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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DO __ JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE POUSO ALEGRE – MINAS GERAIS

JOÃO DONIZETE PEDRO PINTO, brasileiro, divorciado, desempregado, inscrito no CPF


sob o nº 731.387.116-34, residente e domiciliado na Rua G, nº 60, José Gonçalves Mendes,
Santa Rita do Sapucaí – MG, CEP 37540-000, vem, por intermédio de seus procuradores
devidamente constituídos (procuração em anexo), respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (APOSENTADORIA POR


TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO HÍBRIDA)

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito


público, CNPJ no 29.979.036/0001-40, com endereço para citação na Rua Francisco Salles,
nº 177, Poços de Caldas – MG, CEP 37701-013, o que faz pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas.

Praça Santa Rita, 109, sala 05, Centro, Santa Rita do Sapucaí – MG
(35) 99866-7406 / (35) 99180-9876
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I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
De acordo com o art. 98 do Código de Processo Civil, toda pessoa natural ou
jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratuidade da justiça,
garantia fundamental também expressa no art. 5º, LXXIV, da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.

A parte autora se trata de pessoa multo simples, humilde e que, conforme CTPS
em anexo, encontra-se desempregado.

Além de todos os gastos ordinários que possui, tais como água, energia
elétrica, supermercado, gás de cozinha, transporte, IPTU etc., possui gastos com
medicamentos por conta inúmeros problemas de saúde que possui.

Vê-se, portanto, que o querelante não possui a menor condição de arcar com
eventuais custas judiciais e honorários advocatícios sucumbenciais sem prejudicar seu
sustento.

Deste modo, tendo em vista o autor ser pobre no sentido legal, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo, não conseguindo arcar com as custas
processuais sem prejudicar seu próprio sustento e o de sua família, e não havendo indícios
que contrariem tais afirmações, requer a este Douto Juízo a concessão da Gratuidade de
Justiça.

II – DOS FATOS
Conforme CNIS e CTPS em anexo, o requerente verteu contribuições – quase
que ininterruptamente –, desde 1985.

Ocorre que, antes de passar a laborar na área urbana, o segurado exercia labor
como trabalhador rural, na zona rural de Santa Rita do Sapucaí – MG, juntamente com o
restante de sua família.

Nesse diapasão, vale ressaltar que o segurado passou toda a sua infância,
adolescência e parte da vida adulta na roça, porquanto seus pais eram trabalhadores rurais.
Inclusive, seu pai, o Sr. Antônio Silvério Pinto (CPF 396.309.866-04), se aposentou como
segurado especial.

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Deste modo, desde muito novo, sempre ajudou a família no labor rural,
realizando das mais diversas atividades tais como roçar pasto, pastoreio e alimentação de
animais de criação – vacas, porcos e galinhas –, ordenhar vacas, limpeza de curral, colheita
de café, plantação de milho, feijão, arroz e cana, preparação do solo no período de
entressafra e plantação de legumes e hortaliças para a subsistência familiar, dentre outras.

Embora não possua robustas provas acerca das atividades exercidas como
trabalhador rurícola, fato é que possui inúmeras outras que servem como início de prova
material e corroboram firmemente suas alegações.

Nesse sentido, além dos registros em sua CTPS como trabalhador


agropecuário polivalente, há um comprovante de inscrição no PIS, no qual comprova o seu
domicílio na zona rural em 1985, sua inscrição no INCRA, bem como a condição de
empregado rurícola.

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Assim, vê-se que o segurado adquiriu o direito à aposentadoria por tempo de
contribuição híbrida antes da Emenda Constitucional nº 103, porquanto, somando-se o
tempo trabalhado nos meios urbano e rural, possuía mais de 35(trinta e cinco) anos de
tempo de contribuição, uma vez que o segurado começou a trabalhar próximo dos 9 anos
de idade e somente passou a exercer labor na zona urbana após seu casamento, ocorrido
em 1988, já com 25 anos de idade.

Nota-se, também, que o segurado cumpriu o requisito da carência, uma vez que
verteu mais de 180 contribuições à previdência.

Mesmo diante de toda a narrativa dispensada anteriormente, a concessão do


benefício pleiteado pelo querelante foi negada, pouquíssimas horas após o protocolo do
pedido de aposentadoria, sob o desarrazoado fundamento de que não cumpriu tempo de
contribuição suficiente para se aposentar.

Destaca-se que sequer foi dada a possibilidade de se realizar uma justificação


administrativa, mesmo se tratando de uma obrigação da demandada, oportunidade na
qual a demandante comprovaria suas alegações por meio de testemunhas.

Deste modo, diante de tamanha injustiça e lesão a direitos, não restou


alternativa senão a propositura da presente.

III – DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO HÍBRIDA


A aposentadoria por tempo de contribuição, antes do advento da famigerada
Emenda Constitucional nº 103/2019, embora possuísse disposição diversa – e mais
vantajosa – na Lei 8.213/91, possuía previsão no inciso I, do § 7º, do art.201, da CRFB/88,
o qual dispunha:
“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
anos de contribuição, se mulher; (...)”

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No presente caso, como já discorrido anteriormente, o querelante verteu bem
mais de 35 (trinta e cinco) anos de tempo de contribuição até 12/11/2019, data anterior à
publicação da E.C nº 103/2019.

Isso porque entre 06/07/1988 e 12/11/2019 – período em que passou a trabalhar


na cidade –, conforme CTPS em anexo, já verteu – incontroversamente –, 27 anos, 6 meses
e 11 dias de tempo de contribuição, conforme simulação anexa.

Além disso, muito antes de começar a laborar meio urbano, laborou exercendo
das mais variadas funções no meio rural – por muitos anos e desde sua infância –, sem
que a maioria dos antigos patrões tenham realizado qualquer tipo de registro empregatício,
visto que tal situação era, e ainda é, extremamente corriqueira naquele meio.

Como se extrai da CTPS em anexo, o requerente começou a laborar no meio


urbano em 1988, quando possuía 25 anos de idade. Até aquele momento, o querelante
possuía mais de 15 anos de tempo de contribuição, uma vez que começou a laborar com
9(nove) anos na roça, realizando das mais diversas atividades campesinas, tanto para a
grupo familiar quanto para terceiros.

Deste modo, tendo laborado um vasto período como trabalhador rural para
terceiros e em regime de economia familiar, faz jus à contagem do respectivo tempo –
exceto para efeito de carência –, nos termos do § 2º, do art.55, da Lei 8.213/91, o qual
ensina:
“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior
à data de início de vigência desta Lei, será computado
independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme
dispuser o Regulamento.”

Quanto ao requisito da carência, este foi mais do que superado pelo segurado,
uma vez que, conforme reconhecido pela própria autarquia demandada, possuía, até a data
da Emenda Constitucional nº 103, 336 meses de carência:

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Nos casos como o presente, em que se faz necessária a comprovação do tempo
de contribuição “mediante justificação administrativa ou judicial”, a legislação pertinente –
§3º, do art.55, da Lei 8.213/91 – ensina:
“Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma
estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do
correspondente às atividades de qualquer das categorias de
segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior
à perda da qualidade de segurado: (...)
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei,
inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial,
observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito
quando for baseada em início de prova material
contemporânea dos fatos, não admitida a prova
exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de
força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento.”

Como já demonstrado e conforme documentação anexa, o demandante possui


inúmeras provas que, embora não comprovem efetivamente o labor realizado, servem de
início de prova material e corroboram com todas as alegações autorais, de modo que a
comprovação do tempo laborado poderá ser complementada por prova testemunhal.

Assim, tendo o autor cumprido todos os requisitos – tempo de contribuição,


carência e início de prova material –, requer a concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, utilizando-se o regramento anterior ao advento da E.C nº 103/2019, com o
consequente reconhecimento e averbação do período laborado como trabalhador rural,
entre os anos de 1972 e 1988, afastando-se a incidência do fator previdenciário.

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IV – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência a total procedência da
demanda para:

a) conceder ao autor os benefícios da gratuidade de justiça, nos termos do art.98, do Código


de Processo Civil;

b) determinar que a autarquia requerida traga todo e qualquer documento relativo ao


benefício previdenciário concedido ao genitor do autor – Antônio Silvério Pinto, CPF
396.309.866-04, nascido em 01/06/1923, filho de Antônio Silvério Pinto e Estervina Maria
de Jesus –, nos termos dos art.396 e 397, ambos do Código de Processo Civil, sob pena
do previsto no art.400, do CPC;

c)reconhecer como tempo de contribuição o período em que o demandante laborou como


trabalhador rural, entre 01/01/1972 e 05/06/1988, conforme fundamentado, afastando-se a
incidência do fator previdenciário;

d) condenar a requerida a conceder ao requerente aposentadoria por tempo de contribuição


híbrida, com base nas regras anteriores à Emenda Constitucional nº 103/2019,
considerando-se o direito adquirido, a contar da Data de Entrada do Requerimento;

e) condenar a demandada ao pagamento das parcelas já vencidas e não pagas, a contar


da Data de Entrada do Requerimento, ocorrida em 13/03/2023, bem como das parcelas
que eventualmente deixarem de ser pagas até a efetiva concessão e implantação do
benefício;

Pretende o autor provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente: testemunhal, documental, depoimento pessoal, pericial e
qualquer outro meio que se fizer necessário para elucidação dos fatos, na forma do art.
319, VI, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$19.010,48 (dezenove mil, dez reais e quarenta e


oito centavos) nos termos do art. 291 do CPC.

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Nesses termos, pede deferimento.

Santa Rita do Sapucaí – MG, 13 de março de 2023.

Felipe Matheus Gomes Gravina Leonardo Alves de Oliva Passos


OAB/MG 203.495 OAB/MG 203.517

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