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2010)
Prof. Me. Lucas de Oliveira Ramos
(lucas.ramos@esamc.br)
CRONOLOGIA
7 de fevereiro de 1992 — Tratado de Maastricht
O Tratado da União Europeia é assinado em Maastricht, nos Países Baixos. Trata-se de um momento histórico, já que o tratado
estabelece regras claras para a futura moeda única, bem como para a política externa e de segurança e o reforço da cooperação
em matéria de justiça e assuntos internos. A União Europeia é oficialmente criada pelo Tratado, que entra em vigor em 1 de
novembro de 1993.
A reunificação alemã está no centro do debate, uma vez que alguns receavam que República Federal
Alemã se afaste da Comunidade Europeia e outros que o fim da Guerra Fria poderia levar os Estados
Unidos de América a desinteressar-se da segurança do continente europeu. A Europa deveria ser capaz
de garantir a sua defesa, e mesmo ter competências nesta área a nível mundial.
Acresce que a ineficiência europeia e as dificuldades em se manter unidos, no início dos anos noventa,
durante a Guerra do Golfo e no conflito jugoslavo, levou os países membros da CEE a repensar a
cooperação política e o seu processo de tomada de decisões.
É neste contexto, que surge outro marco da evolução da política externa europeia: o Tratado da União
Europeia (TUE) assinado em Maastricht em Fevereiro de 1992. O TUE aprofunda as reformas iniciadas
com o Ato Único e reforça a integração europeia, nomeadamente a nível econômico através da
perspectiva de uma União Econômica e Monetária; alarga, também, as áreas de incidência da
cooperação europeia para os domínios políticos e de justiça e assuntos internos. É neste Tratado que
surge a Política Externa e de Segurança Europeia (PESC)
A PESC pretende aumentar a coordenação das políticas europeias com o objetivo de permitir à
Europa falar numa só voz a nível internacional e de assegurar um negociador único nas relações
externas, o que tem sido uma preocupação constante na evolução da política externa europeia. A
nível da política externa, o Tratado estabelece ações comuns que ultrapassam a anterior política
declarativa e são consideradas vinculativas. Deste modo, os instrumentos diplomáticos à
disposição da PESC, que se assemelham de certo modo aos de um Estado, passou a incluir, ao
lado das declarações e das posições comuns, as, ações comuns. Claro que a União age, também,
através do diálogo político com outros Estados ou grupos regionais e a PESC permite,
igualmente, recorrer a ações no terreno.
Em termos institucionais, este Tratado reaproxima a política externa intergovernamental das
competências da Comunidade. Este é um passo essencial uma vez que a PESC ambiciona suprir
a desarticulação existente entre as ações externas comunitárias e as posições tomadas a nível da
cooperação política através do seu artigo 301º. Tanto a PESC como a CPE tiveram, ainda, a
importância de iniciar e desenvolver uma aproximação das políticas externas nacionais, apesar
de a política europeia manter um carácter intergovernamental.
O posterior Tratado de Amesterdão, nasceu com o objetivo de preparar as novas adesões que se
perspetivavam e suprir reformas não antes conseguidas. A nível da política externa prevê a
criação de um centro de planeamento e uma estrutura de decisão mais operacional (uma
declaração anexa prevê o estabelecimento de uma unidade de planeamento de políticas e de
alerta precoce no âmbito do Secretariado-Geral do Conselho).
A nível da segurança e defesa, também houve avanços ao integrar no Tratado os Acordos de
Petersberg, relativos a missões de manutenção da paz, humanitárias e de resgate, e, ainda, de
gestão de crises, incluindo missões de manutenção da paz (Missões Petersberg). Este é um passo
essencial para aumentar a capacidade de atuação da UE num mundo em que têm surgido uma
série de conflitos locais e regionais.
O Tratado de Amesterdã inclui um protocolo relativo às relações com a UEO, essencial para o
cumprimento das missões supra referidas, mas não integra esta organização na União Europeia,
apesar de mencionar a perspectiva futura de uma defesa comum e da UEO passar a fazer parte da
União Europeia.
O Tratado de Nice começou logo depois a ser negociado, também na perspetiva do alargamento e
no intuito de resolver as questões que o Tratado de Amesterdão tinha deixado por terminar. O
Conselho Europeu de Nice adotou o relatório relativo à Política Europeia de Segurança e Defesa
(PESD), que preconiza o desenvolvimento da capacidade militar da UE, a criação de estruturas
políticas e militares permanentes e, ainda, a inclusão da UEO nas funções de gestão de crises. O
objetivo é permitir à UE dispor das suas próprias capacidades civis e militares para gestão de
crises e para a nova missão de prevenção de conflitos. Deste modo a PESD irá surgir como uma
componente operacional e militar da PESC.
Apesar de todos estes desenvolvimentos a PESC continua a basear-se, essencialmente, na
capacidade de atração da UE e no recurso a meios diplomáticos e às políticas comunitarizadas
(comércio, ajuda ao desenvolvimento) para agir.
Os governos mantêm o controle da política externa, nomeadamente quando estão em causa
questões militares e de defesa, embora a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu se
encontrem cada vez mais envolvidos neste processo. De referir, igualmente, que a política
externa mantém-se à parte das outras políticas comunitárias ao manter o seu caráter
intergovernamental.