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DIREITOS DIFUSOS

E COLETIVOS
Teoria Constitucional e Rito Processual
dos Direitos Difusos e Coletivos

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Teoria Constitucional e Rito Processual dos Direitos Difusos e Coletivos

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Teoria Constitucional e Rito Processual dos Direitos Difusos e Coletivos. . ........................ 4
1. Teoria Geral dos Direitos Difusos e Coletivos........................................................................ 4
1.1. Evolução Histórica dos Direitos Fundamentais e do Processo Coletivo....................... 4
1.2. Distinção entre Direitos e Interesses................................................................................. 10
1.3. Interesse Primário e Secundário.......................................................................................... 11
1.4. Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos..............................................13
2. Princípios do Direito Processual Coletivo Comum..............................................................15
2.1. Princípio do Acesso à Justiça.................................................................................................16
2.2. Princípio do Devido Processo Legal Coletivo....................................................................16
2.3. Princípio da Não Taxatividade.............................................................................................. 17
2.4. Princípio da Prioridade Jurisdicional.. ................................................................................. 17
2.5. Princípio da Indisponibilidade............................................................................................. 18
2.6. Princípio da Participação no Processo e pelo Processo................................................ 18
2.7. Princípio da Reparação Integral do Dano...........................................................................19
2.8. Princípio da Obrigatoriedade da Execução Coletiva pelo Ministério Público............19
2.9. Princípio da Predominância de Aspectos Inquisitoriais.. ............................................... 20
3. A Defesa Judicial dos Interesses Transindividuais............................................................. 20
3.1. Legitimados Ativos................................................................................................................. 20
3.2. Rito Processual....................................................................................................................... 24
3.3. Custas e Emolumentos e Denunciação à Lide. . ................................................................ 30
3.4. Liquidação e Execução das Sentenças.............................................................................. 32
3.5. Ônus da Prova......................................................................................................................... 35
3.6. Coisa Julgada........................................................................................................................... 37
Questões de Concurso..................................................................................................................40
Gabarito............................................................................................................................................ 72

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Apresentação
Olá, aluno(a), tudo bem? Espero que sim!
Na aula de hoje, estudaremos a teoria geral e constitucional relacionada com a tutela co-
letiva dos direitos difusos e coletivos.
Além disso, conheceremos o rito processual a ser observado no curso das diversas ações
coletivas, oportunidade em que faremos uso, preponderantemente, das disposições da Lei n.
7.347/1985 (ação civil pública) e do Código de Defesa do Consumidor.
Posteriormente, resolveremos questões referentes ao procedimento a ser observado em
relação a estas duas importantes normas jurídicas.
Grande abraço e boa aula!

Diogo

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TEORIA CONSTITUCIONAL E RITO PROCESSUAL DOS


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1. Teoria Geral dos Direitos Difusos e Coletivos
1.1. Evolução Histórica dos Direitos Fundamentais e do Processo
Coletivo
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de
imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua li-
berdade e uma limitação na atuação do Poder Público.

 Obs.: inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres aos
indivíduos que estavam sob a sua proteção.
 Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e
que praticamente não podia expressar as suas vontades.
 Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma “não
atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas à população
e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do Poder Público.

Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos humanos.


O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos
os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional
público. Tais tratados e convenções podem tanto ser de âmbito global como regional, sendo
necessário, para a sua inclusão no ordenamento jurídico de um país, que sejam positivados
pelo respectivo Estado.

Exemplo de tratado global: pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos. Como
exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Humanos.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter vali-
dade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e positive
os direitos acordados.
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.

Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um


dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento especí-
fico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordena-
mento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.

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Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são
considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela
Constituição Federal.

De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.
Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-
dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto
de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e
abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não
atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou
“direitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população
ante os desmandos do Estado.
Importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração surgiram em me-
ados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista de liberdade e sendo ma-
terializado pelos direitos políticos e civis.

Exemplo: ambos os direitos (políticos e civis) são decorrência de um aumento da liberdade


conferida à população.
Na medida em que os indivíduos passam a poder votar e exercer seus direitos políticos, esta-
mos diante de um considerável aumento da liberdade.
Tal situação também ocorre na medida em que a população passa a ter direito de usufruir de
sua propriedade e de se locomover sem a necessidade de obter autorização do Poder Público
(direitos civis).
São exemplos, ainda, de direitos de primeira geração o direito à vida, o direito de associação e
o direito de reunião.

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Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um grande


passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de atuação.
Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal
se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era
bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de
15 horas diárias por 7 dias da semana.
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-
ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder
Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça
a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da
dignidade da pessoa humana.
Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos so-
ciais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como “li-
berdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e início
do século XX.

Exemplo: na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado
são garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim
que está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.

Terceira Geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comunidade


internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o próprio
indivíduo.
Desta forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um indivíduo ou
grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua incidência é ampla, difusa, re-
caindo sob toda a espécie humana.
Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, à comunicação, ao progresso e à defesa
do consumidor. Em todas estas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.

Obs.:
 da análise das três primeiras gerações de direitos fundamentais, consegue-se notar uma
semelhança com o lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
 Assim, na medida em que os direitos de primeira geração conferem aos indivíduos
uma maior liberdade, os de segunda geração, por assegurarem uma série de pres-
tações positivas, estão pautados na igualdade. Os de terceira geração, por sua vez,
fundamentam-se na fraternidade, uma vez que não estão direcionados para um grupo
específico de pessoas, mas sim para toda a espécie humana.
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Em brilhante passagem, o STF, no julgamento do MS 22.164, descreveu as características


das três principais gerações de direitos fundamentais:

O direito a integridade do meio ambiente - típico direito de terceira geração - constitui


prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação
dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo
identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente,
a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e
políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e
culturais) - que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o
princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titu-
laridade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o
princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desen-
volvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto
valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.

Quarta Geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles intimamente re-
lacionados com a globalização. De acordo com esta corrente, fazem parte de tal geração o
direito à democracia direta, o direito à informação e todos os direitos relacionados com a bio-
tecnologia.
Nesta dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar que as mani-
pulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle.
Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direito fundamentais de
quarta dimensão:

Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.

Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração de
direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por constitucio-
nalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direito de toda a
espécie humana à paz.
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível,
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.

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Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-
sões dos direitos fundamentais por meio do gráfico abaixo:

Geração ou Dimensão Fundamento Características


Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
1ª Geração Liberdade
São representados pelos direitos civis e políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
2ª Geração Igualdade
São representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
3ª Geração Fraternidade
São representados pelo direito ao meio ambiente, ao progresso
e à defesa do consumidor.
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade sem fronteiras.
4ª Geração Biotecnologia
Representados pelos direitos à democracia, à informação e a
todas as questões biotecnológicas.
Surgiram em meados do século XX.
5ª Geração Paz Decorre da necessidade de toda a espécie humana, indepen-
dente das diferenças sociais e ideológicas, possuir paz.

Analisando cada uma das gerações ou dimensões dos direitos fundamentais, é possível
afirmar que foi a partir da terceira geração (com os direitos transindividuais) que o processo
coletivo ganhou força.
Antes disso, o direito se preocupava em regular, preponderantemente, as relações indivi-
duais. Neste sentido, é importante destacar que foi com a Revolução Industrial, ocorrida na
Inglaterra no século XVIII, que tivemos o início da produção em massa.
E como consequência da Revolução Industrial, tivemos um aumento massivo no consumo
e na utilização dos meios de comunicação, gerando, inevitavelmente, a existência de conflitos
que se sobressaiam ao indivíduo em particular.
Em outros termos, como inúmeros eram os conflitos que violavam mais de uma pessoa
(quando não a coletividade como um todo), teve o direito que acompanhar essa evolução na
proteção da sociedade.
Contudo, ao contrário do que muitos podem imaginar, não foi com a Constituição Federal
de 1988 que tivemos o “marco inicial” da proteção aos interesses e direitos da coletividade.
Ainda que normas esparsas já tivessem sido editadas anteriormente, a doutrina defende
que foi com a edição da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) e da Lei n. 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor) que passamos a contar com um microssistema de processo

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coletivo, ou seja, um conjunto de regras especificamente destinadas à tutela coletiva dos di-
reitos transindividuais (difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos). Atu-
almente, o mencionado microssistema é composto, também, por outras importantes normas
jurídicas, tais como a Lei de Ação Popular (Lei n. 4.717/65), a Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei n. 6.938/81) e a Lei do Mandado de Segurança (Coletivo) (Lei n. 12.016/09).

O microssistema do processo coletivo pode ser definido como o conjunto de normas jurídicas
que apresentam regras especificamente destinadas a tutelar os direitos transindividuais (direi-
tos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.

Mencionamos várias vezes o termo “processo coletivo”. Neste sentido, é importante que
saibamos a definição deste importante conceito. De acordo com Fredie Didier Jr., temos a se-
guinte definição acerca do processo coletivo e da ação coletiva.

Conceitua-se processo coletivo como aquele instaurado por ou em face de um legitimado autôno-
mo, em que se postula um direito coletivo lato sensu ou se postula um direito em face de um titular
de um direito coletivo lato sensu, com o fito de obter uma providência jurisdicional que atingirá uma
coletividade ou um número determinado de pessoas.
Ação coletiva é, pois, a demanda que dá origem a um processo coletivo, pela qual se afirma a exis-
tência de uma situação jurídica coletiva ativa ou passiva. Tutela jurisdicional coletiva é a proteção
que se confere a uma situação jurídica coletiva ativa (direitos coletivos lato sensu) ou a efetivação
de situações jurídicas (individuais ou coletivas) em face de uma coletividade, que seja titular de uma
situação jurídica coletiva passiva (deveres ou estados de sujeição coletivos).

Observa-se assim que a ação coletiva é o instrumento por meio do qual temos o início do
processo coletivo, cujo objeto é a tutela jurisdicional coletiva.

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Já na definição apresentada por Elpídio Donizetti, conseguimos encontrar importantes ca-


racterísticas que diferenciam o processo coletivo do processo individual.

No caso de processo instaurado para a defesa de direitos coletivos em sentido amplo, são tama-
nhas as diferenças em relação ao processo tradicional-individualista que se convencionou identifi-
cá-lo como processo coletivo. A par de inúmeras peculiaridades, pode-se elencar três característi-
cas principais do processo coletivo:
a) objeto;
b) legitimidade para agir;
c) coisa julgada.

Desta forma, podemos memorizar que três são as principais peculiaridades do processo
coletivo em relação ao processo individual, sendo elas:
• O objeto: direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito ou direitos individuais
homogêneos.
• A legitimidade para agir: legitimação extraordinária ou legitimação autônoma, que é
aquela distinta da parte que está eventualmente sofrendo a lesão.
• A coisa julgada: efeitos erga omnes no caso de direitos difusos e direitos individuais
homogêneos e efeitos ultra partes no caso de direitos coletivos em sentido estrito.

Neste ponto da matéria, apenas é necessário que tenhamos conhecimento destas ca-
racterísticas. Ao longo da aula, nos aprofundaremos, quando necessário, nas peculiaridades
mencionadas.

1.2. Distinção entre Direitos e Interesses


É bastante comum, nas ações coletivas, os termos “direito” e “interesse” serem utilizados
como sinônimos.
Por interesse podemos entender todas as pretensões ou desejos em obter determinado
objetivo. Por direito, temos a possibilidade de algo ser exigido por determinada pessoa.
Assim, ao passo que o interesse se refere apenas a uma pretensão, o direito abarca um
fundamento lógico que serve de base para que o pedido efetivamente seja realizado perante a
autoridade competente.
No âmbito da proteção coletiva, ainda que o mais correto seja a utilização do termo “direi-
to”, ambas as definições são constantemente utilizadas com o mesmo significado.
Prova disso é que o próprio texto da Constituição Federal estabelece, em diversas passa-
gens, a proteção aos “direitos e interesses”.

Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

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Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclu-
sive em questões judiciais ou administrativas;
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indi-
viduais indisponíveis.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

Neste mesmo sentido é a previsão do Código de Defesa do Consumidor, que estabelece


em seu artigo 81, por exemplo, que “A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo”.

DICA!
Para fins de prova, devemos considerar ambas as expres-
sões (direitos e interesses) como sinônimos, sendo que am-
bas podem ser objeto de tutela coletiva por meio das ações
competentes.

1.3. Interesse Primário e Secundário


Para compreendermos de uma melhor forma a diferença entre o interesse primário e o
interesse secundário, necessitamos, em um primeiro momento, fazer uso dos dois princípios
administrativos que, em conjunto, formam a base do ordenamento jurídico, sendo eles...
Supremacia do Interesse Público: no âmbito das relações entre particulares, vigora o prin-
cípio da igualdade de direitos e obrigações. Assim, sei uma parte não cumprir com sua obriga-
ção, dará ensejo para que a outra proceda à rescisão do pacto anteriormente celebrado.

Exemplo desta situação ocorre na celebração de um contrato de compra e venda. Caso o com-
prador não cumpra com a sua obrigação de entregar dinheiro ao vendedor, não está este obri-
gado a entregar o bem objeto da celebração, podendo, por consequência, rescindir o contrato
e eximir-se da obrigação.

No âmbito da Administração Pública, no entanto, isso não ocorre. E o motivo para tal é a
obrigação do Poder Público de garantir o bem estar da coletividade. Logo, nada mais natural
que a Administração esteja em uma posição superior aos interesses dos administrados.
O princípio da supremacia do interesse público, dessa forma, significa que os interesses
da coletividade são mais relevantes que os interesses individuais. Por isso mesmo (para conseguir
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fazer prevalecer o interesse público sobre o privado) é que a Administração recebe poderes
(prerrogativas) que não são estendidos aos particulares.
É correto afirmar, inclusive, que as relações travadas entre a Administração Pública e os
administrados é caracterizada pela verticalidade, haja vista que a administração, por ter a fi-
nalidade de garantir o bem estar coletivo, figura em posição de superioridade em relação aos
particulares.
Tal princípio, ressalta-se, não está presente em todas as atividades da Administração Pú-
blica, mas sim apenas naquelas em que a Administração deve fazer valer a sua vontade para
assegurar que o interesse coletivo seja preservado.
Em diversas situações, a administração atua despida de suas prerrogativas, obedecendo às
normas do direito privado e se sujeitando às mesmas obrigações e direitos que os particulares.
Imagine como seria estranho se, ao emitir um cheque (ato de gestão), a Administração
pudesse valer-se de sua supremacia para declarar que não iria honrar com tal obrigação. Com
toda certeza teríamos uma grave insegurança jurídica.
A verticalidade conferida à administração, como consequência deste princípio, não impli-
ca, no entanto, que a administração deva fazer a vontade da maioria. O que deve ser feito é a
adoção de medidas que garantam o bem estar da coletividade, medidas estas que nem sem-
pre podem coincidir com o interesse da maioria.
Indisponibilidade do Interesse Público: quando possuímos a disponibilidade de algo, esta-
mos livres para dispor do bem da maneira que acharmos mais conveniente. Podemos, desta
forma, aliená-lo, onerá-lo ou simplesmente doá-lo a terceiros.
Tais possibilidades não ocorrem com o interesse público, que é gerido pela Administração
Pública de todos os entes federativos. E como não possui a disponibilidade dos interesses da
coletividade, cabe ao Poder Público, apenas, a gestão destes interesses da forma que melhor
reflita no bem estar da população.
O princípio da indisponibilidade do interesse público, desta forma, significa que a Admi-
nistração não é a proprietária dos interesses por ela geridos. Tal princípio está presente em
toda a atividade administrativa, devendo a Administração, por meio de seus agentes, proteger
o interesse público, bem maior de toda a coletividade.
Supremacia do Interesse Público Indisponibilidade do Interesse Público
É princípio implícito. É princípio implícito.
Não está presente em toda a atividade
Está presente em toda a atividade administrativa.
administrativa.
Dele decorrem as prerrogativas (poderes)
Dele decorrem as sujeições (obrigações) da Administração.
da Administração.
É a base do regime jurídico. É a base do regime jurídico.
Tem como exemplos a aplicação das
Tem como exemplos a realização de concurso público, a rea-
cláusulas exorbitantes, os poderes admi-
lização de licitações e a obrigação de prestação de contas
nistrativos e a imperatividade dos atos
por parte dos administradores públicos.
administrativos.

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Agora que conhecemos estes dois princípios, surge uma questão interessante: o interesse
público mencionado em ambos os casos é o primário ou o secundário?
Antes de respondermos esta importante questão, devemos saber que o interesse público
primário é o verdadeiro interesse do Poder Público, ou, em outras palavras, a razão de ser da
Administração Pública, que possui como finalidade o bem estar da coletividade.
Já o interesse público secundário é aquele leva em conta, preponderantemente, o interesse
patrimonial do Poder Público, e não o da coletividade.
O autor Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta uma importante definição e distinção
em relação a estes dois interesses:

Primário: coincide com a realização de políticas públicas voltadas para o bem estar social. Satisfaz
o interesse da sociedade, do todo social. O interesse público primário justifica o regime jurídico ad-
ministrativo e pode ser compreendido como o próprio interesse social, o interesse da coletividade
como um todo. Pode-se afirmar também que os interesses primários estão ligados aos objetivos do
Estado, que não são interesses ligados a escolhas de mera conveniência de Governo, mas sim de-
terminações que emanam do texto constitucional, notadamente do art. 3º da Constituição Federal.
Secundário: decorre do fato de que o Estado também é uma pessoa jurídica que pode ter interesses
próprios, particulares. “O Estado pode ter, tanto quanto as demais pessoas, interesses que lhe são
particulares, individuais.” Estes interesses existem e devem conviver no contexto dos demais inte-
resses individuais. De regra, o interesse secundário tem cunho patrimonial, tendo como exemplos o
pagamento de valor ínfimo em desapropriações, a recusa no pagamento administrativo de valores
devidos a servidor público, a título de remuneração.

Retornando para a indagação inicial, o interesse público que é defendido pelo Poder Públi-
co em todas as ações coletivas destinadas a proteger os interesses transindividuais é o primá-
rio, ou seja, o interesse que tem como fundamento o bem estar coletivo.

Interesse Primário: leva em conta o bem estar coletivo, sendo a razão de existir do Poder Pú-
blico. É o fundamento de validade para a tutela coletiva dos direitos transindividuais.
Interesse Secundário: leva em conta o interesse patrimonial do Estado.

1.4. Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos


É importante, antes de conhecermos o rito processual a ser observado nas ações coletivas,
que tenhamos contato com as principais similaridades e diferenças existentes entre os direi-
tos ou interesses difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.
Antes disso, é importante mencionar que todos estes direitos ou interesses formam, em
conjunto, os direitos transindividuais.

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Teoria Constitucional e Rito Processual dos Direitos Difusos e Coletivos

Os direitos ou interesses difusos são aqueles que são compartilhados por um grupo inde-
terminável de pessoas e possuem natureza indivisível. Como exemplo, pode-se citar as ações
relacionadas com a defesa do meio ambiente.
Os direitos ou interesses coletivos também são compartilhados por um grupo de pessoas.
Contudo, ao contrário do que acontece com os direitos difusos, tal grupo é determinável, ou
seja, é possível identificar todas as pessoas que estão usufruindo daquele direito.
Um exemplo seria uma ação civil pública coletiva com a finalidade de anular cláusula de-
corrente de um contrato celebrado com a finalidade de repassar valores públicos para a cons-
trução de casas populares. Nesta hipótese, sabe-se quais são as pessoas que beneficiadas
com a construção das casas populares, sendo elas, portando, determináveis e decorrentes de
uma relação jurídica.
Os direitos ou interesses individuais homogêneos também reúnem um grupo determiná-
vel de pessoas, mas, ao contrário do que ocorre com os direitos coletivos, os interesses são
divisíveis, ou seja, possuem uma origem comum. Como exemplo, temos uma ação coletiva
com o propósito de obter indenização decorrente da não prestação de serviço público federal.
Neste caso, a ação coletiva apenas reúne as pessoas que foram lesadas em virtude de
uma mesma prestação de serviços. Contudo, a indenização pode ser diferente de uma para
outra pessoa, a depender da gravidade do dano causado.

Direitos ou Interesses Grupo indeterminável Decorrem de uma situação que


Objeto indivisível.
Difusos de pessoas. une todas as pessoas envolvidas.
Decorrem de uma relação jurí-
Direitos ou Interesses Grupo determinável
Objeto indivisível. dica, como a celebração de um
Coletivos de pessoas.
contrato.
Direitos ou Interesses Grupo determinável Apenas possuem origem comum,
Objeto divisível.
Individuais Homogêneos de pessoas. ensejando diferentes resultados.

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Em sintonia com as definições apresentadas é o teor do Parágrafo Único do artigo 81 do


Código de Defesa do Consumidor, que apresenta a seguinte redação:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividu-
ais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.

2. Princípios do Direito Processual Coletivo Comum


Toda ciência, para fazer surtir os seus efeitos de forma uniforme a todos os interessados,
depende de postulados fundamentais que alicerçam a sua atuação. Com o Direito não é dife-
rente. Assim, os princípios podem ser conceituados como as normas fundamentais que emba-
sam toda a atuação da Administração Pública para o alcance de sua finalidade.
Como o próprio nome sugere, os princípios possuem a característica de “início”, “base”,
“pedra fundamental”. É por meio deles que todo o ordenamento jurídico se estrutura, gerando,
para a Administração, uma série de prerrogativas e sujeições que devem ser observadas para
garantir o bem estar da coletividade.
Durante muito tempo, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) era de que a
força dos princípios era meramente integradora, de forma que o seu uso estaria restrito às
situações onde não fosse possível a resolução do conflito com a legislação vigente.
Com o passar dos anos, os princípios adquiriram força de norma jurídica, de forma que,
atualmente, possuem imperatividade e impõem condutas a serem seguidas pelos seus desti-
natários. Nos dias atuais, a doutrina majoritária possui o entendimento de que, os princípios,
por serem normas gerais e dotadas de altíssimo grau de abstração, possuem hierarquia supe-
rior, até mesmo, às demais normas jurídicas.
Na visão do STF, violar um princípio, por exemplo, é muito pior do que violar uma lei, haja vis-
ta que, ao infringir um princípio, se está desobedecendo a todo o ordenamento jurídico vigente.

Exemplo: podemos relacionar a força normativa dos princípios com a construção de uma torre:
Inicialmente, e como forma de evitar que um futuro desabamento ocorra, devem os responsá-
veis pela construção garantir que a base seja extremamente sólida. Caso contrário, ainda que
o restante da construção seja perfeita, correrá a obra o risco de desabar, situação que deixaria
todo o trabalho posterior seriamente comprometido.
Assim também ocorre com o nosso ordenamento jurídico: Se não tivermos uma base sólida
(os Princípios), toda a construção posterior (as Leis) pode ficar comprometida.

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Duas são as informações essenciais sobre a força dos princípios:

Ainda que inúmeros sejam os princípios que orientem a atuação do administrador em re-
lação ao processo coletivo, é possível identificar, de acordo com a doutrina majoritária, os
seguintes princípios do direito processual coletivo comum.

2.1. Princípio do Acesso à Justiça


O princípio do acesso à justiça estabelece que a gama de legitimados para dar início às
ações coletivas é ampla e extraordinária.
Neste contexto, temos aqui uma das principais diferenças entre o processo individual e o
coletivo: ao passo que nas ações individuais apenas a parte, como regra geral, é que poderá
dar início ao processo, nas ações coletivas a legitimação compete a terceiros, normalmente ór-
gão e entidades que possuem entre as suas funções, ainda que indiretamente, a manutenção
do bem estar coletivo.
Como decorrência do acesso à justiça, é correto afirmar que a legitimação é, ao mesmo
tempo, extraordinária (uma vez que os legitimados dão início ao processo coletivo em nome
de terceiros) e concorrente (uma vez que qualquer um dos legitimados, desde que atendidos
os requisitos legais, pode dar início ao processo ou até mesmo continuar a tramitação proces-
sual em caso de desistência da parte autora).

2.2. Princípio do Devido Processo Legal Coletivo


O princípio do devido processo legal expressa uma das mais importantes garantias cons-
titucionais, incidindo tanto no âmbito formal quanto no âmbito material. Como consequência,
representa uma dupla proteção para os indivíduos.
No âmbito formal, representa a garantia de que as partes poderão fazer uso de todos os
meios licitamente previstos para se defender. Como exemplo, temos as garantias do contra-
ditório e da ampla defesa.
No âmbito material, representa a garantia de que as autoridades competentes, quando do
julgamento das causas, primarão pelo princípio da proporcionalidade, adequando os meios e
fins e garantindo que a decisão seja a mais adequada para o caso concreto.
De acordo com a Constituição Federal, o princípio do devido processo legal está expresso,
preponderantemente, em dois incisos do artigo 5º:

Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

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No âmbito do processo coletivo, o devido processo legal implica em assegurar que todas
as fases ou etapas do processo sejam devidamente observadas, sem prejuízo para os particu-
lares que estão sendo defendidos.
A título de exemplo, podemos elencar as formalidades estabelecidas no CDC em relação à
competência para julgamento da demanda e no que se refere à obrigatoriedade de publicação
no meio oficial como forma de garantir que todos os interessados possam intervir no processo
como litisconsortes.

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou re-
gional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comuni-
cação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.

2.3. Princípio da Não Taxatividade


Inicialmente, o texto da Lei n. 7.347/1985 estabelecia uma lista taxativa de bens que pode-
riam ser tutelados por meio das ações coletivas. Coube ao CDC, por sua vez, ampliar o leque
de bens tutelados através de alteração legislativa.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsa-
bilidade por danos morais e patrimoniais causados:
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

Sendo assim, como decorrência do princípio da não taxatividade, todo e qualquer interesse
difuso ou coletivo pode ser defendido por meio da ação judicial competente (normalmente,
uma Ação Civil Pública).

2.4. Princípio da Prioridade Jurisdicional


Em linhas gerais, o princípio da prioridade jurisdicional determina que as ações coletivas
terão prioridade de tramitação e julgamento em relação às demandas individuais.
E isso ocorre, basicamente, em razão de dois motivos, a saber:
• através da solução das ações coletivas, evita-se a proliferação de ações individuais que
tenham o mesmo objeto, uma vez que os interessados na questão poderão fazer uso, a
depender da situação, da coisa julgada da ação coletiva;
• ao priorizar as ações coletivas, evita-se também o conflito destas com as ações indivi-
duais ou até mesmo entre ações individuais diferentes.
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Em outros termos, é correto afirmar que a priorização do processamento e do julgamento


das ações coletivas é medida diretamente decorrente da celeridade e eficiência processual,
evitando o congestionamento de ações com o mesmo objeto no Poder Judiciário.

2.5. Princípio da Indisponibilidade


Nos processos individuais, a regra amplamente geral é de que os direitos defendidos são
disponíveis. Consequentemente, podem as partes, desde que atendidos os requisitos proces-
suais, desistir da demanda inicialmente proposta.
No processo coletivo, a regra é outra, de forma que os interesses defendidos são carre-
gados pela característica da indisponibilidade. Logo, ainda que as partes tenham o interesse
em desistir da ação, esta medida apenas será possível quando todas as regras forem obser-
vadas. E o motivo para uma maior “dificuldade” na desistência processual é que as coletivas
são destinadas a tutelar interesses transindividuais, ou seja, que dizem respeito à coletividade
como um todo.
Podemos verificar a existência do princípio da indisponibilidade por meio do §3º do artigo
5º da Lei da Ação Civil Pública, de seguinte redação:

Art. 5º, § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

Além disso, caso o Ministério Público tenha o interesse em arquivar o processo, o rito a ser
observado será bem mais dificultoso do que o previsto, por exemplo, para as ações individuais.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistên-


cia de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inqué-
rito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena
de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada
a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do
Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde
logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

2.6. Princípio da Participação no Processo e pelo Processo


A participação no processo implica na garantia de que a parte envolvida terá o direito às
garantias do contraditório e da ampla defesa. Por isso mesmo, trata-se de um princípio que
envolve, basicamente, as partes que estão envolvidas na lide judicial.

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Já a participação pelo processo possui uma finalidade mais ampla, implicando na possibili-
dade de influenciar o Estado e a sociedade como um todo. Estes objetivos são mais bem verifi-
cados por meio de institutos específicos, como a realização de audiências e consultas públicas.
Para fins de prova, devemos memorizar que as ações coletivas adotaram prioritariamente
o princípio da participação no processo.

2.7. Princípio da Reparação Integral do Dano


Uma vez comprovado o dano, a parte que for condenada deve, além de outras sanções,
proceder à respectiva reparação integral.
De acordo com o autor Fredie Didier,

Fica evidente aqui a presença do princípio de reparação integral do dano: mesmo que não tenha sido
feito o pedido de condenação, este se retira da natureza da ação popular e da ação de improbidade
administrativa, admitindo-se uma espécie de pedido implícito.

No âmbito legislativo, o princípio em questão pode ser mais bem verificado por meio do
artigo 11 da Lei da Ação Popular:

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugna-
do, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários
dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem
em culpa.

Trata-se de uma regra que faz todo o sentido: como, nas ações coletivas, o bem tutelado
envolve toda a coletividade, a reparação integral do dano implica em um dever do particular
para com a sociedade na qual ele está inserido.

2.8. Princípio da Obrigatoriedade da Execução Coletiva pelo Ministério


Público
Nas ações coletivas, conforme iremos verificar, a execução da sentença (que ocorre após
a liquidação) é medida que pode ser realizada pela parte autora. Esta possibilidade, contudo,
trata-se de uma simples faculdade, e não de uma atividade vinculada.
Contudo, caso a parte autora seja o Ministério Público, bem como no caso de inércia dos
demais legitimados em dar início à execução, caberá o MP, obrigatoriamente (aqui, estamos
diante de uma medida vinculada) iniciar a execução.
Neste sentido, inclusive, é o teor do artigo 15 da Lei da ACP, com a seguinte redação:

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.

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2.9. Princípio da Predominância de Aspectos Inquisitoriais


Nas ações coletivas, há uma predominância dos aspectos inquisitoriais de forma muito
mais marcante do que nas ações individuais. O fundamento é que em tais espécies de ações
há todo o interesse da coletividade envolvido.
Sendo assim, os tribunais e juízes que, no exercício de suas funções, tiverem conhecimen-
to de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, deverão remeter as peças ao Mi-
nistério Público para as providências cabíveis.

LACP, Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos
que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as pro-
vidências cabíveis.

3. A Defesa Judicial dos Interesses Transindividuais


Conforme anteriormente estudado, o processo destinado a proteger os interesses transin-
dividuais está estruturado em um microssistema de tutela coletiva. Diversas são as normas
que fazem parte de microssistema, dentre as quais merecem ser destacadas a Lei da Ação
Civil Pública, a Lei da Ação Popular, o Código de Defesa do Consumidor, a Constituição Federal
e até mesmo algumas disposições do Código de Processo Civil.
Ainda que algumas ações destinadas a tutelar os interesses da coletividade tenham parti-
cularidades específicas (como, por exemplo, a Ação de Improbidade Administrativa), o rito pro-
cessual que iremos estudar é o que é comumente utilizado nas ações coletivas. Sendo assim,
faremos uso, preponderantemente, das regras da Ação Civil Pública e do Código de Defesa do
Consumidor.

3.1. Legitimados Ativos


Os legitimados ativos são as pessoas que poder dar início a uma ação destinada a tutelar o
interesse coletivo. No contexto histórico, a Lei n. 7.437/1985 (Lei da ACP) foi a norma respon-
sável por duas importantes conquistas do direito processual coletivo.
Pela ampliação dos legitimados ativos nas ações coletivas: se antes a legitimação era res-
trita a poucas pessoas, com a edição da norma, bem como após as diversas alterações legisla-
tivas, passamos a contar com uma ampla gama de legitimados ativos, nos termos do artigo 5º:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:

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a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

A lista de legitimados é bem mais extensa, por exemplo, do que a prevista no Código de
Defesa do Consumidor:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I – o Ministério Público,
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear.

A importância da ampliação da lista de legitimados é melhor visualizada por meio dos en-
sinamentos da professora Lúcia Valle Figueiredo.

Na medida que a Lei da Ação Civil Pública amplia a legitimidade para agir, estendendo-a a terceiros
(art. 129, §1º da Constituição da República), e dá tal legitimidade, já de início, ao Ministério Público,
vemos que não subsiste mais a necessidade do difícil enfrentamento da questão da possibilidade
de tutela de certos direitos fundamentais arrolados na carta constitucional, tais sejam, direito do
consumidor, do meio ambiente, do patrimônio histórico, da moralidade administrativa, etc.

Uma das principais alterações promovidas pela Lei n. 7.437/1985 foi a inclusão da Defen-
soria Pública como legitimada para a proposição da ACP. Antes disso, contávamos com uma
lacuna em relação a esta entidade, que sequer aparecia na lista de legitimados do CDC.
Atualmente, o entendimento é de que a Defensoria Pública consta como legitimada para
dar início à ACP referente a qualquer interesse difuso ou coletivo, inclusive o relacionado à
defesa dos consumidores.
Em relação às associações, e tomando como base o conjunto de regras expressas no CDC
e na Lei da ACP, três são os requisitos que devem ser atendidos para que a propositura da ação
coletiva seja possível:
• Modo de Constituição: a associação deve ter personalidade jurídica, que será formaliza-
da por meio da inscrição do seu estatuto no Registro Civil das Pessoas Jurídicas;
• Tempo de Constituição: a associação deve estar constituída a pelo menos 1 ano, conta-
dos até a propositura da ação coletiva;
• Finalidade: a finalidade institucional da associação, bem como seus objetivos em rela-
ção à tutela coletiva dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêne-
os, devem estar definidos no estatuto.

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Os requisitos da pré-constituição das associações poderão ser dispensados pelo juiz quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
Logo, é correto afirmar que o pré-requisito da constituição há pelo menos 1 ano pode ser rela-
tivizado diante de situações específicas. Em sintonia com este entendimento, por exemplo, é o
teor do Resp. 31.150/SP, de autoria do STJ:

AÇÃO COLETIVA. ASSOCIAÇÃO DE MORADORES. REQUISITOS TEMPORAIS. DISPENSA.


POSSIBILIDADE. DIREITO INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. INTERESSE DE AGIR. EXISTÊNCIA.
1 - É dispensável o requisito temporal da associação (pré-constituição há mais de um
ano) quando presente o interesse social evidenciado pela dimensão do dano e pela rele-
vância do bem jurídico a ser protegido.

Pela ampliação do objeto a ser tutelado: a Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.437/1985)
também foi a responsável por ampliar significativamente o objeto que pode ser tutelado nas
ações coletivas. E isso ocorre na medida em que o inciso IV estabelece que a ACP pode ser
utilizada nas ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsa-
bilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio ambiente;
II - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V – por infração da ordem econômica;
VI – à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.

Neste mesmo sentido, a Constituição Federal atribui ao Ministério Pública a competência


para a promoção do inquérito civil público e da ação civil pública em relação à proteção do pa-
trimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

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Para fins de prova, é importante conhecermos e diferenciarmos a lista de legitimados ex-


pressamente prevista na lei da ACP e no CDC. Tais relações podem ser mais bem visualizadas
por meio do gráfico a seguir:

Legitimados para a ACP Legitimados do CDC


I – o Ministério Público; I – o Ministério Público,
II – a Defensoria Pública; II – a União, os Estados, os Municípios e o
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Distrito Federal;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade III – as entidades e órgãos da Administra-
de economia mista; ção Pública, direta ou indireta, ainda que
V – a associação que, concomitantemente: sem personalidade jurídica, especificamente
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos destinados à defesa dos interesses e direitos
da lei civil; protegidos por este código;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção IV – as associações legalmente constituídas
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consu- há pelo menos um ano e que incluam entre
midor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos seus fins institucionais a defesa dos inte-
de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio resses e direitos protegidos por este código,
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. dispensada a autorização assemblear.

Questão interessante refere-se à falta de legitimação para a proposição da ação coletiva.


Em outros termos, qual a medida que deve ser adotada quando o magistrado verificar que a
ação foi proposta por pessoa que não figura como legitimada para a respectiva medida?
Ainda que existam entendimentos em sentido contrário, a melhor doutrina afirma que a
simples falta de legitimação não é motivo para o magistrado pura e simplesmente declarar o
processo extinto sem resolução de mérito.
Caso estivéssemos diante de um processo individual, a extinção certamente seria a me-
dida a ser tomada. No entanto, como as ações coletivas são destinadas a proteger bens e
valores que afetam a coletividade como um todo, em caso de ilegitimidade o processo deve
ser aproveitado com a substituição (sucessão) da parte tida por ilegítima para a condução
da demanda.
Neste mesmo sentido é o entendimento do STJ, conforme observa-se da leitura do
Resp. 1192577:

(...) Diante do microssistema processual das ações coletivas, em interpretação sistemá-


tica de seus dispositivos (art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985 e art. 9º da Lei n. 4.717/1965),
deve ser dado aproveitamento ao processo coletivo, com a substituição (sucessão) da
parte tida por ilegítima para a condução da demanda.

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3.2. Rito Processual


Ainda que diversas sejam as ações coletivas que possam ser ajuizadas na defesa dos inte-
resses transindividuais, merece ser destacado, para fins de prova, os ritos processuais a serem
observados em relação às ações destinadas à defesa de interesses individuais homogêneos,
à responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços e à Ação Civil Pública (aqui tratada
de forma genérica).

3.2.1. Ações Coletivas para a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos

Os legitimados poderão propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus suces-
sores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos.
Apenas para relembrarmos, são os seguintes os legitimados paras tal espécie de
ação judicial:
• o Ministério Público,
• a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
• as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem per-
sonalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos pro-
tegidos pelo CDC;
• as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo CDC, dispen-
sada a autorização da assembleia.

Aqui, é importante mencionar que o Ministério Público, caso não seja o responsável pelo
ajuizamento da ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados pos-
sam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios
de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilida-
de do réu pelos danos causados.
Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
• no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
• no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional
ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competên-
cia concorrente.

Após a prolação da sentença, teremos a liquidação e a execução. Ainda que estes tópicos
sejam objeto de estudo em ponto específico da aula, relaciono aqui os artigos relacionados
com os procedimentos a serem realizados nesta etapa do processo.

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Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
§ 1º A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá
constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
§ 2º É competente para a execução o juízo:
I – da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II – da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.º 7.347, de
24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento da-
noso, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao fun-
do criado pela Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de
segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio
do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dívidas.
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985.

3.2.2. Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços

Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, serão observadas


as seguintes peculiaridades:
• a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
• o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil.
Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu por litigân-
cia de má fé. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar
a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuiza-
mento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação
da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório
com este.

Importante destacar que os legitimados a agir poderão propor ação visando compelir o
Poder Público competente a proibir, em todo o território nacional, a produção, divulgação dis-
tribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou acon-
dicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde
pública e à incolumidade pessoal.
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3.2.3. Rito Específico da Ação Civil Pública

Antes da propositura da ACP, poderá o Ministério Público instaurar inquérito civil. O in-
quérito civil, em linhas gerais, trata-se do procedimento prévio destinado a investigar se os
fatos configuram ou não violação a direitos e interesses.

Obs.: é importante destacar que a possibilidade de instaurar inquérito civil é uma exclu-
sividade do Ministério Público. Consequentemente, nenhuma outra autoridade ou
órgão pode determinar que a medida seja realizada.

Merece ser destacado que o inquérito civil é um procedimento prévio, sendo uma exce-
ção à obrigatoriedade de observância do contraditório e da ampla defesa.
Além do inquérito, poderá o Ministério Público requisitar, de qualquer organismo público
ou particular, certidões, informações, exames ou perícias. Somente nos casos em que a lei
impuser sigilo é que poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação
poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisi-
tar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no
prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo
ao juiz requisitá-los.

Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da ine-


xistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. Nesta
hipótese, deverão ser observados os procedimentos do artigo 9º:

Art. 9º, § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos,
sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Minis-
tério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeita-
da a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas
ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior
do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde
logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

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A ação civil pública será proposta no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá com-
petência funcional para processar e julgar a causa.
Logo, de forma semelhante ao que ocorre com a ação popular, não há que se falar, na ACP,
em foro por prerrogativa de função, uma vez que o que está em jogo não é alguma caracterís-
tica da pessoa que está causando o dano, mas sim os interesses ou direitos da coletividade.
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Outro ponto que merece ser destacado é que a ação civil pública poderá ter por objeto a
condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Assim, temos
que memorizar que três são os possíveis efeitos decorrentes da ACP, sendo eles:
• condenação em dinheiro;
• cumprimento de obrigação de fazer;
• cumprimento de obrigação de não fazer.

Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certi-


dões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 dias.
Após o tramite processual, teremos a decisão do Poder Judiciário, materializada por meio
de uma sentença. De forma semelhante ao que ocorre com outras ações coletivas, a sentença
civil fará coisa julgada erga omnes, ou seja, contra todos que estejam no limite de competência
do órgão prolator da sentença.
A exceção fica por conta do pedido ser julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

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Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo


gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais, de que participarão, necessaria-
mente, o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados
à reconstituição dos bens lesados.
Em caso de acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discri-
minação étnica, a prestação em dinheiro será utilizada para ações de promoção da igualdade
étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipó-
tese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou
locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.
Neste sentido é a previsão do artigo 13 da norma em estudo, de seguinte redação:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconsti-
tuição dos bens lesados.
§ 1º. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
oficial de crédito, em conta com correção monetária.
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação
étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente
ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, con-
forme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de
danos com extensão regional ou local, respectivamente.

Já quando estivermos diante de uma ação civil pública que tenha por objeto o cumpri-
mento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da

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atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de


cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de reque-
rimento do autor.
Após a prolação da sentença, poderão as partes interpor recursos da decisão do juiz. Com
relação a estes, devemos memorizar, nos termos do artigo 14, que “O juiz poderá conferir efeito
suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte”.
Decorrido o prazo recursal, teremos o trânsito em julgado da decisão, ou seja, a impossibi-
lidade de interposição de novos recursos com o objetivo de modificar a sentença.
Neste sentido, decorridos 60 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem
que a associação autora promova a execução, deverá assim o fazer o Ministério Público, facul-
tada igual iniciativa aos demais legitimados.
Considerando que a Lei n. 7.347 é silente quanto ao prazo prescricional para a propositu-
ra da ação civil pública, o entendimento dos tribunais superiores, fazendo uso da analogia, é
de que o prazo em questão deve ser o mesmo utilizado no âmbito da ação popular, ou seja,
de 5 anos.
Neste sentido é a posição do STJ, conforme se observa da decisão proferida no âmbito do
REsp 909446:

Assim, à míngua de previsão do prazo prescricional para a propositura da Ação Civil


Pública, inafastável a incidência da analogia legis, recomendando o prazo quinquenal
para a prescrição das Ações Civis Públicas, tal como ocorre com a prescritibilidade da
Ação Popular, porquanto ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.

Além disso, merecem ser destacados os seguintes entendimentos em relação à ACP:


• A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obri-
gação de fazer ou não fazer. De acordo com o entendimento do STJ (Resp. 1.328.753),
na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que
a sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de
recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de com-
pensação por dano moral coletivo;
• Uma das possibilidades das ações coletivas é de que a parte que figura no polo pas-
sivo (órgão ou entidade do Poder Público) venha a figurar no polo ativo, executando
as decisões judiciais proferidas. No entanto, o STJ (Resp. 1391263) possui entendi-
mento de que a mudança de pessoa jurídica de direito público do polo passivo para o
ativo apenas poderá ocorrer quando presente o interesse público, e não livremente e
a critério da entidade pública;
• Na ACP, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quais-
quer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé,

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em honorários de advogado, custas e despesas processuais. Contudo, de acordo com o


STJ (Resp. 1397499) a mencionada isenção não alcança aqueles que estejam no polo
passivo da demanda judicial;
• De acordo com o entendimento do STJ (Resp. 1.699.999), a ação civil pública trata-se
de instrumento que pode ser utilizado nos atos de improbidade administrativa, ainda
que a finalidade seja exclusivamente a obtenção de ressarcimento ao erário;
• Entende o STJ (Resp. 1353801) que o ajuizamento da ACP implica na suspensão das
ações individuais até o julgamento da ação coletiva;
• O STJ também possui entendimento consolidado no sentido de que, no âmbito do Direi-
to Privado, é de 5 anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual
em pedido de cumprimento de sentença proferida em ação civil pública;
• De acordo com a Súmula Vinculante 27, “Compete à Justiça Estadual julgar causas
entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL
não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente”. Caso, contudo,
a ANATEL seja litisconsorte passiva necessária, assistente ou opoente, a compe-
tência será da Justiça Federal.

3.3. Custas e Emolumentos e Denunciação à Lide


3.3.1. Custas e Emolumentos

Na ação civil pública, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários peri-
ciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada
má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
No entanto, em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsá-
veis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e
ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Neste mesmo sentido é o teor das disposições do Código de Defesa do Consumidor, que
apresenta a seguinte redação:

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolu-
mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora,
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis
pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décu-
plo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Portanto, memorize: Nas ações coletivas, não haverá adiantamento de custas e emolumen-
tos, bem como de honorários periciais ou de quaisquer outras despesas.
Também não haverá a condenação da associação autora, exceto se esta estiver litigando com
má-fé. Neste caso, a associação e os diretores serão solidariamente condenados ao paga-
mento dos honorários advocatícios e ao décuplo do valor das custas devidas.

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3.3.2. Denunciação à Lide

O instituto da denunciação à lide trata-se de uma das formas de intervenção de terceiros


admitida pelo Código de Processo Civil, mais precisamente em seu artigo 125:

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante,
a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
§ 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indefe-
rida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu ante-
cessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o de-
nunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será
exercido por ação autônoma.

Na denunciação à lide, o denunciado (terceiro estranho à relação processual inicial) é cha-


mado pelo autor ou pelo réu com o objetivo de garantir o cumprimento da demanda caso a sen-
tença seja desfavorável. De acordo com a doutrina, a denunciação à lide apenas deve ocorrer
quando o denunciado está obrigado, pela lei ou por contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo daquele que perder a demanda.
No caso das ações coletivas, existe uma grande controvérsia sobre a possibilidade de uti-
lização do instituto, sendo que a doutrina majoritária possui o firme entendimento de que a
medida não é, como regra geral, possível.
Contudo, em um primeiro momento devemos analisar que não há um óbice específico
vedando a utilização da denunciação à lide para as ações coletivas em geral. O que existe, ape-
nas, é a previsão do artigo 88 do CDC vedando a utilização do instituto nas ações relacionadas
com a proteção do consumidor.

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada
em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
denunciação da lide.

Para todas as demais ações, inclusive as ACP, o entendimento que deve ser levado para
a prova é que, ainda que não haja uma vedação expressa, os tribunais e a doutrina possuem
entendimento de que a denunciação à lide não é possível.
De acordo com o STJ, por exemplo, admitir a medida seria protelar um direito da coletividade em
prol da exigência por parte de um terceiro interessado. Além disso, a doutrina defende que, mesmo
que o pedido de denunciação à lide seja indeferido, nada impede que o particular ajuíze, posterior-
mente, uma ação autônoma de ressarcimento contra o terceiro que seria chamado ao processo.

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3.4. Liquidação e Execução das Sentenças


A liquidação da sentença é o momento processual em que é definido de forma objetiva o
valor a ser pago, bem como aqueles que serão os responsáveis pelo pagamento. Com a liqui-
dação, tudo aquilo que foi decidido na sentença passa a ter uma quantia financeira, passando,
a partir de então, a ser exigida daquele que foi condenado.
Neste mesmo sentido é o entendimento do autor Fredie Didier, para o qual:

O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma solução acerca
dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica individualizada, a fim de que essa
decisão possa ser objeto de execução. Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva
pela qual se busca complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial.

A liquidação da sentença poderá ser realizada tanto pelo juízo (por meio de servidores pú-
blicos) quanto por terceiros (peritos nomeados para a elaboração dos cálculos).
Nas ações coletivas que tenham por obrigação fazer ou não fazer algo, não há que se falar
em liquidação, uma vez que a sentença não envolve, como regra geral, valores monetários. Em
tais situação, de acordo com a Lei n. 7.347/1985, o juiz determinará o cumprimento da pres-
tação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva. Em caso de descumprimento da
obrigação, será fixado, desde já, uma multa diária.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz de-
terminará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob
pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.

Nas demais ações, precisamos fazer uma distinção entre aquelas que versam sobre direi-
tos difusos e coletivos e aquelas que são destinadas aos direitos individuais homogêneos.
Nas ações coletivas que tenham por objeto a proteção os direitos difusos e coletivos, o
autor da ação poderá (trata-se de uma faculdade) promover a liquidação. Caso a parte autora
seja o Ministério Público, e considerando que esta instituição tem a obrigação de efetivar as
medidas destinadas à proteção da coletividade, a liquidação será obrigatória, e não uma sim-
ples faculdade.
Neste sentido, inclusive, é a previsão do artigo 15 da Lei da ACP:

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a asso-
ciação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa
aos demais legitimados.

Já na liquidação das ações relacionadas com os direitos individuais homogêneos, deve-


mos fazer uso das disposições do CDC, que afirma, em seu artigo 97, que a liquidação poderá
ser realizada pela vítima e seus sucessores ou pelos legitimados para dar início à ação.

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Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

Liquidação nas ações relacionadas com os Liquidação nas ações relacionadas com os direitos individu-
direitos difusos e coletivos ais homogêneos
a) vítima e seus sucessores
b) o Ministério Público,
a) o Ministério Público (obrigatoriedade)
c) a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
b) a Defensoria Pública (faculdade)
d) as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou
c) a União, os Estados, o Distrito Federal e os
indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especifica-
Municípios (faculdade)
mente destinados à defesa dos interesses e direitos protegi-
d) a autarquia, empresa pública, fundação ou
dos por este código;
sociedade de economia mista (faculdade)
e) as associações legalmente constituídas há pelo menos
e) a associação que comprove os requisitos
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
legais (faculdade)
dos interesses e direitos protegidos por este código, dispen-
sada a autorização assemblear.

Após a liquidação, temos o início da execução da sentença. Nesta fase, por já contar-
mos com um valor objetivamente definido, é hora da obrigação ser exigida da parte que foi
condenada.
Em relação à ACP, vale a mesma regra da liquidação das ações relacionadas com os direi-
tos difusos e coletivos, da seguinte forma:
• inicialmente, será dada preferência à parte autora para iniciar o processo de execução,
que possui a faculdade de realizar o procedimento. Não o fazendo, os autos serão re-
metidos ao Ministério Público, que solicitará as medidas necessárias ao juízo;
• caso a parte autora seja o Ministério Público, a execução deve obrigatoriamente ser
realizada pela instituição.

Nas demais ações coletivas, a execução será feita de acordo com as regras dos artigos 97,
98 e 100 do CDC, de seguinte redação:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus suces-
sores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
§ 1º A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá
constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
§ 2º É competente para a execução o juízo:
I – da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II – da ação condenatória, quando coletiva a execução.

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Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.º 7.347,
de 24 de julho de 1985.

Desta forma, podemos memorizar as seguintes regras em relação à execução das ações
que versem sobre os direitos individuais homogêneos:
• a execução pode ser realizada de forma individual ou coletiva;
• como regra geral, a execução será realizada de forma individual, sendo competente para
dar início ao procedimento a vítima e seus sucessores ou os legitimados para dar início
à ação coletiva. Neste sentido, decorrido o prazo de 1 ano sem habilitação de interes-
sados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados ativos
promover a liquidação e execução da indenização devida;
• quando a execução for realizada de forma coletiva, abrangerá ela as vítimas cujas inde-
nizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamen-
to de outras execuções. Neste caso, a execução será realizada com base em certidão
das sentenças de liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em
julgado;
• na execução individual, será competente o juízo da liquidação da sentença ou da ação
condenatória. Na execução coletiva, será competente o juízo da ação condenatória.

Para finalizar o tópico relacionado com a liquidação e a execução, devemos mencionar as


disposições do artigo 99 do CDC, de seguinte redação:

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n.º 7.347, de
24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento
danoso, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao fun-
do criado pela Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de
segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio
do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dívidas.

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Aqui, estamos diante da situação em que, em razão da sentença proferida em uma Ação
Civil Pública, há um concurso de credores. Isso ocorre, por exemplo, quando a sentença deter-
mina o pagamento de indenizações aos particulares lesados e a destinação de um valor para
o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
Nesta situação, a preferência será sempre conferida às indenizações destinadas aos par-
ticulares. Na prática, em caso de recurso decorrente da decisão que deferiu o pagamento das
indenizações, a destinação de recursos ao mencionado fundo de defesa ficará sustada até que
a decisão de segundo grau (em nível de recurso) seja proferida.
Esta é a regra geral! Contudo, caso o condenado devedor tenha patrimônio suficiente para
responder por ambas as condenações (indenizações e destinação ao fundo), não haverá ne-
cessidade de sustação. Neste caso, ainda que reste pendente o julgamento de recurso em
relação às indenizações dos particulares, a destinação ao fundo de defesa dos direitos difusos
já poderá ocorrer.

3.5. Ônus da Prova


No âmbito do direito, a regra geral é a de que a parte que está propondo a ação (autora)
seja a responsável por apresentar todos os meios de prova legítimos. Ao réu, esta incumbência
apenas é exigida quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor, conforme previsão do Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

No entanto, devemos destacar que esta regra vigora plenamente em relação às ações indi-
viduais. Nas ações coletivas, se levarmos em conta que o bem tutelado envolve toda a coleti-
vidade, atribuir o ônus da prova ao autor poderia, em determinadas situações, fazer com este
desistisse do ajuizamento da ação.
Para evitar que isso ocorra, o CDC estabelece a possibilidade de termos, nas ações cole-
tivas, a inversão do ônus da prova. Com isso, ao invés do autor ser obrigado a apresentar as
provas comprobatórias daquilo que ele está alegando, a incumbência passa a ser da parte ré,
que passa a ter a obrigação de demonstrar que o alegado pelo autor não possui fundamento.
A inversão do ônus da prova consta expressamente como um dos direitos dos consumido-
res, conforme previsão do CDC:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hi-
possuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

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É importante destacar que a inversão do ônus da prova não é uma regra absoluta. Em
sentido contrário, a medida apenas pode ser tomada quando assim decidir o juiz, que, para tal,
levará em conta a verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência da parte autora.
Ainda que a previsão do CDC seja destinada às ações de consumo, o STJ já decidiu, no
julgamento do Resp. 1049822, que a regra em questão deve ser observada para todas as situ-
ações abrangidas pela Ação Civil Pública.

A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumi-
dor, contém comando normativo estritamente processual, o que a põe sob o campo de
aplicação do art. 117 do mesmo estatuto, fazendo-a valer, universalmente, em todos os
domínios da Ação Civil Pública, e não só nas relações de consumo.

O próprio STJ, inclusive, entende que a inversão do ônus da prova pode ocorrer, no curso
de uma ACP, ainda que a parte autora não seja, necessariamente, hipossuficiente. No caso em
tela, estávamos diante de uma ACP proposta pelo Ministério Público, e que, ainda assim, con-
tava com a possibilidade da inversão do ônus da prova.

MINISTÉRIO PÚBLICO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. 1. Não há óbice


a que seja invertido o ônus da prova em ação coletiva - providência que, em realidade,
beneficia a coletividade consumidora -, ainda que se cuide de ação civil pública ajuizada
pelo Ministério Público. 2. Deveras, “a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e
das vítimas” - a qual deverá sempre ser facilitada, por exemplo, com a inversão do ônus da
prova - “poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo” (art. 81 do CDC).

DICA!
Com base em tudo o que foi exposto, devemos memorizar
as seguintes informações em relação ao ônus da prova nas
ações coletivas:
a) Como regra geral, cabe ao autor, ao propor a ação, apresen-
tar as provas por todos os meios legítimos.
b) A critério do juiz, há a possibilidade de termos a inversão do
ônus da prova.
c) De acordo com o STJ, todas as ações coletivas, e não ape-
nas as ações destinadas à proteção do consumidor, podem
contar com a inversão do ônus da prova.
d) De acordo com o STJ, a inversão do ônus da prova pode ser
determinada pelo juiz ainda que a parte autora não seja com-
provadamente hipossuficiente.

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3.6. Coisa Julgada


De acordo com o artigo 16 da Lei da ACP,

A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Sendo assim, após o tramite processual, teremos a decisão do Poder Judiciário, mate-
rializada por meio de uma sentença. De forma semelhante ao que ocorre com outras ações
coletivas, a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, ou seja, contra todos que estejam no
limite de competência do órgão prolator da sentença. A exceção fica por conta do pedido ser
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado pode-
rá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Em relação ao CDC, a coisa julgada produzirá efeitos de acordo com as regras dos artigos
103 e 104, que apresentam a seguinte redação:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos
individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que
não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título
individual.

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§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos,
propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, bene-
ficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos
dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajui-
zamento da ação coletiva.

Facilitando a compreensão dos efeitos apresentados no CDC, ficamos com as seguintes


situações:

Ação de Direitos
Efeitos
Difusos e Coletivos
Coisa julgada materialmente, com efeitos:
a) erga omnes (no caso de direitos difusos);
b) ultra partes (no caso de direitos coletivos).
Procedência Consequentemente, a matéria não poderá mais ser discutida, seja pelo réu ou por
qualquer outro legitimado.
Além disso, qualquer um dos colegitimados terá competência para executar o título
executivo judicial.
Improcedência por Por não haver provas suficientes, a sentença não fará coisa julgada material.
insuficiência de Consequentemente, qualquer um dos legitimados (inclusive aquele que propôs a
provas ação coletiva) terá competência para propor outra ação com o mesmo objeto.
Aqui, a improcedência ocorre com base em fundamentos apresentados em juízo, e
não por falta de provas.
Improcedência por
Logo, a sentença fará coisa julgada material, cujos efeitos serão:
pretensão infundada
a) erga omnes (no caso de direitos difusos);
b) ultra partes (no caso de direitos coletivos).

Ação de Direitos
Individuais Efeitos
Homogêneos
Teremos a coisa julgada material com efeitos erga omnes (contra todos).
Consequentemente, a matéria não poderá mais ser discutida, seja por qualquer
um dos legitimados, seja pelo réu.
Procedência Por estarmos diante de direitos individuais homogêneos, a decisão abrange todos
aqueles que se enquadrarem na situação jurídica objeto da decisão. Para fazerem
uso da decisão, deverão os interessados comprovar que se enquadram no campo
de abrangência da ação.

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Independente do motivo, a sentença fará coisa julgada, mas os efeitos não serão
erga omnes.
Ainda que a decisão impeça a propositura de uma nova ação civil pública com o
mesmo objeto, nada impede que ações individuais sejam propostas por cada uma
Improcedência
das partes lesadas.
Aqui, um ponto merece se destacado: caso o particular lesado tenha atuado
como litisconsorte na ACP, será ele prejudicado pelos efeitos da coisa julgada,
não podendo mais propor uma ação indenizatória individual.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FEPESE/FIS-RC/PREFEITURA DE ITAJAÍ/2020) De acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, assinale a alternativa que indica corretamente o conceito de interesse ou direi-
tos difusos.
a) São os direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas inde-
terminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
b) São entendidos como direitos de natureza divisível de que seja titular uma categoria ou clas-
se de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação de origem comum.
c) Decorrem de origem comum, de natureza indivisível, em de que sejam titulares pessoas deter-
minadas ou determináveis, ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.
d) Recebem tutela jurídica quando possuírem natureza indivisível, de que sejam titulares pes-
soas determinadas e ligadas por circunstâncias de fato.
e) Assim entendidos como direitos de natureza indivisível de que seja titular uma classe de
pessoas ligadas entre si por uma relação de origem comum.

De acordo com o CDC, os interesses ou direitos difusos são os transindividuais, de natureza


indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra a.

002. (FEPESE/FIS RC/PREFEITURA DE ITAJAÍ/2020) Anualmente, a Secretaria Nacional do


Consumidor divulgará elenco complementar de cláusulas contratuais consideradas abusivas.
Para fins de inclusão neste elenco, são legitimados:
1. as associações que incluam entre seus fins institucionais a defesa do consumidor, desde
que autorizadas por assembleia.
2. o Ministério Público.
3. a Defensoria Pública.
4. órgãos da Administração Pública, desde que contenham personalidade jurídica e sejam des-
tinados à defesa do consumidor.
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Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

A questão exige o conhecimento dos legitimados para a propositura de ação coletiva destina-
da a verificar a abusividade de cláusulas contratuais. De acordo com o CDC, são os seguintes
os legitimados:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I – o Ministério Público; (Item II)
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalida-
de jurídica (Erro do Item IV), especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos prote-
gidos por este código; (Item III, uma vez que a Defensoria Pública integra a Administração Direta)
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear. (Erro do Item I)
Letra b.

003. (CEBRASPE/PJ/MPE-PI/2019) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em ação


coletiva que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, há a possibilida-
de de conversão dessa obrigação em pagamento de indenização por perdas e danos somente se
a) o autor optar pela conversão.
b) o réu optar pela conversão.
c) a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente for impossível.
d) o autor optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.
e) o réu optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.

De acordo com o §1º do artigo 84 do CDC,

A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
Letra d.

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004. (VUNESP/PJL/CM SERTÃOZINHO/2019) Um grupo determinável de pessoas é cliente


de um banco que colocou em seu contrato uma cláusula dita por abusiva. Esse mesmo banco
faz uma publicidade abusiva que incita pessoas superendividadas a contraírem empréstimos
com juros extorsivos. Há duas demandas coletivas para discutir essas questões apresentadas.
Sob o aspecto da classificação dos direitos e interesses metaindividuais, é correto afirmar que
a) ambos os casos descrevem a afronta a um direito difuso.
b) o primeiro caso se trata de direito difuso, e o segundo de individual homogêneo.
c) ambos são casos de afronta a um direito coletivo strictu sensu.
d) o primeiro caso se trata de direito individual homogêneo, e o segundo de direito difuso.
e) o primeiro caso refere-se à afronta a um direito coletivo strictu sensu, e o segundo de di-
reito difuso.

Na primeira situação, estamos diante de um direito coletivo em sentido estrito, uma vez que há
uma classe de pessoas ligadas à parte ré (no caso, o banco), por meio de uma relação jurídica
específica (um contrato).

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;

No segundo caso, o direito em questão é classificado como difuso, haja vista que a publicida-
de do banco alcança um grupo indeterminável de pessoas, que apenas estão ligadas por uma
situação de fato.

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
Letra e.

005. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Julgue o próximo item, acerca de direitos do consumidor e da


defesa do consumidor em juízo, segundo a legislação pertinente e o entendimento dos tribu-
nais superiores.
Defensoria Pública estadual ou a distrital não têm legitimidade para ajuizar demanda que tu-
tele direitos coletivos quando, apesar da existência de circunstâncias de fato comuns, os inte-
resses e supostos prejuízos forem heterogêneos e disponíveis para os possíveis beneficiários
da demanda coletiva.

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Para que a Defensoria Pública conste como legitimada, os interesses defendidos devem ser
individuais homogêneos, e não heterogêneos, conforme afirma a questão.

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.

Neste sentido, a LACP elenca expressamente a Defensoria Pública como uma das legitimadas
para a ação coletiva em questão.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


II – a Defensoria Pública;

Além disso, a norma estabelece, em seu artigo 21, que

Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Certo.

006. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Julgue o próximo item, relativo à prevenção, conexão, conti-


nência e litispendência no processo coletivo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, não se vislumbra a ocorrência de litispen-
dência entre uma demanda coletiva que busque a tutela de um direito coletivo strictu sensu e
uma demanda individual.

Conforme afirmado, as ações coletivas do CDC não induzem litispendência para as ações indi-
viduais, nos termos do artigo 104:

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não indu-
zem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra
partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações in-
dividuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos
do ajuizamento da ação coletiva.
Certo.

007. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coletivas, julgue o item


subsequente.

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Parte da doutrina entende que a natureza jurídica da legitimidade ativa para a tutela coletiva
é de legitimação autônoma para a condução do processo, categoria que se confunde com a
legitimação extraordinária.

Parte da doutrina realmente entende que a legitimação ativa para a tutela coletiva é de legiti-
mação autônoma. Contudo, esta espécie de legitimação não se confunde, para aqueles que a
defendem, com a clássica diferenciação entre legitimação ordinária e extraordinária.
Errado.

008. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coletivas, julgue o item


subsequente.
Segundo o STJ, o magistrado que concluir pela falta de legitimidade ativa coletiva do autor
proponente da demanda deve extinguir o feito sem exame do mérito e encaminhar as peças
do processo ao Ministério Público e à Defensoria Pública, para que tomem ciência e, caso quei-
ram, promovam a demanda coletiva.

Em caso de ilegitimidade, e considerando que há interesses coletivos envolvidos na questão, o


processo não será extinto sem exame de mérito. Em sentido oposto, será dada oportunidade
para qualquer um dos demais colegitimados dar prosseguimento à demanda coletiva.
Errado.

009. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coletivas, julgue o item


subsequente.
Tanto a vítima do dano quanto seus sucessores detêm legitimidade para promover liquidação
e execução de sentença condenatória coletiva proferida em ação coletiva para defesa de inte-
resses individuais homogêneos.

Estabelece o artigo 97 que a liquidação e a execução da sentença poderão ser promovidas


pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados para dar início às respectivas
ações coletivas.

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Certo.

010. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.


Os interesses difusos, coletivos strictu sensu e individuais homogêneos possuem como carac-
terística comum a indivisibilidade do objeto.

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Apenas os direitos difusos e os coletivos em sentido estrito é que possuem em comum a


característica da indivisibilidade. Nos direitos individuais homogêneos, em sentido oposto, o
objeto é divisível.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
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de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Errado.

011. (CEBRASPE/DP-DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.


Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para ajui-
zamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em ação
civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da sentença exequenda.

A questão exige o conhecimento de um importante entendimento do STJ, conforme se obser-


va, por exemplo, da análise do Resp. 1.070.896:

No âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para ajuizamento


da execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em ação civil
pública.

Certo.

012. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) No regime jurídico da coisa julgada, nos processos


coletivos, existe a possibilidade do aproveitamento do resultado do processo na esfera jurídica
individual, que se denomina transporte in utilibus.

Em linhas gerais, o mencionado “transporte in utilibus” trata-se da possibilidade de utilização


da coisa julgada decorrente da ação coletiva nos processos individuais.
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De acordo com o CDC, temos a seguinte previsão:

Art. 103, § 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n.
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente
sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedi-
do, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução,
nos termos dos arts. 96 a 99.

Desta forma, o titular do dano sofrido poderá proceder à liquidação e execução individualizada
da coisa julgada na ação coletiva. Com isso, será ele beneficiado com a decisão, ainda que
inicialmente tomada em um processo coletivo.
Certo.

013. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) Nas ações coletivas, a sentença de procedência, fará


coisa julgada erga omnes. Assim, a liquidação e execução individual de sentença deve ser
ajuizada no foro do órgão que a proferiu e em relação aos substituídos processuais que ali são
domiciliados.

Nem sempre a sentença fará coisa julgada erga omnes, ainda que procedente. Caso estejamos
diante de direitos coletivos em sentido estrito, os efeitos serão ultra partes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Errado.

014. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) Nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa
do Consumidor, a sentença fará coisa julgada, ultra partes, em todo e qualquer caso, limitado
ao grupo ou classe que guarde relação com o tema demandado.

A depender da espécie de direito que está sendo tutelado, os efeitos poderão ser, também, erga
omnes. Isso ocorre quando estivermos diante de direitos difusos ou individuais homogêneos.
Em caso de direitos coletivos em sentido estrito, os efeitos serão ultra partes.

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Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Errado.

015. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) Compete à Justiça Federal julgar causas entre con-
sumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL for litisconsorte
passiva necessária, assistente, ou opoente.

De acordo com a Súmula Vinculante 27,

Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço


público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assis-
tente, nem opoente.

Em sentido oposto, sendo a ANATEL litisconsorte passiva necessária, assistente ou opoente,


a competência será da Justiça Federal.
Certo.

016. (COM. EXAM./PJ/MPE SC/2019) Nas ações coletivas de defesa do consumidor, a


sentença fará coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação,
com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese de tutela de direitos ou
interesses difusos.

A questão exigiu o conhecimento das disposições do artigo 103, I, do CDC, que apresenta a
seguinte redação em relação aos direitos ou interesses difusos.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
Certo.

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017. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) Nas ações coletivas e individuais de defesa do consu-


midor, o Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei.

A previsão do enunciado consta apenas para as ações coletivas, e não também para as ações
individuais.

Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Errado.

018. (COM. EXAM./PJ/MPE-SC/2019) Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obri-
gação de fazer ou não fazer, baseada na defesa do consumidor, a conversão da obrigação em
perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

De acordo com o §1º do artigo 84 do CDC,

A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
Certo.

019. (FGV/ANA/MPE-RJ/PROCESSUAL/2019) A sociedade cooperativa Alfa desenvolveu


um grande empreendimento habitacional e promoveu a sua comercialização com os coope-
rativados. Apesar disso, não entregou as unidades no prazo avençado, o que resultou no ajui-
zamento de uma ação coletiva pela associação dos cooperativados, ente muito respeitado e
regularmente constituído há dois anos, sendo postulado o reconhecimento da mora e a fixação
de multa por dia de atraso.
À luz da narrativa acima, o Código de Defesa do Consumidor:
a) é aplicável ao caso e a associação tem legitimidade para ajuizar a ação coletiva;
b) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
7.347/1985;
c) não é aplicável ao caso, sendo possível o litisconsórcio passivo plúrimo, não a ação coletiva;
d) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
8.078/1990;
e) é aplicável ao caso, mas a associação não tem legitimidade para ajuizar a ação em face da
ausência de hipossuficiência.

Como estamos diante de uma demanda coletiva, as disposições do CDC são perfeitamente
aplicáveis. Neste sentido, inclusive, é o entendimento sumulado do STJ:
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Súmula n. 602
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais pro-
movidos pelas sociedades cooperativas.

Em relação à associação, possui ela legitimidade para o ajuizamento da ação, conforme se


observa da lista de legitimados estabelecida pelo CDC:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear.
Letra a.

020. (VUNESP/PROC JUR/ESEF/2019) Considere as vítimas dos seguintes eventos: (I) Jair
sofreu uma forte intoxicação pelo consumo de água contaminada fornecida pelo serviço pú-
blico de saneamento. (II) Rita foi vítima de uma propaganda enganosa veiculada na televisão
aberta. (III) Renato foi vítima de um naufrágio de um transatlântico na costa do país. Houve,
respectivamente, violação aos direitos
a) coletivos, difusos e individuais homogêneos.
b) coletivos, individuais homogêneos e difusos.
c) individuais homogêneos, individuais homogêneos e difusos.
d) individuais homogêneos, difusos e individuais homogêneos.
e) difusos, coletivos e individuais homogêneos.

No Item I, estamos diante de um direito coletivo, uma vez que é possível quantificar as pessoas
que passaram pela mesma situação que Jair.
No Item II, o direito é difuso, haja vista que a propaganda enganosa pode fazer coo vítima um
grupo indeterminável de pessoas.
No Item III, trata-se de um direito individual homogêneo, uma vez que apenas um grupo deter-
minável de pessoas (os que estavam no transatlântico) sofreram o dano.
O fundamento para as definições e diferenciações acerca dos direitos difusos, coletivos s indi-
viduais homogêneos consta expressamente no artigo 81 do CDC:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;

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III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem


comum.
Letra a.

021. (CEBRASPE/JL/TJ-BA/2019) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, nas


ações coletivas, a sentença fará coisa julgada ultra partes quando julgado procedente o pedido
em ações de defesa de interesses e direitos
a) coletivos, não induzindo litispendência para ações individuais.
b) individuais homogêneos, não induzindo litispendência para ações individuais.
c) difusos e coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.
d) difusos, não induzindo litispendência para ações individuais.
e) coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.

A coisa julgada terá efeitos ultra partes quando estivermos diante de direitos e interesses
coletivos.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência
de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo
único do art. 81 (Direitos Coletivos);

Além disso, conforme afirmado na Letra A, a ação coletiva em questão não induz litispendên-
cia, como regra geral, para as ações individuais.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuiza-
mento da ação coletiva.
Letra a.

022. (CEBRASPE/JL/TJ-BA/2019) Diversas pessoas de determinado município contrataram


um pacote dos serviços de determinada televisão por assinatura. Sem prestar qualquer infor-
mação ou esclarecimento, o serviço de TV a cabo alterou a programação contratada, majo-
rando, inclusive, o valor mensal do pacote contratado. Sentindo-se lesados, os consumidores
decidiram defender seus direitos em juízo.
Nessa situação hipotética, de acordo com as definições estabelecidas pelo Código de Defesa
do Consumidor, os usuários lesados poderão ajuizar ação coletiva para defesa de interesses
a) individuais homogêneos.
b) transindividuais de natureza divisível.

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c) difusos.
d) transindividuais de natureza indivisível.
e) individuais de natureza divisível.

O exemplo apresentado pela questão trata-se de clara violação aos direitos individuais homo-
gêneos. E conseguimos perceber isso na medida em que há um grupo determinável de pesso-
as que sofreram o dano (no caso, os assinantes da TV a cabo) e o interesse é divisível (cada
pessoa possui um pacote de assinatura específica).

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra a.

023. (FCC/PROC MUN CARUARU/2018) Considere as seguintes situações hipotéticas (1, 2 e


3) elencadas abaixo.
1. Propaganda veiculada de forma abusiva ou enganosa, em rede nacional, sem identificação
dos possíveis lesados.
2. Alunos de determinada escola particular em que seus representantes legais discutem cláu-
sula contratual abusiva.
3. Acidente de avião em grande centro urbano, deixando relativo número de vítimas.
A natureza dos interesses protegidos relacionados em 1, 2 e 3 correspondem correta e respec-
tivamente a:
a) Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo − Interesse Coletivo.
b) Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo − Interesse Difuso.
c) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo.
d) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Homogêneo.
e) Interesse Coletivo − Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo.

No caso da propaganda veiculada de forma abusiva ou enganosa, o dano alcança um grupo


indeterminável de pessoas, que apenas estão ligadas por uma situação de fato (a veiculação
da propaganda). Logo, trata-se de um direito ou interesse difuso.
Na cláusula contratual abusiva de alunos de uma escola, estamos diante de um grupo de pes-
soas ligadas entre si ou com a parte contrária (a escola) por uma relação jurídica base (o con-
trato). Sendo assim, trata-se de um direito ou interesse coletivo.
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No acidente de avião, o dano alcança um grupo determinado de pessoas (os passageiros e respecti-
vos parentes). Por isso mesmo, estamos diante de direitos ou interesses individuais homogêneos.
Letra d.

024. (VUNESP/ASS JUR/PREFEITURA DE ANDRADINA/2017) Uma ação movida pelo Mi-


nistério Público, cujo objeto é condenar uma empresa que apresentou publicidade enganosa
a reparar os males causados aos consumidores lesados, terá sua sentença com os seguintes
efeitos de eventual coisa julgada:
a) ultra partes, por se tratar de direito coletivo stricto sensu, caso a sentença seja de improce-
dência por insuficiência de provas.
b) erga omnes, por se tratar de direito individual homogêneo, apenas se a sentença for de total
procedência.
c) erga omnes, mesmo se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, por
se tratar de direito difuso.
d) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipóte-
se em que qualquer legitimado poderá propor outra ação, com idêntico fundamento valendo-se
de nova prova.
e) ultra partes, por se tratar de direito coletivo difuso, exceto se o pedido for julgado improce-
dente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

No caso de propaganda enganosa, estamos diante de um direito difuso, ou seja, um interesse de na-
tureza indivisível em que são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
Neste caso, os efeitos da decisão são os presentes no artigo 103, I, do CDC, de seguinte redação:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

Consequentemente, o gabarito da questão é a Letra D.


Letra d.

025. (VUNESP/PROC JUR/CM SUMARÉ/2017) Considerando apenas a veiculação do anúncio


com publicidade enganosa, feita em televisão, de remédio que promete o emagrecimento de 5 kg
por dia, sem comprometimento à saúde dos usuários, é correto afirmar que há ofensa a direito(s):
a) individual homogêneo.
b) individual heterogêneo.
c) difusos e coletivos.

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d) coletivos.
e) difusos.

A veiculação de propaganda enganosa é uma das situações clássicas de afronta aos direitos
e interesses difusos. Nestes casos, estamos diante de afronta a interesses de natureza indivi-
sível e dos quais são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato (a
veiculação da propaganda).
Letra e.

026. (VUNESP/PROC/PREFEITURA DE MARÍLIA/2017) Considerando a distinção das cate-


gorias de direitos transindividuais segundo as suas origens, na hipótese de consumidores que
adquiriram produtos fabricados em série com defeito, ou seja, interessados determináveis que
estão ligados entre si por uma mesma situação de fato compõem a categoria de
a) interesses coletivos em sentido estrito.
b) direito individual puro.
c) interesses individuais homogêneos.
d) interesses individuais heterogêneos.
e) interesses difusos.

Para respondermos a questão, temos que verificar, do enunciado, a parte que menciona que
estamos diante de interessados determináveis. No caso dos direitos difusos, os interessados
sempre serão indetermináveis. Logo, o direito em questão não é o difuso.
Para ser um direito coletivo em sentido estrito, há a necessidade de ligação do grupo por meio
de uma relação jurídica base (como um contrato), algo que não ocorre no enunciado. Assim, o
interesse em questão também não é o coletivo.
No caso, estamos diante de interesses ou direitos individuais homogêneos, uma vez que o
dano abrange um grupo determinável de pessoas (as pessoas que adquiriram a mercadoria) e
o objeto é perfeitamente divisível (cada pessoa comprou um ou mais produtos).

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra c.

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027. (CEBRASPE/PJ/MPE-CE/2020) A associação X, de proteção ao meio ambiente, ajui-


zou uma ação civil pública contra a indústria Y, fabricante de agrotóxicos, para impedi-la de
realizar determinado processo químico que gerava fumaça tóxica causadora da mortandade
de pássaros típicos da região. Na ação, a associação alegou que, em apenas seis meses, a
atuação da indústria Y havia dizimado 30% desses pássaros na região. Como a associação
X não pôde custear a perícia, a ação foi julgada improcedente por falta de provas e transitou
em julgado.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) O Ministério Público poderá ajuizar nova ação civil pública, desde que fundada em novas
provas, mas a associação X não poderá mais fazê-lo.
b) Nenhum dos legitimados para propor ação civil pública poderá propor nova ação, já que, no
caso, formou-se coisa julgada material.
c) Todos os legitimados para a propositura de ação civil pública poderão ajuizar nova ação civil
pública, até mesmo a associação X, desde que apresentem novas provas.
d) A Defensoria Pública não poderá propor nova ação civil pública, mesmo que encontre novas
provas, pois se trata de interesse difuso.
e) A associação X, que ajuizou a primeira ação, poderá ajuizar nova ação civil pública, desde
que fundada em novas provas, pois se trata de um direito coletivo stricto sensu.

De acordo com o artigo 16 da Lei n. 7.347/1985, temos a previsão de que

A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

Consequentemente, todos os legitimados para a propositura de ação civil pública poderão, na


situação mencionada pela questão, ajuizar nova ação civil pública, até mesmo a associação X,
desde que apresentem novas provas.
Letra c.

028. (QUADRIX/PROC JUR/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ, julgue


o item acerca de recursos e ações coletivas.
As ações civis públicas que visem a tutelar direitos individuais homogêneos de grande relevân-
cia social não devem importar na suspensão de ações individuais em que se reivindiquem os
mesmos direitos, haja vista a inexistência de uma hierarquia ou de uma dependência entre elas.

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Ao contrário do que informa a questão, a jurisprudência do STJ (Resp. 1353801/RS) é no sen-


tido de que, uma vez tendo sido ajuizada ação coletiva atinente à macrolide geradora de pro-
cessos multitudinários, suspendem-se as ações individuais até o julgamento da ação coletiva.

REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.


AÇÃO COLETIVA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. Piso salarial profissional nacional
para os profissionais do magistério público da educação básica, nos termos da Lei n.
11.738/08. SUSTAÇÃO DE ANDAMENTO DE AÇÕES INDIVIDUAIS. POSSIBILIDADE.
1. Segundo precedentes deste Superior Tribunal, “ajuizada ação coletiva atinente a
macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações individuais, no
aguardo do julgamento da ação coletiva”.

Errado.

029. (QUADRIX/PROC JUR/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ, julgue


o item acerca de recursos e ações coletivas.
O Ministério Público, quando sucumbente em ações coletivas, deve arcar com os honorários
advocatícios e as custas do processo.

A jurisprudência do STJ é justamente no sentido de que o Ministério Público não deve arcar
com o pagamento de honorários advocatícios, uma vez que atua como fiscal da lei na tutela
dos interesses coletivos. O pagamento apenas poderá ser exigido, assim como ocorre na ação
popular, em caso de comprovada má-fé.
Neste sentido é o entendimento proferido no julgamento dos ED Agr. 962.250:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPE-


CIAL. DISSENSO CONFIGURADO ENTRE O ARESTO EMBARGADO E ARESTO PARADIGMA
ORIUNDO DA QUARTA TURMA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA INTENTADA PELA UNIÃO. CONDE-
NAÇÃO DA PARTE REQUERIDA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ.
DESCABIMENTO. ART. 18 DA LEI N. 7.347/1985. PRINCÍPIO DA SIMETRIA. EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA A QUE SE NEGA PROVIMENTO
Dessa forma, deve-se privilegiar, no âmbito desta Corte Especial, o entendimento dos
órgãos fracionários deste Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que, em razão da
simetria, descabe a condenação em honorários advocatícios da parte requerida em ação
civil pública, quando inexistente má-fé, de igual sorte como ocorre com a parte autora, por
força da aplicação do art. 18 da Lei n. 7.347/1985;

Errado.

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030. (CEBRASPE/ANA MIN/MPE-PI/PROCESSUAL/2018) A respeito da tutela dos direitos


difusos, coletivos e individuais homogêneos, julgue o item a seguir.
Se o Ministério Público propuser uma ação civil pública e o pedido for julgado improcedente
por insuficiência de provas, a decorrente sentença civil fará coisa julgada erga omnes dentro
dos limites da competência territorial do órgão julgador.

Como regra geral, a sentença civil decorrente da ACP fará coisa julgada erga omnes (contra
todos), nos limites da competência territorial do órgão prolator.
No entanto, quando o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, tal como na
situação mencionada pelo enunciado, não há que e falar em efeitos erga omnes, haja vista que
qualquer um dos legitimados poderão ajuizar outra ação com idêntico fundamento.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
Errado.

031. (CEBRASPE/ANA I/IPHAN/ÁREA 8/2018) Victor viajou do Acre até Brasília para parti-
cipar de uma manifestação popular na Esplanada dos Ministérios. Durante o ato, houve de-
sentendimento entre manifestantes e a polícia e se iniciou um grande tumulto em frente à
Catedral Metropolitana de Brasília, monumento tombado pelo IPHAN. Victor estava no local
no momento da confusão e, em reação à ação policial, decidiu depredar parte dos vitrais da
Catedral, tendo, ainda, causado outros danos à estrutura do monumento. O prejuízo material
causado por Victor foi estimado em dois milhões de reais.
A respeito da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, com base na Lei n.º
7.347/1985, que regulamenta a ação civil pública.
Independentemente de sua pertinência temática, se uma associação civil de defesa do consu-
midor pretender propor ação civil pública para reparo do dano causado por Victor, ela deterá
legitimidade para fazê-lo, desde que seja existente há mais de um ano.

Dois são os requisitos que devem ser atendidos, concomitantemente, para que a associação
civil possa ajuizar a ação civil pública, conforme previsão da Lei n. 7.347:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

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Observa-se, desta forma, que um dos requisitos para o ajuizamento é a existência de pertinên-
cia temática, ou seja que a finalidade institucional da associação esteja relacionada, dentre
outros, com a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Assim sendo, a questão está errada, uma vez que a pertinência temática, conforme analisado,
é requisito que deve ser observado pelas associações.
Errado.

032. (CEBRASPE/ANA I/IPHAN/ÁREA 8/2018) Victor viajou do Acre até Brasília para parti-
cipar de uma manifestação popular na Esplanada dos Ministérios. Durante o ato, houve de-
sentendimento entre manifestantes e a polícia e se iniciou um grande tumulto em frente à
Catedral Metropolitana de Brasília, monumento tombado pelo IPHAN. Victor estava no local
no momento da confusão e, em reação à ação policial, decidiu depredar parte dos vitrais da
Catedral, tendo, ainda, causado outros danos à estrutura do monumento. O prejuízo material
causado por Victor foi estimado em dois milhões de reais.
A respeito da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, com base na Lei n.º
7.347/1985, que regulamenta a ação civil pública.
A defensoria pública federal não tem legitimidade para propor ação civil pública com intuito de
reparar o dano causado por Victor ao patrimônio cultural.

A Defensoria Pública está, diferente do que informado, dentre os legitimados para a proposi-
ção de ação civil pública, conforme previsão do artigo 5º da Lei n. 7.347.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


II – a Defensoria Pública;

Na situação narrada, como estamos diante de um bem tombado pelo IPHAN, autarquia federal,
pode a Defensoria Pública exercer o seu direito de legitimação.
Errado.

033. (CEBRASPE/ANA I/IPHAN/ÁREA 8/2018) Victor viajou do Acre até Brasília para parti-
cipar de uma manifestação popular na Esplanada dos Ministérios. Durante o ato, houve de-
sentendimento entre manifestantes e a polícia e se iniciou um grande tumulto em frente à
Catedral Metropolitana de Brasília, monumento tombado pelo IPHAN. Victor estava no local
no momento da confusão e, em reação à ação policial, decidiu depredar parte dos vitrais da
Catedral, tendo, ainda, causado outros danos à estrutura do monumento. O prejuízo material
causado por Victor foi estimado em dois milhões de reais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Francisco Sousa - 35300268836, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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A respeito da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, com base na Lei n.º
7.347/1985, que regulamenta a ação civil pública.
Caso Victor resida no Acre, a proposição de ação civil pública pelo IPHAN para reparo do dano
causado à Catedral Metropolitana de Brasília deverá ser feita na justiça estadual do Acre.

De acordo com o artigo 2º da Lei n. 7.347,

As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá
competência funcional para processar e julgar a causa.

Na situação apresentada, o dano ocorreu em Brasília, sendo este, por isso mesmo, o local onde
a ação deve ser proposta.
Errado.

034. (CEBRASPE/ANA I/IPHAN/ÁREA 8/2018) Victor viajou do Acre até Brasília para parti-
cipar de uma manifestação popular na Esplanada dos Ministérios. Durante o ato, houve de-
sentendimento entre manifestantes e a polícia e se iniciou um grande tumulto em frente à
Catedral Metropolitana de Brasília, monumento tombado pelo IPHAN. Victor estava no local
no momento da confusão e, em reação à ação policial, decidiu depredar parte dos vitrais da
Catedral, tendo, ainda, causado outros danos à estrutura do monumento. O prejuízo material
causado por Victor foi estimado em dois milhões de reais.
A respeito da situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, com base na Lei n.º
7.347/1985, que regulamenta a ação civil pública.
O Ministério Público Federal poderá arquivar eventual inquérito civil aberto contra Victor, sem
apresentar motivação.

Em linhas gerais, o inquérito civil público pode ser conceituado como o procedimento investi-
gativo, de iniciativa do Ministério Público, realizado com o objetivo de subsidiar, com base nos
dados e informações coletas, uma eventual ação civil pública.
O procedimento a ser observado para o arquivamento do inquérito civil público consta no arti-
go 9º da Lei n. 7.347, de seguinte redação:

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistên-


cia de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inqué-
rito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena
de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada
a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

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§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do


Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde
logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Desta forma, o arquivamento do ICP apenas poderá ocorrer, ao contrário do que informa a
questão, de forma fundamentada.
Ainda assim, após o arquivamento, os autos serão remetidos, no prazo de 3 dias, ao Conselho
Superior do Ministério Público, que será responsável por homologar ou rejeitar a proposta de
arquivamento.
Errado.

035. (CEBRASPE/DEL POL/PC SE/2018) A empresa Soluções Indústria de Eletrônicos Ltda.


veiculou propaganda considerada enganosa relativa a determinado produto: as especificações
eram distintas das indicadas no material publicitário. Em razão do anúncio, cerca de duzentos
mil consumidores compraram o produto. Diante desse fato, uma associação de defesa do con-
sumidor constituída havia dois anos ajuizou ação civil pública com vistas a obter indenização
para todos os lesados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A associação autora é parte legítima para propor a ação civil pública e não terá que adiantar
custas ou honorários periciais; no entanto, a associação será condenada em honorários advo-
catícios caso seja comprovada a sua má-fé.

Inicialmente, precisamos saber que os dois requisitos necessários para que a associação pos-
sa propor uma ação civil pública foram, de acordo com o enunciado, atendidos pela associa-
ção de defesa dos consumidores.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Além disso, de acordo com as disposições da Lei n. 7.347, não há que se falar, como regra
geral, em adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras des-
pesas por parte da associação autora.
Caso, no entanto, o mencionado legitimado atue com comprovada má-fé, haverá a condenação
ao pagamento de honorários de advogado, custas e despesas processuais.

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Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorá-
rios periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprova-
da má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
Certo.

036. (CEBRASPE/DEF-PF/DPU/2017) Tendo em vista que uma das funções primordiais do


STJ é a sistematização e uniformização da jurisprudência relativa à legislação processual, jul-
gue o próximo item à luz do entendimento desse tribunal.
Nas ações civis públicas promovidas pela DPU, a legislação pertinente prevê a dispensa do
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e outras despesas para a parte
autora; entretanto, nessas ações, aquele que integrar o polo passivo da relação processual não
desfrutará do mesmo benefício.

De acordo com o artigo 18 da Lei n. 7.347,

Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários peri-
ciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé,
em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

No entanto, merece ser destacado o entendimento do STJ (Resp. 1397499), para o qual a men-
cionada isenção não alcança aqueles que estejam no polo passivo da demanda judicial.

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINIS-


TRATIVA. APRESENTAÇÃO DE ATESTADO MÉDICO FRAUDULENTO. 4. A isenção de que
trata o art. 18 da Lei n. 7.347/1985 só alcança a parte autora, não sendo aplicável à ré da
ação civil pública.

Certo.

037. (CEBRASPE/AJ/TRF-1ª/JUDICIÁRIA/”SEM ESPECIALIDADE”/2017) A respeito de


mandado de segurança, ação popular, ação civil pública e ação de improbidade administrativa,
julgue o item a seguir.
Na hipótese de abandono de ação civil pública proposta por associação, poderá a Defensoria
Pública assumir a titularidade ativa.

As associações, desde que atendam aos requisitos legais, estão dentre os legitimados para a
proposição de ação civil pública.

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No entanto, em caso de desistência por parte da associação, poderá o Ministério Público ou


outros dos legitimados (dentre os quais está a Defensoria Pública) assumir a titularidade ativa
da ação. Nesta situação, o que prevalece é o interesse da coletividade.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministé-
rio Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa;
Certo.

038. (CEBRASPE/ATA/DPU/2016) A respeito do mandado de segurança, da ação civil pública


e da execução fiscal, julgue o item que se segue.
A DP não tem legitimidade para propor ação civil pública.

Ao contrário do que informa a questão, a Defensoria Pública está dentre os legitimados para a
proposição de ação civil pública.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


II – a Defensoria Pública;
Errado.

039. (CEBRASPE/AUD CE/TCE-PA/PROCURADORIA/2016) Em relação a controle jurisdicio-


nal e atividade financeira do Estado, julgue o item que se segue.
A ação civil pública, um dos meios ou instrumentos de controle jurisdicional da administração
pública, objetiva proteger os interesses individuais, como, por exemplo, a defesa dos direitos
do consumidor.

O erro está em afirmar que a ACP objetiva proteger os interesses individuais. Em sentido diver-
so, apenas os interesses individuais que sejam homogêneos é que poderão ser objeto da ação
civil pública.
Errado.

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040. (CEBRASPE/ASS JUR/TCE-RN/TÉCNICO JURÍDICO/2015) A respeito do mandado de


segurança, da ação popular, da ação civil pública e da ação de improbidade administrativa,
julgue o item a seguir.
Consoante entendimento do STJ, caso o Ministério Público requeira a realização de perícia em
ação civil pública, a despesa com os honorários do perito será arcada pela fazenda pública à
qual se acha vinculado o parquet.

Estabelece o artigo 18 da Lei n. 7.347 a regra geral da desnecessidade de realização de adian-


tamento de honorários periciais no curso da ação civil pública.

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorá-
rios periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprova-
da má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

Quando o legitimado for o Ministério Público, no entanto, o STJ possui entendimento de que
esta desnecessidade de realização de adiantamento implica no pagamento dos honorários
devidos pela respectiva Fazenda Pública.
E o fundamento para isso faz todo o sentido, haja vista que, na visão do tribunal, o perito não
é obrigado a trabalhar gratuitamente, devendo, por isso mesmo, receber da Fazenda Pública
os respectivos honorários periciais.
Neste sentido, por exemplo, é o julgado proferido no âmbito do Resp. 1168893:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPE-


CIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESPESA PROCES-
SUAL. CUSTAS DE PUBLICAÇÃO DE EDITAL DE INTIMAÇÃO DO RÉU. ADIANTAMENTO
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 18 DA LEI N. 7.347/1985.
ÔNUS CONFERIDO À FAZENDA PÚBLICA. 1. O entendimento jurisprudencial do STJ é
no sentido de que “a isenção ao adiantamento dos honorários periciais conferida ao
Ministério Público (art. 18 da Lei n. 7.347/85) não pode obrigar à realização do traba-
lho gratuitamente, tampouco transferir ao réu o encargo de financiar ações contra ele
movidas (arts. 19 e 20 do CPC). Adiantamento dos honorários periciais suportados
pela Fazenda Pública”.

Certo.

041. (CEBRASPE/AJ/TJ-SE/ADMINISTRATIVA/JUDICIÁRIA/DIREITO/2014) No que se


refere à execução de ações coletivas, à sentença, à coisa julgada, à revelia e à ação civil
pública, julgue o seguinte item.
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De acordo com a Lei da Ação Civil Pública, a sentença proferida em ação civil pública fará
coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, ressalva-
da a hipótese em que o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas.

A questão está correta, nos termos do artigo 16 da Lei n. 7.347, que é a norma responsável
por estabelecer os procedimentos a serem adotados na ação civil pública.
Assim, a regra geral é que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes (efeitos a serem
observados por todos). A exceção fica por conta do pedido julgado improcedente por insufi-
ciência de provas, quando, em sentido diverso, os demais legitimados poderão ajuizar outra
ação com idêntico fundamento.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
Certo.

042. (CEBRASPE/PJ/MPE-PI/2019) Determinada associação de proteção ao meio ambiente,


legalmente constituída havia seis meses, ajuizou ação civil pública a fim de cessar obra que
estava acontecendo em área destinada à preservação ambiental em determinado município.
O juiz competente, considerando a relevância do bem jurídico tutelado, dispensou requisito de
pré-constituição e deu prosseguimento ao processo. A associação autora, entretanto, abando-
nou a ação sem prestar esclarecimentos ao juízo.
Considerando o disposto na lei que rege a ação civil pública, assinale a opção correta, a respei-
to da referida ação.
a) A titularidade ativa da ação poderá ser assumida por qualquer outro legitimado.
b) A ação deverá ser extinta sem julgamento de mérito.
c) A titularidade ativa da ação deverá ser assumida exclusivamente pelo Ministério Público.
d) A ação deverá ser extinta com julgamento de mérito e fará coisa julgada.
e) A ação deverá ser declarada prescrita quando decorrerem cinco anos contados da data do
abandono da causa.

a) Certa. De acordo com o §3º do artigo 5º da Lei n. 7.347,

Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério


Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

Logo, se considerarmos que a associação desistiu da ação, qualquer um dos outros legitima-
dos poderá assumir a titularidade da demanda.

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b) Errada. A ação não deverá ser extinta. Conforme mencionado, os demais legitimados pode-
rão assumir a titularidade da ação civil pública.
c) Errada. Conforme verificado, não é apenas o Ministério Público que poderá dar continuidade
e assumir a titularidade da ACP, mas sim todos os demais legitimados.
d) Errada. Não há que se falar em extinção com julgamento de mérito, uma vez que há a possi-
bilidade legal de prosseguimento por parte dos demais legitimados.
e) Errada. A ACP prescreve no prazo de 5 anos, mas este prazo não possui relação com a data
do abandono da titularidade por parte associação legitimada.
Letra a.

043. (FGV/OAB UNI NAC/OAB/XXV EXAME/2018) A sociedade empresária Sucesso veicu-


lou propaganda enganosa acerca de um determinado produto, com especificações distintas
daquelas indicadas no material publicitário. Aproximadamente 500.000 consumidores, dentre
os quais alguns hipossuficientes, compraram o produto. Diante disso, a Associação de Defesa
do Consumidor, constituída há 10 anos, cogitou a possibilidade de ajuizar ação civil pública,
com base na Lei n. 7.347/85, para obter indenização para tais consumidores.
Diante dessas informações, assinale a afirmativa correta.
a) O Ministério Público é parte ilegítima para a propositura da ação civil pública.
b) A Associação de Defesa do Consumidor pode propor a ação civil pública.
c) Qualquer consumidor lesado pode propor a ação civil pública.
d) A propositura da ação civil pública pela Defensoria dispensa a participação do Ministério
Público no processo.

a) Errada. O Ministério Público é parte legítima (e não ilegítima) para propor a ação civil pública.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;

b) Certa. Considerando que a associação em questão atende aos requisitos legais, poderá ela
dar início à ACP.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

c) Errada. O consumidor não está dentre os legitimados da Lei n. 7.347 para a propositura de
ação civil pública.

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Art. 5º, Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

e) Errada. Estabelece o §1º do artigo 5º que

O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

Logo, mesmo que a Defensoria Pública dê início à ACP, a participação do Ministério Público,
ainda assim, é essencial.
Letra b.

044. (FGV/EST FOR/MPE-RJ/2018) No tocante à ação civil pública, carece(m) de legitimida-


de ad causam para ajuizá-la:
a) o Ministério Público;
b) a Defensoria Pública;
c) os entes federados;
d) as associações;
e) o cidadão.

Vejamos, de acordo com a Lei n. 7.347, os legitimados para a proposição da ação civil pública.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Conforme se observa, apenas os cidadãos, dentre as alternativas elencadas, não possuem


legitimidade para a interposição de ação civil pública.
Letra e.

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045. (FGV/ANA/MPE-AL/JURÍDICA/2018) O Direito Processual brasileiro possui diversos


instrumentos para a tutela coletiva de direitos.
Sobre as ações coletivas, assinale a afirmativa correta.
a) Não se admite litisconsórcio entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e
dos Estados na ação civil pública, em razão da unidade do Ministério Público.
b) Nas ações coletivas para defesa de direitos difusos do consumidor, a coisa julgada é ultra
partes, salvo na improcedência por falta de provas.
c) Nas ações coletivas para defesa de direitos individuais homogêneos do consumidor, a coisa
julgada é erga omnes, na procedência do pedido.
d) As associações são legitimadas a propor ações civis públicas, bastando, para tanto, sua
pré-constituição há, pelo menos, um ano.
e) Nas ações civis públicas, não pode o Poder Público atuar como litisconsorte ao lado do autor.

a) Errada. De acordo com o artigo 5º, § 5º, da Lei n. 7.347,

Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e


dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

b) Errada. A sentença, no âmbito da ação civil pública, fará coisa julgada erga omnes, e não
ultra partes.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

c) Certa. Conforme verificado na alternativa anterior, a sentença, nas ações coletivas para de-
fesa de direitos individuais homogêneos (dentre as quais encontra-se a ACP) faz coisa julgada
erga omnes.
d) Errada. Dois são os requisitos que devem ser atendidos para que a associação possa ajuizar
uma ação civil pública.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

e) Errada. De acordo com o § 2º do artigo 5º,

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Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habili-
tar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
Letra c.

046. (FGV/PROC/PREFEITURA DE NITERÓI/2014) Duas ações civis públicas, com a mesma


causa de pedir, foram ajuizadas por membros distintos do Ministério Público Estadual, que
atuam em Comarcas diversas.
Sendo o caso de reuni-las por conexão, deverá prevalecer, para fins de prevenção, o se-
guinte juízo:
a) onde se determinou a citação válida em primeiro lugar.
b) onde primeiro se despachou “cite-se”.
c) onde for a Comarca de maior entrância.
d) não haverá conexão e ambas serão julgadas separadamente.
e) onde foi ajuizada a primeira ação civil pública.

De acordo com a Lei n. 7.347, a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo
terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único, A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posterior-
mente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Logo, deve prevalecer, para fins de prevenção, o juízo onde foi ajuizada a primeira ação ci-
vil pública.
Letra e.

047. (FGV/AJ/TJ-AM/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/2013) Dentre os vários instrumen-


tos de controle sobre a Administração Pública encontra‐se a ação civil pública.
Com relação a essa ação assinale a afirmativa correta.
a) Somente o Ministério Público é legitimado para a interposição da ação civil pública.
b) Qualquer cidadão poderá interpor a ação civil pública.
c) A empresa pública possui legitimidade para interpor a ação civil pública.
d) O município não possui legitimidade para interpor a ação civil pública.
e) As autarquias não possuem legitimidade para interpor a ação civil pública, por expressa
vedação da Lei n. 7.347/85.

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Para responder essa questão, temos que conhecer os legitimados para a proposição da ação
civil pública.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
a) Errada. Além do Ministério Público, diversos são os legitimados para a proposição da ação
civil pública.
b) Errada. Os cidadãos não estão dentre os legitimados para propor a ACP, que trata-se de uma
ação coletiva.
c) Certa. A empresas públicas podem, de acordo com o artigo em questão, dar início à ACP.
d) Errada. Todos os entes federativos, incluindo os Municípios, podem ajuizar a presente ação.
e) Errada. As autarquias, ao contrário do que informado, possuem legitimidade para interpor a
ação civil pública.
Letra c.

048. (CEBRASPE/JE/TJ-BA/2019) O MP de determinado estado da Federação propôs ação


civil pública consistente em pedido liminar para obstar a construção de empreendimento às
margens de um rio desse estado. No local escolhido, uma área de preservação permanente,
a empresa empreendedora desmatou irregularmente 200 ha para instalar o empreendimento.
A liminar incluiu, ainda, pedido para que a empresa fosse obrigada a iniciar imediatamente re-
plantio na área desmatada.
Nessa situação hipotética, a ação civil pública proposta deverá discutir
a) apenas a responsabilidade civil da empresa.
b) as responsabilidades civil e criminal da empresa.
c) as responsabilidades civil e administrativa da empresa.
d) apenas a responsabilidade administrativa da empresa.
e) as responsabilidades civil, administrativa e criminal da empresa.

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Em linhas gerais, a ação civil pública pode ser entendida como o instrumento que tem por
objetivo a proteção à coletividade, responsabilizando o infrator por danos causados ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, bem como a direito difuso ou coletivo.
No entanto, a ação civil pública trata-se de ação judicial que apenas pode discutir assuntos
relacionados com a eventual responsabilidade civil. Em outros termos, significa em afirmar
que as questões referentes ao âmbito administrativo ou penal (criminal) devem ser objeto de
outro tipo de ação.
Sendo assim, e com base no enunciado da questão, chegamos à conclusão de que apenas
a responsabilidade civil da empresa poderá ser objeto de discussão por meio da ação ci-
vil pública.
Letra a.

049. (CEBRASPE/PROC/PGE-PE/2018) Determinado empreendimento licenciado pelo es-


tado de Pernambuco tem desrespeitado normas ambientais, o que vem causando danos ao
meio ambiente. Diante desse fato, determinada associação legitimada deseja propor ação civil
pública contra os responsáveis pelo dano.
À luz da Lei n.º 7.347/1985 e suas alterações, nessa situação hipotética,
a) o foro competente será o do local do dano.
b) a parte autora não poderá desistir da ação após sua propositura.
c) o objeto da ação deverá ser condenação em dinheiro.
d) o MP deverá ser habilitado como litisconsorte.
e) as custas processuais deverão ser adiantadas pela parte autora.

a) Certa. De acordo com as disposições do artigo 2º da Lei n. 7.347,

As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá
competência funcional para processar e julgar a causa.

b) Errada. Ao contrário do que afirmado, a parte autora (associação) pode sim desistir da ação
após a sua propositura. Nesta situação, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a
titularidade ativa.

Art. 5º, § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

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c) Errada. A ação civil pública não precisa ter como objeto da condenação, necessariamente, o
pagamento em dinheiro. Em sentido diverso, a condenação poderá consistir em obrigação de
fazer ou de não fazer.

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer.

d) Errada. A habilitação como litisconsorte trata-se de uma faculdade, e não de uma obrigação,
por parte do Ministério Público.

Art. 5º, § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste
artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

e) Errada. Na ação civil pública, não há que se falar na possibilidade de adiantamento de cus-
tas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.
Apenas em caso de comprovada má-fé é que a associação autora, de acordo com a norma
legal, deverá pagar honorários de advogado, custas e despesas processuais.

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorá-
rios periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprova-
da má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
Letra a.

050. (CEBRASPE/ANA MIN/MPE-PI/PROCESSUAL/2018) A respeito da tutela dos direitos


difusos, coletivos e individuais homogêneos, julgue o item a seguir.
Ação civil pública proposta pelo Ministério Público deverá ser ajuizada no foro do local onde
tiver ocorrido o dano, e seu objeto poderá ser a condenação em dinheiro.

Inicialmente, precisamos saber que a ação civil pública poderá ser ajuizada pelo Ministério
Público, que é um dos legitimados para tal.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;

Com relação ao local do ajuizamento, este deverá, de acordo com as disposições legais, ser o
foro do local onde ocorrer o dano.

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o da no, cujo juízo
terá competência funcional para processar e julgar a causa.

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Por fim, ainda de acordo com as disposições da Lei n. 7.347, estabelece o artigo 3º que

A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer.
Certo.

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GABARITO
1. a 18. C 35. C
2. b 19. a 36. C
3. d 20. a 37. C
4. e 21. a 38. E
5. C 22. a 39. E
6. C 23. d 40. C
7. E 24. d 41. C
8. E 25. e 42. a
9. C 26. c 43. b
10. E 27. c 44. e
11. C 28. E 45. c
12. C 29. E 46. e
13. E 30. E 47. c
14. E 31. E 48. a
15. C 32. E 49. a
16. C 33. E 50. C
17. E 34. E

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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