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Praça Santa Rita, 109, sala 05, Centro, Santa Rita do Sapucaí – MG
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I – DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
Primeiramente, cumpre esclarecer que a parte autora é pessoa idosa, contando
com 60 (sessenta) anos de idade, conforme documento em anexo, razão pela qual requer
a prioridade de tramitação da presente demanda, na forma da Lei 10.741/2013 e do art.
1.048, inciso I, do CPC.
II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
De acordo com art. 98 do Código de Processo Civil, toda pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratuidade da justiça,
garantia fundamental também expressa no art. 5º, LXXIV, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.
Deste modo, tendo em vista o autor ser pobre no sentido legal, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo, auferir pouquíssima – já que realiza trabalhos
esporádicos como boia-fria por conta da idade –, não conseguindo arcar com as custas
processuais sem prejudicar seu próprio sustento e o de sua família, e não havendo indícios
que contrariem tais afirmações, requer a este Douto Juízo a concessão da Gratuidade de
Justiça.
Desta feita, uma vez que seus pais eram colonos, desde antes de completar 12
anos de idade já realizava das mais diversas atividades típicas do meio rural, tais como:
cuidar de animais de criação como galinhas, gados, cabras e porcos; capinar; colher café,
milho, feijão, arroz etc.; preparar solo; plantio de mudas em geral, dentre diversas outras,
seja para sua família em regime de economia familiar, seja para terceiros na condição de
boia-fria.
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Assim, antes mesmo de ter sua CTPS registrada pela primeira vez – em
25/03/1981 – o querelante já laborava para colaborar no sustento da família, há, pelo
menos, 6 anos, 3 meses e quatro dias, entre 21/02/1975 e 24/03/1981.
Em que pese todo o narrado, lhe foi negada a concessão do benefício, sob a
justificativa de que não havia vertido tempo suficiente para aposentar-se. Vale destacar,
Excelência, que sequer foi procedida a retificação do CNIS requerida pelo segurado,
tampouco lhe foi oportunizada a realização de justificação administrativa, a fim de que
pudesse comprovar suas alegações acerca da realização de trabalho rural sem o devido
registro.
IV – DO DIREITO
IV.1 – DO PERÍODO LABORADO COMO TRABALHADOR RURAL SEM O DEVIDO
REGISTRO E DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL
Conforme narrado anteriormente, desde antes dos doze anos de idade o
requerente já laborava junto à sua família em regime de economia familiar, bem como
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realizava serviços para terceiros na condição de boia-fria, desenvolvendo das mais variadas
atividades típicas do meio campesino, tais como: cuidar de animais de criação como
galinhas, gados, cabras e porcos; capinar; colher café, milho, feijão, arroz etc.; preparar
solo; plantio de mudas em geral, dentre outras.
Deste modo, tendo laborado um vasto período como trabalhador rural para
terceiros e em regime de economia familiar, faz jus à contagem do respectivo tempo –
exceto para efeito de carência –, nos termos do § 2º, do art.55, da Lei 8.213/91, o qual
ensina:
“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior
à data de início de vigência desta Lei, será computado
independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme
dispuser o Regulamento.”
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Deste modo, requer o reconhecimento e a averbação do período laborado pelo
demandante, entre 21/02/1975 – quando completou 12 anos de idade – e 24/03/1981, no
qual trabalhou na condição de boia-fria e em regime de economia familiar.
Assim, considerando-se que o autor é do ano de 1963, tem-se que grande parte
do período laborado se deu na vigência do Decreto 53.831/64, o qual notadamente previa
o serviço na agricultura/agropecuária como sendo insalubre, nos termos do código 2.2.1,
do referido decreto. A referida legislação vigorou até 28/04/1995, véspera da publicação da
Lei 9.032/95.
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2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no
sentido de que o juiz é o destinatário da prova e pode, assim,
indeferir, fundamentadamente, aquelas que considerar
desnecessárias ou inaptas, à luz do princípio do livre
convencimento motivado.
3. Segundo o entendimento consolidado na Súmula 283 do STF,
"É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o
recurso não abrange todos eles."
4. Ainda que a jurisprudência desta Corte considere que, no
período em que era possível o enquadramento da atividade
profissional, a demonstração do labor especial pudesse ser
efetivada por qualquer meio de prova, colhe-se dos autos que o
Tribunal de origem considerou inviável o enquadramento do
período de trabalho exercido como ajudante geral por
considerar, entre outros motivos, que a função de auxiliar não
permite o enquadramento por categoria profissional, fundamento
não impugnado no apelo nobre.
5. Agravo interno desprovido.”
(AgInt no AREsp n. 2.091.072/SP, relator Ministro Gurgel de
Faria, Primeira Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de
1/2/2023.)
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“PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES
ESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA EM QUE OS
SERVIÇOS FORAM PRESTADOS. ATIVIDADE INSALUBRE.
NÍVEL MÍNIMO DE RUÍDO. LIMITE DE TOLERÂNCIA.
DECRETO 3.048/1999 ALTERADO PELO 4.882/2003.
RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DESPROVIDO.
I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, passando a integrar, como
direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei
nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do
tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente.
II - A Terceira Seção desta Corte firmou a compreensão de que
deve ser considerado insalubre o tempo de exposição
permanente a pressões sonoras superiores a 80 e a 90 decibéis
até a vigência do Decreto n. 2.172/1997, que revogou o Decreto
n. 611/1992.
III - O Decreto nº 4.882/2003, ao alterar o item 2.0.1 do anexo IV
do Decreto n. 3.048/1999, reduziu o limite de tolerância do
agente físico ruído para 85 decibéis. No entanto, sua
observância se dera somente a partir de sua entrada em vigor,
em 18/11/2003.
IV - Agravo interno desprovido.”
(AgRg nos EDcl no REsp n. 1.184.213/SC, relator Ministro
Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 3/2/2011, DJe de
21/2/2011.)
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3. Cinge-se a controvérsia a definir se o período de residência
médica exercido na regência da Lei n. 1.711/1952 pode ser
considerado como tempo de serviço para aposentadoria.
4. O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, motivo pelo qual lei nova que
venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de
serviço não pode ser aplicada retroativamente.
Precedentes.
5. No período em que o recorrido atuou como médico residente,
estava em vigor o art. 80, III, da Lei n. 1.711/1952. De acordo
com o dispositivo em questão, o tempo de serviço deveria ser
computado para aposentadoria, independentemente da forma
de admissão, contanto que fosse remunerado pelos cofres
públicos.
6. No caso, o recorrido se enquadra exatamente nessa hipótese,
pois trabalhou como médico residente, percebendo
remuneração da administração pública.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
(REsp n. 1.487.518/GO, relator Ministro Og Fernandes,
Segunda Turma, julgado em 8/3/2022, DJe de 23/3/2022.)
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Por tais razões, considerando-se que até 28/04/1995 o querelante somente
havia exercido atividade remunerada como trabalhador agropecuário, requer que
sejam reconhecidos como especiais todos os vínculos anotados na CTPS até a referida
data, bem como o período em que laborou sem registro – entre 21/02/1975 e 24/03/1981,
como discorrido no tópico anterior –, ante o enquadramento profissional, possibilitando-
se a conversão do tempo especial em comum.
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No presente caso, como já discorrido anteriormente, o querelante verteu bem
mais de 35 anos de contribuição até 12/11/2019, data anterior à publicação da E.C nº
103/2019.
Ocorre que, conforme narrado no item “IV.1” desta petição, entre 21/02/1975 e
24/03/1981, o segurado laborou na condição de boia-fria e em regime de economia familiar,
sem que sua carteira de trabalho tenha sido efetivamente assinada pelos eventuais
empregadores. Tal período – que perfaz 6 anos, 1 mês e 4 dias de tempo de contribuição
–, devidamente convertido em razão da previsão do Decreto 53.831/64, resulta em 8 anos,
6 meses e 11 dias de tempo de contribuição.
Deste modo, considerando-se todo o período laborado, com (32 anos, 3 meses
e 28 dias) e sem registro na CTPS (8 anos, 6 meses e 11 dias) – já convertidos os períodos
especiais aos quais faz jus –, tem-se que o segurado verteu 40 anos, 10 mês e 9 dias de
tempo de contribuição até a Emenda Constitucional nº 103/19.
Quanto ao requisito da carência, este foi mais do que superado pelo segurado,
uma vez que, conforme reconhecido pela própria autarquia demandada, possuía, até a data
da Emenda Constitucional nº 103, 325 meses de carência:
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Percebe-se, portanto, que o segurado adquiriu direito à aposentadoria por tempo
de contribuição, pela regra de pontos – e consequente afastamento do fator previdenciário
–, antes do advento da E.C nº 103/19, já que possuía 56 anos, 8 meses e 23 dias à época
da reforma, os quais somados com os 40 anos, 10 mês e 9 dias de tempo de contribuição
vertidos, perfazem 97 pontos, nos termos do art.29-C, da Lei.8.213/91.
V – DOS PEDIDOS
Diante todo o exposto, requer a Vossa Excelência a total procedência da
demanda para:
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trabalhador agrícola/agropecuário –, ante o enquadramento profissional, possibilitando-
se a conversão do tempo especial em comum, nos termos do Decreto 53.831/64;
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