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PEQUENO CATECISMO

DA
VIDA FAMILIAR
E
PROFISSIONAL

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PEQUENO CATECISMO
DA
VIDA FAMILIAR
E
PROFISSIONAL

Por um grupo de professores e monges da Escola São Bento e


Santa Escolástica, agregada ao Mosteiro da Santa Cruz

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Publicado pela Editora Triregnum©

CAPA E PROJETO GRÁFICO


Edivaldo G. P. Júnior

REVISÃO DOS ORIGINAIS


Carlos Bezerra

Grupos de autores independentes.

Pequeno Catecismo da Vida Familiar e Profissional - Nova


Friburgo: Triregnum, 2019.

1. Catecismo Católico 2. Catecismo Laboral 3. Título

[2019]

*
EDITORA TRIREGNUM
Ave. Maestro Joaquim Naegele, 460.
Conselheiro Paulino
Nova Friburgo – RJ
CEP: 28633-520

Todos os direitos reservados.


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| Nota do Editor

A finalidade dos catecismos na vida do fiel católico é instruir-


lhe nas verdades sempiternas da Fé, dotando-lhe das faculdades
sobrenaturais necessárias para a salvação de sua alma. Não é
simples documento, manual ou livro de referência, mas uma rica e
plena fonte de sabedoria e instrução, cuja característica
fundamental é o máximo cuidado dos redatores nas fórmulas
ditadas, para que elas sejam gravadas com exatidão e facilidade pelo
seu pio leitor.

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PEQUENO CATECISMO
DA VIDA FAMILIAR
E PROFISSIONAL

1. O que é a sociedade?
Resposta: É o conjunto de diversas famílias, unidas por um interesse
comum e presididas por um chefe.

2. Há um modelo de sociedade perfeita?


R. Sim. É aquele onde há a primazia da família como núcleo vivo da
sociedade e onde impera a verdadeira religião por meio do Reinado
Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. O comportamento e distinção
desta sociedade será consequência direta da perfeição em que reflete
os ensinamentos do Senhor.

3. Por que o homem é um ser social?


R. Porque assim ele foi criado por Deus; para haver uma
dependência mútua entre os homens. Vê-se pela prática que essa
dependência é necessária e que o homem não se basta a si mesmo.

4. O que é família?
R. É a célula da sociedade civil. É uma sociedade, sim, mas
imperfeita, pois necessita de outras famílias para subsistir.

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5. Como se compõe uma família?
R. Essencialmente a família compõe-se de pai, mãe e de, ao menos,
um filho. Em sendo um reflexo do modelo perfeito, que foi aquele da
Sagrada Família, não pode haver a possibilidade de possa ser
formado por uniões anti-naturais.

6. Existe hierarquia familiar?


R. Sim, porque assim Deus o quis, submetendo Eva aos cuidados de
Adão e criando-a a partir de sua costela; também assim o foi como
castigo do primeiro pecado da humanidade, o de Eva.

7. Como deve ser essa hierarquia?


R. Essencialmente, o pai é o chefe, a mãe está submissa ao pai e os
filhos estão submissos a ambos. Aos avós e mais velhos, cabe-lhes a
primazia da sabedoria e o respeito e reverência das gerações.

8. Por que o Homem é a cabeça da família e não a


mulher?
R. Além da razão dita no número 4, a forma pela qual Deus criou a
mulher, provindo da costela esquerda do homem, coloca-a como o
“coração” da família, e o pai como a “cabeça”. Assim criou Deus o
homem em sua perfeição.

9. Por que um casal deve ter filhos?


R. Porque essa é a finalidade da união conjugal, criada por Deus.
Ademais, é da Vontade Divina que os casais procriem e povoem a
Terra com almas, que poderão gozar um dia do Paraíso Celeste.

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10. Pode haver finalidade diferente daquela inerente ao
Matrimônio, que é a procriação?
R. Usar dessa potência de procriar para uma finalidade diferente
daquela ordenada por Deus (como, por exemplo, para ter o prazer
que lhe é inerente ou para “experimentos científicos”) é ir não só
contra a natureza da coisa em si mesma, mas atentar gravemente
contra a vontade divina, que nos criou seres racionais e nos incumbiu
de nos multiplicarmos pela reta união dos corpos.

11. Por que nascemos, já que não o pedimos?


R. Nós não somos o centro do mundo e a vida e a morte estão sob o
poder direto de Deus. Somos puras criaturas, que não temos em nós
a razão de nossa existência ou não. Antes de existir, evidentemente
não poderíamos escolher a não existência, visto que não existíamos.
Cabe à criatura submeter-se aos desígnios (cheios de amor, aliás) de
nosso Criador.

12. Por que devemos obedecer aos nossos pais?


R. Porque tanto a própria natureza assim o demonstra, como,
sobretudo, assim Deus o quer. É um ato de reverência, de sabedoria
e profundo respeito prestar o quanto for preciso a devida obediência
às ordens paternas, que são reflexos do ordenamento divino. Nosso
Senhor Jesus Cristo deu inúmeras vezes exemplo público de
obediência a seus pais e ao Criador, demonstrando o quanto agrada
a Deus este ato.

13. Por que os pais podem castigar?


R. Porque o castigo visa à correção. Correção essa que se faz
necessária em vista das nossas más tendências inatas, advindas do
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pecado original, as quais levam-nos a agir mal e a não querermos
corrigir-nos senão mediante a coação verbal e física, na qual se inclui
o castigo. Ora, os pais estão encarregados social e sobrenaturalmente
da boa formação dos filhos; logo, é dever de amor e retidão que eles
possam usar do castigo para educar sua prole.

14. Existem situações nas quais a minha obediência aos


meus pais pode ser ilícita?
R. Sim, quando eles mandarem algo contra a vontade de Deus ou
proibirem algo que Deus ordena. E isso porque a autoridade dos pais
sobre seus filhos é uma participação da autoridade de Deus.
Portanto, é um contrassenso usar dessa autoridade contra a causa da
mesma.

15. Tenho obrigação de, no futuro, constituir família?


R. Não. No Novo Testamento não só não é obrigatório, mas é
preferível o estado da castidade perpétua, segundo o exemplo de
Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso salvador e Deus encarnado.

16. Qual o estado de vida ideal para salvação da alma?


R. Aquele indicado por Nosso Senhor, seguindo os seus “conselhos
evangélicos”: Pobreza, castidade e obediência.

17. É melhor que uma família tenha muitos filhos ou


poucos filhos?
R. A família deve ter tantos filhos quantos Deus conceder-lhe. Não se
pode voluntariamente impedir que filhos sejam gerados, pois este é
o fim inerente do Matrimônio, salvo em ocasiões graves, cujo juízo
é preferível que seja dado pelo sacerdote paroquial.
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18. Em tempos atuais, não seria imprudente constituir
uma família numerosa?
R. Se é verdade que os tempos atuais são extremamente perigosos
para as almas e os corpos, não é menos verdade que a graça de Deus
não faltará para aquelas famílias que lhe são caras, como
comprovam inúmeros exemplos de santas famílias que povoam a
literatura dos santos. É parte do Matrimônio, como compromisso
assumido perante Deus, não apenas a felicidade, mas também as
dificuldades que são consequência deste laço de amor e caridade.

19. Em termos materiais, não seria impróprio um casal


ter mais de dois filhos?
R. Tanto mais mentiroso é o argumento a favor da família de dois
filhos ou filho único, como mais é comprovável o quanto essa política
adotada publicamente pelo mundo moderno foi desastrosa. Ela
contraria não apenas a confiança que deve acompanhar a vida do
católico de que Deus é seu provedor e que sua vida é resultado tão-
somente da graça, como também resulta em dificuldades severas
para a reta educação dos filhos, no ensino da meritocracia e na
preceituação das virtudes que acompanham uma prole numerosa.

20. Qual a origem da ideia do “Filho único” ou de apenas


dois filhos por casais?
R. A idéia é fruto da revolução maçônica, que enxergou nas famílias
numerosas um sério obstáculo para sua propagação. Assim como foi
lema da heresia Cátara a destruição dos corpos e a não-procriação,
não constitui novidade que a prostituição dos corpos tenha sido um
dos motes da Revolução Francesa, bem como tenha sido política
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pública há muitas décadas na Rússia Soviética e na China
Comunista. Não há dúvida de que essa ideia seja propriamente
materialista, onde não há lugar para o esforço e para as benesses da
graça de Deus.

21. Por que não é bom ser filho único?


R. Porque a sociedade com outros irmãos ensina a criança a
renunciar ao seu amor próprio, a dividir as dádivas materiais e
espirituais dadas pelo Criador e a aprimorar suas capacidades
físicas e sociais. E a inexistência dos mesmos produz, em geral, o
efeito oposto.

22. Qual a necessidade de ter irmãos?


R. Pergunta respondida no número 19.

23. Existe hierarquia entre os irmãos?


R. Sim, mas sob a autoridade dos pais, que podem delegar uma
participação da mesma, via de regra ao mais velho ou primogênito.
Este exemplo se retira das Sagradas Escrituras, onde a preferência
dos pais sempre recai sobre os mais velhos, ou primogênitos,
principalmente em vista de sua corresponsabilidade sobre seus
irmãos mais novos; superioridade, porém, sem prejuízo para com os
irmãos menores, conforme a lei do amor e da caridade.

24. É lícito denunciar aos pais os atos ruins dos irmãos?


R. Sim. A autoridade tem direito de saber o que se passa com seus
súditos, ainda que desagrade aos últimos. Deve-se educar, no
entanto, os filhos a não terem espírito mútuo de crítica. Os casos mais

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graves devem ser denunciados. Os mais leves, se não foi pedido o
testemunho, não precisam ser ditos.

25. Quais são as obrigações de um irmão para com outro


irmão?
R. Respeito mútuo. Os mais velhos devem procurar fazer o bem aos
que são mais novos do que eles. E os mais novos devem respeitar e
auxiliar os que são mais velhos do que eles.

26. É lícito o irmão mais velho castigar o mais novo?


R. Sim, mas de acordo com o preceituado no número 23.

27. Como devo honrar a meus pais?


R. Amando-os, respeitando-os, obedecendo-lhes, tratando (ou seja,
cuidando) deles em suas necessidades físicas e espirituais, em suma,
auxiliando-os quando preciso.

28. Quais os deveres dos pais para com os filhos?


R. Amá-los, cuidar da salvação de suas almas, cuidar de sua saúde,
cuidar de seu vestuário e alimentação, dar-lhes teto, cuidar de sua
educação humana, ao menos no essencial, para um viver honesto na
sociedade. Quanto a cuidar da salvação de suas almas: dar-lhes a
doutrina, encaminhá-los aos sacramentos, preservar-lhes a
inocência, incutir-lhes o arrependimento de seus pecados, ensinar-
lhes a rezar, fazê-los devotos do Santíssimo Sacramento e de Nossa
Senhora, etc. Iniciá-los, enfim, na prática de todas as virtudes.

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29. O que é uma família Cristã?
R. É aquela em que os pais cumprem os deveres citados no número
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30. Por que a sagrada Família é o modelo de família


perfeita?
R. Porque os seus membros são as mais perfeitas pessoas e,
consequentemente, porque cumpriram mais perfeitamente seus
deveres familiares.

31. Em qual encíclica o Papa Pio XI define o que é


família?
R. Na Encíclica Casti Connubii.

32. Porque o Comunismo, como citado anteriormente,


perverte a noção de família?
R. Porque, submetendo de modo abusivo todos os cidadãos ao Estado,
este legisla acerca de assuntos que não é de sua competência,
interferindo na autoridade dos pais de família e fazendo os filhos
obedecerem ao Estado em revelia à autoridade dos pais. Prega,
portanto, a revolução dentro dos lares e usurpa um poder que não
lhe compete.

33. Quem instituiu o Matrimônio?


R. Deus, desde a criação.

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34. Por que Nosso Senhor Jesus Cristo elevou o
matrimônio à condição de sacramento?
R. Porque o Novo Testamento se caracteriza pela abundância da
graça que é concedida aos homens, dentre as quais conta-se o
aperfeiçoar a união conjugal sob as bênçãos de Deus. E o sacramento
do Matrimônio eleva o contrato natural à condição de contrato
sobrenatural para o cumprimento perfeito dos deveres
matrimoniais, sendo, portanto, aperfeiçoado por N. S. J. C. e
dignificado a uma condição sobrenatural.

35. Se eu decido constituir uma família, como devo


escolher minha (meu) esposa (o)?
R. Antes de tudo, que seja católica (o). Que tenha ideias claras sobre
este sacramento: o que Deus quer dos homens através do matrimônio.
Que ambos procurem viver na graça de Deus e que suas ações,
durante o período de conhecimento mútuo – que é o namoro – ,
reflitam a seriedade do fim a que se propõe. Que queiram usar do
matrimônio como meio de santificação mútua e dos filhos. Que
pertençam à “família da Tradição”. De preferência, que pertençam
também à “Resistência”.

36. Por que essa decisão é tão importante?


R. Porque engaja toda a vida, pois o matrimônio é indissolúvel, e
porque a salvação eterna de cada um e dos filhos pode depender
gravemente de uma boa ou má escolha.

37. Por que os pais devem zelar pela honra da família?


R. Porque a honra é um atributo ao qual o homem tem direito e, por
extensão, também a família, sendo o patrimônio da retidão dos atos
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e da probidade das gerações. É um precioso tesouro que inspira
santamente o próximo ao aperfeiçoamento mútuo pelo bom exemplo
dado. Ora, os pais são responsáveis pela família; portanto, devem
zelar por sua honra como um maravilhoso bem social.

38. Por que os pais podem ser responsabilizados quando


os filhos, de forma equivocada, escolhem seus
cônjuges?
R. Porque os filhos, enquanto estão sob a dependência dos pais,
devem ser guiados por estes em vista de sua salvação eterna.
Portanto, se os pais veem que seus filhos escolhem seu futuro cônjuge
de modo equivocado, de maneira que traga perigo para a salvação
eterna destes, eles devem se opor e seus filhos devem se submeter,
confiando na sabedoria de quem lhes criou e educou e nos bons frutos
colhidos da obediência e humildade.

39. O que é o trabalho?


R. É um exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir
alguma coisa (Laudelino Freire).

40. Por que temos que trabalhar?


R. Porque assim Deus o quis, mesmo antes de Adão pecar. A Sagrada
Escritura nos estimula a bem-fazer nossos trabalhos dando um
poderoso exemplo: Deus criou o mundo na forma de um trabalho,
descansando no sétimo dia.

41. Por que existem profissões diferente?


R. Porque o homem, ordinariamente, não basta para se manter
sozinho. Ele precisa de outros homens. Ele não consegue se dedicar a
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todas as profissões de que sua vida necessita, tanto por falta de
tempo, como por forma de aptidão; mesmo por falta de recursos
financeiros e humanos.

42. Por que há desigualdades de dons e talentos entre os


homens?
R. Porque assim Deus o quis ao criar o homem, distribuindo Seus
dons de forma desigual e soberanamente livre, de tal modo que os
homens necessitem uns dos outros.

43. O que é a arte do belo?


R. A arte do belo é assim definida pelo Professor Carlos Nougué: a
arte (significativa) de plasmar formas mimético-significantes e belas
sobre determinada matéria, para fazer, mediante indução de
sentimento e purgação das emoções, que o homem propenda ao
verdadeiro e ao bom e se afaste do falso e do mau.

44. Do que se trata a beleza?


R. O fundamento da beleza reside na proporção devida, na claridade
e na integridade.

45. Existe hierarquia das profissões?


R. Sim. Umas são mais nobres que outras em razão de seus meios e
fins. As que lidam com o sobrenatural são mais nobres que as que
lidam com o que é somente intelectual-natural, e estas são mais
nobres que as que compreendem o intelectual junto com o mecânico,
e estas são mais nobres que as que lidam somente com o mecânico.
Pode-se considerar também a hierarquia nas profissões pela
finalidade das mesmas. Assim, em ordem decrescente: as que têm
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uma finalidade sobrenatural, as que têm uma finalidade natural
de necessidade da natureza, as que têm uma finalidade natural
de utilidade conveniente, as que tem uma finalidade natural de
superfluidades. Ou ainda pelo maior ou menor número de pessoas
beneficiadas por tal profissão.

46. O que é necessário para ser um bom profissional?


R. Que seja fiel cumpridor de seus deveres de estado e que realize o
seu trabalho do modo mais perfeito que puder.

47. Como as sociedades organizaram, desde o princípio


da história, suas relações profissionais?
R. Em três Estados ou ordens, compreendidas pela hierarquia dos
fins de acordo com a natureza de suas diversas atividades, do
seguinte modo em ordem decrescente:
1° - Os mais sábios e capazes de ordenar a vida social a seu justo
fim deviam legislar segundo a lei eterna de Deus.
2 ° - Ora, para toda legislação deve haver também aqueles que se
põe à serviço da aplicação das leis, se ocupando da força das
armas cujo fim é proteger e garantir a propriedade privada e
manter a justa ordem social.
3 ° Toda sociedade deve possuir aqueles que se ocupam da
produção dos diversos bens necessários à subsistência de todo e
qualquer corpo social: Alimento, moradia, roupas, móveis,
ferramentas, objetos, etc.

48. É justo que uns ganhem mais e outros menos em


função da sua atividade profissional?

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R. Sim, em consequência da dignidade da profissão, como vimos no
número 45, e também em consequência do preparo maior ou menor
para exercê-la ou, ainda, dos riscos de danos em que se corre ao
exercê-la. No mundo moderno essas questões são desprezadas em
função de falsas aparências e desproporcionalidades liberais,
provocando absurdidades como o que recebem na forma de salário
certos desportistas ou “artistas” da grande mídia, por exemplo.

49. Por que o Comunismo perverte a noção de trabalho?


R. Porque o comunismo considera o trabalho como a única fonte
legítima de lucro, desde que destinado exclusivamente ao Estado e
como algo de produtividade mais maquinal que humana. O homem
e sua personalidade, que são impressas em todo o trabalho manual,
desaparecem perante o peso esmagador do Estado como fim de seus
esforços.

50. Por que o Liberalismo perverte a noção de trabalho?


R. Dentre vários motivos, porque perverte o fim sobrenatural do
trabalho, tornando-o um instrumento do materialismo e
dissociando-o do seu papel santificador; também ao desprezar as
necessidades das famílias numerosas, estimulando a avidez no
acúmulo, que nunca foi atributo da sociedade católica, e lançando as
sementes revolucionárias nas relações de responsabilidade cristã
entre patrões e empregados, reduzindo o labor e sua remuneração a
mesquinhos limites contratuais.

51. Há alguma falsidade na dicotomia liberalismo versus


comunismo no mundo do trabalho?

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R. Sim, pois nem uma ideologia ou outra dá uma justa razão do que
seja o labor de acordo com os preceitos católicos. Denunciava S. S.
Leão XIII esta terrível situação na encíclica Rerum Novarum, ao
mesmo tempo ratificando o modelo perfeito de trabalho para patrões
e empregados, em seus deveres e direitos.

52. Por que o sistema usurário corrompe as relações de


trabalho?
R. Porque introduz na sociedade um sistema de lucro injusto, que
subtrai o dinheiro de outrem por exploração da necessidade em que
este se encontra. Além disso, a única razão que a multiplicação do
dinheiro encontra para ocorrer é uma palavra vazia e perniciosa,
que pouco ou nada diz a respeito da justificação do lucro indevido: o
juro.

53. Por que a Maçonaria perverte a justa ascensão


profissional?
R. Porque ocupando seus membros os cargos de importância,
promovem-se uns aos outros de forma desonesta. Ademais, a Igreja
emitiu diversos veredictos que condenam a forma injuriosa e, até,
criminosa, com que esta associação secreta de homens intentam
chegar ao poder e permanecer nele.

54. O que é o dinheiro?


R. Um meio físico criado pelo homem e adotado pelas civilizações de
forma a facilitar as diversas e complexas relações comerciais.

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55. Por que no passado o ouro era moeda corrente, assim
como outros metais preciosos?
R. Devido a três fatores principais: Por ser um metal raro, durável
e belo.

56. Por que se substituiu o ouro pelo papel moeda?


R. Porque sendo o ouro ou a prata moedas de valor intrínseco,
significava que o seu portador possuía o valor real em mãos. Sua
substituição pelo papel tornou o seu portador um mero acumulador
de papéis cujo valor é simbólico, enquanto o valor real pertence ao
sistema financeiro internacional de bancos. Supõe-se que cada papel
moeda poderia, em princípio, ser trocado por uma x quantidade de
outras moedas ou x quantidade de ouro, enquanto, na realidade,
atualmente se imprime papel-moeda sem ouro proporcional à sua
emissão, gerando um sistema de riqueza fictícia, fato aceito até
mesmo por liberais.

57. Há algum problema no monopólio da economia


pelos Bancos?
R. Sim, especialmente devido àqueles que fazem parte da elite do
sistema financeiro mundial. Pelo potentado financeiro, desde muito
tempo o destino das nações está sendo traçado ao sabor da vontade
dessa elite, que se mune da impressão e supressão de papel-moeda
para manobrar os destinos das economias das nações, infligindo
graves problemas e até causando guerras em nações cristãs, como
prova a história econômica da Europa e das Américas. O Brasil, por
exemplo, já teve sua economia imperial nas mãos do maçom Barão
de Mauá.

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58. Por que a Igreja aprovava as corporações de Ofício?
R. Porque elas encarnavam bem a legítima concepção cristã do
trabalho e da ajuda mútua em favor do interesse comum e
particular, reunindo em suas sedes bons cristãos que caridosamente
se auxiliavam em sua vida profissional.

59. De que forma a doutrina liberal acentuou a


desigualdade entre pobres e ricos?
R. A partir de que o Liberalismo deixa livre o uso do dinheiro e dos
bens, sem ter em conta uma lei ou doutrina social que controle esse
uso em vista do bem comum. Assim, os que têm mais exploram
impiedosamente os que têm menos e estes se submetem a isso por não
terem meios de achar uma solução do problema.

60. O liberalismo econômico não fez um favor, dando


alternativas de trabalho para as sociedades e
salvando-as da ruína?
R. Trata-se de um embuste famoso em livros de história econômica:
pois o fato de levas de homens serem miseravelmente empregadas
em indústria e comércio não representa sintoma de benevolência ou
caridade cristã; pelo contrário, foi instaurado pelo liberalismo os
pilares de destruição de que ele utilizou depois para haurir seus
lucros, ao utilizar manobras financeiras internacionais para levar
as sociedades cristãs à miséria e dependência extrema da nova
ordem econômica.

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61. Por que podemos dizer que a doutrina liberal gerou
o Socialismo?
R. Porque a desigualdade social gerada e agravada pelo Liberalismo
serve de pretexto ao socialismo de se apresentar como o sistema que
vai resolver o problema, o que é logicamente falso, pois agrava-o
ainda mais. Não se conserta o mal com o uso do mal.

62. Existem diferenças nas funções de trabalho entre


homens e mulheres?
R. Sim. Pois assim como há diferenças psicológicas e hierárquicas,
estas impostas por Deus. Portanto, o trabalho de cada um deve levar
em conta as diferenças acima citadas.

63. Quais seriam as atividades específicas para homens e


para mulheres?
R. As que mais se coadunam com suas diferenças físicas e
psicológicas. Para os homens, todas as atividades físicas e intelectuais
que lhe proporcionem seu sustento e o de sua família. Mas a mãe de
família, de modo especial, deve ter como atividade preponderante, se
não única, o cuidado doméstico da sua família: do esposo e dos filhos
a ela confiados por Deus.

64. Qual seria a melhor forma de organização dos


trabalhadores?
R. Como funcionava na corporação de ofício da Idade Média, que foi
a época em que a doutrina cristã mais influenciou na organização
da sociedade. Ao contrário, como é de supor, das atuais organizações
sindicais, que geralmente nutrem sua existência e atuação do
fomento de inimizade entre operário e patrão.
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65. Os sindicatos são necessários?
R. Se eles forem concebidos como as corporações de ofício, trazem
grande bem aos trabalhadores na medida em que os une no propósito
de um fim sobrenatural; mas se são concebidos como instrumento de
luta de classes, como costuma ser hoje em dia, não só não são
necessários, mas até prejudiciais.

66. Em qual encíclica o Papa Leão XIII expõe e esclarece


estas questões?
R. Na Encíclica Rerum Novarum.

67. Qual a diferença entre povo e massa?


R. Povo: Conjunto de pessoas responsáveis e conscientes de seus
deveres. Massa: Conjunto sem distinção entre elas, em que
predomina a irresponsabilidade e a facilidade em mudar de opinião
e de ação quando há alguém que os guia.

68. Por que a democracia moderna confunde estes


termos?
R. Para reduzir o povo na massa, pois a massa é mais fácil de
manipular.

69. Por que a Reforma Agrária, proposta pelos


socialistas, corrompe as relações de trabalho no
campo?
R. Porque a coletivização das terras proposta pelos socialistas não é
outra coisa senão a supressão da propriedade privada pelo Estado,

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sob o disfarce ilusório de eliminação dos latifúndios, enganando o
trabalhador rural e instigando a luta de classes no campo.

70. Há a possibilidade de ser aplicado uma Reforma


Agrária católica?
R. Sim, desde que não resulte no prejuízo gratuito dos legítimos
proprietários de terras e que tenha em vista os verdadeiros preceitos
de justiça e caridade cristãs, que se opõe ao usufruto criminoso de
territórios em resultado de perfídias e conluios que atentam à
harmonia dos povos católicos.

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