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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO __ JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE POUSO ALEGRE – MINAS GERAIS

ROSA MARIA PEREIRA ALVES, brasileira, casada, ajudante de produção, portadora do


RG MG-11.132.886, inscrito no CPF sob o nº 860.350.376-15, residente e domiciliado na
Rua Francisco Candido Xavier, nº 150, Pedro Sancho Vilela, Santa Rita do Sapucaí – MG,
CEP 37540-000, vem, por intermédio de seus procuradores devidamente constituídos
(procuração em anexo), respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a
presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (APOSENTADORIA POR


TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO HÍBRIDA)

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito


público, CNPJ no 29.979.036/0001-40, com endereço para citação na Rua Francisco Salles,
nº 177, Poços de Caldas – MG, CEP 37701-013, o que faz pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas.

Praça Santa Rita, 109, sala 05, Centro, Santa Rita do Sapucaí – MG
(35) 99866-7406 / (35) 99180-9876
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I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
De acordo com o art. 98 do Código de Processo Civil, toda pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratuidade da justiça,
garantia fundamental também expressa no art. 5º, LXXIV, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.

A parte autora se trata de pessoa multo simples, humilde e que, conforme CTPS
em anexo, trabalha como ajudante de produção, recebendo salário um pouco acima do
mínimo.

Além de todos os gastos ordinários que possui, tais como água, energia elétrica,
supermercado, gás de cozinha, transporte, IPTU etc., possui gastos com medicamentos
por conta das fortes dores que sente no coração, decorrentes de um infarto.

Não se olvida que a demandante é a responsável por seu sobrinho órfão, o qual
se encontra cursando administração em faculdade particular, o que compromete
severamente a renda familiar.

Vê-se, portanto, que a querelante não possui a menor condição de arcar com
eventuais custas judiciais e honorários advocatícios sucumbenciais sem prejudicar seu
sustento.

Deste modo, tendo em vista a autora ser pobre no sentido legal, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo, não conseguindo arcar com as custas
processuais sem prejudicar seu próprio sustento e o de sua família, e não havendo indícios
que contrariem tais afirmações, requer a este Douto Juízo a concessão da Gratuidade de
Justiça.

II – DOS FATOS
Conforme CNIS e CTPS em anexo, a requerente verteu contribuições – quase
que ininterruptamente –, desde 1994.

Ocorre que, antes de passar a laborar na área urbana, a segurada exercia


labor como trabalhadora rural, na zona rural de Santa Rita do Sapucaí – MG, juntamente
com o restante de sua família.

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Nesse diapasão, vale ressaltar que a segurada passou toda a sua infância,
adolescência e parte da vida adulta na roça, porquanto seus pais eram trabalhadores
rurais, conforme se extrai identidade de beneficiário de seu pai em anexo:

Deste modo, desde muito nova, sempre ajudou a família no labor campesino,
realizando das mais diversas atividades tais como cuidar e ordenhar criações, capinagem,
plantação e colheita de feijão, milho e arroz, escovação de café, preparação e adubação
do solo no período de entressafra e, em seu último emprego no meio rural – logo após
seu casamento –, laborou em colheitas de café.

Embora não possua robustas provas acerca das atividades exercidas como
trabalhadora rurícola, fato é que possui inúmeras outras que servem como início de prova
material e corroboram firmemente suas alegações.

Nesse sentido, além da identidade de beneficiário de seu pai, há: uma CTPS do
seu cônjuge, na qual consta vários vínculos empregatícios na condição de trabalhador
rural; e um comprovante de inscrição no PIS – também de seu marido –, no qual comprova
o domicílio na zona rural, sua inscrição no INCRA bem como sua condição de empregado
rurícola.

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Assim, vê-se que a segurada adquiriu o direito à aposentadoria por tempo de
contribuição híbrida antes da Emenda Constitucional nº 103, porquanto, somando-se o
tempo trabalhado nos meios urbano e rural, possuía mais de 30(trinta) anos de tempo de
contribuição, uma vez que a segurada começou a trabalhar próximo dos 7 anos de idade
e somente passou a exercer labor na zona urbana cerca de 3 anos após seu casamento,
ocorrido em 20/06/1986, muito embora jamais tenha sido registrada – atitude bem comum
no meio rural.

Mesmo diante de toda a narrativa dispensada anteriormente, a concessão do


benefício pleiteado pela querelante foi negada, pouquíssimas horas após o protocolo do
pedido de aposentadoria, sob o desarrazoado fundamento de que não cumpriu tempo de
contribuição suficiente para se aposentar.

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Destaca-se que sequer foi dada a possibilidade de se realizar uma justificação
administrativa, mesmo se tratando de uma obrigação da demandada, oportunidade na
qual a demandante comprovaria suas alegações por meio de testemunhas.

Deste modo, diante de tamanha injustiça e lesão a direitos, não restou alternativa
senão a propositura da presente.

III – DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO HÍBRIDA


A aposentadoria por tempo de contribuição, antes do advento da famigerada
Emenda Constitucional nº 103/2019, embora possuísse disposição diversa – e mais
vantajosa – na Lei 8.213/91, possuía previsão no inciso I, do § 7º, do art.201, da CRFB/88,
o qual dispunha:
“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
anos de contribuição, se mulher; (...)”

No presente caso, como já discorrido anteriormente, a querelante verteu bem


mais de 30 (trinta) anos de contribuição até 12/11/2019, data anterior à publicação da E.C
nº 103/2019.

Isso porque entre 22/09/1989 e 12/11/2019 – período em que passou a trabalhar


na cidade –, conforme CTPS em anexo, já verteu 23 anos,11 meses e 11 dias de tempo de
contribuição.

Além disso, muito antes de começar a laborar meio urbano, laborou exercendo
das mais variadas funções no meio rural – por muitos anos e desde sua infância – sem que
os antigos patrões tenham realizado qualquer tipo de registro empregatício, visto que tal
situação era, e ainda é, extremamente corriqueira naquele meio.

Como se extrai da CTPS em anexo, a requerente começou a laborar no meio


urbano em 1989, quando possuía 24 anos de idade. Até aquele momento, a querelante
possuía mais de 17 anos de tempo de contribuição, uma vez que começou a laborar com

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7(sete) anos na roça, realizando das mais diversas atividades campesinas, tanto para a
grupo familiar quanto para terceiros.

Deste modo, tendo laborado um vasto período como trabalhadora rural para
terceiros e em regime de economia familiar, faz jus à contagem do respectivo tempo –
exceto para efeito de carência –, nos termos do § 2º, do art.55, da Lei 8.213/91, o qual
ensina:
“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior
à data de início de vigência desta Lei, será computado
independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme
dispuser o Regulamento.”

Quanto ao requisito da carência, este foi mais do que superado pela segurada,
uma vez que, conforme reconhecido pela própria autarquia demandada, possuía, até a data
da Emenda Constitucional nº 103, 289 meses de carência:

Nos casos como o presente, em que se faz necessária a comprovação do tempo


de contribuição “mediante justificação administrativa ou judicial”, a legislação pertinente –
§3º, do art.55, da Lei 8.213/91 – ensina:

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“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei,
inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial,
observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito
quando for baseada em início de prova material
contemporânea dos fatos, não admitida a prova
exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de
força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento.”

Como já demonstrado e conforme documentação anexa, a demandante possui


inúmeras provas que, embora não comprovem efetivamente o labor realizado, servem de
início de prova material e corroboram com todas as alegações autorais, de modo que a
comprovação do tempo laborado poderá ser complementada por prova testemunhal.

Assim, tendo a autora cumprido todos os requisitos – tempo de contribuição,


carência e início de prova material –, requer a concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, utilizando-se o regramento anterior ao advento da E.C nº 103/2019, com o
consequente reconhecimento e averbação do período laborado como trabalhadora rural,
entre os anos de 1972 e 1989.

IV – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência a total procedência da
demanda para:

a) conceder à autora os benefícios da gratuidade de justiça, nos termos do art.98, do Código


de Processo Civil;

b) determinar que a autarquia requerida traga todo e qualquer documento relativo ao


benefício previdenciário concedido ao genitor da autora – José Pereira, CPF
desconhecido, nascido em 14/01/1936, CTPS 97152-375 e matrícula INAMPS de nº
211549 –, nos termos dos art.396 e 397, ambos do Código de Processo Civil, sob pena do
previsto no art.400, do CPC;

c)reconhecer como tempo de contribuição o período em que a demandante laborou como


trabalhadora rural, entre 01/01/1972 e 01/09/1989, conforme fundamentado;

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d) condenar a requerida a conceder à requerente aposentadoria por tempo de contribuição
híbrida, com base nas regras anteriores à Emenda Constitucional nº 103/2019,
considerando-se o direito adquirido, a contar da Data de Entrada do Requerimento;

e) condenar a demandada ao pagamento das parcelas já vencidas e não pagas, a contar


da Data de Entrada do Requerimento, ocorrida em 23/02/2023, bem como das parcelas
que eventualmente deixarem de ser pagas até a efetiva concessão e implantação do
benefício;

f) determinar a retificação do CNIS, a fim de que sejam considerados todos os períodos


laborados e não constantes no extrato, conforme a CTPS, bem como seja dada baixa nos
indicadores de pendências que porventura houver;

Pretende a autora provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente: testemunhal, documental, depoimento pessoal, pericial e
qualquer outro meio que se fizer necessário para elucidação dos fatos, na forma do art.
319, VI, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$16.238,16 (dezesseis mil, duzentos e trinta e oito


reais e dezesseis centavos) nos termos do art. 291 do CPC.

Nesses termos, pede deferimento.

Santa Rita do Sapucaí – MG, 28 de fevereiro de 2023.

Felipe Matheus Gomes Gravina Leonardo Alves de Oliva Passos


OAB/MG 203.495 OAB/MG 203.517

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