, substituir em parte o sistema de protecção interna por vários sistemas de protecção
internacional dos direitos do homem.

Naturalmente, hão de ser fortíssimas relações entre o direito constitucional e este direito
internacional de directos do homem com a sua dupla função de garantia e prospectiva: de garantia
de direitos já consagrados a nível interno, e perspectiva, tendente a atribuição de novos direitos.
Seja qual for o sistema de incorporação das normas de direitos internacional na ordem interna elas,
mesmo quando não habilitam os cidadãos a invoca-las em, pelo menos vinculam directamente as
autoridades publicas e prevalecem sobre as normas das leis ordinárias..

10.Direitos fundamentais das Gerações Futuras

O meio ambiente e os recursos naturais vem concitando nos últimos sessenta anos uma crescente
preocupação pelas ameaças paralelas que vão sofrendo tanto pelo modo de vida das sociedades
ditas desenvolvidas e do homem convertido em consumidor como pelas situações de carência de
sociedades pobres que não conseguem sobreviver se o recurso a utilização, ou a destruição mesmo
dos frutos da natureza de que podem dispor sem intermediários. Ė o maior problema do séc. XXI
e o direito interno da maior parte dos estados e o direito internacional não o ignoram.

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A razão essencial para não se comprometer os bens de que poderiam gozar as gerações futuras não
está no pretenso direito de um sujeito em potencia, mas no interesse de sujeito em ato à própria
sobrevivência como género humano. A tese dos direitos das gerações futuras não explica oque
aconteceria na hipótese de conflito entre direitos destas e daquelas gerações.

Para António Spadaro, a tentativa de elaboração de uma teoria de direitos de gerações de gerações
futuras apresenta um grau de abstracção a roçar a presunção, visto que pretende disciplinar
situações jurídicas antes e sem consentimento dos direitos interessados que, bem pelo contrario
poderiam ter direitos ( e deveres) segundo outras e diversas concessões das dos atuais vivos. Coisa
bem diferente é uma promessa, um empenhamento individual e colectivo ou a assunção de
responsabilidades atuais e difusas para com as gerações futuras.

Subjectivamente, escreve, os direitos fundamentais fluem de forma continua entre gerações, sem
roturas nem descontinuidade, mas numa perspectiva objectiva eles coexistem num tempo em
termos tais que os direitos das gerações futurais interagem hoje mesmo com os direitos da geração
presente, cerceando- os no seu alcance material ou nas suas possibilidades de exercício, e
vinculando as entidades publicas a sua salvaguarda.

A ideia de direitos fundamentais das gerações futuras não é apenas artifício retórico retórico sem
qualquer tradução jurídicas, antes possuindo a consistência dogmática que deriva do facto ade
aqueles poderem já hoje poderem produzir frutos jurídicos delimitado dos direitos actualmente
titulados pela geração presente. Entre a dimensão internacional dos direitos fundamentas - que
permite falar com propriedade jurídicas de direitos das gerações futuras e a teoria dos deveres
estaduais de protecção existe uma ligação umbilical, uma vez que é esta que fornece o caminho
dogmático que permite dar tradução pratica aquela dimensão e aqueles direitos.

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11.Conclusão

Terminado o presente trabalho sobre a problemática dos Direitos Fundamentais na perspectiva de


Jorge Miranda pode se perceber que regime geral dos direitos fundamentais e um regime
específico dos direitos, liberdades e garantias . Segundo o autor, o regime geral dos direitos
fundamentais será “um regime aplicável a todos os direitos fundamentais, quer sejam consagrados
como ‘direitos, liberdades e garantias’ ou como ‘direitos económicos, sociais e culturais’ e quer se
encontrem no ‘catálogo dos direitos fundamentais’ ou fora desse catálogo, dispersos pela
Constituição”. Já o regime específico dos direitos, liberdades e garantias será uma “disciplina
jurídica da natureza particular, consagrada nas normas constitucionais, e aplicável, em via de
princípio, aos ‘direitos, liberdades e garantias’ e aos direitos de ‘natureza análoga’”. Contudo, e
ainda na esteira daquele autor, “seria incorrecto dizer que existem dois regimes distintos para dois
grupos diversos de direitos fundamentais. O que existe é um regime geral (a todos aplicável) e um
regime especial (próprio dos direitos, liberdades e garantias e dos direitos de natureza análoga)
que se acrescenta àquele.”

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12.Bibliografia

 JORGE MIRANDA Professor Catedrático das Faculdades de Direito da Universidade de


Lisboa e da Universidade Católica Portuguesa “MANUAL DE DIREITO
CONSTITUCIONAL” TOMO IV;
 Jorge Miranda, Direitos Fundamentais: Introdução Geral (Lisboa, 1999), 11. (5)
“Constituição da República Democrática de Timor-Leste, Maio de 2002”,
 J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, Constituição Da República Portuguesa Anotada, 4.ª
Edição, vol. I (Coimbra: Coimbra Editora, 2007),
 José de Melo Alexandrino, Direitos Fundamentais: Introdução Geral

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