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União Europeia (1990–

2010)
Prof. Me. Lucas de Oliveira Ramos
(lucas.ramos@esamc.br)
CRONOLOGIA
7 de fevereiro de 1992 — Tratado de Maastricht
O Tratado da União Europeia é assinado em Maastricht, nos Países Baixos. Trata-se de um momento histórico, já que o tratado
estabelece regras claras para a futura moeda única, bem como para a política externa e de segurança e o reforço da cooperação
em matéria de justiça e assuntos internos. A União Europeia é oficialmente criada pelo Tratado, que entra em vigor em 1 de
novembro de 1993.

1 de janeiro de 1993 — lançamento do mercado único


O mercado único e as suas quatro liberdades estão estabelecidos — a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais.
Desde 1986 foram adotados centenas de atos legislativos em domínios como a fiscalidade, a atividade empresarial e as
qualificações profissionais e outros que constituíam barreiras à abertura das fronteiras. Contudo, a livre circulação de certos
serviços é adiada.

1 de janeiro de 1994 — criação do Espaço Económico Europeu


O Acordo que estabelece o Espaço Económico Europeu (EEE) entra em vigor, alargando o mercado único aos países da EFTA.
Hoje em dia, as pessoas, os bens, os serviços e os capitais podem circular nos 30 países do EEE (UE-27 mais Islândia,
Listenstaine e Noruega). A Suíça não participa no EEE, mas tem acesso ao mercado único.
1 de janeiro de 1995 — a UE ganha três novos membros: Áustria, Finlândia e Suécia

26 de março de 1995 — as viagens sem fronteiras têm início em sete países


O acordo de Schengen entra em vigor em sete países: Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal e Espanha. Os viajantes
podem deslocar-se entre estes países sem controlo de passaportes nas fronteiras. Em 2021, 26 países fazem parte do espaço Schengen sem
passaporte, incluindo a Islândia, o Listenstaine, a Noruega e a Suíça.
2 de outubro de 1997 — Tratado de Amesterdão
É assinado o Tratado de Amesterdão. Com base no Tratado de Maastricht, estabelece planos para reformar as
instituições europeias, dar à Europa uma voz mais forte no mundo e consagrar mais recursos ao emprego e aos direitos
dos cidadãos. Entra em vigor em 1 de maio de 1999.
1 de janeiro de 1999 — nasce o euro
O euro é introduzido em 11 países unicamente para as transações comerciais e financeiras. As moedas e as notas serão
introduzidas mais tarde. Os primeiros países da zona euro são a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, Espanha, a Finlândia, a
França, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo, os Países Baixos e Portugal.
26 de fevereiro de 2001 — Tratado de Nice
Os dirigentes da UE assinam o Tratado de Nice O seu objetivo é reformar as instituições para que a UE possa
funcionar de forma eficiente com 25 países membros e preparar a adesão do próximo grande grupo de novos
membros. 
1 de janeiro de 2002 — lançamento de notas e moedas de euro em 12 países

1 de maio de 2004 — 10 novos países


Chipre e Malta aderem à UE juntamente com oito países da Europa Central e Oriental — República Tcheca, Estônia, Hungria,
Letônia, Lituânia, Polônia, Eslováquia e Eslovênia — acabando finalmente com a divisão da Europa pós-Segunda Guerra
Mundial.
29 de maio — 1 de junho de 2005 — Constituição da UE
Os eleitores em França e nos Países Baixos rejeitam o Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa, que foi assinado
pelos 25 Estados-Membros da UE em outubro de 2004.
1 de janeiro de 2007 — a UE congratula-se com a entrada da Bulgária e da Romênia
Mais dois países da Europa oriental, a Bulgária e a Roménia, aderem à UE, elevando o número de Estados-Membros para 27.
13 de dezembro de 2007 — Tratado de Lisboa
Os 27 países da UE assinam o Tratado de Lisboa, que altera os tratados anteriores. O objetivo é tornar a UE mais democrática,
eficiente e transparente, e, assim, garantir as condições para que possa dar resposta a desafios mundiais como as alterações
climáticas, a segurança e o desenvolvimento sustentável. Todos os países da UE ratificaram o Tratado antes da sua entrada em
vigor, em 1 de dezembro de 2009.
Evolução da Política Externa da UE (PESC e
PESD)
Desde o início da construção comunitária existe a preocupação de desenvolver a cooperação a nível político
e de defesa, motivada por fatores como a situação geopolítica do pós-guerra e da Guerra Fria, e por uma
vontade de elevar o estatuto internacional da Europa numa fase em que se encontrava dividida e em
reconstrução. No entanto, sendo a defesa um fator central da soberania nacional, os avanços na construção
de uma política externa regional têm sido mais lentos e irregulares do que noutras áreas menos sensíveis.
A cooperação política, teve um início extremamente ambicioso no início dos anos cinquenta, antes do
Tratado de Roma, através da Comunidade Europeia de Defesa (CED), o seu fracasso tido reflexo na
dificuldade, que se mantém até aos dias de hoje, de progredir na cooperação nesta área. Devido ao abandono
da CED, criou-se outro quadro, uma organização de defesa europeia, que permitia a integração dos efetivos
militares alemães e italianos, que resultou de um alargamento do Tratado de Bruxelas de 1948: a União da
Europa Ocidental (UEO)
Após o fracasso da CED, os Estados-membros da Comunidade Europeia não conseguiram durante vários
anos avançar para uma cooperação ao nível político e militar. Entretanto, nas áreas comunitarizadas a CE
conseguiu assinar acordos internacionais e falar numa só voz nalguns palcos internacionais, tendo a
Comissão Europeia personalidade jurídica para o efeito. De referir, também que, desde o início, que a
Comissão Europeia criou uma rede de representações externas em diversos países e até junto de
organizações internacionais, a que foi sendo reconhecidas o estatuto de representações diplomáticas.
Será a alteração do contexto geopolítico na sequência da queda do muro de Berlim, da reunificação
alemã e do fim da Guerra Fria, que permitirá avançar para uma política externa comum. Com o fim do
mundo bipolar e da ameaça do bloco soviético a Leste, a Europa necessitava de repensar a sua relação
com estes países e ajudar a instaurar neles a democracia.

A reunificação alemã está no centro do debate, uma vez que alguns receavam que República Federal
Alemã se afaste da Comunidade Europeia e outros que o fim da Guerra Fria poderia levar os Estados
Unidos de América a desinteressar-se da segurança do continente europeu. A Europa deveria ser capaz
de garantir a sua defesa, e mesmo ter competências nesta área a nível mundial.

Acresce que a ineficiência europeia e as dificuldades em se manter unidos, no início dos anos noventa,
durante a Guerra do Golfo e no conflito jugoslavo, levou os países membros da CEE a repensar a
cooperação política e o seu processo de tomada de decisões.

É neste contexto, que surge outro marco da evolução da política externa europeia: o Tratado da União
Europeia (TUE) assinado em Maastricht em Fevereiro de 1992. O TUE aprofunda as reformas iniciadas
com o Ato Único e reforça a integração europeia, nomeadamente a nível econômico através da
perspectiva de uma União Econômica e Monetária; alarga, também, as áreas de incidência da
cooperação europeia para os domínios políticos e de justiça e assuntos internos. É neste Tratado que
surge a Política Externa e de Segurança Europeia (PESC)
A PESC pretende aumentar a coordenação das políticas europeias com o objetivo de permitir à
Europa falar numa só voz a nível internacional e de assegurar um negociador único nas relações
externas, o que tem sido uma preocupação constante na evolução da política externa europeia. A
nível da política externa, o Tratado estabelece ações comuns que ultrapassam a anterior política
declarativa e são consideradas vinculativas. Deste modo, os instrumentos diplomáticos à
disposição da PESC, que se assemelham de certo modo aos de um Estado, passou a incluir, ao
lado das declarações e das posições comuns, as, ações comuns. Claro que a União age, também,
através do diálogo político com outros Estados ou grupos regionais e a PESC permite,
igualmente, recorrer a ações no terreno.
Em termos institucionais, este Tratado reaproxima a política externa intergovernamental das
competências da Comunidade. Este é um passo essencial uma vez que a PESC ambiciona suprir
a desarticulação existente entre as ações externas comunitárias e as posições tomadas a nível da
cooperação política através do seu artigo 301º. Tanto a PESC como a CPE tiveram, ainda, a
importância de iniciar e desenvolver uma aproximação das políticas externas nacionais, apesar
de a política europeia manter um carácter intergovernamental.
O posterior Tratado de Amesterdão, nasceu com o objetivo de preparar as novas adesões que se
perspetivavam e suprir reformas não antes conseguidas. A nível da política externa prevê a
criação de um centro de planeamento e uma estrutura de decisão mais operacional (uma
declaração anexa prevê o estabelecimento de uma unidade de planeamento de políticas e de
alerta precoce no âmbito do Secretariado-Geral do Conselho).
A nível da segurança e defesa, também houve avanços ao integrar no Tratado os Acordos de
Petersberg, relativos a missões de manutenção da paz, humanitárias e de resgate, e, ainda, de
gestão de crises, incluindo missões de manutenção da paz (Missões Petersberg). Este é um passo
essencial para aumentar a capacidade de atuação da UE num mundo em que têm surgido uma
série de conflitos locais e regionais.
O Tratado de Amesterdã inclui um protocolo relativo às relações com a UEO, essencial para o
cumprimento das missões supra referidas, mas não integra esta organização na União Europeia,
apesar de mencionar a perspectiva futura de uma defesa comum e da UEO passar a fazer parte da
União Europeia.
O Tratado de Nice começou logo depois a ser negociado, também na perspetiva do alargamento e
no intuito de resolver as questões que o Tratado de Amesterdão tinha deixado por terminar. O
Conselho Europeu de Nice adotou o relatório relativo à Política Europeia de Segurança e Defesa
(PESD), que preconiza o desenvolvimento da capacidade militar da UE, a criação de estruturas
políticas e militares permanentes e, ainda, a inclusão da UEO nas funções de gestão de crises. O
objetivo é permitir à UE dispor das suas próprias capacidades civis e militares para gestão de
crises e para a nova missão de prevenção de conflitos. Deste modo a PESD irá surgir como uma
componente operacional e militar da PESC.
Apesar de todos estes desenvolvimentos a PESC continua a basear-se, essencialmente, na
capacidade de atração da UE e no recurso a meios diplomáticos e às políticas comunitarizadas
(comércio, ajuda ao desenvolvimento) para agir.
Os governos mantêm o controle da política externa, nomeadamente quando estão em causa
questões militares e de defesa, embora a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu se
encontrem cada vez mais envolvidos neste processo. De referir, igualmente, que a política
externa mantém-se à parte das outras políticas comunitárias ao manter o seu caráter
intergovernamental.

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