Você está na página 1de 44

Aulas de Direito da Economia

Aula 24/09/2021

Direito da Economia – AAFDL; Constituição económica – panfleto Paulo


Alves Pardal; Constituição da República, Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia, Estatuto do setor empresarial do Estados e as Empresas
Públicas, Parcerias Público privadas, Regime Jurídico Nacional do Direito
da Concorrência
Estado regulador – direito da concorrência e regulação econômica

Aula 27/09/2021

Intervenção Pública na Economia – é cada vez maior a intervenção a nível


europeu, por isso o uso da palavra pública em vez de estadual (UE não é um
Estado)
Do ponto de vista conceptual e doutrinário o DE nasce após a 1ª GM, mas
quando vamos falar do Direito da Economia nós estamos a colocar nosso
enfoque na intervenção do Estado na economia. Não confundir a emergência
do DE com essa intervenção.
Após a 1ª GM cresce a intervenção pública na economia, principalmente a
intervenção direta (até os anos 60).
IP Direta – nacionalizações, setor empresarial dos Estado e Empresas
Públicas, planeamento.
IP Indireta – privatizações, direito da concorrência, direito da regulação
Ordem jurídica da economia – enfoque nacional (constituição económica
formal e material, IP direta e indireta) e na União Europeia (fenómeno de
integração, constituição económica material, as quatro liberdades e as regras
da concorrência). A ordem jurídica a largamente tributária da UE.
O acidentado percurso da Constituição Económica Portuguesa, Paulo Alves
Pardal
Mercantilismo – séc. XVI a XVIII; criação de riqueza (acervo de metais
preciosos, ouro e prata). Medidas protecionistas e forte intervenção do
Estado. Economia fechada – neo-mercantilismo (surge após a 1ª GM)
Mercantilismo Espanhol/Bulimista (tentativa de obter o máximo de metais
preciosos dos domínios ultra marinhos e conservá-los na Espanha, ultra
protecionista, objetivo era impedir que o ouro e a prata saíssem do território
espanhol; cada vez que chegava um barco cheio de ouro e prata os preços
disparavam, os espanhóis não conheciam o fenómeno da inflação
M. Francês – tentaram obter metais preciosos da Espanha pois não tinham
acesso às Américas. Incentivavam seu mercado industrial
M. Inglês – intervenção do Estado
Fisiocratas – correntes do século XVIII. Doutor Quesnay era médico e
olhava para a economia como um organismo humano. Eram adversos das
correntes Mercantilistas, para eles não deveria haver intervenção do Estado
na economia. A agricultura era uma atividade nobre, que acrescentava valor
e riqueza. A economia era uma ordem natural.
Liberalismo económico – Adam Smith e o conceito da mão invisível.
Método científico da observação. Divisão do trabalho e especialização – para
almejar uma boa produção para posteriormente obter os bens do mercado.
David Ricardo e Jean Baptiste Say. Abertura às trocas comerciais
internacionais. Revolução Industrial.

Aula 01/10/2021

Mercantilismo (intervenção do Estado); Fisiocracia (não intervenção do


Estado); Liberalismo (não intervenção do Estado); Reações ao liberalismo
(intervenção do Estado).
Liberalismo econômico – principalmente protagonizado pela escola
inglesa Adam Smith (deixar o mercado funcionar sem o Estado intervir).
Liberalismo político – protagonizado pela escola francesa.
Estado Liberal – é perfeitamente possível distinguir o Estado da sociedade.
Os dois elementos fundamentais da sociedade são a propriedade e o contrato
e o principal elemento do Estado era a lei. No século XIX o Estado é mínimo
e deve administrar apenas as funções sociais, o resto fica nas mãos da
sociedade – Estado guarda-noturno da sociedade (surge apenas onde é
essencial).
Durante o século XIX também tivemos o grande impacto da Revolução
Industrial (industrialização, migração do campo para a cidade, salário era
livremente negociável entre os trabalhadores e os burgueses). Também
assistimos as reações ao capitalismo (a Escola Alemã dizia que a economia
não devia se basear apenas nas leis do mercado, defendiam um
protecionismo às indústrias para que estas pudessem se consolidar até que
pudessem concorrer com as indústrias inglesas)
Socialismo – Karl Marx – causa uma completa ruptura da sociedade,
baseada nas lutas das classes; defende uma alteração completa do Estado.
Doutrina Social da Igreja – os papas vieram a contestar uma perspectiva
atonicista da sociedade; outras partes da sociedade deviam ser protegidas. Os
trabalhadores deveriam ter dias para não trabalhar e adorar aos santos.
Tudo começa com a 1ª GM, a crise de 1929 e o Keynesianismo, que
rompem com o liberalismo. O Estado para a ter um forte intervencionismo.
Com a crise de 1929 alguns autores diziam que era preciso deixar passar a
crise para o equilíbrio do mercado regressar e outros diziam que era
necessário um forte intervencionismo do Estado.
O New Deal – economia do lado da procura (o Estado que perante uma
crise resolvem intervir efetuando grandes obras e compras públicas, o setor
privado que oferece os bens). Multiplicador Keynesiano – intervenção do
Estado.
O Estado deve intervir para colmatar as chamadas falhas de mercado
(situações que o mercado não responde de forma suficiente).
No século XIX a certa altura no plano internacional as ideias de Adam
Smith começam a vingar. As barreiras protecionismo deveriam abaixar para
permitir a transação de produtos. É assinado o tratado Cobdem-Cheiblio –
diminuir o protecionismo. Em 1914 e em 1929 as fronteiras fecham. Com o
fim da 2ª GM, a nova ordem econômica mundial deve ser consensual e
liberal.
Em julho de 1944 são assinados os Acordos de Bretton Woods que criam
o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Após a 2ª GM os países
se juntaram e negociaram a criação de uma organização internacional do
comércio, a Carta de Havana que foi assinada por 56 nações. Os EUA
assinaram essa Carta, mas não ratificaram o tratado e como consequÊncia a
Carta fracassou.
A parte da Carta de Havana havia sido negociado um texto sobre as tarifas
do comercio. Esse acordo foi assinado em 1957 (GATT). Os EUA afirmaram
que era um acordo sob forma simplificado. O GATT foi substituído em 1986
pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
O GATT preconiza o comércio internacional ao baixar os direitos
aduaneiros de importação e limitando as cotas; o faziam através de reuniões
multilaterais (os rounds). A CEE é o grande impulso da integração
comunitária (horizontal).
A defesa da Intervenção do Estado na economia é colocada em questão nos
anos 70 e 80. Nos anos 60 e 70 assistimos as crises monetárias e cambiais,
aumentando as críticas à intervenção pública. Não se pode confiar no Estado,
pois este é regido por seres humanos, que estão interessados na sua reeleição,
tomando medidas para o prol pessoal (mercado político). Após os anos 80
assistimos a importância do Estado assistente na economia.
Do ponto de vista de uma Economia do Mercado existem alguns
argumentos para defender a IE, como os bens públicos (não exclusivos e não
rivais).

Aula 04/10/2021

Emergência do Direito da Economia enquanto ramo do conhecimento.


Época Liberal (século XIX e princípios do século XX) – normas
jurídicas inspiradas pela defesa da ordem liberal (liberdade económica e
direito da propriedade). A presença do Estado era mínima (guarda-noturno).
Intervencionismo público na economia (a partir da segunda
década do século XX) – normas jurídicas orientadas para a evolução ou
transformação da ordem liberal (emergência do Direito da Economia).
Estado intervencionista.
Factores que influenciaram a transição do liberalismo para o
intervencionismo – 1ª GM (tudo submetido para o esforço de guerra dirigido
a vencer o inimigo); Revolução Bolchevista (retorno ao Estado de Polícia;
Constituição Alemã de Weimar (compromisso entre a democracia política e
a democracia economia, confere ao Estado poderes de conformação social);
a crise de 1929 (obrigou a uma intervenção dos poderes públicos); a 2ª GM
(planificação económica da guerra); o fenómeno do Welfare State do Estado
Providência (planeando e definindo finalidades e prioridades em diversos
domínios, tais como segurança social, política de emprego, política
habitacional, etc.).
Evolução do Direito da Economia – pode ser dividida em dois momentos:
intervenção direta do Estado na Economia (pós 1ª GM e com mais vigor após
a 2ª GM) e a importância da intervenção indireta do Estado na economia
após os anos 80.
Principais institutos da intervenção direta: planeamento, nacionalização e
socialização de empresas (empresas de setores básicos estratégicos estarão
melhor nas mãos do poder público, pois são relevantes em áreas decisivas da
sociedade), empresas públicas (através dos estatutos destas irá se gerir as
empresas nacionalizadas, mas o Estado também pode criar novas normas) e
delimitação da atividade económica privada.
Principais institutos da intervenção indireta – privatizações e
reprivatizações, parcerias públicos-privadas (Estado tenta atrair à sua esfera
os setores privados, dá uma concessão de exploração e quem cobra as
receitas são os privados), direito da concorrência e regulação económica.
Conceções de Direito da Economia – conceções publicistas ou
privatísticas, conceções que ultrapassam a dicotomia Direito público e
privado, conceções alargadas.
Conceções publicistas – DA é um ramo de direito público que disciplinava
a intervenção económica do Estado, subdividindo-se em dois: direito
constitucional económico e direito administrativo da economia. Ligado a
esta conceção esta o fenómeno da compressão do direito privado.
Conceções privatisticas – cuja origem está na doutrina austríaca e italiana.
O DA surgia como uma extensão do direito Comercial, tendo como
consequência um estudo conjunto desses dois direitos.
Conceção que ultrapassam a tradicional dicotomia – visão não
reducionista. Estado vai comprimir a intervenção direta e expandir a indireta.
Relacionado com o fenómeno da privatização do Direito Público.
Conceções Alargadas – Estudo da ordenação jurídica específica da
organização e direção da atividade econômica pelos poderes públicos e/ou
pelos poderes privados, quando dotados de capacidade de editar ou
contribuir para a edição de regras de caráter geral e abstrato.
Direito Internacional Económico – liberalismo prevalecente (séc. XIX e
início do séc. XX), políticas de autarcia económica (anos 30 e 40), nova
ordem econômica (a partir do fim da 1ª GM). Principais pilares e
organizações internacionais: pilar comercial (GATT e Organização Mundial
do Comércio), pilar monetário (Fundo Monetário Internacional – Bretton
Woods), pilar financeiro.
Direito Económico da UE – CECA, CEE, EURATOM, os diversos
tratados. Mercado Único e as quatro liberdades (mercadorias, pessoas,
serviços e capitais). Ordenamento Jurídico da Concorrência (art. 101º e
seguintes do TFUE). Regime de direito da propriedade (art. 345º do TFUE).
Objeto do DA – regime jurídico da atividade económica. O direito
patrimonial privado – a disciplina jurídica dos atos económicos isolados
(direitos das obrigações, direitos reais, direito comercial). Direito financeiro
– a disciplina jurídica da obtenção de recursos a fim de os afetar à cobertura
de necessidades públicas. Princípios, normas e factos que regulam a
organização da economia – objeto.
O DA é o conjunto de princípios e normas jurídicas que regulam a
organização e direção da economia.

Aula Prática 08/10/2021

Paz Ferreira, AAFDL, Nuno Cunha Rodrigues e Sara Rodrigues.

Aula 08/10/2020

Fontes de Direito da Economia – CRP, atos normativos, regulamentos,


fontes de direito da UE (direito primário, secundário, jurisprudência), novas
fontes de DA. Modos de formação e regulação das normas jurídicas do DA.
Sabino Cassesse – 70% das normas de DA tem origem na UE.
A CRP continua a ser o elemento central, é uma fonte primária (Parte II –
organização económica). A primeira Constituição a dedicar um espaço para
a economia foi a alemã. Em PT, a parte económica surgiu em 1973, durante
um regime corporativo não democrático. A Constituição económica
ultrapassa a Parte II, assenta-se em outros artigos (art. 1º, 2º, 9º, 61º, 62º, art.
17º, 18º, 293º; competência de órgãos nacionais – 161º e 165º, 198º e 199º,
227º e 232º, 267º, 288º/F).
A CRP reconhece o direito à propriedade privada, mas este ainda pode ser
objeto de compressão ou de limitação (art. 62º) por parte do Estado, sendo
que este deve fundamentar-se no princípio da proporcionalidade.
Art. 267º/3 – autoriza o Governo a criar entidades administrativas
independentes.
Atos normativos – art. 112º da CRP – leis, DL, DLR.
Regulamentos – art. 112º e 199º da CRP – do Governo, resoluções do
Conselho de Ministros, autoridades independentes, aviso do Banco de
Portugal, regulamentos das entidades reguladoras.
Direito Primário – atos constitutivos da UE, CECA, CEE, CEEA, TUE,
Tratado de Maastrich, Tratados de revisão, Tratados de adesão, Convenção
relativa a certas Instituições Comuns, Tratados orçamentais e financeiros,
decisões sobre recursos próprios.
Direito secundário – atos adotados pelas instituições e órgãos da UE. Art.
288º TFUE. Regulamentos, diretivas, decisões e recomendações, atos
jurídicos atípicos (regulamento do Conselho Europeu, do Conselho e da
Comissão).
Construção Pretoriana – regras não escritas. Teoria do Efeito Direto
(possibilidade de invocar normas da EU por parte dos particulares perante as
jurisdições nacionais contra o Estado ou outro particular). Princípio do
Primado (norma da UE prima sobre a norma nacional, autonomia do
regulamento jurídico europeu, exigência existencial). Ler Panfleto
Articulação entre o Ordenamento Jurídico Nacional e o Ordenamento da UE
– Alves Pardal.

Aula 11/10/2021

Organização económica na perspectiva da ciência económica


Economias de mercado – não há intervenção do Estado
Economias dirigidas – não ofuscam completamente o mercado, mas são
dirigidas pelo Estado.
Economias Mistas – comportam a intervenção do mercado e do Estado
(muitas vezes este concorre com os privados; EX: hospitais). Neo-estatal
(intervenção do Estado é mais intensa) ou Neoliberal (intervenção do Estado
é menos intensa).
O papel do Estado na vida económica – três tipos de modalidades das
relações do Estado com a economia (Souza Franco): ordenação (onde os
poderes públicos estabelecem os quadros gerais de desenvolvimento da
atividade económica; EX: Constituição Económica, DUE – mercado interno
e as quatro liberdades, regime da concorrência e de propriedade);
intervenção (procurando os poderes públicos modificar ou condicionar o
comportamento dos operadores económicos; regulação económica);
atuação (assumindo os poderes públicos o papel de agente económico,
nomeadamente em termos de produção de bens ou prestação de serviços; um
agente económico é quem produz bens ou presta serviço).
A crise do crédito sub-prime, falência de Lemon Brothers, crise financeira
2008-2009, crise das dívidas soberanas (2011) – atuação publica: nível
nacional (intervenção pública direta e indireta; nacionalizações e reforma da
regulação); a nível europeu (novo quadro de regulação e supervisão) e a nível
internacional (G20 e critérios de Basileia).
Intervenções no plano legislativo: PPP, Regulação,
Concorrência e Privatizações.
Impacto da pandemia Covid-19 – até os EUA tiveram um pacote brutal do
orçamento estadual. Artigo Nótulas sobre o Impacto econômico da Covid-
19 (Alves Pardal, site da FDUL – revista da FDUL – número especial do
Covid-19). Tratou-se de uma crise que surgiu de repente/de supetão, crise
exógena/exterior ao sistema económico, crise que se abateu por diversos
canais (custo no sistema de saúde, efeitos comportamentais – pânico, Estados
tem de tomar medidas de confinamento que agravam mais o plano
económico), afetou o lado da procura (poder de compra diminui, medo de se
contaminar, restringem gastos a bens essenciais) e da oferta (Global
supply/value chains; as empresas são dependem umas das outras), crise de
duração desconhecida, choque simétrico (a crise afeta a todos sem excepção,
por exemplo as causas são assimétricas).
O Governo e o Presidente produziram legislação nessa matéria. Foram
restringidos alguns direitos fundamentais, como o da liberdade económica e
o da livre circulação. Medidas adotadas a nível europeu: preocupação com o
mercado único, com as liberdades de circulação e com a recuperação
econômica. Medidas adotadas a nível nacional: nacionalizações e moratórias
de crédito.
O direito da economia tem ondas. Durante a Troika o Estado interveio
menos, mas durante a pandemia teve de intervir com mais intensidade.

Aula 13/10/2021

Constituição Económica – conjunto de normas que sustentam/conformam


a intervenção pública (direta ou indireta) e privada na economia, estabelecem
princípios e regulam/organizam a atividade económica. Podem ser normas
de garantias (direitos e princípios gerais) e normas programáticas. É
diferente de Constituição Política (rege normas das entidades do Estado) –
prava disto é que quando houve uma ruptura da Constituição política, a
Constituição económica não foi afetada. Regula os fundos financeiros
direcionados para as intervenções do Estado.
5 fases na evolução da Const. Eco.: constituições econômicas
implícitas/Estado liberal (século XVIII e XIX), constituições econômicas em
sentido formal (século XX, surge este conceito e as normas constitucionais
econômicas destinadas a regulação da intervenção do Estado na economia),
constituições econômicas autoritárias (estruturação rígida da economia,
economia fechada), Welfare state (o Estado providencia aos cidadãos
direitos econômicos e sociais, maior intervenção do Estado), Estado
regulador (intervenção indireta, redução do peso do Estado na economia, não
territorialidade da atividade econômica).
Evolução económica portuguesa: constituições económicas liberais (3
bandeiras), const. Eco. Do Estado Novo (dirigismo do Estado), constituição
1976 (economia de mercado, economia socializante), revisão constitucional
de 1989 (economia social-democrática, ruptura da cons. Económica,
contexto atual).
Próxima aula: princípios da Constituição económica

Aula Prática 15/10/2021


Algumas normas que regulam a intervenção do Estado na economia não
estão consagradas na Constituição Económica.
Art. 80º da CRP – é um sumário dos princípios fundamentais da
Constituição Económica. Um princípio que é acrescentado pela doutrina é o
da Garantia dos Direitos Fundamentais Económicos Sociais.
Direito de Propriedade Privada – art. 62º da CRP – paradigmático e basilar
da organização económica. Não é aquele direito absoluto que caracterizava
a era Liberal. Abrange qualquer direito de valor pecuniário. É garantido a
todos, pessoas singulares ou coletiva. Implica o acesso a propriedade, uso
ou fruição, não privação da propriedade e transmissão em vida ou morte.
Dupla garantia: enquanto instituição e direito fundamental. São objeto de
reserva de lei parlamentar.
Requisição – privação excecional e temporária que incide sobre
bens móveis ou imóveis, justificando-se por um interesse público a realizar
com urgência.
Expropriação – ablação do direito de propriedade com caráter
definitivo e justificando-se por um interesse público, alterando o
domínio das situações jurídicas.
Os limites do direito a propriedade privada estão na CRP ou na própria lei.
Os que decorrem da CRP podem ser explícitos (art. 84º) ou implícitos. O art.
62º/2 também consagra um limite.
Direito de livre iniciativa privada – art. 61º da CRP – análogo aos direitos,
liberdades e garantias (art. 18º). Direito de iniciar uma atividade económica
e de organizar a mesma. Liberdade de acesso ou investimento, de criação de
empresas, de organização e de contratação. Os limites podem decorrer da
CRP (art. 57º/4, 86º/3) e da lei.
Art. 86º/3 da CRP – consagra uma faculdade cujo exercício legislativo (art.
165º/1/j) tem de ter em conta o princípio do Estado de Direito Democrático.
É análogo aos DLG no que diz aos quadros gerais e aspetos garantísticos da
liberdade de iniciativa económica, que digam respeito à liberdade de iniciar
empresa e de a gerir sem interferência externa. Lei 88/A 2017. Dupla
vertente: permite aos privados desempenharem uma atividade econômica e
garante a existência de um setor económico privado.
Art. 80º
Aula 15/10/2021

A emergência conceptual da Constituição Económica – o conceito provém


dos fisiocratas. A Constituição alemã de Weimar foi peregrina nessa matéria.
O relvo da Constituição começa a relevar no século XX. Alguns textos
Fundamentais que aspiravam regular as matérias económicas – a
constituição mexicana de 1917 com forte cariz revolucionário no plano
agrário (regula a intervenção do Estado apenas no plano agrário). A
constituição da república federal russa de 1918 com uma postura
acentuadamente antiliberal e de transformação da sociedade (não visava um
respeito pelos DF, mas sim uma mudança radical da sociedade; Estado de
Polícia). A constituição alemã de Weimar de 1919 foi o primeiro texto
constitucional do espaço da Europa ocidental a consagrar uma parte dedicada
à organização económica (não desrespeita a tradição das constituições
liberais, consagra e respeita a construção).
Constituição alemã de Weimar – antecedentes: período de forte
instabilidade na Alemanha no final da 1ª GM e a necessidade de
entendimentos, nomeadamente entre os sindicatos e as organizações
patronais (a criação em novembro de 1918 da Comunidade do Trabalho). As
eleições para a assembleia nacional constituinte e os projetos iniciais da
autoria de Hugo Preuss privilegiavam a simples estrutura organizativa do
Estado Alemão.
Consagra matérias com as nacionalizações e socializações de
empresas, racionalização e a planificação da produção, a função social da
propriedade e o reconhecimento dos sindicatos e das organizações patronais
(emanação do cunho compromissório).
A noção de constituição económica elaborada pelo ordoliberalismus –
Escola de Friburgo: concedia prioridade à elaboração de uma teoria
normativa sobre os elementos essenciais para assegurar o bom
funcionamento da economia no contexto da ordem política e constitucional;
advogava a importância quer das liberdades políticas quer das liberdades
económicas (nomeadamente das regras da concorrência que revestiriam um
caráter constitucional); preconizava a análise das relações das relações de
interdependência entre as liberdades económicas e a livre concorrência, por
um lado, com a necessidade de intervenção do Estado para assegurar o bom
funcionamento do mercado, por outro. Esta Escola destacava a importância
do caráter democrático da parte económica e influenciou a política alemã do
pós-guerra. Desempenhou um relevante papel na formulação do conceito de
economia social de mercado.
Constituição Económica Formal – parte II da CRP. Disposições sobre a
economia que constam de um texto constitucional. Fonte primária do
ordenamento, aquela cuja validade e eficácia se não fundamenta em qualquer
outra norma do ordenamento jurídico ou, noutra perspectiva, apenas as
normas do texto constitucional que incidem sobre matéria económica.
Constituição Económica Material – conjunto de princípios e normas
fundamentais do direito da economia, quer constem ou não do texto
constitucional ou, noutra perspectiva, as normas que têm importância
fundamental por definirem as bases das quais decorrem as demais normas da
ordem jurídica da economia.
Conceito Constituição Económica em sentido real – professor Paz Ferreira.
As 5 fases gerais da Constituição económica: Constitucionalismo
económico implícito, Constituição de Weimar, Constitucionalismo de cunho
autoritário, Constitucionalismo do Estado de bem-estar e Nova Constituição
Económica.
Constitucionalismo Económico Implícito – século XIX, não havia uma
parte dedicada a economia na Constituição. Revoluções liberais e rutura com
a ordem económica do antigo regime. Apenas se preocupava com a
regulação das relações entre o Estado e os cidadãos (Guarda Noturno). Duas
instituições fundamentais no plano político e económico: direito de
propriedade (ter) e liberdade econômica (fazer).
Constituição Alemã de Weimar – à organização do poder político
adicionou a organização da ordem económica. Aos direitos fundamentais de
cariz político acrescentou os direitos económicos e sociais. Assim a par da
democracia política comtemplou a democracia económica.
Const. de cunho autoritário – a grande depressã0 (1929), as incertezas na
Europa dos anos 30 do século XX, as políticas neoautárquicas, os regimes
de cariz totalitário, uma estruturação rígida da economia.
Const. do Estado de Bem-estar – a nova era pós 2ª GM, cooperação e
abertura às trocas comerciais no plano internacional. A influência do
Keynesianismo e a intervenção económica do Estado no plano nacional:
prisma jurídico-constitucional (Estado Social de Direito), plano económico
(conceito de economia mista), plano laboral (noção de democracia
económica e social).
As alterações da economia no plano internacional e nacional (anos 70):
fenómenos de integração supranacional, por um lado, e do regionalismo
centrífugo, por outro. O advento das correntes neoliberais e
neoconservadoras (monetarismo de Milton Friedman e outros, bem como a
Escola de “Public Choice” de Buchanam, Tullock e outros). A chegada ao
poder de políticos conservadores.
Nova Constituição Económica – a partir do último quartel do século XX
começa a esboçar-se uma nova fase do constitucionalismo econômico,
envolvendo fenômenos tais como: redução do poder do Estada na economia
e concomitante reforço de poderes da UE, reforço de poderes das entidades
regionais e locais, passagem de um Estado empreendedor para um Estado
regulador, não territorialidade da atividade económica e na interconexão
internacional.

Aula 18/10/2021

Percurso do Constitucionalismo Português – método de análise com base


no conceito de Constituição Material.
As quatro fases: CE liberal (implícita), CE corporativa, CE socializante e
Nova CE.
CE Liberal – não era conhecido o conceito de constituição económica.
Congrega com quatro constituições: constituições monárquicas (1822, 1826
e 1838), constituição republicana (1911, apesar de no plano política ter
ocorrido uma ruptura, a constituição económica não foi afetada). Relevo para
dois institutos: propriedade e liberdade económica.
CE Corporativa – o fim da 1ª república com a revolta militar de 28 de maio
de 1926, a doutrina corporativista (corporativismo de Estado – é
implementado pelo Estado na sociedade; corporativismo de Associação –
nasce da sociedade), a constituição corporativa de 1933 (primeira
constituição em sentido formal) e a ruptura com o ideário liberal no plano
político e económico.
Nesta constituição existia a contemplação de institutos fundamentais da
ordem económica liberal (propriedade privada e liberdade económica), mas
desprovidas de caráter absoluto. A descrença no ideário liberal do regime
corporativista: o exemplo da lei do condicionamento industrial.
CE Socializante – o 25 de abril de 1974 da ordem corporativa (ruptura no
plano político e económico), o período de enorme agitação social e
instabilidade política, a adoção de medidas ao nível económico e social de
jure et de facto (ocupações de empresas e de explorações agrícolas, adoção
de legislação no plano social e económico). O conceito de pré-constituição
económica (Souza Franco e Guilherme d’Oliveira Martins).
A constituição compromissória de 1976 (compromisso entre o princípio de
transição para o socialismo e o princípio da democracia representativa
pluralista). O texto constitucional original encontrava-se carregado de
expressões de índole revolucionária e coletivista. As disposições de relevo
para a ordem económica (Parte II) e o exemplo do princípio da
irreversibilidade das nacionalizações (antes deste período diversas empresas
foram objeto de nacionalizações – publicização da economia; a constituição
afirmava que estas empresas não poderiam ser desnacionalizadas).
O processo da neutralização ideológica – fase de transição. A revisão
constitucional de 1982 (criação do Tribunal Constitucional), a leitura
liberalizante por parte do legislador ordinário, o papel da jurisprudência
constitucional e a adesão de Portugal às (então) Comunidades Europeias
(Tratado de adesão, junho de 1985).
Nova Constituição Económica – a revisão constitucional de 1989
consubstanciou alterações (ruptura) na CE, tais como: a eliminação de
expressões e linguagem de índole revolucionária e coletivista (operação de
limpeza semântica), a eliminação do princípio da irreversibilidade das
nacionalizações e a sua substituição pelo princípio da admissibilidade das
reprivatizados.
A revisão constitucional de 1992 (o impulso constituinte europeu quanto à
previsível inserção do Banco de Portugal no sistema europeu de bancos
centrais). A revisão constitucional de 1997 (a doravante faculdade
constitucional de vedação de setores e a faculdade constitucional de criação
pela lei de entidades administrativas independentes).
A questão da articulação entre o Ordenamento Jurídico Nacional e o
Ordenamento da UE – o direito originário ou primário e o direito derivado
ou secundário, os sucessivos Tratados de revisão e adesão e a emergência da
constituição económica europeia em sentido material (mercado único e as 4
liberdades, a concorrência e a UEM).
Articulação entre ambos os ordenamentos – a questão da compatibilidade
do ordenamento jurídico português com o comunitário. Relevante é, pois,
apurar a ordem jurídica fundamental da economia, a que regula os aspectos
essenciais da atividade económica (nacional), a qual resulta da conjugação
da constituição económica europeia com a nacional.
Apelo à CRP (art. 7º, 8º e 112º) – cláusula de integração europeia (art.
7º/6), cláusula de receção das normas de direito da União (art. 8º), regime de
transposição dos atos jurídicos (art. 112º/8). O papel da jurisprudência
pretoriana europeia: princípio do primado, Teoria do efeito direito e
Interpretação conforme.

Aula Prática 20/10/2021

Art. 80º/al. A – refere-se que a economia deve estar conformada à


Constituição e a forma de governo democrática adotada. O poder económico
não pode sobrepor-se ao poder político. O decisor político não pode permitir
eu os interesses económicos tenham mais relevância que os interesses
políticos. É o poder político que não deve sujeitar-se ao poder económico.
Al. B – existem no ordenamento jurídico uma economia mista e plural, em
que há lugar para três setores diferentes que devem coexistir. Os três setores
devem existir. O art. 82º da CRP desenvolve melhores este princípio. O
legislado não pode eliminar qualquer destes setores. Constitui um limite
material de revisão constitucional previsto no art. 288º/al. F da CRP.
Hipótese Prática:
O Governo reunido em Conselho de Ministros decide adotar a seguinte
medida: Aprovar uma proposta de lei que altera a lei 88-A/97 de 25 de
Julho vedando a atividade bancária a todas as entidades integradas no
setor privado e no setor corporativo e social. Quid Iuris?
Restrição ao direito de livre iniciativa económica (art. 61º da CRP). Art.
86º/3 – só permite que seja vedada a livre iniciativa económica a certas
empresas privadas e não ao setor privado ou corporativo. Art. 165º/1 al. J –
matéria de reserva relativa da AR. O Governo não pode aprovar um diploma
com este conteúdo a menos que obtenha a autorização da AR para tal, ou
pode limitar-se a apresentar uma proposta de lei.

Al. C – liberdade de iniciativa dos três setores. Também se relaciona com


a coexistência dos setores.
Al. D – para o setor público deter os recursos naturais ou os meios de
produção deve ter em conta o interesse público.
Al. E – planeamento no sentido de organização. A CRP que o
desenvolvimento económico e social seja planeado democraticamente.
Al. F – tutela/proteção do setor corporativo e social. Art. 85º da CRP.
Al. G – corolário do princípio da democracia participativa. Essas entidades
devem ser envolvidas e consultadas por quem define as linhas das principais
medidas económicas e sociais. Art. 82º da CRP.

Aula Prática 22/10/2021

Nacionalização – apropriação pública dos meios de produção. São


permitidas as nacionalizações pela CRP (art. 83º), desde que que preenchidos
os requisitos. Estar prevista na CRP é uma forma de garantir o direito de
propriedade e a livre inciativa económica privada, visto que tal procedimento
tem regras a seguir. Tem de incidir sobre os meios de produção.
Requisitos formais – reserva relativa da AR (art. 165º/1 al. L e 2 CRP)
Requisitos materiais – deve ter como finalidade o interesse público (art.
80º/al. D e 165º/1 al. L – não significa que não pode gerar lucro para o
Estado); princípio da proporcionalidade, da igualdade, da concorrência, da
coexistência dos três setores (setor privado não pode desaparecer); direito à
indemnização (art. 83º).
Lei 62-A/2008 – Nacionaliza todas as acções representativas do capital
social do Banco Português de Negócios, S. A., e aprova o regime jurídico de
apropriação pública por via de nacionalização. Art. 1º - finalidade (motivos
excepções e fundamentados, necessário para salvaguardar o interesse
público).
Art. 2º - tem de ter a forma de Decreto-lei e tem e evidenciar o motivo da
escolha observando sempre o princípio da proporcionalidade, da igualdade e
da concorrência.
Art. 4º - indemnização (fórmula de cálculo).

Aula 22/10/2021
Princípios Fundamentais da Organização Económica-social (parte II da
CRP) – princípios gerais (art. 80º a 89º), planos (art. 90º a 92º), políticas
agrícolas, comercial e industrial (art. 93º a 100º) e sistema financeiro (art.
101º a 107º).
Souza Franco e Guilherme de Oliveira Martins – os princípios gerais não
são apenas os que constam do art. 80º. Os art. 58º e seguintes também
consistem em princípios gerais. Alves Pardal concorda com esta posição.
Os direitos fundamentais económico-sociais têm uma componente
subjetiva. Mas a economia portuguesa se versa em princípios gerais.
Direito de Propriedade Privada (art. 62º/1) – extensão da noção de
propriedade – noção que foca a propriedade sobre coisas (móveis ou imóveis,
mormente fundiária, mas abrange, de igual modo, a propriedade de quaisquer
direitos de valor pecuniários, como direitos de crédito e direitos de autor).
Metamorfose da conceção (liberal) que perspectivava a propriedade como
um direito absoluto, tendo evoluído para uma conceção relativa em
correspondência com a ideia da função social do direito de propriedade.
Estatuto geral é o art. 62º. O estatuto parcelar – art. 80º/al. B, 82º e 288º/al.
F da CRP.
Dupla garantia da propriedade: enquanto instituição (propriedade privada,
só porque consta da CRP que é protegida, mesmo com revisões deve existir
tal instituição) e enquanto direito fundamental (direito de propriedade).
Carlos Smith criticou a Constituição de Weimar e disse que algumas das
normas da constituição não conferiam direitos, mas sim explicitavam certas
instituições.
A garantia institucional: encontra-se constitucionalmente vedada ao
legislador ordinário colocar em causa a existência da propriedade privada na
ordem jurídica portuguesa, enquanto princípio da organização da sociedade
e da economia. Porém, o legislador não se encontra constitucionalmente
impedido de produzir legislação sobre os diversos direitos que são
abrangidos pela noção ampla de propriedade no art. 62º;
Enquanto direito fundamental é um direito económico, mas também é
considerado como um direito fundamental de natureza análoga aos direitos,
liberdades e garantias (art. 17º), beneficiando, por isso, da respetiva força
jurídica (art. 18º).
O valor da propriedade como sucedâneo ao direito de propriedade privada
– a CRP permite a expropriação por utilidade pública, mas delega que o
proprietário deve ser indemnizado (art. 62º/2). Requisição – bens móveis.
Expropriação – bens imóveis.
Livre inciativa económica privada – art. 61º da CRP – é um direito
económico fundamental, mas pode estar sujeito a condicionalismos e a
restrições. Não é absoluto. Triplo enquadramento: constitucional, legal e
tendo em conta o interesse geral.
Duas vertentes: uma manifesta-se na liberdade de iniciar uma atividade
económica (liberdade de estabelecimento, stricto sensu) e outra concretiza-
se na liberdade de organizar uma empresa (liberdade de empresa ou
liberdade empresarial).
Art. 80º/al. A – de acordo com o Tribunal Constitucional “o princípio...
exige, antes de mais, que o poder económico do Estado se subordine à
vontade popular, e requer, bem assim, que, na sua atuação, as organizações
empresariais (públicas, privadas ou cooperativas) não posterguem nunca o
interesse geral”.
Constitui um corolário do princípio do Estado de Direito Democrático e do
princípio da titularidade e exercício do poder por parte do povo nos termos
da Constituição (art. 108º). Consiste numa diretriz de atuação dirigida ao
poder político.
Os três setores de propriedade dos meios de produção (art. 80º/al. B, 82º e
288º): público, privado e cooperativo e social. Coexistência destes setores. É
um limite material de revisão constitucional. Está consagrado como um
princípio fundamental da organização económico-social. É objeto de
garantia institucional (art. 82º/2).
A definição de setores de propriedade dos meios de produção integra a
reserva relativa da competência da AR (art. 165º/1 al. J). Os limites dos 3
setores encontram-se sujeitos ao regime especial de veto (art. 136º/3 al. B).
Setor público – art. 82º/2 da CRP – é formalmente definido com base num
critério cumulativo. Subdivide-se em: estadual, regional e local.
Setor privado – art. 82º/3 da CRP – formalmente definido com base num
critério alternativo. Excetuam-se, no entanto, os meios de produção que –
não obstante a “propriedade” pertencer a pessoas privadas – se encontrem
integrados no setor cooperativo e social (art. 82º/3 in fine e 4).
Setor cooperativo – art. 82º/4 da CRP – composto por 4 subsetores:
cooperativo, comunitário, autogestão – exploração coletiva por
trabalhadores (experiência revolucionária a seguir do 25 de abril) e
solidariedade social.

Aula 25/10/2021

Art. 80º/al. C da CRP – parece uma replicação do art. 61º da CRP. Qual é
a razão deste artigo elencar a liberdade de iniciativa? O art. 62º fala apenas
na iniciativa privada e corporativa, mas não em iniciativa pública, visto que
os direitos servem para ser exercidos contra o Estado. A alínea C do art. 80º
serve para legitimar a iniciativa do Estado, pois este fala de forma abrangente
na liberdade de iniciativa e organização empresarial. O legislador de uma
forma suave constitucionalizou um conceito económico (juridificação –
conceito económico se torna um conceito jurídico): o conceito de economia
mista.
O que justifica a propriedade pública dos recursos naturais e de meios de
produção? O critério relevante é a existência de “interesse coletivo” ou
“interesse público” que justifique quer a manutenção de propriedade pública
de meios de produção (alínea D), quer a apropriação pública dos meios de
produção (art. 83º e 165º/1 al. L). Legitimação da propriedade pública.
Quanto à apropriação pública dos meios de produção, opera-se a remissão
para o regime constitucional e legal das nacionalizações (Anexo à Lei 62-
A/2008, de 11 de setembro).
O fato de a CRP prever as nacionalizações reforça as garantias dos
particulares, mas mesmo que não estivesse previsto não significa que seriam
proibidas as nacionalizações.
Planeamento democrático (desde o peso ideológico inicial ao desenho do
sistema de planeamento económico previsto na CRP assente nos planos de
desenvolvimento econômico e social).
Proteção do setor cooperativo e social de propriedade dos meios de
produção (proclamado como princípio fundamental da organização
económico-social, além da garantia institucional contemplada no at. 82º/4).
Participação na definição das principais medidas económicas e sociais
(corolário do princípio da democracia participativa previsto no art. 2º da
CRP).
Setor Privado de propriedade dos meios de produção – definido com base
num critério alternativo. Meios de produção cuja “propriedade” ou “gestão”
pertence a pessoas privadas (singulares ou coletivas).
Setor privado típico normal – propriedade e gestão pertencem a pessoas
privadas. Constituem 2 instituições que se encontram estreitamente ligadas
entre si, constituindo os dois pilares fundamentais deste setor (propriedade e
livre iniciativa). Pode ser alvo de restrições, que podem atuar sobre a
propriedade (nacionalizações ou a questão da reserva a favor do setor
público) ou a livre iniciativa económica.
Setor privado sui generis ou publicizado – propriedade privada e gestão
pública ou propriedade pública e gestão privada (EX: conceções).
Regime das nacionalizações – transferência efetiva (translada do setor
privado para o público) da propriedade dos meios de produção, por via
coactiva (Estado decide que irá ficar com aquela empresa, não ocorre por via
contratual), para entidades públicas, devido a razões de política económica e
social (Paz Ferreira).
Motivações: ideológicas (nacionalizações decorrentes de um programa
revolucionário), intervencionismo económico (colmatar as falhas de
mercado), teor punitivo (nacionalização da Renault a seguir à libertação da
França, em 1945), retaliatórias (nacionalização de uma empresa de
diamantes detida em parte por um Estado terceiro), afirmação na cena
internacional (nacionalização do canal Suez), evitar uma falência técnica
(caso RUMASA em Espanha) e contexto do risco sistémico (nacionalização
do BPN).
Risco Sistémico: é o risco decorrente de insolvência de uma entidade do
sistema financeiro poder provocar o colapso do sistema financeiro em geral,
afetando amplamente a economia; ou seja, é o risco de uma insolvência
poder causar um choque em cadeia que se propague por todo o sistema
financeiro. É o inverso do risco que afeta apenas uma unidade económica ou
um determinado grupo económico ou financeiro.

Aula Prática 27/10/2021


Acórdão do Tribunal Constitucional de 39/88 – faz uma análise sobre a
expropriação ou nacionalização sobre a ótica do texto constitucional. Os
critérios e a exigência para a indemnização do art. 62º e 83º são diferentes.
A questão que se coloca é qual a forma de cálculo da indemnização. Aqui
não vale o princípio da indemnização integral.

Caso Prático 1:
Imaginem que na sequência de uma ação de protesto dos empresários
do Transporte Rodoviário de Mercadorias o abastecimento de
combustíveis seriamente é posto em causa em todo o território nacional,
obrigando ao racionamento da distribuição de combustíveis e ao
encerramento de diversos postos de abastecimento. O Governo
confrontado com esta situação determina:
a) A nacionalização imediata das empresas de transporte rodoviário
envolvidas no protesto;
b) Concede aos anteriores proprietários a título de compensação
títulos de dívida públicas reembolsáveis a 40 anos;
c) Imposição de limites a iniciativa privada para a atividade de
transporte rodoviários de mercadorias.
Quid Iuris?
O art. 83º da CRP. Art. 4º/1 da lei sobre as nacionalizações. Indemnização
paga em 40 anos não parece razoável.
O Governo não precisa da autorização da AR para realizar uma
nacionalização. Na alínea C o Governo está a invadir uma matéria que
pertence a reserva relativa da AR, presente no art. 165º/1 al. J.

Aula 29/10/2021

O regime das nacionalizações – esta figura surge em setembro de 1974.


Banco Portugal, Banco Nacional Marinho e Banco de Angola foram
nacionalizados, por motivos de controlo da economia e da moeda. Em 11 de
março de 1975 se opera outras diversas nacionalizações (foram adotadas
medidas legislativas sobre as nacionalizações de bancos). Princípio da
irreversibilidade das nacionalizações (CRP 1976). Revisão de 1989 – surge
o princípio da admissibilidade das reprivatizações.
Polémica das indemnizações – os diplomas que nacionalizam as empresas
em 75 não se preocuparam com as indemnizações aos antigos acionistas,
visaram apenas nacionalizar. A questão da indemnização, que resulta do
Estado de Direito Democrático, ficou por se discutir. Desde o início foi
previsto que todos que tinham sido objeto de nacionalizações teriam de ser
indemnizados (princípio das indemnizações necessárias).
Qual é montante da indemnização? O legislador, em uma lei, cataloga os
acionistas, de forma que os grandes acionistas se sentiram prejudicados, pois
as percentagens de indemnização iam diminuindo. Muitos dos antigos
acionistas queriam receber a totalidade das indemnizações.
Marcelo Rebelo de Sousa, Fausto Quadros e Oliveira Ascensão
acreditavam que os acionistas deveriam ter direito à totalidade da
indemnização. Tal discussão foi parar nos tribunais. O art. 83º não diz nada
sobre justa indemnização, antes resulta da CRP o princípio da
correspondente indemnização. As nacionalizações surgiram antes da CRP e
o legislador entendeu que as indemnizações deveriam ser parciais à luz da
CRP.
A questão da reserva a favor do setor público – a CRP vedava certos setores
estratégicos, limitando a livre inciativa privada. Setores financeiros, setores
públicos fundamentais, indústrias em áreas estratégicas e indústrias de base
fiscal – Lei 46/77, de 8 de Julho. Panfleto de Alves Pardal.
A partir de 1980, o legislador ordinário procurou alterar a lei de vedação
dos setores, no sentido de reduzir os setores vedados e, desse modo,
liberalizar o regime de acesso à atividade da livre iniciativa económica
privada, o que não se mostrou tarefa fácil.
A CRP de 1982º extingue o Conselho de Revolução e cria o TC, o qual
atende o legislador ordinário, tendo como consequência uma liberalização
da economia. Lei 88-A/97 – 2ª lei de vedação de setores.
Saldo da trajetória de abertura de setores à inciativa privada. Ao longo dos
anos a liberalização da atividade económica portuguesa operou-se,
nomeadamente, por via das reprivatizações e por via da abertura de novos
setores à livre inciativa económica privada. O Estado passou a exercer uma
função de regulação, tendo a revisão constitucional de 1997 aditado também
um preceito, segundo o qual “a lei pode criar entidades administrativas
independentes”, mediante as quais o Estado exerce a função de regulação de
determinadas atividades económicas.
Por conseguinte, enquanto – desde meados da década de 90 – se processou
a redução da intervenção direta do Estado na economia, assistiu-se, por outro
lado, ao desenvolvimento d intervenção indireta do Estado.
Um lugar à parte na liberdade de acesso à atividades económicas é
normalmente atribuído ao regime do investimento estrangeiro. Em
economias autárquicas, este é naturalmente bem mais limitado. Em
economias abertas e integradas, como é atualmente a portuguesa, as
restrições ao investimento estrangeiro tendem a ser menores, sendo este
encarado mais como um processo de cumprimento de determinadas
formalidades, até porque, as mais das vezes, se procura atrair o investimento
a fim de contribuir para o desenvolvimento do país, tal como, aliás, o fazem
outros países no mundo.
Estado empresário – enquadramento normativo – a questão da intervenção
do Estado na economia, da atuação empresarial pública, da dimensão do
setor empresarial público e da configuração do setor empresarial público.
Fase da publicização da economia devido às nacionalizações, às reservas a
favor do setor público e, em geral, ao peso do Estado na economia (DL
260/76).
Fase da redefinição decorrente das reprivatizações e do impacto da
europeização da ordem jurídica da economia nacional (DL 558/99)
Fase atual em virtude da reestruturação do quadro normativo aplicável às
empresas públicas e do Memorando de Entendimento (MoU) celebrado no
âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira entre o Estado
Português e o FMI, a Comissão Europeia e o BCE (DL 133/2013).
Empresas criadas pelo Estado ou que tenham sido objeto de nacionalização
são empresas públicas.

Aula Prática 03/11/2021

Caso Prático 2:
Para fazer face uma situação de crise financeira o Governo resolve por
Decreto-Lei inibir a iniciativa económica privada no setor bancário. Por
Decreto-Lei distinto, determina a nacionalização de todos os bancos
nacionais e estabelecimentos bancários a operar em Portugal.
Art. 1º - só pode nacionalizar por motivos de interesse público. Governo não
fundamentou sua decisão.
Princípio da proporcionalidade, referido no art. 2º/2 não foi respeitado.
Nacionalizar todos os bancos de Portugal parece ser uma medida demasiado
extrema.
Art. 165º/1 al. J. Art. 86º/3. Não temos informação suficiente para saber o
contexto da decisão do Governo. Princípio da necessidade foi respeitado?

Caso Prático 3:
Empresa Energizar, S.A. foi objeto de nacionalização, tendo sido a
última empresa a ser nacionalizada no setor energético, atingido assim,
o Estado, o objetivo de proceder a vedação daquele setor à inciativa
económica privada. António e Bento, proprietários da empresa não
receberam qualquer indemnização.
Não parece que esse objetivo visa o interesse público. Art. 1º.
Art. 165º/1 al. J. Art. 83º CRP.
Art. 4º - os proprietários tem direito a indemnização, que deve ser avaliada a
luz da situação patrimonial e financeira da pessoa coletiva à data de entrada
em vigor do acto de nacionalização.
O setor não está vedado à inciativa privada. Só significa que naquele
momento as empresas são todas públicas. Para ser vedado tem que ser
através de lei.

Caso Prático 4
O Presidente da AR decide nacionalizar a maior empresa energética
portuguesa por entender que a maioria do atual capital social é
estrangeiro. Exclui, no entanto, qualquer hipótese de indemnização por
entender que o dinheiro dos contribuintes não deve ser gasto a
pagamentos a cidadãos estrangeiros.
Art. 2º - os actos de apropriação pública devem revestir forma de DL.
Não visa o interesse público, não e motivo excepcional. Art. 1º. Violação
princípio da necessidade. Art. 4º - direito à indemnização. Violação do
princípio da igualdade – discriminação. Art. 87º - existe legislação própria
para o domínio estrangeiro.

Aula Prática 05/11/2021

Art. 293º da CRP – princípio de admissibilidade de reprivatização.


Aprovada por lei de quadro por maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções. Tem de respeitar os princípios fundamentais do art.
293º. Al. A – forma de garantir a igualdade dos interessados. Al. B –
finalidades do capital proveniente das reprivatizações. Al. C – proteção dos
trabalhadores. Al. D – reserva de uma percentagem do capital social para os
trabalhadores. Al. E – para fixar o valor deve existir uma avaliação
independente (garantia de avaliação imparcial).
Art. 165º/1 al. L – reserva relativa da AR. Lei reforçada – deve ser
respeitada por outros diplomas.
Lei 11/90 – art. 1º - vem concretizar o art. 293º da CRP. Aplica-se a
reprivatizações e privatizações (analogia, antigo regime foi revogado). Art.
2º - empresas que não podem passar para o setor privado.

Aula 05/11/2021

Enquadramento normativo da atividade empresarial pública: DL 133/2013,


Código das Sociedades Comerciais, demais legislação (estatuto gestor
público. Principais diplomas anteriores: DL 260/76 e DL 588/99 (revogados)
1ª – fase da publicização da economia devido às nacionalizações às
reservas a favor do setor público e, em geral, ao peso do Estado na economia
(DL 260/76). 2ª – fase da redefinição decorrente das reprivatizações e do
impacto da europeização da ordem jurídica da economia nacional (DL
558/99). 3ª – fase atual em virtude da reestruturação do quadro normativo
aplicável às empresas públicas e do Memorando de Entendimento (MoU)
celebrado no âmbito do Programa Assistência Económica e Financeira entre
o Estado Português e o FMI, a Comissão Europeia e o BCE (DL 133/2013).
São empresas públicas as empresas criadas pelo Estado, com capitais
próprios ou fornecidos por outras entidades públicas, para a exploração de
atividades de natureza econômica ou social, de acordo com o planeamento
econômico nacional, tendo em vista a construção e desenvolvimento de uma
sociedade democrática e de uma economia socialista. São também EP e
estão, portanto, sujeitas aos princípios consagrados no presente diploma as
empresas nacionalizadas. Empresas detidas na totalidade pelo Estado – DL
260/76.
DL 588/99 – muda a concepção devido as reprivatizações (muitas das
empresas públicas passaram a ser privadas ou parcialmente privadas), devido
ao Direito Comunitário (por influência da Escola de Direito Público
Francesa, o conceito de EP mudou; EP é uma empresa em que p Estado
exerce uma influência dominante, precisa deter no mínimo 51%) e a
racionalização da gestão (as EP pós 25 de abril estavam cheias de vícios, pois
faziam tudo que os Ministros da Fiança ou da Tutela diziam; havia que
responsabilizar ainda mais os gestores e reforçar o caráter empresarial dessas
entidades).
A fase atual ocorreu principalmente por influência da Troika. Empresas
Públicas sob forma societárias (art. 5º/1 e 13º/1 al. A) – definição resultante
da adição de 2 critérios: formal (forma de constituição) e funcional (exercício
de uma influência dominante do Estado). Empresas públicas empresariais
(art. 5º/2 e 13º/1 al. B e 56º).
Processo de constituição (art. 10º), alteração dos estatutos (art. 36º),
transformação, fusão ou cisão (art. 34º), extinção (art. 35º). Art. 10º/1 –
inciativa dos membros do Governo (área setorial e áreas das finanças),
elaboração de estudos técnicos sobre a viabilidade econômico-financeira da
entidade a constituir, parecer prévio da Unidade Técnica de
Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (ato
preparatório obrigatório, mas não vinculativo), autorização dos membros do
Governo.
Regime Jurídico geral: direito privado (art. 14º), neutralidade competitiva
(art. 15º), transparência financeira (art. 16º) e regime laboral (art. 17º e ss).
Orientações e controlo (art. 24º e ss), Estrutura de governo societário (art.
30º e ss), princípios de governo societário e função acionista (art. 37º e ss).
Natureza jurídico Privada, capital social, criada nos termos da lei comercial.
As Empresas Públicas Empresariais eram aquelas detidas na totalidade
pelo Estado. Art. 56º. Pessoas coletivas de direito público, tem natureza
empresarial (jurídico pública) e são cridas pelo Estado mediante DL para a
prossecução de seus fins. Criação (art. 57º), autonomia e capacidade jurídica
(art. 58º) e capital estatutário (art. 59º). Capital estatutário e criada por DL.
Modalidades EP – EP em geral, EP com poderes de autoridade (art. 22º)
ou EP encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral (art.
55º). Empresas Participadas (art. 7º) – critério de não exercício de influência
dominante e critério das participações permanentes.

Aula 08/11/2021

Privatizações – a crise dos anos 70 dos séculos XX – economia passou por


estagflação num âmbito internacional. Crise do Brexit e crise do petróleo.
Escola de Chicago e Escola da Public Choice ganharam importância em suas
críticas a excessiva intervenção do Estado na Economia. Margareth Tatcher
teve grande relevância.
Movimento de privatizações no Reino Unido – Margareth contesta a
intervenção do Estado na economia. Razões económicas (o argumento de
maior eficácia e eficiência do privado), razões sociais (disseminação das
participações sociais no contexto do “capitalismo popular”) e razões
políticas (o propósito de esvaziar o poder dos sindicatos – força motriz do
“Labour” – porquanto as EP eram vistas como um baluarte do poder
sindical).
Nos anos 90 – ambiente propício para as privatizações na Europa
Ocidental, América Latina, África e nos países que substituíram a
planificação econômica central por sistema de economia de mercado
(alteração de sistema).
Noções de privatização – o problema da polissemia da expressão
“privatização” (comportando vários sentidos e dificultando o seu tratamento
técnico-científico). Sentido bastante amplo: processos de alteração dos
regimes de intervenção do Estado na economia (desregularização). Sentido
amplo: abertura à inciativa de setores que lhes estavam vedados. Sentido
restrito: transferência do setor público para o setor privado da propriedade
e/ou gestão dos meios de produção.
Reprivatização: transferência do setor público para o setor privado da
propriedade e/ou gestão dos meios de produção que anteriormente tinham
integrado o setor privado (ideia semelhante a desnacionalização).
Quadro normativo: Lei 71/88, de 24 de maio (alienação das participações
do Estado), Lei 84/88, Revisão Constitucional de 1989 (eliminação do
princípio da irreversibilidade das nacionalizações e consagração do princípio
da admissibilidade das reprivatizações), Lei de quadro das privatizações
(LOP, Lei 11/90 e suas respectivas alterações: Lei 102/2003 e Lei 50/2011).
LOP – âmbito de aplicação – art. 1º e 2º. Art. 3º - objetivos. Art. 4 –
transformação em sociedade anónima. Art. 13º/2, 3 e 4.
Na redação original, permitia-se a limitação do montante das ações a
adquirir ou a subscrever por entidades estrangeiras (art. 13º/3). O DL 65/94
fixava o limite das ações a adquirir ou subscrever por entidades. A lei
102/2003 veio a revogar o artigo e a referida lei. Deixou de haver
discriminação.
Art. 6º/1 – processos de reprivatização.
Modalidades – art. 6º/2 e 3. Regime Geral: concurso público e oferta na
bolsa de valores. Regimes excepcionais: concurso aberto a candidatos
especialmente qualificados ou venda direta (art. 6º/3 e 8º). A questão do
método de bookbuilding. Nº 4 – remissão para art. 22º (proibição de
aquisição aos membros do Governo em funções e aos membros das
comissões especiais).
Art. 11º e 12º - categorias especiais de subscritores – trabalhadores,
pequenos subscritores e emigrantes (revogado pela Lei 50/2011). Art. 16º e
17º/3 - destino das receitas obtidas; excepção à regra da não consignação.
Art. 5º e 20º.

Aula Prática 10/11/2021

Art. 4º - prevê o primeiro passo do processo de privatização.


Transformação em sociedades anónimas através de DL.
Art. 5º - avaliação prévia feita por entidades independente escolhidas por
concurso público. Para ter certeza que a avaliação é feita de uma forma
imparcial e justa, de forma que se garanta a valorização da empresa e a
prossecução do interesse público.
Art. 6º - modalidades de privatização. Remete para o art. 293º da CRP. Art.
13º - a modalidade escolhida deve constar no DL da privatização. Art. 7º e
8º especifica como devem ser feitas tais modalidades.
Art. 14º - estabelece a parte formal do processo. Comissões especiais
devem acompanhar o processo, de forma a garantir certos princípios que
devem pautar a privatização – art. 20º.
Art. 19º - referência ao art. 193º/1 al. C – princípio da manutenção dos
direitos e obrigações dos trabalhadores. Art. 12º - remete art. 293º/1 al. D –
reserva de ações para os trabalhadores. Preocupação social com os
trabalhadores e também evitar resistência por parte destes.
Art. 16º - distingue as receitas obtidas. As receitas devem ter os fins
especificados no art. 293º da CRP. Art. 17º - empresas públicas regionais.
Art. 18º - o produto das receitas deve constar do Orçamento de Estado.
Art. 21º - serve para evitar conflito de interesses. Art. 22º - proibição de
aquisição de ações. Quando compram em bolsa não se aplica este artigo.

Aula 12/11/2021

Direito da concorrência – antecedentes: Instituições fundamentais da


ordem económica da época liberal: propriedade privada e liberdade
económica. A concorrência não se revelava uma preocupação fundamental,
pois depreendia-se da liberdade económica. Porém, foram surgindo
problemas, afetando a concorrência entre os agentes económico.
Origens – influência norte americana – Sherman act (1890); Federal Trade
Commission Act (1914), Clayton Act (1914), Lei Webb-Pomerene (1918) e
Celler-Kefauver Act (1950).
DC em PT – interrupção do ideário liberal com a Constituição corporativa
de 1933 (o Estado corporativo era adverso ao DC, pois queria ter peso na
economia. Com Marcello Caetano ocorre a Primavera Socialista, onde foi
esboçado um DC, que, entretanto, nunca entrou em vigor). A fase
revolucionária e a fase da constituição econômica socializante (versão
original 1976). A alteração de paradigma resultante da (eventual) adesão às
Comunidades Europeias. O DL 422/83, de 3 de dezembro. O DC só surge
com a adesão de PT às Comunidades Europeias (os parceiros comunitários
perguntavam sobre a legislação de DC, sendo que esta foi esboçada dois anos
antes da efetiva adesão).
DL 371/93, L 18/2003 e L 19/2012 (influência da Troika)
Teoria do Dano Potencial e Teoria do Dano efetivo.
Teoria da Concorrência Condição – A concorrência é indispensável para
o funcionamento da economia (é uma condição). Refletida no Sherman Act
(interpretação liberal, porém a jurisprudência foi atenuando esta
interpretação).
Teoria da Concorrência Meio – a concorrência é um meio do bom
funcionamento da economia.
O quadro normativo da concorrência da UE – relevo das regras e a
importância do DC europeu para o ordenamento jurídico português (lei
plasmada sobre este).
Dupla função do DC – Função genérica: garantia do correto
funcionamento de um sistema de economia de mercado. Função específica:
contribuir para a criação e funcionamento do mercado único (Direito da UE
tem uma função de integração, impedir barreiras artificiais).
Estrutura: A- Conjunto de regras dirigidas diretamente aos operadores
económicos (categoria distintas de regras). B- Conjunto de regras que visam
fundamentalmente a ação dos Estados Membros.
Conjunto A – art. 101º TFUE – regras sobre acordos entre empresas,
regras sobre decisões de associações de empresas e regras sobre práticas
concertadas – proibição global, admite-se excepções. Art. 102º - proibição
absoluta – regras sobre abuso de posição dominante – não se admitem
excepções. Direito derivado: controlo prévio das operações de concentração
de empresas (Take overs).
As empresas podem celebrar acordos, mas se estes visarem impedir a
concorrência serão proibidos. Há tantas manifestações quanto as empresas
envolvidas. Associação de empresas – a uma manifestação em impedir a
concorrência. Prática concertada – não se identificam manifestações de
vontade.
A posição dominante pode ser de uma ou mais empresas. Tal posição não
é proibida, mas sim seu abuso.
Controlo sobre operações de concentração de empresas – Regulamento
(CEE) nº 4064/89, do Conselho. Livro verde de 2001. Regulamento (CE) nº
139/2004, do Conselho.
Conjunto B – Art. 107º TFUE – Auxílios de Estado. É preciso que estes
sejam seletivos. Positivos – Estado dá subvenções. Negativos – Estado
perdoa impostos.
Âmbito de aplicação das normas europeias da concorrência – o princípio
dos efeitos anticoncorrenciais (critério da territorialidade objetiva), a noção
de empresa (unidade económica), a susceptibilidade de afetar as trocas
intercomunitárias (comercio entre os Estados membros) e a questão da
dimensão do mercado (a noção de mercado relevante).
Princípio dos efeitos anticoncorrenciais – critério da territorialidade
objetivo: a definição do território da UE (local de funcionamento da empresa
importa) e a relevância dos efeitos anticoncorrenciais (os comportamentos e
os efeitos. A hipótese dos efeitos anticoncorrenciais indiretos. A questão dos
efeitos anticoncorrenciais levados a cabo por empresas localizadas fora do
território da UE.
Noção de empresa – o facto do TFUE não oferecer uma noção de empresa
(art. 101º e 102º). O contributo da jurisprudência pretoriana do Luxemburgo
para a orientação interpretativa dos elementos da noção. A configuração de
uma noção ampla de empresa (não se confinando à noção de direito
comercial). O relevo de um critério funcional (unidade económica, singular
ou coletiva, privada ou pública, em que há um exercício permanente de uma
determinada atividade económica e que apresenta autonomia real nas suas
decisões e comportamentos. Isto é importante porque nos diz quando se
aplica ou não o DC.
Susceptibilidade de afectar as trocas intracomunitárias – o critério da
susceptibilidade de afectar o comércio entre os Estados membros: regra da
competência (delimitação em relação aos ordenamentos jurídicos nacionais)
e norma material (velar pelo funcionamento do mercado interno).
Questão da dimensão do mercado – a importância da noção de mercado
relevante (a necessidade da delimitação de mercado). O critério do mercado
geográfico relevante (a área em que as empresas em questão fornecem bens
ou prestam serviços). O critério do mercado de produto relevante (a análise
dos produtos ou serviços que sejam permutáveis ou substituíveis pelo
consumidor em face nomeadamente das respetivas características e preços).

Aula 15/11/2021

Art. 101º/1 TFUE – proibição global de coligações (acordos entre


empresas, decisões de associações de empresas e práticas concertadas).
Pressupostos de aplicabilidade: estarmos perante uma coligação (acordos,
decisões ou práticas), susceptibilidade de afetar o comércio dos estados
membros e que tenham por objetivo ou efeito impedir, restringir ou falsear a
concorrência no mercado interno. Este número tem exemplos mais comuns,
que ocorrem frequentemente.
Nº 2 – cominação a sanção da nulidade (não concedendo, assim, qualquer
tutela aos acordos ou decisões supra citados). Além da nulidade pode haver
lugar à aplicação de outras sanções.
Nº 3 – contempla o princípio da excepção à proibição global do nº 1. Teoria
do Balanço Económico. Condições: contribuir para melhorar a produção ou
a distribuição dos produtos ou para promover o progresso técnico ou
económico; reservar aos utilizadores uma parte equitativa do lucro daí
resultante; não impor às empresas em causa quaisquer restrições que não
sejam indispensáveis à consecução desses objetivos; e não darem a essas
empresas a possibilidade de eliminar a concorrência relativamente a uma
parte substancial dos produtos em causa. As duas primeiras são condições
positivas e as outras negativas. Reflexo da Teoria da Concorrência Meio.
Art. 102º - Previsão de uma proibição geral e absoluta (sem excepções).
Elementos da figura do abuso de posição dominante: a susceptibilidade de
afetar o comércio dos Estados membros; uma ou mais empresas com posição
dominante; exploração abusiva dessa posição; no mercado interno ou numa
parte substancial deste. A disposição não define posição dominante (poder
econômico, pode exercer atividade independentemente dos concorrentes e
dos consumidores) e exploração abusiva. Este artigo também contém
exemplos padrão.
Definição concentração de empresas (art. 3º/1 RCC)
Art. 107º/1 – Princípio da incompatibilidade dos auxílios de Estado.
Critério de seletividade.
Nº 2 – excepções automáticas. Al. C – importância histórica, se relaciona
com a Unificação Alemã. Al. A e B – importância durante o Covid-19. Nº 3
– excepções facultativas, não automáticas. Al. B – importante durante o
Covid-19.
DC em PT – DL 422/83; DL 371/93; Lei 18/2003 e Lei 19/2012
Lei 19/2012 alterada pela Lei 23/2018 (por força de disposições da UE).
Regras dirigidas diretamente aos operadores económicos: acordos entre
empresas, decisões de associações de empresas e práticas concertadas (art.
9º e 10º, este último contém a Teoria do Balanço Económico); abuso da
posição dominante (art. 11º), abuso de dependência económica (art. 12º);
operação de concentração de empresas (art. 36º e seguintes). Regras relativas
ao Estado: auxílios públicos (art. 65º).
Âmbito de aplicação – de acordo com o princípio de aplicação universal.
Art. 2º/1 e 2. Noção de empresa – critério funcional (art. 3º/1 e 2); uma
associação ou uma fundação pode ser considerada empresa.
Autoridade da concorrência – Lei-quadro das entidades reguladoras Lei
67/2013. Estatutos da Autoridade da Concorrência aprovados pelo DL
125/2014. Pessoa coletiva de direito público, com a natureza de entidade
administrativa independente (art. 1º dos Estatutos).

Aula Prática 16/11/2021

O Governo decidiu aprovar a reprivatização da EP Siderurgia Nacional


nacionalizada em 1975 mediante um DL, no qual se estabelecia a
realização de uma primeira fase de reprivatização por concurso público
(40%) para a escolha de um parteiro estratégico e uma segunda fase por
oferta pública de venda no mercado de capitais. O mesmo diploma legal
prevê a criação de 100 ações privilegiadas na empresa de Siderurgia
Nacional, obrigatoriamente detidas pelo Estado e conferindo-lhe direito
de oposição contra quaisquer operações societárias contrarias ao
interesse nacional. Quid Iuris?
Estamos a aplicar este diploma porque se encaixa no âmbito de aplicação do
art. 1º da Lei 11/90.
Art. 4º - EP serão transformadas em sociedades anónimas mediante DL.
Forma foi respeitada.
Quanto ao concurso público e a oferta pública, estas modalidades estão
previstas no art. 6º/2 como forma típica.
Golden shares – estavam previstas no art. 15º que foi revogado, regime
incompatível com o direito da UE. Ações com estas características não são
permitidas.

Para fazer face uma situação de crise financeira o Governo resolve por
Decreto-Lei inibir a iniciativa económica privada no setor bancário. Por
Decreto-Lei distinto, determina a nacionalização de todos os bancos
nacionais e estabelecimentos bancários a operar em Portugal.
Uns anos mais tardes e após a estabilização dos mercados financeiros, o
Governo determina a reversão das empresas nacionalizadas aos seus
antigos proprietários e invoca que a lei 11/90 não é aplicável.
Art. 293º/1 – Lei de quadro aprovado por maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funções. No caso a Lei 11/90. Aplicação por analogia caso
tenham sido nacionalizadas antes do 25 de abril. Art. 1º da Lei 11/90.
Para voltar para os antigos proprietários tem de ocorrer uma venda directa,
mas para tal é necessário que o interesse nacional ou a estratégia definida
para o setor o exijam ou quando a situação econômico-financeira da empresa
o recomende. Tem de existir uma fundamentação, não é porque o Estado
quer.

Aula Prática 17/11/2021

Empresa Energizar, S.A. foi objeto de nacionalização, tendo sido a


última empresa a ser nacionalizada no setor energético, atingido assim,
o Estado, o objetivo de proceder a vedação daquele setor à inciativa
económica privada. António e Bento, proprietários da empresa não
receberam qualquer indemnização.
Com a estabilização do setor a Empresa Energizar, S.A., que se dedica
a distribuição de energia vai ser objeto de reprivatização. Nesse sentido,
o Governo pretende realizar um concurso público para que se proceda
a alienação de 47% do respectivo capital social e uma oferta pública de
venda para acrescidos 10% deste capital. O DL que tem como objeto o
processo de reprivatização reserva 2% das ações sociais para a
subscrição preferencial dos trabalhadores das empresas. Durante os
procedimentos o Governo decide não sujeitar esse processo ao regime
da Lei 11/90, afirmando que a empresa em causa foi criada por e avança
com a reprivatização sem a autorização do Conselho de Ministros.
A lei 11/90, no seu art. 1º, refere que está dentro de seu âmbito de aplicação
as reprivatizações que ocorreram depois de 25 de Abril de 1974. Para as
empresas que foram nacionalizadas antes desta data aplica-se o mesmo
regime por analogia.
O concurso público e a oferta de venda pública são as modalidades típicas
previstas no art. 6º/2.
A reserva de ações sociais para a subscrição preferencial dos trabalhadores
é permitida pelo art. 12º/1 da Lei 11/90 e consiste numa concretização do art.
293º/1 al. D da CRP. A lei não nos diz um valor exato, mas o TC aponta que
deve ser feita uma avaliação caso a caso sobre qual a respectiva
percentagem/montante específica.
Art. 14º - cabe ao Conselho de Ministros aprovar as condições finais e
concretas das operações a realizar em cada processo de reprivatização. Falta
de forma adequada para a reprivatização por não cumprimento dos
requisitos.

O Presidente da AR decide nacionalizar a maior empresa energética


portuguesa por entender que a maioria do atual capital social é
estrangeiro. Exclui, no entanto, qualquer hipótese de indemnização por
entender que o dinheiro dos contribuintes não deve ser gasto a
pagamentos a cidadãos estrangeiros.
Mais tarde o PR da AR reconsidera e volta a privatizar a empresa por
venda direta a um casal português.
Art. 6º/3 e 8º. Não pode venda direta. Ilegal.

Por lei aprovada por unanimidade no par é vedada a atividade de


cafeteria e restauração ao setor privado para minimizar os riscos
associados a pandemia Covid 19. Estipula-se a imediata nacionalização
de todos os estabelecimentos privados deste setor e a atribuição de uma
indemnização de 500 euros para os proprietários.

Lei pode vedar setor privado. Art. 2/1 – deve revestir forma de DL. Nº2.
Este setor não pode ser nacionalizado. Art. 1 – nacionalização apenas com
um interesse público.
Art. 86/3. Art. 165.
Art. 4º/1 – indemnização, não pode ser o mesmo valor para todos
Aula Prática 19/11/2021

Suponha que o Governo decide privatizar a Armas e Munições, S.A.,


empresa que tinha sido nacionalizada em 1975, que se dedica à produção
e comércio de munições e armamento para forças armadas e, também,
para utilização civil. Neste contexto, o Governo determina:
a) Reservar 0,5% do capital social a privatizar para venda, nas
mesmas condições, aos trabalhadores da empresa;
b) Manter uma participação de 0,01% no capital social da empresa,
com direitos especiais que facultam ao Estado, entre outros,
poderes de veto sobre a entrada de novos acionistas; aquisição de
outras empresas ou alteração dos estatutos;
c) Proceder à venda direta de 70% do capital social a uma sociedade
chinesa uma vez que tal permitirá alargar os mercados onde a
Armas e Munições, S.A. atua;
d) Afetar o produto da venda à construção de um novo hospital em
Lisboa. Quid Iuris?
De acordo com o art. 1º da Lei de Quadro das Privatizações, este mesmo
diploma aplica-se também nos casos de reprivatização da titularidade ou do
direito de exploração de meios de produção e outros bens nacionalizados
depois de 25 de Abril de 1974.
Quanto a reserva do capital social aos trabalhadores da empresa, a mesma
está prevista no art. 12º da Lei 11/90, sendo esta norma uma concretização
do art. 293º/1 al. D da CRP. Porém, estes artigos nada dizem sobre a
percentagem do capital social a ser reservada aos trabalhadores. O Tribunal
Constitucional ao ser chamado para se pronunciar sobre o assunto, entendeu
que a percentagem deve ser calculada caso a caso, tendo-se sempre em conta
a quantidade de trabalhadores na empresa e o capital social a ser privatizado.
Todavia, ainda que o caso não ofereça informações sobre o número de
trabalhadores da empresa, 0,5% do capital parece ser uma percentagem
demasiado pequena.
Relativamente a alínea B da hipótese prática em questão, parece estar em
causa a figura das Golden shares. Através da detenção destes direitos
especiais (golden-shares) procurava-se essencialmente controlar a estrutura
intra-empresarial e, de forma reflexa, a atuação da empresa no mercado.
Porém, o art. 15º da lei 11/90, que previa a existência das ações privilegiadas
foi revogado, visto que tal norma foi considerada incompatível com o direito
da União Europeia. Assim, ações com estas características não são
permitidas.
Com relação a alínea C, o art. 6º/3 da lei de quadro das privatizações prevê
que as reprivatizações só poderão ser realizadas através da venda directa em
casos excepcionais, nomeadamente, quando o interesse nacional ou a
estratégia definida para o sector o exijam ou quando a situação econômico-
financeira da empresa o recomende. O caso prático não oferece informações
suficientes para determinar se os requisitos deste artigo foram preenchidos.
Caso não se verifiquem as situações supramencionadas estares perante um
caso de ilegalidade.
Por fim, quanto a última alínea do caso prático, o art. 16º, em respeito ao art.
293º/1 al. B da CRP, define quais os destinos das receitas obtidas com a
reprivatização. Porém, tal artigo não prevê como possível destino a
construção de hospitais. Dessa forma, as receitas da reprivatização não
poderão ser utilizadas para tal finalidade.

A empresa Lusoenrgia S.A. atua no setor energético e é a principal


fornecedora de energia do país. Perante a deterioração possível da sua
situação financeira e comercial, o Governo considera necessário
proceder à sua nacionalização.
No âmbito da nacionalização e preocupado com as finanças públicas, o
governo pretende excluir o pagamento de qualquer indemnização aos
acionistas.
Mais recentemente, recuperada a situação financeira da empresa, o
governo pretende proceder à sua reprivatização nos termos legais. Neste
contexto, o Governo pretende proceder à venda direta de 70% do capital
social a um casal português.
Art. 1º - as nacionalizações tem como finalidade salvaguardar o interesse
público. Tendo em conta que o setor de energia é um setor básico e essencial
que está em crise, justifica-se sua nacionalização.
Art. 2 – os actos de apropriação pública devem ter a forma de DL e deve
respeitar os princípios da proporcionalidade, da igualdade e da concorrência.
Art. 4º - aqui está em causa o princípio da necessidade da indemnização.
Deve sempre haver indemnização e esta deve ser calculada tendo-se em
conta o valor dos respectivos direitos, avaliados à luz da situação patrimonial
de financeira da pessoa coletiva a data da entrada em vigor do ato de
nacionalização. O art. 83º também consagra a existência de indemnizações.
Foi revogada a lei da irreversibilidade das nacionalizações. Art. 293º -
possibilidade de reprivatização. Este artigo permitiu a criação da lei de
quadro.
Art. 1º da Lei 11/90 – o diploma também se aplica as reprivatizações das
empresas nacionalizadas depois do 25 de abril de 1974. Mesmo que a
nacionalização tenha ocorrido antes desta data, o diploma aplica-se
analogicamente.
Art. 6º/3 – a venda directa só pode acontecer em casos excepcionais,
nomeadamente, quando o interesse nacional ou a estratégia definida para o
sector o exijam ou quando a situação econômico-financeira da empresa o
recomende. O caso prático não oferece informações suficientes para
determinar se os requisitos deste artigo foram preenchidos. Caso não se
verifiquem as situações supramencionadas estares perante um caso de
ilegalidade. Art. 8º. Devem ser utilizadas as modalidades do nº2.

Aula 19/11/2021

CRP, TFUE, Lei nacionalização, Vedação do setor Privada, Setor


Empresarial Público, Participações de Estado, lei nacional da concorrência,
Lei de quadro privatizações – Frequência.
O impacto da pandemia Covid-19 tem sido avassalador à escala mundial.
Além do forte caráter infeccioso, colocando em perigo a vida de seres
humanos, esta pandemia constitui um enorme choque para a economia
mundial, europeia e nacional. A propagação deste Vírus a partir da China
alastrou-se rapidamente a nível global.
Com vista a sustar a propagação do vírus, limitar o custo humano
provocado pela pandemia e atenuar a sobrecarga aos sistemas de saúde,
foram adotadas em diversas partes do mundo medidas. A comissão europeia
apresentava, em meados de março de 2020, um conjunto de propostas para
uma “resposta económica coordenada ao surto Covid-19”. Após reiterar que
a Covid-19 constituía uma grave emergência de saúde pública para os
cidadãos, as sociedades e as economias, esta Instituição Europeia enfatizava
a necessidade da adoção de medidas económicas coordenadas, manifestando
preocupação, entre outras matérias, com a agro alimentação.
Em matéria agroalimentar, por exemplo, a FAO tem chamado a atenção
para os inúmeros bloqueios e disrupções que despontaram na sequência da
crise pandémica, dificultando o acesso aos bens alimentares e causando
perdas e desperdícios avultados, nomeadamente quanto a produtos agrícolas
perecíveis, tais como frutas e hortícolas, peixe e carne.
No contexto geral, as medidas adotadas pelos EM para o controlo da
pandemia, tais como a reintrodução de controlos nas fronteiras ou até mesmo
o encerramento destas, a limitação de circulação, o confinamento e
isolamento de partes do territórios nacionais (red zones), acabaram por gerar
longas filas decorrentes dos controlos fronteiriços, bloqueios das rotas de
transporte, atrasos e interrupções, prejudicando, por conseguinte, a
circulação e o fornecimento de produtos, nomeadamente, dos
agroalimentares.
Desencadearam-se disrupções ao nível logístico e dos transportes.
Consequentemente, o abastecimento começou a revelar-se problemático,
especialmente quanto aos produtos agroalimentares, farmacêuticos e EPI.
Acresce, ainda, que as medidas restritivas adotadas pelos EM comportam
repercussões negativas.
Assim, se no curto prazo – e apesar do excesso de compras de bens
alimentares por parte de muitos consumidores (panic-buying) – não se
registraram perturbações significativas.
A nível internacional, muitos Estados adotaram medidas restritivas, quer
no plano interno quer no plano externo. Também a nível da UE, muitos EM
adotaram medidas restritivas, quer no plano interno, quer no plano externo.
Além disso, os EM sentiram necessidade de implementar auxílios públicos
a favor dos setores económicos particularmente atingidos. É neste contexto
que relavam as regras da concorrência, quer no que concerne a assegurar o
funcionamento do mercado interno (art. 26º e art. 101º e ss do TFUE), quer
com o objetivo de permitir (mas disciplinar) a concessão de auxílios públicos
(art. 107º).
No contexto da pandemia, os artigos 101º e 107º do TFUE foram
essenciais.
Art. 107º/2 al. B – a luz deste conceito que se pode enquadrar alguns tipos
de auxílios concedidos pelos EM. O Tratado não define “ocorrência
excepcional”, sendo esta interpretada de forma restritiva (Comissão
Europeia e TJUE). Requisitos: imprevisibilidade, impacto económico e
caráter extraordinários (a pandemia preenche os três).
A UE não é um país. Seu orçamento é reduzido e é equivalente a 1% do
valor do produto interno bruto. Por isto, a primeira reposta da Comissão à
pandemia não foi financeira.
Tendo em conta a dimensão limitada do orçamento da UE, a Comissão
defende o princípio de que a principal resposta orçamental ao coronavírus
deverá ser facultada pelos orçamentos nacionais dos EM. No sentido de os
EM poderem auxiliar as empresas a braços com restrições de liquidez (pouco
dinheiro no bolso, mas não um problema de insolvência) e com dificuldades
ao nível dos investimentos, a Comissão Europeia adotou um “Quadro
temporário relativo a medidas de auxílio de estatal em apoio da economia no
atual contexto do surto de Covid-19.
Ao abrigo deste regime, abre-se a possibilidade de atribuir por parte dos
EM de auxílios temporários de montante limitado às empresas, sob diversas
formas (subvenções diretas, adiantamentos reembolsáveis, benefícios
fiscais), prevendo-se regras diferenciadas (nomeadamente em termos de
montantes máximos) entre as empresas do setor agrícola e as empresas com
atividade na transformação e comercialização de produtos agrícolas.
Estamos completamente interdependestes da economia da UE e dos graus
de integração jurídica.

Aula Prática 26/11/2021

A Empresa Y tem a maioria de seu capital privatizado, porém ao Estado


acionista minoritário foi concedido o direito de designar e restitui os
respectivos órgãos de fiscalização. O CEO da empresa pretende saber se
a mesma é considerada uma empresa pública.
Sim, é empresa pública. Art. 5º e 9º do DL 133/2013

A Empresa Z é adquirida em 20% pelo Estado sendo o resto do capital


pertencente ao setor privado. Maria, ADVOGADA da empresa,
pretende consultar os estatutos e acordos da empresa a fim de
determinar se é uma empresa pública ou uma empresa participada. No
entanto, António, diretor financeiro da empresa, diz que não é
necessário consultar os estatutos na medida em que sendo o estado
acionista minoritário a empresa nunca será pública.
Art. 5º e 9º.

EM 2009 no sentido de obter maior controlo sobre a economia, o Estado


decide criar uma empresa pública sob a forma de EPE. No DL que criou
a empresa ficou determinado que estada ficava sobre a tutela do
ministério das finanças não dispondo de autonomia administrativa.
Posteriormente, o diploma que aditou este DL fico a empresa que
constitui o objeto deste diploma deve denominar-se Dá tudo, S.A.
Art. 56º e seguintes. Art. 57º/2. Art. 37º/2. EPE são dotadas de autonomia
administrativa. Art. 57º/1. Art. 61º.

O PR em campanha eleitoral anuncia que vai privatizar 90% do porto


de Lisboa. Posteriormente, após ter sido aconselhados pelos
mandatários despecifica que a aquisição não poderá ser feita por
empresas privadas, mas somente por coorperativas.
PR não tem competência. Lei 87-A/97. Art. 86º/3 da CRP.

Aula 26/11/2021

Teoria da Regulação – a questão da necessidade da regulação sectorial. A


intervenção do Estado na economia (perspectivas ideológicas e académicas),
as variações no tempo e no espaço; modalidades e intensidades da
intervenção (modelos minimalistas e maximalistas). Razões de Justiça
(garantira soluções equitativas e de redistribuição de riquezas) e razões de
eficiência (colmatar as falhas de mercado e responder a instabilidade
macroeconómica).
Estados da Europa Ocidental (liberalismo do século XIX e início do século
XX; intervenção pública na Economia – movimento pós 1ª GM) e Estados
Unidos da América (liberalismo séculos XIX e XX; atividade de regulação
– remonta aos finais do século XIX e acentua-se após a crise de 1929).
Europa Ocidental – liberalismo – economia de mercado, mas que comporta
falhas de mercado. Intervenção pública na Economia: funções de ordenação,
intervenção e produção económica; economia social de mercado, porém
susceptível de comportar falhas de intervenção.
EUA – liberalismo – economia de mercado com falhas de mercado.
Atividade regulatória – génese das entidades reguladoras ao nível federal
remonta a 1889, com criação da ICG pelo Congresso; o franco
desenvolvimento das “agências reguladoras independentes nos anos 30 do
século XX (SEC de 1934); isto a par de algumas empresas públicas
(Government Corporations).
Despontar da regulação na Europa – a crise do Estado providência na
década de 70 do século XX; as desordens do SMI (anos 60 e 70); os choques
do petróleo (1973 e 1979); as correntes neoliberais e neo-monetaristas
(década de 70); chagada ao poder de Margaret Thatcher (1979) e influência
do novo conservadorismo de Ronald Reagan (1980); a liberalização da
economia e o movimento das (re)privatizações; a regulação de setores
básicos e estratégicos.
Regulação (ideia geral) – forma sintética de intervenção que visa a
alteração de comportamentos dos agentes económicos com vista a alcançar
determinados objetivos ou padrões de atuação.
Desregulamentação – desmantelamento das regulamentações restritivas de
natureza técnica (instituídas como forma de compensar o desarmamento
aduaneiro) e que sobrevieram nos países da CEE nos anos 70 e 80do século
XX.
Neo-regulamentação – necessidade de criar um quadro de regulamentação
ao nível europeu, em vez de cada país ter sua própria regulamentação.
Características essenciais – desintervenção do Estado na economia;
desgovernamentalização da regulação; liberalização e concorrência e
proteção do interesse geral e do utente.
Desintervenção do Estado na Economia – diminuição da função da
participação públicas (figura do Estado empresário; diminui esta figura);
aumento da função de regulação (estabelecer regras e conferir diretrizes
sobre o funcionamento do mercado).
Desgovernamentalização da regulação – Importa aqui salientar a
independência, nomeadamente orgânica das entidades administrativas face
ao Governo. Os titulares destas autoridades não estão sujeitos, nem as suas
decisões dependem, dos poderes governamentais).
Liberalização e concorrência – a regulação não visa proteger as empresas
e os produtores em geral, não se trata, por isso, de uma regulação hostil ao
mercado.
Proteção do interesse geral e do utente – não se trata de uma regulação
protecionista de cada sector, mas sim de uma regulação que visa proteger os
utentes.
Problemas de legitimação – regulação e CRP. A dificuldade de
compaginação com os princípios constitucionais (estruturais e estruturantes):
princípio da separação de poderes, princípio da legitimidade democrática
(AR: expressão da titularidade da legitimidade democrática direta; GOV –
expressão da titularidade da legitimidade democrática indireta).
A revisão constitucional de 1997 e a faculdade de se criarem entidades
administrativas independentes (art. 267º/3 da CRP). A diferente
terminologia: autoridades administrativas independentes e entidades
reguladoras setoriais.
A previsão constitucional da possibilidade de criação pela lei de entidades
administrativas independentes caracteriza-se por ser feita: em termos
insuficientes, não facultar quaisquer critérios e não fixar quaisquer limites.
Trata-se, portanto, de uma remissão para a lei, ficando o legislador ordinário
com o ônus de manter o delicado equilíbrio entre o princípio da
imparcialidade e o princípio democrático.

Você também pode gostar