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EXCELENTÍSSIMO(A) JUÍZ(A) FEDERAL DA __ VARA DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE POUSO ALEGRE – MG

ESAQUEU GONÇALVES DOS SANTOS, brasileiro, divorciado, autônomo rural, inscrito no


CPF sob o nº 450.132.096-68, residente e domiciliado no Sítio Quincas Sancho, Bairro
Vintém de Baixo, zona rural de Santa Rita do Sapucaí – MG, CEP 37540-000, vem,
respeitosamente, por intermédio de seus advogados infra-assinados, procuração anexa,
propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO (APOSENTADORIA POR IDADE RURAL)

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito


público, CNPJ nº 29.979.036/0001-40, com endereço para citação na Rua Francisco Salles,
nº 177, Poços de Caldas – MG, CEP 37701-013, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostos.

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I – DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
Primeiramente, cumpre esclarecer que a parte autora é pessoa idosa, contando
com 60 (sessenta) anos de idade, conforme documento em anexo, razão pela qual requer
a prioridade de tramitação da presente demanda, na forma da Lei 10.741/2013 e do art.
1.048, inciso I, do CPC.

II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
De acordo com art. 98 do Código de Processo Civil, toda pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratuidade da justiça,
garantia fundamental também expressa no art. 5º, LXXIV, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.

Conforme se extrai do CNIS e CTPS em anexo, o demandante não trabalha


formalmente desde julho de 2021. Observa-se pela documentação, ainda, que nunca
recebeu salários vultuosos e, portanto, não se trata de pessoa abastada economicamente.

Deste modo, tendo em vista o autor ser pobre no sentido legal, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo, auferir pouquíssima – já que realiza trabalhos
esporádicos como boia-fria por conta da idade –, não conseguindo arcar com as custas
processuais sem prejudicar seu próprio sustento e o de sua família, e não havendo indícios
que contrariem tais afirmações, requer a este Douto Juízo a concessão da Gratuidade de
Justiça.

III – DOS FATOS


O autor se trata de pessoa bem simples que, durante praticamente toda sua vida,
exerceu atividade laborativa na qualidade de trabalhador rural. Nesse sentido, é importante
frisar que o demandante nasceu, foi criado e permanece morando na roça até os dias de
hoje, conforme comprovante de residência anexo.

Desta feita, uma vez que seus pais eram colonos, desde antes de completar 12
anos de idade já realizava das mais diversas atividades típicas do meio rural, tais como:
cuidar de animais de criação como galinhas, gados, cabras e porcos; capinar; colher café,
milho, feijão, arroz etc.; preparar solo; plantio de mudas em geral, dentre diversas outras,
seja para sua família em regime de economia familiar, seja para terceiros na condição de
boia-fria.

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Assim, antes mesmo de ter sua CTPS registrada pela primeira vez – em
25/03/1981 – o querelante já laborava para colaborar no sustento da família, há, pelo
menos, 6 anos, 3 meses e quatro dias, entre 21/02/1975 e 24/03/1981.

Nota-se, Excelência, que tal prática era extremamente corriqueira, porquanto as


famílias geralmente eram numerosas e os pais se viam na necessidade de colocarem os
filhos para trabalhar, a fim de complementar a renda ou trazer algum alimento para a mesa.

Por tal razão, requereu administrativamente a concessão de aposentadoria por


tempo de contribuição em 13/07/2023, considerando-se todos os períodos anotados nas
carteiras de trabalho de possui, bem como a possibilidade de conversão do tempo especial
em comum, no qual laborou na condição de trabalhador rural sob a vigência do Decreto
53.831/64, entre 21/02/1975 e 28/04/1995.

Conforme se verá mais adiante, o segurado adquiriu direito à aposentadoria por


tempo de contribuição antes da publicação da famigerada Emenda Constitucional nº
103/19, ocorrida em 13/11/2019.

Em que pese todo o narrado, lhe foi negada a concessão do benefício, sob a
justificativa de que não havia vertido tempo suficiente para aposentar-se. Vale destacar,
Excelência, que sequer foi procedida a retificação do CNIS requerida pelo segurado,
tampouco lhe foi oportunizada a realização de justificação administrativa, a fim de que
pudesse comprovar suas alegações acerca da realização de trabalho rural sem o devido
registro.

Nesse diapasão, destaca-se o fato de que foi apresentado início de prova


material robusto, qual seja a própria CTPS do autor, a qual noticia a prática de atividade
rural remunerada – formal – logo aos 18 anos de idade.

Diante de tamanha injustiça, não restou alternativa senão a propositura da


presente.

IV – DO DIREITO
IV.1 – DO PERÍODO LABORADO COMO TRABALHADOR RURAL SEM O DEVIDO
REGISTRO E DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL
Conforme narrado anteriormente, desde antes dos doze anos de idade o
requerente já laborava junto à sua família em regime de economia familiar, bem como

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realizava serviços para terceiros na condição de boia-fria, desenvolvendo das mais variadas
atividades típicas do meio campesino, tais como: cuidar de animais de criação como
galinhas, gados, cabras e porcos; capinar; colher café, milho, feijão, arroz etc.; preparar
solo; plantio de mudas em geral, dentre outras.

Deste modo, tendo laborado um vasto período como trabalhador rural para
terceiros e em regime de economia familiar, faz jus à contagem do respectivo tempo –
exceto para efeito de carência –, nos termos do § 2º, do art.55, da Lei 8.213/91, o qual
ensina:
“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior
à data de início de vigência desta Lei, será computado
independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme
dispuser o Regulamento.”

Vale destacar, Excelência, que o autor cumpre o requisito do início de prova


material, conforme CTPS 1 em anexo, a qual noticia o primeiro registro do querelante como
trabalhador rural aos 18 anos de idade, o que possibilita a comprovação das alegações por
meio de testemunhas.

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Deste modo, requer o reconhecimento e a averbação do período laborado pelo
demandante, entre 21/02/1975 – quando completou 12 anos de idade – e 24/03/1981, no
qual trabalhou na condição de boia-fria e em regime de economia familiar.

IV.2 – DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL POR ENQUADRAMENTO


PROFISSIONAL
Como se extrai das CTPSs em anexo, o demandante laborou praticamente toda
a sua vida como trabalhador agrocupecuário/agrícola, antes e depois do seu primeiro
registro.

Assim, considerando-se que o autor é do ano de 1963, tem-se que grande parte
do período laborado se deu na vigência do Decreto 53.831/64, o qual notadamente previa
o serviço na agricultura/agropecuária como sendo insalubre, nos termos do código 2.2.1,
do referido decreto. A referida legislação vigorou até 28/04/1995, véspera da publicação da
Lei 9.032/95.

Deste modo, o reconhecimento da atividade especial se dava por


enquadramento profissional, bastando que o segurado comprovasse o exercício das
atividades elencadas no quadro anexo ao decreto, sem a necessidade de comprovação da
efetiva exposição a agentes nocivos, como ocorre hodiernamente.

Nessa linha, o Superior Tribunal de Justiça ensina:


“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA ESPECIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NÃO OCORRÊNCIA. FUNÇÃO DE AJUDANTE.
ENQUADRAMENTO. FUNDAMENTO. IMPUGNAÇÃO.
AUSÊNCIA.
1. Nos termos da jurisprudência do STJ, antes da vigência
da Lei n. 9.032/1995, a comprovação do tempo de serviço
exercido em atividade especial se dava pelo enquadramento
do profissional em categoria descrita como perigosa,
insalubre ou penosa, constante de rol expedido dos
Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, ou pela comprovação de
efetiva exposição a agentes nocivos constantes do rol dos
aludidos decretos, mediante quaisquer meios de prova, exceto
para ruído e calor, que demandavam a produção de laudo
técnico.

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2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no
sentido de que o juiz é o destinatário da prova e pode, assim,
indeferir, fundamentadamente, aquelas que considerar
desnecessárias ou inaptas, à luz do princípio do livre
convencimento motivado.
3. Segundo o entendimento consolidado na Súmula 283 do STF,
"É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o
recurso não abrange todos eles."
4. Ainda que a jurisprudência desta Corte considere que, no
período em que era possível o enquadramento da atividade
profissional, a demonstração do labor especial pudesse ser
efetivada por qualquer meio de prova, colhe-se dos autos que o
Tribunal de origem considerou inviável o enquadramento do
período de trabalho exercido como ajudante geral por
considerar, entre outros motivos, que a função de auxiliar não
permite o enquadramento por categoria profissional, fundamento
não impugnado no apelo nobre.
5. Agravo interno desprovido.”
(AgInt no AREsp n. 2.091.072/SP, relator Ministro Gurgel de
Faria, Primeira Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de
1/2/2023.)

Não se olvida, Excelência, que o entendimento sedimentado da jurisprudência é


no sentido de que “cômputo do tempo de serviço e os seus efeitos jurídicos regem-se pela
lei vigente quando da sua prestação”, o que demonstra a aplicabilidade do Decreto
53.831/64 ao presente caso:
“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.
POSSIBILIDADE. LEI 8.213/91, ART. 57, §§ 3º E 5º.
O segurado que presta serviço em condições especiais, nos
termos da legislação então vigente, e que teria direito por
isso à aposentadoria especial, faz jus ao cômputo do tempo
nos moldes previstos à época em que realizada a atividade.
Isso se verifica à medida em que se trabalha. Assim, eventual
alteração no regime ocorrida posteriormente, mesmo que
não mais reconheça aquela atividade como especial, não
retira do trabalhador o direito à contagem do tempo de
serviço na forma anterior, porque já inserida em seu
patrimônio jurídico. É permitida a conversão de tempo de
serviço prestado sob condições especiais em comum, para
fins de concessão de aposentadoria.
Recurso desprovido.”
(REsp n. 425.660/SC, relator Ministro Felix Fischer, Quinta
Turma, julgado em 11/6/2002, DJ de 5/8/2002, p. 407.)

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“PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES
ESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA EM QUE OS
SERVIÇOS FORAM PRESTADOS. ATIVIDADE INSALUBRE.
NÍVEL MÍNIMO DE RUÍDO. LIMITE DE TOLERÂNCIA.
DECRETO 3.048/1999 ALTERADO PELO 4.882/2003.
RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DESPROVIDO.
I - O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, passando a integrar, como
direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei
nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do
tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente.
II - A Terceira Seção desta Corte firmou a compreensão de que
deve ser considerado insalubre o tempo de exposição
permanente a pressões sonoras superiores a 80 e a 90 decibéis
até a vigência do Decreto n. 2.172/1997, que revogou o Decreto
n. 611/1992.
III - O Decreto nº 4.882/2003, ao alterar o item 2.0.1 do anexo IV
do Decreto n. 3.048/1999, reduziu o limite de tolerância do
agente físico ruído para 85 decibéis. No entanto, sua
observância se dera somente a partir de sua entrada em vigor,
em 18/11/2003.
IV - Agravo interno desprovido.”
(AgRg nos EDcl no REsp n. 1.184.213/SC, relator Ministro
Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 3/2/2011, DJe de
21/2/2011.)

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO


CPC/1973. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. ART. 1º, V, DA LEI N.
8.443/1992. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA
284 DO STF. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS 282 E 356 DO STF. MÉDICO RESIDENTE.
REMUNERAÇÃO PELOS COFRES PÚBLICOS. TEMPO DE
SERVIÇO PARA APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. ART.
80, III, DA LEI N. 1.711/1952. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Não está presente qualquer violação do disposto nos art. 535
do CPC/1973.
2. Não foi demonstrada a pertinência do art. 1°, V, da Lei n.
8.443/1992 com o caso, o que faz incidir o disposto na Súmula
284/STF. Ademais, o dispositivo não foi objeto de
prequestionamento, o atrai a aplicação das Súmulas 282 e 356
do STF.

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3. Cinge-se a controvérsia a definir se o período de residência
médica exercido na regência da Lei n. 1.711/1952 pode ser
considerado como tempo de serviço para aposentadoria.
4. O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época
em que efetivamente prestado, motivo pelo qual lei nova que
venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de
serviço não pode ser aplicada retroativamente.
Precedentes.
5. No período em que o recorrido atuou como médico residente,
estava em vigor o art. 80, III, da Lei n. 1.711/1952. De acordo
com o dispositivo em questão, o tempo de serviço deveria ser
computado para aposentadoria, independentemente da forma
de admissão, contanto que fosse remunerado pelos cofres
públicos.
6. No caso, o recorrido se enquadra exatamente nessa hipótese,
pois trabalhou como médico residente, percebendo
remuneração da administração pública.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
(REsp n. 1.487.518/GO, relator Ministro Og Fernandes,
Segunda Turma, julgado em 8/3/2022, DJe de 23/3/2022.)

No presente caso, as anotações na CTPS 1 não deixam dúvidas acerca do tipo


de atividade especial desenvolvida pela parte:

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Por tais razões, considerando-se que até 28/04/1995 o querelante somente
havia exercido atividade remunerada como trabalhador agropecuário, requer que
sejam reconhecidos como especiais todos os vínculos anotados na CTPS até a referida
data, bem como o período em que laborou sem registro – entre 21/02/1975 e 24/03/1981,
como discorrido no tópico anterior –, ante o enquadramento profissional, possibilitando-
se a conversão do tempo especial em comum.

IV.3 – DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO HÍBRIDA


A aposentadoria por tempo de contribuição, antes do advento da famigerada
Emenda Constitucional nº 103/2019, embora possuísse disposição diversa – e mais
vantajosa – na Lei 8.213/91, possuía previsão no inciso I, do § 7º, do art.201, da CRFB/88,
o qual dispunha:
“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
anos de contribuição, se mulher; (...)”

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No presente caso, como já discorrido anteriormente, o querelante verteu bem
mais de 35 anos de contribuição até 12/11/2019, data anterior à publicação da E.C nº
103/2019.

Isso porque, somando-se todos os períodos anotados na CTPS – a qual não


possui nenhuma rasura –, tem-se que o querelante verteu 27 anos, 7 meses e 19 dias de
tempo de contribuição, dos quais 12 anos, 9 meses e 4 dias foram trabalhados na condição
de trabalhador rural entre 25/03/1981 e 08/02/1995 – e, portanto, em condições insalubres
aos olhos do Decreto 53.831/64 –, os quais convertidos perfazem 17 anos, 10 meses e 11
dias de tempo de contribuição.

Assim, somando o tempo trabalhado em condições insalubres devidamente


convertido (17 anos, 10 meses e 11 dias) com o restante do tempo laborado (14 anos, 5
meses e 17 dias) – todos anotados na CTPS –, tem-se que o requerente verteu o total de
32 anos, 3 meses e 28 dias de tempo de contribuição até 12/11/2019.

Ocorre que, conforme narrado no item “IV.1” desta petição, entre 21/02/1975 e
24/03/1981, o segurado laborou na condição de boia-fria e em regime de economia familiar,
sem que sua carteira de trabalho tenha sido efetivamente assinada pelos eventuais
empregadores. Tal período – que perfaz 6 anos, 1 mês e 4 dias de tempo de contribuição
–, devidamente convertido em razão da previsão do Decreto 53.831/64, resulta em 8 anos,
6 meses e 11 dias de tempo de contribuição.

Deste modo, considerando-se todo o período laborado, com (32 anos, 3 meses
e 28 dias) e sem registro na CTPS (8 anos, 6 meses e 11 dias) – já convertidos os períodos
especiais aos quais faz jus –, tem-se que o segurado verteu 40 anos, 10 mês e 9 dias de
tempo de contribuição até a Emenda Constitucional nº 103/19.

Quanto ao requisito da carência, este foi mais do que superado pelo segurado,
uma vez que, conforme reconhecido pela própria autarquia demandada, possuía, até a data
da Emenda Constitucional nº 103, 325 meses de carência:

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Percebe-se, portanto, que o segurado adquiriu direito à aposentadoria por tempo
de contribuição, pela regra de pontos – e consequente afastamento do fator previdenciário
–, antes do advento da E.C nº 103/19, já que possuía 56 anos, 8 meses e 23 dias à época
da reforma, os quais somados com os 40 anos, 10 mês e 9 dias de tempo de contribuição
vertidos, perfazem 97 pontos, nos termos do art.29-C, da Lei.8.213/91.

V – DOS PEDIDOS
Diante todo o exposto, requer a Vossa Excelência a total procedência da
demanda para:

a) conceder ao demandante os benefícios da gratuidade de justiça, nos termos do art.98,


do Código de Processo Civil;

b) reconhecer, declarar e determinar a averbação do período laborado pelo demandante,


entre 21/02/1975 – quando completou 12 anos de idade – e 24/03/1981, no qual trabalhou
na condição de boia-fria e em regime de economia familiar;

c) que sejam reconhecidos, declarados e averbados como especiais todos os vínculos


anotados na CTPS até 28/04/1995 como trabalhador agrícola/agropecuário, bem como o
período em que laborou sem registro – entre 21/02/1975 e 24/03/1981, também como

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trabalhador agrícola/agropecuário –, ante o enquadramento profissional, possibilitando-
se a conversão do tempo especial em comum, nos termos do Decreto 53.831/64;

d) condenar a requerida a conceder ao requerente aposentadoria por tempo de contribuição


híbrida, com base nas regras anteriores à Emenda Constitucional nº 103/2019,
considerando-se o direito adquirido, a contar da Data de Entrada do Requerimento;

e) condenar a demandada ao pagamento das parcelas já vencidas e não pagas, a contar


da Data de Entrada do Requerimento, ocorrida em 13/07/2023, bem como das parcelas
que eventualmente deixarem de ser pagas até a efetiva concessão e implantação do
benefício;

f) determinar a retificação do CNIS, a fim de que sejam considerados todos os períodos


laborados e não constantes no extrato, conforme as carteiras de trabalho, bem como seja
dada baixa nos indicadores de pendências que porventura houver;

Pretende o autor provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente: testemunhal, documental, depoimento pessoal, pericial e
qualquer outro meio que se fizer necessário para elucidação dos fatos, na forma do art.
319, VI, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$17.160,00(dezessete mil cento e sessenta reais)


nos termos do art. 291 do CPC.

Nesses termos, pede deferimento.

Santa Rita do Sapucaí – MG, 21 de julho de 2023.

Felipe Matheus Gomes Gravina Leonardo Alves de Oliva Passos


OAB/MG 203.495 OAB/MG 203.517

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