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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE


CUIABÁ - MT

NAYRA LAYSSA VALE DA SILVA, menor impúbere, representado por


sua genitora, RAYSSA SAMARA VALE DA SILVA, solteira, do lar, portadora
do CPF n. 060.465.011-64, SSP MT, endereço eletrônico não informado,
ambas brasileiras, residentes e domiciliados na rua 02, n. 18, quadra 03, Bairro
Jardim Arver, Cuiabá – MT, CEP 78056-404, por meio de seu advogado
assinado in fine, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fundamento na Lei de Investigação de Paternidade e na Lei de Alimentos, bem
como no artigo 277, § 6º da Constituição Federal, propor a presente:

AÇÃO DE ALIMENTOS (COM PEDIDO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS e


ANTECIPAÇÃO DE PROVAS)

Em face de WITILA SALVES DA SILVA NEVES, brasileiro, solteiro,


autônomo, RG n. 24439304 SSP, CPF n. 051.573.051-33, com residência e
domicílio no Condomínio Parque dos Sabias, bloco 1, apartamento 203, situado
na Avenida Professora Edna Maria de Albuquerque Affi, nº 1100, , bairro
Jardim Imperial, CEP 78075-355, Cuiabá- MT, meios de contatos (65) 9.9233-
5693, celular e WHATASPP.

1. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, afirma a requerente que não possui condições de arcar


com custas processuais e honorárias advocatícios sem prejuízo do sustento
próprio bem como o de sua família, razão pela qual faz jus ao benefício da
gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50.

2. DOS FATOS

A Representante da requerente e o Requerido mantiveram um


relacionamento amoroso, não duradouro, e deste relacionamento nasceu a
autora, a menor NAYRA LAYSSA VALE DA SILVA, em 08/06/2022, conforme
certidão de nascimento anexo
Ocorre que, o requerido quando soube da gravidez da representante do
menor, sempre negou a paternidade da criança e consequentemente o registro
civil, sendo este o motivo da genitora ter registrado o menor somente em seu
nome.
No entanto, diante da negativa da paternidade por parte do requerido, a
genitora do menor fez o exame de DNA para então constatar tal paternidade. O
resultado foi positivo, comprovando que o requerido realmente é pai biológico
da autora, conforme laudo de perícia de paternidade pelo DNA, anexo.
Assim, comprovada a paternidade, a autora necessita que o demandado
lhe forneça pensão alimentícia necessária para a sua subsistência, bem como
requer a retificação no seu registro civil para enfim fazer constar o nome do
requerido e o nome dos seus avós paternos, devendo ser expedido ofício de
retificação ao cartório competente do registro civil do menor.

3. DA POSSIBILIDADE DE CITAÇÃO/INTIMAÇÃO POR WHATSAPP

A nova redação do artigo 246 do Código de Processo Civil passa a


vigorar neste sentido:

Art. 246. A citação será feita


preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de
até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a
determinar, por meio dos endereços eletrônicos
indicados pelo citando no banco de dados do Poder
Judiciário, conforme regulamento do Conselho
Nacional de Justiça.
(…)
§ 1º As empresas públicas e privadas são
obrigadas a manter cadastro nos sistemas de
processo em autos eletrônicos, para efeito de
recebimento de citações e intimações, as quais
serão efetuadas preferencialmente por esse meio.

§ 1º-A A ausência de confirmação, em até 3


(três) dias úteis, contados do recebimento da citação
eletrônica, implicará a realização da citação:
I – pelo correio
II – por oficial de justiça;
III – pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o
citando comparecer em cartório;
IV – por edital.

A alteração surge como possibilidade de preencher a lacuna de


indeferimento dos pedidos de atos de maneira eletrônica sob a justificativa de
ausência de previsão legal.
Em acórdão proferido no Habeas Corpus XXXXX/SC e publicado em
15/03/2020, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) entendeu que é
cabível a citação via aplicativo WhatsApp.
O acórdão analisou em suma, a possibilidade de o Oficial de Justiça
auferir a identidade do destinatário, por meio da tecnologia do
compartilhamento de arquivos de texto e imagens.
De acordo com a decisão, é imprescindível considerar três elementos
essenciais, a saber: (i) o número de telefone; (ii) a confirmação de escrita e (iii)
a foto individual do Réu. Cumpridos os referidos elementos, a citação poderá
ser presumida válida.
Nesse caso, foi ressaltada a possibilidade de utilização do supracitado
aplicativo, desde que adotadas as medidas suficientes para mitigar os riscos
quanto à autenticidade do destinatário.
Em razão disso, mostra-se abaixo o contato de WhatsApp do requerido,
bem como a sua fotografia individual, vejamos:
Na esfera cível, o precedente foi usado pelo TJSP em recente decisão
proferida no julgamento em recurso de Ação de Alimentos. Nele, o TJSP
autorizou a realização de citação via correio eletrônico e WhatsApp, na esteira
do precedente do STJ.
Os entendimentos acima são importantes precedentes no contexto da
pandemia, no que se refere à citação válida por meios alternativos,
principalmente nos casos em que demandam urgência na citação do requerido,
como é o presente. Isto porque, a tentativa de citação via postal ou por meio de
diligência do Oficial de Justiça pode se tornar ineficaz, sendo possível cogitar a
utilização do referido meio alternativo.

4. DOS ALIMENTOS - DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DO


REQUERIDO – DA ANTECIPAÇÃO DAS PROVAS

Desde o nascimento da autora, a genitora vem arcando sozinha com as


despesas da menor, pois o requerido quando procurado se negou a ajudá-la.
E, uma vez comprovada a paternidade do requerido e sabendo-se que
este é empresário do ramo de calhas/construção civil, conforme Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica anexa, temos que o requerido tem condição
financeira estável, recebe quantia suficiente para ajudar a prover as
necessidades da filha.
O Requerido é proprietário da firma WITILA SALVES DA SILVA NEVES,
nome fantasia SUPPORT CALHAS (empresário individual sob CNPJ nº
36.099.095/0001-90), tem funcionários, apartamento próprio, carro do ano,
tendo assim, uma situação financeira boa e estável, atuando no ramo de
calhas/construção civil, com: obras em condomínios de luxo, prestando
serviços a grande empresas e residências, certamente obtendo em média um
bom faturamento mensal, para manter o seu padrão de vida, anexo fotografias
da rede social da empresa.
No entanto, como não existe um comprovante de renda do demandado
que permita auferir a média de ganho mensal deste, necessário se faz a
análise de sua movimentação bancária bem como de seus cartões de crédito e,
ainda, a sua declaração de imposto de renda pessoa física e jurídica, pois
através de tais dados poder-se-á constatar, com segurança, o valor médio
mensal percebido pelo mesmo e fixar a pensão alimentícia de forma justa e
perfeita.
Assim, requer a antecipação das provas pelo Douto Juízo com a
expedição dos ofícios a seguir requeridos, como forma de trazer mais
celeridade e economia processual, pois ter-se-á nos autos elementos que
demonstram a renda mensal do demandado e não haverá espaço para
discussão sobre o valor da renda, o que certamente facilitará a conciliação em
audiência e/ou até mesmo o julgamento ao final.
Neste sentido, temos, senão vejamos;
EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. QUEBRA DO
SIGILO BANCÁRIO DO AGRAVANTE, PARA QUE
SEJAM JUNTADOS AOS AUTOS OS EXTRATOS
DAS MOVIMENTAÇÕES BANCÁRIAS DESTE
ATINENTES AOS ANOS DE 2015 E 2016, ENTRE
OUTROS. NÃO HÁ OUTRO MEIO POSSÍVEL PARA
SE OBTER REAIS INFORMAÇÕES ACERCA DA
REAL CONDIÇÃO ECONÔMICA DO
ALIMENTANTE/AGRAVANTE, TENDO EM VISTA,
A NATUREZA DA OBRIGAÇÃO E A PONDERAÇÃO
DOS INTERESSES ENVOLVIDOS. É SABIDO QUE,
TANTO O DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO,
QUANTO O DIREITO AOS ALIMENTOS
CONSTITUEM VALORES PROTEGIDOS PELA
NOSSA CARTA MAGNA, CONTUDO, DEVE
PREVALECER, O BEM JURÍDICO MAIOR, QUE É
O DIREITO AOS ALIMENTOS, À SAÚDE E À
EDUCAÇÃO. SE O ALIMENTANTE NÃO FAZ
PROVA DOS SEUS EFETIVOS GANHOS COMO
NO CASO VERTENTE, A QUEBRA DOS SIGILOS
FISCAL E BANCÁRIO É POSSÍVEL, PODENDO O
MAGISTRADO REQUERER O DEFERIMENTO DAS
MEDIDAS DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DA
PARTE, NOS TERMOS DO QUE PRECEITUA O
ART. 370 DO CPC/2015 E ARTS. 19 E 20 DA LEI
5.478/68 QUE DISPÕE SOBRE A AÇÃO DE
ALIMENTOS. ASSIM, DIANTE DA
INCOMPATIBILIDADE DO PADRÃO DE VIDA DO
AGRAVANTE, A QUEBRA DO SEU SIGILO
BANCÁRIO CONSTITUI MEDIDA ADEQUADA,
CUJO ESCOPO É AFERIR A SUA REAL
CAPACIDADE FINANCEIRA. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-PA - AI:
XXXXX20178140000 BELÉM, Relator: GLEIDE
PEREIRA DE MOURA, Data de Julgamento:
11/12/2018, 1ª TURMA DE DIREITO PRIVADO,
Data de Publicação: 18/12/2018).

Acresça-se, ainda, que a antecipação da expedição de ofícios aos


referidos órgãos, desde logo, não trará qualquer prejuízo ao demandado, vez
que a presente demanda tramita em segredo de justiça.
Diante do exposto, o autor requer seja deferida a produção antecipada
de prova para determinar a expedição dos seguintes ofícios:
1. À Receita Federal, para que esta encaminhe cópia das últimas três
declarações de imposto de renda do demandado e da sua empresa
individual (CNPJ 36.099.095/0001-90) aos cuidados deste Juízo;
2. Ao Banco Central do Brasil, através do Bacen-Jud / SISBAJUD, para
que as instituições financeiras onde o réu for cliente como pessoa física
e jurídica, encaminhe aos cuidados deste Juízo, extratos com as
movimentações bancárias (conta corrente, poupança e investimentos) e
de cartão de crédito vinculado às instituições bancárias as quais o réu é
correntista.
Assim, certamente teremos que os rendimentos auferidos pelo
Requerido, de empresário, comprovará que o demandado tem condições
suficientes para proporcionar ao filho menor, uma vida digna e necessária.
Neste caso, necessita-se que seja regulamentado por esse D. juízo o
valor da pensão alimentícia, de forma que o requerido pague todos os meses
uma quantia certa e justa para o sustento do autor.
Desta forma, torna-se necessário estabelecer a título de pensão
alimentícia, a quantia equivalente a dois salários mínimo, cuja quantia deverá
ser depositada em conta corrente em nome da genitora do menor, no banco do
Brasil - agência. 2960-2– conta corrente 62297-4, ou chave PIX 65993365991
(BANCO PAGSEGURO) RAYSSA SAMARA VALE DA SILVA, CPF
060.465.011-64.
Diante dos fatos acima descritos e tendo em vista a obrigação do
Requerido em prestar alimentos ao filho menor, se faz necessária a presente
ação, no intuito de buscar através deste M.M. Juiz de Direito, a garantia para a
fixação da pensão alimentícia, a fim de suprir as necessidades do menor,
fixando-se desde já os alimentos provisionais, o que desde já se requer.

5. DO DIREITO

A Lei 5.478/68, dispõe sobre a prestação de alimentos, regulando esta.


O Art. 1696 do diploma Civil diz que:

“Art. – 1696. O Direito à prestação de alimentos é


reciproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros.”

A requerente encontra amparo legal no artigo 1695 do Código Civil que


diz:

“Art. – 1695. São devidos os alimentos quando


quem os pretende não tem bens suficientes, nem
pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque no necessário ao seu
sustento.”

É dever inescusável dos pais em proporcionar os recursos necessários e


indispensáveis à manutenção dos filhos previstos na Constituição Federal,
Código Civil e Legislação Especial, constituindo sua omissão em crime de
abandono material, disposto no artigo. 244 do Código Penal.
É o que nos ensina a ilustre professora Maria Helena Diniz em sua obra
Código Civil Anotado:
"Será dever de ambos os genitores sustentar,
guardar e educar os filhos, preparando-os para a
vida de acordo com suas possibilidades ( CF/88,
arts. 227 e 229; Lei nº 8.069, arts. 19 e 22;
RT,423:85, 181:691 e 184:652). A violação dessa
obrigação, relativamente ao que concerne aos filhos
menores e não emancipados, acarreta a suspensão
ou destituição do pátrio poder, remediando-se o mal
pela ação de alimentos, podendo, ainda, configurar
crime de abandono material e moral da família ( CP,
arts. 244 a 247). “
Constitui-se obrigação dos pais, de acordo com a proporção de seus
rendimentos, de assistir e criar os filhos, sem qualquer discriminação de
tratamento entre estes, mesmo que oriundos ou não do casamento, sendo que
tal assistência deve ser completa, especialmente e com absoluta prioridade no
tocante a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária (artigos 227 e § 6º, e, 229, da
Constituição Federal, artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, art.
1634, inciso I, artigo 1694 e seu § 1º, e, por analogia artigo 1.703, estes últimos
todos do Código Civil vigente).
A legislação pátria subordina os alimentos à possibilidade de serem
ministrados sem o prejuízo do sustento de quem são reclamados e também a
necessidade daqueles que os pleiteiam, jungidos formam o binômio
possibilidade/necessidade, a fim de saciar ambos.
Em compasso a tais dispositivos legais e o caso em tela, comprovada a
condição financeira e econômica do Requerido, quantifica-se a pensão
alimentícia ao Requerente, em uma percentagem de 30% sobre os
rendimentos líquidos á serem descontados em folhas.
Portanto, o Requerido tem o dever de prestar alimentos ao filho, na
forma de atender suas necessidades básicas, tais como: saúde, alimentação,
moradia, educação dentre outras que visem pelo menos a subsistência e
dignidade humana. De tal sorte que, urge até sentença final, a concessão de
alimentos provisórios de 30% sobre os rendimentos líquidos mensais a serem
pagos a título de alimentos a menor, ora autora.
Assim sendo, requer-se, na forma da lei e em especial do artigo 1.694 e
seu § 1º do Código Civil, seja o demandado condenado ao pagamento de
pensão alimentícia ao demandante.

6. DO PEDIDO
Destarte, estamos diante de uma situação típica daquelas descritas na
legislação mencionada e, ainda, encontrando-se cumprida todas as
formalidades legais no presente caso, requer-se a Vossa Excelência que:
a) Nos termos do art. 4º da Lei 5478/68, seja fixado a título de
alimentos provisórios a filha menor, o percentual de 30% sobre os
rendimentos líquidos do requerido, ou em caso de desemprego, seja fixado o
valor de 40% sobre o salário mínimo vigente
b) a produção antecipada de prova, com a expedição dos ofícios aos
órgãos requeridos;
c) A citação do réu (Preferencialmente Via WhatsApp) para que
apresente resposta no prazo de 5 (cinco) dias, conforme trata o art. 7º da lei
11804/08, sob pena de decretação da revelia, para que tome ciência da ação,
assim como da decisão interlocutória de fixação dos alimentos provisórios,
notificando-o, ainda, da audiência de conciliação e julgamento que trata o art.
5º da Lei 5.478/68, dado seu caráter suplementar à lei supracitada;
d) Que seja concedido ao Sr. Oficial de justiça às prerrogativas do artigo
212 e seus parágrafos do Código de Processo Civil;
e) Seja dado vista dos autos ao ilustre Representante do Ministério Público,
para que intervenha no feito até o seu final, conforme artigo 178, inciso II, do
Código de Processo Civil;
f) A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos da
Lei nº 1.060/50 a representante do requerente, vez que se declara pobre no
sentido jurídico do termo e, por não poder suportar, no momento, as custas
processuais, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, conforme
declaração de pobreza anexa;
g) requer ainda a condenação do Requerido ao pagamento de custas
processuais e honorárias advocatícios em 20% sobre o valor da causa, nos
moldes do art. 546 do Código de Processo Civil
Por fim, requer que as intimações de todos os atos processuais sejam
publicadas em nome do advogado DIEGO KNOPP FONSECA inscrito na
OAB/MT sob o nº 16.997;
Outrossim, protesta pela produção de todos os meios de prova em
direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do Requerido sob
pena de confissão, oitiva de testemunhas que serão oportunamente arroladas,
e juntada de outros documentos.
Para efeitos fiscais e de alçada, atribui-se à causa o valor de R$
1.000,00 (UM MIL) REAIS, para os regulares efeitos de direito nos moldes do
art. 292, III do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pedem deferimento.
Cuiabá – MT, 21/07/2023

DIEGO KNOPP FONSECA


OAB 16.997

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